REALIDADES DA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL NO BRASIL
Eraldo Leme Batista e Meire Terezinha Müller | orgs.
DIRETOR GERAL Wilon Mazalla Jr. COORDENAÇÃO EDITORIAL Willian F. Mighton COORDENAÇÃO DE REVISÃO E COPYDESK Alice A. Gomes REVISÃO DE TEXTOS Bruna Oliveira Gonçalves EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Fabio Diego da Silva Patrícia Lagoeiro Tatiane de Lima CAPA Paloma Leslie Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Realidades da educação profissional no Brasil / Eraldo Leme Batista e Meire Terezinha Müller, orgs. -- São Paulo : Ícone, 2014. Bibliografia. 1. Educação profissional - Brasil 2. Educação profissional - Brasil - História I. Batista, Eraldo Leme. II. Müller, Meire Terezinha. 14-10731
CDD-379.81
Índices para catálogo sistemático: 1. Brasil : Ensino profissional : Política educacional 379.81 ISBN 978-85-7516-721-2 Todos os direitos reservados ao
Grupo Átomo e Alínea Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara - Campinas-SP CEP 13023-191 - PABX: (19) 3232.9340 e 3232.0047 www.atomoealinea.com.br Impresso no Brasil
Sumário Prefácio...................................................................................................................7 Apresentação......................................................................................................... 11
PARTE I. Aspectos da Educação Profissional.....................................................15 Capítulo 1 Ontologia do Ser Social e Educação: para uma crítica do uso essencialista da categoria trabalho nas pesquisas educacionais brasileiras..................................................................17 Romeu Adriano da Silva Capítulo 2 Educação para a Práxis: contribuições de Gramsci para uma pedagogia da educação profissional............53 Hélica Silva Carmo Gomes e Eraldo Leme Batista Capítulo 3 O Princípio Educativo da Práxis: atualizando o debate teórico da relação trabalho e educação...............................65 Justino de Sousa Junior Capítulo 4 Problematização, Trabalho Cooperativo e Auto-organização: possibilidades de procedimentos de ensino integrado..........................................85 Ronaldo Marcos de Lima Araujo e Maria Auxiliadora Maués de Lima Araujo
Capítulo 5 A Acumulação Flexível no Brasil e suas Demandas de Qualificação da Força de Trabalho...............................................101 Paulo César de Souza Ignácio Capítulo 6 Trabalho, Educação e a Ideologia da Cidadania.................................................125 Roberto Leme Batista Capítulo 7 Educação Profissional, Desenvolvimento Econômico e Desenvolvimento Científico-tecnológico.........................................................145 Zuleide S. Silveira
PARTE II. Movimentos Pontuais na Educação Profissional.............................163 Capítulo 8 A Educação Profissional no Brasil: análise sobre o centro ferroviário de ensino e seleção profissional – década de 1930................................................................165 Eraldo Leme Batista Capítulo 9 As SMO – Séries Metódicas Ocupacionais – como Estratégia Pedagógica Indispensável à Educação Profissionalizante do SENAI..............................................................179 Meire Terezinha Müller Capítulo 10 Tempos “Modernos” no Brasil? O parque fabril brasileiro e as iniciativas senasianas..........................................201 Desiré Luciane Dominschek Capítulo 11 O “Intento Diferenciador” das Ações Governamentais por meio do Ensino Técnico a partir de 1946.....................................................217 Talita Bordignon
Capítulo 12 O Empresariado Industrial Nacional e Seus Projetos Educacionais: a dialética da formação humana entre as décadas de 1970 e 1980.....................239 Jane Maria dos Santos Reis Capítulo 13 A Educação Profissional de Base Politécnica: desafio para o estado do Paraná..........................................................................259 Joice Estacheski e Rita de Cássia da Silva Oliveira Sobre os Autores.................................................................................................285
Prefácio Tive a oportunidade de prefaciar a coletânea anterior promovida pelos mesmos organizadores da atual e que recebeu o título de A educação profissional no Brasil (Alínea, 2013). A ela vem se somar a presente obra que acrescenta novos conhecimentos histórico-filosóficos na abordagem do mesmo tema. Desafiado agora a escrever um novo prefácio e após ter lido todos os textos aqui arrolados em capítulos, sinto que poderia repetir uma boa parte do conteúdo do prefácio anterior e que as ideias e observações lá apresentadas seriam pertinentes também para o presente momento. Entretanto, o eventual leitor não deve ficar com a impressão indevida de que estaremos diante de um texto que repete a primeira coletânea. É claro que o grande ‘pano de fundo’ é sempre o contexto histórico do desenvolvimento do modo de produção capitalista e suas incríveis e insuperáveis contradições pelo mundo afora, o que não é culpa dos autores, pois o capitalismo se mantém com as mesmas características fundamentais que o constituem, reproduzindo-se com rearranjos que evidenciam, cada vez mais, as suas possibilidades historicamente finitas. Empenhados em uma postura sempre crítica, no limite, o estudo de partes do mesmo processo histórico amplia a compreensão do todo. O eixo crítico central de toda a obra é a busca de demonstração e explicação de como o modo de produção capitalista vem desenvolvendo seus modelos de formação profissional dos trabalhadores em geral e, em especial, dos trabalhadores que se envolvem diretamente na produção. Face às grandes transformações do mundo da produção nos últimos cinquenta anos, fartamente referidas em vários capítulos que virão a seguir, tornou-se necessário decifrar as suas consequências para aqueles que as vivenciaram no lugar social subalterno, ou seja, os trabalhadores. O pressuposto, de forma evidente, são as relações que se estabelecem dialeticamente entre capital x trabalho e, por decorrência, a luta de classes. Na luta de classes, já se disse isso, a educação formal escolar foi um dos aspectos que, na sua concretização, revelou muitos embates conflitantes. Desde a invenção burguesa da escola estatal para o povo, indevidamente chamada de escola pública, até as suas múltiplas conformações da atualidade, sempre foi um palco
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de lutas. E, hoje, o grande desafio para a burguesia e os Estados que a representam é formar profissionalmente os trabalhadores, tendo em vista as novas exigências do mundo da produção. O desafio não é simples, pois trata-se de formar um sujeito cuja mente e corpo devem estar aptos, vinte e quatro horas por dia, para ser trabalhador dentro das condições que o capital lhe impõe. São essas condições, no entanto, agora distintas de tempos passados do capitalismo, que também aparecem generosamente e de maneira complementar em vários dos autores da coletânea. E, novamente, há um pressuposto: o trabalho continua a acontecer em forma de alienação com todas as implicações que essa categoria de análise contém e reflete a realidade. Os capítulos que se seguem, independente da ordenação em que se encontram, são ora mais históricos, no sentido da pesquisa que a ciência da História realiza, ora mais filosóficos, no sentido da reflexão rigorosa sobre conceitos fundamentais ou categorias de análise. Eles não se excluem, mas revelam que, às vezes, são possíveis significativos embates dentro do mesmo campo teórico ou, no mínimo, visões diferenciadas. Isso é muito salutar. Dois outros aspectos que os leitores poderão aproveitar ao longo da coletânea se relacionam com a política educacional de formação profissional e a história de instituições formadoras. Eximo-me da possível obrigação de referir-me a cada um dos capítulos, tarefa realizada na Apresentação da coletânea, mas registro que ela amplia, consideravelmente, aquela que a antecedeu. Os ganhos nos campos do conhecimento histórico da educação profissional, no aclaramento filosófico do embate de concepções, da política educacional e história de instituições formadoras são visíveis. Falta dizer que os trabalhos aqui expostos se estendem desde os anos 1930 até os dias de hoje e seus contextos históricos são pertinentes, essencialmente, à realidade da sociedade brasileira, com várias pontuações, também, no desenvolvimento do capitalismo mundial. Sendo assim, as interpenetrações dessas duas dimensões são muitas vezes apontadas. Há bom uso de muitos autores clássicos ou de autores de sólida produção nas respectivas temáticas. Também é de se notar a boa quantidade de fontes primárias arroladas, registradas e interpretadas. Por último, uma brevíssima reflexão que decorre do manuseio atento da coletânea. Novos desafios históricos estão lançados aos que se empenham na construção de uma educação progressista em sentido revolucionário. Está claro que a burguesia, com sua dominação e hegemonia, usou de todos os mecanismos possíveis, inclusive o Estado e governos seus aliados, para ‘ajustar’ a formação profissional – por extensão toda a classe trabalhadora – às condições do capitalismo de hoje. A concentração do capital, entretanto, continua, de crise em crise, se
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solidificando. Por outro lado, a miséria e o desemprego, para citar apenas essas duas realidades, despertam reações, movimentações e resistências que assolam diferentes sociedades em várias partes do globo terrestre. Também não são desprezíveis as muitas formas de descontentamento dos movimentos juvenis. Não é bizarro afirmar que a luta de classes permanece latente. De forma específica, a construção de uma educação geral e/ou profissional desalienadora, libertadora, na contramão do movimento do capital, é o objetivo último de todos os autores aqui reunidos. O compromisso da presente obra é com o trabalho e a educação libertos das garras do capital e não como exploração apropriada e ideologia formativa decorrente do ideário neoliberal. Então, por que não (?), estamos na luta. Que o público leitor faça também sua combativa leitura de todo o itinerário que vem a seguir. José Luís Sanfelice Professor Titular em História da Educação/UNICAMP, aposentado e colaborador. Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil” – HISTEDBR.
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