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2012 – Fim do Mundo

Toda a Verdade! 2012 está à porta. Como é normal, os profetas da desgraça, que a cada 10 anos aparecem com uma nova data de fim do mundo (e que se enganam sempre!), já estão a esfregar as mãos de contentes com o dinheiro que vão fazer com novas datas alarmistas. Sim! Porque há sempre quem, movidos pela fé e contra todas as evidências (científicas e não só), continue a acreditar no Pai Natal. Livros não faltam! Livros cheios de mentiras e especulações sem sentido, que são postos à venda só para os “vendedores de banha de cobra” fazerem dinheiro com os crentes pouco inteligentes que compram estes livros. Mesmo

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o Daniken, que já confirmou que é indiferente à verdade e que só escreve histórias fantasiosas para fazer dinheiro, já escreveu sobre este tema. E o Sitchin é o seu aprendiz. Este livro é um desses exemplos. Será que as pessoas têm a memória assim tão curta que nem se lembram do alarmadas que andavam com o ano 1997 e depois com o ano 1999 e depois com o ano 2000? (e razões não faltavam: desde as pirâmides do Egipto, passando pelas profecias do Nostradamus, por um asteróide em rota de colisão, por um ciclo solar estranho, pelo vírus informático, e acabando nos profetas de quintal existentes em todo o lado) E, apesar disso tudo, continuamos aqui…

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Os Humanos têm a incrível mania de não aprenderem com os erros passados. Num período de 15 anos, ficam histéricos 7 vezes porque pensam que vai ser o fim do mundo!! Mas aprendem alguma coisa? Não! Continuam a pensar que “o próximo é que é”. Enfim… Vejam este excelente gráfico que contrasta as crenças dos crentes com as razões dos cépticos. E em português. Leiam aqui 63 profecias disparatadas relacionadas com afirmações de término do mundo. São religiosas e científicas (algumas até astronómicas). E aqui mais algumas. Existe um fascínio especial pelos final dos tempos. As pessoas gostam de acreditar que o mundo vai acabar durante a vida delas, porque isso tornará a era em que vivem como a mais especial de sempre, tornará a sua vida relevante, e isso torna-as especiais, porque vão poder presenciar esse evento único. Psicologicamente é apelativo pensarem estar no mais importante tempo de sempre: é um geocentrismo psicológico ligado ao tempo. E na ciência isto por vezes também acontece! Um exemplo é o livro “The End Of Science” do John Horgan, que de uma maneira quase científica (os mais incautos caem) explica detalhadamente o fim de quase todas as ciências; e para ele, esse fim está muito perto. Faz-me lembrar a mítica (e falsa) frase do Charles Duell, chefe de um escritório de patentes, que em

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1899 disse que tudo o que poderia ter sido inventado já tinha sido inventado e que por isso não havia necessidade para um escritório de patentes. Ou a frase de Simon Newcomb, astrónomo e matemático, que no século 19 disse que na altura se estava no limite do conhecimento astronómico – tudo o que havia para saber já se sabia. Ambos estavam redondamente enganados! Mas por aqui se vê o fascínio pelos limites,

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pela solução final das coisas. Existe psicologicamente também uma aversão à mudança. Quer-se manter o mundo como está e não haver mudanças. Mas isto não faz sentido! A mudança é a única constante que existe na

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vida. A mudança é normal, sempre existiu, e sempre existirá. A mudança é inerente à vida. Não há nada para ter medo ou para prever. É algo normal, obrigatório, e que faz parte da vida. Ter medo da mudança ou prever mudança é, mal comparando, como ter medo de morangos ou prever morangos. Eles existem, ponto final. Dar misticismos ou prever calamidades baseadas nos morangos é que é errado. Mudanças/Transformações existem sempre!

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Mas isso pode-se dizer para qualquer ano. Se os Maias tivessem previsto um cataclismo para 2003, vinham os crentes dizer que eles tinham previsto o começo da guerra no Iraque. Se os Maias tivessem previsto para 2001, vinham os crentes dizer que eles tinham previsto a queda das torres em NY. Se os Maias tivessem previsto para 1989, vinham os crentes dizer que eles tinham previsto a queda do Muro de Berlim. Se os Maias tivessem previsto para 1986, vinham os crentes dizer que eles tinham previsto o cometa Halley nos céus. etc, etc, etc.

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Este post é sobre esses alarmismos infundados ligados às previsões catastróficas de mudança. Este post não é contra a mudança! Essa existe! Este post é contra os alarmismos sem sentido, baseados em histerias ridículas, ignorância, misticismos inventados, e puras mentiras. Sobre a Profecia Maia: Leiam este artigo que escrevi sobre a Profecia Maia e 2012. Oiçam a minha entrevista na TSF sobre este assunto. A Wikipedia fala deste assunto, aqui. A CNN também tem este artigo sobre este mesmo assunto. O Ian O’Neill escreveu um artigo aqui sobre o mesmo assunto. Leiam também este artigo. Conclusão: não vão morrer em 2012 devido à Profecia Maia! Os próprios Maias não davam qualquer mística especial a essa data. É o mesmo que nós de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro. Faz-se festas. Deita-se o ano velho para trás e faz-se projectos para um novo futuro. Mas em termos concretos (físico, cósmico) nada muda. É uma celebração de fim de ciclo de calendário. É só. Como nós fazemos todos os anos. Aliás, os Maias têm inscrições sobre coisas que podem acontecer depois de 2012! Como diz a Wikipedia: “A monument commemorating the ascension of the king Pakal the Great connects his coronation with events as much as 4000 years after, indicating that those scribes did not believe the world would end on 13.0.0.0.0″. Ou seja, no mínimo existem inscrições dos Maias até ao ano 6000 no nosso calendário!! Isto deveria provar para quem acredita nos Maias, que o mundo não vai acabar em 2012! Mas para os Maias isso era só um calendário. Nada mais. É certo que eles tinham mais mitos

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que nós, mas ninguém no século XXI acredita que os relâmpagos são feitos por deuses, pois não? O calendário Maia era semelhante ao nosso calendário, no sentido que era um ciclo, e não me parece que a cada fim de ciclo (ano) o nosso mundo acabe! Além disso, eles eram óptimos observadores mas nada percebiam de astronomia. Para eles, o Sol e Vénus eram deuses. Ciclos existem em todas as civilizações. Na nossa civilização, o dia 31 de Dezembro é o culminar de um ciclo. E não é por isso que o mundo acaba todos os anos e começa um novo mundo no dia 1 de Janeiro! Da mesma forma que não acabou no ano 2000 (para grande desconsolo de muitos seguidores de “profecias terríveis”). Da mesma forma, os Maias também tinham um ciclo, e, tal como no nosso, a seguir ao dia 21 de Dezembro (último dia para eles), virá o 22 de Dezembro (primeiro dia para eles). É irracional fantasiar-se que um simples ciclo contém “conotações secretas”. O calendário Maia é um calendário como o nosso. Há dias em que acaba e no dia seguinte recomeça um novo ciclo. O nosso calendário acaba a 31 de Dezebro e recomeça a 1 de Janeiro. E também lhe damos um significado especial: que recomeça uma “nova vida”, fazem-se planos para mudar, etc. Mas o calendário é só uma convenção humana! Na prática, em termos cósmicos, nada há de especial. Da Wikipedia: “December 21 – The Mesoamerican Long Count calendar, notably used by the pre-Columbian Maya civilization among others, completes a “great cycle” of thirteen b’ak’tuns (periods of 144,000 days each) since the mythical Creation date of the calendar’s current era. On this day the Long Count date at creation – written 13.0.0.0.0 in modern notation, equivalent to August 11, 3114 BC in the proleptic Gregorian calendar – is repeated for the first time in a span of a little over 5,125 solar years. The completion of this cycle and the repetition of the previous Creation’s Long Count ending date

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have been central to various 2012 doomsday predictions since the 1960s. Academic researchers have not concluded that the ancient Maya themselves attached similar significance to this point in time.” Era um simples calendário. Ler também aqui, aqui, e aqui. Além de que vários historiadores dizem que o ciclo longo dos Maias não tinha 13, mas sim 20 bak’tuns: “At Palenque, evidence suggests that the priest timekeepers believed the cycle would end after 20 b’ak’tuns, rather than 13.”

E a passagem pelo equador/plano galáctico? O Sol demora cerca de 240 milhões de anos a orbitar a Galáxia. A órbita não é rectilínea (tal como a órbita da Terra ao redor do Sol também não é – nada é rectilíneo). Por isso, por vezes vai mais acima e outras vezes mais abaixo

Aliás, foi encontrado um calendário maia que mostra que os “13 ciclos” foram uma manipulação posterior, e não original dos Maias. E uma inscrição Maia recentemente descoberta mostra que “data de fim-do-mundo” é uma inscrição política de propaganda. nada mais. Até porque os Maias referiam-se ao calendário para transmitir uma ideia de continuidade, de estabilidade. Os Maias não previram qualquer apocalipse porque, ao contrário da civilização ocidental actual, os Maias procuravam uma garantia de que nada iria mudar. Eles tinham uma forma de pensar completamente diferente da nossa. E o Planeta Nibiru? Como podem ler aqui, podem dormir descansados. E o Sol? Com o seu ciclo solar meio estranho actualmente, o pico deverá ser em 2012, levando a um aumento da actividade solar, e com uma possível “solar flare” a levar a Terra a um “armageddon” de calor como prediz a Bíblia? Como podem ler aqui, também não há quaisquer evidências que isto possa acontecer, e muito menos em 2012! E o aumento de fluxo solar? Isso são os normais ciclos solares que acontecem há milhares de milhões de anos – nada de especial também aqui. E segundo os últimos dados, o próximo pico nem será em 2012. O próximo pico solar será em 2013 e será fraco! EDIÇÃO ESPECIAL

O Sol, em cada órbita, “bate no topo”, oscila, cerca de 2.7 vezes. Como o Sol leva os planetas, então a Terra tem as mesmas oscilações, e essas passagens pelo plano galáctico podem levar a extinções. Como já escrevi aqui, há estudos que apontam para extinções na Terra a cada 62 milhões de anos, e isso pode ter como causa a passagem pelo plano galáctico. Mas será que isso vai acontecer em 2012? Não! O Sol (e a Terra) está a cerca de 67 anos-luz a norte do plano galáctico, e está-se a mover cada vez para mais longe! O nosso sistema solar (com Sol, Terra, etc) vai demorar alguns milhões de anos para voltar a “descer” em direcção ao plano galáctico. Logo, não irá passar pelo plano galáctico em 2012!!!

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Quem pensa nestas idiotices proféticas, são aqueles que continuam a sofrer de geocentrismo psicológico. Pensam que são tão importantes que as coisas têm que acontecer no tempo de vida deles. A verdade é que o Universo tem milhares de milhões de anos, e daí que pensar que algo importante tem que acontecer precisamente nos 70 anos em que estamos vivos, é o cúmulo do egocentrismo. É um geocentrismo psicológico – pensar que o nosso tempo de vida é especial, é o mais importante de sempre. Na verdade, não é. Os ciclos de milhões de anos do universo continuarão a proceder-se, e o nosso tempo é somente um insignificante pedaço de poeira nesse longo tempo universal. E o alinhamento com o centro galáctico? Estamos alinhados com o centro galáctico todos

os anos! Não há nada de especial nisso.. Estamos a uma distância de cerca de 26 mil anos-luz. E o alinhamento planetário? Esse nem sequer existe! É mais uma mentira totalmente inventada! E asteróides? Asteróides são possíveis razões para extinções em massa (lembram-se dos dinossauros?), ou

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para fazer grandes estragos (leiam aqui sobre Tunguska), e daí que são bastante perigosos, como podem ler aqui e aqui. E sabemos que há asteróides potencialmente perigosos (leiam sobre o Apophis), mas o pior ainda são aqueles que não sabemos existir! (como já aconteceu no passado e só demos conta deles após eles falharem a Terra…) Mas fiquem descansados que não se anda a esconder informações sobre cometas em rota de colisão connosco para 2012… E é uma estupidez assumir que culturas que pensavam que o Sol era um deus, sabiam o que eram asteróides/cometas e o que eles fizeram aos dinossauros! Além de ser uma burrice extrema pensar que culturas que nem sabiam o que era um eclipse solar (nem conseguiam prevê-los), conseguissem prever rotas de cometas para 2012! Não acontecendo nada em 2012, aposto que os profetas da desgraça vão continuar a enganar e a fazer dinheiro com a credulidade das pessoas, acenando com a nova data de 2029, e depois, passando essa data, acenando com a nova data de 2036 (tudo devido ao Apophis). Do que sabemos actualmente, nenhum asteróide tem 2012 escrito como sendo o ano do juízo

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final para nós. Mas os asteróides mais perigosos são aqueles que nem nós nem ninguém sabe que existem…

cos negros errantes, máquinas inteligentes, super-vulcões, asteróides, guerra nuclear, peste/epidemia, aquecimento global.

E o Campo Magnético Terrestre? Como tudo na vida, muda de vez em quando, mas são mudanças cíclicas, que se entendem dentro de um padrão, e sem qualquer significado místico. Mesmo que reverta na direcção oposta, isso já aconteceu durante o “reinado” dos mamíferos… e estamos aqui. Não há qualquer misticismo. Não há qualquer problema com ele para o ano 2012. O pior que pode acontecer é termos vários satélites “fritos” e deixarmos de poder falar por telemóvel durante algum tempo. Mas depois tudo voltará ao normal. Por outro lado, como até se tem dito aqui no blog várias vezes, o Sol tem estado bastante quieto o que levará o pico do próximo ciclo solar para lá de 2012. O ciclo de 11 anos do Sol (ou seja, tem acontecido todos os 11 anos e não morremos todos os 11 anos!) terá o próximo máximo depois de 2012. De qualquer modo, mesmo que haja reversão dos pólos, o processo demora 5000 anos, e teremos na mesma a protecção do campo magnético. Logo, não vai haver qualquer problema para nós!

É certo que existem extinções em massa (aqui), e ciclos que não controlamos (aqui e aqui), mas nenhum desses ciclos aponta para 2012!

Outros sites dão-lhe um véu religioso para passarem a sua mensagem. Ao bom estilo das seitas de fins de milénio. Onde andam elas? E previsões metafísicas também não faltam, como podem ler aqui e aqui. Como podem ler aqui, existem imensos factores (uns mais fantásticos que outros) que podem arrasar a humanidade a qualquer momento (além dos anteriores, podem ler sobre explosões de raios gama, buracos negros, “big rip”, guerras nucleares, invasão extraterrestre, nanotecnologias que se revoltam contra os humanos, o Universo que se expande ao ponto de se rasgar, etc), mas nada aponta para o ano 2012! Excelente também é este documentário. Com cenários como: explosões de raios-gama, buraEDIÇÃO ESPECIAL

Nada disto é para 2012!! E as previsões do web bot? O web bot não acertou em quaisquer previsões; assim como os Maias não acertaram. Previsões fazem-se antes das coisas acontecerem; acertar em previsões acontece todos os dias milhares de vezes em experiências científicas. Já o web bot, as previsões Maias, de Nostradamus, da Bíblia, etc, são simples interpretações de textos posteriormente aos acontecimentos. Isso não é profecia – são simples estórias para apanhar murcões. Com o número de desgraças existentes todos os anos na Terra (desde furacões, terramotos, maremotos, guerras, etc), dificil mesmo é fazer uma profecia de “vai haver uma desgraça” e errar! Isso é que é dificil! E o I Ching? O muito antigo I Ching é um livro Chinês sobre concepções do mundo e filosofias de vida, que contém algumas previsões se utilizarmos a teoria “Time Wave Zero“. A Time Wave Zero foi concebida pelo psiconauta (seja lá o que isso fôr que ele se intitula!) e pseudocientista Terence McKenna (ele nunca disse que era cientista e foi honesto ao afirmar que as suas teorias podem muito bem ser uma total porcaria, daí que não as põe para avaliação por outras pessoas). A teoria tem a ver com fractais e ondas, e como qualquer pseudociência, faz contas estúpidas sem qualquer relação entre uns números e outros, mas dá-lhes uma relação só porque sim. Ora, ele foi ao I Ching, fez umas relações fantasiosas com as letras (interpretadas como números) e tirou uma série de conclusões da cartola a partir de eventos que já aconteceram! Como forma de prever futuros eventos. Tal como no livro O Código da Biblia (que tenho e li).

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Assim, ele assumiu que 21 de Dezembro de 2012 é uma data relevante e foi “indo para trás” para ver ciclos até cair noutra data relevante. E interpretou o dia da bomba de Hiroxima como relevante (se tivesse posto como relevante o meu nascimento, o dia D, ou a queda de um avião, então já não dava – ou seja é puramente subjectivo e aleatório, perdendo qualquer relevância). Mesmo assim não deu, porque o ciclo (imaginado por ele) que começava na data (assumida por ele) da bomba de Hiroxima acabava a meio de Novembro de 2012. Então que fez ele? Disse que apesar do ciclo imaginado por ele acabar em Novembro de 2012, essa data é tão próxima da Profecia Maia que ele iria imaginar (ajustar na sua cabeça) que a data correspondia a 21 de Dezembro de 2012. E pronto, a teoria imaginada por ele sem qualquer base minimamente consistente deu uma profecia para 21 de Dezembro de 2012, porque essa foi a sua presunção inicial e também foi a sua conclusão imaginada. Se os Maias tivessem imaginado uma profecia para 25 de Julho de 2012, então ele teria presumido essa data. Ou seja, além de ser uma salgalhada de imbecilidades, esta teoria do I Ching está totalmente dependente daquilo que os Maias supostamente previram, e não existe como teoria totalmente independente.

Os mais recentes são os da Federação Galáctica da Luz, que disseram que um OVNI enorme carregado de ETs iria aparecer no dia 14 de Outubro de 2008, e iria provocar grande rebuliço na Terra.

E as Pirâmides no Egipto? Pensa-se que um calendário nas Pirâmides no Egipto também aponta para a mesma data. O problema é que essa “contagem” foi feita à posteriori e com base na data Maia (tal como com o I Ching). Aliás, há 10 anos atrás, essa “contagem” nas Pirâmides dava o ano 2000. Agora, supostamente dá 2012, porque é o que está actualmente na moda.

Como aconteceu antes – profecias de Nostradamus, cometa Halley, ano 2000, e milhentos outros no passado – este novo medo irracional irá passar em 2013 e será substituído por outro. Infelizmente as pessoas não aprendem, e preferem viver com medo, na ignorância, nas “trevas”, em vez de verem a luz do conhecimento. Como diz o Ciência Hoje: “Um astrólogo árabe dizia que o mundo acabaria em 1980, devido a uma determinada ligação entre os planetas Saturno e Júpiter. Nada aconteceu. No livro The Jupiter Effect, astrónomos previam um cataclismo para 10 de Março de 1982. Nada aconteceu, mas um dos autores reclama que um terramoto, dois anos antes,

E OVNIs? De tempos a tempos aparecem uns palhaços (com uns milhares de parvos que os seguem) a dizer que os ETs se vão mostrar a nós em “tal dia”.

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[NR: ver vídeo aqui] Como nas outras milhares de previsões anteriores, nada aconteceu no dia em causa. Vai daí, esses e outros (os “Salvadores da Humanidade”, os “Pleidianos”, os “Reptilianos”, etc) já mudaram a história. Agora a aparição do OVNI cheio de ETs vai ser no ano 2012!! Para coincidir com a chamada Profecia Maia. E há idiotas que continuam a acreditar… Concluindo, a Profecia Maia ainda é o epicentro da questão! E outras profecias? Outros cálculos dão essa data. E outros não dão! Aposto que essas outras interpretações, que dão datas superiores, vão ter grande tempo de antena a partir de 22 de Dezembro de 2012. É tudo uma questão de interpretação, incutir medo nas pessoas, e fazer dinheiro com isso! É assim já há milhares de anos – já no tempo de Cristo havia os profetas dos finais dos tempos (que supostamente era nessa altura)! E assim continuará a ser! Porque nada vai acontecer e as pessoas continuarão a acreditar no “Pai Natal”.

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modificou o efeito de Júpiter. Com base em Nostradamus profetizou-se que o fim do mundo era a 11 de Agosto de 1999. Nada aconteceu. Tal como aconteceu no ano 1000, previu-se que o fim do mundo seria na passagem do ano 1999 para 2000. Nada aconteceu, a não ser gastos milionários para defender os computadores do chamado bug do milénio e, para manter o suspense, afirma-se que serão dois mil anos depois da morte de Jesus Cristo.” Já agora, um cartoon do Bearman sobre estes medos cíclicos e irracionais:

casa “comem” o que lhes é dito na TV sem perceberem que é um erro estatístico que leva a que sejam “comidas” na sua ignorância – a serem levados por lorpas. Desde já profetizo que em 2012: - vai haver terramotos! - vai haver furacões nos EUA! - muita gente será levada a acreditar que Marte estará tão grande no céu como a Lua! - vai-se falar numa outra epidemia qualquer! - uma das “famosas” vai aparecer sem cuecas numa foto! - vai haver mais uns quantos divórcios entre gente de hollywood! - o Benfica vai ganhar o campeonato nacional de futebol! - vai haver alguns milhões de pessoas em Portugal tristes com a vida que levam! - muita gente vai morrer! - o calendário vai mudar a 31 de Dezembro para o dia 1 de Janeiro! Duvidam que pelo menos 8 destas 10 “profecias” vão acontecer??

Por outro lado, em 2012, é certo que vai haver terramotos, erupções vulcânicas, tempestades, inundações, acidentes, fome, guerras, etc. Mas isso é todos os anos! Não há nada de especial com o ano de 2012! Mas percebe-se que este tipo de profecias vão haver sempre! E vão acertar! Porque todos os dias há pequenos terramotos num sítio qualquer do mundo e todos os anos se pode dizer que houve um terramoto maiorzito num sítio qualquer. Esta é a estratégia dos vigaristas: dizem que vai haver um terramoto aqui ou acolá e depois vêm dizer que acertaram! Mas não há nada de especial em acertar nessas coisas – eles esquecemse é de todas as outras coisas que previram e nunca aconteceram! E depois as pessoas em

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Neste assunto de 2012 e a Profecia Maia é preciso é ver se há relações! Os Maias falaram em mudanças de campo magnético, em tempestades solares, em terramotos, etc?? Não! Não falaram! Não tem nada a ver com os Maias! Mas são coisas que acontecem constantemente! Não há nada de especial no ano 2012! Será que os Maias fizeram outras profecias que não se concretizaram? Sim! Como muitas outras civilizações antigas fizeram! E que não se concretizaram! A mudança de calendário dos Maias era uma mudança física? Não! Era uma mudança cíclica como é o nosso calendário e o mundo não acaba todos os anos a 31 de Dezembro só porque acaba o nosso ciclo de 1 ano! Os Maias como outros povos antigos tinham mitos e especificidades baseadas no simbolismo! Querem saber de outros simbolismos similares?

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12 Há civilizações antigas (como os Aztecas) que tiravam o coração a outros humanos para ofereceram aos deuses para terem mais “prendas dos deuses”, enquanto outras tribos até comiam os corações de outros humanos para ficarem com a força e a “alma” desses humanos. Será que no século XXI se pensa que eles tinham razão? Será que no ano 2012 vai-se passar a fazer isso para ficarmos com força sobrehumana? Não! Porque não passava de um simbolismo que sabemos não ter relevância física! Ou seja, sabemos que não é verdade! A mesma coisa para o calendário Maia! Os simbolismos existentes não passam disso – simbolismos! Sabe-se que não é verdade haver uma realidade física para isso. (há uma relação física para o calendário – o nosso de 1 ano é devido à órbita da Terra ao redor do Sol! Mas não é uma justificação física para mudança de calendário na noite de 31 de Dezembro! Isso é uma convenção humana! Até podem dizer que é um “novo ciclo”, que no ano seguinte será uma “nova vida”, etc. Mas não passa de um simbolismo! Não há nada de especial que na realidade – fisicamente – acontece nessa altura! A mesma coisa nos Maias!) Mas se calhar o que me deixa mais surpreso é as pessoas serem levadas pelas mentiras – ao contrário do que fazem diariamente nas coisas mais triviais! Exemplo: se eu fôr a ligar o meu carro e ele não “pegar” – o que será que faço? Será que vou inventar que é de eu ter deixado a luz da minha cozinha acesa? Será que vou inventar que é de ter vestido calças azuis? Será que vou inventar que é por não bater 2 vezes com a cabeça no carro antes de entrar nele? Ou será que vou ver o motor? E a bateria? E talvez o motor de arranque? Há um pensamento científico/lógico/racional que seguimos e daí que inventar que é de usar calças azuis (ou bater com a cabeça ou deixar a luz da cozinha acesa) não faz qualquer sentido! Não quer dizer que eu não tenha deixado a luz da cozinha acesa e que até tenha vestido calças azuis! Isso até pode ser verdade! Mas não tem nada a ver com o arranque do carro!

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A mesma coisa neste caso dos Maias! Terramotos existem todos os anos, periodicamente estamos alinhados com o centro galáctico, a precessão (26.000 anos) é um movimento natural da Terra (como rodar sob o seu eixo ou orbitar o Sol), o Sol tem constantes tempestades solares, etc, etc, etc! Tudo isso existe! Em relação a estas coisas, não há nada de especial no ano 2012!! E a relação com os Maias não existe! Em lado nenhum na Profecia Maia se fala dessas coisas! Mas se se falasse era igual! Porque essas coisas acontecem constantemente – não seria nada de especial (tal como as minhas profecias em cima!). Mas nem falam disso! E não falam disso porque era simbólico!! Como é a noite de 31 de Dezembro no nosso calendário! Infelizmente há muita gente que faz dinheiro a vender medos à custa de quem ignora o conhecimento e segue esses “vendedores de banha de cobra”. Se há dúvidas que “o medo vende”… atentem na quantidade de coisas estúpidas e medo irracional que se disse e se acreditou com a chamada “gripe suína”… Em 2001 lembram-se da histeria em Portugal que levou milhares a comprarem fatos HAZMAT e máscaras para se prevenirem contra ataques biológicos de terroristas? Sem qualquer razão inteligente houve milhares de portugueses que em pânico nem sequer pararam para pensar que Portugal não é os EUA, e máscaras e fatos não previnem contra o embate de aviões! Em 1999 quem ia à Igreja acreditava que “ao ano 2000 não chegarás”!

“Infelizmente há muita gente que faz dinheiro a vender medos à custa de quem ignora o conhecimento” E nem vale a pena falar na histeria do “vírus informático”!

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Ou Nostradamus uns anos antes! Ou desde 2003 que ainda há quem acredite que Marte vai ficar tão grande no céu como a Lua! Ou o LHC produzir buracos negros! Ou a Terra ir parar de rodar! E as pessoas não aprendem e continuam a cair nos mesmos medos e histerias sem sentido! O medo vende! Irrita-me as pessoas, em pleno século XXI, não terem sentido crítico e acreditarem em todas as histerias e mentiras que se lhes apresentam. Já escrevemos aqui sobre o excelente filme 2012. Devido a todo o burburinho que o filme 2012 tem causado, o Don Yeomans, da NASA, resolveu responder a vários mitossobre este assunto [NR: ver vídeo aqui] E o Michio Kaku este no programa da FOX – Geraldo at Large -, onde disse inclusivé que já foram entrevistados milhares de Maias actuais! Sim, daqueles que ainda vivem no México e são descendentes directos da civilização Maia. Esses Maias dizem que a civilização ocidental está parva! Que os crentes em profecias são todos ignorantes! Que os verdadeiros Maias nunca profetizaram coisíssima nenhuma! Que é somente um calendário, que tem ciclos, e que acaba e recomeça, tal e qual o calendário ocidental. Mas que NUNCA foram profetizadas catástrofes, e muito menos que seria o fim do mundo! Eles, os verdadeiros Maias, dizem que quem fala nos disparates do fim do mundo, são os idiotas da civilização ocidental. Os profetas das desgraça só querem fazer dinheiro com estas irracionalidades. Os crentes acéfalos vão atrás deles e ficam cheios de medo. Já os Maias (!!! sim, os da “Profecia Maia”!! os que a conhecem há milhares de anos!) dizem que os ocidentais que acreditam nessas parvoíces/besteiras são ignorantes. E agora? Quem será que tem razão? Os profetas

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da desgraça, os ignorantes, ou os próprios Maias?

Quanto aos comentários no final deste post: Eu não vou para sites de medicina dizer que o sangue é amarelo e defender que amanhã todo o sangue por todo o mundo vai coagular. Sabem porque não defendo isso? Porque seria uma estupidez, uma falsidade, e baseado num conhecimento bastante parco de medicina. Porque raio então é que as pessoas vêm para sites de astronomia defender falsidades e argumentação estúpida? Porque raio então é que quem nitidamente não percebe de astronomia, manda bitaites na forma de comentários como se percebesse alguma coisa do assunto?

Conclusão sobre a Profecia Maia e o ano de 2012: Faz parte da nossa existência como humanos imaginarmos cenários terríveis e termos medo deles. É certo que um dia haveremos de acabar. Faz parte do ciclo da vida. É normal. Mas nada aponta para ser em 2012!! Aliás, vários factores apontam para daqui a milhares, milhões e até biliões de anos!!! Pode ser amanhã? Pode! Pode ser só daqui por 50.000 anos? Pode! Não acreditem é nas profecias apocalípticas para o ano 2012!! Carlos Oliveira

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Encontrado calendário Maia mais antigo de sempre, com implicações para o fim do mundo! Já toda a gente sabe que a Profecia Maia é uma enorme treta que os vigaristas andam a tentar impingir aos mais crédulos. Os próprios descendentes dos Maias o confirmam: é tudo um disparate com o único intuito de algumas pessoas fazerem dinheiro à custa de mentiras. Já explicamos tudo sobre o suposto fim-do-mundo em 2012, aqui.

Agora, uma descoberta feita por arqueólogos veio de uma vez por todas demonstrar que os Maias utilizavam calendários ainda mais longos, e que aqueles que dizem que os Maias pensavam numa grande destruição nesta data estão só a vigarizar a população! E notem, como sempre, TODAS AS DESCOBERTAS, TODO O CONHECIMENTO, é-nos dado pelos cientistas (ou por artistas, por exemplo, se estivermos a falar de belíssimas obras de arte; ou por outras pessoas que utilizam métodos credíveis em ciências sociais, como psicologia, sociologia, educação, etc). Mas NUNCA pelos vigaristas pseudos – esses NUNCA descobrem coisíssima nenhuma, porque só têm por objectivo inventarem mentiras. Neste caso, foi descoberto o calendário Maia mais antigo de sempre. Este calendário data do ano 813, e foi pintado nas paredes de uma habitação que se encontra-

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va na cidade de Xultún, na actual Guatemala. O calendário regista ciclos lunares e planetários. Este calendário atira completamente ao lixo a ideia do fim do mundo em 2012, já que essa ideia baseia-se em 13 ciclos (b’ak’tun) do calendário Maia, quando na verdade ele tem 17 ciclos! Este calendário é centenas de anos mais antigo que os Códices Maias (1250), e prova que os “13 ciclos” foram somente uma manipulação posterior. Quem acredita nas supostas profecias Maias, então agora é obrigado a perceber que os Maias mostram que nada de importante acontecerá na sociedade, no mínimo, por mais alguns milhões de anos. Pelo contrário, todas as mudanças serão, como sempre, graduais. “Pela primeira vez vemos o que podem ser registos autênticos de um escrivão, cujo trabalho consistia em ser o encarregado oficial de DEZEMBRO 2012


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documentar uma comunidade Maia”, disse William Saturno. Pelos vistos, as paredes eram utilizadas por este escrivão como um quadro negro das escolas, para resolver problemas matemáticos. Este quarto parece assim ter sido utilizado para trabalho (ou reuniões), para documentar os ciclos celestes. Os cientistas continuam por lá a estudar outras possíveis descobertas nas redondezas. “Ainda nos resta explorar 99,9% de Xultún”, disse William Saturno. Ou seja, muitas mais descobertas estarão à espreita… Mas uma coisa é certa: a vigarice do fim-domundo em 2012 está definitivamente enterrada!!! Menos para os vigaristas, claro… que continuarão a explorar as pessoas com mentiras com um único objectivo económico. E menos para este tipo de pessoas, como neste comentário, que obviamente não lêem o artigo, mas comentam continuando a acreditar na sua crença infundada!

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Estes calendários Maias representam uma forma diferente de olhar o mundo. William Saturno conclui: “Os antigos maias previam que o mundo ia continuar e que daqui a 7000 anos as coisas iriam ser exactamente como agora. Continuamos sempre à procura de fins para as coisas. Mas os maias procuravam uma garantia de que nada iria mudar. Tinham uma forma de pensar completamente diferente.” Leiam mais, no Público, Terra, The New York Times, Live Science, National Geographic. Por uma questão de transparência de informação, deixem-me dizer que eu já tinha conhecimento disto, porque o David Stuart, um dos elementos principais da equipa, faz parte aqui da Universidade. Mas não escrevi qualquer post antes, porque esperei pela saída do artigo científico na Science. Podem ler o artigo, aqui. [NR: veja os vídeos aqui] Carlos Oliveira

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Descoberta mais uma inscrição Maia com a data de fim do mundo Já dissemos tudo sobre a Profecia Maia, neste post. E neste post, demos a notícia que foi encontrado o calendário Maia mais antigo de sempre. Entretanto foi descoberto mais um texto Maia que refere a data 13 Bak’tun.

Na esquerda está o bloco de pedra com a escrita Maia, e na direita está o detalhe a falar com a famosa data. Crédito: David Stuart

A descoberta foi feita no sítio arqueológico de La Corona, na Guatemala, cujo nome no Período Clássico era Sak NikTe’ (“Flor Branca”). Era uma cidade sob a influência de Calakmul, que juntamente com a sua rival Tikal, era uma das duas potências da região durante o período clássico. O exército do rei de Calakmul tinha sido derrotado em 695 num confronto com Tikal. A inscri-

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ção em Tikal que descreve este confronto não afirma que o rei de Calakmul foi capturado nem que foi morto pelo que o destino do mesmo permaneceu desconhecido até agora. Agora, este texto recentemente descoberto mostra que o rei de Calakmul, Yuknoom Yich’aak K’ahk’, estava vivo em 696. O rei de Calakmul usa a data de 13 Bak’tun numa manobra de propaganda, projectando a continuidade

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Yuknoom Yich’aak K’ahk’. Crédito: Galileo gallery

da sua dinastia até à data referida. (nota: uma outra inscrição recentemente descoberta em La Corona refere que Yuknoom Yich’aak K’ahk’ morreu pouco tempo depois, a 31 de Março de 698. Claramente os dotes divinatórios do monarca não eram o seu forte) Ou seja, o que este texto Maia com 1.300 anos mostra é que a data de 21 de Dezembro de 2012 não foi escolhida como qualquer data de fim-do-mundo, não foi qualquer profecia. Foi sim uma manobra de propaganda política de um rei para dizer aos seus súbditos: “Não acreditem nas notícias da minha morte. A minha dinastia continuará para todo o sempre”. Só que em vez de “todo o sempre”, ele colocou uma data bastante no futuro (13 Bak’tun) para dizer que ainda iria celebrar essa data como rei. Como Hitler quando disse que o império Nazi iria durar 1.000 anos. E vários outros líderes fizeram o mesmo pela História. São puros discursos políticos, e em nenhum momento eles estão a dizer que o mundo iria acabar nessa data (em 2941, por exemplo, no caso de Hitler).

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O texto destina-se assim a sossegar os espíritos das pessoas no século 7, e nunca para amedrontar as almas do século 21. Este texto descoberto não é qualquer profecia. É sim um texto puramente político que relata 200 anos da história política de Calakmul, com os seus aliados e os seus inimigos. Tal como o calendário Maia recentemente descoberto, este texto mostra que em tempos de crise (havia inúmeras guerras na altura e a civilização Maia estava em convulsão) os Maias referiam-se ao calendário para transmitir uma ideia decontinuidade, de estabilidade. Os Maias não previram qualquer apocalipse porque, ao contrário da civilização ocidental actual, os Maias procuravam uma garantia de que nada iria mudar. Eles tinham uma forma de pensar completamente diferente da nossa. Leiam mais sobre este assunto, em inglês, aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira

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Modelo Interactivo do Sistema Solar

Há um mês atrás, publicamos este post, com um excelente modelo do Sistema Solar. Agora, trazemos outro modelo do Sistema Solar, em que é possível “brincar” com várias funcionalidades de forma interativa, permitindo assim aprender de diferentes formas. Recomendo mudarem a “vista”, mudarem as diversas configurações que nos são apresentadas, visitarem os planetas, verem as informações para cada planeta, verem a distância para as estrelas, etc. Pesquisem o site, aqui. Mais uma vez, deixo aqui a configuração dos planetas para 21 de Dezembro de 2012, em que se prova, mais uma vez, que não há alinhamento planetário com a Terra (imagem da página direita—topo).

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Nem mesmo os 3 planetas que mais parecem alinhados com o Sol, na realidade não o estão totalmente: (imagem da página direita—em baixo).

“... para 21 de Dezembro de 2012, em que se prova, mais uma vez, que não há alinhamento planetário com a Terra.“

Ver vídeo aqui. Carlos Oliveira

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Alinhamentos Planetários e Terramotos

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Hoje houve um novo terramoto na Nova Zelândia. Como não poderia deixar de ser, já apareceram no YouTube os catastrofistas, ou melhor, os vigaristas. Segundo os vigaristas, está a haver um alinhamento planetário hoje, e daí ter havido o terramoto na Nova Zelândia – alguns até dizem que previram o terramoto para hoje devido a esse alinhamento! Enfim… Esta é a vigarice internacional do dia (se calhar vamos ter que criar uma secção para isto – a vigarice do dia). Deixem-me dividir este post em 3 factos: 1 – Existem terramotos todos os dias, como podem ver aqui. E todos os dias há alguns terramotos fortes nalguma parte do mundo. Por isso dizer que se prevê um terramoto para dia X, é como prever que o Sol irá nascer no dia X. Não é qualquer previsão, porque é um facto que irá acontecer de certeza. O objetivo é simplesmente vigarizar as pessoas – fazê-las imaginar que se está a prever algo incrível. Ou seja, os vigaristas, sem surpresa, mentem!

21 2 – Desde que nasci já houve vários alinhamentos planetários. E, no entanto, continuo vivo. Porquê? Porque não há efeitos nefastos na Terra. Só os profetas da desgraça imaginam fins-domundo e desgraças para quando há alinhamentos planetários. É certo que a “hype” dá publicidade e muito dinheiro, mas o objetivo é só um: eles querem vigarizar as pessoas a acreditar em coisas que não têm qualquer relevância. Ou seja, os vigaristas, sem surpresa, mentem! 3 – Se forem ao Modelo Interativo do Sistema Solar, que coloquei neste post, percebem que não há qualquer alinhamento planetário hoje. Os vigaristas no YouTube dizem que sim, mas a verdade é que não. Aliás, até se vê que a Terra encontra-se bem longe dos outros planetas. A Terra está do outro lado da órbita ao redor do Sol ! Muito longe para se inventarem “influências planetárias”. Ou seja, os vigaristas, sem surpresa, mentem! Concluindo, para não variar, mais uma vez, hoje os vigaristas andam a disseminar mentiras… Carlos Oliveira

Terremoto de Lisboa em 1755

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Activa Neste artigo iremos ver mais alguns mitos sobre causas para o fim-do-mundo: Alinhamento com a galáxia?

A jornalista Bárbara Bettencourt contactou-me para ter algumas informações sobre isso. Esta é parte de uma página, das 4 páginas dedicadas ao tema. O artigo está muito bem conseguido. No entanto, na minha opinião, a entrevista que ela fez foi muito melhor… sendo que as respostas tiveram que ser condensadas por motivos de espaço.

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Como havia vários pontos de interesse, cá ficam algumas das respostas que dei, sendo que as perguntas tipo telex que aparecem aqui são da minha inteira responsabilidade de modo a melhor dividir as respostas aqui no blog (as perguntas originais da jornalista foram obviamente muito mais coerentes e estruturadas): Alinhamento com a galáxia? A Terra tem uma inclinação de cerca de 23.5 graus. No Solstício de Inverno essa inclinação no

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altura, os ignorantes andavam a dizer que íamos morrer todos devido a isso. Nada aconteceu nesse ano, ou nos seguintes em que estivemos praticamente alinhados. Não há qualquer efeito do alinhamento. E em 2012 estaremos menos alinhados que em 1998 ou nos anos seguintes. Passagem pelo plano galáctico? Já explicado, aqui.

Pólo Norte está mais distante do Sol. Isto acontece todos os anos. A Terra tem também um movimento de Precessão. Este movimento demora cerca de 25.800 anos a completar-se. Não é um movimento que tenha princípio ou fim. Não existe qualquer “ano novo”. É simplesmente um movimento gradual contínuo. Se se criar uma linha imaginária entre o Sol, a Terra e o centro galáctico, nessa data do Solsticio de Inverno, parece que os 3 estão alinhados nessa data. Na verdade, o movimento de Precessão leva tanto tempo, que parece que já estamos alinhados há vários anos. Para ser ainda mais detalhado, esse alinhamento foi mais preciso (com o centro do Sol) em 1998. Já na

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Era do Aquário? Os signos não fazem sentido, como se pode ler aqui e aqui. Supostamente uns desenhos no céu afectam os humanos, dependendo da forma como os Humanos unem esses pontos. Se tiver 3 pontos e desenhar um carneiro, é porque é teimosa. Se com os mesmos 3 pontos desenhar uma zebra, é porque gosta do Boavista. Enfim, não faz qualquer sentido. Há quem incrivelmente imagine que o movimento aparente do Sol nos nossos céus faz com que ao passar por determinados desenhos subjectivos, nós fiquemos com a característica desse desenho. Isto é puro geocentrismo psicológico. Ainda menos sentido faz quando as constelações (astronómicas) têm tamanhos diferentes. Logo, o Sol não fica nelas 1 mês, mas fica sim tempos diferentes: numas fica mais, noutras fica menos. O movimento de Precessão da Terra também faz o eixo da Terra inclinar-se para uma determinada constelação um determinado número de tempo. Mede-se (os astrólogos) esse tempo no Equinócio de Primavera, para onde o Sol estiver a apontar nessa altura, de acordo com a inclinação da Terra. Deixe-me repetir o que disse atrás: as constelações têm tamanhos diferentes, logo o Sol no seu movimento aparente fica tempos diferentes em diferentes constelações (astronómicas). Infelizmente, há quem não perceba informação simples. Vai daí, tal como fizeram para os signos, também dividiram as “Eras Astrológicas” em tempos iguais (como se as constelações tivessem o mesmo tamanho). Daí que, segundo eles, cada Era tem 2150 anos (divide-se 25.800 anos de Precessão por 12 sig-

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24 nos). Na verdade, os signos são 13 (porque esse é o número de constelações que o Sol passa no seu movimento aparente), mas ninguém quer saber das informações correctas. Como isto não é ciência, mas simplesmente desejos pessoais de quem não está contente com a vida mas não quer fazer nada para modificá-la (prefere esperar por milagres, ou insignificantes alinhamentos que aconteçam no céu), então há opiniões para todos os gostos. Eu desde que nasci que ouço dizer que já vamos entrar na Era de Aquário. Se contar as vezes de que se falou no fim-do -mundo nas últimas décadas, percebe que entramos na Era do Falso Aquário já dezenas de vezes. Aliás, se vir na wikipedia, irá perceber que já andam a dizer isso desde 1884. Aposto que daqui por 100 anos vai-me poder fazer a mesma pergunta. E eu responderei da mesma forma. O Falso Aquário está à espreita…

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aqueles que detectamos. Deve-se informar? Essa pergunta sobre se informariam ou não caso soubessem, faço-a aos meus alunos. Supondo que nada haveria a fazer, e soubessem de um “killer asteroid”, avisariam as pessoas? As opiniões dos meus alunos divergem: uns informariam e outros não. Eu sou sincero: provavelmente não. Se não há nada a fazer, então avisar só iria provocar o pânico e muitas mortes antes do evento. No entanto, aqui no blog, costumo contar o que vou sabendo… por isso, se calhar até contava, a bem da verdade. Penso sobretudo que se fosse eu a decidir,

Mudança no pólo magnético da Terra? Já explicado, aqui. Actividade Solar? O pico será em 2013 (e não em 2012), e as previsões apontam para um máximo bem moderado… o mais moderado dos últimos ciclos. Ou seja, fraquito. Claro que mesmo assim poderá dar problemas, porque como bem referiu cada vez temos mais tecnologia lá por cima que pode ser “frita” por essas explosões solares. Mas se isso acontecer, é devido à probabilidade desse evento ser maior recentemente devido a haver mais tecnologia em risco, e não por os efeitos solares serem mais fortes que há 11 anos ou há 22 anos atrás. Impacto de asteróides? Há poucos fundos e poucas pessoas a trabalhar nesse sistema de detecção. Os chamados killer asteroids podem não ser

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numa primeira fase não diria nada. Com as ferramentas da NASA tentaria primeiro resolver o problema, sem causar o caos em ninguém. Se corresse bem, depois contaria o perigo que tinha sido combatido. Se corresse mal, diria para as pessoas fazerem o que sempre deseja-

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ram nos últimos dias de vida. Penso que era melhor não fomentar o pânico com anos de antecedência… mas aproveitar esse tempo para tentar resolver o problema. Mas seria virtualmente impossível calar todos os astrónomos amadores. Nem faria sentido. Seria uma estratégia absurda por parte da NASA ou de outras agências. O perigo é outro! De qualquer modo, essa é uma questão que acho que nem se vai pôr. Nós não conhecemos a maior parte dos asteróides que poderão bater aqui, e a verdade é que há uma enorme probabilidade de um asteróide bater aqui sem ninguém o ver antes. É o que tem acontecido por vezes. Em 2009, foi na Indonésia: se em vez de 10 metros, ele tinha 1 km, duvido que estivessemos aqui a fazer perguntas e a responder. Em 2003, estava eu a dar uma palestra numa escola em Portugal sobre impactos de asteróides, e 4 dias antes tinha passado um asteróide por aqui, que se tivesse batido, tinha acabado com a Humanidade. O asteróide tinha sido detectado 2 dias antes da minha palestra… Ou seja, o asteróide só foi detectado após ter passado pela Terra. Se tivesse batido, ninguém tinha sabido antes. E não foi porque o Governo ou os cientistas não informaram as pessoas – foi mesmo porque ninguém o tinha visto antes. Estes são o verdadeiro perigo. Todos os asteróides que não conseguimos detectar, e que podem bater aqui. Não se sabe quando baterá um. Pode ser daqui por um mês. Ou pode ser daqui por 100 milhões de anos. Vai bater de certeza. Só não sabemos quando. E o mais provável é que nem demos por ele… Parece-me assim que quem acredita que a NASA esconde informações sobre isso, nem sequer se apercebe que esse não é o verdadeiro perigo: o maior perigo não está nos asteróides que a NASA detecte. Defesa contra impacto de asteróides? Quanto a podermo-nos defender contra “ataque de asteróides”, com tempo, à distância, é muito fácil desviar asteróides. Basta colocar uma pequena sonda ao lado, atrás, ou à frente do asteróide. A simples gravidade da sonda

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faria com que o asteróide, respectivamente, se desviasse da Terra, ou se atrasasse (e por isso a Terra já teria passado por esse ponto da órbita), ou se adiantasse (e por isso a Terra ainda não teria chegado a esse ponto da órbita). Por isso, desviar asteróides não é complicado. É preciso é ter tempo para isso. Para vermos o asteróide com tempo, temos que ter muito melhores técnicas de detecção.Mas temos? A ironia das ironias da resposta é que o filme Armageddon custou mais a fazer do que custam os programas de detecção de asteróides que temos actualmente. E agora entravamos no assunto das péssimas escolhas de prioridades feitas pelos centros decisores humanos, sobretudo políticos. Se fossem os cientistas a decidir, tenho a certeza que poriam muito $$$ nesses sistemas de detecções… Como são os políticos, o $$$ é gasto em guerrinhas aqui e acolá. Basta ver que um dia de guerra no Iraque permitiria mais uma missão robótica a Marte que duraria muitos anos. Por isso a pergunta é: deve-se financiar um dia de guerra ou utilizar esse mesmo $$ para explorar o sistema solar durante muitos anos? Os centros decisores, sobretudo políticos, escolhem um dia de guerra. Infelizmente a irracionalidade persiste… Será isto então uma espécie de roleta russa meteórica? A expressão é na “mouche”. Tem muito a ver com a probabilidade de risco. O risco é mínimo… 1 vez em cada 100 milhões de anos ou algo similar… sendo o risco mínimo e sendo a Terra tão grande (ou seja, pode cair em qualquer lado), é muito difícil convencer um governo de um só país a apostar nisso. Isso são políticas de muito longo prazo. Já a política rege -se pelo curto prazo. Nesta perspectiva, compreende-se a não-aposta. Exemplo: Vamos supôr que o Bill Clinton, quando era presidente, tinha apostado nisso e gasto milhões de dólares para nos proteger. Tinha sido $$$ deitado fora, porque nada tinha prevenido, porque nada aconteceu. As coisas não são bem assim em longo prazo… mas no curto prazo é isto que conta. Carlos Oliveira

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Campo Magnético da Terra – reversão dos pólos Se pesquisarem no Google, vêem cerca de 3 milhões de websites a “profetizar” o fim do mundo para 2012 devido à inversão do campo magnético da Terra.

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Se não entrarmos por fantasias, próprias de quem quer fomentar o medo, de modo a manipular a população… o que resta é a verdade. E qual é essa verdade? O pólo magnético está em constante mudança,

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e não é por isso que morremos todos os dias. A Terra tem 4,6 mil milhões de anos. Tem tido muitos ciclos com períodos temporais diferentes de reversão de pólo magnético. Há aproximadamente 20 milhões de anos, manteve-se num padrão de a cada cerca de 250.000 anos haver uma inversão dos pólos. No entanto, a última mudança de Pólo Norte para Pólo Sul aconteceu há 780.000 anos. Esta reversão é chamada de Brunhes-Matuyama. Nessa altura, há 780.000 anos, a vida não acabou. Nem sequer houve “inundações globais” e demais parvoíces. Simplesmente há 800.000 anos a vossa bússola apontava para Sul e agora aponta para Norte. Quando se diz que é uma mudança “abrupta”, o significado temporal geologicamente não é igual ao que utilizamos popularmente. Os vigaristas aproveitam-se destas diferenças de significado para mentirem à população. A verdade é que “abrupto” nas escalas temporais que estamos a falar são cerca de 5000 anos. Ou seja, as

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reversões de pólos são processos graduais que demoram cerca de 5.000 anos. Mesmo durante a mudança, ao contrário do que dizem os vigaristas, o campo magnético continua a existir e a proteger-nosdas tempestades solares e radiação espacial. Nessas alturas de mudança, a grande diferença (além da bússola) é o facto de existirem belíssimas auroras mais frequentes e a latitudes mais baixas. Conclusão: não existe qualquer razão para ter medo da reversão dos pólos. Pelo contrário: venha lá essa reversão! Já devia ter chegado há bastante tempo! Se vier agora, é fantástico! Isso quereria dizer que nos próximos 5000 anos, iríamos poder ver belíssimas auroras nos céus de Portugal, do Texas, e do Brasil. Leiam aqui, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira

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Sol com máximos e mínimos preocupantes

O Mínimo de Maunder é o nome dado ao período entre 1645 e 1715. O nome deste período foi dado em homenagem a Edward Maunder que estudara como as latitudes das manchas solares mudam com o tempo. O Mínimo de Maunder ocorreu porque a activi-

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dade solar diminuiu durante um longo período, algo verificável pela ausência de manchas à superfície. Dentro deste Mínimo de Maunder, durante 30 anos foram observadas somente 50 manchas solares, o que é um número muito menor que as milhares de manchas solares observadas nos

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últimos anos. No entanto, temos aqui um paradoxo, porque sendo as manchas zonas menos quentes, o óbvio até seria que o Sol aumentasse a temperatura. Na verdade, a razão principal para a diminuição da actividade solar parece estar nas estruturas “mais brilhantes”, como as fáculas (na fotosfera) e as plages (na cromosfera), que são zonas mais quentes que a média. No entanto, como estas estruturas aparecem associadas a regiões activas (assim como as manchas), quando há falta de manchas há também falta (especialmente) de plages. Regra geral, num mínimo solar “normal”, continuam a existir fáculas que ajudam a manter o valor da constante solar, e daí não termos uma “micro época glacial” a cada mínimo. O grande problema é que não há registo das “manchas claras” durante o Mínimo de Maunder. A opinião mais consensual é que terá sido a falta de fáculas que terá gerado a diminuição da

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constante solar, e daí, a mini-época glacial. Algumas investigações apontam para nesta altura (século 17) a rotação do Sol ter abrandado, o que poderá ter alguma relação com o campo magnético, e consequentemente com as manchas solares e as fáculas. Uma das consequências deste efeito solar, foi a Europa e a América do Norte estarem debaixo de uma pequena idade do gelo, sobretudo com invernos extremamente gelados. Existiram outros períodos de baixa actividade solar que culminaram no arrefecimento do planeta. Nos últimos 8000 anos, existiram 18 períodos destes, sendo que os mais conhecidos são o Spörer Minimum (1450–1540) e o Dalton Minimum (1790–1820), que além da influência solar terão também sido ajudados por um acréscimo enorme de actividade vulcânica. Desde 1900 que estamos num período de relativo Máximo Solar. Este máximo solar teve picos nos anos 1950s e 1990s. Mas houve outras explosões solares que

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30 “fizeram história”, nomeadamente uma em 1980 que quase provocou a 3ª Guerra Mundial, porque nem os EUA nem a União Soviética perceberam que quem lhes tinha “fritado” os satélites não tinha sido o “outro lado”, mas sim o Sol. Em 2001, também houve um período de grande actividade solar. E até perto do mínimo solar em 2006, o Sol teve enormes explosões solares no ano 2005. O que prova que os ciclos de 11 anos do Sol, não são tão certinhos como gostaríamos que eles fossem. [NR: ver vídeo aqui]

Neste momento estamos a caminhar para um

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pico solar em 2013, o que é excelente porque nos tem proporcionadobelíssimas auroras nos céus. Ao contrário do que dizem os vigaristas, o pico solar em 2013 não levará a explosões solares que afectem de sobremaneira a vida na Terra. Aliás, os dados mostram que este máximo solar é dos mais moderados dos últimos ciclos. Após 2013, começa um novo ciclo que terá o seu mínimo em 2018, e terá novo pico máximo de actividade em 2024. Na verdade, ao contrário do que dizem os ignorantes dos vigaristas, os cientistas que estudam o Sol publicaram 3 estudos diferentes que indicam que o Sol vai estar menos activo no próximo ciclo. Um dos estudos mostra que a frequência de manchas solares, que são causadas por fortes forças magnéticas, tem diminuído. Um outro estudo mostra que a força magnética dessas manchas também tem diminuído. E o outro estudo mostra que os padrões de fluxo de gases na superfície do Sol parecem indicar que o Sol irá “perder força”. Por tudo isto, devido a este conhecimento do Sol, é que se espera que o máximo solar em

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2013 seja fraco. E a partir daqui começam as preocupações… É que há quem especule que a partir de 2013, o Sol poderá entrar em hibernação. Se isso acontecer, então poderá haver uma nova “pequena era do gelo”, similar ao Mínimo de Maunder, com a fraca actividade solar a levar a um decréscimo da temperatura na Terra. Tudo isto faz-nos perceber 2 coisas: - o quanto a ciência é importante e o orgulho em quem tem a inteligência de procurar o conhecimento real dos assuntos, que nos permite compreender melhor o Universo à nossa volta. - a estupidez dos vigaristas que poderiam no mínimo utilizar o conhecimento real dos assuntos (o possível novo Mínimo) para incutir medos infundados às pessoas, mas em vez disso são tão ignorantes que utilizam ideias totalmente contrárias à realidade para vigarizarem as pessoas. Carlos Oliveira

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NASA esconde um segredo: sistema solar vai entrar numa nuvem de energia que irá acabar com a vida na Terra?

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Vários leitores tinham já escrito a perguntar por esta história, por isso cá fica a análise a mais esta história que se tem espalhado pela net. Vários websites dizem que o astrofísico Alexey Demetriev previu que a Terra iria atravessar uma nuvem interestelar carregada de energia. Em 2010, a NASA e a ESA descobriram essa nuvem, mas preferiram manter o segredo para não provocar o pânico. Mas o Sol ao atravessar essa nuvem provocará muitas mais explosões

1999 e novamente no ano 2000. Ou seja, foi uma ideia que vendeu bastante na altura, porque as pessoas são crentes e pensavam que o mundo ia acabar. 3 – Como as pessoas não aprendem, então caem exatamente nas mesmas mentiras vezes sem conta. Como nada aconteceu em 1997, em 1999, e no ano 2000, então os pseudos agora usam a mesma estória fantasiada, para a mentira da chamada profecia Maia em 2012.

solares que farão a vida na Terra sofrer forte-

4 – A NASA não descobriu coisíssima nenhuma

mente com isso, levando à morte de carradas

em 2010. Desde 1978 que se anda a falar des-

de humanos; e a Terra ao atravessar a nuvem

sa possível nuvem interestelar.

também sofrerá catástrofes globais como os terramotos mais fortes alguma vez vistos. Na

5 – A NASA não fez qualquer segredo da desco-

prática, a Humanidade irá deixar este mundo

berta. Ou seja, esta é mais uma mentira! A

em 2012, tal como previram os Maias.

NASA, tal como o astroPT, publicitou que as Voyager estão a atravessar uma zona que é uma

Alguns sites põem mais pormenores e outros

novidade, “uma nuvem de material intereste-

menos, mas basicamente a história é esta.

lar” que é estranho estarmos a atravessar. Esta

Agora, a verdade:

descoberta foi feita em 2009 (e não em 2010), pelas Voyager. Podem ler na NASA,aqui. Leiam

1 – Alexey Demetriev não existe. Quem existe

também no astroPT, este post com a descober-

sim é o Alexey Dmitriev, um professor de geolo-

ta, este excelente post a explicar tudo, e este

gia, que nada percebe de astronomia, e que em

recente post sobre a espuma magnética recen-

1997 publicou num grupo que acha que o mun-

temente encontrada. Ou seja, deixem-me repe-

do vai acabar e que os cientistas são todos uns

tir de novo: não há segredo nenhum! As coisas

mentirosos, um artigo a dizer que a Terra iria

são totalmente divulgadas!

passar por uma nuvem energética. Podem ler o artigo, aqui. Podem perfeitamente ler que não há quaisquer dados, não há quaisquer evidências, não existem quaisquer informações… mas parece que o homem se levantou um dia de manhã, bebeu bastante vodka, e a seguir decidiu escrever uma história de ficção científica. 2 – Notem a data: 1997. O artigo foi escrito para coincidir com as tretas das profecias de Nostradamus, em 1997, e com o fim do milénio em EDIÇÃO ESPECIAL

6 – Como se percebe lendo as notícias, o nosso sistema solar está protegido. A nuvem é fraca, e não afeta os planetas do nosso sistema solar, já que este está dentro de uma “bolha” que o protege. Logo, os pseudos dizerem que atravessar essa nuvem vai causar X ou Y é puro disparate! 7 – Como o sistema solar está protegido, então o Sol também está. Logo, não haverá problemas com o Sol. Mas mesmo que houvesse uma

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enorme tempestade solar, ela não acabaria con-

gética. Supostamente, a Terra vai passar por

nosco. Simplesmente teríamos imensos proble-

essa nuvem e sofrer uma evolução espiritual.

mas elétricos. Já expliquei isso, neste post.

Supostamente, os Humanos iriam passar para uma dimensão espiritual, deixando a fase terre-

8 – Como o sistema solar está protegido, então

na – iriam fazer a transição espiritual para um

a Terra também está. Logo, não haveriam terra-

nível mais acima de existência, a que os pseu-

motos globais, e outras tretas que queiram ima-

dos chamam “nível galáctico”.

ginar.

O facto das Pleiades estarem a 400 anos-luz de

9 – Se o problema é a palavra “fotões”, tenhovos a dizer que estamos rodeados de “fotões”. São milhões deles a rodear-nos. Fotões são partículas que transportam a energia electromagnética, onde se inclui a luz (e o calor e as transmissões rádio e de TV, etc), como por exemplo

distância (muito longe!), não terem qualquer nuvem pseudo a rodeá-las, e os pseudos chamarem a essa suposta nuvem a “casa de Cristo que emite um maná de radiação”… não demove os crentes de caírem nestes disparates religiosos.

a luz do Sol, e sem essa luz não haveria vida

Conclusão: isto é uma carrada de mentiras já

como aquela a que estamos habituados.

ditas para outras “profecias” no passado, de

Por isso, venham lá esses fotões!

modo a divulgar crenças New Age completa-

10 – Esta história da “nuvem” teve a sua origem em crenças pseudocientíficas de seitas religio-

mente disparatadas. Carlos Oliveira

sas New Age. Essas crenças dizem de forma disparatada que as estrelas conhecidas como Pleiades estão rodeadas por uma nuvem ener-

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Fantasia planetária – Nibiru O chamado planeta Nibiru foi imaginado por Zecharia Sitchin, que nada percebendo de ciência (incluindo astronomia), decidiu dizer que há um planeta gigante que passa por aqui periodicamente e que traz uma raça de extraterrestres chamada Anunnaki.

Podia dizer que era o Pai Natal, mas decidiu simplesmente mudar o nome e chamou-lhe planeta Nibiru. A crença é a mesma, o disparate é o mesmo, só muda o rótulo. Qualquer pessoa minimamente inteligente perceberia que esta pessoa, das duas uma: acredita naquilo que imagina e por isso deveria ser internado (como qualquer outra pessoa com problemas mentais e que imagina ser o Napoleão, etc), ou não acredita mas decide vigarizar as pessoas de modo a fazer montes de dinheiro. Tendo em conta a quantidade de livros que ele vendeu, então penso que se percebe que ele simplesmente gosta de vigarizar os crentes que de forma acéfala aceitam qualquer conspiração disparatada que lhes seja apresentada. Note-se que para Sitchin, esse enorme planeta viria perto da Terra (sem afectar os outros planetas), mas não colidiria com o nosso. Daí que os supostos extraterrestres saltavam do planeta deles para o nosso. No entanto, em 1995, Nancy Lieder – mais uma pessoa com problemas psiquiátricos que só não está internada porque há outros muito piores que ela que acreditam nela – disse que recebe comunicações telepáticas de extraterrestres de Zeta Reticuli, e estes disseram-lhe que o Nibiru vai colidir com a Terra. Em 1997, ela ficou famosa por dizer que os extraterrestres tinham-lhe dito que o cometa

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Hale-Bopp era afinal o planeta Nibiru que iria colidir com a Terra nesse ano. Muitos crentes acéfalos acreditaram nela e seguiam-na como se ela fosse uma profeta. No entanto, claro que ela só dizia disparates, e como se viu, o cometa Hale-Bopp era realmente um cometa, que veio e passou, e nada aconteceu – como sempre disseram os cientistas que iria acontecer. Como entretanto perdeu aderentes, em 2003 tornou a divulgar a mesma mentira. Os extraterrestres disseram-lhe que oNibiru iria bater na Terra nesse ano e destruir a Humanidade. Mais uma vez, houve acéfalos que tornaram a cair na mesma mentira e acreditaram nela. Como nada aconteceu, mais uma vez ela foi temporariamente votada ao esquecimento. Mas as mentiras dão dinheiro. Daí que estes vigaristas não desistem, porque à conta disto, ficam ricos à custa dos crentes em conspirações. Por isso, cá anda ela novamente. Resolveu disseminar a ideia – que, segundo ela, lhe foi comunicada telepaticamente pelos extraterrestres – que o Nibiru vai bater na Terra em Dezembro de 2012, e que o Elenin é na verdade o Nibiru disfarçado. O facto de que o cometa Elenin desintegrou-se em 2011 e não em 2012 não interessa para ela. O que interessa é dizer sempre os mesmos disparates de modo a vigarizar os crentes em conspirações.

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Sendo que estes disparates são periodicamente transmitidos por este tipo de pessoas – são sempre as mesmas vigarices, repetidas em anos diferentes -, então qualquer pessoa minimamente inteligente percebe que tudo isto é pura treta para enganar papalvos. Infelizmente, os crentes em conspirações não têm esse filtro, e por isso não conseguem separar factos de mentiras imaginadas por vigaristas.

tisse estaria neste momento maior que o Sol no nosso céu, cobrindo grande parte do céu. Obviamente que basta ir lá fora e olhar para o céu, para perceber que mais uma vez toda a história do Nibiru é mentira. Mesmo assim, ainda há acéfalos a acreditar e a divulgarem vídeos e textos de vigaristas a dizer que ele vem aí. Enfim… não quererem sequer olhar para o céu, preferindo fechar os olhos e acreditarem em disparates, é a definição de burrice.

P.S. (escrito a 14 de Dezembro de 2012): a 7 dias do suposto “dia fatídico”, se o Nibiru exis-

Carlos Oliveira

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Um Fim que pode ser um Continuar Este fim de ano poderá ser o pior de sempre. Não me refiro ao fim do mundo, no dia 21. Com isso posso eu bem, mas tenho algumas dúvidas. Há uns meses, fiz uma actualização ao meu calendário onde são apresentados os dias em que o mundo irá acabar. Reparo que há mais fins do mundo do que feriados.

Os dias de festa são importantes para no dia seguinte ficar de ressaca e colocar um dia de férias. O dia do fim de ano é, também, essencial pois marca o fim e o início de mais um ciclo e o fim do mundo é essencial por tudo o que acarreta. Fico sem saber se devo colocar férias para a ressaca do dia a seguir ao fim do mundo. Ou será que não vale a pena tirar férias por ser fim do mundo? Dia 7 de Março, uma poderosa erupção solar teve lugar. Foi forte e provocou belas auroras no dia seguinte. O ciclo solar é de 11 anos e em 2013 atingiremos o pico de actividade solar, com erupções solares violentas. No entanto não há que ter receio pois o pico de 2005 foi mais forte e nada de mais aconteceu além de apagões e alguns problemas com satélites. Neste pico, com explosões algo fortes as auroras têm ocorrido, no hemisfério norte, até perto da latitude portuguesa e, no hemisfério sul, no Oceano Índico,

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entre o arquipélago das ilhas Kerguelen e o sul da Austrália. Contei mais de 10 fins do mundo diferentes para o dia 21 deste mês. Com tanto desastre proclamado não sei por onde vai começar a festa e tenho pena de perder parte dela. Se começar com um tsunami e eu estiver ao pé de um vulcão? E se começar com uma mega flare solar e eu estiver num sítio que é de noite? E se começar com um mega vulcão e eu estiver na praia à espera do tsunami? São questões inquietantes. É necessária alguma organização neste evento e sinto que ela é escassa ou nenhuma. Podemos perder parte do espectáculo só por não haver um programa de festas elaborado. Mas o que mais me inquieta é a inversão dos pólos. Caramba, se fosse depois do natal não havia problema. Vamos ter um pai natal a vaguear desorientado? Já que falamos em inversão de pólos, pior será se ele tiver de se

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mudar para o outro pólo. Foi tanto dinheiro investido e agora vamos ter um natal sem prendas. Que a inversão fosse no dia 25 não fazia mal, já que é feriado e está toda a gente entretida com a reposição dos filmes da SIC ou da TVI. Como é normal nestas alturas há muita gente que diz que é agora que o mundo acaba, seja pelo calendário Maia, pelo planeta Nibiru, pelas cartas do professor Birimbau ou pela imagem vista numa torrada com manteiga. A imaginação é muita. Contudo há uma curiosidade: o calendário gregoriano sofre alterações desde há muitos anos. Chamamos-lhe “ano bissexto” e é um factor de correcção de um calendário. Os Maias não apresentavam nenhum factor deste género no seu calendário, pelo que, sem o dia extra a cada 4 anos estaríamos hoje em Agosto

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de 2013. O desfasamento entre os dois calendários já vai em 7 meses. Não há que ter medo de um povo (Maias, mexicanos) que se diverte com o que nunca disse ao mundo. Não há que ter medo de um calendário tão cíclico como o nosso e mais arcaico que o nosso. Nem há que ter medo do sol… a não ser daqui a 5 mil milhões de anos, quando ampliar enormemente o mundo acabar. Digo eu. Inquieta-me saber que as pessoas, neste momento, têm mais medo do fim do ano do que do fim do mundo. E deixa-me triste saber que o Pai Natal poderá andar perdido pelo mundo por os pólos estarem doidos e por poder perder o emprego. Dário Codinha

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Um Chuto e um Pontapé em 1 Minuto: Aldrabice Pseudo Recentemente recebi um mail que referia que “Este ano, Julho terá 5 sexta-feiras, 5 sábados e 5 domingos. [o que] acontece uma vez a cada 823 anos. Estes anos são conhecidos como ‘Money bag’. (saco de dinheiro)”. No fim,

vem nos mails Fw. Bastam alguns segundos para decidir não importunar pessoas com mails com caquitas. Vamos tentar bater o record de rapidez e facilidade em desfazer este mito: 1 – abram o calendário deste ano :

obviamente, pede para passar “para 8 boas pessoas e o dinheiro aparece em 4 dias, baseado no Fengshui chinês.” Segue-se o calendário:

Como podem ver não é o mesmo que vem no mail. O calendário que vem no mail é o de Julho de 2011. Um pontapé no mail. 2 – No calendário, viagem para Julho de 2005, passem por Julho de 2011 e terminem em Julho Alguém não percebeu que o calendário de Julho

de 2016. Ora passámos por 3 Julhos com 5 sex-

de 2012 não é este. Eu, por exemplo, vejo se é

tas, 5 sábados e 5 domingos e não foi preciso

verdade, Raramente ou nunca é verdade o que

passar 823 anos. Este foi um murro no estôma-

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go.

Esta frase, “Isto acontece uma vez a cada 823

Julho 2005

anos. Estes anos são conhecidos como ‘Money bag’. (saco de dinheiro)” é o primeiro indício de aldrabice. Quando um mail remete para curiosidades matemáticas já algo está mal. Por último “Passa para 8 boas pessoas e o dinheiro aparece em 4 dias, baseado no Fengshui chinês.” é para apagar o mail. É certo que alguém que não sabe em que ano está, não percebe muito de matemática, e só vai levar a encher caixas de mensagens. É alguém que romantiza o mundo em que vive e talvez acredite que as árvores falem. Só consigo aceitar que um tipo de pessoas o faça: os drogados que arrumam carros. Como a pessoa original tem tempo para enviar estes mails e tem net, não terá dificuldades monetárias. Por isso não aceito. Essa pessoa poderá brincar com os números do meu NIB… Dário Codinha

Julho de 2016

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Pode o CERN produzir um perigoso buraco negro?

Vista simulada dum buraco negro defronte da Grande Nuvem de Magalhães. Note-se o efeito de lente gravitacional, que produz 2 vistas ampliadas mas muito distorcidas da Nuvem. Ao cimo, o disco da Via Láctea aparece distorcido num arco.

A resposta simples é Não. Chegar a essa resposta é que foi um tudo nada mais complexo. Mas comecemos por uma excelente representação gráfica de diversos buracos-negros. A músi-

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ca, essa, é dos Chemical Brothers. [NR: ver vídeo aqui]

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O Large Hadron Collider (LHC), ou Grande Colisionador de Hadrões (Nota: Hadrões são partículas constituídas por Quarks) pode alcançar energias que nunca foram antes atingidas por aceleradores de partículas, mas a natureza, por rotina, produz energias mais elevadas em colisões de raios cósmicos. Durante muitos anos houve preocupações sobre a segurança do que quer que possa ser criado em tais colisões de alta energia de partículas. À luz dos novos dados experimentais e da compreensão teórica, o Grupo de Avaliação de Segurança do LHC (com as siglas LSAG) actualizou uma revisão da análise feita em 2003 pelo Grupo de Estudos de Segurança do LHC, um grupo de cientistas independentes. O LSAG reafirma e alarga as conclusões do relatório de 2003 que concluía que as colisões do LHC não apresentam perigo e que não há motivos para preocupação. Seja o que for que o LHC nos vai fazer, a natureza já o fez inúmeras vezes durante a vida da Terra e durante a vida doutros corpos celestes. O relatório LSAG foi analisado e aprovado pelo Comité de Política Científica do CERN, um grupo de cientistas externos que aconselha o órgão de Administração do CERN, o seu Conselho. O documento abaixo resume os principais argumentos apresentados no relatório LSAG. Quem estiver interessado em mais detalhes é incentivado a consultá-lo directamente, e aos trabalhos técnicos científicos a que se refere. http://lsag.web.cern.ch/lsag/LSAG-Report.pdf

Os raios cósmicos. O LHC, como outros aceleradores de partículas, recria os fenómenos naturais de raios cósmicos em condições controladas de laboratório, permitindo serem estudados com mais detalhe. Os raios cósmicos são partículas produzidas no espaço exterior, alguns dos quais são acelerados a energias muito superiores às do LHC. A energia e a velocidade com que eles atingem a atmosfera da Terra têm sido medidas em expe-

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riências há já perto de 70 anos. Ao longo dos últimos milhares de milhões de anos, a Natureza já gerou na Terra muitas colisões, tantas como cerca de um milhão de experiências do LHC – e o planeta ainda existe. Os astrónomos observam um número enorme de grandes corpos celestes em todo o Universo, os quais também são atingidos por raios cósmicos. O Universo como um todo realiza mais de 10 milhões de milhões de experiências do LHC por segundo. A possibilidade de quaisquer consequências perigosas contradiz o que os astrónomos vêem – já que as estrelas e as galáxias ainda existem.

Buracos negros microscópicos A Natureza faz buracos negros quando certas estrelas, muito maiores do que o nosso Sol, colapsam sobre si mesmas no final das suas vidas. Concentram uma grande quantidade de matéria num espaço muito pequeno. As especulações sobre buracos negros microscópicos no LHC referem-se a partículas produzidas nas colisões de pares de protões, em que cada uma dessas partículas tem uma energia comparável à de um mosquito em voo. Buracos negros astronómicos são muito mais pesados do que qualquer coisa que poderia ser produzida no LHC. De acordo com as propriedades bem estabelecidas da gravidade, descritas pela relatividade de Einstein, é impossível produzir buracos negros microscópicos no LHC. Existem, no entanto, algumas teorias especulativas que predizem a produção de tais partículas no LHC. Todas estas teorias predizem que estas partículas se desintegrariam imediatamente. Os buracos negros, portanto, não teriam tempo para começar a acreção da matéria envolvente a fim de causarem efeitos macroscópicos. Embora a teoria preveja que os buracos negros microscópicos decaiam rapidamente, mesmo os hipoteticamente estáveis buracos negros resultam inofensivos, como demonstram os estudos das consequências na sua produção pelos raios cósmicos. Apesar das colisões no LHC diferirem das colisões de raios cósmicos com corpos celestes como a Terra, dado que as novas partí-

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44 culas produzidas em colisões no LHC tendem a mover-se mais lentamente do que as produzidas pelos raios cósmicos, ainda assim pode-se ainda demonstrar a sua segurança. As razões específicas para isso dependem dos buracos negros estarem electricamente carregados, ou de serem neutros. Será expectável que muitos buracos negros estáveis sejam electricamente carregados, uma vez que eles são criados por partículas carregadas. Neste caso, eles poderiam interagir com a matéria comum e serem parados ao atravessarem a Terra ou o Sol, quer fossem produzidos por raios cósmicos ou pelo LHC. O facto de que a Terra e o Sol ainda estão aqui exclui as possibilidades dos os raios cósmicos ou do LHC poderem produzir perigosos buracos negros microscópicos. Caso os estáveis buracos negros microscópicos não tenham carga eléctrica as suas interacções com a Terra seriam muito fracas. Aqueles produzidos por raios cósmicos iriam passar sem causar danos através da Terra para o espaço, enquanto os outros produzidos pelo LHC poderiam permanecer na Terra. No entanto, existem corpos celestes muito maiores e muito mais densos do que a Terra. Os buracos negros produzidos em colisões de raios cósmicos com astros como as estrelas de neutrões e as estrelas anãs brancas não os afectam. A existência de tais corpos densos, assim como a da Terra, exclui a possibilidade de o LHC produzir quaisquer buracos negros perigosos.

Strangelets. Strangelet é o termo dado a um pedaço microscópico da hipotética “matéria estranha” contendo números quase iguais de partículas chamadas Up, Down ou Strange quarks. De acordo com a maioria do corpo de trabalho teórico, os strangelets deverão mudar para a matéria normal num período de tempo de 1 nano-segundo. Mas poderiam os strangelets coalescer com a matéria normal e mudá-la para matéria estranha? Esta questão foi levantada pela primeira vez antes do arranque do Relativistic Heavy Ion Collider, (siglas RHIC), em 2000, nos Estados Unidos. Um estudo realizado nesse tempo demonstrou que não havia motivo para

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preocupação, e o RHIC já está ligado há oito anos, em busca de strangelets, sem até hoje os detectar. Por vezes, o LHC trabalhará com feixes de núcleos pesados, assim como o faz o RHIC. Os feixes do LHC terão mais energia do que os do RHIC, mas isso torna ainda menos provável que os strangelets se possam formar. É difícil para a matéria estranha continuar formada às altas temperaturas produzidas por estes aceleradores, tal como o gelo não se forma em água quente. Além disso, os quarks estarão mais diluídos no LHC do que no RHIC, sendo assim mais difícil gerar-se a matéria estranha. Produzir Strangelets no LHC é, portanto, menos provável do que no RHIC, e a experiência já validou o conjunto de argumentos que demonstram que os strangelets não podem ser produzidos. A análise dos primeiros dados do LHC das colisões de iões pesados confirma agora os principais ingredientes utilizados no relatório LSAG para avaliar o limite superior para a produção de strangelets hipotéticos. Para mais detalhes veja estaadenda ao relatório LSAG: Implicações dos dados do LHC iões pesados para multiestranha produção de bariões (2011)

Bolhas de vácuo Houve especulações de que o Universo não está na sua configuração mais estável, e que as perturbações causadas pelo LHC poderiam inclinálo para um estado mais estável, chamado de bolha de vácuo, em que não poderia existir. Se o LHC pudesse fazer isso, então também o poderiam as colisões de raios cósmicos. Desde que as bolhas de vácuo não tenham sido produzidas em qualquer lugar do Universo visível, também o não serão pelo LHC.

Monopolos Magnéticos Monopolos magnéticos são partículas hipotéticas com uma única carga magnética, ou um pólo norte ou um pólo sul. Algumas teorias especulativas sugerem que, se existem, os monopolos magnéticos podem causar o decai-

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mento dos protões. Essas teorias também dizem que esses monopolos seriam pesados demais para serem produzidos no LHC. No entanto, se os monopolos magnéticos fossem suficientemente leves para aparecerem no LHC, os raios cósmicos que atingem a atmosfera da Terra já os estariam a produzir, e a Terra seria um corpo muito eficaz para os parar e prender. A continuação da existência da Terra e doutros corpos celestes, portanto, exclui a existência de perigosos protões comedores de monopolos magnéticos suficientemente leves para poderem ser produzidos no LHC.

Outros aspectos de segurança do LHC: Foi recentemente expressa a preocupação de que uma ‘reacção de fusão descontrolada “poderia ser criada pelo dispositivo de carbono que absorve o feixe do LHC. A segurança da descarga do feixe do LHC já havia sido revista pelas autoridades reguladoras competentes dos países hospedeiros do CERN, a França e a Suíça. As preocupações específicas expressas foram abordados num memorando técnico por Assmann et al. http://lsag.web.cern.ch/lsag/ BeamdumpInteraction.pdf Como ali se aponta, as reacções de fusão apenas podem ser mantidas em material comprimido por uma pressão externa, como a que é fornecida pela força gravítica no interior duma estrela, ou por uma explosão de fissão num dispositivo termonuclear, ou por um campo magnético num Tokamak, ou por um laser isotrópico contínuo ou ainda por feixes de partículas no caso da fusão por inércia. No caso da descarga do feixe do LHC, uma vez que o dispositivo é atingido pelo feixe vindo duma única direcção, não há nenhuma pressão de compensação, de modo que o material de despejo não é comprimido, o que impossibilita a fusão. Foi expressa a preocupação de que uma ‘reacção de fusão descontrolada “poderia ser criada num tanque de Azoto no interior do túnel do LHC. Não existem tanques de azoto no LHC. Além disso, os argumentos no parágrafo

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anterior provam que nenhuma fusão seria possível mesmo se estes existissem. Por fim, também foi expressa a preocupação de que o feixe do LHC poderia desencadear de alguma forma um ‘Bose-Nova “no hélio líquido usado para refrigerar os ímanes do LHC. Um estudo realizado por Fairbairn e McElrath demonstrou claramente que não existe a possibilidade do feixe do LHC poder provocar uma reacção de fusão de hélio. http://arxiv.org/abs/0809.4004 Lembramos que os ‘Bose-Novae “são conhecidos por estarem relacionados com reacções químicas que libertam uma quantidade infinitesimal de energia pelos padrões da Física nuclear. Lembramos ainda que o hélio é um dos elementos mais estáveis conhecidos, e que o hélio líquido tem sido utilizado em muitos aceleradores de partículas anteriores sem se assinalarem contratempos. O facto de o hélio ser quimicamente inerte e não ter spin nuclear implica que nenhum “Bose-Nova ‘pode ser accionado no hélio superfluido usado no LHC. (Nota: “Visto que explosões de supernovas são implosões, a explosão de um condensado de Bose-Einstein em colapso foi baptizada de “bosenova”).

Comentários sobre os artigos de Giddings e Mangano, e pelo LSAG Os trabalhos de Giddings e Mangano e do LSAG que demonstram a segurança do LHC foram revistos pelos pares, analisados e aprovados pelos principais especialistas dos estados membros do CERN, dos Estados Unidos, Japão e Rússia que trabalham em Astrofísica, Cosmologia, Relatividade Geral, Matemática, e ainda em Física de Partículas e em análise de risco, incluindo vários vencedores do Prémio Nobel de Física. Todos concordam que o LHC é seguro. http://arxiv.org/abs/0806.3381 http://iopscience.iop.org/09543899/35/11/115004 O artigo de Giddings e Mangano tem sido revis-

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46 to por pares que são especialistas anónimos em astrofísica e física de partículas e foi publicado na revista científica profissional Physical Review D. A Sociedade Americana de Física optou por destacar este paper como um dos trabalhos mais importantes que publicou recentemente, comissionando ainda um comentário do Prof. Peskin do Laboratório do Acelerador Linear de Stanford em que ele endossa as suas conclusões. O Comité Executivo da Divisão de Partículas e Campos-forças da Sociedade Americana de Física emitiu uma declaração endossando o relatório LSAG. O relatório LSAG foi publicado pelo Instituto de Física do Reino Unido (Institute of Physics, IoP) na sua publicação Revista de Física G (Nota: do Grupo de Física Gravítica . As conclusões do relatório LSAG foram aprovadas num comunicado de imprensa que anunciou esta publicação. As conclusões do LSAG também foram aprovadas pela Secção de Física de Partículas e Física Nuclear (KET), da Sociedade Alemã de Física. Uma tradução para o alemão do relatório LSAG completa pode ser encontrada no sítio web do KET, bem como aqui. (A tradução para o francês do relatório LSAG completo também está disponível.) http://physics.aps.org/articles/v1/14 http://www.aps.org/units/dpf/governance/ reports/upload/lhc_saftey_statement.pdf http://iopscience.iop.org/09543899/35/11/115004 Assim, a conclusão de que as colisões do LHC são completamente seguras foi aprovado pelas três respeitadas sociedades profissionais de físicos que fizeram a sua avaliação, e que estão entre as sociedades profissionais mais respeitadas do mundo. Especialistas de renome em astrofísica, cosmologia, relatividade geral, matemática, física de partículas e análise de risco, incluindo vários vencedores do Prémio Nobel de Física, também expressaram opiniões individuais claras de que colisões do LHC não são perigosas:

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“Pensar que colisões de partículas no LHC a energias elevadas possam originar buracos negros perigosos é lixo. Tais rumores foram espalhados por pessoas não qualificadas que procuram sensação ou publicidade.” - Académico Vitaly Ginzburg, vencedor do Prémio Nobel de Física, Instituto Lebedev, de Moscovo, e da Academia de Ciências da Rússia.

“O funcionamento do LHC é seguro, não só no sentido antigo da palavra, mas no sentido mais geral dos nossos cientistas mais qualificados terem cuidadosamente considerado e analisado os riscos envolvidos na operação do LHC. [Quaisquer preocupações] são meramente hipotéticas e especulativas, e estão contrariadas por muitas provas e análise científica. ” Declaração subscrita pelos Professores: - Prof. Sheldon Glashow, vencedor do Prémio Nobel de Física, Universidade de Boston, Prof. Frank Wilczek, ganhador do Prêmio Nobel de Física, Massachusetts Institute of Technology, Professor Richard Wilson, Mallinckrodt professor de Física da Universidade de Harvard

“O mundo não chegará ao fim quando o LHC é ligado. O LHC é absolutamente seguro … Colisões libertando mais energia ocorrem milhões de vezes por dia na atmosfera da Terra e nada de terrível acontece”. -Prof. Steven Hawking, professor Lucasiano de Matemática, da Universidade de Cambridge

“A natureza já fez essa experiência …. Os raios cósmicos têm atingido a Lua com mais energia e ainda não produziram um buraco negro que engoliu a lua. O universo não anda por aí a verter enormes buracos negros”. -Prof Edward Kolb, astrofísico da Universidade de Chicago

“Eu certamente não tenho preocupações sobre a suposta possibilidade do LHC produzir buracos

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negros microscópicos capazes de devorar a Terra. Não há qualquer base científica para tais especulações.” -Professor Sir Roger Penrose, Professor Bola Ex Rouse de Matemática, da Universidade de Oxford

“Não há risco [de colisões no LHC, e] o relatório LSAG é excelente.” -Prof Lord Martin Rees, astrónomo real britânico e presidente da Royal Society de Londres. (Academia das Ciências).

“Aqueles que têm dúvidas sobre a segurança do LHC devem ler o relatório LSAG onde todos os riscos possíveis foram considerados. Podemos ter certeza de que as colisões de partículas no LHC não podem levar a consequências catastróficas”. -Académico V.A. Rubakov, Instituto de Pesquisa Nuclear, de Moscovo, e da Academia Russa de Ciências

“Apoiamos inteiramente as conclusões do relatório LSAG: não há base para preocupações sobre as consequências derivadas de novas partículas ou novas formas de matéria que possam ser produzidas no LHC.” -R. Aleksan et al., Os 20 membros externos do Comité de Política Científica do CERN, incluindo o Prof Gerard ‘Hooft, Nobel de Física.

A esmagadora maioria dos físicos concordam que buracos negros microscópicos seriam instáveis, como previsto pelos princípios básicos da mecânica quântica. Como foi discutido no relatório LSAG, se os buracos negros microscópicos pudessem ser produzidos pelas colisões de quarks-gluões / ou dentro de protões, eles também deveriam ser capazes de se decomporem de volta em quarks e / ou gluões. Além disso, a mecânica quântica prevê especificamente que devirão decair através da radiação de Hawking.

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No entanto, uns tantos papers têm sugerido que os buracos negros microscópicos podem ser estáveis. O artigo de Giddings e Mangano e o relatório LSAG analisam muito conservadoramente o caso hipotético dos estáveis buracos negros microscópicos e concluiu que, mesmo neste caso, não haveria perigo concebível. Outra análise com conclusões semelhantes tem sido documentada pelos Dr. Koch, Prof. Bleicher e Prof. Stoecker da Universidade de Frankfurt e GSI, Darmstadt, que concluem: “Discutimos os caminhos de evolução logicamente possíveis do buraco negro. Então, discutimos cada simples resultado desses caminhos e essa discussão demonstrou que nenhum dos caminhos fisicamente sensatos pode levar a um desastre dum buraco negro no LHC.” O Professor Roessler (médico e teórico do caos em Tuebingen) também levantou dúvidas sobre a existência de radiação de Hawking. As suas ideias foram refutadas pelos Profs. Nicolai (Diretor do Instituto Max Planck de Física Gravitacional – Albert-Einstein-Institut – em Potsdam) e Giulini, cujo relatório apontam para a sua incapacidade de compreender a relatividade geral e a métrica de Schwarzschild, e sua dependência duma teoria alternativa da gravidade que foi refutada em 1915. O seu veredicto: “O argumento [Roessler] não é válido, o argumento não é auto consistente.” O paper do Prof Roessler também foi criticado pelo Prof Bruhn, da Universidade Técnica de Darmstadt, que conclui que: “(A) Má interpretação de Roessler da métrica de Schwarzschild [torna as] suas considerações … nulas e sem efeito. Estes são os trabalhos que podem ser tomados em conta quando os problemas de buracos negros são discutidos.”

Um cenário hipotético para possivelmente perigosos e meta estáveis buracos negros foi recentemente proposto pelo Dr. Plaga. As conclusões deste trabalho têm-se mostrado inconsistentes

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48 num segundo artigo científico (paper), por Giddings e Mangano, onde é também afirmado que a segurança dessa classe de cenários de meta estáveis buracos negros já está estabelecida pelo seu trabalho original. Comentários sobre os reclamados riscos dos metaestáveis buracos negros http://arxiv.org/PS_cache/arxiv/ pdf/0808/0808.4087v1.pdf

Declaração da Comissão Executiva da Divisão de Partículas e Campos da American Physical Society (APS) http://www.aps.org/units/dpf/governance/ reports/upload/lhc_saftey_statement.pdf

Resumo do relatório LSAG http://environmental-impact.web.cern.ch/ environmental-impact/Objects/LHCSafety/ LSAGSummaryReport2008-en.pdf

Relatório LSAG (2008) http://lsag.web.cern.ch/lsag/LSAG-Report.pdf

Adenda ao relatório LSAG: Implicações dos dados de iões pesados no LHC para multiestranha produção de bariões (2011) http://public.web.cern.ch/public/downloads/ LSAG/LHCaddALICE2011.pdf

Relatório especializado publicado na Europa (2003) http://cdsweb.cern.ch/record/613175/files/ CERN-2003-001.pdf?version=1

Relatório especializado publicado nos Estados Unidos (1999) http://cdsweb.cern.ch/record/403566/ files/9910333.pdf

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Comentário especialista sobre as especulações levantadas pelo professor Otto Roessler sobre a produção de buracos negros no LHC http://environmental-impact.web.cern.ch/ environmental-impact/Objects/LHCSafety/ NicolaiComment-en.pdf

Mais comentários dos especialistas em especulações levantadas pelo professor Otto Roessler sobre a produção de buracos negros no LHC. http://environmental-impact.web.cern.ch/ environmental-impact/Objects/LHCSafety/ NicolaiFurtherComment-en.pdf

Outra avaliação independente da segurança dos cenários de buracos negros no LHC. http://arxiv.org/pdf/0807.3349.pdf

Original do CERN http://public.web.cern.ch/public/en/lhc/safetyen.html Outro cálculo informal estima que necessitaríamos dum acelerador com um diâmetro de mil anos-luz para produzirmos um micro buraconegro, e que este levaria cerca de 3 vezes a idade do Universo para devorar o equivalente a uma casca de noz, mas só o interior , para a casca não chegaria este inusitado período de tempo. Por outras palavras, não há perigo.

O CERN mantém igualmente uma rigorosa política de segurança no trabalho, e ainda coordena com as autoridades das regiões onde está instalado o uso de energia eléctrica a fim de não interferir na rede de distribuição que serve as populações, a indústria e o comércio dessas zonas da Europa. Mais um mito desclassificado pela ciência.

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Alguns advogados mais histéricos nos EUA tentaram abrir um caso contra o CERN com o intuito de impedir a sua inauguração, em sede de Justiça a sua pretensão não foi sequer acolhida para ir a julgamento, dado tratar-se dum absurdo. No entanto a razão para este não acolhimento foi de técnica jurídica e relacionava-se com a área geográfica de jurisdição.

O do bom senso contra o absurdo e contra a cupidez dos interesses escondidos. De facto, o que se pode concluir é que ganancia, sede de protagonismo, cupidez e fanatismo são sinónimos, mas que felizmente Justiça, bomsenso e Ciência também o podem ser. Manel Martins

Numa época em que a litigância de má fé contra a Ciência parecia querer fazer escola nos círculos da pseudociência e das seitas religiosas norte-americanas, sem dúvida a quererem colher clientes entre os seguidores da facção anticiência do actual Partido Republicano (um tendência que no fundo é anti-americana), a chamada Tea Party, esta decisão marcou um limite bem delineado:

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Formas de Desviar Asteróides Com tantas notícias de asteróides, é normal que se andem a pensar em métodos de desviar um asteróide potencialmente perigoso. 10 métodos são: - explodir o asteróide: é o pior método de todos, mas actualmente provavelmente seria o mais concretizável. - explodir uma bomba perto do asteróide: isso faria o asteróide mudar de direcção. - impacto de um objecto com o asteróide: faria o asteróide mudar de trajectória. - colocar um enorme objecto no asteróide: mudava o seu centro de massa, e a sua trajectória. - vela solar: colocar uma vela solar perto do asteróide que colectaria luz solar, e transmitiria um raio para o asteróide, mudando-lhe a trajectória. - espelhos: várias pequenas sondas com espelhos poderiam concentrar a luz solar num só ponto do asteróide, mudando-lhe a trajectória. - lasers: ideia similar às de cima, mas com lasers. - plástico: embrulhar parte do asteróide em plástico que faça reflexão da luz solar, e devido a essa pressão o asteróide irá mudar a trajectória.

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- sondas: colocar sondas ou foguetes no asteróide, e fazer com que eles empurrem o asteróide noutra direcção. - atracção gravitacional: colocar uma sonda ao lado do asteróide, e devido à atracção gravitacional o asteróide seria puxado para a esquerda, direita, seria travado ou acelerava, dependendo do sítio onde colocássemos a sonda. Para mim, seria o melhor método… se víssemos o asteróide com muito tempo. Uma das características de todos estes métodos é que o asteróide tem que ser detectado a tempo, e não estar quase “em cima” da Terra. Leiam mais sobre estes métodos, aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira

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7 equações que governam o seu mundo O alarme toca. Desligamos o despertador. São 6.30 da manhã… Sem sair da cama temos seis equações que conduzem a nossa vida. O chip de memória que armazena a hora do relógio não poderia ter sido concebido sem uma equação fundamental da mecânica quântica. Seu tempo foi definido por um sinal de rádio que nunca teríamos sonhado de inventar, se não fosse as quatro equações de James Clerk Maxwell, as equações do eletromagnetismo. E o próprio sinal viaja de acordo com o que é conhecido como a equação de onda.

Vivemos num oceano escondido de equações. Estas estão no trabalho, nos transportes, no sistema financeiro, detecção e prevenção, na saúde e na criminalidade, na comunicação, na alimentação, na água, no aquecimento e na iluminação. Agora vai para o chuveiro e beneficia das equações utilizadas para regular o abastecimento e aquecimento da água. Os cereais do pequeno almoço vem a partir de culturas que foram criadas com a ajuda de equações estatísticas. Conduze para o trabalho e o desenho aerodinâmico do seu carro está debaixo das equações de NavierStokes que descrevem como o ar flui sobre e em torno da viatura. Liga o seu sistema de navegação e é envolvido pela física quântica, novamente, mais as leis de Newton do movimento e da gravidade, que ajudaram a lançar os satélites de geoposicionamento e a definir as suas órbitas. Esses satélites também usam equações geradoras de números aleatórios dos sinais de temporização, equa-

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ções trigonométricas para calcular a localização, e da relatividade especial e geral para um rastreamento preciso dos movimentos dos satélites, influenciados pela gravidade da Terra. Sem as equações, a maioria da nossa tecnologia nunca teria sido inventada. Claro, as invenções importantes como o fogo e a roda surgiram sem qualquer conhecimento matemático. No entanto, sem equações, estariamos presos num mundo medieval. As equações vão também muito além da tecnologia. Sem elas, não teríamos conhecimento da

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52 física que rege as marés, as ondas que quebram na praia, o clima em constante mudança, os movimentos dos planetas, as fusões nucleares que ocorrem nas estrelas, as espirais das galáxias - a vastidão do universo e nosso lugar nele. Existem milhares de equações importantes. As sete referidas aqui - a equação de onda, quatro equações de Maxwell, a transformada de Fourier e equação de Schrödinger - ilustram como as observações empíricas levaram às equações que usamos tanto na ciência como na vida cotidiana. A equação de onda Primeiro, a equação de onda. Vivemos num mundo de ondas. Nossos ouvidos detectam ondas de compressão no ar como o som, e os nossos olhos detectam as ondas de luz. Quando um terremoto atinge uma cidade, a destruição é causada por ondas sísmicas que se deslocam através da Terra. Matemáticos e cientistas não podiam deixar de pensar sobre as ondas, mas o seu ponto de partida veio das artes: como é que uma corda de violino cria um som? A questão remonta ao antigo culto grego dos pitagóricos, que descobriram que duas sequências do mesmo tipo e tensão teriam comprimentos numa relação simples, tais como 2:1 ou 3:2, e produziam notas que juntas criavam um som extraordinariamente harmonioso. Relações mais complexas eram discordantes e desagradáveis ao ouvido. Foi o matemático suíço Johann Bernoulli, que começou a encontrar o sentido dessas observações. Em 1727, ele considerou que uma corda de violino é um modelo com um grande número de massas pontuais

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muito próximas e espaçadas, ligadas entre si por molas. Ele usou as leis de Newton para escrever as equações do movimento do sistema, e resolvê-las. A partir das soluções, ele concluiu que a forma mais simples para uma corda vibrante é uma curva sinusoidal. Há outros modos de vibração, bem como curvas sinusoidais em que mais de uma onda se encaixa no comprimento da corda, conhecidos pelos músicos como harmônicos. Das Ondas para o Wireless Quase 20 anos depois, Jean Le Rond d’Alembert seguiu um procedimento semelhante, mas focou-se na simplificação das equações de movimento ao invés das suas soluções. O resultado foi uma equação elegante descrevendo como o formato da corda se altera ao longo do tempo. Esta é a equação de onda, e estabelece que a aceleração de qualquer pequeno segmento da corda é proporcional à tensão agindo sobre ela. Isso implica que as ondas cujas frequências não estão em razões simples produzem um ruído desagradável conhecido como “batidas”. Esta é uma razão pela qual as relações numéricas simples dão notas que soam harmoniosamente. A equação de onda pode ser modificada para lidar com fenómenos mais complexos, confusos, como os terremotos. Versões sofisticadas da equação de onda permitem aos sismólogos detectar o que se passa a centenas de quilómetros abaixo de nossos pés. Eles podem mapear o movimento das placas tectónicas da Terra, causadoras de terremotos e vulcões. O maior prémio nessa área seria uma maneira confiável para prever terremotos e erupções vulcânicas, e muitos dos métodos que estão a ser explorados são apoiados na equação de onda.

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As equações de Maxwell Mas a visão mais influente da equação de onda emergiu do estudo das equações de Maxwell do eletromagnetismo. Em 1820, a maioria das pessoas iluminavam as suas casas com velas e lanternas, enviavam cartas e deslocavam-se em carruagens puxadas por cavalos. Passados 100 anos, as casas e ruas

tinham iluminação elétrica, surge o telégrafo permitindo a transmissão de mensagens através dos continentes e as pessoas começaram a conversar entre si por telefone. A comunicação de rádio havia sido demonstrada em laboratórios, e um empresário montou uma fábrica para vender ”wirelesses” para o público. Esta revolução social e tecnológica foi desencadeada pelas descobertas de dois cientistas. Em cerca de 1830, Michael Faraday estabeleceu a física básica do eletromagnetismo. Trinta anos depois, James Clerk Maxwell embarcou na missão de formular a base matemática para as teorias e experiências de Faraday. Na época, a maioria dos físicos que trabalhavam em eletricidade e magnetismo estavam à procura de analogias com a gravidade, que eles viam como uma força que atua entre corpos à distância. Faraday tinha uma idéia diferente: para explicar a série de experiências que conduziu em eletricidade e magnetismo, ele postulou que ambos os fenómenos

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53 atravessam o espaço, mudam ao longo do tempo e podem ser detectados pelas forças que produzem. Faraday colocou suas teorias em termos de estruturas geométricas, como linhas de força magnética. Maxwell reformula estas ideias, por analogia com a matemática do fluxo de um fluido. Raciocinou que as linhas de força eram análogas aos caminhos seguidos pelas moléculas num fluido e que a força do campo eléctrico ou magnético era análoga à velocidade do fluido. Em 1864 Maxwell tinha escrito quatro equações para as interações básicas entre os campos elétricos e magnéticos. Duas dessas equações dizem-nos como os campos são criados a partir de cargas. Para o campo magnético, como não há carga magnética, as linhas de campo magnético não começam nem terminam, ou seja, as linhas são como trajetórias fechadas. As outras duas equações descrevem como os campos “circulam” em torno das suas respectivas fontes: o campo magnético “circula” em torno de correntes elétricas e de campos elétricos variantes com o decorrer do tempo, conforme a lei de Ampère com a correção do próprio Maxwell; campos elétricos “circulam” em torno de campos magnéticos que variam com o tempo, conforme a lei de Faraday. Mas o que Maxwell fez a seguir é que foi surpreendente. Ao realizar algumas manipulações simples das suas equações, conseguiu derivar a equação de onda e deduziu que a luz deve ser uma onda eletromagnética. Isso, por si só, foi uma notícia estupenda, ninguém tinha imaginado tal relação fundamental entre a eletricidade, luz e magnetismo. E havia mais. A luz vem em cores diferentes, correspondentes a diferentes comprimentos de onda. Os comprimentos de onda que vemos estão restringidos pela química dos nossos fotosensores existentes no olho humano. As equações de Maxwell levaram a uma previsão dramática - que ondas eletromagnéticas de DEZEMBRO 2012


54 todos os comprimentos de onda deveriam existir. Alguns, com comprimentos de onda muito mais longos do que podemos ver, transformariam o mundo: as ondas de rádio. Em 1887, Heinrich Hertz demonstrou experimentalmente as ondas de rádio, mas deixou de apreciar a sua aplicação mais revolucionária. Se pudesse imprimir um sinal sobre uma onda, poderia falar-se para o mundo. Nikola Tesla, Guglielmo Marconi e outros, transformaram o sonho em realidade, e toda a panóplia de meios de comunicação modernos, de rádio e televisão, radar, ligações em microondas para telemóveis, etc. E tudo surgiu a partir de quatro equações e um par de cálculos curtos. As equações de Maxwell não mudaram apenas o mundo, abriram um novo. Tão importante quanto o que as equações de Maxwell não descrevem é o que não fazem. Embora as equações revelassem que a luz era uma onda, os físicos logo descobriram que o seu comportamento era, por vezes em desacordo com essa visão: Brilhar a luz num metal e criar eletricidade, num fenómeno chamado de efeito fotoeléctrico. Fazia sentido apenas se a luz se comportasse como uma partícula. Então, seria a luz uma onda ou uma partícula? Na verdade, um pouco de ambos. A matéria foi feita a partir de ondas quânticas, e um grupo coeso de ondas agiram como uma partícula. A equação de Schrödinger Em 1927, Erwin Schrödinger escreveu uma equação para ondas quânticas. Encaixava lindamente nas experiências enquanto pintava um retrato de um mundo muito estranho, no qual as

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partículas fundamentais, como o electrão, não são objectos bem definidos, mas nuvens de probabilidade. Assim, teóricos descreveram todo o tipo de esquisitice quântica, como o gato que está simultaneamente vivo e morto, e universos paralelos. A mecânica quântica não se limita a esses enigmas filosóficos. Quase todos os aparelhos modernos - computadores, telemóveis, consolas de jogos, carros, frigoríficos, fornos contêm chips de memória baseado no transistor, cujo funcionamento se baseia na mecânica quântica dos semicondutores. Novas aplicações da mecânica quântica chegam quase semanalmente. Os pontos quânticos - protuberâncias minúsculas de um semicondutor podem emitir luz de qualquer cor e são utilizados para imagiologia biológica, onde substituem corantes tradicionais, muitas vezes tóxicos. Engenheiros e físicos estão próximos do computador quântico, que pode realizar muitos cálculos diferentes em paralelo. Os lasers são outra aplicação da mecânica quântica. São usados para ler informações a partir de pequenos buracos ou marcas de CDs, DVDs e discos Blu-ray. Astrônomos usam lasers para medir a distância da Terra à Lua. Há quem defenda ser possível lançar veículos espaciais da Terra usando um poderoso raio laser. A transformada de Fourier

O capítulo final nesta história vem de uma equação que nos ajuda a entender as ondas. Ela começa em 1807, quando Joseph Fourier desenvolveu uma equa-

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ção para o fluxo de calor. Ele apresentou um documento sobre o seu estudo na Academia Francesa de Ciências, mas foi rejeitado. Em 1812, a academia teve como tema o Calor no seu prêmio anual. Fourier apresentou um trabalho mais longo, revisto e ganhou. O aspecto mais intrigante do artigo premiado de Fourier não foi a equação, mas como ele a resolveu. O problema típico era o de encontrar como a temperatura varia ao longo do tempo numa haste fina, dado o perfil de temperatura inicial. Fourier poderia resolver esta equação com facilidade se a variação da temperatura fosse uma onda seno ao longo do seu comprimento, mas não era assim. Logo, ele apresentou um perfil mais complicado como uma combinação de curvas sinusoidais com diferentes comprimentos de onda, resolveu a equação para cada componente da curva de senos, e adicionou estas soluções em conjunto. Fourier afirmou que esse método funcionava para qualquer problema, mesmo onde a temperatura sobe repentinamente de valor. Tudo o que tinha a fazer era somar um número infinito de contribuições a partir de curvas seno. O resultado é a transformada de Fourier, uma equação que trata um sinal variando no tempo como a soma de uma série de componentes de curvas sinusoidais e calcula as suas amplitudes e frequências. Hoje, a transformada de Fourier afecta as nossas vidas de inúmeras formas. Por exemplo, podemos usá-lo para analisar o sinal vibratório produzido por um terremoto

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e para calcular as frequências em que a energia transmitida pelo chão a tremer é maior. Outras aplicações incluem a remoção de ruído de gravações de som antigos, encontrar a estrutura do DNA usando imagens de raios X, melhorar a recepção do rádio e prevenção de vibrações indesejadas em carros. Além disso, há uma que a maioria de nós sem querer tira proveito de cada vez que tira uma fotografia digital. Se pensar em quanta informação é necessária para representar a cor e o brilho de cada pixel numa imagem digital, vai descobrir que uma câmara digital parece ter no seu cartão de memória cerca de 10 vezes mais dados do que o cartão pode possivelmente conter. As câmaras usam a compressão de dados JPEG, que combina cinco etapas de compressão diferentes. Uma delas é uma versão digital da transformada de Fourier, que trabalha com um sinal que não muda ao longo do tempo, mas através da imagem. A matemática é praticamente idêntica. As outras quatro etapas reduzem os dados ainda mais, para cerca de um décimo do valor original. Estas são apenas sete das muitas equações que encontramos todos os dias, sem darmos conta delas. Mas o impacto das equações sobre a história vai muito além. A equação verdadeiramente revolucionária pode ter um impacto maior sobre a existência humana que todos os reis e rainhas, cujas maquinações enchem nossos livros de história. Essa equação, acima de tudo, que os físicos e cosmólogos adorariam descobrir, é a teoria de tudo, a que unifica a mecânica quântica e a relatividade. Traduzido e adaptado de newscientist.com José Gonçalves [NR: veja o vídeo aqui]

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Profecias da Ciência Parece-me que uma das razões para as pessoas caírem vezes sem conta nas mesmas mentiras é a inexistência de Literacia Funcional: as pessoas não sabem avaliar corretamente a informação que lhes chega. A Literacia Funcional é a mais importante forma de Literacia na atual sociedade da informação. Para se ter Literacia Funcional, é óbvio que se tem que ter algum conhecimento de base dos assuntos, mas

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é muito mais importante ter pensamento crítico, que é transdisciplinar (ou seja, eu posso não perceber nada de agricultura, mas consigo perceber que as árvores não crescem por “artes mágicas”, por obra e graça do Pai Natal, por exemplo). O pensamento crítico, que literalmente se pode considerar como pensamento científico (que é inerentemente racional), não existe somente em matérias científicas, mas podemos observálo em tudo o que é assunto – de facto, nós utilizamos o pensamento científico todos os dias, a quase todos os momentos da nossa vida (digo quase, porque todos temos momentos de irracionalidade – ex: no Estádio da Luz, eu não quero saber se há ou não fora-de-jogo… logo que seja a favor do Benfica, é o que conta!!!)). Por exemplo, se vocês tiverem um familiar muito doente, que precisa urgentemente de fazer uma cirurgia ao cérebro… o que fazem? Levam-no a um hospital, onde existem neurocirurgiões qualificados? Ou levam ao vizinho do lado, que é trolha, mas que até lê de vez em quando uns livros sobre medicina? Penso que toda a gente responderia: levaria a um neuro-cirurgião. Mas porquê? Será porque indo ao neuro-cirurgião de certeza que a pessoa fica curada? Não, porque os especialistas também cometem erros, e não têm taxas de sucesso de 100%. Será porque o trolha nosso vizinho de certeza que iria fazer asneira? Não, porque ele até poderia fazer bem as coisas. Então porque é? Nós levamos ao neuro-cirurgião, porque ele é o especialista, e como especialista que é, tem muito maior hipótese de ter sucesso. É tudo uma questão de probabilidades, mesmo que não nos dêmos conta. Utilizamos sempre o pensamento crítico/ racional, ao ir pela hipótese mais provável para ter sucesso. EDIÇÃO ESPECIAL

(daí ser irracional consultar astrólogos, por exemplo, porque esses são os tais “trolhas que lêem livros” quando a pessoa precisa de um especialista em neuro-cirurgia) Deixem-me agora dar um exemplo que costumo utilizar constantemente, só para exemplificar que este pensamento crítico/científico/racional é utilizado por nós a todos os momentos: Se forem no vosso carro numa auto-estrada, e o carro pára de repente, o que fazem? Imaginam que terá sido um unicónio invisível voador que atravessou o carro e o parou? Ou será que vão olhar para o ponteiro da gasolina? Obviamente que olham para o ponteiro da gasolina… Porquê? Porque esse é o pensamento científico – de seguir a hipótese mais provável. Mas se o ponteiro da gasolina vos disser que existe gasolina suficiente, então imediatamente a pessoa pensa que poderá ser do motor, e começa logo a pensar em levar o carro ao mecânico. Porquê? Porque esse é o pensamento científico – de seguir a hipótese mais provável. Vamos testando as hipóteses e seguindo aquela que nos parece mais provável. Note-se que a ciência não nega que possa ser um unicórnio voador invisível. Simplesmente, é mais provável as outras explicações. E só as testando (por exemplo, olhando para o ponteiro da gasolina, que é sinónimo de ter mais conhecimento sobre o assunto), podemos chegar à explicação correta. Termos conhecimento das coisas, testar-se as hipóteses, e seguirmos a hipótese mais provável, são os passos mais elementares do pensamento científico. Este é o pensamento científico, e que utilizamos praticamente a todos os minutos da nossa vida… mesmo que nem nos dêmos conta (porque é um processo que está estranhado desde nascença, em que vamos testando as coi-

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58 sas para perceber como sobreviver no mundo). E o melhor de tudo, é que este método funciona!!! (quem acredita nas profecias de fim do mundo, ignora o pensamento científico/racional, e por isso assume que foi um unicórnio invisível voador, porque simplesmente decide nem olhar para o ponteiro da gasolina. Está no seu direito. Simplesmente não está a ser racional) Uma outra característica da Literacia Funcional passa por perceber as bases da natureza da ciência, ou melhor, do processo da ciência. Novamente, é algo que colocamos em prática diariamente em milhares de atividades que realizamos, mas nem nos damos conta. Faz parte da natureza da ciência, avaliar a informação que lhe chega, observar, testar, evoluir, acumular conhecimento (a ciência aumenta gradualmente em termos de conhecimento para um corpo de conhecimento cada vez mais robusto), questionar-se a si própria, rever diariamente esse conhecimento, corrigir eventuais falhas, questionar o conhecimento existente (por isso é que se evolui), etc etc, etc. (ao contrário dos pseudos e das religiões, a ciência não se faz de verdades absolutas, mas sim de um constante questionamento do conhecimento adquirido) Propositadamente, deixei de fora uma das funções mais importantes da ciência: prever. A ciência não faz profecias propriamente ditas, porque não tem “revelações”. Mas através do processo descrito em cima, faz previsões. Aliás, a ciência faz milhares de previsões diariamente, e tem uma taxa de sucesso praticamente de 100% !!! (nas poucas coisas em que erra, é espetacular, porque é sinal de um aumentar de conhecimento) E pensarão vocês: mas isso será em laboratórios cientificos espalhados pelo mundo, e essas experiências não estão ao alcance do comum dos mortais. E em parte estão certos: diariamente existem

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milhares de experiências científicas feitas em laboratórios por todo o mundo que comprovam a veracidade do nosso conhecimento científico, a que obviamente não temos acesso. Não as devemos negar, mas a verdade é que não temos acesso. No entanto, para sabermos que a ciência faz milhares de previsões diariamente, e tem uma taxa de sucesso praticamente de 100%, não precisamos desses especialistas. A verdade é que todos nós, pessoa comum, podemos testar milhentos conhecimentos científicos. Aliás, na nossa vida diária, estamos constantemente a fazer previsões científicas/racionais, a testá-las, e a retirar conclusões delas – mesmo que nem nos apercebamos disso. Por exemplo, se a pessoa liga o computador, está à espera que ele se ligue. Antes de clicarmos no botão de “on”, prevemos o que vai acontecer. E não é que a previsão se torna realidade diariamente com uma taxa de sucesso de 100%? (e quando eventualmente existe uma falha, baseámo-nos no conhecimento científico – de sabermos que a previsão tinha que dar certo mediante os conhecimentos científicos – para corrigir a falha, porque só a ciência nos pode corrigir essa falha. Não nos pomos a imaginar fantasmas, mas simplesmente baseámonos naquilo que sabemos que funciona (ciência) para extrapolar para potenciais hipóteses racionais do computador não dar) Ou seja, seguimos o pensamento científico. Deixem-me dar outro exemplo: O pensamento científico diz-vos que o vosso carro estará parado na garagem, e não anda a flutuar pelo ar devido à falta de gravidade. Quando vocês vão de manhã até ao carro, a vossa previsão é que ele esteja lá… agarrado ao solo. Essa previsão tem por base somente o conhecimento científico, baseado nas inúmeras experiências passadas. Essa é uma previsão da ciência. E não é que todos os dias essa previsão científi-

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ca está correta? Em milhões de vezes em que vocês já fizeram essa experiência, nem por uma vez chegaram à garagem e viram o vosso carro a voar pelo ar. Certamente que podem pensar em milhares de exemplos diários do mesmo género. Destes exemplos podem-se retirar duas conclusões: 1 – A ciência está aberta a todos. Ao contrário dos pseudo, em que alguns se acham especiais (têm “dons ocultos” ou “ligações especiais a outras dimensões”), a ciência está disponível diariamente para todos. Existem especialistas (não devemos ignorar quem sabe mais do que nós em certos assuntos – isto faz parte da Literacia Funcional), mas não existe ninguém “especial”. Qualquer pessoa pode provar o conhecimento científico. E como referi, todas as pessoas testam diariamente, por milhões de vezes, esse mesmo conhecimento científico… na rua, em casa, na escola, no trabalho… em todo o lado. 2 – A taxa de sucesso das previsões científicas é mais próxima de 100% do que qualquer outra coisa que possam imaginar! Nenhuma profecia ou ideia pseudo, alguma vez teve uma taxa de sucesso sequer próxima da ciência/pensamento científico. Ou seja, como se percebe por tudo isto, o pensamento científico funciona! E nós testámo-lo milhões de vezes todos os dias… e, mesmo assim, ele funciona praticamente sempre de forma perfeita! O pensamento científico não é algo “especial”, “extraordinário”, “estranho”, “desconhecido”, que devemos “desconfiar”. Pelo contrário, é algo comum, que toda a gente utiliza diariamente milhares de vezes, em que as pessoas confiam a 100%, e que funciona!

ficar mal… então porque sobre ideias puramente pseudo, como as profecias de fim do mundo, as pessoas preferem ignorar o conhecimento científico, preferem ignorar a taxa de sucesso da ciência, e enveredar por caminhos que comprovadamente são de insucesso? Não faz qualquer sentido… é uma estratégia puramente irracional… contra os interesses da própria pessoa. (no exemplo acima do carro parar na autoestrada, seria como se a pessoa se negasse a olhar para o ponteiro da gasolina, se negasse a chamar o mecânico, mas continuasse na sua crença absurda que só poderia ter sido um unicórnio invisível voador) Se a pessoa além de ignorar o pensamento científico, ainda se põe a atacá-lo, então nesse caso, na minha opinião, cai no defeito da hipocrisia. A razão é simples: a pessoa não deve atacar algo que utiliza diariamente milhares de vezes. Como se costuma dizer, isso seria cuspir no prato que lhe dá de comer. Escrevi este longo texto a pensar no porquê das pessoas seguirem a irracionalidade das profecias de fim do mundo, que é a notícia de hoje. Mas como percebem, este texto aplica-se a todas as formas de irracionalidade – a todas as vezes em que as pessoas preferem seguir o insucesso das crenças pseudo (ex: pulseiras quânticas, falar com mortos, astrologia, profecias, etc), em vez de seguirem o sucesso diário, constante, e total, da racionalidade do pensamento científico; ou seja, a todas as vezes em que as pessoas preferem seguir mentiras/vigarices, negando o conhecimento. Carlos Oliveira

Se temos um método que funciona de forma perfeita (ou, no mínimo, da forma mais perfeita que pode existir), que testamos diariamente a quase todos os minutos, e ele não nos deixa

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Facebook do astroPT Como têm andado a reparar, o AstroPT tem melhorado algumas facetas e temse diversificado em diversas actividades e parcerias. Uma das últimas é a campanha de oferta de livros de ciência aos nossos leitores. A mudança mais recente consistiu em transformar o perfil no facebook, numa página institucional. Muitas mais novidades acontecerão nos próximos dias e nas próximas semanas. Iremos dar conhecimento da maior parte delas, uma a uma, gradualmente. Por isso, estejam atentos! Para já, visitem a nossa página, e façam LIKE, aqui. Notem que as páginas agora não aparecem nos feeds do vosso Facebook. Para aparecermos nos vos-

sos feeds, têm que colocar o rato sobre a palavra LIKE e seleccionar “Mostrar no Feed de Notícias” e também seleccionar “Adicionar a Lista de Interesses“. O José Gonçalves adaptou estas imagens para vos ajudar Carlos Oliveira

O astroPT está agora também disponível no G+. Poderá consultar-nos através da sua conta do Gmail clicando no link superior direito (+SeuNome). Ou então poderá seguir esta ligação (ou ver posts). Passem por lá, adicione aos seus círculos e divulgue pelos seus amigos. José Gonçalves

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astroPT magazine, revista mensal da astroPT Textos dos autores, Design: José Gonçalves

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