Psicologia Política: temas atuais de investigação

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Psicologia

Política temas atuais de investigação

organizadores

Salvador Antonio Mireles Sandoval Domenico Uhng Hur Bruna Suruagy do Amaral Dantas


DIRETOR GERAL Wilon Mazalla Jr. COORDENAÇÃO EDITORIAL Marídia R. Lima COORDENAÇÃO DE REVISÃO E COPYDESK Catarina C. Costa REVISÃO DE TEXTOS Bruna Oliveira Gonçalves EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Fabio Diego da Silva Tatiane de Lima CAPA Paloma Leslie Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Psicologia política : temas atuais de investigação / organizadores Salvador Antonio Mireles Sandoval, Domenico Uhng Hur, Bruna Suruagy do Amaral Dantas . -- Campinas, SP : Editora Alínea, 2014. Bibliografia 1. Psicologia política I. Sandoval, Salvador Antonio Mireles. II. Hur, Domenico Uhng. III. Dantas, Bruna Suruagy do Amaral. 14-09168

CDD-320.19

Índices para catálogo sistemático: 1. Psicologia política 320.19 ISBN 978-85-7516-717-5 Todos os direitos reservados ao

Grupo Átomo e Alínea Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara - Campinas-SP CEP 13023-191 - PABX: (19) 3232.9340 e 3232.0047 www.atomoealinea.com.br Impresso no Brasil


Sumário Apresentação Psicologia Política: Teorias e sociedade em transformação.................................................... 5 Domenico Uhng Hur, Salvador Sandoval e Bruna Suruagy do Amaral Dantas

Capítulo 1 Considerações Históricas sobre a Psicologia Política............................ 13 Salvador Sandoval, Bruna Suruagy do Amaral Dantas e Soraia Ansara

Capítulo 2 Psicologia Política e Marxismo na História Recente: Contribuições de Martín-Baró e Holzkamp........................................... 25 Fernando Lacerda Jr.

Capítulo 3 Reflexões Psicopolíticas que Auxiliam no Desenvolvimento de Práticas Comunitárias na Implementação de Políticas Públicas no Brasil.................................................................... 53 Regina Célia do Prado Fiedler e Luciana Martins de Souza Caselato Guimarães

Capítulo 4 Direitos Humanos e Memória: A noção de direitos na memória coletiva de uma luta operária............. 75 Soraia Ansara


Capítulo 5 Discursos Sobre a Imigração na Costa Rica: Construindo o outro vulnerável............................................................. 97 Ignacio Dobles Oropeza, Gabriela Vargas Selva e Massiel Arroyo Sibaja

Capítulo 6 Psicologia Política, Arte e Experiência Política................................... 123 Helena Beatriz K. Scarparo e Aline Reis Calvo Hernandez

Capítulo 7 Igreja Universal do Reino de Deus: Ideologia político-religiosa da maior denominação neopentecostal do Brasil................................................ 137 Bruna Suruagy Dantas

Capítulo 8 Identidade Étnica e Consciência Socioambiental de Povos da Floresta da Amazônia Sul-Ocidental............................... 157 Enock da Silva Pessoa

Capítulo 9 Identidade da Mulher Negra................................................................ 189 Maria Salete Joaquim

Capítulo 10 Movimento de Mulheres: história, política e teoria............................. 205 Betânia Diniz Gonçalves e Carolina Marra Simões Coelho

Capítulo 11 Formação da Identidade Militar e Perspectivas de Gênero: Contribuições da Psicologia Política................................................... 229 Emilia Takahashi

Capítulo 12 Polícia e Sociedade: aportes da psicologia política............................. 247 Domenico Uhng Hur e Salvador Antonio Mireles Sandoval

Sobre os Autores.................................................................................. 265


Apresentação

Psicologia Política Teorias e sociedade em transformação Domenico Uhng Hur, Salvador Sandoval e Bruna Suruagy do Amaral Dantas

É com muita satisfação que apresentamos o livro Psicologia Política: temas atuais de investigação. Consideramos que a publicação desta obra, como de outras da área, marca o amadurecimento do campo da Psicologia Política no Brasil. Esperamos que profissionais e pesquisadores psicólogos, cientistas políticos, sociólogos, antropólogos, filósofos, educadores, estudantes e militantes tenham, neste livro, uma importante fonte de acesso para o estudo e o conhecimento da Psicologia Política. Do par “psicologia” e “política” podem decorrer diferentes combinações, das quais pode se citar quatro: uma psicologia politizada; a psicologia da política; as políticas da psicologia e; a constituição de um novo campo acadêmico –­ a Psicologia Política. No campo de uma Psicologia politizada, pode-se referir aos trabalhos desenvolvidos por psicólogos sociais que adotam um enfoque crítico e militante em suas investigações, tal como a postura assumida pela Associação Brasileira de Psicologia Social – ABRAPSO, desde o início da década de 1980. Muitos desses trabalhos têm forte influência da obra de Karl Marx, e conceitos como ideologia, alienação, conscientização, conflito de classes, dialética etc. são bastantes presentes.


6 Apresentação No que se refere a uma psicologia da política, citam-se obras de psicólogos que se debruçaram sobre os fenômenos sociais e políticos, realizando, literalmente, uma psicologia da política. A chamada “obra social” de Sigmund Freud, por exemplo, pode ser pensada como uma psicologia da política: em que elabora os fundamentos da civilização e de um viver coletivo, em Totem e Tabu (Freud, 1913); uma crítica radical à violência do Estado, em Reflexões para os tempos de guerra e a morte (Freud, 1915); o polêmico trabalho realizado em parceria com o embaixador Bullit de uma análise biográfica do ex-presidente norte-americano, Woodrow Wilson (Freud & Bullit, 1984), entre outros. No campo da psicanálise também se pode citar os estudos de Erik Erikson sobre M. Gandhi (Erikson, 1993) e os de W. Reich (1988) sobre o comportamento das massas e o fascismo. No campo do behaviorismo, por sua vez, cita-se como um trabalho de psicologia da política a obra Walden II, em que B. F. Skinner (1973) traça o funcionamento de uma sociedade utópica a partir de conceitos da análise do comportamento. Em relação às políticas da psicologia, alude-se aos trabalhos que discutem os posicionamentos políticos e ideológicos da Psicologia enquanto instituição, por exemplo, como campo de conhecimento, quando I. Pessotti (1998) expõe que, no período colonial brasileiro, os conhecimentos psicológicos foram utilizados como forma de domesticação e doutrinação dos indígenas. O trabalho de Coimbra (1995), ainda, é de suma importância para problematizar os posicionamentos políticos das associações psicológicas brasileiras, bem como suas práticas, no período da ditadura militar brasileira. Hur (2007, 2009, 2012) também analisa as políticas da psicologia, ao discutir os comprometimentos políticos das entidades profissionais da Psicologia, o Conselho Regional de Psicologia e o Sindicato dos Psicólogos, com o Estado na ditadura militar. Vale citar, também, o trabalho de Gondar (2003), que versa sobre as políticas da clínica, discutindo o comprometimento do psicólogo com a afirmação desejante, ou seja, com a revolta e a transgressão do instituído. Já a Psicologia Política configura-se como uma disciplina emergente na Psicologia. Esta possui múltiplas e distintas definições, tal como se pode constatar na revisão de Moya e Morales (1988). De acordo com


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Salvador Sandoval (2001), a Psicologia Política é um campo emergente na psicologia brasileira que busca investigar a participação e o comportamento político na intersecção entre psicologia e política, pretendendo, assim, examinar o papel do pensamento humano, as emoções e os fatores sociais como determinantes do comportamento político. Para o autor, a Psicologia Política é um campo interdisciplinar que utiliza teorias psicossociais e sociais para analisar o mundo da política e o comportamento das pessoas numa sociedade referenciada pelo Estado. A Psicologia Política é um campo desenvolvido no Brasil, desde o fim da década de 1970, mas que se estruturou a partir dos grupos de trabalho na ANPEPP – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia – nas décadas de 1980 e 1990, culminando na fundação da Associação Brasileira de Psicologia Política, no ano de 2000, em seu primeiro Simpósio Nacional, sediado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Em 2001, houve o lançamento do primeiro volume do periódico científico que, semestralmente, vem sendo publicado. Desde então, os núcleos de pesquisa em Psicologia Política ampliam-se no país, sendo os mais estruturados na PUC-SP, Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo – EACH-USP. Tal situação encontra-se detalhada no primeiro capítulo deste livro. Muitos artigos e trabalhos sobre Psicologia Política vêm sendo publicados, mas sente-se a falta de mais livros da área, que ainda são escassos, comparativamente, ao número de pesquisadores e estudiosos do campo. Então, este livro tem como objetivo apresentar temas contemporâneos de pesquisa realizados no campo da Psicologia Política. Nele, busca-se traçar um panorama atual de modalidades de investigação a partir da Psicologia Política que estão sendo realizadas no Brasil e na América Latina, percorrendo diversos temas, como: movimentos sociais, marxismo, memória, imigração, identidade, instituição religiosa, arte, gênero, raça, ambiente, comunidade, minorias étnicas e forças armadas e policiais. Estas problemáticas expressam o desenvolvimento da Psicologia Política no país, em que assume campo de investigação diverso e plural, frequentemente adotando uma postura crítica e politizada.


8 Apresentação Constata-se que tal constelação diversificada de temas expressa a ampliação do fenômeno político na contemporaneidade, em que este não é mais apreendido apenas em suas instituições tradicionais, como o Estado, o partido, os sindicatos e os movimentos sociais, mas também nas “políticas do cotidiano”, em que a política transversaliza as questões de gênero, ecológicas, raciais, comunitárias, públicas, religiosas, da arte, das identidades etc. Considera-se que os tópicos adotados nos capítulos presentes são temas relevantes de desafios que se defrontam na atualidade, mas que ainda estão longe de serem superados. No primeiro capítulo é discutido o histórico da Psicologia Política enquanto disciplina autônoma no mundo e com um grande detalhamento sobre sua constituição no Brasil. É estabelecido um paralelo com seu desenvolvimento na América Latina, em que campos como a Psicologia Comunitária e a Psicologia da Libertação foram de extrema influência para sua consolidação no país. No segundo, versa-se sobre as contribuições do multifacetado campo do marxismo para a Psicologia Política, tendo destaque as obras do espanhol-salvadorenho Ignacio Martín-Baró e do alemão Klaus Holzkamp, que representam contribuições originais de uma Psicologia Política crítica e de caráter emancipatório. O terceiro traça a injunção entre intervenção comunitária e políticas públicas como um dos temas centrais para a Psicologia Política. Discutem-se os desafios da atuação e os elementos conceituais da Psicologia Social Comunitária que auxiliam na intervenção social. Por fim, propõe-se a questão da autogestão e das cooperativas de trabalho como forma de aceder à transformação social, em que novas formas de sociabilidade, a partir da solidariedade, podem ser constituídas. O quarto capítulo, por sua vez, aborda uma das temáticas mais importantes da Psicologia Política latino-americana; a memória coletiva como forma de potencialização de coletivos sociais e para a assunção de direitos. Trata das memórias da resistência de uma luta histórica dos trabalhadores, conhecidos como “Queixadas”, e como ela é ressignificada por seus militantes e transmitida entre gerações. O quinto traz um tema de relevância mundial para o atual mundo globalizado, que é a questão da migração. Através da análise crítica do


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discurso de políticos, da mídia e do cotidiano sociocultural, destacam-se diversas estratégias e eventos discursivos que fomentam imaginários de discriminação e hostilidade ao imigrante estrangeiro, bem como algumas tendências condizentes a visões mais hospitaleiras e abertas de imaginários sobre o nacional. O sexto articula, de forma poética, a arte e a Psicologia Política, ao analisar os enunciados políticos presentes na peça de teatro “Deus lhe pague”. Palavra, contexto discursivo, Estado e experiência política são os diferentes atos que se passam na dobra entre a arte, criação e expressão de diferentes perspectivas com os processos de construção das relações político-sociais. O sétimo, entretanto, traz um tema polêmico e contemporâneo, que é a relação entre religião e política, ao analisar a natureza ideológica do sistema doutrinário e teológico da Igreja Universal do Reino de Deus. Discutem-se as estratégias eleitorais e religiosas adotadas pela IURD, que se articulam entre si, formando um fenômeno complexo e que aumenta seu êxito na disputa partidária e no ingresso nas instâncias políticas. No oitavo capítulo aborda-se outro tema crucial para a gestão da vida e do planeta: a gestão ambiental sob a ótica da Psicologia Política. Discute-se o meio ambiente na Amazônia Sul-ocidental, partindo da identidade social e consciência socioambiental, através de discursos de dois povos apresentados como exemplos de guardiões da natureza: os puyanawa e os ashaninka. O nono capítulo, por sua vez, discute a identidade da mulher negra, problematizando as múltiplas faces da violência a que ela está ou estava submetida. Seja nos tempos da escravidão, coisificada, tomada como objeto, ou até, em muitos casos, expropriada de seus filhos. Ainda, em tempos atuais, em que é alvo de racismo, inclusive no âmbito intrapsíquico, no qual, ao idealizar a mulher branca, pode negar, assim, sua própria condição. Defende-se que a afirmação da identidade e da singularidade cultural configura-se como uma cultura para resistência e potencialização de grupos étnicos minoritários. O décimo, ainda, aborda os movimentos sociais das mulheres e feministas, traçando seu histórico, desenvolvimento, lutas e conquistas


10 Apresentação políticas. Também faz uma aprofundada discussão sobre as teorias de gênero, em que há uma imbricação indissociável entre teoria e política. Os últimos dois capítulos, por fim, versam sobre a análise de instituições militares a partir da Psicologia Política. O penúltimo discute a formação da identidade militar a partir de estudo sobre o impacto da entrada de cadetes mulheres em uma instituição militar, até então, tradicionalmente masculina. E, finalmente, o último alude à relação conflituosa que se mantém na sociedade brasileira entre policiais militares e jovens, em que a Psicologia Política pode ser potencial para compreender e lidar com essa situação de conflito. Sendo assim, nos diferentes capítulos que se seguem são tratadas as dimensões psicossociais, institucionais, históricas e políticas dos diferentes fenômenos a partir de distintas correntes teóricas. Tal opção não se deu devido a um ecletismo teórico, mas sim pela primazia do campo de investigação e atuação, em detrimento das teorias. O campo da Psicologia Política não se preocupa com um dogmatismo teórico, mas sim com o fenômeno em si, pois entende que as teorias são ferramentas de análise dos processos psicopolíticos: as teorias são caixas de ferramentas, como diria o filósofo Deleuze (1979). Por isso, serão encontrados, no livro, conceitos de diversas correntes teóricas, como da Psicologia da Libertação, Psicologia Social Comunitária, Psicologia Crítica Alemã, Análise do discurso, Psicanálise, Teoria da identidade, Teorias de gênero etc. A Psicologia Política, contudo, configura-se mais como um campo de investigação e intervenção do que como uma disciplina teórica uniformizada. Na realidade, a Psicologia Política, no Brasil, constitui-se como um campo em construção, em processo, ainda multifacetado e polissêmico. Atualmente, os autores do livro são docentes e pesquisadores de universidades espalhadas por todo o país, do Norte ao Sul. Contamos, também, com uma participação internacional, de autores da Universidade da Costa Rica. Como o livro foi idealizado e, em grande parte, desenvolvido no Núcleo de Psicologia Política e Movimentos Sociais da PUC-SP, muitos dos seus autores fazem, ou fizeram, parte dele, no qual produziram suas dissertações de mestrado e/ou teses de doutorado sob orientação do Prof. Dr. Salvador Sandoval.


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Esperamos que este livro possa contribuir com a transmissão da Psicologia Política e suscitar discussões, referenciar reflexões, práticas interventivas e novas produções no campo.

Referências Coimbra, C. (1995). Guardiães da ordem: Uma viagem pelas práticas psi no Brasil do “Milagre”. Rio de Janeiro: Oficina do Autor. Deleuze, G. (1979). Os intelectuais e o poder: conversa entre Michel Foucault e Gilles Deleuze. In: Foucault, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal. Erikson, E.H. (1993). Gandhi’s truth: on the origins of militant nonviolence. New York, Norton. Freud, S. (1913/1976). Totem e Tabu. Edição Standard brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. XIII. Rio de Janeiro: Imago. Freud, S. (1915/1976). Reflexões para os tempos de guerra e morte. Edição Standard brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. XIV. Rio de Janeiro: Imago. Freud, S. & Bullit, W.C. (1984). Thomas Woodrow Wilson: Um estudo psicológico. Rio de Janeiro: Graal. Gondar, J. (2003). A clínica como prática política. Lugar comum, nº19. Hur, D.U. (2007). A Psicologia e suas entidades de classe: histórias sobre sua fundação e algumas práticas no Estado de São Paulo nos anos 70. Psicologia Política nº 13 (1). Hur, D.U. (2009). O surgimento da esquerda nas entidades profissionais dos psicólogos de São Paulo, CRP-06 e SPESP, no período da abertura política brasileira. Mnemosine, nº 5 (1). Hur. D.U. (2012). Políticas da Psicologia: histórias e práticas das associações profissionais (CRP e SPESP) de São Paulo, entre a ditadura e a redemocratização do país. Psicologia USP, nº 23 (1). Moya, M. & Morales, J.F. (1988). Panorama histórico de la Psicología Política. In: Seoane, J. & Rodriguez, A. Psicología Política. Madrid: Pirámide. Pessotti, I. (1998) Notas para uma História da Psicologia no Brasil. Psicologia. In: Conselho Federal de Psicologia. Quem é o psicólogo brasileiro? São Paulo: Edicon. Reich, W. (1988). Psicologia de massas do fascismo. São Paulo: Martins Fontes. Sandoval, S.A.M. (2001). The Crisis of the Brazilian Labor Movement and Workers Political Consciousness. Psicologia Política, nº1, (1). Skinner, B.F. (1973). Walden II: Uma sociedade do futuro. São Paulo: E.P.U.



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