Psicologia do Envelhecimento: relações sociais, bem-estar subjetivo e atuação profissional

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Apresentação Uma psicologia positiva para o envelhecimento Mais do que elucidar os processos comportamentais típicos da velhice e as mudanças que caracterizam o envelhecimento humano, a psicologia contemporânea caracteriza-se pela ocorrência de uma mudança paradigmática em sua maneira de considerar esses fenômenos. Uma visão negativa e deficitária do envelhecimento, que contabiliza exclusivamente as perdas do processo pouco a pouco vem sendo substituída pela noção de que a velhice é uma fase do ciclo vital marcada por perdas e ganhos concorrentes. Entre os ganhos possíveis nessa quadra da vida estão, por um lado, os dependentes da experiência e da ação da cultura, por outro os engendrados pela personalidade, pela afetividade e pela cognição. Em conjunto, esses elementos dão origem a um fenômeno até há pouco tempo considerado excepcional e fora do alcance da grande maioria das pessoas idosas. Nos dias atuais, são cada vez mais comuns as experiências pessoais e os dados de pesquisas que revelam que as pessoas idosas podem continuar funcionando de forma positiva, a partir dos recursos biológicos e psicológicos que construíram ao longo da vida, em interação com recursos sociais. Uma psicologia positiva do envelhecimento busca identificar as variáveis que respondem pelo florescimento de indivíduos e grupos sociais, pela sua capacidade de enfrentar os desafios físicos, sociais e intrapsíquicos da velhice e pela sua luta pela autorrealização e pela felicidade. Não se trata de teoria ou paradigma, nem tampouco uma perspectiva de autoajuda, mas de uma nova interpretação sobre a adaptação na velhice, fase da vida que se delineia em continuidade ao curso de vida e às influências precedentes. Nesse contexto, ganha importância o conceito de bem-estar subjetivo considerado em suas dimensões de natureza afetiva, cognitiva e ética, contextualizadas pela


saúde física, pelas capacidades intelectuais, pela funcionalidade física e pelo envolvimento social. Torna-se cada vez mais difundida a noção de que o bem-estar subjetivo não declina com a velhice e, mais que isso, pode atuar como moderador dos efeitos das perdas sobre a funcionalidade física, intelectual e social. A coletânea que tenho o prazer de apresentar, a primeira organizada pelos professores Deusivania Vieira da Silva Falcão, da Universidade de São Paulo (USP), Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e Ludgleydson Fernandes de Araújo, da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Parnaíba, é duplamente inovadora, no sentido em que introduz os leitores no mundo das concepções psicológicas positivas sobre a velhice e na medida em que apresenta pesquisadores sediados nas diversas regiões do território nacional, os quais aceitaram o compromisso de escrever sobre velhice de forma positiva. Novos profissionais juntaram seus esforços aos de profissionais mais maduros e produziram relevantes textos teóricos e de pesquisa tratando das razões que ajudam as pessoas mais velhas a continuarem se desenvolvendo, a compensarem as perdas inerentes ao envelhecimento e a adaptarem-se com sucesso às suas circunstâncias. Este livro destina-se a estudantes de graduação e de pós-graduação de Psicologia e Gerontologia e também se constitui em literatura de qualidade para leigos desejosos de se conhecer melhor e de acompanhar os avanços do conhecimento sobre velhice.

Anita Liberalesso Neri


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