Cinema: a realidade de uma quimera

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REFLEXÃO E TESTEMUNHO Introdução

Todos os humanos cuja saúde permita estarem a maior parte do tempo em estado de vigília, trazem em si um teatro interior à feição de um imaginário constituído por odores, ruídos, sons, formas quase caleidoscópicas e sobretudo personagens, tanto amados e cultivados quanto temidos. Predominantemente as emoções, mas também certa racionalidade – ambas mais ou menos criativas – fazem nossos espetáculos íntimos. Como diria Freud, segundo as fases de infância e os desenvolvimentos de libido que tenhamos vivido, nosso teatro interior se mostrará mais rico ou mais modesto, mais cromático ou mais neutro em coloridos, mais agitado ou mais desvitalizado. Mas não tenhamos dúvida: o ser humano foi criando a sociedade das imagens (fotografia, cinema, TV e publicidade, por exemplo) pela básica necessidade de exprimir aspectos do seu teatro íntimo, conquanto a publicidade se mostre mais pragmática. À semelhança de um teste psicológico projetivo de Rorshach, as formas e cores estão no mundo como as manchas nos cartões do teste: desafiando-nos a expressar o que está em nosso íntimo e é mobilizado por impressões externas. Então se vai percebendo que, estarmos atentos a nós mesmos e ao nosso entorno pode ser um diálogo que, embora às vezes silencioso, é muito forte. Digo essas coisas para que se entenda o que leva um filósofo e sociólogo (como eu) a escrever um livro de


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