Apresentação Uma psicologia positiva para o envelhecimento Mais do que elucidar os processos comportamentais típicos da velhice e as mudanças que caracterizam o envelhecimento humano, a psicologia contemporânea caracteriza-se pela ocorrência de uma mudança paradigmática em sua maneira de considerar esses fenômenos. Uma visão negativa e deficitária do envelhecimento, que contabiliza exclusivamente as perdas do processo pouco a pouco vem sendo substituída pela noção de que a velhice é uma fase do ciclo vital marcada por perdas e ganhos concorrentes. Entre os ganhos possíveis nessa quadra da vida estão, por um lado, os dependentes da experiência e da ação da cultura, por outro os engendrados pela personalidade, pela afetividade e pela cognição. Em conjunto, esses elementos dão origem a um fenômeno até há pouco tempo considerado excepcional e fora do alcance da grande maioria das pessoas idosas. Nos dias atuais, são cada vez mais comuns as experiências pessoais e os dados de pesquisas que revelam que as pessoas idosas podem continuar funcionando de forma positiva, a partir dos recursos biológicos e psicológicos que construíram ao longo da vida, em interação com recursos sociais. Uma psicologia positiva do envelhecimento busca identificar as variáveis que respondem pelo florescimento de indivíduos e grupos sociais, pela sua capacidade de enfrentar os desafios físicos, sociais e intrapsíquicos da velhice e pela sua luta pela autorrealização e pela felicidade. Não se trata de teoria ou paradigma, nem tampouco uma perspectiva de autoajuda, mas de uma nova interpretação sobre a adaptação na velhice, fase da vida que se delineia em continuidade ao curso de vida e às influências precedentes. Nesse contexto, ganha importância o conceito de bem-estar subjetivo considerado em suas dimensões de natureza afetiva, cognitiva e ética, contextualizadas pela