Pórtico
Não poderia propor o pensamento raso, nem o meramente fácil. E precisamos diferenciá‑lo do banal. O simples é o que pode ser compreendido diante do caos, do hermetismo e dos jargões que, até hoje, tanto protegeram quanto também proibiram o pensamento (Tiburi, 2008).
J
ohann Gutenberg e os demais aperfeiçoadores da imprensa facilitaram-nos as leituras, mas, com isso, surgiu um novo
perigo: o de passarmos a viver mais nas páginas que na vida. Tal perigo é evitado quando as páginas, facultadas pela vida, nos remetam de volta ao viver cotidiano, de modo a podermos descobrir a inexistência de trivialidades no mundo. Aprecio livros capazes de me levar longe, mas abomino aqueles que me deixam lá, distante do pulsar da vida, em nuvens que sobrepairam a tragicomédia humana. Eis por que, inten cionalmente, procuro, neste breve livro, evitar tecnicismos filo sóficos herméticos que fazem as incompreendidas elegâncias de bons escritores, mas não tão bons comunicadores. No entanto,