Volume 2 Edição 5
Maio 2012
astroPT magazine
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Brincar com a Lua Fotografias a brincar com a Lua. (Não consigo saber quem é o autor. Se souberem quem foi o autor, digam-nos nos comentários) Não se esqueçam que esta noite a Lua está sublime nos céus. Leiam este post. Carlos Oliveira
Valmir M. de Morais disse: As belas e criativas imagens fazem parte do projeto Moon Games – http://www.boredpanda.com/moongames-laurent-laveder/ do fotógrafo francês Laurent Laveder. Website do autor: http:// www.laurentlaveder.com/
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12 fotos amadoras da grande Lua desta noite Os nossos leitores estão de parabéns. Vários tiraram fotografias à Lua, e outros deram-nos a conhecer fotos tiradas por amigos seus. Como sabem, esta noite tivemos a maior Lua do ano. Vou deixar aqui uma compilação de algumas dessas fotos tiradas em Portugal e no Brasil. Carlos Oliveira
Crédito: Carlos Sousa, Mirandela, Portugal
Crédito: CAUP, Porto, Portugal
Crédito: Ricardo Hemsworth, Porto, Portugal
Crédito: Hélio Martins, Óbidos, Portugal
Crédito: Élvio Gomes, Madeira, Portugal
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Crédito: Dennis Weaver, Fortaleza, Brasil
Crédito: Rodrigo Espinosa, Florianópolis, Brasil
Crédito: Marcos Vinícios, Salvador da Baía, Brasil Crédito: Ednilson Oliveira, São Paulo, Brasil
Crédito: Stephan Milanez, São Paulo, Brasil Crédito: Cris Hattis, Mato Grosso do Sul, Brasil
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Crédito: Alexandre Kroth, Porto Alegre, Brasil
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Mais 6 imagens da Grande Lua No fim-de-semana, tivemos a maior Lua do ano e divulgamos 12 fotografias tiradas em Portugal e no Brasil, assim como o ano passado divulgamos 100
imagens da Super-Lua. Agora, a National Geographic traz-nos mais algumas fotografias tiradas pelo mundo. Carlos Oliveira Crédito: Emanuel Lopes, Lisboa, Portugal
Crédito: Victor R. Caivano, Cristo Redentor no Rio de Janeiro, Brasil
Crédito: Victor R. Caivano, Favelas do Rio de Janeiro, Brasil Crédito: Quynh Ton, Seattle, EUA
Crédito: Gary Hershorn, Manhattan, Nova Iorque, EUA Crédito: Anthony Ayiomamitis, Templo de Poseidon, no Cabo Sounion a Sul de Atenas, Grécia Página 5
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20 fotografias do eclipse anelar Há 2 dias tivemos um eclipse solar anular/anelar. Vejam agora 20 fotografias desse eclipse tiradas em diferentes partes do mundo . Carlos Oliveira
Crédito: Jimmy Westlake, no Texas, EUA
Crédito: Tyler Burg, Minnesota, EUA.
Crédito: Tom Wagner, Iowa, EUA. Página 6
Crédito: Joe C. Olsen, Texas, EUA.
Crédito: Associated Press, em Phoenix, nos Estados Unidos.
Crédito: Elon Gane, Missouri, EUA.
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Crédito: Robert Ball, New Mexico, EUA.
Crédito: Mike Theiss, New Mexico, EUA.
Crédito: Mike Theiss, New Mexico, EUA.
Crédito: Mike Theiss, New Mexico, EUA.
Crédito: Mike Theiss, New Mexico, EUA.
Crédito: Tom Bridges, em Tóquio, no Japão Página 7
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Crédito: Eduardo Nakagawa, em Tsushima, no Japão.
Crédito: Phebe Pan, Xinfeng, China.
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Crédito: AFP, no Japão.
Crédito: Phebe Pan, Xinfeng, China.
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Crédito: Associated Press, em Taipei, Taiwan.
Crédito: wacamera
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Maior Lua do ano é nesta noite de sábado para domingo ! O ano passado, falamos na Super-Lua, porque a 19 de Março de 2011, a Lua esteve a 356.577 kms da Terra. O que foi o mais próximo dos últimos 18 anos. Temos uma Super-Lua quando uma Lua Cheia está no perigeu (ponto mais próximo da órbita ao redor da Terra). Todos os meses temos uma Lua Cheia. E todos os meses temos um perigeu. Mas os dois simultaneamente é mais raro. Explicamos tudo sobre uma Super-Lua, neste post. O Alberto Fernando também explicou, neste post. O Miguel Claro tirou fotos à Lua, neste post. Divulgamos 100 fotos da Super-Lua, neste post. Mostramos que, ao contrário do que é dito pelos vigaristas, o fenómeno da Super-Lua não provoca terramotos, neste post. O fenómeno simultâneo do perigeu com a Lua Cheia dá-se a cada 413 dias. O último foi a 19 de Março de 2011; o próximo será a 23 Junho de 2013; e o outro a seguir será a 10 de Agosto de
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2014. Ou seja, este fenómeno dáse, em média, 1 vez por ano. Neste sábado, dia 5 de Maio, iremos poder ver o que parecerá a maior Lua do ano (a Lua na verdade não aumenta de tamanho, mas parece fazê-lo devido às fases da Lua e à distância a que se encontra da Terra. Lua cheia parece maior, e Lua mais perto da Terra também parece maior). Mas não será uma Super-Lua como em outros anos, já que não se encontrará tão perto da Terra. Desta vez, no perigeu a Lua estará a 356.955 kms de distância, e atingirá o ponto de Lua completamente cheia com a diferença de 1 hora de atingir o seu perigeu. O perigeu da Lua, em que ela estará mais próxima de nós, será às 5 da manhã de domingo. Encorajamos toda a gente a olhar para a Lua! A Lua parecerá 14% maior e 30% mais brilhante. Encorajamos essa observação durante o nascimento da Lua, perto das 20 horas e 15 minutos de sábado em Portugal, e durante o pôr-daLua perto das 5:30 da manhã de domingo em Portugal, altura em que também estará mais próxima de nós. Como está próxima do horizonte, dar-se-à o fenómeno da “ilusão da Lua”, em que a Lua parecerá ainda maior, devido a uma miragem ainda não totalmente compreendida por astrónomos e psicólogos. Carlos Oliveira
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Super-Lua: perigeu da Lua Cheia Todos os meses temos uma Lua Cheia. E todos os meses temos um perigeu. Mas os dois simultaneamente, com a Lua tão perto, já não acontecia há 18 anos. Ou seja, hoje poderemos ver uma Lua Cheia e com uma aparência maior (por estar mais perto). Será um magnífico espetáculo. Ao contrário do que anda a ser dito pelos pseudos, esta aparência da Lua não terá quaisquer repercussões nefastasna Terra. Não provocará terramotos nem nada do género. O máximo que poderá ter é um aumento ligeiro do tamanho das ondas do mar (poucos centímetros a mais). Mas há ainda mais um pormenor a que devem estar atentos. Além de estar uma Super-Lua, já por si aparentemente maior que o normal, outro fator tornará a Lua aparentemente ainda muito maior. Todos os dias, ao pôr-do-Sol, ou melhor, ao nascer da Lua, a Lua no horizonte parece bastante maior do que quando está por cima de nós. Há quem diga que a Lua aparenta ter um tamanho 50% maior do que quando está por cima de nós. Esta é uma enorme diferença de aparência! Os motivos têm a ver com uma ilusão ótica, e como tal, a Lua realmente parece muito maior. Ou seja, recapitulando: - a Lua na realidade não muda de tamanho. Mas a aparência dela vista da Terra depende do sítio onde ela está em relação à Terra. - hoje teremos Lua Cheia, ou seja uma Lua grande no céu. - na sua órbita normal, a Lua vai hoje estar mais perto da Terra, o que faz com que se pareça ainda maior que o habitual. - se olharem para a Lua quando ela nascer e estiPágina 11
ver no horizonte, a somar ao tamanho aparente acima, ela parecerá ainda mais 50% superior ao normal. Conclusão: hoje, não percam a super-super-super -Lua! Tentem vê-la por volta das 19h de Portugal. Ela parecerá ENORME no horizonte! Carlos Oliveira
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Divagação das Estações – um jogo para as salas de aulas Dizemos em que forma geométrica se constitui a quarta parte dum ciclo. Crescente ou minguante. Estamos até a ser sofisticados, apenas não o notamos porque o fazemos com toda a naturalidade. Mais complexos, mesmo extremamente complexos e sofisticados, só o estaremos a ser quando estivermos a… cantar.
“Esta semana, o “Objecto da Semana” na Casa das Ciências julgo que será do agrado dos utilizadores desta “casa”. Chama-se “Efemérides e Estações do Ano“. Brinquem lá um bocadinho com ele e digam o que vos parece…” – Diana Barbosa, Bióloga e colaboradora do astroPT. Respondi a este desafio de jogo, já que Leibniz aconselhava com vincada veemência que… façamos uso de todos os jogos, que brinquemos com os objectos, para compreendermos a Matemática.
Veio esta divagação a propósito deste jogo de Astronomia divulgado pela também imparável Casa das Ciências. Nele, o jogador tem a ganhar uma excelente noção das Estações do Ano e das Efemérides tais como os Equinócios, Solstícios, Eclipses do Sol e da Lua e as Fases da Lua. Nas salas de aulas, este jogo tem inúmeras potencialidades, assim, alunos e Professores podem verificar de forma simples e graficamente conseguida, as causas dos ciclos lunares, a proporção dos movimentos relativos da Terra e da Lua; afinal darem-se conta, de forma também muito acertada, de fenómenos que verificamos quase todos os dias, e noites. Esta ligação entre a experiência diária e a abstracção Matemática é sem sombra de dúvidas, fundamental.
Muita, e boa gente, reduz a Matemática à sua expressão algébrica, ou aritmética, ou geométrica. Será, a Matemática, antes, a zona de intersecção destas suas 3 facetas. Mas, e será só?
Para além de se criar um ambiente apelativo e criativo nas aulas, convenhamos, por vezes um tanto enfadonhas, torna-se a Matemática o que ela é na sua verdade profunda: divertida e imaginativa.
Música é Matemática, prossegue Leibniz, imparável, a jogar os jogos dos objectos, dotando-a da sua genuína expressão Universal, como já Pitágoras o fizera. E, quando vemos a Lua Cheia, ou o próximo QUARTO crescente, ou qualquer fase da Lua, estamos, de facto, a fazer uma observação Matemática.
De acordo com a melhor orientação dos Professores, este jogo pode despoletar toda uma série de exercícios divertidos e que os alunos encontram como fácil referência no seu mundo natural. Em que latitude estamos, por exemplo. Como influencia a nossa posição geográfica, as observações que fazemos. O que é, no fundo, o pôr-dosol. Há algum ângulo recto observável na luz des-
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ta estrela, ou ainda, porque temos a sensação de 3 dimensões num gráfico de 2, ou, ainda, daqui partir para questões mais elaboradas mas igualmente apaixonantes. Ou uma questão bem mais simples, há estrelas no céu durante o dia, a começar pelo Sol? Porque é o pôr-do-sol amarelo ou encarniçado e não quase branco? Porque mudam o Sol e a Lua de cor consoante os factores que influenciam o observador? E porque não convidar o Professor de História, o de Geografia, e o de Português para virem ajudar a Matemática? Usando ferramentas como esta, inserindo a sua aplicabilidade na melhor ocasião de acordo e em complemento dos objectivos de aprendizagem, é possível tornar as aulas sempre divertidas e interessante tanto para alunos como Professores. Eis algumas das potencialidades deste jogo. Basta entrar nele e jogá-lo, que desde logo um Docente tem melhor capacidade de verificar qual o seu melhor uso nas salas de aula. O jogo pode ser acedido “offline” nas salas de aula, através da Casa das Ciências e está suportado informaticamente pela conhecida aplicação de acesso livre Java. Deverão, nessa ocasião como nesta, referir o nome do autor Gilbert Castebois, mostrar aos alunos que o seu nome também está referido no aplicativo divulgado pela Casa das Ciências. É que, nesse caso, também estarão a dar uma excelente ilustração da Ética da referência dos autores. Então podemos convidar mais um amigo da Matemática: o Professor de Filosofia. E, todos juntos, podem verificar a questão das proporções. É que neste jogo tal como nos manuais escolares, por necessidades imperiosas do grafismo e das ilustrações, não é possível desenhar a Lua, o Sol e Terra nas proporções correctas das suas dimensões e distâncias. Assim, socorri-me dum Palestra do conhecido Página 13
Astrofísico Neil DeGrasse Tyson, que resumo desta forma simples. Caso a Terra tenha um diâmetro de 5 centímetros, eis como deverão comparar o Sol, a Lua, e as respectivas distâncias. Para valores aproximados podem usar uma bola de pingue-pongue. Tamanho da Lua: 1,3 centímetros, ou um berlinde pequeno. Distância da Terra à Lua: 1,5 metros, segurem as 2 esferas uma em cada mão e afastem os braços até estarem totalmente esticados. Tamanho do Sol: uma bola do tamanho duma “mini-van”, com 5 metros de comprimento. Distância da Terra ao Sol, que será do comprimento de 6 campos de futebol, ou 550 metros. Tempo que luz demora da Lua à Terra: ~1 segundo. Tempo que luz demora do Sol à Terra: ~8 minutos. E basta ir ao jogo, para ver logo imediatamente a nossa posição (da Terra) em relação à Lua e ao Sol na altura em que entrarmos (muda dependendo da altura que entramos e do sítio onde estivermos). Espero que tenham gostado, e que sobretudo tenham aulas divertidas. Para terminar, junto a hiperligação para o jogo (e o programa Java). Manel Rosa Martins
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Terra Pequena O site 9gag publicou umas imagens engraçadas
sobre as escalas no Universo. Na 1ª imagem, vê-se o planeta Terra que parece enorme, no entanto ao comparar-se com o Sol percebe-se que o planeta é pequenino e o Sol enorme, e a seguir percebe-se que o Sol é minúsculo comparado com outras estrelas. Carlos Oliveira [NR: veja mais imagens no blog. Para isso clique aqui]
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ESA promove as vantagens espaciais
A Agência Espacial Europeia (ESA) vai criar uma campanha para mostrar como as experiências na Estação Espacial Internacional nos beneficiam no dia-a-dia. Podem ler mais sobre isto, aqui. Das milhares de tecnologias que utilizamos, e que nem nos damos conta que foram desenvolvidas devido à exploração espacial, encontra-se por exemplo, o termómetro no ouvido. Carlos Oliveira
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EDUCAÇÃO
Acrux, por que te chamam assim?
Em maio, a menor das 88 constelações reconhecidas pela União Astronômica Internacional alcança sua maior altura no céu nas primeiras horas da noite. Trata-se do Cruzeiro do Sul, que apesar de pequena é uma das mais famosas constelações, sendo estampada até em bandeiras de algumas nações. Sua estrela principal tem dois nomes bem conhecidos. Acrux e Estrela de Magalhães. Acrux é a contração de “A” com “Crux”. “A” porque essa estrela é a mais brilhante do Cruzeiro do Sul, designada como “alfa” pelo astrônomo Johannes Bayer, responsável por essa nomenclatura de dar letras gregas às estrelas conforme o brilho. “Crux” porque trata-se do nome oficial da constelação (usa-se o latim para denominá-la). Página 16
Essa ideia de juntar a letra correspondente da estrela na nomenclatura com o nome da constelação veio do astrônomo americano Elijah Burritt no século XIX. Naquela época esse nome alternativo só era restrito aos seus atlas, ganhando uso geral somente em meados do século XX. Podemos encontrar exemplos parecidos na própria constelação do Cruzeiro do Sul (Becrux e Gacrux) e também na constelação do Triângulo Austral (Atria). Já o nome “Estrela de Magalhães” é uma homenagem ao navegador Fernão de Magalhães, pioneiro da circunavegação. É um dos poucos casos de nomes portugueses num universo em que os nomes das estrelas são árabes, gregos, latinos e chineses em sua maioria. Um nome alternativo, também em português, é “Magalhânica”. Saulo Machado
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Elefantes do Passado
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Reconstrução da manada de Mleisa 1, tendo como base a espécie Stegotretrabelodon como origem das pegadas (© Mauricio Antón)
Texto publicado no jornal O Baluarte de Santa Maria no âmbito do projecto Ciência na Imprensa Regional Existem três espécies de elefantes no mundo: o elefante-da-savana (Loxodonta africana), o elefante-da -floresta (Loxodonta cyclotis) e o elefante-asiático (Elephas maximus). E como eram aquelas espécies que já desapareceram? Existem muitos fósseis que permitem conhecermos melhor o seu aspecto. Mas, seria o seu comportamento comparável ao dos elefantes actuais? Sabe-se que hoje os elefantes têm uma estrutura social complexa, com segregação sexual e centrada em grupos matriarcais. Há quanto tempo é que este comportamento existe?
tamanho e espaçamento das pegadas dos pelo menos 13 indivíduos, foi possível estimar o tamanho dos animais, que resulta ser comparável ao dos elefantes africanos.
No que diz respeito ao comportamento, o facto das pistas serem paralelas, indica que os animais estavam a viajar lado a lado, em grupo e, portanto, já teriam alguma estruturação social. Há ainda uma O comportamento dos animais extintos é difícil de outra pista, de um animal solitário, que se cruza estudar porque, ao contrário dos seus ossos, caracom as demais. Este animal era maior, pelo que os paças ou concha, não fossiliza. No entanto, algumas autores especulam que poderia ser um macho. A pistas muito raras dão-nos, por vezes, a conhecer confirmarem-se as suspeitas de que a manada era vislumbres dos hábitos dos animais extintos. constituída por fêmeas (a distribuição de tamanhos sendo similar à das manadas actuais) e que o animal Este é o caso de uma recente descoberta feita num solitário era um macho, isto implica que os elefanlocal chamado Mleisa, nos Emirados Árabes Unidos, tes ancestrais já viviam de forma similar à das espépor uma equipa internacional liderada por Faysal cies atuais e, portanto, que o seu sistema social tem Bibi, hoje a trabalhar na Universidade Humboldt em uma história bem longa. Berlim. Este paleontólogo e a sua equipa descobriram uma pista com muitas pegadas fossilizadas de Procuram-se, pois, novas pistas de elefantes para Proboscídeos, a família a que pertencem os elefan- continuar a reconstrução da evolução do comportates. mento social! Porque é que esta descoberta é tão interessante? Referências: Porque o número e disposição das pegadas permite Bibi, F. et al. (2012). Early evidence for complex -nos inferir muito acerca do comportamento social dos animais que por aquele local passaram há entre social structure in Proboscidea from a late Miocene trackway site in the United Arab Emirates. Biology 6 a 8 milhões de anos. Letters DOI 10.1098/rsbl.2011.1185 O primeiro facto que esta descoberta nos transmite In the footsteps of prehistoric elephants é que as pegadas seriam dos antepassados dos actuais elefantes, que se estima terem divergido há Diana Barbosa cerca de 6 milhões de anos. Depois, com base no Página 17
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Encontrado calendário Maia mais antigo de sempre, com implicações para o fim do mundo!
Já toda a gente sabe que a Profecia Maia é uma enorme treta que os vigaristas andam a tentar impingir aos mais crédulos. Os próprios descendentes dos Maias o confirmam: é tudo um disparate com o único intuito de algumas pessoas fazerem dinheiro à custa de mentiras. Já explicamos tudo sobre o suposto fim-do-mundo em 2012, aqui.
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Agora, uma descoberta feita por arqueólogos veio de uma vez por todas demonstrar que os Maias utilizavam calendários ainda mais longos, e que aqueles que dizem que os Maias pensavam numa grande destruição nesta data estão só a vigarizar a população! E notem, como sempre, TODAS AS DESCOBERTAS, TODO O CONHECIMENTO, é-nos dado pelos cientistas (ou por artistas, por exemplo, se estivermos a
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falar de belíssimas obras de arte; ou por outras pessoas que utilizam métodos credíveis em ciências sociais, como psicologia, sociologia, educação, etc). Mas NUNCA pelos vigaristas pseudos – esses NUNCA descobrem coisíssima nenhuma, porque só têm por objectivo inventarem mentiras. Neste caso, foi descoberto o calendário Maia mais antigo de sempre. Este calendário data do ano 813, e foi pintado nas paredes de uma habitação que se encontrava na cidade de Xultún, na actual Guatemala. O calendário regista ciclos lunares e planetários. Este calendário atira completamente ao lixo a ideia do fim do mundo em 2012, já que essa ideia baseia-se em 13 ciclos (b’ak’tun) do calendário Maia, quando na verdade ele tem 17 ciclos! Este calendário é centenas de anos mais antigo que os Códices Maias (1250), e prova que os “13 ciclos” foram somente uma manipulação posterior. Quem acredita nas supostas profecias Maias, então agora é obrigado a perceber que os Maias mostram que nada de importante acontecerá na sociedade, no mínimo, por mais alguns milhões de anos. Pelo contrário, todas as mudanças serão, como sempre, graduais. “Pela primeira vez vemos o que podem ser registos autênticos de um escrivão, cujo trabalho consistia em ser o encarregado oficial de documentar uma comunidade Maia”, disse William Saturno. Pelos vistos, as paredes eram utilizadas por este escrivão como um quadro negro das escolas, para resolver problemas matemáticos. Este quarto parece assim ter sido utilizado para traPágina 19
balho (ou reuniões), para documentar os ciclos celestes. Os cientistas continuam por lá a estudar outras possíveis descobertas nas redondezas. “Ainda nos resta explorar 99,9% de Xultún”, disse William Saturno. Ou seja, muitas mais descobertas estarão à espreita… Mas uma coisa é certa: a vigarice do fim-domundo em 2012 está definitivamente enterrada!!! Menos para os vigaristas, claro… que continuarão a explorar as pessoas com mentiras com um único objectivo económico. E menos para este tipo de pessoas, como neste comentário, que obviamente não lêem o artigo, mas comentam continuando a acreditar na sua crença infundada! Estes calendários Maias representam uma forma diferente de olhar o mundo. William Saturno conclui: “Os antigos maias previam que o mundo ia continuar e que daqui a 7000 anos as coisas iriam ser exactamente como agora. Continuamos sempre à procura de fins para as coisas. Mas os maias procuravam uma garantia de que nada iria mudar. Tinham uma forma de pensar completamente diferente.” Leiam mais, no Público, Terra, The New York Times, Live Science, National Geographic. Por uma questão de transparência de informação, deixem-me dizer que eu já tinha conhecimento disto, porque o David Stuart, um dos elementos principais da equipa, faz parte aqui da Universidade. Mas não escrevi qualquer post antes, porque esperei pela saída do artigo científico na Science. Podem ler o artigo, aqui. Carlos Oliveira
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A gênese da ignorância sobre alienígenas e OVNIs III – Os Identificados não são OVNIS No post anterior foi abordada a utilização de desenhos no solo, de chips e outras coisas por parte de extra-terrestres para se comunicarem. “Uma civilização avançada produziria circuitos integrados semelhantes aos nossos? Estranho… A tecnologia deles, segundo os próprios crédulos em visitantes espaciais, deveria estar anosluz à frente da nossa.”, “Os soldados chineses tinham um meio de comunicação mais eficiente. Com sinais de fumaça transmitiam mensagens por centenas de quilómetros através da Grande Muralha”. No entanto “Há quem discorde. Uma revisão dos casos OVNIs desde 1970 organizada por Peter Sturrock, professor de física da Universidade de Stanford, chegou à conclusão de que “pode ser útil avaliar cuidadosamente os relatórios sobre OVNIs para extrair informações sobre fenômenos incomuns atualmente desconhecidos pela ciência.””. Agora vem a terceira e última parte deste trabalho realizado pelo nosso leitor Filipe Leonardo. Outro projeto da força aérea americana para o estudo de OVNIs foi o Project Blue Book encerrado em 1970 com base nas conclusões do Projeto Colorado [12]. Desde então ficou comum encontrarmos nos textos de departamentos de física um esclarecimento sobre OVNIs como este da já citada UFRGS: A maioria dos OVNIs, quando estudados, resultam ser fenômenos naturais, como balões, meteoros, planetas brilhantes, ou aviões militares classificados. De fato, nenhum OVNI jamais Página 20
deixou evidência física que pudesse ser estudada em laboratórios para demonstrar sua origem de fora da Terra. [1] Talvez essa minoria dos OVNIs restantes que não podem ser identificados intrigue pessoas como Peter Sturrock e o físico teórico Michiu Kaku, responsável por trabalhos com a Teoria das Cordas. Michiu declara em uma publicação em seu site: “as investigações sobre OVNIs que podem ser originários de outro planeta são, por vezes, o “third rail” da carreira científica de alguém. Não há qualquer financiamento para um olhar sério para objetos não identificados no espaço (…) Além disso, talvez 99% de todos os avistamentos de OVNIs pode ser descartado como sendo causado por fenômenos conhecidos, como o planeta Vênus, gás do pântano (que pode brilhar no escuro sob certas condições), meteoros, satélites, balões meteorológicos, ou ainda ecos de radar que ricocheteiam em montanhas. (O
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que é perturbador, para um físico entretanto, é o 1% restante destes avistamentos, que são vários avistamentos feitos por vários métodos de observações. Alguns dos avistamentos mais intrigantes foram feitos por pilotos experientes e passageiros a bordo de linhas de vôos que também foram monitorados por radar e filmados. Avistamentos como este são mais difíceis de descartar.)” [13] Por outro lado, é plenamente compreensível que após do Projeto Colorado as instituições científicas não se interessem mais por pesquisar OVNIs, o dinheiro para tais pesquisas na maioria das vezes sai do cidadão comum que paga impostos, e a declaração do Dr. Edward U. Condon de que “estudos mais extensos sobre OVNIs provavelmente não podem ser justificados na expectativa de avanços científicos” deve pesar na hora de dar destino ao dinheiro público. Normalmente o investimento quando a questão é vida fora da Terra acaba indo parar em projetos que certamente produzirão avanços científicos, como por exemplo, o Telescópio Espacial Kepler, que está produzindo resultados fantásticos e revolucionando o campo de exoplanetas [14]. O efeito colateral dessa polêmica entre estudar ou não OVNIs, e a prevalência de poucos estudos sobre os tais, parece ser o fermento para as alegações fantásticas sobre alienígenas. Ao gigante Atlas era atribuída a tarefa de sustentar a Terra em seus ombros, e essa alegação Página 21
extraordinária poderia ter ficado em pé eternamente se Newton não demonstrasse que maçãs e planetas “caem” pelo mesmo motivo. A ciência é a vela no escuro. Onde falta a sua luz sobram alegações fantásticas. Talvez esses demônios da nossa ignorância sejam o indício de que faltam estudos sobre OVNIs. Resta saber se é coerente estudá-los com o dinheiro que sai do nosso bolso.
[12]U.S. Air Force Fact Sheet http://www.af.mil/ information/factsheets/factsheet_print.asp? fsID=188&page=1
[13]The Physics of Interstellar Travelhttp:// mkaku.org/home/?page_id=250 [14] Kepler Telescope http://kepler.nasa.gov/ Dário Codinha
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Richard Feynman Na passada sexta feira celebrouse mais um ano do nascimento de um dos maiores físicos de todos os tempos: Richard Feynman Richard Phillips Feynman (11 de Maio de 1918 – 15 de Febreiro de 1988) foi um físico americano conhecido pelos seus trabalhos sobre: os caminhos de integração funcional na mecânica quântica; a teoria da electrodinâmica quântica; na física da superfluidez do super arrefecimento do Hélio líquido; e na física das partículas. Pela sua contribuição para o desenvolvimento da electrodinâmica quântica, Feynman,
em conjunto com Julian Schwinger e Sin-Itiro Tomonaga, recebeu em 1965 o Prémio Nobel da Física [1]. Ele também desenvolveu uma representação esquemática das expressões matemáticas que governam o comportamento das partículas subatómicas, onde mais tarde ficaram conhecidas pelos diagramas de Feynman. Durante a sua vida, Feynman tornou-se num dos cientistas mais conhecidos no mundo. Numa sondagem de 1999, do British journal Physics World, com o nome de 130 físicos mundiais, Feynman foi incluído nos dez primeiros físicos de todos os tempos [2]. [1] Página dos Prémios Nobel [2] Wikipedia (1205-2012) Eis uma playlist com palestras e entrevistas que poderá ver aqui. [Veja também a sugestão de livros nos comentários] Mais vídeos aqui.
Neste diagrama de Feynman, um electrão e um positrão aniquilam-se, produzindo um fotão (representado pela linha azul) que se tornará num par quark-antiquark. A seguir um irradia um gluão (representada pela espiral verde). Crédito: Wikipedia
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Água na Terra aquela à superfície. No seu todo, os outros materiais estão em larga maioria. Vejam esta imagem do U.S. Geological Survey, em que compara a quantidade de água existente na Terra com a quantidade de Terra que é feita de outros elementos.
Normalmente diz-se que o planeta Terra na verdade devia-se chamar Planeta Água, devido à quantidade de água existente. Mas a verdade é que a água de que falamos é
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A “bola de água”, a quantidade de água, é mínima em relação ao resto. Agora vejam esta imagem que compara a quantidade de água doce, com a quantidade de água total, e com a totalidade de elementos na Terra. Leiam mais sobre isto, aqui e aqui. Carlos Oliveira
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Estrela demónio observada por Egípcios há 3200 anos Algol é conhecida como a estrelademónio. Em 1667, o astrónomo Geminiano Montanari observou a estrela Algol e notou que ela variava de brilho. Em 1782, o astrónomo amador britânico John Goodricke, observou Algol e confirmou que a estrela variava de brilho com um período fixo (2,867 dias). De forma brilhante, ele teorizou que seria um objecto a passar em frente da estrela, diminuindo-lhe o brilho – e então o que ele estaria a ver seria a estrela a eclipsarse. Em 1783 ele apresentou as suas brilhantes deduções na Royal Society. Em 1881, Edward Charles Pickering confirmou que se tratava de uma estrela binária – duas estrelas a orbitarem-se mutuamente: Algol A e Algol B. Mas sabe-se agora que estes não foram os primeiros a observar esta estrela binária, que se encontra a 93 anos-luz da Terra. Mais de 3000 anos antes, já os Egípcios observavam este sistema binário. Investigadores analisaram o chamado Calendário Cairo, que data de 1200 a.C, e repararam em dois ciclos: de 29,6 dias (devido à Lua), e 2,85 dias (que os investigadores dizem que se trata do sistema Algol). Parece assim que os Egípcios já se tinham dado conta das variações de brilho em Algol. Na verdade, sabe-se agora que Algol não é um Página 24
sistema binário mas sim múltiplo, com Algol A e Algol B a orbitarem muito perto uma da outra, e com uma 3ª estrela, Algol C, a orbitar estas duas muito mais longe. O mais interessante disto é que os astrónomos pensavam que a 3ª estrela iria abrandar a periodicidade da diminuição do brilho do sistema. Desde a observação de Goodricke não era possível testar se isto se confirmava. Mas após mais de 3000 anos da observação dos Egípcios, é possível ver as diferenças. E sabemos agora que há 3200 anos a periodicidade de variação do brilho era de 2,85 , o que é menor que os 2,867 medidos pelo Goodricke, provando que a periodicidade ficou mais lenta. Leiam aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira
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Venera 6 17 de Maio de 1969: a sonda soviética Venera 6 chega a Vénus. Os mais de 460ºC e uma pressão atmosférica 90 vezes superior à da Terra não foram nada simpáticos para com esta sonda que foi severamente danificada antes de chegar à superfície venusiana. Transmitiu dados científicos durante 51 minutos de queda livre pela densa atmosfera do planeta mais quente do Sistema Solar, percorrendo 38 quilómetros. Se houvesse um Inferno no nosso sistema solar seria cla-
ramente Vénus: gotas de ácido sulfúrico caem do céu mas não chegam a beijar o chão, a elevada temperatura evapora-as antes de lá chegarem. Miguel Gonçalves.
História do Conhecimento Há muitos mas muitos anos atrás, muito antes da existência do Homem Moderno, o chamado Homo sapiens sapiens, andava um nosso antepassado bastante curioso com o mundo que o rodeava. E achou por bem pegar em pequenos pedaços de madeira e começar a usá-los como ferramentas para ajuda em pequenas tarefas diárias. Este cientista da era préhistórica nem sequer imaginava o que era a ciência, o pensamento crítico, ou sequer o que eram descobertas fantásticas, mas já denotava um espírito científico. Claro que nessa altura já existiam pseudos e demais trolls, que obviamente negavam a existência desse pau, mesmo até quando o tiveram na pró-
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pria mão. Para estes, o mundo devia ser como sempre foi, sem novidades. A estagnação era óptima para eles. Assim poderiam continuar a controlar o que os outros faziam, através de mentiras conspiratórias e estórias sem nexo. O certo é que a ferramenta de pau teve sucesso na maior parte da tribo. A descoberta científica fez evoluir toda a tribo para patamares nunca antes vistos. A ciência tecnológica revolucionou a sociedade da altura. E os pseudos, apesar de não acreditarem na evolução, tiveram que evoluir para outro tipo de conspirações e negação de outras evidências. Muitos anos depois, já com muita gente da altura a utilizar ferramentas, mais um momento “mágico” (os momentos
mágicos são-nos dados pela ciência). Claro que pelo caminho existiram imensos momentos destes, mas eu não posso escrever 50 páginas de texto… por isso, reporto-me só a alguns momentos. E neste caso, o momento foi de luz. Mais um cientista pré-histórico que não sabia o que era ciência, mas o certo é que a sua curiosidade e a sua procura de conhecimento levou-o num momento de sorte e alguma inspiração (o tipo certo de “instrumentos”) à descoberta do fogo. Mas fogo, por si só, não traz muitas vantagens. É preciso controlá-lo. E foi assim que este cientista com mais alguns dos seus amigos, estudaram, observaram, fizeram
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experiências, testaram, previram, etc, até terem a certeza de como poderiam criar por si próprios o fogo e controlá-lo da melhor forma possível. E assim, há centenas de milhares de anos atrás, provavelmente a mais importante descoberta de sempre tomou contornos excepcionais. Tudo devido à mente científica de alguns génios. A sociedade, como sabemos, nunca mais foi a mesma. Agora já se tinha luz à noite, já se podia afugentar animais, já se podia cozinhar alimentos, entre muitas outras vantagens revolucionárias que o fogo trouxe. Mas não se pense que todos aceitaram estas mudança. Os pseudos e demais trolls da altura, fartaram-se de negar este feito assombroso. Mesmo com o fogo a arder à sua frente, mesmo com os cientistas a mostrarem-lhes como faziam e controlavam o fogo à sua frente, os pseudos negavam tudo. Para eles, era tudo magia vinda de deuses do mal. E por isso, os cientistas pré-históricos foram muito provavelmente deitados na sua própria fogueira. O objectivo era simples: continuar com a estagnação mental e tecnológica da sociedade. Um povo que soubesse fazer fogo detinha conhecimento que os ignorantes pseudos nunca teriam capacidade mental para deter. Por isso, os pseudos inventaram deuses maus que seriam os responsáveis pelo fogo, e incutiram o medo nas pessoas de que conhecimento e desenvolvimento eram péssimos para elas (para as pessoas). Simultaneamente inventaram que o Página 26
“fogo controlado” era tudo uma conspiração, um rumor, mas que não era verdade. Os pseudos tornaram-se trolls, que incutiam medo nas pessoas e fartavam-se de dizer disparates, de modo a não deixar que o conhecimento real dos assuntos fosse divulgado. O certo é que o controlo do fogo prevaleceu quando cada vez mais pessoas perceberam que era a realidade. O conhecimento científico melhorou consideravelmente a vida das pessoas. E os pseudos, apesar de não acreditarem na evolução, tiveram que evoluir para outro tipo de conspirações e negação de outras evidências. Com ferramentas, fogo, e mais algumas invenções proporcionadas por mentes científicas, eis que muitos milhares de anos depois, alguns génios começaram a debater a razão da chuva. Até esta altura, a única razão apresentada tinha sido pelos pseudos: a chuva era criada pelo Deus da Chuva. Quando o Deus estava zangado connosco, apanhávamos com temporais. Quando estava satisfeito connosco tínhamos dias lindíssimos de Sol. A seguir os pseudos mentiram de que se podia controlar esse Deus com sacrifícios. Seguidamente disseram que só eles tinham uma linha directa com esse Deus para o influenciarem da melhor forma. Estes com linha directa tinham agora um maior poder sobre todos os outros, porque supostamente tinham o poder de influenciar se iria chover ou não. E o povo, que vivia do cultivo, precisava de chuva. E por isso o povo passou a depender desses que, nada percebendo
de chuva, diziam que dominavam o Deus da Chuva só para poder controlar o resto da população. Ou seja, apesar de serem ignorantes sobre o assunto, esses fizeram-se superiores aos outros… fazendo com que a sua ignorância sobre os temas fosse visto por aqueles mentalmente inferiores como algo importante. Eles assumiram que as opiniões desinformadas deles eram superiores ao conhecimento dos assuntos. Estes pseudos auto-promoviam-se como acima de todos os outros, porque só eles tinham acesso à informação dada pelo Deus da Chuva. Tudo o que fosse tentar explicar a chuva de forma racional, era visto pelos pseudos como um ataque ao poder que eles detinham. Todos aqueles que tentassem saber um pouco mais de meteorologia seriam ameaçados e atacados pessoalmente, porque o objectivo era manter o status quo. A informação era manipulada de modo a se continuar a controlar a população ignorante. Os pseudos não sabem como se produz a chuva, nem querem saber, porque o único objectivo deles é continuarem a sentirem-se privilegiados. É óbvio que isto não satisfez as mentes mais curiosas da altura. Afinal, dizer que é o Deus da Chuva ou um coelho é a mesma coisa: não é qualquer explicação, mas sim só atirar um nome ao ar. As mentes mais científicas começaram a detectar alguns padrões: por exemplo, a chuva parecia ser muito mais frequente quando existiam mais nuvens no céu e quando estas eram até em tons mais negros.
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Os pseudos, após inicialmente negarem a existência de nuvens, finalmente disseram que o Deus da Chuva se escondia atrás dessas nuvens. Mas os cientistas da altura tinham o péssimo defeito de fazer perguntas com toda a lógica, como por exemplo: porque esse Deus é tão tímido? E porque esse Deus precisava de nuvens para criar a chuva? Será que ele era tão pouco poderoso e tão dependente das nuvens, que nem conseguia criar água sozinho? Durante séculos as mentes mais curiosas debateram possíveis explicações para a chuva, até que por fim lá a conseguiram compreender. E, afinal, não existia qualquer Deus da Chuva. Mais uma vez, os pseudos estavam enganados. Mais uma vez, os pseudos só estavam interessados em enganar as pessoas e incutir-lhes medo. Mais uma vez, a ciência promoveu a democratização do conhecimento (toda a gente pode compreender como a chuva é criada, bastando para isso informar-se sobre o tema), atirando a tirania do obscurantismo pseudo para a sarjeta. Há quase 2500 anos atrás, um génio de nome Aristósteles, provou através da observação que a Terra era redonda. Até aí, prevalecia a versão pseudo de estarmos de pé sobre um enorme objecto plano. Mas Aristóteles através de 3 simples observações provou que, ao contrário do que diziam aqueles que suprimiam o conhecimento, a verdade era que a Terra era redonda. A notícia veio abalar o mundo. Os pseudos negaram esse Página 27
conhecimento. Para eles, era impossível o planeta ser redondo, já que se fosse, “do outro lado” as pessoas cairiam. Os pseudos não quiseram saber das evidências, não quiseram saber das observações. Simplesmente negaram as observações, porque punham em causa as suas crenças pessoais. Centenas de anos depois tivemos a chamada Idade das Trevas. Esta é uma altura em que as mentes curiosas, científicas, foram colocadas de lado. Aqueles que buscavam o conhecimento eram apontados a dedo pela sociedade, e eram severamente punidos. Esta foi uma altura de total obscurantismo, onde as superstições, as crenças pessoais, as pseudo-explicações, e as vigarices eram rainhas. Um povo ignorante é mais facilmente controlado, por isso quem lucrou com todas as mentiras foram aqueles que pertenciam à classe dirigente. Anos depois aconteceu a era a que se chama de Descobrimentos. As mentes curiosas, científicas, que viam mais além, queriam descobrir novos mundos, queriam explorar o planeta, queriam dar novos mundos ao mundo. Já os pseudos diziam para se ter cuidado, porque existiam muitos monstros nos mares, e era melhor ficarmos quietinhos sem aprender nada de novo. Os “Velhos do Restelo” existem em todas as eras. O certo é que o espírito empreendedor dos Humanos não pode ser enjaulado. E assim, as descobertas não se fizeram esperar.
Inicialmente, os pseudos negaram tudo. Afinal, para eles, não se podia atravessar os mares. Mas à medida que as evidências se tornaram de tal maneira claras que nem eles teriam o desplante de negarem, tiveram então que se resignar. Passaram a negar outro tipo de evidências, e a continuar a incutir medos infundados nas pessoas com outras estórias para enganar os mais ignorantes da sociedade. Pouco depois, uma invenção holandesa foi parar às mãos de um italiano, que a usou para satisfazer a sua curiosidade sobre os céus. Galileu provou, entre outras coisas, que nem tudo no Universo andava à volta da Terra (por exemplo, as 4 grandes luas de Júpiter), e por isso o geocentrismo estava errado. Esta mente científica chamou seguidamente os governantes da altura para olharem pela sua luneta. Os governantes de mentalidade pseudo não acreditavam no que viam. Mas sabiam que o que estavam a ver ia contra as suas próprias crenças e ia contra o status quo (porque deixavam de poder controlar as pessoas com mentiras). Sendo assim, tal como está documentado, os pseudos negaram as evidências. Entre a realidade e as suas crenças pessoais, negaram a realidade. Entre o que o Universo nos mostra e aquilo que eles gostariam que o Universo mostrasse, eles seguiram a via de que os seus desejos estavam acima das regras do Universo. E por tudo isto, a mente científica, quem dizia a verdade, foi considerado culpado de querer
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fazer evoluir o mundo e foi condenado. Os pseudos preferem que o mundo esteja estagnado. Mais recentemente, tivemos uma série de desenvolvimentos matemáticos, científicos (alguns exemplos, juntamente com a electricidade, gravidade de Newton, electromagnetismo, raios-x, ondas rádio, luz ultravioleta, espectroscopia, etc), que nos fez compreender o universo à nossa volta. Claro que estas descobertas foram trabalhadas e desenvolvidas por cientistas, por aqueles que procuram ter mais conhecimento; e nunca por pseudos que só sabiam vigarizar as pessoas assustando-as com “energias invisíveis” que existiam no ar e que iam afectar negativamente a vida das pessoas. Newton, como todos os outros cientistas, passaram décadas da sua vida a tentar compreender e provar matematicamente (por 2+2=4) a realidade do mundo em que viviam; já quem crê nos pseudos, segue uma crença em vigarices pensadas em 5 minutos e colocadas modernamente na internet. Newton, como todos os outros cientistas, compreenderam que tem que haver uma avaliação independente imparcial e rigorosa dos seus resultados, que possa ser provada por todos; já aqueles que entram na internet para dizer disparates acham que as suas opiniões pessoais dos assuntos estão acima de qualquer conhecimento objectivo que possa haver sobre esse assunto. Ou seja, como sempre, os cientistas tudo fizeram para tentar Página 28
compreender melhor o mundo e assim desenvolver a sociedade proporcionando um maior conhecimento e conforto à Humanidade, enquanto os pseudos limitaram-se a negar esse conhecimento (praticamente negando que 2+2=4) e a vigarizar as pessoas com medos infundados. Os cientistas acedem a luz do conhecimento, enquanto os pseudos promovem o obscurantismo. Há relativamente poucos anos atrás, os cientistas descobriram um novo mundo neste mundo. Através da curiosidade e busca incessante de conhecimento por parte dos cientistas, foi descoberto um mundo microscópico que antes desconhecíamos. Inicialmente, os pseudos negaram as evidências. Diziam que era tudo mentiras dos cientistas, que nos seus laboratórios inventavam coisas que que não existiam na realidade. Por exemplo, o fenómeno da bioluminiscência, há centenas de anos atrás, seria considerado pelos pseudos como algo do “diabo”, algo a temer, algo que era causado por “magia negra” que servia só para prejudicar os Humanos. Esses pseudos não queriam estudar o fenómeno, mas somente negar o conhecimento e vigarizar as pessoas com estórias assustadoras. Hoje, devido ao trabalho dos cientistas que buscam a explicação real para os fenómenos, sabe-se que a bioluminiscência é causada por pequenos organismos vivos. A chamada medicina moderna desenvolveu-se de uma forma extraordinária em tempos rela-
tivamente recentes. Toda ela foi desenvolvida por cientistas, médicos. Toda ela foi desenvolvida com base no método científico de se fazerem observações, testes, e previsões. A ciência é multidisciplinar. Sendo assim, não se pode negar as leis físicas e matemáticas quando se discute um assunto que vá contra as nossas crenças, mas depois aceitar essas MESMAS leis quando se precisa da ajuda de um médico. Infelizmente, a hipocrisia de utilizarem o conhecimento científico (indo ao médico ou estando ao computador) enquanto negam que ele existe, é uma das características de um pseudo, de um troll. A televisão não nos chega a casa por “artes mágicas”. A pessoa que vemos no ecrã não foi colocado lá por “bruxaria”. A televisão funciona obedecendo a regras científicas, fruto do conhecimento de quem as aprendeu para desenvolver esta tecnologia de que desfrutamos na nossa casa. As MESMAS regras científicas que fazem uma televisão funcionar, são aplicadas num imenso rol de outros exemplos, incluindo na astronomia. Negar teorias científicas (que só existem porque existem evidências comprovadas), é negar que uma televisão pode funcionar. O Homem foi à Lua por 6 vezes, entre 1969 e 1972. As provas são por demais evidentes. Infelizmente, tal como por toda a história da humanidade, há sempre aqueles que, não contribuindo nada para os feitos fantásticos da Humanida-
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de, negam as evidências e põem as suas crenças pessoais acima da realidade. A promoção do obscurantismo continua em todos aqueles que negam a realidade, de modo a promoverem a estagnação da Humanidade. Por toda a história, a Humanidade teve medo de cometas, devido às estórias fantasiosas que os pseudos imaginaram. Os vigaristas aproveitaram-se deste medo para levar as pessoas a tomarem certas atitudes em alturas de cometas, como por exemplo, venderem pastilhas para as pessoas se salvarem, etc. Incutir medos infundados nas pessoas, é um negócio lucrativo para os vigaristas. Entretanto a ciência explicou o que são cometas, e o porquê de não meterem qualquer medo quando passam pelos nossos céus. Pelo contrário, devia ser motivo de regozijo para nós vermos de vez em quando estes espectáculos belíssimos nos céus. Infelizmente, os pseudos continuam neste mundo. Por isso não é de estranhar que a atitude da Idade das Trevas e até da Pré-História tenha sido rejuvenescida no ano passado com a passagem do cometa Elenin. Apesar de ser um cometa em que se sabia com certeza de que não iria provocar qualquer desastre na Humanidade, o certo é que os pseudos apressaram-se a promover o obscurantismo, divulgando mentiras e tentando negar o conhecimento dos assuntos. Uma sociedade medrosa é mais facilmente controlada. Houve até quem chegou ao ponto de dizer que o cometa era um buraco negro, quando Página 29
bastava olhar para o céu para perceber que isso era uma total mentira. O obscurantismo, a vigarice, a mentira, chegaram a este ponto, de levar as pessoas a acreditar em qualquer vigarista que ponha um vídeo no Youtube em vez dessas pessoas perderem 2 minutos para ir lá fora ver se o que estão a ouvir é verdade. Recentemente no nosso Facebook, tivemos um troll que negava a existência da Estação Espacial Internacional. Para ele, o lançamento de foguetões, como do recente Falcão, é somente uma simulação. Para ele, nada disso existe, o que pressupõe que também tenha a opinião absurda que não existem satélites. E no entanto, produtos que foram desenvolvidos na Estação Espacial Internacional são agora utilizados por todos nós todos os dias em nosso proveito. Isto já para não falar de que os satélites permitem-nos, entre várias outras coisas, ter comunicações muito mais eficientes. Mas o troll achava que é tudo uma enorme conspiração. Para saber qual é a verdade, tudo que o troll teria que fazer é sair da frente do computador, ir lá fora e ver satélites e a Estação Espacial Internacional a passarem por cima de si. Mas ele não quer saber da verdade para nada. O único interesse que ele tem é negar a realidade. Ele nega a existência desses objectos enquanto utiliza os proveitos conseguidos devido à existência desses objectos. É um troll. E como todos os trolls, é um hipócrita que cospe na mão que lhe dá de comer.
Em traços gerais, esta é a história do conhecimento (Scientia = conhecimento). Ou melhor, é a história da Humanidade em busca de um gradual aumento de conhecimento sobre o mundo que nos rodeia. De um lado temos os cientistas, que são curiosos, que buscam as respostas, que investigam, observam, experimentam, prevêem, e que pretendem fazer evoluir a Humanidade, democratizando o conhecimento e dando cada vez melhores condições de vida às pessoas. E do outro lado, temos aqueles que não aprendem nada, mas gostam de dar opiniões desinformadas, negando o conhecimento, negando a realidade, negando as evidências, de modo a enganarem as outras pessoas, vigarizando-as com uma treta qualquer, encorajando a tirania do obscurantismo, de modo a promoverem a estagnação mental e cultural da Humanidade. Felizmente, o Universo tem sempre razão. E por isso, está acima de qualquer crença individual das pessoas. Daí que, sem surpresa, os cientistas têm ganho batalhas atrás de batalhas. E a prova está na evolução tecnológica, cultural, e de conhecimento que fomos vendo no mundo ao longo dos séculos. Os pseudos, coitados, nunca conseguem compreender nada dos assuntos, e estão sempre errados naquilo que dizem. Mesmo assim continuam bem vivos, porque, como diria Einstein, a estupidez não tem limites. Carlos Oliveira
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Divulgar ciência vai ajudar a sua carreira, não atrapalhar Cientistas precisam publicar artigos, dar aulas, preparar apresentações, escrever projetos e mais um tanto de coisas… isso tudo toma muito tempo. Não é a toa que muitos não se dedicam a atividades vistas como menos importantes para a sua carreira, como a divulgação científica. Com o objetivo de desmascarar alguns mitos sobre esse tema, pretendo mostrar neste texto que divulgar ciência pode tomar pouco do seu tempo e oferecer diversas vantagens com repercussões diretas e positivas para a sua carreira. “Tenho que publicar artigos, não tenho tempo para isso.” Primeiramente, não é necessário ter muito tempo sobrando para manter uma divulgação regular da sua área. Na verdade, esta atividade deveria tomar pouco do seu tempo se você souber como fazê-la. O que você realmente precisa é de criatividade, prática e motivação. A prática de elaboração deste tipo de texto resulta na consolidação de conhecimentos práticos que vão cada vez mais te tornando “eficiente” e demandando menos tempo de dedicação. E, é claro, para não morrer na praia, como acontece com muitos blogs, é necessário manter uma motivação orientada a metas de longo prazo, algo que pode ser conquistado compreendendo como esta atividade pode lhe render bons frutos (continue lendo o texto para chegar nisso!).
a ser consideradas pelos comitês de avaliação de projetos do CNPq para concessão de financiamentos. Pois é, a coisa está ficando séria… mas as vantagens da divulgação para a sua carreira vão bem além disso… “O que eu ganho com isso?”
“Isso não vai contar nada para a minha carreira.”
A divulgação pode permitir uma grande visibilidade do pesquisador em relação à comunidade científica e a população de maneira geral. Se você divulga o seu trabalho de maneira descomplicada em um blog, é muito mais provável que as pessoas conheçam o seu trabalho do que se você apenas publica o trabalho nas revistas especializadas. Existem dados indicando que artigos que são divulgados em blogs tem um número consideravelmente maior de acessos do que artigos que não são divulgados. Além disso, existem também evidências de que pesquisadores que blogam regularmente são mais admirados e reconhecidos pelos seus colegas de área.
Na verdade, vai sim! Para se atualizar sobre isso, leia aqui e aqui. Resumindo a história, o CNPq vai acrescentar em breve um espaço no currículo Lattes para contemplar as atividades de educação e divulgação científica, e estas atividades passarão
Ganhando visibilidade, os professores poderão atrair não só os alunos da sua própria universidade como alunos de outras universidades que estejam pensando em fazer uma pós-graduação e até mesmo os alunos de ensino médio que ainda
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estão decidindo que curso irão fazer. Como muitos deles vivem fuçando coisas na internet, este é um meio especialmente interessante para alcançá -los com a divulgação. Aqui o ganho na carreira é direto, pois os professores dependem de alunos para efetuar coletas de dados e ajudar a manter a produtividade regular. Isso envolve, necessariamente, ter alunos de graduação e pós graduação interessados disponíveis, mas estes alunos dificilmente vão ter interesse na linha de pesquisa do professor se não a conhecerem (com exceção dos alunos da própria universidade que em algum momento poderão fazer disciplinas com o professor), e por isso divulgar se torna umaferramenta estratégica para manter o laboratório com novos alunos motivados a cada ano (principalmente se a sua linha de pesquisa é menos conhecida). Se isso pode ser feito de forma gratuita e simples pela internet, a pergunta crucial é: “Por que não fazer?” Mais do que isso, a prática de divulgar sua área para um público leigo terá repercussões para a sua própria capacidade de escrever e se comunicar enquanto cientista, coisas que definitivamente terão implicações para o sucesso da sua carreira acadêmica. Exercitando a escrita clara, objetiva e sucinta em textos de divulgação, você certamente estará melhor preparado na hora de escrever aqueles sonhados papers! Não se iluda achando que blogar é apenas um passa tempo e que você já treina a sua escrita o suficiente quando escreve seus artigos, sempre podemos (e devemos) melhorar nossa capacidade de se comunicar, e o blog oferece uma forma de manter esse ritmo durante os intervalos que dividem o período de elaboração de manuscritos (ou seja, durante as coletas, as análises de dados). “Mas ninguém me incentiva…” Além da recente iniciativa comentada anteriormente, o CNPq já oferece todos os anos diversos editais e prêmios incentivando a atividade de divulgação. Um exemplo é este edital aqui (da uma olhadinha no dinheirinho disponibilizado). O Prêmio José Reis de Divulgação Científica e TecnoPágina 31
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lógica é outro exemplo do incentivo que o CNPq tem oferecido à divulgação. Diversas universidades federais também oferecem editais de financiamento para este tipo de atividade, basta dar uma procurada. E até a revista Nature andou incentivando os cientistas a invadirem a blogosfera. “Ok, estou convencido, mas por onde eu começo?” Hoje em dia, abrir um blog na internet é fácil e gratuito. Entre as várias plataformas disponíveis, as mais usadas são oWordPress e o Blogspot. Se você clicar aqui, vai cair direto em uma página do WordPress na qual você pode iniciar imediatamente o seu blog de maneira gratuita (basta clicar no “Get started here”). Aqui você pode iniciar um blog no Blogspot. Os ambientes de edição destas plataformas são bem intuitivos e simples, além do que existem diversos tutoriais e fóruns na internet que podem te ajudar a mexer no blog. Divulgação não se resume a manter blogs ou páginas na internet. Exemplos de outras iniciativas importantes não faltam. Rubens Pazza, professor de biologia na Universidade Federal de Viçosa (UFV), é um ótimo exemplo da nova geração de professores antenados nisso – além de estar imerso em diversos projetos de pesquisa, ele mantém projetos de divulgação como a excelente Folha Biológica (em parceria com a Karine Frehner Kavalco), um periódico impresso de divulgação da biologia que é distribuído a mais de 200 escolas, e o Rock com Ciência, um podcast descontraído que mistura divulgação científica com um bom rock. Vale a pena ver essa reportagem que saiu no programa Hoje em Dia da Record sobre a Folha Biológica. Outro exemplo é o programa de rádio semanal Fronteiras da Ciência, organizado por um grupo de professores do departamento de física e biofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No programa, os professores sempre chamam um convidado para discutir sobre alguma questão ou área da ciência. Não
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precisa nem dizer que o programa é o maior sucesso entre os estudantes né…
mente esquecidos e abandonados pelos próprios donos.
Outro professor que está ajudando a quebrar os mitos envolta dos custos envolvidos na divulgação científica é o Adilson J. A. de Oliveira, professor de física na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que além de manter pesquisas sobre magnetismo e supercondutividade coordena o Laboratório Aberto de Interatividade para a Disseminação do Conhecimento Científico e Tecnológico (LAbi). Além disso, mantém um blog de divulgação, uma coluna no Ciência Hoje, é editor da revista de divulgação Click Ciência e coordena um projeto de educação científica para jovens.
4. Escreva sobre o que você anda lendo e pesquisando, aproveite anotações feitas das suas leituras e transforme-as em um texto para um público maior. Assim fica fácil ter sempre algo para escrever no blog, já que um bom cientista sempre está com uma pilha de artigos e livros para ler.
Estes são exemplos práticos de que é possível manter uma carreira acadêmica produtiva e, ao mesmo tempo, uma atuação efetiva na divulgação científica. Dicas para blogar sustentavelmente Esse texto traz algumas dicas importantes para cientistas ocupados conseguirem blogar. Baseado nele e em ideias minhas (que algumas vezes divergem das do texto), seguem algumas dicas que podem tornar essa atividade prazerosa e sustentável: 1. Escreva textos pequenos, de preferência em uma linguagem que até a sua vovózinha querida conseguiria entender, o que não exclui a possibilidade de escrever alguns textos mais profundos e técnicos voltados para os colegas da sua área. O que importa é o seguinte: não perca muito tempo ou letras no texto, aborde temas pontuais. 2. Selecione esta atividade como “parte da sua agenda“, e não como algo totalmente opcional. Se ela não fizer parte da agenda, sempre vão existir outras atividades que você priorizará e esta atividade pode demorar para virar um costume (que é quando a coisa fica boa). 3. Tente manter alguma periodicidade, como textos semanais ou quinzenais, pelo menos no começo. Blogs com pouca ou nenhuma periodicidade acabam ficando às moscas e sendo progressivaPágina 32
5. Use esse espaço para manifestar opiniões e mobilizar a sua comunidade. O exemplo recente do boicote organizado contra a Elsevier mostra o poder político que os blogs vêm alcançando na nova era da ciência aberta, que está chegando para ficar. Que outros tipos de impacto uma mobilização entre profissionais de uma área poderia ter aqui no Brasil? Que tal conseguir arrecadar fundos para projetos científicos pelo blog, como fez o Otto Heringer do blog SynbioBrasil? Revisão por pares após publicação, organização de projetos de pesquisa em larga escala, debate aberto entre cientistas sobre mudanças necessárias nas suas práticas… tudo isso e um pouco mais está atingindo progressivamente a comunidade científica por meio de blogs e páginas na internet, você não vai querer ficar de fora, vai? E como disse Carl Sagan em um dos seus mais famosos livros: “Divulgar a ciência – tentar tomar os seus métodos e descobertas acessíveis aos que não são cientistas – é o passo que se segue natural e imediatamente. Não explicar a ciência me parece perverso. Quando alguém está apaixonado, quer contar a todo o mundo (p. 42, Sagan, 2006).” Referências: Sagan, C.(2006). O mundo assombrado pelos demônios: A ciência vista como uma vela no escuro. São Paulo: Companhia das Letras. André Rabelo
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Olhando para o Sol
A ciência por detrás da observação do Sol Antigamente observar a nossa estrela baseava-se na observação directa, a partir da Terra, para questões de religião e agricultura. Essa observação tornou-se mais científica quando foi necessária para a orientação, navegação e para a própria ciência através do uso de telescópios. Neste momento as agências espaciais monitorizam a nossa estrela recorrendo a satélites (STEREO e SOHO). E é sobre estes que vamos falar.
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As Leis que regem os satélites O movimento dos satélites regem-se pelas leis de Newton [1]. São essas leis que governam o movimento de objectos na Terra e que são extendidos ao movimento dos planetas, luas e outros satélites. A matemática quedescreve esses movimentos pode ser descrita da mesma forma para o movimento circular (considere-se omovimento circular uniforme, mcu e que as órbitas são circulares para simplificar o nosso estudo).
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Assim, se considerarmos um satélite de massa m a orbitar um corpo central (um planeta ou estrela) de massa M, a força resultante será Fres = (m v2) / r (a) onde v é a velocidade do satélite e r a distância do satélite ao centro de massa do corpo central. Esta força é o resultado da força de atração gravítica do corpo central sobre o satélite. Assim, recorrendo à lei de gravitação universal de Newton: Fgrav = (G m M) / r2 (b) onde G é a constante de gravitação universal (G = 6,673 x 10-11 N•m2/kg2) Igualando as duas expressões (a) e (b) e resolvendo em ordem a v, temos: v = (G M / r)1/2 (c) Usando esta expressão da velocidade e (a) encontramos uma relação para a aceleração: a = G M / r2
(d)
A última equação para descrever o movimento dos satélites é a equação de Newton da terceira lei de Kepler. Podem ver a formulação da expressão aqui. Só vou apresentar o resultado: T2/r3 = (4 π2)/(G M) (e) Repare-se que nenhuma das três últimas equações (c), (d) e (e) têm como variável dependente a massa do satélite (o que parece ser consensual, pois a massa do satélite é muito inferior quando comparada com a massa do corpo central). A aceleração, a velocidade e o período do satélite apenas dependem do raio da órbita e da massa do corpo central onde o satélite orbita. Podem recorrer a esta simulação para ver o movimento. Os pontos de Lagrange Os pontos de Lagrange [2] são cinco pontos na configuração orbital, onde um pequeno objecto sujeito apenas à força da gravidade pode teoricamente ser estacionário relativamente a dois grandes objectos celestes (por exemplo, um satélite
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relativamente à Terra e à Lua). Os pontos de Lagrange (descobertos pelo matemático francês Louis Lagrange em 1772) são soluções estacionárias do problema dos movimentos circulares restritos de três corpos. Por exemplo, dados dois corpos massivos nas suas órbitas circulares em redor de um centro de massa comum, existirá cinco posições no espaço onde um terceiro corpo, de massa desprezível, poderá ser colocado de modo a manter a sua posição relativamente aos outros dois corpos massivos. Passemos ao caso dos satélites [3]. O primeiro ponto de Lagrange (L1) está entre a Terra e o Sol. Quanto mais próximo do Sol o satélite mover-seia mais rapidamente na sua órbita afastando-se da Terra. Nesse ponto o satélite sofre a acção da força gravítica da Terra, cancelando parte da força atractiva do Sol, reduzindo a sua velocidade e colocando-o em sincronia com a Terra (demorando o mesmo tempo a dar a volta ao Sol, 1 ano). L1 é uma boa posição para a monitorização do Sol. O vento solar atinge o satélite uma hora antes de atingir a Terra. Neste momento é o satélite SOHO que observa, desde esta posição, o Sol. De forma semelhante ao primeiro ponto, o segun-
FÍSICA
Jun-12Volume 2 Edição 5
do ponto de Lagrange (L2) está situado na sombra da Posição das sondas STEREO durante uma tempestade solar. Crédito: NASA/Goddard Space Flight Center/Scientific Visualization Studio Terra (mais afastado do Sol, mas praticamente à mesma distância da Terra). Este ponto é óptimo para realizar observações e será a futura casa do James Webb Space Telescope. O terceiro ponto de Lagrange, L3, encontra-se na órbita da Terra só que em oposição. Por isso, não é visível ao nosso planeta. Estes três pontos estão sujeitos às flutuações gravitacionais e por isso disparam os foguetes para corrigir a sua posição, de modo a manter-se no mesmo local. Observem o vídeo aqui no blog. Já os pontos L4 e L5 são muito estáveis, situam-se na órbita da Terra e ficam respectivamente antes e depois do planeta a 60º. Estes pontos serão possivelmente locais para albergar estações espaciais futuras. STEREO e SOHO Dois dos satélites mais importantes que observam a nossa estrela são o SOHO [4] e o STEREO [5] O SOHO (Solar & Heliospheric Observatory) é um projecto conjunto entre a ESA e a NASA para estudar o Sol desde o seu núcleo até à sua coroa e vento solar. Mais especificações técnicas (instrumentos, dimensões, etc.) podem ser encontradas aqui. O STEREO (Solar TErrestrial RElations Observatory) foi lançado em Outubro de 2006, providenciando um único e revolucionário olhar sobre o sistema Sol – Terra. Os dois observatórios, que estão em posições opostas (ver figura em baixo) Página 35
na órbita da Terra, têm vindo a recolher dados sobre o fluxo de energia e matéria desde o Sol até à Terra. STEREO tem revelado a estrutura tridimensional das ejecções de massa coronal. Permitindo também ser como que um satélite do clima espacial ao detectar e enviar alertas preciosos quando as ejecções solares viajam em direcção à Terra. Agora vejam essas trajectórias e os pontos de lagrange em acção [6] [Vídeo aqui] [1] physicsclassroom [2] texto extraído do wikipedia (11 de Maio de 2012) [3] ESA [4] SOHO [5] STEREO [6] video partilhado por Manel Rosa Martins. Para saber mais ir aqui ou aqui. José Gonçalves
Maio 2012
FÍSICA
Desafio solar Agora vou deixar-vos aqui um desafio ligado à nossa estrela.
Resultados do inquérito realizado (siga o link do segundo parágrafo para saber mais)
Em primeiro, responda ao seguinte inquérito. Em segundo, uma das questões era sobre quantas vezes a Terra caberia no nosso Sol. Pretendo que façam as contas, apresentem esses cálculos e o vosso resultado. Em segundo, os cálculos para para saber quantas vezes a Terra caberia na nossa estrela. Pensemos da seguinte maneira: A Terra, por aproximação, é uma esfera pequena que vamos colocar dentro de uma esfera grande, o Sol. Ao calcular quantas vezes o Sol é superior à Terra, determino quantas vezes a Terra caberia dentro dele. Assim, posso estabelecer uma razão entre os volumes dos dois corpos: VSol = X x VTerra ↔ X = VSol / VTerra
[1]
O volume de uma esfera é determinado matematicamente por 4/3 π R3 Página 36
Assim, a expressão [1] fica: X = (4/3 π R3Sol) / (4/3 π R 3Terra) ↔ X = (R3Sol) / (R3Terra) [2] Para conhecer os raios podemos ir a livros ou diretamente à Wikipedia: R(Sol) = 6,955×105 km 378,1 km
e
R(Terra) = 6
Substituindo [2] e resolvendo, obtemos: X = (R3Sol) / (R3Terra) ↔ X = (6,955×105)3 / (6 378,1)3 ↔ X = 1 296634,0 Ou seja, o Sol é aproximadamente um milhão e trezentas mil vezes superior à Terra. Assim, caberia aproximadamente 1,3 x 10 6 Terras dentro do Sol. José Gonçalves
ESCALAS
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Universo e lição de humildade Durante minha infância, quase nunca escutei a questão “O que você quer ser quando crescer?”. Felizmente. Afinal, descobri qual seria minha profissão apenas aos 14 anos, após ficar encantado com uma edição do jornalzinho da escola em que cursava o oitavo ano do ensino fundamental. Decidi então que buscaria o jornalismo. Ainda hoje, com 27 anos, diplomado nessa área, continuo a me descobrir. E vejo que tenho afinidade e condições para atuar em muitos campos além da área de minha primeira formação acadêmica. No entanto, quando criança, não posso negar que outros campos causavam-me grande atração. Um deles era a astronomia. Mesmo sem conhecer bem o cotidiano de trabalho de um astrônomo, adorava o tema. Aliás, não tinha para ninguém nas aulas de geografia! “De quantos graus é a inclinação da Terra?”, perguntava o professor. Levantava a mão e respondia. “Qual é a distância entre o Sol e Mercúrio?”. E lá estava eu novamente. Algumas das perguntas, confesso, atualmente só conseguiria redarguir com o auxílio de uma boa enciclopédia. Enquanto mais estudava sobre o assunto, fosse por meio Página 37
daquelas aulas ou ainda em leituras buscadas fora da escola – sem muito compromisso, mais despertava em mim uma percepção: a de que somos meras criaturinhas presas a uma pequena nave chamada Terra. Uma percepção extremamente simples, é verdade; porém, que acredito ser íntima e essencial a qualquer aficionado ou profissional de astronomia. Um dos pilares que sustentam nosso desejo de desbravar o Universo. Tome as dimensões do Sol como exemplo. Em média 150 milhões de quilômetros de distância da Terra, o astro, ainda assim, nos parece gigantesco. Porque, de fato, é: seu diâmetro é 109 vezes maior que o de nosso Planeta. Além disso, nada menos que 99,86% da massa do Sistema Solar “pertence” ao Sol! Ou seja, a massa dessa estrela é 333 mil vezes superior a da Terra! Mas se tais dados impressionam, vale lembrar que o Sol é classificado por astrônomos como uma estrela anã. Sim… Anã! Para compreender facilmente o motivo de tal qualificação basta, por exemplo, comparar o astro rei a Antares. Situada na constelação de Escorpião, 600 anos-luz da Terra, Antares é uma estrela
supergigante. Fosse “colocado” no lugar do Sol, esse corpo celeste excederia às órbitas de Mercúrio, Vênus, Terra e Marte! Pensar nas dimensões do Universo é algo que nos confere um exercício de humildade. Humildade que não é aquele conceito estúpido, de se esconder atrás de falsa modéstia; mas sim uma busca pelo autoconhecimento. Saber quais são nossas virtudes e defeitos. Promover nossas virtudes, curar nossos defeitos – se possível, tornando-os pontos positivos. Saber que hoje podemos ir além do que fomos ontem, que ninguém é igual a ninguém. Transmitir nossos conhecimentos e buscar aprender cada vez mais. E, sobretudo, reconhecer que o maior trabalho já foi feito: o Universo. Se tivesse a oportunidade de voltar à minha infância, mais precisamente às poucas ocasiões em que fui questionado sobre a pergunta do primeiro parágrafo, certamente responderia: “Gostaria de ser apenas um conhecedor das dimensões da força criadora desse Universo”. Nada mais. Rafael Ligeiro
COSMOLOGIA
Maio 2012
Milhões de planetas sem estrelas influenciados pela matéria escura? Em 2010, uma equipa de cientistas mapeou de forma bastante precisa a quantidade de matéria escura existente no aglomerado de galáxias conhecido como Abell 1689, que se encontra a 2.2 mil milhões de anos-luz de distância. Este aglomerado é dos objectos mais massivos no Universo, e contém cerca de 1000 galáxias e triliões de estrelas. Mas a maior parte da massa não é estrelas ou massa “normal”, mas será massa que nos é invisível e que não sabemos o que é: matéria escura. Recentemente, como podem ler aqui e aqui, os cientistas foram mais longe, e teorizaram que neste aglomerado deverão existir inúmeros planetas, quiçá até super-terras, e alguns desses planetas, devido a se encontrarem em zonas de maior densidade de matéria escura, então esses planetas poderão ter a temperatura perfeita para conterem água no estado líquido à superfície. Mesmo sem estrelas perto, estes planetas receberão a energia da matéria negra. “Scientists have recently theorized that invisible dark matter could warm millions of starless planets in regions such as Abell 1689 and make them habitable. Dark matter, the team believes, could keep the surfaces of such warm for trillions of years, outliving all regular stars and may Página 38
ultimately prove to be the “dark” bastion of life in our universe. “I imagine 10 trillion years in the future, when the universe has expanded beyond recognition and all the stars in our galaxy have long since burnt out, the only planets with any heat are these, and I could imagine that any civilization that survived over this huge stretch of time would start moving to these dark-matter-fueled planets,” Hooper said.”
COSMOLOGIA
Volume 2 Edição 5
E os
cientistas ainda foram mais longe: estes planetas poderiam ter as condições perfeitas para a vida tal como a conhecemos, mesmo sem terem estrelas perto. E, pergunto eu: porque não também pensar em planetas feitos de matéria escura, e quiçá até existir vida baseada nessa matéria? Página 39
Afinal, a matéria “normal” e mais abundante no Universo é aquela a que chamamos de matéria escura. A nossa “matéria normal” são somente 4% do Universo, uma ínfima excepção num Universo gigantesco. Carlos Oliveira
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COSMOLOGIA
Nebulosa do Ovo
Uma estrela como o Sol está a morrer, e o que se Esta é a Nebulosa do Ovo, numa imagem feita pelo Telescópio Espacial Hubble, combinando luz visível e infravermelha.
vê é a breve fase de nebulosa protoplanetária, em que a estrela, que se encontra no centro da nebulosa, aquece e excita o gás ao seu redor, fazendo-o brilhar por vários milhares de anos. Aliás, é possível que no centro da nebulosa existam na verdade 2 estrelas: um sistema binário. As camadas que se vêem a sair do centro, são explosões periódicas (em média, uma em cada 200 ou 300 anos) de material que é ejectado pela estrela que está a morrer. Carlos Oliveira
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COSMOLOGIA
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Encontrada anã castanha bastante fria
Uma anã castanha é um objecto entre planeta e estrela: é mais massivo que planeta, mas não é massivo o suficiente para se tornar uma estrela. A massa das anãs castanhas estão compreendidas entre 13 vezes a massa de Júpiter e 80 vezes a massa de Júpiter.
Esta anã castanha é constituída em 99% por hidrogénio e hélio. E tem uma temperatura de 400ºC. Foi denominada de BD+01 2920B, e orbita a estrela-mãe a 2600 vezes mais que a distância que a Terra dista do Sol.
Uma equipa internacional de astrónomos liderada por David Pinfield, descobriu uma anã castanha com 35 vezes a massa de Júpiter (notem que é massa, e não tamanho, como alguns sites erradamente mencionam).
O estudo destes objectos pode ajudar os astrónomos a distinguirem entre anãs castanhas e planetas gigantes.
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Leiam aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira
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COSMOLOGIA
Nebulosa da Lagoa é Ionizada por Sistema Binário Colossal A estrela 9 da constelação do Sagitário (9 Sgr) é a principal fonte da radiação ultravioleta que ioniza e provoca a fluorescência do gás da Nebulosa da Lagoa, uma das principais atracções da Via Láctea durante as noites de Verão. O número (9) foi atribuído por John Flamsteed, um astrónomo inglês que viveu entre 1646 e 1719. Flamsteed produziu um catálogo de 3000 estrelas, numerando -as sucessivamente 1, 2, 3, …, etc., para cada constelação. O catálogo foi publicado postumamente, em 1725, com o nome de Historia Coelestis Britannica. A imagem seguinte mostra a
(Crédito: ESO/S. Guisard
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Nebulosa da Lagoa e a posição da 9 Sgr, junto à região mais brilhante da nebulosa conhecida por “Hourglass” (ampulheta) devido ao seu aspecto característico quando observada por um telescópio com grande ampliação. A estrela pertence ao enxame de estrelas jovens NGC6530, visível ao seu lado, à esquerda na imagem, que também contribui para a ionização do gás da nebulosa. O enxame e a nebulosa encontram-se a uma distância de 5800 anosluz. Sabia-se que 9 Sgr, para além ser uma estrela muito luminosa e quente, de tipo espec-
tral O, era uma fonte de ondas de rádio sincrotrónicas, i.e., emitidas por electrões que se deslocam a velocidades próximas da da luz e cujas trajectórias são desviadas por campos magnéticos. Sabia-se também que outras estrelas de tipo O que apresentavam esta característica eram na realidade sistemas binários maciços, a radiação rádio observada sendo atribuída à colisão dos ventos estelares poderosos das estrelas do sistema. Com base nestes indícios, uma equipa de astrónomos das universidades de Liége, de Amsterdão e de Guanajuato (México), e do Observa-
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tório de Genebra, decidiram observar com mais detalhe a 9 Sgr tendo em vista determinar se se tratava de um sistema binário. O que descobriram é muito interessante. Analisando o espectro da 9 Sgr ao longo de vários anos, em especial o posicionamento das várias linhas espectrais, os astrónomos puderam determinar que na realidade estavam a ver a luz conjunta de duas estrelas. De facto, o movimento orbital das estrelas faz com que cada uma delas, alternadamente, se afaste e aproxime da Terra. O efeito de Doppler resultante faz com que as linhas espectrais da que se aproxima se desloquem ligeiramente para o azul ao passo que as linhas espectrais da que se afasta se deslocam para o vermelho. Podem ver este efeito no vídeo seguinte. [ver aqui] A análise e desacoplamento dos dois espectros, um exercício complexo que envolveu a utilização de técnicas sofisticadas de processamento, permitiu pela primeira vez determinar a configuração do sistema e as propriedades das estrelas individuais. Assim, segundo o estudo, a estrela primária do sistema tem tipo espectral O3.5 V ((f+)) (o “V” quer dizer uma anã, na sequência principal, o “((f+))” é uma anotação adicional que refere característiPágina 43
cas peculiares no espectro, reveladores de um vento estelar poderoso). Esta estrela tem uma temperatura fotosférica de 44000 Kelvin e uma massa (estimada pelo tipo espectral) de 55 vezes a do Sol. A sua luminosidade, quando consideramos todos os comprimentos de onda, supera 1 milhão de vezes a solar! A estrela secundária é igualmente fenomenal. Tem um tipo espectral O5-5.5 V ((f)), correspondendo a uma temperatura superficial de 41000 Kelvin e uma massa estimada de 36 vezes a solar. O mais extraordinário é que estas estrelas orbitam um centro de gravidade comum, com uma periodicidade de 8.6 anos, ao longo de trajectórias extremamente alongadas. A excentricidade orbital é de 0.7. No periastro, o ponto das suas órbitas em que mais se aproximam, as distância entre as duas estrelas é de apenas 17% da distância no apoastro, o ponto em que estão mais afastadas. A análise espectroscópica não permite determinar sem ambiguidade a massa e a dimensão das órbitas das estrelas pois a inclinação do sistema relativamente à linha de visão com a Terra não é conhecida. Segundo os autores o sistema deverá estar dentro dos limites de resolução de interferómetros como o do VLT. A obtenção de imagens com as duas componen-
tes separadas com um tal instrumento permitiriam determinar a inclinação orbital e establecer definitivamente os parâmetros referidos. A equipa propõe-se realizar estas observações num futuro próximo. É importante referir que a observação de sistemas binários é um dos poucos métodos que permitem a determinação directa da massa das estrelas. Mais ainda, estrelas de tipo O são comparativamente muito raras na Via Láctea e em média muito afastadas do Sol. Sistemas binários formados por estrelas de tipo O são ainda mais raros. Assim, quando surge a oportunidade de observar e calcular com exactidão as características das estrelas de um tal sistema, os astrónomos investem bastantes recursos para fazê-lo. Estas medições são de importância crucial pois permitem testar os modelos de estrelas maciças e verificar se estes prevêem com exactidão as características destas estrelas. Outro resultado interessante deste estudo consiste no facto de mais um sistema emissor de radiação rádio sincrotrónica ter sido identificado com um sistema binário maciço, reforçando as conclusões de trabalhos anteriores que apontavam nesse sentido. Podem ver o artigo aqui. Luís Lopes
Maio 2012
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Big Bang e Deus Este post já o tinha equacionado há uns meses. Foi no entanto adiado sine die. O que me fez voltar a ele foi o reavivar da memória e da necessidade, uma vez que no grupo do facebook de astronomia (Portugal), se voltou a falar na teologia, e na maneira em como ela via a astronomia. Durante muito tempo, a astronomia foi vista com desconfiança. Talvez tenha mudado o paradigma o papa Gregório XIII. Foi ele a estabelecer o calendário gregoriano (depois de o calendário Juliano se ter tornado obsoleto), e com ele tinha um grupo de astrónomos, entre sacerdotes, matemáticos e cientistas, que ajudaram nos cálculos necessários. A astronomia é de casa, no Vaticano, seja porque o Vaticano possui, às portas de Roma um observatório astronómico (Castelgandolfo) que funciona em cascata com um segundo observatório localizado numa montanha dos EUA (perto de Tucson, Arizona), seja porque o céu representa uma profunda metáfora religiosa: é um chamamento continuo e sempre novo ao desejo e à sede que o homem tem de infinito, é um convite constante à abertura para o insondável mistério do universo criado. Página 44
Este post é publico, e como tal, para todos os que o querem ler. É porém de maneira especial dedicado a todos aqueles que pensam a religião como algo absolutamente incompatível com a astronomia e as ciências exactas, como se fosse impossível crer em Deus e ter o Big Bang como a teoria mais razoável para explicar a origem do universo. Fé e Razão não se contradizem. Uma leitura fundamentalista dos textos sagrados, leva a não poucos problemas. Como sublinha e bem a Constituição dogmática Dei Verbum, a Bíblia é o livro da Palavra de Deus dirigida a nós homens. É uma carta de amor que Deus escreve ao seu povo, numa linguagem que remonta a dois ou três mil anos atrás. Como se sabe, a teoria do Big Bang é recente, e a história ou se faz (e escreve) por se ter sido testemunha dela, ou então, se faz por dedução. Olhando uma grande pedra com a forma de cogumelo, deduz-se que ela já foi encorpada e por via da erosão, foi ganhando aquela forma “nova”. Se há um século atrás, nenhum cientista podia falar na teoria do Big Bang, não podemos querer que há três mil anos atrás a bíblia desse uma resposta
cientifica. A preocupação que presidiu não era, claramente, cientifica. Em teologia, quando reflectimos sobre a ciência das origens, também denominada Protologia, falamos sobre os mitos da criação das várias culturas, sobretudo semitas e mesopotâmicas, e falamos, OBVIAMENTE, na teoria do Big Bang como a mais atendível e razoável. Como crente, católico, seminarista e estudante de teologia, não vejo qualquer tipo de contradição entre Fé e Astronomia, entre o mundo e a criação, criados por Deus, e a teoria do Big Bang. E vou explicar os porquês. A teoria (combinação de evidências/provas) do Big Bang baseia-se, para se sustentar, na constatação de um facto: o universo continua a expandir-se a uma velocidade avassaladora desde que “apareceu”. Essa teoria teve por base a analise das classes espectrais por Edwin Hublble em 1929. Curiosamente, dois anos antes, o padre católico e astrónomo belga Georges Lemaître já tinha equacionado um universo em expansão com origem num… “dia sem passado”.
COSMOLOGIA
Volume 2 Edição 5
Ora bem, sabendo da expansão do universo que terá a beleza de uns 13 milhares de milhões de anos, é fácil deduzir que antes de se expandir, o universo era mais “compacto”. Com a ciência contemporânea, foi possível com os ciclotrons ou aceleradores de partículas, decompor a matéria e assim, “viajar no tempo”, até bem perto da origem do universo. Não se chegou ao segundo 0,0s, digamos em palavras pobres, mas “chegou-se” ao chamado tempo de Planck que é igual a 10−43 segundos (dez elevado a menos quarenta e três). O que é uma infinidade dentro do próprio segundo. E sabe-se precisamente o que se “viu” naquele momento, não uma grande explosão como se costuma dizer, mas um desenvolvimento da matéria, a partir de uma singularidade inicial, mais pequena que o ponto final no final desta frase. Assim, como teólogo e como astrónomo amador, sabendo quanto afirmei, é-me fácil continuar a acreditar em Deus criador, e na teoria do Big Bang. Neste aspecto, bem como noutros, não há qualquer contradição entre fé e razão. João Paulo II em 1998 escreveu a carta encíclica Fides et Ratio (fé e razão) e diz que ambas são como que duas asas que nos podem levar a Deus. Continua dizendo que Página 45
a nada serve apenas a fé que nos levaria a um fideísmo cego, por lhe faltarem as razões, e um racionalismo que prescinde da fé conduz invariavelmente a um beco sem saída onde faltam as respostas às mais básicas questões antropológicas assim como às situações limite e às questões existenciais. Um dos problemas (o maior) da relação entre a ciência e a fé é a ignorância. Por um lado, os cientistas deviam aprender a ler correctamente a bíblia e a compreender as verdades da fé. Por outro lado, os teólogos e os homens da “igreja” deveriam actualizar-se sobre os progressos da ciência, para conseguir dar respostas eficazes às questões que ela coloca continuamente. Como referi atrás, defendo a conciliação da fé e da ciência. Ter fé não significa negar os factos, as evidências científicas. Da mesma forma, ser cientista, ou mesmo astrónomo, não significa que devemos automaticamente pôr a nossa fé de lado. No meu entender, são conciliáveis. Respeito, evidentemente, quem possa ter a opinião contrária. O que não se pode tolerar é quem extremiza posições e nega os factos. Da mesma forma que não compreenderei quem entre numa Igreja aos berros a afirmar que não tenho direito a estar lá com a
minha fé, também não compreendo as atitudes de quem entra neste local de divulgação científica para afirmar mentiras à luz do (des) conhecimento que se tem dos assuntos. Foi também a pensar nesses que têm atitudes intolerantes que decidi escrever este texto. O extremismo, seja em que área for, nunca é bom conselheiro. Como Cristão, entendo que não fazer uso de um cérebro racional é negar uma dádiva do Criador. Tentar compreender o mundo através da ciência, em particular a astronomia, é desvelar um pouco mais o “véu” que nos faz compreeder o Criador e a criação em que Este se revela. Negar as evidências cientificas, negar o conhecimento que se tem dos assuntos, é, no meu entender, ir contra a vontade do Criador que nos deu os meios (a mente) e o Universo para podermos explorar. Podem ler mais nos seguintes links: Vaticano, FOXnews, Pa dre Funes… e muitos outros. Gostava de poder alongarme ainda mais. Daria uma excelente tese de mestrado Prometo responder a todas as questões que colocareis nos vossos comentários. Espero que vos seja útil o que escrevi. Cristovão Cunha
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Maio 2012
Intenso Bombardeamento
Agora, um novo estudo do astrofísico William Bottke, diznos que cerca de 70 enormes Página 46
asteróides colidiram com a Terra durante o período Arqueano, entre 2,5 mil milhões e 3,8 mil milhões de anos atrás. Assim, esses impactos terão tido certamente uma grande influência no desenvolvimento das primeiras formas de vida terrestre. Carlos Oliveira PUB
O planeta Terra, como todos os planetas rochosos, formou-se a partir de colisões de milhões de pequenas pedras (diversificadas) no início do sistema solar. Isto claro, numa visão simplista e simplificada do assunto. Esse “bombardeamento” passou por fases mais intensas em certas alturas. Por exemplo, apesar da Terra se ter formado com o resto do Sistema Solar há cerca de 4,6 mil milhões de anos atrás, houve um intenso bombardeamento tardio há cerca de 4 mil milhões de anos atrás (entre 4,1 e 3,8). Mal esse bombardeamento intenso terminou, a vida teve condições mais estáveis para se formar e florescer.
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Pequena Palene Palene é uma pequena lua saturniana descoberta pela equipa de imagem da missão Cassini em 2004. Com apenas 5,8 quilómetros de comprimento, Palene é um dos membros de um trio de satélites (onde se incluem também Ante e Metone) situados entre as órbitas de Mimas e Encélado. Obtida durante uma passagem da sonda Cassini a apenas 36 mil quilómetros da superfície
da lua, esta composição retrata um pequeno e frágil corpo com uma forma ovalada, aparentemente coberto por camadas de fina poeira. Sérgio Paulino
A pequena lua Palene com a atmosfera saturniana como pano de fundo. Composição em cores naturais construída com imagens obtidas pela sonda Cassini a 16 de Outubro de 2010. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/ Gordan Ugarkovic.
2012 KP24 O asteróide 2012 KP24 foi descoberto no passado dia 23 de Maio. Cálculos dos astrónomos permitiram concluir que o asteróide tinha cerca de 20 metros, viajava a 46.000 kms/h, iria passar relativamente perto da Terra hoje, 28 de Maio, às 16h20m (hora de Portugal), e a distância a que iria passar seria a cerca de 56.000 kms de distância da superfície terrestre (um pouco acima da órbita dos satélites geoestacionários, mas muito abaixo da órbita da Lua). Através de conhecimento científico e matemático, os astróPágina 47
nomos chegaram imediatamente à conclusão que o asteróide não representava qualquer perigo para nós. Era pequeno e não iria colidir com a Terra. Entretanto, se forem ao Google, vêem alguns pseudos a vigarizar os seus leitores a dizer que o asteróide iria bater na Terra (a informação contrária era suposta conspiração da NASA), outros pseudos diziam que iria bater na Lua, e ainda outros pseudos escreveram que iria bater em satélites.
Os 3 cenários iriam exterminar muita gente na Terra. O asteróide, tal como tantos outros, veio e já se foi embora. Nada aconteceu. Como sempre, os pseudos só mentiram. Como sempre, aconteceu tudo exactamente como os cientistas previram. Carlos Oliveira
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JUICE à procura de vida
Sumo (juice) é um sinal de vida? Não A sonda JuIcE (Jupiter Icy Moon Explorer) é uma missão da ESA (Agência Espacial Europeia) que foi aprovada esta semana, de modo a partir em 2022 em direcção ao sistema de Júpiter, onde chegará em 2030, de Página 48
modo a estudar, entre outras coisas, a possível existência de vida nas luas Europa, Ganimede e Calisto. Esta é a terceira missão que tem como destino o sistema de Júpiter. A sonda Galileu chegou lá em 1995 e acabou a missão em
2003. A sonda JUNO está a caminho de Júpiter, onde chegará em 2016. Leiam mais detalhes no Inovação Tecnológica, e neste abstract. Carlos Oliveira
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Uma tempestade no pólo sul de Titã? Titã vista pela Cassini a 28 de Maio de 2012. Composição em cores falsas criada pela combinação de três imagens obtidas através de filtros para o ultravioleta (343 nm) e para o infravermelho próximo (889 e 938 nm) (imagens originais: N00190014, N00190017 eN00190020). Estão representadas a azul as camadas mais externas da atmosfera titaniana, em particular a neblina de aerossóis formada na termosfera (mais
evidente na banda do ultravioleta). As áreas a vermelho representam a camada superior da estratosfera, região onde o metano atmosférico absorve a luz solar. A verde está representada a superfície de Titã observada através de uma estreita janela do espectro electromagnético onde a atmosfera é transparente. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/ composição a cores de Sérgio Paulino. Está a acontecer algo interessante no pólo sul de Titã. Nas últimas semanas surgiu sobre a região um complexo sistema de densas nuvens que aparentemente se elevam a grande altitude. A sua estrutura é mais proeminente nas imagens da Cassini obtidas através de filtros para as bandas de absorção do metano, o que sugere que são essencialmente constituídas por este gás. Será este fenómeno uma grande tempestade polar? Sérgio Paulino
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Maio 2012
Imagens espectaculares da visita da Cassini a Dione A Cassini esteve muito atarefada na passada quarta-feira. Depois de concretizar mais um encontro com a enigmática lua Encélado, a sonda da NASA rumou para Dione, para uma invulgar passagem a apenas 8 mil quilómetros da sua superfície. A visita rendeu uma pilha de imagens, algumas com resoluções próximas dos 50 metros/pixel! Esta foi a última passagem pela lua de Saturno nos próximos 3 anos (a próxima realizar-se-á apenas em Junho de 2015), pelo Dione visto pela Cassini a 02 de Maio de 2012, durante a fase de aproximação. Mosaico construído com 5 imagens captadas a cerca de 46 mil quilómetros de distância (imagens originais: N00186321, N00186322, N00186323, N00186324 e N00186325). São visíveis a grande cratera Aeneas (no terminador) e, mais oeste, Latium Chasma, um desfiladeiro com cerca de 360 km de extensão. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.
que resolvi deixar-vos aqui uma pequena selecção dos melhores momentos deste encontro (cliquem nas imagens aqui para as observarem na sua máxima resolução). Sérgio Paulino
Latium Chasma em alta resolução (região a sul). Mosaico construído com 3 imagens obtidas pela Cassini, a uma distância de cerca de 9 mil quilómetros (imagens originais: N00186326, N00186327 e N00186328). Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino. Página 50
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Imagem de contexto mostrando toda a extensão de Latium Chasma, desde a cratera Eumelus (a sul) até à sua confluência com Larissa Chasma (a norte). São também visíveis mais a oeste Petelia Fossae e Fidena Fossae, esta última atravessando as deformadas crateras Meticus e Murranus. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.
Hemisfério antisaturniano de Dione e a grande bacia de impacto Evander a sul. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.
Os desfiladeiros de Padua Chasmata e Eurotas Chasmata atravessando o terreno irregular entre as crateras Ascanius e Acestes. A sudeste são visíveis as crateras Mezentius e Tiburtus com os seus proeminentes picos centrais. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.
Dione e Saturno numa composição a cores construída com imagens captadas pela Cassini a 02 de Maio de 2012, através de filtros para o violeta, o verde e o infravermelho próximo (imagens originais: W00074069, W00074070 e W00074071). Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.
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Cassini fotografa encontro de gigantes No Domingo passado cruzaram-se na frente das câmaras da Cassini os dois maiores objectos do sistema saturniano. A equipa de imagem da missão não desperdiçou a oportunidade e registou o evento numa belíssima sequência de imagens, das quais fazem parte as três imagens usadas nesta composição a cores. Dentro de duas semanas, a Cassini realizará uma passagem por Titã que colocará um Saturno e a sua maior lua Titã. Composição em cores naturais construída com imagens obtidas pela ponto final nesta pri- sonda Cassini a 06 de Maio de 2012, através de filtros para o azul, o verde e o vermelho (imagens originais: W00074108, W00074109 e W00074110).
meira fase equatorial Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino. da actual missão Solstício. Durante o encontro, a sonda manobrará
fase estão programados 27 encontros com Titã e
para uma órbita inclinada que a irá afastar do pla-
apenas 1 com a lua Reia, em Março de 2013.
no dos anéis por três longos anos. Para esta nova
Sérgio Paulino
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Volume 2 Edição 5
Vesta é um antigo embrião planetário Foram publicados anteontem na revista Science análises detalhadas aos primeiros resultados obtidos pela missãoDawn na órbita de Vesta. Pela primeira vez, os investigadores da missão reuniram um corpo de evidências que lhes permite afirmar que Vesta é um protoplaneta que sobreviveu praticamente incólume ao caos e à destruição que assolaram a Cintura de Asteróides depois da sua formação há 4,56 mil milhões de anos. De acordo com os dados disponibilizados pela sonda Dawn, Vesta assemelha-se mais a um
Representação artística da estrutura interna de Vesta baseada nos dados recolhidos pela sonda Dawn. São visíveis um núcleo provavelmente constituído por ferro e níquel, rodeado por um manto e uma crusta completamente diferenciados. Crédito: NASA/JPL-Caltech.
Vesta em comparação com outros corpos semelhantes, Ceres, Lua e os planetas telúricos Mercúrio e Marte. Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA.
Três cortes de meteoritos HED observados em microscópios de luz polarizada. Estão representados da esquerda para a direita os meteoritos QUE 97053 (eucrito recolhido na Antarctica), Moore County (eucrito recolhido na Carolina do Norte, EUA) e GRA 98108 (diogenito recolhido Antarctica). A missão Dawn confirmou que estes objectos têm origem na superfície de Vesta. Crédito: University of Tennessee.
pequeno planeta telúrico como Mercúrio, do que aos inúmeros objectos que consigo partilham a vasta região entre as órbitas de Marte e Júpiter. Após quase um ano na órbita de Vesta, a sonda Dawn desvendou uma superfície muito mais complexa do que havia sido antecipado inicialmente pelos cientistas. No hemisfério sul, a Dawn mapeou em detalhe a gigantesca bacia de impacto Rheasilvia, uma estrutura com cerca de Página 53
500 km de diâmetro e 19 km de profundidade, e com um invulgar padrão de fracturas em espiral no seu interior. Na mesma região a sonda da NASA descobriu Veneneia, uma anterior bacia de impacto com 400 km de diâmetro que foi quase totalmente obliterada por Rheasilvia. Ambas as estruturas foram esculpidas por violentos impactos ocorridos há cerca de 1 a 2 mil milhões de anos. Os dados da Dawnconfirmam esta região
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Mapa da distribuição de piroxeno e de minerais ricos em ferro e magnésio no interior da bacia de impacto Rheasilvia. A roxo estão representadas as maiores proporções de piroxeno, quantidades que se encontrariam nas camadas mais interiores da crusta vestiana. Os dados foram obtidos pelo espectrómetro VIR da sonda Dawn. Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/INAF.
como o local de origem de grande parte do material que compõe os asteróides vestóides e os meteoritos HED (howarditos-eucritosdiogenitos), objectos cujas assinaturas espectrais são semelhantes às de Vesta. Rheasilvia e Veneneia remodelaram a geologia do hemisfério sul de Vesta de forma substancial. No entanto, o hemisfério norte conserva ainda o registo das colisões que assolaram a superfície ves-
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tiana num passado mais distante. Baseados na variedade mineralógica desta região e na composição dos meteoritos HED, os investigadores da missão descobriram indícios de que o interior de Vesta se diferenciou numa crusta, num manto e num núcleo. Estes indícios são suportados pela detecção de uma concentração de massa no centro de Vesta com 107 a 113 quilómetros de diâmetro, constituída provavelmente por ferro e níquel. O padrão de minerais expostos
na superfície vestiana sugere ainda que Vesta manteve um oceano de magma subsuperficial durante algum tempo após a sua formação. Foi essa complexa evolução magmática que conduziu à completa diferenciação do manto e da crusta. Podem consultar mais pormenores nos 6 artigos publicados na Science (ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
Sérgio Paulino
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Dafne, Pã e os seus efeitos no anel A de Saturno
Dafne e Pã rasgando duas divisões no anel A de Saturno. Imagem obtida pela sonda Cassini a 03 de Junho de 2010. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.
Dafne e Pã são duas pequenas
poucos meses depois do equi-
turbações gravitacionais das
luas que orbitam Saturno no
nócio saturniano, podemos ver
duas luas, que assim mantêm
interior do anel A, nas divisões
ondulações nas extremidades
as divisões livres de partículas.
de Keeler e Encke, respectiva-
do anel com componentes ver-
mente. Nesta imagem obtida
ticais e horizontais. Estas estruturas são produzidas por per-
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Sérgio Paulino
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Vidro em Marte
Na parte norte do planeta Marte encontraram-se enormes regiões com vidro – campos escurecidos de “dunas de vidro” que ocupam grande parte do hemisfério norte do planeta, similares ao que se vêem na Islândia. Antigos vulcões em Marte terão forjado este vidro na superfície de Marte. Quando o Página 56
magma arrefece bastante depressa, provavelmente devido ao contacto com água ou neve, solidifica, formando-se vidro vulcânico que terá a forma de grãos de areia – areia de vidro. Se isto for certo, então estas zonas têm maiores probabilidades de terem vida microbiana, devido à abundância de substâncias químicas.
Leiam na New Scientist, Astrobiology Magazine, e artigo científico. Pode ser coincidência temporal, mas desde que o poder político-económico decidiu não enviar mais rovers para Marte, que as notícias de possível vida em Marte têm aumentado… Carlos Oliveira
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NASA estima a existência de 4.700 asteróides potencialmente perigosos De acordo com resultados da missão NEOWISE publicados onte
Diagrama ilustrando toda a população de asteróides próximos da Terra estimada a partir dos novos resultados da missão NEOWISE. Estão representados a laranja os asteróides potencialmente perigosos e a verde a órbita da Terra. Crédito: NASA/JPL-Caltech.
m na revista Astrophysical Journal, existem 4.700 ± 1.450 asteróides potencialmente perigosos ou PHAs (acrónimo inglês de potentially hazardous asteroids) na vizinhança da Terra. Estes valores foram obtidos pela análise dos elementos orbitais de 429 asteróides próximos da Terra e correspondem à melhor estimativa desta população realizada até hoje. Consideram-se potencialmente
tro. Esta nova estimativa per-
gerados por violentas colisões
perigosos os asteróides com
mite concluir que apenas estão
entre objectos da Cintura de
massa suficiente para provoca-
catalogados 20 a 30% de todos
Asteróides, que posteriormen-
rem devastação na superfície
os PHAs.
te migraram para órbitas inte-
terrestre a nível regional ou
Os novos resultados
riores à órbita de Marte. Dado
superior (por definição, aste-
da NEOWISE sugerem ainda
o seu alinhamento com o plano
róides com diâmetros superio-
que os PHAs com baixas incli-
orbital da Terra, estes objectos
res a 140 metros), que se apro-
nações orbitais são mais nume-
serão certamente alvos prefe-
ximam da órbita da Terra a dis-
rosos do que se assumia ante-
renciais para futuras missões
tâncias menores que 0,05 UA.
riormente. Curiosamente,
de exploração robóticas ou
Dos 8.880 asteróides próximos
estes objectos são também
humanas.
da Terra detectados até hoje,
mais brilhantes e mais peque-
Podem ler mais sobre esta
1.302 respeitam esses critérios,
nos que os seus congéneres
notícia aqui.
sendo que destes 152 têm diâ-
com órbitas mais inclinadas,
metros superiores a 1 quilóme-
um claro indício de que muitos destes PHAs são fragmentos
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Sérgio Paulino
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Directamente dos arquivos da missão Viking: espectacular mosaico de Marte! É difícil encontrar adjectivos que descrevam a beleza do mosaico que hoje aqui vos trago. Composto por imagens obtidas no distante ano de 1976 pela sonda Viking Orbiter 1, este fabuloso retrato de Marte é produto da paciência e da habilidade de Daniel Macháček, um dos magos do processamento amador de imagens espaciais que habitualmente participam no fórum UnmannedSpaceflight.c om. Publiquei-o aqui numa versão menos pesada, mas aconselho-vos vivamente a observarem-no na sua máxima resolução no blog de Macháček (21 MB com uma resolução aproximada de 800 metros/pixel!). O mosaico cobre uma interessante região de Marte que se estende desde a bacia de impacto de Argyre e a sua vizinha cratera Galle (o simpático sorriso marciano) até às planícies que rodeiam as falhas tectónicas de Thaumasia Fossae. A leste de Galle são visíveis as crateras Lohse, Helmholtz e Wirtz, encimadas pela ténue atmosfera marciana. A cratera Lowell e o seu arco de picos centrais aparece em posição de destaque, aproximadamente, no centro do mosaico. Podem consultar aqui uma versão legendada com mais algumas Página 58
O planeta vermelho de Argyre Planitia a Thaumasia Fossae. Mosaico de 36 imagens obtidas a 24 de Julho de 1976 pela Viking Orbiter 1, através de filtros para as cores violeta e vermelho. Para produzir a composição em cores aproximadamente naturais foram sintetizadas imagens para o filtro verde a partir dos outros dois filtros. Crédito: NASA/JPL/Daniel Macháček.
estruturas geológicas identificadas.
Sérgio Paulino
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Líquenes antárcticos poderão sobreviver na superfície de Marte Poderão organismos terrestres colonizar a superfície de Marte? De acordo com um recente trabalho de um grupo de cientistas do DLR (Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt), sim. Durante 34 dias, JeanPierre de Vera e os seus colaboradores do Instituto de Investigação Planetária, em Berlim, mantiveram líquenes antárcticos da espéciePleopsidium chlorophanum selados numa câmara com condições ambientais semelhantes às da superfície marciana. No final da experiência, os investigadores verificaram que os líquenes não só estavam vivos como também se tinham adaptado ao seu novo ambiente, ocupando nichos em fissuras abrigadas nas rochas e no solo marcianos simulados. Os líquenes são seres vivos simples, mas com uma incrível capacidade de adaptação a condições extremas. O seu sucesso na colonização dos mais variados ambientes terrestres tem origem na sua invulgar organização e fisiologia. Os líquenes são, na verdade, uma associação simbiótica Página 59
O líquen antárctico Pleopsidium chlorophanum. Crédito: DLR.
entre um fungo (o micobionte) e uma alga ou cianobactéria (o fitobionte). Os micobiontes são muito mais numerosos e envolvem completamente os fotobiontes, alimentando-se dos nutrientes por si produzidos e controlando os seus ciclos reprodutivos. Os fotobiontes beneficiam da protecção que o tecido fúngico fornece contra a luz intensa, a seca e as temperaturas extremas. No interior da câmara de simulação, os líquenes suportaram condições verdadeiramente inóspitas. Os investigadores recriaram uma atmosfera muito semelhante à de Marte, com uma composição de 95% de CO2, 4% de N2 e vestígios de Ar
e de O2, e uma pressão de apenas 6 milibares (o equivalente à pressão atmosférica encontrada 35 quilómetros acima da superfície terrestre). Os constituintes minerais do solo e das rochas onde se fixaram os líquenes foram escolhidos com base nos dados disponibilizados por missões como as do robots Spirit e Opportunity. Fontes luminosas especiais, abrangendo todo o espectro desde ultravioleta até ao infravermelho, reproduziram em ciclos de 16 horas de luz e 8 horas de escuridão, a intensa radiação solar que atinge a superfície do planeta vermelho. Por fim, a temperatura no interior da câmara oscilou em ciclos semelhantes aos da luz,
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Câmara de simulação das condições ambientais de Marte usada na experiência. Crédito: DLR.
entre os -50ºC e os 23ºC. Os resultados deste trabalho sugerem que a fotossíntese é um processo biológico possível de concretizar nas condições extremas oferecidas em Marte. Os líquenes polares demonstraram ser sobreviventes criativos, colonizando em poucos dias os nichos mais abrigados no ambiente artificial da câmara de simulação. A forma como estes organismos se adaptaram tão rápido a condições inóspitas remete-nos para duas noções muito importantes. Em primeiro lugar, uma vez instalada a vida procura sempre soluções engenhosas para sobreviver, pelo que não é abusivo concluir que se alguma vez a vida floresceu em Marte, ela Página 60
possa estar presente nos dias de hoje nos habitats mais abrigados. Em segundo lugar, esta extraordinária capacidade de adaptação dos organismos terrestres às duras condições do planeta vermelho mostra que a protecção de uma possível biosfera marciana deverá constar entre as principais prioridades no planeamento de missões de exploração a Marte. Os investigadores estão agora a testar as mesmas condições desta experiência com outros organismos, incluindo líquenes polares e alpinos e cianobactérias. Entre os organismos seleccionados contam-se alguns usados em experiências realizadas na Estação Espacial Internacional, em plataformas de
exposição às condições do espaço. Até agora os resultados demonstram que um variado leque de líquenes e cianobactérias isolados de ambientes polares apresentam as mesmas capacidades de adaptação às condições ambientais marcianas observadas na primeira experiência. Este trabalho foi apresentado em Abril passado na Assembleia Geral da União Europeia de Geociência (podem encontrar um sumário e algum material da apresentação aqui e aqui).
Sérgio Paulino
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Sol com máximos e mínimos preocupantes
O Mínimo de Maunder é o nome dado ao período entre 1645 e 1715. O nome deste período foi dado em homenagem a Edward Maunder que estudara como as latitudes das manchas solares mudam com o tempo. O Mínimo de Maunder ocorreu
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porque a actividade solar diminuiu durante um longo período, algo verificável pela ausência de manchas à superfície. Dentro deste Mínimo de Maunder, durante 30 anos foram observadas somente 50 manchas solares, o que é um número muito menor que as
milhares de manchas solares observadas nos últimos anos. No entanto, temos aqui um paradoxo, porque sendo as manchas zonas menos quentes, o óbvio até seria que o Sol aumentasse a temperatura. Na verdade, a razão principal para a diminuição da activida-
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de solar parece estar nas estruturas “mais brilhantes”, como as fáculas (na fotosfera) e as plages (na cromosfera), que são zonas mais quentes que a média. No entanto, como estas estruturas aparecem associadas a regiões activas (assim como as manchas), quando há falta de manchas há também falta (especialmente) de plages. Regra geral, num mínimo solar “normal”, continuam a existir fáculas que ajudam a manter o valor da constante solar, e daí não termos uma “micro época glacial” a cada mínimo. O grande problema é que não há registo das “manchas claras” durante o Mínimo de Maunder. A opinião mais consensual é que terá sido a falta de fáculas que terá gerado a diminuição da constante solar, e daí, a mini-época glacial.
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Algumas investigações apontam para nesta altura (século 17) a rotação do Sol ter abrandado, o que poderá ter alguma relação com o campo magnético, e consequentemente com as manchas solares e as fáculas. Uma das consequências deste efeito solar, foi a Europa e a América do Norte estarem debaixo de uma pequena idade do gelo, sobretudo com invernos extremamente gelados.
Existiram outros períodos de baixa actividade solar que culminaram no arrefecimento do planeta. Nos últimos 8000 anos, existiram 18 períodos destes, sendo que os mais conhecidos são o Spörer Minimum (1450–1540) e o Dalton Minimum (1790–1820), que além da influência solar terão também sido ajudados por um acréscimo enorme de actividade vulcânica. Desde 1900 que estamos num período de relativo Máximo Solar. Este máximo solar teve picos nos anos 1950s e 1990s. Mas houve outras explosões solares que “fizeram história”, nomeadamente uma em 1980 que quase provocou a 3ª Guerra Mundial, porque nem os EUA nem a União Soviética perceberam que quem lhes tinha “fritado” os satélites não tinha sido o “outro lado”, mas sim o Sol. Em 2001, também houve um período de grande actividade solar. E até perto do mínimo solar em 2006, o Sol teve enormes explosões solares no ano 2005. O que prova que os ciclos de 11 anos do Sol, não são tão certinhos como gostaríamos que eles fossem. Neste momento estamos a caminhar para um pico solar
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em 2013, o que é excelente porque nos tem proporcionadobelíssimas auroras nos céus. Ao contrário do que dizem os vigaristas, o pico solar em 2013 não levará a explosões solares que afectem de sobremaneira a vida na Terra. Aliás, os dados mostram que este máximo solar é dos mais moderados dos últimos ciclos. Após 2013, começa um novo ciclo que terá o seu mínimo em 2018, e terá novo pico máximo de actividade em 2024. Na verdade, ao contrário do que dizem os ignorantes dos vigaristas, os cientistas que estudam o Sol publicaram 3 estudos diferentes que indicam que o Sol vai estar menos activo no próximo ciclo. Um dos estudos mostra que a frequência de manchas solares, que são causadas por fortes forças magnéticas, tem diminuído. Um outro estudo mostra que a força magnética dessas manchas também tem diminuído. E o outro estudo mostra que os padrões de fluxo de gases na superfície do Sol parecem indicar que o Sol irá “perder força”. Por tudo isto, devido a este conhecimento do Sol, é que se espera que o máximo solar em 2013 seja fraco. Página 63
E a partir daqui começam as preocupações… É que há quem especule que a partir de 2013, o Sol poderá entrar em hibernação. Se isso acontecer, então poderá haver uma nova “pequena era do gelo”, similar ao Mínimo de Maunder, com a fraca actividade solar a levar a um decréscimo da temperatura na Terra. Tudo isto faz-nos perceber 2 coisas: - o quanto a ciência é importante e o orgulho em quem
tem a inteligência de procurar o conhecimento real dos assuntos, que nos permite compreender melhor o Universo à nossa volta. - a estupidez dos vigaristas que poderiam no mínimo utilizar o conhecimento real dos assuntos (o possível novo Mínimo) para incutir medos infundados às pessoas, mas em vez disso são tão ignorantes que utilizam ideias totalmente contrárias à realidade para vigarizarem as pessoas. Carlos Oliveira
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Evento de Carrington – Tempestade Solar de 1859
O Evento de Carrington ou Tempestade Solar de 1859 foi uma grande tempestade geomagnética provocada por explosões solares. A tempestade solar deu-se a 1 de Setembro de 1859 e enviou várias e massivas CMEs (Ejecção de Massa Coronal) na direcção da Terra. A segunda CME demorou somente 17 horas a atingir a Terra, em vez dos normais 3 dias para cá chegar. Página 64
Foi a tempestade solar mais poderosa alguma vez registada na história da Humanidade! Nos céus, as auroras foram assombrosas! Viram-se “cortinas de luzes” até na Flórida. Algumas pessoas na América sentaram-se a ler o jornal à luz das auroras. A luz das auroras chegou a ser mais forte que a Lua Cheia. Na superfície terrestre não foi tudo boas notícias para os
Humanos: a tempestade solar causou falhas no serviço de telégrafo que existia na altura na Europa e na América do Norte. Outras poderosas, mas um pouco mais fracas, tempestades solares aconteceram nos anos 1921 e 1960, tendo sido relatadas na altura interrupções generalizadas de emissões de rádio. Carlos Oliveira
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Super-Explosão Solar pode acabar com a atmosfera da Terra? Recentemente escrevi sobre o Evento de Carrington, neste post. Esta Tempestade Solar deu-se em Setembro de 1859, e foi a tempestade geomagnética mais poderosa alguma vez registada na história da Humanidade. Na altura escrevi também que ela produziu auroras fantásticas nos céus da Terra, e até causou algumas falhas nos serviços de telégrafo. Estava agora a ler este artigo do Apollo11.com que começa assim: “Em 1859, uma violenta explosão solar praticamente bloqueou todas as comunicações telegráficas do planeta, eletrocutando técnicos e produzindo auroras boreais até nas latitudes baixas. Agora, um novo estudo mostra que se ocorresse uma super explosão solar, as consequências seriam ainda piores.” O telescópio espacial Kepler observou 83 mil estrelas como o Sol durante 3 meses e registou 368 super-explosões(que podem ser desde 100 vezes a 10 milhões de vezes mais forPágina 65
tes que as CMEs produzidas no Sol) em 148 estrelas como o Sol. Ou seja, só 0,18% das estrelas similares ao Sol produziram estas superexplosões, e a probabilidade de estrelas de baixa rotação, como o Sol, ter estes eventos é ainda mais baixa. Por outro lado, estas superexplosões poderão depender dos campos magnéticos dos chamados Júpiteres Quentes (planetas gigantes próximos da estrela), que existem em grande quantidade no Universo, mas não no nosso Sistema Solar. Mas este estudo parece mostrar que a relação com Júpiteres Quentes, não existe. Penso que há aqui várias coisas a considerar.
Em primeiro lugar é que esta informação é correcta. Mas será que os leitores vão perceber as explicações ou vão ser levados pelo título sensacionalista (“Sol: estudo mostra que super flare destruiria camada de ozônio“) e pelas frases iniciais também a levar para um certo sensacionalismo de fim do mundo? Em segundo lugar é que não sei se o artigo é baseado neste da BBC, mas com uma pitada de marketing de fim do mundo, no sentido de que “quem conta um conto aumenta um
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ponto” de modo a publicitar melhor o artigo. Em terceiro lugar é que a informação não é totalmente correcta, nomeadamente o Evento de Carrington. Na altura houve falhas em alguns serviços, mas não foi um caos generalizado como o artigo dá a entender. Ou seja, não é preciso exagerar sobre as consequências do que aconteceu. Em quarto lugar penso ser necessário referir as diferenças entre probabilidade e possibilidade. Exemplo: Será que eu posso atravessar uma parede de cimento? Posso! Mas será que vou conseguir? Não, mesmo que dê com a cabeça na parede todos os dias durante 3 biliões de anos! Ou seja, mesmo que isto seja uma possibilidade, a probabilidade disto acontecer é muito menor que, por exemplo ganharmos a lotaria ou um asteróide dizimarnos. A probabilidade do Sol ter uma destas super-explosões é tão baixa que não tem qualquer interesse para nós. Aliás, existem evidências fortes que nunca houve nada disto no último milhar de milhões (bilhão, no Brasil) de anos. Em quinto lugar, não entendo as referências ao Evento de Carrington. O Evento de Carrington não foi uma superexplosão. Na verdade é completamente insignificante quando comparado com superexplosões. Seria como comparar formigas com elefantes. Ou seja, se um elefante me puser Página 66
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a pata em cima, é normal que me esmague. Mas o que tem isso a ver com formigas, apesar de serem ambos animais? A verdade é que uma formiga não me esmagaria. E a probabilidade de um elefante me esmagar num piquenique no parque ao lado da minha casa aqui no Texas é irrelevante. O mesmo se passa aqui entre o Evento de Carrington e superexplosões. Daí que ao contrário do sensacionalismo nos Media, Brad Schaefer, professor de astrofísica na Louisiana State University, diz claramente: A Terra está a salvo destas superexplosões. A notícia diz também que se uma super-explosão vinda do Sol atingir a Terra, então acabaria com a camada de ozono da atmosfera, levando a extinções em massa, e obviamente ao desaparecimento da Humanidade (devido à extrema radiação). Estes possíveis resultados foram compreendidos a partir de modelos de computador. Mas isto são especulações sem qualquer significado prático. Isto é o mesmo que dizer que se eu atravessar a parede de cimento, do outro lado encontro o Pai Natal. A verdade é que eu não vou encontrar o Pai Natal, porque não vou conseguir atravessar a parede de cimento. Da mesma forma, a
nossa camada de ozono está a salvo porque não teremos estas super-explosões no Sol. Uma possível consequência destas super-explosões é muito interessante. A radiação destas superexplosões pode fornecer a energia necessária para iniciar as reacções químicas necessárias que podem levar à vida. Claro que isto é pura especulação científica, mas diz-nos que as super-explosões podem não ter só efeitos devastadores para a vida. Ou seja, resumindo e concluindo: - É importante saber-se o que pode acontecer em estrelas similares ao Sol. - Viram-se super-explosões em estrelas similares ao Sol. - Em todas as estrelas estudadas, o número de estrelas similares ao Sol que desenvolveu estas super-explosões é mínimo. - Os astrónomos ainda não sabem os mecanismos concretos que formam estas superexplosões, mas estão a investigar o assunto. - As super-explosões podem exterminar toda a vida complexa num planeta, mas por outro lado podem também ajudar a vida a começar. - Estas super-explosões não acontecem no nosso Sol. Leiam o artigo na Nature. Carlos Oliveira
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Cassini sobrevoa um ovo! A Cassini realizou anteontem uma
Metone fotografada pela sonda Cassini a 20 de Maio de 2012, a apenas 4.500 km de distância (imagem original: N00189072). Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.
rara aproximação a Metone, uma das três minúsculas luas que povoam a região entre as órbitas de Mimas e Encélado. Situada a apenas 200 mil quilómetros de distância de Saturno e com apenas 3,2 quilómetros de diâmetro, Metone é um alvo difícil de alcançar, pelo que esta foi uma oportunidade única para a equipa de imagem da missão fotografar a sua superfície.
ções de albedo, características
postos orgânicos com origem
Metone foi a primeira lua a ser
curiosamente partilhadas pela
em Encélado, um facto que tal-
sua vizinha Palene. Metone e
vez explique as suas estranhas
Palene partilham com Ante
aparências.
descoberta pela Cassini, logo no início da missão, em 2004. As novas imagens, obtidas no Domingo passado, mostram um corpo surpreendentemente ovóide e liso, com subtis variaPágina 67
órbitas muito próximas no interior do anel E, região onde são continuamente pulverizadas com partículas de gelo e com-
Sérgio Paulino
TERRA
Maio 2012
Reeditada imagem icónica da cratera Copérnico divulgadas. O seu impacto na
que muitos dos dados originais
opinião pública foi de tal
ficassem irremediavelmente
uma espectacular imagem da
ordem que a revista Life viria a
perdidos para sempre. Feliz-
cratera Copérnico que rapida-
apelidá-la de “Imagem do
mente, alguns engenheiros
Século”.
da NASA sugeriram que os
Na altura, as sondas
dados originais fossem guarda-
da NASA usavam películas foto-
dos em fitas analógicas, pelo
gráficas para a captação de
que as imagens originais das
imagens da superfície lunar. As
missões Lunar Orbiter ainda se
Orbiter, enviadas para a Lua
fotografias eram depois digita-
encontram disponíveis.
entre 1966 e 1967 com o
lizadas e enviadas para a Terra,
Corria o distante ano de 1966 quando a NASA divulgou
mente se transformaria num ícone dos primeiros anos da exploração espacial. A imagem era apenas uma das inúmeras obtidas pelas 5 sondas Lunar
objectivo primordial de patrulhar a superfície lunar em busca de locais de alunagem seguros para as futuras missões Apollo. No entanto, o que a tornava particularmente especial era o facto de ter
onde eram impressas em papel fotográfico e usadas para construir mapas detalhados da Lua. Este procedimento conduziu a
Uma nova versão de uma famosa imagem da cratera Copérnico obtida pela sonda Lunar Orbiter 2 a 24 de Novembro de 1966 (cliquem na imagem para a verem na sua máxima resolução). Crédito: LOIRP.
Após 40 anos, o Lunar Orbiter Image Recovery Project (LOIRP), um projecto financiado pela NASA, assumiu o papel de recuperar todo esse fabuloso espólio e reprocessálo com as mais modernas ferramentas de processamento de imagens. Os resultados têm
sido captada num
sido impressionantes e têm
ângulo oblíquo a curta
revelado algumas fotografias
distância do seu alvo.
que rivalizam em resolução e
Esta invulgar geome-
beleza com as actuais imagens
tria permitiu que, pela
obtidas pela sonda Lunar
primeira vez, os olha-
Reconnaissance Orbiter, como
res humanos obser-
é o caso desta imagem de
vassem a Lua como
Copérnico.
um mundo de monta-
Podem ver as mais recentes
nhas e grandes roche-
publicações deste projec-
dos, uma paisagem
to aqui.
que não era aparente nas imagens até então Página 68
Sérgio Paulino
TERRA
Volume 2 Edição 5
ilha de plástico Existe uma “ilha de plástico” no oceano pacífico, criada por toneladas de plásticos e detritos humanos que se vão acumulando ao longo de dezenas de anos. Um estudo dessa “ilha” mostrou que ela aumentou 100 vezes nos últimos 40 anos. Esse aumento está a alterar os habitats marinhos e a fazer muito mal a muita vida. Mas, como em tudo, há sempre alguém que beneficia com este lixo. Neste caso, é um insecto denominado Halobates sericeus que, devido ao alargamento da “ilha”, tem mais sítios para pôr os ovos. Esta “ilha de poluição” é enorme. O Público diz que ela é maior que os EUA: “Segundo a Agência norte-americana para os Oceanos e Atmosfera (NOAA) “é muito difícil estimar a verdadeira dimensão” da concentração de lixo marinho no Norte do oceano Pacífico. Ainda assim, será algo entre os 11 e os 14 milhões Página 69
de quilómetros quadrados (por exemplo, os Estados Unidos têm mais de 9,6 milhões de quilómetros quadrados).” A France-Press diz que ela é do tamanho do Texas. A diferença entre um número e outro é enorme! De qualquer modo, mesmo sendo do tamanho do Texas, é mais ou menos do tamanho da França, ou seja, é uma ilha bem grande! Leiam o artigo, no Público, BBC, Live Science, Science Magazine, e artigo científico. Carlos Oliveira
EXOPLANETAS
Maio 2012
Descobertos 3 planetas como a Terra
A Missão Kepler descobriu mais 3 planetas como
nesse tipo de estrelas.
a Terra (em termos de tamanho, massa, tempera-
Aliás, como publicamos aqui: Planetas rochosos à
tura, e superfície rochosa), que podem
volta de anãs vermelhas são muito comuns.
ser habitáveis (diferente de habitados).
Assim, se houver vida no Universo, é mais prová-
As estrelas-mãe são estrelas anãs do tipo M, e são KOI (Kepler Object of Interest). Os seus nomes
vel ela existir nestes sistemas com estrelas-anãs, do que em sistemas com estrelas similares ao Sol.
são KOI 463.01, KOI 812.03, e KOI 854.01
Por fim, refira-se que estes planetas ainda são
Os 3 planetas agora detectados parecem estar
somente candidatos. É preciso ainda haver confir-
naquilo que é designado por “zona habitável” das
mação de que eles realmente se encontram lá.
3 estrelas. Leiam o comunicado da Universidade de Cornell, Saliente-se que a maior parte das estrelas no Uni-
a tradução em português, e o artigo científico.
verso são do tipo M, por isso em termos de probabilidade, é normal que existam mais planetas Página 70
Carlos Oliveira
EXOPLANETAS
Volume 2 Edição 5
Spitzer Detecta Luz Infravermelha de Super-Terra Uma equipa de (55 Cancri-e vista do espaço junto à sua cientistas que estrela hospedeira. Crédito: Space.com inclui BriceOlivier Demory (MIT, primeiro autor), Michael Gillon (Universidade de Liege), Sara Seager (MIT), Bjoern Benneke (MIT), Drake Deming (Universidade de Maryland) e Brian Jackson (Carnegie Institution) disponibilizaram na Internet um artigo no qual dão conta da detecção da emissão infravermelha proveniente do planeta 55 Cancri-e, uma Super-Terra, ou Sub-Neptuno, que orbita a estrela hospedeira em apenas 17.7 horas e cujos trânsitos foram descobertos há sensivelmente um ano. A equipa utilizou o telescópio espacial de infravermelhos Spitzer para observar quatro eclipses secundários do sistema, isto é, ocultações do planeta 55 Cancri-e pela sua estrela hospedeira, no comprimento de onda de 4.5 micrometros. A geometria dos eclipses secundários é representada na figura que se segue. Note-se que imediatamente antes (e imediatamente depois) do eclipse do planeta pela estrela, a face diurna do planeta está quase na totalidade voltada para a Terra. Observações feitas nesses instantes permitem determinar a luminosidade Crédito: Sara Seager, MIT
infravermelha total da estrela e do lado diurno do planeta. Durante a ocultação do planeta, apenas a luminosidade infravermelha da estrela é observada. Subtraindo os dois valores podemos determinar a luminosidade infravermelha do lado diurno do planeta e com isso obter uma boa ideia da temperatura da sua atmosfera. A equipa mediu eclipses secundários com uma profundidades de 131 (+/-28) ppm (partes por milhão) o que se traduz numa temperatura atmosférica de 2360 (+/300) Kelvin! As observações realizadas parecem implicar que o albedo do planeta (a fracção de luz recebida da estrela que ele reflecte para o espaço) é muito baixo. Por outras palavras, visto do espaço, 55 Cancri-e teria uma aparência escura. É também provável que o planeta transfira de forma muito ineficiente o calor acumulado no lado diurno para o seu lado nocturno, dando origem a grandes gradientes de temperatura. Finalmente, a detecção e a medição dos instantes em que ocorreram os eclipses secundários permitiu determinar com mais exactidão a forma da órbita do planeta (a sua excentricidade), anteriormente estimada em 0.25 e que estas observações colocam em apenas 0.06, portanto muito próxima de uma órbita circular (uma excentricidade de 0 corresponde a uma órbita circular). Podem ver o artigo aqui. Luís Lopes
Órbitas com diferentes excentricidades com a posição da estrela (círculo negro) num dos focos. Crédito
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Projecto HEK Descobre Primeiro Planeta em Dados do Kepler
As variações nos instantes de trânsito do KOI872b que levaram à descoberta do planeta KOI872c. Crédito: Southwest Research Institute
O astrofísico David Kipping lidera o projecto HEK (The Hunt for Exomoons with Kepler) que tem como objectivo descobrir luas em torno de planetas detectados pelo telescópio Kepler usando variantes das técnicas TTV (Transit Timming Variations – Variações nos Instantes de Trânsito) e TDV (Transit Duration Variation – Variação na Duração dos Trânsitos). Em grande parte estas variantes foram desenvolvidas por Kipping durante o seu doutoramento no University College em Londres.
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O projecto acaba de publicar a sua primeira descoberta na revista Science e, apesar de não se tratar de uma exo-lua, é notável. O artigo, cujo primeiro autor é David Nesvorny, do Southwest Research Institute no Colorado, um dos membros da equipa do HEK, descreve a detecção de um novo planeta, possivelmente dois, em torno da estrela KOI-872. Trata-se de uma estrela menos maciça (90% da massa), mais pequena (95% do raio), mais rica em metais (2.5 vezes) e mais evoluída do que o Sol, situada a cerca de 2700 anos-
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luz. A análise das curvas de luz da KOI-872 obtidas pelo Kepler tinha já permitido a descoberta dos trânsitos do KOI872b, um planeta gigante com uma massa de 0.8Mj (Mj = massa de Júpiter) que a orbita com uma periodicidade de 33.6 dias. Mas havia algo de estranho nos dados. O KOI-872b realizava trânsitos umas vezes antes, outras vezes depois, do instante previsto. A amplitude máxima destes atrasos e avanços atingia as 2
Os planetas KOI-872b e KOI-872c em órbita da sua estrela hospedeira. Crédito: Southwest Research Institute
horas. Nesvorny e os colegas
dias, portanto numa órbita exterior à de KOI-
escapado à pipeline de software desenvolvida pela equipa da missão Kepler e que tinha detectado o KOI-872b. A profundidade dos trânsitos da Super-Terra é bastante menor do que a dos trânsitos do KOI-872b e o software poderá ter sido ludibriado pelas variações nos instantes de trânsito que descrevemos. Esta descoberta põe em evidência o poder dos
872b. Este planeta não realiza trânsitos porque a
dados recolhidos pelo Kepler, quando combina-
sua órbita está ligeiramente mais inclinada do que
dos com técnicas baseadas na análise da dinâmica
a do KOI-872b vista da Terra.
dos sistemas, para a detecção de mais planetas e
analisaram a dinâmica do sistema através de um simulador em computador e demonstraram que o efeito é devido a um outro planeta no sistema, agora designado de KOI-872c, com 0.37Mj (Saturno = 0.3Mj) e um período orbital de 57.0
Mas os dados do Kepler reservavam mais surpresas. A equipa reconheceu um outro sinal devido aos trânsitos de um terceiro planeta no sistema, uma Super-Terra com 1.7Rt (Rt = raio da Terra) e um período orbital de 6.8 dias. Este planeta tinha Página 73
determinação das suas características. Podem ver a notícia original aqui e o resumo do artigo na revista Science aqui. Luís Lopes
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FINESSE No âmbito do “Explorers Program” da NASA, o Jet Propulsion Laboratory (JPL) está a propor uma missão muito importante para o estudo de exoplanetas – o observatório Fast Infrared Exoplanet Spectroscopy Survey Explorer (FINESSE). Depois de lançado em 2016, e durante 2 anos, a Imagem simulada do observatório FINESSE em órbita terrestre. Crédito: JPL/NASA missão propõe-se observar mais de 200
As diferentes vistas da atmosfera proporcionadas pelo movimento orbital de um exoplaneta que realiza trânsitos. Em cada um destes pontos pode obter-se muita informação sobre a atmosfera do exoplaneta analisando o seu espectro no infravermelho entre os 0.7 e os 5.0 micrómetros, uma gama de comprimentos de onda em que moléculas como a água, o metano, o monóxido de carbono, e o dióxido de carbono têm bandas de absorção importantes. Crédito: JPL/NASA Página 74
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As componentes do observatório FINESSE. Crédito: JPL/NASA
exoplanetas que realizam trânsitos, no infravermelho entre os 0.7 e os 5.0 micrómetros, com um espectrógrafo muito estável e preciso. Cada exoplaneta será observado em diversos pontos da sua órbita em torno da respectiva estrela hospedeira. Os espectros obtidos ajudarão a identificar as espécies químicas que compõem a atmosfera do exoplaneta, temperaturas, pressões, camadas de inversão e padrões de circulação atmosférica. Um estudo tão detalhado realizado para tantos exoplanetas permitirá ter uma noção mais clara da variedade de planetas que orbitam as estrelas na vizinhança solar. O observatório consiste num telescópio de 75cm de abertura acoplado a um espectrógrafo, um sistema de guiagem para manter o telescópio apontado para as estrelas alvo, e as componentes electrónicas necessárias à sua operação, armazenamento e transmissão de dados e recepção de comandos. Os instrumentos serão refrigerados Página 75
através de um sistema criogénico para garantir a sua estabilidade térmica e aumentar a sua sensibilidade. Note-se que, se não fossem refrigerados desta forma, os instrumentos do observatório emitiriam radiação infravermelha (calor) suficiente para abafar o sinal débil das atmosferas dos exoplanetas. O FINESSE será colocado numa órbita polar a uma altitude de 570 quilómetros que lhe permitirá manter os painéis solares virados para o Sol enquanto o telescópio se mantém virado para regiões do céu observáveis (longe do brilho do Sol, da Terra e da Lua). No seu desenho mais básico o observatório não terá um sistema de propulsão próprio pelo que, depois de colocado em órbita, não poderá fazer afinamentos de trajectória. Podem ver mais informação sobre a missão aqui. Luís Lopes
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ULA lança AEHF -2 Após um adiamento de 24 horas devido a problemas técnicos, o foguetão AtlasV/531 (AV-031) colocou em órbita o satélite de comunicações militares AEHF-2. O lançamento teve lugar às 1842:00,219UTC do dia 4 de Maio de 2012 e foi levado a cabo desde o Complexo de Lançamento LC41 do Cabo Canaveral AFS, Florida. O primeiro satélite desta série havia sido colocado em órbita a 14 de Agosto de 2010. O satélite separou-se do estágio Centaur pelas 1934UTC. O AEHF-2 deverá receber a designação USA-235. O sistema AEHF é um serviço conjunto de comunicações por satélite que irá proporcionar comunicações globais, seguras, protegidas e resistentes às interferências para as os meios militares de alta prioridade. Estes satélites irão permitir ao Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos a ao UCC (Unified Combatent Commanders) um controlo das suas forças tácticas e estratégicas a todos os níveis de conflito através da guerra nuclear geral e apoiar na obtenção da superioridade na informação. O sistema AEHF é o seguidor do sistema Milstar, aumentando e melhorando as capacidades deste, e expandindo a arquitectura MCSW. Irá proporcionar conectividade ao longo de todo o espectro das áreas das missões, incluindo a guerra terrestre, aérea e naval; operações especiais; operações nucleares estratégicas; defesa estratégica; teatro de defesa de mísseis; e operações espaciais e inteligência. Inicialmente previsto para ter seis satélites, o sistema AEHF terá quatro satélites na órbita geossíncrona que irão proporcionar 10 vezes mais cobertura em relação aos satélites Milstar com um aumento substancial na cobertura para os utilizadores norte-americanos. O sistema AEHF é composto por três segmentos: espacial (os satélites), solo (controlo de missão e ligações de comuPágina 76
nicações associadas), e terminais (os utilizadores). Os segmentos irão fornecer comunicações num conjunto especial de dados desde 75 bps até cerca de 8Mbps. O segmento espacial consiste de uma constelação inter-ligada de quatro satélites. O segmento de controlo de missão controla os satélites em órbita, monitoriza o seu estado, e fornece a monitorização e planeamento do sistema de comunicações. Este segmento é extremamente resistente, tendo tanto estações de controlo móveis como fixas. Os sistemas de comunicação com os satélites e entre os satélites operam em frequências extremamente elevadas (EHF) enquanto que as comunicações com o solo operam em frequências super elevadas (SHF). O segmento de terminais inclui terminais fixos e móveis, terminais em embarcações e submarinos, e terminais no ar utilizados por todos os serviços e parceiros internacionais (Canadá, Holanda e Reino Unido). Com uma massa de 6.168 kg, os satélites AEHF são baseados no modelo comercial A2100 da Lockheed Martin que inclui um sistema de propulsão eléctrico Hall que é 10 vezes mais eficiente do que os sistemas de bi-propolente convencionais. Os motores removem a excentricidade orbital durante as operações de transferência orbital,
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manutenção orbital e reposicionamento do satélite. A carga a bordo contém sistemas de processamento de sinais de comunicações EHF/SHF. O aumento da cobertura é pro-
porcionado por antenas de dois SHF Downlink Phased Arrays, dois Crosslinks, duas antenas Uplinks/Downlink resistentes às interferências, uma antena Uplink EHF Phased
Array, seis antenas direccionáveis Uplink/Downlink e antenas de cobertura geral para Uplink/ Downlink. Imagem: ULA Rui Barbosa
Novo lançamento orbital da China
A China levou a cabo um novo lançamento orbital ao colocar em órbita o satélite de mapeamento Tianhui-1B. O lançamento teve lugar às 0710:05UTC do dia 6 de Maio de 2012 e foi levado a cabo por um foguetão CZ-2D Chang Zheng2D desde a Plataforma de Lançamento 603 do Complexo de Lançamento LC-43 do Centro de Página 77
Lançamento de Satélites de Jiuquan. O satélite TH-1B Tianhui-1B será utilizado juntamente com o satélite TH-1A Tianhui-1A para o mapeamento em detalhe da superfície terrestre utilizando técnicas esterotopográficas. Rui Barbosa
Maio 2012
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China lança Yaogan-14 e Tiantuo-1 A China levou a cabo um novo lançamento orbital, o terceiro lançamento em menos de duas semanas, colocando em órbita o satélite de observação YG-14 Yaogan Weixing-14 e o pequeno satélite TT-1 Tiantuo1. O lançamento teve lugar às 0706:05UTC do dia 10 de Maio de 2012 e foi levado a cabo por um foguetão CZ-4B Chang Zheng4B a partir do Complexo de Lançamento LC9 do
Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan. O satélite YG-14 Yaogan Weixing-14 é o primeiro de uma nova série de satélite de observação electro-óptica e servirá para a obtenção der imagens detalhadas da superfície terrestre para aplicação militar, no entanto a agência de notícias Xinhua refere que o novo satélite será utilizado para missões de detecção remota com aplicações na agricultura, gestão florestal, etc. O pequeno TT-1 Tiantuo-1 tem uma massa de 9,3 kg e é o primeiro nano-satélite chinês que incorpora as funções de controlo, gestão de energia, transferência de dados e controlo de atitude num único quadro integrado. O satélite irá executar experiências de observação óptica, detecção da intensidade do oxigénio atómico em órbita e recepção de sinais AIS. As suas dimensões são 425 mm x 410 mm x 80 mm. Rui Barbosa
Três novos membros para a Expedição 31 A Rússia levou a cabo o lançamento da missão espacial tripulada Soyuz TMA-04M às 0301:23UTC do dia 15 de Maio de 2012 a partir da Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 ‘Gagarinskiy Start’ . A Soyuz TMA-04M foi colocada em órbita por um foguetão SoyuzFG. Página 78
A bordo da Soyuz TMA-04M seguem Gennadi Ivanovich Padalka (4, Rússia – Comandante da Soyuz TMA-04M; Engenheiro de Voo da Expedição 31 e Comandante da Expedição 32), Sergei Nikolayevich Revin (1, Rússia – Engenheiro de Voo n.º 1 da Soyuz TMA04M e Engenheiro de Voo da Expedição 31/32) e Joseph Michael Acaba (2, Estados Unidos – Engenheiro de Voo n.º 2 da Soyuz TMA-04M e Enge-
nheiro de Voo da Expedição 31/32). A tripulação suplente foi composta por Oleg Viktorovich Novitsky (Rússia), Yevgeni Igorevich Tarelkin (Rússia) e Kevin Anthony Ford (Estados Unidos). A acoplagem com a ISS deverá ter lugar a 16 de Maio. Imagens: Roscosmos Rui Barbosa
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Ariane-5ECA lança dois satélites de comunicações mercial Space Systems e é baseado na plataforma A2100AX. Tinha uma massa de 4528 kg no lançamento e o seu tempo de vida útil é de 15 anos. Transporta 44 repetidores em banda Ku. O Vinasat-2 foi também construído pela Lockheed Martin Commercial Space Systems e é baseado no modelo A2100, tendo uma massa de 2.969 kg no lançamento. Com uma vida útil de 15 anos, o satélite transporta 24 repetidores em banda Ku. Imagem: Arianespace Rui Barbosa
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A sua revista
A missão VA206 da Arianespace foi lançada às 2213UTC do dia 15 de Maio de 2012 transportando dois satélites de comunicações para o Japão e para o Vietname. A terceira missão Página 79
da Arianespace em 2012 decorreu sem problemas e os satélites JCSAT-13 e Vinasat-2 foram colocados nas órbitas respectivas. O JCSAT-13 foi construído pela Lockheed Martin Com-
mensal de astronáutica [clica na imagem para saber mais]
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Último lançamento de um Soyuz-U desde Plesetsk
Este foi o primeiro de uma série de três lançamentos orbitais registados a 17 de Maio num espaço de cinco horas! A Rússia levou a cabo o último lançamento de um foguetão Soyuz-U desde o Cosmódromo de Plesetsk, com estas lançadores a serem ali substituídos pelos foguetões Soyuz-2. A missão teve como objectivo colocar em órbita um novo satélite militar de observação da série Kobalt-M que recebeu a designação Cosmos 2480. O lançamento teve lugar às 1405UTC do dia 17 de Maio de 2012 e foi levado a cabo a partir do Complexo de Lançamento LC16/2. Página 80
Este foi o 435º Soyuz-U a ser lançado desde Plesetsk. Rui Barbosa
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Nimiq-6 em órbita O terceiro lançamento orbital num espaço de cinco horas viu a colocação em órbita de um novo satélite de telecomunicações canadiano. O lançamento do Nimiq-6 teve lugar às 1912:14UTC e foi levado a cabo por um foguetão Proton-M/Briz-M a partir da Plataforma de Lançamento PU24 do Complexo de Lançamen-
tro LC81 do Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão. O Nimiq-6 foi construído pela Space Systems/ Loral e é baseado na plataforma LS1300 tendo uma massa de 4.500 kg. O satélite está equipado com 32 repetidores de banda Ku de alta potência. O seu tempo de vida útil será de 15 anos.
Rui Barbosa
Primeiro lançamento comercial do H-2A Duas horas e meia após o lançamento desde Plesetsk na Rússia, o segundo lançamento previsto para o dia 17 de Maio tinha lugar no Japão. Esta foi a primeira missão comercial do foguetão H-2A ao colocar em órbita quatro satélites. A missão F21 foi lançada às 1639UTC do dia 17 de Maio de 2012 com um foguetão H-2A/202 a colocar em órbita os satélites Shizuku (GCOM-W1), Arirang-3 (Kompsat-3), SDS-4 e Horyu2. O lançamento foi levado a cabo desde a Plataforma LP1 do Complexo de Lançamento Yoshinobu. O satélite Shizuku, ou GCOM-W1, foi desenvolvido pela agência espacial japonesa JAXA e tem como objectivo permitir uma observação em escala global dos parâmetros geofísicos para atestar sobre as alterações globais e mecanismos de circulação. A missão do satélite terá uma duração de 10 a 15 anos. Página 81
O programa GCOM é composto por duas séries de satélites, sendo os satélites GCOM-W para observação das alterações da circulação da água e os satélites GCOM-C para observar as alterações do clima. O satélite Arirang-3, ou Kompsat-3, foi desenvolvido pela agência espacial coreana KARI e tem como objectivo o desenvolvimento e maturação do hardware utilizando tecnologia obtida através do projecto Kompsat1 e Kompsat-2 para assim se conseguir cumprir a demanda da Coreia do Sul de serviços de satélite e formar uma tecnologia ao nível mundial. O pequeno SDS-4 (Small Demonstration Satellite-4) será utilizado para validar várias tecnologias e o satélite Horyu-2 irá testar um sistema de painéis solares de altavoltagem. Ambos os satélites foram desenvolvidos por universidades. Rui Barbosa
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ASTRONÁUTICA
O Dragão irá voar até à ISS voo espacial comercial até à estação espacial internacional. A missão COTS-2+ (ou SpX-D) será lançada às 0855UTC por um foguetão Falcon-9 da SpaceX a partir do Complexo de Lançamento LC40 do Cabo Canaveral AFS. Esta missão pretende cumprir vários objectivos que estavam estabelecidos para as missões COTS-2 e COTS-3.
O dia 19 de Maio de 2012 poderá ser outro dia histórico na conquista do espaço com o primeiro Página 82
Este será o segundo voo orbital de uma cápsula Dragon devendo esta missão acoplar com a ISS três dias mais tarde. Esta missão estava originalmente prevista para levar a cabo um voo de demonstração com uma aproximação até 10 km da ISS. No entanto, a 9 de Dezembro de 2011, a NASA decidiu que a cápsula poderia ser «amarrada» pelo sistema de manipulação remota da ISS e posteriormente acoplada ao módulo Harmony, cumprindo assim também os objectivos de testar a aproximação, voo em formação e modos de abortagem de voo que estavam originalmente previstos para a missão COTS-2. A captura, acoplagem e o transporte de carga não essencial estavam originalmente previstos para a missão COTS-3 (prevista para finais de 2012). Imagem: NASA Rui Barbosa
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ASTRONÁUTICA
Dragon em órbita a caminho da ISS testar a aproximação, voo em formação e modos de abortagem de voo que estavam originalmente previstos para a missão COTS-2. A captura, acoplagem e o transporte de carga não essencial estavam originalmente previstos para a missão COTS-3 (prevista para finais de 2012).
A missão COTS-2+ (ou SpX-D) foi lançada às 0744:34UTC do dia 22 de Maio de 2012 por um foguetão Falcon-9 da SpaceX a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral AFS. Esta missão pretende cumprir vários objectivos que estavam estabelecidos para as missões COTS2 e COTS-3. Esta será a primeira vez que um veículo privado irá acoplar com a estação espacial internacional ao abrigo do programa COTS (Commercial Orbital Transportation System) criado pela NASA para o transporte de carga e mais tarde de astronautas para a estação espacial internacional. Este será o segundo voo orbital de uma cápsula Dragon devendo esta missão acoplar com a ISS três dias mais tarde. Esta missão estava originalmente prevista para levar a cabo um voo de demonstração com uma aproximação até 10 km da ISS. No entanto, a 9 de Dezembro de 2011, a NASA decidiu que a cápsula poderia ser «amarrada» pelo sistema de manipulação remota da ISS e posteriormente acoplada ao módulo Harmony, cumprindo assim também os objectivos de Página 83
A cápsula Dragon é um veículo reutilizável sendo composto por um módulo pressurizado e por um módulo de carga não pressurizado. O veículo tem 4,40 metros de comprimento e 3,66 metros de diâmetro. A secção de carga não pressurizada tem um comprimento de 2,80 metros e 3,66 metros de diâmetro. Com os painéis solares abertos o veículo tem uma envergadura de 16,50 metros. O lançamento decorreu sem qualquer problemas. O final da queima do primeiro estágio ocorreu em duas fases com os motores n.º 1 e 9 a desligaramse em primeiro lugar, seguindo-se os restantes. A separação entre o 1º e o 2º estágio ocorreu a T+3m 5s. A ignição do 2º estágio ocorreu a T+3m 12s e a separação da carenagem de protecção teve lugar a T+3m 52s. O final da queima do segundo estágio teve lugar a T+9m 14s e a separação da cápsula Dragon ocorreu a T+9m 49s. Os painéis solares abriram-se segundos mais tarde. Após a separação a cápsula Dragon ficou colocada numa órbita com um apogeu a 346 km, perigeu a 297 km e 51,6º de inclinação orbital. Imagem: NASATV Rui Barbosa
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Dragon – Dia histórico na ISS “Agarramos um Dragão pela cauda!”, foi desta forma que Donald Petti anunciou que o sistema de manipulação remota da ISS, o Canadarm2, havia capturado o veículo de carga Dragon da SpaceX. Lançado a 22 de Maio de 2012 pelo foguetão Falcon-9 v1.0 (F-3) para a missão COTS 2+, a Dragon foi cumprindo todos os objectivos da missão até este dia. Só desta forma a NASA autorizaria a sua aproximação à estação espacial e sua posterior captura. A captura teve lugar pelas 1356UTC do dia 25 de Maio e a SpaceX tornava-se assim na primeira empresa privada a fazer chegar um veículo comercial privado à estação espacial internacional. A captura deu-se aos 3 dias 6 horas 11 minu-
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tos e 33 segundos de voo. Após a captura, a Dragon deveria ser «ancorada» ao módulo Harmony. Tal como o veículo de carga japonês HTV ‘Hounotori’, a Dragon não tem uma capacidade de acoplagem autónoma e como tal tem de ser capturada pelo braço robot da ISS e posteriormente ancorada à estação. O processo de ancoragem realizou-se duas horas mais tarde e em duas fases. A primeira fase viu o Canadarm2 aproximar a cápsula até junto do porto de ancoragem no módulo Harmony, terminando às 1552UTC. A Dragon ficaria fixamente ligada à estação espacial às 1603UTC do dia 25 de Maio de 2012 quando estavam decorridos 3 dias 8 horas e 18 minutos de voo. Imagem: NASATV Rui Barbosa
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China lança satélite de comunicações militar Shentong é composta por satélites de comunicações militares em órbita geostacionária e utilizam serviços de banda Ku. A primeira série era baseada no modelo DFH-3 (Dongfanghong3) enquanto que a segunda série é baseado no modelo DFH-4, ambos desenvolvidos pela Academia de Tecnologia Espacial da China.
A China levou a cabo o seu 8º lançamento orbital em 2012 colocando em órbita o satélite de comunicações militar ZX-2A Zhongxing-2A. O lançamento teve lugar às 1556:04UTC do dia 26 de Maio de 2012 e foi levado a cabo por um foguetão Chang Zheng-3B/E a partir do Complexo de Lançamento LC2 do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, província de Sichuan. O ZX-2A é o primeiro satélite da segunda geração de veículos ST-2 Shentong-2. A série
Rui Barbosa
A China não pára Um novo lançamento orbital da China vem fechar este mês de Maio que registou 11 lançamentos orbitais bem sucedidos. Temos de recuar até 1988 para encontrar um mês de maio com mais lançamentos (12) do que aqueles que foram executados este ano em Maio. O lançamento do satélite Yaogan Weixing-15 teve lugar às 0731:05UTC do dia 29 de Maio de 2012 e Página 85
foi realizado por um foguetão Chang Zheng-4C a partir do Complexo de Lançamento LC9 do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan. O YG-15 é descrito pelas auto-
ridades chinesas como um satélite de detecção remota que será utilizado para melhor vários aspectos económicos da China. No entanto, esta designação tem sido utilizada para encobrir o verdadeiro objectivo militar destes satélites e o YG15 poderá ser um satélite de reconhecimento equipado com um radar SAR. Este foi o 9º lançamento orbital da China em 2012 igualando assim a Rússia em número de lançamentos orbitais (Rússia – 9; China – 9; EUA – 4; Arianespace – 3; Irão – 1; Índia – 1; Japão – 1; SpaceX – 1). Rui Barbosa
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3 milhões de visitas Este blog começou a laborar a 21 de Abril de 2007. Entramos timidamente, com poucos posts e poucos leitores. Tal como previmos, fomos crescendo devagar, gradualmente. Ao fim de 3 anos e 7 meses, em Novembro de 2010, atingimos 1 milhão de visitas e estávamos a ter uma média de 60.000 visitas mensais. Somente 10 meses depois disso,
ao fim de 4 anos e 4 meses, atingimos 2 milhões de visitas.
visitas mensais. - e atingimos 3 milhões de visitas.
Somente 8 meses depois disso, ao fim de 5 anos desde que começou o blog: - temos uma “biblioteca” considerável de notícias astronómicas, com quase 7000 posts em mais de 200 categorias; - estamos a ter uma média superior a 100.000
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Carlos Oliveira
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