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Volume 2 Edição 6

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astroPT magazine


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Trânsito de Vénus: entre a ciência e a beleza Ainda agora se iniciou o trânsito de Vénus e já temos direito a fantásticos testemunhos deste acontecimento raro e, pelo que já testemunhamos, belo. A equipa da Solar Dynamics Observatory já nos deixou fantásticas imagens deste trânsito que ficarão, com certeza, para a história. A equipa da Solar Dynamics Observatory (SDO), da NASA, está a fazer um acompanhamento profundo e constante deste trânsito, aplicando todos os seus instrumentos de acompanhamento da “meteorologia” solar para aprender um pouco mais sobre a leitura fotométrica dos trânsitos sobre a estrela, confirmando, também, informação da atmosfera de Vénus. Apesar de poder aprender mais sobre a nossa, ainda misteriosa estrela, este trânsito servirá para ajustar os ins-

Ponto Negro A APOD de hoje traz uma imagem, feita por Chris Hetlage, na Geórgia, EUA, do recente trânsito de Vénus. Carlos Oliveira

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trumentos da SDO. Mas há beleza na ciência. Assim o provam as primeiras imagens da SDO. [NR: Ler artigo completo e ver vídeos aqui] Pedro Garcia


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Trânsito de Vénus visto pelo Proba-2 Primeiro contacto de Vénus com o disco solar visto pelo Proba-2. Crédito: ESA.

O trânsito de Vénus visto pelo Proba-2 pouco menos de uma hora após o primeiro contacto. Crédito: ESA.

Estão a chegar magníficas imagens do trânsito de Vénus de todos os cantos do mundo… e também da órbita terrestre. A ESA publicou há pouco estas duas belíssimas imagens obtidas pelo seu obser-

vatório espacial Proba-2. Sérgio Paulino

Morreu Ray Bradbury Um dos mestres da ficção científica (autor de, por exemplo, Fahrenheit 451 e Crónicas Marcianas), morreu ontem, dia 5 de Junho de 2012. Ray Bradbury tinha 91 anos. Carlos Oliveira

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James Cook e o trânsito de Vénus estimava que metade da sua tripulação viesse a Aproximadamente a cada ~ perecer. 120 anos há uma mancha que desliza através do sol. PequeVale a pena o risco, calculou, na, suja de tinta preta, quase para observar um trânsito de perfeitamente circular, não é Vénus. uma mancha solar comum. “Às 2 da tarde velejamos e saíNem todos a podem ver, mas mos para o mar com 94 pesos que a conseguiram ver ficasoas a bordo,” observou Cook ram presos numa estranha no seu diário de bordo. O sensação, tendo ficado especajovem naturalista a bordo do dos, de pé, com os dedos enronavio, Joseph Banks, era mais lados na areia húmida, nas Endeavour. Crédito: HMB Endeavour Foundaromântico: “Tirámos a nossa praias duma ilha do Pacífico tion licença da Europa, não sabeSul… mos por quanto tempo, talvez Os odores da cidade de Plymouth empestavam para sempre”, escreveu ele. A sua missão era chetodo o navio, afastando o ar salgado. As gaivotas gar ao Taiti antes de Junho de 1769, estabelecervoavam por cima, guinchando, enquanto as velas se entre os habitantes da ilha, e construir um enfunavam as barrigas. O vento tinha mudado e observatório astronómico. Cook e sua tripulação era hora de levantar ferro e zarpar. observariam Vénus deslizando em toda a face do Sol, e ao fazê-lo mediriam o tamanho do sistema A 12 de Agosto de 1768, o lugre de Sua Majestade solar. Ou assim esperava a Academia Real de Endeavour largou do porto, com o tenente James Inglaterra, que patrocinou a viagem. Cook ao comando, com destino ao Taiti. A ilha fora “descoberta” pelos europeus apenas um ano antes no Pacífico Sul, e ficava numa parte da Terra tão mal explorada que os cartógrafos não conseguiam chegar a um consenso para decidirem se lá havia um continente gigante ou não. Cook bem que poderia estar a ir para a Lua ou para Marte. Teria que rumar por milhares e milhares de milhas de alto-mar, sem nada sequer parecido com um GPS ou mesmo com um relógio de pulso para manter o tempo controlado para a navegação, afim de encontrar um grão de terra com apenas 20 quilómetros de diâmetro. Pelo caminho, tempestades perigosas podiam materializar-se sem aviso. Formas de vida desconhecidas esperavam nas águas do oceano. Cook Página 4

O tamanho do sistema solar foi um dos principais enigmas da ciência do século XVIII, tanto quanto a natureza da matéria escura e da energia escura o são hoje. Os astrónomos do seu tempo sabiam que seis planetas orbitavam o Sol (Úrano, Neptuno e Plutão não tinham sido descobertos até ao momento), e conheciam as distâncias relativas entre esses planetas. Júpiter, por exemplo, é 5 vezes mais distante do Sol do que a Terra. Mas a que distância corresponde esse ponto… em milhas? As distâncias absolutas eram desconhecidas. Vénus foi a chave. Edmund Halley percebeu isso em 1716. Visto a partir da Terra, Vénus ocasionalmente atravessa a face do sol. Parece um disco muito escuro deslizando lentamente entre as verdadeiras manchas solares. Observando o


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início e o fim do trânsito de Vénus a partir de locais largamente espaçados na Terra, calculou Halley, os astrónomos poderiam calcular a distância até Vénus usando os princípios da paralaxe. A escala do resto do sistema solar viria a seguir. Mas havia um problema. Os trânsitos de Vénus são raros. Eles vêm em pares, a 8 anos de distância, separados por aproximadamente 120 anos. O próprio Halley nunca viveria para ver um. Uma equipa internacional tentou cronometrar um tempo de um trânsito de Vénus em 1761, mas factores climáticos e outros factores estragaram a maioria dos seus dados. Se Cook e outros falhassem em 1769, todos os astrónomos da Terra estariam mortos antes da próxima oportunidade, em 1874. A expedição de Cook é muitas vezes comparada a uma missão espacial. “O Endeavour não era apenas uma viagem de descoberta”, escreve Tony Horwitz no diário de viagens de Cook “Latitudes Azuis”, “foi também um laboratório para testar as últimas teorias e tecnologias, assim como as naves espaciais o são hoje.” Em particular, a tripulação do Endeavour estava a ser usada como cobaias na luta da Marinha contra “o flagelo do mar” – o escorbuto. O corpo humano pode armazenar apenas um valor de aproximadamente 6 semanas de vitamina C, e, quando esta se esgota, os marinheiros sofrem de lassidão, e de gengivas apodrecidas, com hemorragias. Alguns navios do século 18 perderam metade da sua tripulação para o escorbuto. Cook forneceu uma variedade de alimentos experimentais a bordo, alimentando a sua tripulação com escolhas como a chucrute e a erva-de-malte. Qualquer um que recusasse a tarefa seria chicoteado. Na verdade, Cook açoitou um em cada cinco de seus tripulantes, em média, naqueles dias, de acordo com Horwitz. Quando Cook chegou ao Taiti em 1769, já tinha navegado para Oeste durante 8 meses – quase tanto tempo quanto os astronautas modernos poderão levar a caminho de Marte. Perderam-se cinco tripulantes quando o navio dobrou o tempestuoso Cabo Horn, e houve ainda um marinheiro que, desesPágina 5

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perado, se lançou ao mar durante a passagem do Pacífico de 10 semanas que se seguiu. O Imagem de Cook. Crédito: Nathanial Dance / National Library of Australia Endeavour era totalmente vulnerável, quando aproou rumo ao Tahiti. Não houve contacto com o “Controle da Missão”, não haviam imagens de satélites meteorológicos para avisar das tempestades que se aproximavam, estava sem ajuda de qualquer espécie. Cook orientava a navegação usando ampulhetas e cordas com nós (1 nó = 1 milha náutica, n.t.) para medir por odómetria a velocidade do navio, e um sextante e um almanaque para calcular a posição do Endeavour pelas estrelas. Foi complicado e perigoso. Admiravelmente, chegaram quase intactos a 13 de Abril de 1769, quase dois meses antes do trânsito. “Neste momento tínhamos muito poucos homens na lista de doentes… a tripulação do navio estava em geral muito saudável, graças sobretudo às chucrutes”, escreveu Cook. Taiti era tão estranho para os homens de Cook como Marte pode parecer hoje para nós. Pelo menos a ilha era confortável e bem provisio-

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nada para a vida humana; os habitantes da ilha eram amigáveis e até se mostravam ansiosos por comerciarem com os homens de Cook. Banks considerou-a “a mais genuína imagem duma arcádia (idílica e pacífica)… que a imaginação pode conceber.” No entanto, a flora, fauna, costumes e hábitos de Taiti eram surpreendentemente diferentes dos de Inglaterra; a tripulação do Endeavour estava absorvida, espantada. Talvez seja por isso mesmo que Cook e Banks tenham tão pouco a dizer sobre o trânsito quando este finalmente aconteceu a 3 de Junho de 1769. O pequeno disco negro de Vénus, que só podia ser visto deslizando pelo sol ofuscante através de telescópios especiais trazidos de Inglaterra, tinha um rival poderoso: Taiti.

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do Planeta que muito perturbou a tomada dos tempos dos contactos, em particular os dois internos”. Cook também observou o “efeito de gota negra”. Quando Vénus está perto do contorno do disco do sol – no momento crítico para o tempo de trânsito – o negro do espaço, para além duma parte do Sol, parecem chegar e tocar o planeta. Isto torna muito difícil dizer

A entrada de Banks no diário de bordo no dia do trânsito consiste em 622 palavras; menos de 100 respeitam a Vénus. Narrou sobretudo um pequeno-almoço tipo reunião de trabalho com Tarróa, o Rei da Ilha, e com a irmã de Tarróa, Nuna, e no final do dia, uma visita de “três mulheres bonitas.” De Vénus, ele diz, “fui ter com os meus companheiros para o observatório acompanhado por Tarróa, Nuna e alguns dos seus principais assistentes. Para eles, nós tínhamos colocado o planeta como uma hóstia sobre o Sol e isso na sua compreensão explicava porque viemos de propósito para vê-lo. Depois, eles regressaram e eu com eles. ” Ponto final. Se o rei ou o próprio Banks ficaram impressionados, nunca Banks assim o disse. Cook foi um pouco mais expansivo: “Este dia revelou-se tão favorável para o nosso propósito como poderíamos desejar. Não se via uma nuvem… e o ar estava perfeitamente claro, de modo que dispúnhamos de todas as vantagens que poderíamos desejar na nossa observação de toda a passagem do planeta Vénus sobre o disco Solar: nós vimos muito distintamente uma atmosfera ou sombra escura redonda do corpo

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Desenhos feitos por James Cook do trânsito de Vénus em 1769

precisamente quando o trânsito começa ou termina. O efeito não foi totalmente compreendido até 1999, quando uma equipa de astrónomos liderada por Glenn Schneider, da Universidade do Arizona estudaram uma queda de gota preta similar durante um trânsito de Mercúrio. Provaram (através de observações feitas pelo TRACE a 15 de Novembro de 1999. Glenn Schneider, Jay M. Pasachoff, e Leon Golub, Icarus,


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168 (2004), 249-256) que a distorção é causada por uma conjugação de escurecimento provocada pelo contorno solar e pela função do ponto de propagação do telescópio. As observações de Cook foram claramente afectadas. Na verdade, as suas medições discordavam das do astrónomo de bordo Charles Green, que observou o trânsito ao lado de Cook, e numa diferença que ia até aos 42 segundos. Este era um problema para os observadores noutros lugares também. Quando tudo foi dito e feito, as observações do trânsito de Vénus de 1769 em 76 pontos ao redor do globo, incluindo as de Cook, não eram precisas o suficiente para definir a escala do sistema solar. Os astrónomos não o conseguiram até ao século 19, quando usaram a fotografia para registar o próximo par de trânsitos. Cook não se iria debruçar sobre estes assuntos, e por ali não havia muito mais a explorar ou que fazer. Recebera ordens secretas da Marinha a instruí-lo para deixar a ilha quando o trânsito fosse registado e que “procurasse entre o Taiti e a Nova Zelândia por um continente ou terra de grande extensão.” Para o Endeavour e a sua tripulação, grande parte do próximo ano passar-se-ia a vasculharem o Pacífico Sul, em busca dum continente que alguns cientistas do século 18 diziam ser necessário para equilibrar as grandes massas de terra do hemisfério norte. A certa altura chegaram a estar afastados de terra firme por quase dois meses. Mas a terra australis incognita, a desconhecida “terra do sul,” não existia, assim como Cook sempre o pensara. Ao longo do caminho, Cook encontrou os temíveis Maoris da Nova Zelândia e os aborígenes da Austrália (encontros que ambas as raças lamentariam em anos posteriores), explorou milhares de milhas de costa dos Kiwis e dos Cangurus, e teve uma colisão quase desastrosa com a Grande Barreira de Coral. Mais tarde, durante uma paragem de 10 semanas em Jacarta para reparações, sete marinheiros morreram de malária. A cidade portuária era densamente povoada por pessoas e por doenças. Página 7

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Cook deixou-a o mais rápido possível, mas o estrago estava feito. Em última análise, 38 da expedição original do Endeavour (e 8 que aderiram mais tarde) morreram, incluindo o astrónomo Charles Green. “A taxa de vítimas – de 40% – do navio, não foi considerada extraordinária para a época”, escreve Horwitz. “Na verdade, Cook viria a ser aclamado pela preocupação excepcional que demonstrou pela saúde da sua tripulação.” A 11 de Julho de 1771, Cook retornou para a Inglaterra onde chegou à cidade marítima histórica de Deal. Os sobreviventes tinham circumnavegado o mundo, catalogado milhares de espécies de plantas, insectos e outros animais, encontrado novas raças (para eles) de pessoas, e tinham andado à caça de continentes gigantes. Foi uma aventura épica. No final, o trânsito era apenas uma pequena fatia de aventura de Cook, ofuscado pelo Taiti e sabotado pelas gotas negras. Mas, por causa da viagem, Cook e Vénus estão ligados. Na verdade, pode-se dizer que a melhor razão para assistir a um trânsito de Vénus é a história. Decida por si mesmo. Em Junho 5-6, 2012, Vénus irá atravessar novamente a face do Sol. O evento será transmitido na web, e será alvo de inúmeros telescópios portáteis. Dito por outras palavras, não pode perdê-lo. Olhe para o disco manchado de tinta preta. Ele pode leva-lo de volta para uma hora e um lugar diferentes: Taiti, 1769, quando grande parte da Terra ainda era um mistério e o olho no telescópio pertencia a um grande explorador. Consegue sentir a areia entre os dedos dos pés? Manel Rosa Martins


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Pirâmide da Vida O nível mais baixo define-se pela Sobrevivência. É o que se chama de “viver para sobreviver”. Nada mais. É o nível geral da sociedade humana, e para onde o status quo (a diferença de classes) nos empurra. É um nível da chamada Idade das Trevas, onde as crenças pessoais estão acima de qualquer facto, onde as queixas estão acima de fazer algo para melhorar, onde as pessoas vivem fechadas em si próprias. É o nível mais animalesco, mais irracional, mais pseudo. O nível seguinte define-se pela obsessão pela segurança. A pessoa acomoda-se à vida, porque privilegia Página 8

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a segurança, aquilo que conhece. A pessoa só está preocupada com a segurança: da sua vida, do seu emprego, da sua família, etc. A mente continua fechada, amarrada, com medo. O terceiro nível define-se por uma abertura ao outro, abertura ao exterior. A pessoa passa a arriscar, a abrir-se ao outro, neste caso a tentar compreender e amar o outro. A pessoa percebe que fechada em si mesma, não lhe servirá de nada para viver. Por isso, arrisca abrir a mente a experiências externas a si própria. O quarto nível define-se pela confiança da pessoa em si própria e pelo respeito pelos outros. Após ter uma boa compreensão de si própria e uma boa compreensão dos outros, a auto-


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estima e o respeito, com uma avaliação objectiva, são inevitáveis. Existe um reconhecimento objectivo das nossas capacidades e das capacidades dos outros (e das incapacidades também, sem menosprezo por nós ou pelos outros). Como nos diz Maslow, desequilíbrios psicológicos, como a depressão, não nos deixam chegar a este nível. A auto-estima e o respeito pelos outros são assim dois excelentes atributos sociais de quem já subiu na pirâmide da vida. Competência é provavelmente a palavra mais importante neste nível. O reconhecimento objectivo da competência em si próprio e nos outros.

Giovanni Cassini A 8 de Junho de 1625 nasceu o astrónomo Giovanni Cassini. Faz hoje 387 anos. Cassini foi professor de astronomia na Universidade de Bolonha, foi director do Observatório de Paris, observou pela 1ª vez 4 luas de Saturno, descobriu a divisão nos anéis do planeta Saturno, partilha o crédito da descoberta da Grande Mancha Vermelha de Júpiter, descobriu a rotação do planeta Júpiter (pela sua atmosfera), partilha a descoberta da distância da Terra a Marte que permitiu uma melhor estimativa das dimensões do sistema solar (na altura), etc, etc, etc. Qualquer uma destas contribuições para o conhecimento humano já o tornaria como cientista de pleno direito. Qualquer uma destas contribuições, já o distingue dos ignorantes pseudos que pululam pela internet, que nada descobrem e que só mentem. Como qualquer cientista, Cassini não estava correcto em tudo, sobretudo quando se deixava levar pelas suas crenças pessoais. Por exemplo, Cassini acreditava na mentira da astrologia e acreditava no geocentrismo. Página 9

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No topo está o nível dos sonhos, ou melhor, do fazer pela concretização desses sonhos. Aqui é onde tentamos concretizar na prática todo o nosso potencial. Neste nível, a criatividade é essencial, e o conhecimento dos assuntos é crucial, de modo a aceitar-se factos científicos e solucionar-se os problemas da vida. Neste nível privilegia-se a mudança e não a estagnação. É um nível de constante aprendizagem. O topo da pirâmide da vida passa pela scientia, ou seja, pelo conhecimento dessa vida Carlos Oliveira

Como sempre, quando as crenças pessoais se sobrepõem à realidade do Universo, invariavelmente as crenças estão erradas, e o conhecimento do Universo ganha sempre. Devido a todas as importantes contribuições que Cassini deu para a astronomia, nomeadamente para o conhecimento do sistema de Saturno, a sonda que temos neste momento “in loco” a estudar Saturno e as suas luas, chama-se Cassini. Carlos Oliveira PUB


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Perigo de Asteróides

Devido à passagem do asteróide 2012 LZ1 pelas proximidades da Terra, tive uma sessão bastante interessante de perguntas-respostas no Facebook, sobre estes eventos. A inteligência dos leigos nos assuntos vê-se nestas coisas: quando não sabem, perguntam aos especialistas nesse assunto. E todos nós somos leigos em milhares de assuntos. Daí que esta estratégia de fazer perguntas é a única atitude racional, inteligente, se quisermos saber mais desses assuntos. Veja-se bem a diferença disto para os vigaristas, que nada entendendo dos assuntos, também não querem entender, tomando a atitude de irem para os Página 10

seus blogs pessoais afirmarem o maior número de disparates para enganarem os acéfalos que os lêem. Deixem-me colocar aqui um resumo dessa sessão de perguntas-respostas já que alguns dos nossos leitores poderão também ter algumas destas dúvidas. Pergunta: o evento foi uma surpresa? Resposta: o asteróide foi descoberto há 4 dias. Entretanto perdeu-se tempo a fazer contas para se compreender a trajectória. Por isso, pegou toda a gente de surpresa. E é uma surpresa meio desagra-


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dável, porque ele é grande, e é surpreendente até que não se tenha detectado antes… Pergunta: então estamos mesmo cegos e sujeitos a surpresas? Resposta: Sim e não. Já temos conhecimento de imensos asteróides, por isso não estamos totalmente cegos. Por outro lado, sabemos que surpresas destas podem acontecer. Sabemos isto pela ciência, pelas observações, e pela matemática. Por isso, os cientistas sabem disto. Aliás, temos colocado algumas notícias destas, como este meteoro na Indonésia. Nada disto é escondido, como os vigaristas querem fazer crer. Pelo contrário, a informação, o conhecimento é divulgado para toda a gente que quiser aprender. É importante também perceber que tudo isto é estudado pelos cientistas, nunca pelos ignorantes pseudos que só vigarizam as pessoas e nada estudam. Pergunta: mas pode haver conhecimento que não é divulgado? Resposta: claro. Qualquer pessoa individual tem segredos. Porque razão as empresas também não poderão ter? No entanto, quem acredita que a NASA esconde informações sobre asteróides, nem sequer sabe que o verdadeiro perigo não está nos asteróides que a NASA detecte, nem sequer tem noção que muitos asteróides são detectados por astrónomos (incluindo astrónomos amadores) por todo o mundo (e não pela NASA). Pergunta: e se ele estivesse em rota de colisão com a Terra, faria muitos estragos? Resposta: este asteróide tem 500 metros. O que provocou os estragos em Tunguska tinha 50 metros. O que extinguiu os dinossauros e 75% da vida na Terra tinha pelo menos 10 kms. Este asteróide de hoje acabaria certamente com um país ou vários países. Seria uma tragédia compa-

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rável à que extinguiu a cultura Clovis. Certamente que milhões de humanos já não chegariam ao Verão… Pergunta: se fosse o caso de colisão, com 4 dias, seríamos avisados? Daria pelo menos para fazer uma despedida com muita cerveja! Resposta: o aviso seria certamente feito, sobretudo se houvesse tempo para uma evacuação em massa dos países que os cientistas calculassem que o asteróide fosse bater. Mas muito provavelmente ficaria muita vida para trás (animais e plantas). Seria uma tragédia sem precedentes. Pergunta: E todos esses asteróides que passam próximos da Terra, eles deixam algo para nós, por exemplo, que atravesse a atmosfera? Resposta: Não. A não ser que passe pela órbita da Terra, e aí temos as chuvas de meteoros todos os anos na mesma data. Pergunta: os asteróides são sempre negativos? Resposta: Não. Numa perspectiva positiva, podem também ter sido eles a trazer os constituintes básicos da vida para a Terra… ou quiçá mesmo a vida bacteriana. Além disso, se não fossem eles a extinguir os dinossauros, etc, os mamíferos não se tinham desenvolvido. Ou seja, estamos cá devido a eles também. Pergunta: há algum asteróide previsto para embater na Terra? Resposta: Não, mas o asteróide Apophis, que tem 270 metros, pode bater cá em 2036. Só no ano 2029 se poderá ter a certeza se o Apophis irá colidir com a Terra ou não. Pergunta: este é o maior perigo para os próximos anos? Resposta: Não. O maior perigo não são os asteróides conhecidos, mas sim os desconhecidos, como expliquei neste artigo Carlos Oliveira


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Einstein, o misterioso gênio Mais de cem anos depois de assombrar o mundo com a Teoria da Relatividade, Albert Einstein ainda é um mistério à humanidade. Alguns de seus trabalhos são essenciais para diversas áreas, entre as quais física e astronomia; outros ainda permanecem como quebracabeças para cientistas, que tentam provar a eficiência dessas teses através de estudos e experimentos. E, tanto quanto os teoremas, a personalidade de Einstein é capaz de despertar curiosidade mesmo após 57 anos da morte do físico – ocorrida a 18 de abril de 1955, em Princeton, Estados Unidos. Cabeleira branca, barba por fazer e trajes simples. Abrigado em uma das aparências mais conhecidas da humanidade se escondia um sujeito que classificava de modo curioso o pensamento e a busca por soluções. Nascido em 1879, em Ulm, cidade alemã de apenas 99 mil habitantes, Albert teve uma infância conturbada. As dificuldades para aprender a falar fizeram com que seus pais, Hermann e Pauline, desconfiassem que o futuro gênio tivesse problemas mentais. Depois, em Munique – onde a família fora tentar a sorte na criação de uma fábrica de equipamentos elétricos, Einstein se revelou em uma criança introvertida. Parecia ter a capacidade de repelir pessoas ao seu redor. Raramente era visto na companhia de colegas. Aliás, o jeito reservado foi algo marcante na vida do matemático, até mesmo quando passou a lecionar física em universidades. “Conversar com Einstein seria profanar sua sagrada solidão”, afirmou o filósofo brasileiro Huberto Rohden (1893 -1981).

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Rohden conheceu Einstein durante os anos 40, enquanto estudava no Instituto de Estudos Avançados, em Princepton – onde Einstein lecionava física teórica. Como resultado de tal “convivência”, Huberto escreveu um livro sobre o físico: “Einstein: o enigma do Universo” (publicado no Brasil pela editora Martin Claret). É possível acreditar que esse estilo “reservado” de Einstein quando adulto tinha explicação: o físico alegava que a intuição era o principal caminho para suas descobertas. E para ouvir esse lado instintivo julgava necessário o silên-


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cio. Claro, seria enorme altivez afirmar que o gênio gastava todo o tempo em suas equações… Contudo, sobram indícios de que tais problemas ocupavam a mente de Einstein durante parcela considerável de seu dia. E, até mesmo, durante períodos bastante longos. Certa vez, enquanto desenvolvia uma tese, Albert ficou “incomunicável” por dias em um quarto, com a porta trancada; esta era aberta apenas quando o físico pegava sanduíches preparadas pela prima e esposa Elsa. Nesse “cárcere”, quieto, acreditava alcançar um nível superior ao silêncio, um êxtase que proporcionava maior facilidade para descobertas. Outra passagem curiosa sobre o físico foi relatada em carta para um amigo, em 1954, publicada anos depois na revista norte-americana Time. Nesse documento, Albert assegurava não lembrar-se de ter feito sequer uma experiência para chegar à Teoria da Relatividade. Alegava apenas ter seguido sua intuição. Todos esses aspectos não significam que Einstein acreditasse somente na intuição. Longe disso, aliás. Ele defendia a comprovação por meio da ciência, do experimento. Contudo, Einstein valorizava extremamente esse período préexperimental com uma notável sensibilidade. Dava um enorme valor aos instintos. O gênio e a guerra Em 1933, Albert Einstein vivia um momento extremamente tenso. O físico era contra os ideais nazistas. Já reconhecido como uma autoridade em física, Einstein temia cair nas mãos de Adolf Hitler para o desenvolvimento de armas nucleares. Por causa disso, largou a cátedra em Física na Academia de Ciências da Prússia e decidiu partir da Europa. Em represália, Hitler confiscou todos os bens e retirou a cidadania alemã do matemático. Página 13

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Logo, porém, Albert recebeu convite para ser professor no Instituto de Estudos Avançados, nos Estados Unidos. Curiosamente, esse período marcou o início da maior controvérsia da vida do gênio. Einstein teria ajudado a indústria bélica norte-americana a desenvolver a bomba atômica? Albert sempre negou essa hipótese. Garantiu que sua participação se restringiu a uma carta enviada ao então presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, alertando sobre a necessidade de o país desenvolver estudos para criar a bomba atômica. Relatou ainda os perigos dessa arma. “Sou apaixonadamente um pacifista”, afirmou Einstein, certa vez. “Mas os sábios alemães se encarniçavam sobre o mesmo problema (criação da bomba atômica) e tinham todas as chances de resolvê-lo. Assim, assumi minhas responsabilidades”. Quando os estadunidenses lançaram bombas atômicas nas cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima, Einstein certamente sentiu dor semelhante à de Santos Dumont na Primeira Guerra. Mas, Albert reagiu. Em 1946, criou o Comitê de Vigilância dos Cientistas Atômicos, em vista à conscientização sobre as finalidades da Física Nuclear. Einstein ainda classificou o serviço obrigatório militar como o “câncer da humanidade” e garantiu sonhar como um ambiente mundial que proporcionasse a extinção de exércitos. E falou sobre quem tinha de participar de eventuais guerras. “Deveriam mandar mulheres para a próxima guerra”, falou. “Assim os sentimentos heroicos do belo sexo seriam utilizados de modo bem mais pitoresco que em atacar um civil sem defesa”. Rafael Ligeiro


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O Mito do Einstein Religioso Em meados de 2004, surgiu na internet, na forma de corrente de e-mail, um texto que mostra um Albert Einstein “religioso” – sob as óticas religiosas vigentes. Em 2009, o Ministério da Educação e Ciência da Macedônia, cujo atual ministro é Pance Kralev, criou um vídeo de caráter educativo (porém, desinformativo, pois é baseado na falsa história), onde mostra um debate entre um jovem Einstein (supostamente religioso) e seu mestre (supostamente ateu) durante uma aula. [NR: veja o vídeo aqui] O excelente sítio E-farsas, que aborda, majoritariamente, tretas que circulam na internet, trouxe um ótimo artigo mostrando o mito criado em torno da pessoa do Einstein acerca de suas possíveis convicções religiosas. Destaco alguns trechos deste: ” (…) “Perceba que no texto postado em 1999 não há nenhuma menção a Albert Einstein. O nome do físico foi acrescentado em versões posteriores. Esse é um recurso utilizado em 99,9% das correntes que empesteiam a web: Usar nomes de pessoas importantes para dar mais crédito ao que está tentando ser enviado”; (…) “Não existe nenhuma prova de que Einstein tenha realmente dito isso.”; (…) Página 14

“(…) nunca se declarou religioso e tampouco era ateu. Em inúmeros documentos a seu respeito, o físico alemão radicado nos Estados Unidos se definia como agnóstico. Como ele mesmo dizia em suas notas autobiográficas, perdeu a fé na religião aos 12 anos. Porém ele nunca perdeu o seu sentimento religioso sobre a aparente ordem do universo.”; (…) “Foi, é claro, uma mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Eu não acredito em um Deus pessoal e nunca neguei isso [...]. Se há algo em mim que pode ser chamado de religioso então é a admiração ilimitada pela estrutura do mundo tanto quanto a nossa ciência pode revelar”. (…) “ Para ler o artigo completo, clique aqui. - A Física na falsa história Apesar de a história em si ser falsa, alguns trechos desta tem embasamentos científicos: 1) Na Física, mais precisamente na Termologia, estudamos o que é Calor – que nada mais é a energia térmica em trânsito quando dois corpos estão com temperaturas diferentes. Na verdade, a sensação de frio dar-se-á quando o grau de agitação térmica das moléculas do ambiente for menor que o grau de agitação térmica do nosso corpo. No entanto, ainda ocorre transferência de calor; e


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dogmas para o bem da coletividade. Quando colocamos nossas crenças religiosas de modo respeitoso, lúcido e perspicaz, como foi colocado neste excelente artigo do Cristóvão Cunha, jovem estudante de Teologia, nasce um debate bastante saudável que pode ajudar-nos a compreender algumas coisas que fogem à ciência e, quem sabe, engrandecermos enquanto seres humanos.

2) Ainda no campo da Física, estudamos, no Ensino Médio, os fenômenos relativos à luz e seus princípios, através da Óptica Geométrica. Sombra e penumbra, por exemplo, só podem ser definidas se houver luz de uma fonte e se uma determinada região estiver parcialmente iluminada, respectivamente.

- Ciência x Religião Religião não é ciência e tampouco ciência é religião. É necessário colocar as duas em ordem das coisas e jamais mesclar seus respectivos conceitos. A religião, creio eu, é o conjunto de dogmas, princípios e conceitos baseados em testemunhos, opiniões e, principalmente, crenças. A ciência, por sua vez, tem como base o empirismo, observações e estudo dos fenômenos. É necessário percebermos que a religião deve ser permeada, inicialmente, pela questão da individualidade afim de, posteriormente, aplicar seus Página 15

Particularmente, é triste ver quando existem histórias fictícias ou até mesmo reais utilizandose dos Grandes da ciência como “prova” da existência de um Ser Superior. A existência de um Deus independe se Einstein ou qualquer outro acredita nisso ou não. Não está nas atribuições da ciência provar ou refutar a existência de um Ser Superior. E mesmo que fosse provado a existência de um Ser a que tudo foi originado, de modo evolutivo, posteriormente, implicaria que Este fosse maior que o próprio universo, pois a obra nunca é maior que aquele que a concebe, que a origina. Sendo assim, Deus seria maior que o(s) próprio(s) universo(s). Dessa forma, do mais


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alto grau de nosso desenvolvimento e avanço tecnológico, assim como do mais alto grau da nossa insignificância e raciocínio egocêntrico, jamais compreenderíamos o que seria “Deus” e sua, por assim dizer, essência. É ímpar ressaltar que a busca por um “Deus” é, antes de tudo, pessoal. E jamais estendermos essa “verdade particular” a todas as pessoas – como se nosso conceito de fé fosse uma “verdade universal”. Sei que as Leis de Newton são verdades universais. Sei que as Leis da Termodinâmica são verdades universais. Assim como sei que a Lei da Gravitação de Newton é uma verdade universal. A nossa fé, contudo, é pessoal demais para ser colocada como sendo universal. Minha opinião é que tanto fé quanto crenças são iniciadas somente quando a ciência não mais consegue

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explicar. (…) Ao seu modo, acredito que o Einstein foi um verdadeiro cristão – pois a humildade e a benevolência eram constantes em sua vida; ao seu modo, acredito que o Einstein foi um verdadeiro budista – pois valorizava e compreendia o valor do silêncio, já que, segundo o mesmo, era uma condição necessária para “ouvir” sua intuição; em outras palavras, ao seu modo, acredito que o Einstein foi uma das pouquíssimas pessoas que compreendia a espiritualidade quase à perfeição – pois sabia que, ao morrermos, nossos átomos voltariam para o lugar donde vieram: nosso grande, misterioso e fantástico Universo. Cavalcanti


Volume 2 Edição 5

EDUCAÇÃO

Facto Mais Espantoso Gavin Aung Than é um jovem bastante talentoso que decidiu pegar em citações famosas e criar espantosos cartoons com elas. Após essa brilhante ideia, decidiu difundir os cartoons na internet, no website Zen Pencils. O website cresceu tanto, que ele até já está a vender os cartoons. Entretanto contactei-o no sentido de saber se ele dava autorização para o astroPT traduzir alguns dos seus cartoons, e ele autorizou. Assim, aqui fica este cartoon, criado pelo Gavin, com as palavras do Neil deGrasse Tyson (também em vídeo), que podem ver no original aqui, traduzido pelo Manel Rosa Martins e incorporado pela Diana Barbosa: Carlos Oliveira

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EDUCAÇÃO

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Junho 2012


Volume 2 Edição 5

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EDUCAÇÃO


EDUCAÇÃO

Junho 2012

Bem-Vindos à Ciência Gavin Aung Than utiliza citações famosas e cria espantosos cartoons com elas, no website Zen Pencils. Ele autorizou o astroPT a traduzir alguns dos seus cartoons. Assim, aqui fica este cartoon, criado pelo Gavin, com as palavras do Phil Plait, que podem ver no original aqui, adaptado para português pela Diana Barbosa e Manel Rosa Martins. Carlos Oliveira Página 20


Volume 2 Edição 5

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EDUCAÇÃO


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EDUCAÇÂO

Rigil Kentaurus, por que te chamam assim? Ao lado do Cruzeiro do Sul (a leste) encontramos duas estrelas de brilho notável que parecem tomar conta da menor das constelações. Não é à toa que ambas são chamadas de Guardiãs ou Guardas do Cruzeiro em países de linguas portuguesa e espanhola, e Apontadoras ou Indicadoras (Pointers) no países de lingua inglesa. A mais brilhante delas, a terceira de todo o céu, também é o sistema estelar mais próximo de nosso sistema planetário. Trata-se da famosa Alfa Centauri.

tam dois ovos grandes que uma ema (animal simi-

Entre os nomes dados a essa estrela, dois são

lar ao avestruz) acabara de engolir. Talvez seja

mais usados: Rigil Kentaurus e Toliman.

apenas coincidência.

Rigil Kentaurus. a mais comum, vem do árabe “Rijl

Al-Thalimain, ou Thalimain, também é usado para

al-Qantūris”, que quer dizer “Pé do Centauro”. A

designar as estrelas Iota e Lambda da constelação

palavra Rigil podemos encontrar em outras cons-

da Águia, mantendo o seu significado original

telações, como em Órion, por exemplo, sob uma

(avestruzes).

grafia diferente indicando o pé daquele caçador.

Alguns estudiosos de etimologia sustentam que a

Há uma forma resumida de Rigil Kentaurus (Rigil

Toliman teria origem da palavra árabe “al-

Kent) que também é utilizada.

Zulmān”, que também significa avestruz. Outros

Outro nome que costumamos encontrar nos

já defendem que Toliman vem do Hebreu, poden-

livros é Toliman. Sua origem é controversa.

do significar “aqui, antes e daqui em diante”, de

Uma bem conhecida é que Toliman vem da pala-

origem bíblica, ou simplesmente “broto da

vra árabe “Al-Thalimain”, que significa

vinha”.

“Avestruzes”. Até o momento não há registros

Outro nome também utilizado para indicar a alfa

históricos ou mitológicos árabes ou europeus

do Centauro é Bungula, provável derivação de

fazendo qualquer associação da constelação do

Ungula, que em latim quer dizer “casco” ou

Centauro ou daquela região do céu com essa ave,

“unha”, associado ao pé do Centauro.

mas para alguns povos indígenas da América do Sul as estrelas alfa e beta do Centauro represenPágina 22

Seja qual for o nome utilizado, devido à sua proxi-


Volume 2 Edição 5

EDUCAÇÃO

midade com o nosso Sol essa estrela tem sido

A forma correta é Alfa Centauri (com I no final) ,

bastante citada entre os difusores da Astronomia.

com o genitivo da constelação sendo utilizado

Só deve então tomar cuidado com a maneira de

junto à letra grega. Como no latim o genitivo ser-

pronunciar o nome da estrela se for optar em

ve para indicar posse, a tradução de Alfa Centauri

chamá-la conforme a nomenclatura criada por

fica então “Alfa do Centauro”.

Bayer no século XVII.

Saulo Machado

É incorreto chamar a estrela de “Alfa Centauro”.

Antes de serem cientistas famosos Esta imagem anda a ser partilhada pelo Facebook. Achei a imagem interessante porque me parece que retrata bem alguns elementos que constituíram a sua personalidade como adultos… mesmo que esta minha análise seja à posteriori, subjectiva, e baseada num momento de foto que não é “real”. Exemplos: Neil deGrasse Tyson percebe-se que tem uma personalidade traquinas. Em adulto, continuou com a mesma desenvoltura “traquinas” nas explicações de ciência. Albert Einstein está demasiado “preso” nas suas vestes, o que retrata bem o sentimento opressor da altura, que marcou tanto a personalidade de Einstein, que ele passou toda a vida a lutar contra isso. Richard Feynman com a sua bicicleta, deixa antever uma personalidade muito mais prática, o que marcou bastante tanto a sua faceta científica como de explicação dos assuntos (ex: ler sobre a forma fenomenal como ele explicou a razão para o desastre do vaivém espacial Challenger). Carl Sagan mostra-se como um miúdo com bastante liberdade e aberto a diferentes experiências, o que caracterizou a sua postura adulta quer Página 23

na ciência (divulgação) quer na sua vida pessoal (nomeadamente com a 2ª esposa, Linda Salzman). Stephen Hawking parece-me claramente aquele que se modificou mais, infelizmente em função da sua doença. Carlos Oliveira


COSMOLOGIA

Junho 2012

Colisão entre a Via Láctea e Andrómeda

Ilustração sobre o que veremos no nosso céu dentro de quase 4 mil milhões de anos. Crédito: NASA; ESA; Z. Levay and R. van der Marel, STScI; T. Hallas; A. Mellinger

Pensava-se que seria em metade do tempo, mas novos cálculos da NASA, baseados nas observações do Telescópio Espacial Hubble, mostram que a colisão entre a enorme galáxia de Andrómeda e a nossa Galáxia Via Láctea dar-se-à dentro de quase 4 mil milhões de anos. Carlos Oliveira Página 24


Volume 2 Edição 5

COSMOLOGIA

NASA encontra os primeiros primeiros objectos no Universo

O telescópio espacial Spitzer pode ter detectado

eram abundantes e ardiam intensamente, sendo

os primeiros objetos do Universo na Faixa Esten-

incrivelmente brilhantes.

dida de Groth (na imagem).

Na verdade essa “primeira luz” deverá ter sido

Os objectos serão estrelas extremamente massi-

visível ou ultravioleta, mas devido à expansão do

vas ou buracos negros devoradores, que se for-

Universo, essa radiação foi esticada para compri-

maram há mais de 13 mil milhões de anos.

mentos de onda no infravermelho.

A precisão sem precedentes da ténue radiação

Leiam aqui e aqui.

infravermelha recolhida pelo Sptizer permitiu

Carlos Oliveira

também perceber que esses primeiros objectos Página 25


COSMOLOGIA

Junho 2012

Gigantescos buracos negros supermassivos expulsos das galáxias e a vaguear pelo espaço

A imagem mostra a galáxia CID-42, que se encontra a 4 mil milhões de anos-luz da Terra. A galáxia deverá Página 26


Volume 2 Edição 5

ser o resultado da colisão de 2 galáxias. As observações mostram que no processo de fusão dos buracos negros supermassivos, poderosas ondas gravitacionais (fissuras no tecido do espaço-tempo) previstas por Einstein fizeram com que o gigantesco buraco negro supermassivo resultante da fusão, com milhares de milhões de vezes a massa do Sol, fosse expulso da supergaláxia e está agora à deriva pelo espaço com uma velocidade superior a 5 milhões de quilómetros por hora. Este monstro cósmico anda agora a vaguear pelo espaço. O que nos faz pensar: quantos buracos negros supermassivos poderão andar a enormes velocidades na escuridão do espaço? Não sabemos, porque eles teriam consumido todo o gás à sua volta, e por isso seriam “invisíveis” para nós. Não os conseguimos detectar.

COSMOLOGIA

Mas calma. Não acreditem nas mentiras dos pseudos, que se destinam só a provocar medos infundados, com base na ignorância dos assuntos. A verdade é que esta investigação, como todas as investigações, são feitas por cientistas. Neste caso, foram utilizados o observatório espacial de raios-X Chandra, o telescópio espacial Hubble, o telescópio Magellan, e o VLT. Só a ciência nos pode dar conhecimento de buracos negros. E o conhecimento científico diz-nos que não há qualquer buraco negro supermassivo a vir na direcção da nossa galáxia, e mesmo que viesse, a nossa galáxia já tem um, e isso nada afecta a Terra. Leiam na NASA, aqui. Carlos Oliveira

Astrónomos portugueses à descoberta dos maiores mistérios do Universo A missão espacial Euclid (ESA), que começará agora a ser construída, conta com a participação de investigadores portugueses, coordenados pelos Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa. A Agência Espacial Europeia (ESA) deu hoje luz verde à construção da missão espacial Euclid. Este telescópio espacial, de 1,2 metros de diâmetro, irá fazer um levantamento de 40% do céu com detalhe sem precedentes. Isto irá permitir aos astrónomos detetar de cerca de 2 mil milhões de galáxias, que servirão para mapear a distribuição espacial da enigmática matéria escura e a evolução da energia escura nos últimos 10 mil milhões de anos (3/4 da idade do Universo). Página 27

O consórcio Euclid, liderado por Yannick Mellier (Institut d’Astrophysique de Paris), tem a seu cargo a coordenação científica da missão. Este representa a maior colaboração internacional alguma vez criada em Astronomia, com cerca de 1000 investigadores, oriundos de 13 países da Europa e dos EUA. Em Portugal tem como afiliados o Centro de Astronomia e Astrofisica da Universidade de Lisboa (CAAUL) e o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP). O investigador do CAAUL Ismael Tereno comenta: “O tamanho da equipa mostra o grande interesse na ciência do Euclid. De facto, a missão foi desenhada para responder a questões fundamentais como: porque está o Universo a expandir de forma acelerada, em vez de travar por ação da atração gravitacional da


COSMOLOGIA

matéria nele contida?” Ao consórcio Euclid cabe também a construção dos instrumentos e parte da estrutura de análise de dados. O investigador do CAUP António da Silva diz: “Estamos atualmente envolvidos num aspeto central da preparação da missão. Tratase do desenvolvimento de simulações de estratégias de observação, para definir a sequência ótima de observações que irá ser seguida pelo telescópio espacial quando estiver em atividade. Esta é a primeira vez que institutos nacionais participam formalmente, com tarefas deste relevo, no consórcio científico de uma missão implementada pela ESA”. O envolvimento do CAUP e do CAAUL na construção da missão possibilita desde já que investiPágina 28

Junho 2012

gadores de qualquer instituto de investigação nacional se possam candidatar a participar na sua exploração científica e tecnológica. Tereno acrescenta por isso que “a missão irá produzir um enorme conjunto de imagens de alta precisão de todo o tipo de objetos astrofísicos. É portanto compreensível que toda a comunidade científica queira participar da multiplicidade de dados muito diversificados que se avizinha.” A missão Euclid tem lançamento previsto para 2020. Mais informações: Astronotícia do CAUP Comunicado de imprensa ESA CAUP


Volume 2 Edição 5

SISTEMA SOLAR

Voyager 1 na derradeira fronteira do Sistema Solar? Dados recentes provenientes da Voyager 1 sugerem que a sonda da NASA poderá estar à beira de alcançar um marco histórico na exploração espacial. Segundo os cientistas da missão, a sonda encontrou uma nova região onde a intensidade de raios cósmicos provenientes do espaço interestelar aumentou consideravelmente. Este é um claro indício de que a Voyager 1 poderá estar a navegar nas proximidades da derradeira fronteira do Sistema Solar, a heliopausa. Os primeiros indícios da chegada desta região chegaram com a detecção de um aumento gradual da densidade de partículas energéticas interestelares, que atingiu os 25% entre Janeiro de 2009 e Janeiro de 2012. A partir de 7 de Maio, os números escalaram rapidamente, primeiro em 7% numa semana e depois em 9% num mês! Este rápido aumento significa que a Voyager 1 está seguramente nos limites exteriores da gigantesca bolha magnética que rodeia o Sol e os planetas, a heliosfera. A chegada definitiva da Voyager 1 ao espaço interestelar deverá trazer outras mudanças até agora ainda não detectadas. A intensidade de Página 29

partículas Representação artística de uma das sondas Voyager. energéti- Crédito: NASA/JPL-Caltech. cas geradas no interior da heliosfera tem vindo a diminuir lentamente, mas não exibiu ainda a queda abrupta sonda encontra-se nos confins esperada pelos cientistas na do Sistema Solar, a mais de 18 heliopausa. Por outro lado, as mil milhões de quilómetros do linhas do campo magnético em nosso planeta. Tudo indica que redor da Voyager 1 mantêm a a Voyager 1 virá a tornar-se em mesma orientação das linhas breve no primeiro objecto do campo magnético do Sol, o construído pelo Homem a viaque indica que a sonda não jar no exterior do Sistema abandonou ainda a heliosfera. Solar, no vasto espaço entre as A sua entrada no espaço inteestrelas da nossa Galáxia. Magrestelar deverá ser acompanífico! nhada da detecção de linhas Sérgio Paulino numa orientação mais perpendicular. Raios cósmicos galácticos detectados pela sonda Voyager 1 A Voyager desde o início do ano. 1 partiu da Terra Crédito: NASA. em Setembro de 1977 para uma longa viagem interplanetária com passagens rápidas pelos gigantes Júpiter em 1979, e Saturno em 1980. 35 anos depois, a


SISTEMA SOLAR

Junho 2012

Cassini fotografa terra incognita em Mimas A região do pólo norte de Mimas vista pela sonda Cassini a 05 de Junho de 2012, a uma distânTerra incognita foi um cia de cerca de 50 mil quilómetros (imagens originais: N00190670 e N00190673). termo latino usado duran- Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/mosaico de Sérgio Paulino. te séculos em cartografia para assinalar regiões nunca mapeadas ou documentadas. Anteontem, a sonda Cassini fotografou uma dessas regiões no hemisfério norte de Mimas. Aproveitando uma passagem a pouco mais de 40 mil quilómetros acima da sua superfínorte (a quase totalidade da Sérgio Paulino cie, a sonda da NASA obteve as metade direita deste mosaico) primeiras imagens de uma fainunca antes observada. xa de terreno junto ao pólo

Marte Um quer levar os astronautas para Marte na próxima década ao estilo Big Brother

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a história humana! A ideia é apoiada pelo Prémio Nobel da Física, Gerard’t Hooft, pelo co-criador do Big Brother, Paul Romer, e poderão ter o apoio da SpaceX. A ideia é realmente entusiasmante. O facto de ser comercial, em estilo Big Brother, de modo a estar totalmente aberta a toda a gente e ao mesmo tempo fazer dinheiro com essa abertura, torna essa ideia adaptada aos novos tempos.

Iria certamente ter voluntários. Um deles seria eu! O problema parece ser que isto não passa de uma manobra publicitária de uma empresa que tem um astrofísico e não tem engenheiros, e não consegue responder a perguntas simples. Carlos Oliveira PUB

A empresa holandesa Mars One diz que quer levar 4 pessoas para uma viagem a Marte em 2023. E de 2 em 2 anos, enviar mais 4 humanos. As viagens seriam só de ida, e não teriam retorno. A ideia é que o processo de selecção e toda a preparação desses astronautas seja visualizada ao estilo Big Brother. Segundo um portavoz da empresa, este iria ser o maior evento mediático de toda


Volume 2 Edição 5

SISTEMA SOLAR

Fobos Com um diâmetro médio de 22 kms, esta lua de Marte, parecer-nos-ia desta forma caso estivesse por cima de uma das nossas cidades . Na verdade, Phobos está a desacelerar, e assim a órbita está a ficar cada vez mais próxima do planeta Marte (20 metros por século). Daqui por 8 milhões de anos, Fobos já estará tão próximo de Marte (será vista pelos Marcianos, mais longe do que a imagem mostra), que esta lua se irá partir em peque-

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nos bocados, que formarão um anel ao redor do planeta… e após mais alguns 3 milhões de anos, esses pedaços embaterão na superfície Marciana. Carlos Oliveira


SISTEMA SOLAR

Junho 2012

Revista a elipse de amartagem do Curiosity Visão oblíqua da cratera Gale obtida pela combinação de dados das missões Mars Express, Mars Reconnaissance Orbiter e Viking Orbiter. São visíveis na imagem duas elipses de amartagem no sopé do monte Sharp. A maior (delineada a cinzento) corresponde à elipse de amartagem do Curiosity determinada antes da lançamento da missão. A elipse menor (a preto) é a nova área de amartagem calculada durante a viagem interplanetária da missão. O centro de cada elipse está marcada com uma cruz com a cor respectiva. Crédito: NASA/JPL-Caltech/ESA/DLR/FU Berlin/MSSS.

Foi ontem anunciada uma importante novidade relativa à missão Curiosity. A equipa de engenheiros da missão conseguiu diminuir significativamente a área da elipse de amartagem! O destino final do sofisticado robot da NASA na superfície do planeta vermelho situase agora algures no interior de uma pequena elipse com 20 quilómetros de comprimento e 7 quilómetros de largura (a elipse inicial tinha 25 quilómetros de comprimento por 20 quilómetros de largura). O centro da elipse (o local de maior probabilidade de amartagem) posiciona-se agora muito mais próximo do monte Sharp, o alvo primordial da missão na Página 32

cratera Gale, pelo que os responsáveis esperam que a viagem até aos pontos de interesse científico na vertente da montanha seja encurtada em vários meses relativamente aos planos iniciais. Este reajuste do alvo da missão foi fruto de uma análise continuada dos sistemas de amartagem que incluiu testes e actualizações nos respectivos softwares. Se as condições atmosféricas assim o permitirem, o Curiosity deverá atingir em segurança o destino pretendido na superfície de Marte às 06:31 (hora de Lisboa) do dia 06 de Agosto. Até lá os engenheiros da missão irão ainda executar mais alguns

preparativos finais, e tentar compreender o problema entretanto detectado no sistema de perfuração. Experiências realizadas recentemente nos laboratórios do JPLrevelaram que teflon e outros materiais deste intrumento poderão contaminar as amostras de rocha e dificultar a análise de compostos de carbono por um dos 10 instrumentos científicos que equipam o Curiosity. Os responsáveis esperam encontrar em breve formas de contornar este problema e evitar o comprometimento de uma das mais importantes experiências da missão. Sérgio Paulino


Volume 2 Edição 5

SISTEMA SOLAR

Júpiter com mais 2 luas

Foram descobertas mais duas luas ao redor de

Ambas as luas são assim bastante pequenas.

Júpiter: S/2010 J 1 e S/2010 J 2. S/2010 J 1 orbita Júpiter com um período de 2,02

Lembremo-nos que Júpiter é o maior planeta do

anos, e tem 3 quilómetros de diâmetro.

sistema solar e que tem também a maior lua do

S/2010 J 2 orbita Júpiter com um período de 1,69

sistema solar, Ganimedes, com 5.268 quilómetros

anos e só tem 2 quilómetros de diâmetro, sendo

de diâmetro (superior ao planeta Mercúrio).

assim o mais pequeno satélite natural de Júpiter e

Júpiter tem agora um total de 67 luas conhecidas.

sendo a lua mais pequena no sistema solar detectada a partir da Terra. Página 33

Carlos Oliveira


SISTEMA SOLAR

Junho 2012

Rato Mickey em Mercúrio! Três impactos não relacionados esculpiram em Mercúrio uma silhueta que lembra a cabeça da mais famosa personagem de desenhos animados da Walt Disney, o Rato Mickey. Obtida recentemente pela sonda MESSENGER, esta imagem integra-se num conjunto que irá formar um mapa da superfície do planeta visto com um baixo ângulo de iluminação. Com o Sol próximo do horizonte, as sombras projectam-se mais longe na superfície, o que evidencia os perfis topográficos dos acidentes geológicos mais pequenos. Este novo mapa constitui uma das principais actividades da actual missão da MESSENGER e irá complementar a informação do mapa morfológico obtido durante a missão primária. Imagem: Três crateras sem nome situadas a noroeste da Página 34

cratera Magritte, no hemisfério sul de Mercúrio (norte para baixo). Imagem obtida pela sonda MESSENGER a 03 de Junho de 2012. Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

Sérgio Paulino


Volume 2 Edição 5

SISTEMA SOLAR

Um rio de rocha fundida na Lua Secção de um enorme rio de rocha fundida, agora sólida, que fluiu pelo flanco sudeste da cratera Tycho, há cerca de 108 milhões de anos. Imagem obtida a 09 de Março de 2012 pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter. Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

fície do fluxo e o canal por si formado foram moldados pelo declive e pelas alterações de viscosidade da rocha fundida à medida que esta arrefecia.

Imagem de contexto mostrando as elevações em relação ao datum altimétrico lunar de alguns depósitos de rocha fundida formados nesta região. O rectângulo branco delimita a área coberta pela imagem de cima. Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Como se formaram estes depósitos e os fluxos que os unem? O impacto que escavou a cratera Tycho libertou uma imensa quantidade de energia; uma quantidade suficiente para fundir grande parte da rocha atingida pelo projéctil. Embora a maioria desta rocha fluída se tenha acumulado no chão da cratera, formando um imenso lago de lava, uma pequena fracção acabou por ser arremessada para a orla da cratera, fluindo depois pelas encostas até depressões gran-

No flanco sudeste de Tycho existe um conjunto de espectades o suficiente para estancaculares formações que denunrem a sua progressão. ciam as forças titânicas envolviPodem ver aqui mais pormenodas na génese das crateras res destas magníficas estrutulunares. A mais de 4 quilómeras, e embarcar aqui numa viatros acima do chão desta maggem ao interior da cratera nífica cratera encontram-se Tycho. vários depósitos de rocha fundida ligados por sinuosos fluxos Sérgio Paulino direccionados pela topografia local. Um desses fluxos estende-se por cerca de 5 quilómetros, flanRio de rocha fundida no flanco sudeste da cratera Tycho (contexto da imagem de cima). É visível uma cratera queando com 400 metros de diâmetro formada posteriormente. pequenas coli- Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University. nas na vertente inclinada, até ser travado num grande depósito situado 600 metros mais abaixo. A textura da superPágina 35


TERRA

Junho 2012

Fiorde Canadiana parecida a Europa Perto do Árctico, numa fiorde no Canadá (Borup Fjord Pass), cientistas encontraram um ambiente gelado e com uma alta concentração de enxofre. Apesar de ser um ambiente proibitivo para os humanos, o certo é que é o “paraíso” para algumas bactérias. Este é o tipo de ambiente que se espera encontrar na lua Europa, no sistema de Júpiter. Se há por lá bactérias ou não, em Europa, não se sabe. Neste ambiente terrestre, podemse testar novos métodos para detectar vida simples, que depois poderão ser aplicados numa missão a Europa. Leiam mais: Space

Carlos Oliveira

Daily, Space.com, Centauri Dreams, artigo científico no journal Astrobiology.

Eclipse Parcial da Lua Hoje, 4 de Junho de 2012, teremos um Eclipse Parcial da Lua. No seu máximo, a Lua será coberta em um terço pela sombra da Terra. Na Australia vai ver-se bem. Infelizmente, o eclipse não será visível em Portugal. Página 36

No Brasil, o fenómeno será visível ao amanhecer (entre as 6 e 7 da manhã), quando a Lua se estiver a pôr, e já existir muita claridade, daí que este eclipse parcial não terá boa visibilidade. Carlos Oliveira

Crédito: Sky & Telescope, Dennis di Cicco.


Volume 2 Edição 5

TERRA

Evento espacial levou a um aumento de raios cósmicos a atingirem a Terra há 1.237 anos Cientistas Japoneses descobriram nos anéis de crescimento de dois cedros históricos, um aumento extraordinário da concentração de carbono 14. Esse aumento ocorreu rapidamente, em somente 1 ano (entre os anos 774 e 775 d.C.). Os cientistas atribuem este aumento a um “aumento espectacular dos raios cósmicos que atingiram a Terra naquela altura”. “Os raios cósmicos são partículas subatómicas que vêm do espaço e que, ao interagirem com a atmosfera terrestre, produzem, entre outros elementos, carbono 14. Este, ao ser absorvido pelas árvores durante a fotossíntese, deposita-se nos anéis de crescimento”. O fenómeno deverá ter tido um efeito global, e as causas podem ter sido: OU uma Supernova (apesar de nenhuma ter sido observada nessa data), OU uma forte Erupção Solar (apesar de não haver registos desse evento). Por outro lado, um evento deste género deveria ter levado a extinções em massa, mas também não há registos disso. Assim, temos um mistério para a causa deste fenómeno. Uma hipótese neste momento mais provável, é ter havido “uma série de erupções mais fracas ao longo de um a três anos”. Página 37

Por outro lado, como nos diz o Público, “Mike Baillie, da Queen”s University, no Reino Unido, também citado pela New Scientist, encontrou entretanto um documento histórico que sugere que algo de extraordinário poderá ter acontecido naqueles anos do século VIII. Roger de Wendover, cronista inglês do século XIII, escreveu: “No Ano do Senhor 776, sinais de fogo assustadores foram vistos nos céus após o pôr do Sol; e apareceram serpentes em Sussex, como se brotassem do chão, para o grande espanto de todos”.” Por isso, parece ter havido na altura um fenómeno espacial com implicações para a Terra. Leiam no Público, New Scientist, e artigo científico. Carlos Oliveira


EXOPLANETAS

Junho 2012

Telescópio pequeno descobre dois planetas fora do Sistema Solar

Os cientistas e professores universitários, Thomas Beatty e Robert Siverd fizeram o telescópio na imagem, com lentes semelhantes às de uma câmera fotográfica, que lhes custou ao todo somente 75.000 dólares ou 155.000 reais ou 60.000 euros. E através do método dos trânsitos, descobriram dois exoplanetas: Kelt-1b e Kelt-2ab. Kelt-1b “é uma bola superdensa e quente, feita de hidrogénio metálico e ósmio, o metal mais pesado que se conhece na natureza, encontrado na platina e de cor cinza ou azulada”. Estão tão Página 38

próximo da estrela, que completa uma órbita em apenas 30 horas. Devido à sua proximidade, “recebe cerca de 6000 vezes mais radiação que a Terra do Sol”. A temperatura é de 2.200°C. (Mercúrio, por exemplo, orbita o Sol em 88 dias e tem uma temperatura de 427°C) Kelt-2ab é 30% maior e 50% mais denso que Júpiter, e encontra-se a cerca de 12 mil anos-luz da Terra. Leiam na Globo, e o artigo científico. Carlos Oliveira


Volume 2 Edição 5

EXOPLANETAS

Kepler na AAS220

O 220º Encontro da American Astronomical

2. A Natalie Batalha anunciou que actualmente o

Society teve lugar entre os dias 10 e 14 Junho, em

melhor candidato para um planeta com caracte-

Anchorage, no Alaska. A missão Kepler esteve

rísticas físicas semelhantes à Terra na zona habi-

presente em força com várias novidades interes-

tável da estrela hospedeira é o KOI-2124.01. O

santes. Apesar de parte das sessões poderem ser

planeta tem um raio semelhante ao da Terra e

vistas via Internet, os afazeres profissionais e par-

um período orbital de 42.3 dias. A estrela hospe-

ticulares impediram-me de seguir mais de perto o

deira é mais fria e menos luminosa que o Sol;

que se passava. Felizmente, o Govert Schil-

3. O Geoff Marcy apresentou uma análise dos pla-

ling estava lá a fazer a cobertura do evento e foi

netas confirmados pelo Kepler, para os quais são

dizendo o que se passava através do Twitter.

conhecidas a densidade, massa e dimensões. Os

Vários dos trabalhos apresentados e que vou

dados apontam para uma transição entre plane-

mencionar em seguida não estão ainda publica-

tas rochosos (de grande densidade, semelhantes

dos o que explica a paucidade de detalhes nos

à Terra) e planetas formados predominantemente

tweets do Govert Shilling e a dificuldade em

por gelos (de baixa densidade, semelhantes a

encontrar informação adicional na Internet. Aqui

Neptuno) quando o raio atinge cerca de 1.5 vezes

vai então o sumo das sessões vergonhosamente

o da Terra;

adaptado e ligeiramente melhorado dos Tweets do Govert:

4. O Jack Lissauer descreveu o sistema Kepler-33 (com 5 planets) como sendo extremamente plano

1. A missão Kepler tem agora 72 planetas confir-

e com uma inclinação orbital próxima dos 90

mados, (vários em sistemas múltiplos) num total

graus. Aparentemente, durante os trânsitos,

de 2321 candidatos. Cerca de 365 estrelas têm

todos os planetas do sistema atravessam o disco

sistemas múltiplos, num total de 896 planetas;

da estrela segundo a mesma corda (!);

Página 39


EXOPLANETAS

Junho 2012

5. O Jason Steffen mencionou outro estudo de

do numa análise prévia dos resultados, mas a sur-

candidatos descobertos pelo Kepler que mostra

presa é que se mantém, apesar de a análise

que Terras Quentes e Neptunos Quentes, bem

actual usar um conjunto de observações maior,

como Júpiteres Mornos (mais distantes das estre-

conferindo-lhe mais precisão. Howard refere que

las hospedeiras que os Júpiteres Quentes) exis-

o efeito poderá ser devido a uma dificuldade do

tem em sistemas múltiplos. As fracções observa-

Kepler em ver esses planetas (e.g. devido a ruído

das são de, respectivamente, 30%, 30% e 10%.

nos dados, etc), mas parece que a equipa está a

Notem que o número para Júpiteres Mornos é

considerar seriamente a hipótese de ser um efei-

menor. Os sistemas com Júpiteres Quentes, no

to real, o que seria muito interessante e contra-

entanto, parecem não ter outros planetas. Os

intuitivo;

Júpiteres Quentes são solitários. Esta observação vem reforçar a ideia de que estes planetas se for-

9. O sistema KOI-961 foi renomeado de Kepler-42;

mam longe das estrelas hospedeiras migrando

10. O Lars Buchhave apresentou uma análise de

depois, por interacções com o disco proto-

mais de 150 sistemas descobertos pelo Kepler

planetário, para uma órbita bem mais interior.

que aponta para que a formação de planetas mais

Nesse percurso, a sua enorme massa provavel-

pequenos como Terras e Neptunos não dependa

mente captura, ou ejecta para fora do sistema,

tão fortemente da metalicidade da estrela hospe-

planetas mais pequenos e em formação no disco;

deira com no caso dos gigantes de gás. Isto quer

6. O Andrew Howard mostrou que os Júpiteres Quentes são extremamente raros. De acordo com a amostra do Kepler, são cerca de 1000 vezes menos comuns do que planetas com o tamanho entre a Terra e Neptuno; 7. O Jerome Orosz apresentou uma descoberta interessante: mais um “Sistema Tatooine”, o Kepler-38. É já o quarto descoberto pela missão. O planeta, Kepler-38b, tem um raio de 4.35 vezes o da Terra (é provavelmente um Neptuno) e orbita um sistema binário com um período de 105.6 dias. O sistema binário é formado por uma estrela semelhante ao Sol e uma anã vermelha; 8. O Andrew Howard notou que os dados do Kepler apontam para uma modesta abundância de planetas com tamanhos inferiores a duas vezes o raio da Terra. Este efeito já tinha sido observaPágina 40

dizer que mesmo estrelas pouco enriquecidas em “metais” poderão formar planetas pequenos com o a Terra. Este resultado vem confirmar estudos realizados por outras equipas, e.g. do Observatório de Genebra, que apontavam já para esse efeito. Podem ler mais sobre isto aqui. 11. Finalmente, o Thomas Barclay referiu que o candidato a exoplaneta mais pequeno detectado pelo Kepler tem o tamanho da Lua (sim, a nossa Lua!) e orbita uma estrela semelhante ao Sol com um período de 15 dias! Luís Lopes


Volume 2 Edição 5

EXOPLANETAS

Exoplanetas

Os exoplanetas atualmente conhecidos, numa representação esquemática dos seus tamanhos

Não é muito habitual lerem posts meus, a não ser quando há algum tipo de anúncio relativo ao site que tem de ser feito. Desta vez, abro uma excepção e publico uma imagem do xkcd referente a este assunto, que me chamou a atenção. Página 41

Nuno Coimbra


ASTRONÁUTICA

Junho 2012

Intelsat-19 com problemas após entrar em órbita A empresa Sea Launch levou a cabo o lançamento do satélite de comunicações Intelsat-19 às 0522:59UTC do dia 1 de Junho de 2012. O lançamento foi levado a cabo pelo foguetão Zenit-3SL/ DM-SL a partir da Plataforma Odyssey fundeada no Equador no Oceano Pacífico a 154º longitude Oeste. Os lançamentos da Sea Launch são feitos a partir de uma antiga plataforma petrolífera convertida para plataforma de lançamentos orbitais. Colocada no equador terrestre, o lançamento tira partido inicial da rotação terrestre para adicionar mais velocidade ao lançador.

tados um problema que impediu a abertura de um dos painéis. Os especialistas estão a estudar a situação e a tentar determinar as medidas que deverão ser tomadas para corrigir o problema. O

O Intelsat-19 foi construído pela Space Systems/

veículo encontra-se estável na sua órbita de

Loral e é baseado no modelo LS-1300. Será utiliza-

transferência para a órbita geossíncrona.

do para fornecer serviços à região da Ásia e Pacífico. Na fase de abertura dos painéis solares foi detec-

Imagem: Sea Launch Rui Barbosa

Shenzhou-9 na plataforma de lançamento O foguetão Cheng Zheng-2F/G com a cápsula espacial Shenzhou-9 foi transportado para a Plataforma de Lançamento 921 do Complexo de Lançamento LC43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan. O transporte teve início às 0230UTC do dia 9 de Junho. De notar que a Shenzhou-9 já se encontrava em Jiuquan desde o dia 9 de Abril, com o seu foguePágina 42

tão lançador a chegar ao centro de lançamento a 9 de Maio. Entretanto, e apesar de ainda não se saber a constituição da tripulação, Fei Junlong (Comandante da Shenzhou-6), referiu que duas taikonautas estão na fase final do treino para uma delas participar na Shenzhou-9. A composição da tripulação deverá ser divulgada nos próximos dias.


Volume 2 Edição 5

ASTRONÁUTICA

A missão da Shenzhou-9 terá uma duração de 13 dias e o seu lançamento poderá ter lugar no dia 16 de Junho (se bem que é de admitir que este possa ter lugar dois dias mais cedo). Destes 13 dias, 10 dias destes passados a bordo do módulo TG-1 Tiangong-1, com dois dias de manobras de aproximação e acoplagem. Assim, a acoplagem com o módulo espacial deverá ter lugar a 18 de Junho. O último dia será dedicado às manobras de separação e regresso à Terra que assim deverá ter lugar a 29 de Junho (com um lançamento a 16).

missão Shenzhou-9 chegaram ao Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan no dia 8 de Junho, entrando numa fase de quarentena. Estas duas tripulações são

As duas tripulações que estão na fase final do treino para a

homens do qual fazia parte

compostas por quatro homens e duas mulheres (Liu Yang e Wang Yaping). Uma deles será escolhida para ser a primeira taikonauta a viajar no espaço com a sua suplente provavelmente a ter um lugar a bordo da Shenzhou-10 prevista para 2013. Em relação aos dois tai-

Yang Liwei, o primeiro taiko-

konautas estes deverão per-

nauta chinês.

tencer ao primeiro grupo de

Rui Barbosa

China prepara Shenzhou-9 – Os taikonautas No dia 11 de Junho os especialistas espaciais chineses levaram a cabo com sucesso um ensaio geral para o lançamento da Shenzhou-9 que deverá ter lugar no dia 16 de Junho de 2012. O ensaio teve início às 0207UTC e teve uma duração de 4h 30m. Todos os sistemas relevantes para a missão, incluindo os taikonautas, cápsula espacial, foguetão lançador, centro de lançamento e observação, e os sistemas de controlo e de comunicações, foram testados em coordenação uns com os outros. Os taikonautas seleccionados para a missão participaram no teste a bordo da Shenzhou-9 envergando os seus fatos espaciais pressurizados. Por ser de mais fácil pronunciação no Ocidente, Página 43

adoptou-se o termo ‘taikonautas’ para designar os cosmonautas chineses, pois a palavra “yu hang yuan” seria de mais difícil pronunciação. Ficamos então a saber os nomes dos e das taikonautas seleccionadas para a missão Shenzhou-9. Se bem que os nomes das duas taikonautas eram já conhecidos há vários meses (Wang Yaping e Liu Yang), os nomes dos restantes elementos que compõem as tripulações da quarta missão espacial chinesa era um segredo bem guardado… pelo menos à primeira vista. Assim, e segundo o Boletim Em Órbita, os seis nomes entretanto revelados são Nie Haisheng, Zhang Xiaoguan, Wang Yaping, Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang. De referir que todos estes nomes eram já de certa forma conhecidos, pois exceptuando Wang Yaping e Liu Yang, os


Junho 2012

ASTRONÁUTICA

quatro homens pertencem ao primeiro grupo de taikonautas seleccionados em Janeiro de 1998. Nie Haisheng participou na missão espacial SZ-6 Shenzhou-6 entre 12 e 16 de Outubro de 2005. Nascido a 8 de Setembro de 1964 em Zaoyang, é casado e tem um filho. Actualmente MajorGeneral, se seleccionado para a missão SZ-9 Shenzhou-9 tornar-se-á no primeiro taikonauta a realizar duas missões espaciais. O nome de Zhang Xiaoguan surge um pouco como uma surpresa nesta selecção, pois muitos analistas esperavam que Chen Quan (Comandante suplente na missão SZ-7 Shenzhou7) fosse seleccionado. Esta é a primeira nomeação de Zhang Xiaoguan e pouco se sabe sobre a sua biografia, para além de ter nascido em 1968. Wang Yaping foi uma das taikonautas seleccionadas para o programa espacial chinês em Março de 2010. Nascida numa família de agricultores, os seus pais cultivam cerejas e as duas irmãs ainda vivem com os seus pais. Wang decidiu enveredar por uma carreira militar tornandose piloto de aviões de transporte. Nascida a 27 de Janeiro de 1980 em Yantai, é casada e tem um filho. Wang participou em várias missões de resgate a quando do sismo que abalou a província de Shichuan em 2008. Jing Haipeng nasceu a 24 de Outubro de 1966 em Yuncheng e tal Página 44

como Nie haisheng já realizou um voo espacial, participando na missão SZ-7 Shenzhou-7 entre 25 e 28 de Setembro de 2008. É casado e tem um filho. Pouco se sabe sobre o passado de Liu Wang. Seleccionado para taikonauta em Janeiro de 1998, Liu Wang nasceu em 1970 na província de Shanxi. Liu Yang nasceu em Outubro de 1978 e é casada com uma importante figura militar. Liu Yang é Major na Força Aérea do Exército de Libertação do Povo. As notícias mais recentes apontam os nomes de Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang, como sendo a tripulação principal da Shenzhou-9. No entanto, ainda não surgiu nenhuma confirmação oficial sobre quem foi seleccionado para participar neste voo histórico. Rui Barbosa


Volume 2 Edição 5

ASTRONÁUTICA

Pegasus-XL lança NuSTAR Um foguetão PegasusXL colocou em órbita o observatório NuSTAR. O lançamento teve lugar às 1600:36UTC do dia 13 de Junho de 2012 após o avião de transporte L-1011 Stargazer ter levantado voo desde o Aeródromo Militar de Bucholz no Atol de Kwajalein pelas 1501UTC. O NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array) é um satélite astronómico que irá estudar os raios-X de alta energia, tendo como objectivo ser a primeira missão a obter imagens de fontes de raios-X com energia entre os 8 e 80 keV. O satélite foi construído pela Orbital Sciences Corporation tendo por base o modelo LEOStar-2. O satélite transporta dois telescópios equipados com detectores de cádmio-zinco telúrio que fornecem uma resolução de 60 x 64 pixels. Os seus espelhos são compostos por centenas de segmentos de espelhos curvados numa estrutura cilíndrica composta de 133 conchas com uma espessura de um quinto Página 45

de milímetro com separadores de grafite. O principal objectivo da missão é o de descobrir novos buracos negros super massivos e PUB estrelas em colapso, para observar supernovas fontes de raios gama, além de A sua mapear os restos de superrevista novas. mensal de Rui Barbosa

astronáutica [clica na imagem para saber mais]


Junho 2012

ASTRONÁUTICA

Aproxima-se o lançamento da Shenzhou-9 Segundo divulgou o Boletim Em Órbita, a nave espacial tripulada SZ-9 Shenzhou-9 encontra-se nos preparativos finais para o seu lançamento que deverá ter lugar às 1037:21UTC do dia 16 de Junho de 2012. Esta será uma missão histórica para a China que irá tentar levar a cabo a primeira acoplagem tripulada no seu programa espacial. A missão terá também a bordo a primeira taikonauta chinesa cuja identidade ainda não foi oficialmente revelada, mas que segundo os mais recentes rumores será Liu Yang (na fotografia em cima). A missão terá uma duração de 13 dias com uma permanência de 10 dias a bordo do módulo orbital TG-1 Tiangong-1. Aparentemente está prevista uma segunda acoplagem tripulada durante a missão. Durante a permanência a bordo do módulo os taikonautas deverão levar a cabo várias experiências relacionadas com a adaptação do corpo humano a uma «longa» permanência em órbita, além de executarem outras experiências e observações científicas. A bordo da Shenzhou-9 serão lançados vários quilos de mantimentos, estando o restante já a bordo do Tiangong-1. Dois taikonautas estarão permanentemente a bordo do módulo orbital, com o terceiro a bordo da Shenzhou-9. O mesmo acontece durante o período de descanso com um dos taikonautas a dormir a bordo da Shenzhou-9. Tanto a Shenzhou-9 como o Tiangong-1 estão equipados com dispositivos que permitem a realização de tarefas de higiene tanto por parte dos homens como das mulheres. A Shenzhou-9 será lançada pelo foguetão CZ-2F/G Chang Zheng-2F/G (Y9) a partir da Plataforma de Lançamento 912 do Complexo de Lançamento Página 46

LC43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan. Os seis elementos seleccionados para a missão são Nie Haisheng, Zhang Xiaoguan, Wang Yaping, Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang. Rui Barbosa


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ASTRONÁUTICA

Chang’e-2 a caminho de Toutatis A sonda espacial chinesa Chang’e-2 abandonou o ponto L2 e encontra-se a caminho de um encontro com o asteróide 4179 Toutatis. Este asteróide irá passar «próximo» da Terra em meados do próximo mês de Dezembro, passando a 0,046UA ou 6.900.000 km da Terra. A sonda abandonou o ponto L2 em Abril passado e deverá passar próximo do asteróide a 6 de Janeiro de 2013. Aparentemente a missão da Chang’e-2 não ficará por aqui podendo encontrar-se com o asteróide 12711 Turkmit em Agosto de 2018, com o asteróide 99942 Apophis entre Abril e

Setembro de 2020 e com o asteróide 175706 (1996 FG3) entre Agosto e Dezembro de 2023. (impõe-se uma correcção a este artigo, pois a Chang’e-2 não tem como objectivo após o encontro com Toutatis, encontrar-se com outros asteróides. Os objectos referidos são possíveis alvos em vez do asteróide Toutatis) A Chang’e-2 foi lançada a 1 de Outubro de 2010 por um foguetão CZ-3C Chang Zheng3C desde o Centro de Lançamento de Satélites de Xichang,

tendo a sua missão principal sido o mapeamento detalhado da superfície lunar para a futura missão Chang’e-3 que deverá descer suavemente na superfície do nosso satélite natural. Rui Barbosa

A China irá lançar a Shenzhou-9 A China está a poucas horas de iniciar a sua quar-

horas. O peso total dos propolentes é de cerca de

ta missão espacial tripulada com o lançamento da

450 toneladas.

Shenzhou-9. A bordo estarão três taikonautas:

O lançamento da Shenzhou-9 está previsto para

Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang, sendo esta a

ter 1037:21UTC (1137:21 hora de Lisboa) e será

primeira chinesa a viajar no espaço.

realizado a partir da Plataforma de Lançamento

O abastecimento do foguetão CZ-2F/G Chang

912 do Complexo de Lançamento LC43 do Centro

Zheng-2F/G teve início às 0930UTC do dia 15 de

de Lançamento de Satélites de Jiuquan.

Junho. Na primeira fase o foguetão foi abastecido

Jing Haipeng é o Comandante da Shenzhou-9.

com o combustível seguindo-se o abastecimento

Nascido a 24 de Outubro de 1966 em Yuncheng,

de oxidante às 1230UTC. Tal como a primeira

província de Shanxi, foi piloto de caça na Força

fase, esta segunda fase teve uma duração de duas

Aérea do Exército de Libertação do Povo, sendo

Página 47


Junho 2012

ASTRONÁUTICA

seleccionado para taikonauta em Janeiro de 1998. Esta é a segunda missão de Jing Haipeng, com o seu primeiro voo a ter lugar a

Janeiro de 1998 após ingressar na Força Aérea em 1988. Possuí mais de 1.000 horas de voo e é agora Coronel na Força Aérea.

bordo da Shenzhou-7. O Coronel

Com 33 anos de idade Liu Yang irá

Sénior Jing Haipeng é casado e

tornar-se na primeira chinesa a

tem um filho. Ingressou na For-

viajar no espaço. Nascida em

ça Aérea em 1985 e acumulou

Outubro de 1978 em Zhengzhou,

mais de 1.200 horas de expe-

província de Hainan, foi piloto na

riência de voo.

Força Aérea e é a primeira do segundo grupo de taikonautas a

Liu Wang nasceu em 1970 na

viajar no espaço.

província de Shanxi. Este é o seu primeiro voo espacial e é o res-

Ingressou na força aérea em 1997

ponsável pela manobra de aco-

e é uma piloto veterana com mais

plagem com o módulo Tiangong

de 1.680 horas de voo. É casada e

-1.

é Major na Força Aérea.

Foi seleccionado para o grupo de taikonautas em Página 48

Rui Barbosa


Volume 2 Edição 5

ASTRONÁUTICA

China lança a sua primeira taikonauta A China levou a cabo o lançamento da sua quarta missão espacial tripulada às 1037UTC do dia 16 de Junho de 2012, transportando três taikonautas a bordo entre os quais a primeira chinesa a viajar no espaço. A tripulação é composta por Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang, sendo esta a primeira taikonauta. O lançamento foi levado a cabo pelo foguetão CZ-2F/G Chang Zheng-2F/G (Y9) a partir da Plataforma de Lançamento 912 do Complexo de Lançamento LC43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan. Esta é mais uma missão histórica para o programa espacial da China que tem por objectivo lançar uma estação espacial modular a partir de 2020. Este dia adquire também um significado espacial juntamente com Página 49

o lançamento de Liu Yang, pois há 49 anos a


ASTRONÁUTICA

União Soviética lançava a primeira mulher para o espaço, a cosmonauta Valentina Tereshkova. Jing Haipeng é o Comandante da Shenzhou-9. Nascido a 24 de Outubro de 1966 em Yuncheng, província de Shanxi, foi piloto de caça na Força Aérea do Exército de Libertação do Povo, sendo seleccionado para taikonauta em Janeiro de 1998. Esta é a segunda missão de Jing Haipeng, com o seu primeiro voo a ter lugar a bordo da Shenzhou7. O Coronel Sénior Jing Haipeng é casado e tem um filho. Ingressou na Força Aérea em 1985 e acumulou mais de 1.200 horas de experiência de voo. Liu Wang nasceu em Março de 1969 na província de Shanxi. Este é o seu primeiro voo espacial e é o responsável pela manobra de acoplagem com o módulo Tiangong-1. Foi seleccionado para o grupo de taikonautas em Janeiro de 1998 após ingressar na Força Aérea em 1988. Possuí mais de 1.000 horas de voo e é agora Coronel na Força Aérea. Com 33 anos de idade Liu Yang irá tornar-se na primeira chinesa a viajar no espaço. Nascida em Outubro de 1978 em Zhengzhou, província de Hainan, foi piloto na Força Aérea e é a primeira do segundo grupo de taikonautas a viajar no espaço. Ingressou na força aérea em 1997 e é uma piloto veterana com mais de 1.680 horas de voo. É casada e é Major na Força Aérea. A tripulação suplente é composta por Nie Haisheng, Zhang Xiaoguan e Wang Yaping. A missão da Shenzhou-9 terá uma duração de 13 dias, sendo dois dias de manobras de aproximação com a acoplagem a ter lugar no dia de voo n.º 3. A acoplagem será feita em modo automático. A tripulação irá permanecer 10 dias a bordo do Tiangong-1, mas durante esta permanência irá Página 50

Junho 2012

ingressar de novo na Shenzhou-9, separar-se do módulo e realizar uma nova acoplagem, mas desta vez manualmente conduzida por Liu Wang. O último dia da missão será dedicado à separação definitiva dos dois veículo e regresso à Terra da Shenzhou-9. O Tiangong-1 será então colocado numa órbita mais elevada e aguardar pela missão Shenzhou-10. Dois dos tripulantes irão dormir a bordo do Tiangong-1 enquanto que o terceiro irá dormir na Shenzhou-9. No módulo orbital existem dois postos de descanso individuais que garantem a privacidade dos tripulantes. Os postos de descanso estão equipados com sistemas independentes de comunicação. O módulo está também equipado com vários sistemas e equipamentos para a tripulação, tais como equipamento de exercício físico, equipamento médico para permitir o estudo das variações médicas dos tripulantes ao longo da missão, e equipamento de protecção, bem como um sistema de regeneração de água, equipamento de monitorização médica, roupas para os taikonautas, extintores de incêndio, etc. No lançamento seguiram a bordo da Shenzhou-9 cerca de 300 kg de carga incluindo água, alimentos e diversas experiências científicas. Foram tomadas medidas para proteger a saúde dos três tripulantes. Estas medidas foram previstas para combater a influência da ausência de gravidade na adaptação dos dois homens e da mulher. Enquanto permanecerem em órbita os tripulantes serão submetidos a testes para verificar o funcionamento cardíaco e pulmonar, além das suas condições bioquímicas. A acoplagem com o módulo Tiangong-1 está prevista para ter lugar a 18 de Junho. Rui Barbosa


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ASTRONÁUTICA

Taikonautas entram no Tiangong-1 A Shenzhou-9 acoplou com sucesso com o módulo orbital TG-1 Tiangong-1 às 0608UTC do dia 18 de Junho de 2012. Após uma acoplagem automática bem sucedida, os três taikonautas da Shenzhou-9 entraram a boro do módulo orbital TG-1 Tiangong-1. Após verificarem a atmosfera do módulo orbital e após verificarem a não existência de fugas, o Comandante da Shenzhou-9, Jing Haipeng, abriu a escotilha de acesso ao Tiangong-1. Após acenar para as câmaras existentes no interior do módulo, Jing Haipeng flutuou para dentro do Tiangong1, seguido pouco depois por Liu Wang enquanto que Liu Yang permanecia no módulo de descida da Shenzhou-9. A transmissão em directo deste histórico momento permitiu observar o interior do módulo orbital com a parte «superior» e a parte «inferior» cobertas com uma tela na qual os taikonautas se fixavam. Poucos minutos depois, a primeira taikonauta entrava também por sua vez no interior do Tiangong -1. Os dois veículos irão permanecer acoplados durante dez dias mas durante este período terá Página 51

lugar uma nova manobra de acoplagem desta vez realizada de forma manual por Liu

Wang. Rui Barbosa


astroPT

Valentina Tereshkova A 16 de Junho de 1963, Valentina Vladimirovna Tereshkova tornou-se a primeira mulher no espaço. Valentina nasceu em 1937 na União Soviética. Com 18 anos foi trabalhar para uma fábrica textil e tinha como hobbie o pára-quedismo amador. Em 1962 fez provas juntamente com outras 400 candidatas a cos-

monautas. 5 foram escolhidas. A 21 de Maio, o próprio Nikita Khrushchev escolheu a Valentina. A 16 de Junho de 1963, a Vostok 6 com a Valentina lá dentro, partiu para fora da Terra, completando 48 órbitas ao redor da Terra, num total de 71 horas, regressando a 19 de Junho. Carlos Oliveira O astroPT está agora também disponível no G+. Poderá consultar-nos através da sua conta do Gmail clicando no link superior direito (+SeuNome). Ou então poderá seguir esta ligação (ou ver posts). Passem por lá, adicione aos seus círculos e divulgue pelos seus amigos. José Gonçalves

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astroPT magazine, revista mensal da astroPT Textos dos autores, Design: José Gonçalves


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