Indústria, Crescimento e Desenvolvimento

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IndĂşstria,

Crescimento e Desenvolvimento FlĂĄvio Vilela Vieira | org.


DIRETOR GERAL Wilon Mazalla Jr. COORDENAÇÃO EDITORIAL Marídia R. Lima COORDENAÇÃO DE REVISÃO E COPYDESK Alice A. Gomes REVISÃO DE TEXTOS Bruna Oliveira Gonçalves EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Fabio Diego da Silva Patrícia Lagoeiro CAPA Paloma Leslie Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Indústria, crescimento e desenvolvimento / Flávio Vilela Vieira, org. -- Campinas, SP : Editora Alínea, 2014. Vários autores. 1. Desenvolvimento sustentável 2. Economia Brasil 3. Indústrias - Brasil 4. Política econômica 5. Políticas públicas I. Vieira, Flávio Vilela. 14-11783

CDD-338.0981

Índices para catálogo sistemático: 1. Brasil : Indústrias : História 338.0981 ISBN 978-85-7516-724-3 Todos os direitos reservados ao

Grupo Átomo e Alínea Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara - Campinas-SP CEP 13023-191 - PABX: (19) 3232.9340 e 3232.0047 www.atomoealinea.com.br Impresso no Brasil


Apoio Cultural

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Instituto de Economia Universidade Federal de Uberl창ndia



Sumário Introdução.....................................................................................................................7

Parte I. A Indústria Brasileira: panorama, estrutura, setores e estudos de casos.................................... 11 Capítulo 1 Panorama da Indústria Brasileira nos Anos 2000.......................................................13 Ana Paula Macedo de Avellar, Aderbal Oliveira Damasceno e Luciana Carvalho Capítulo 2 Arranjos Industriais Centrados na Sustentabilidade: entendendo os ecossistemas industriais......................................................................29 Debora Nayar Hoff, Martha Andrea Brand, Jessé Morais Pacheco e Rodrigo Octávio Pereira Marquez Júnior Capítulo 3 Condução da Política Monetária e Dinâmica dos Setores Industriais no Brasil.........57 Cleomar Gomes da Silva e Fabrício de Assis Campos Vieira Capítulo 4 Evolução da Participação das Micro e Pequenas Empresas na Estrutura Industrial Brasileira nos Anos 2000............................................................71 Marisa dos Reis A. Botelho e Graciele de Fátima Sousa Capítulo 5 Desempenho da Indústria Automobilística e Desindustrialização no Brasil..............93 Michele Polline Veríssimo


Capítulo 6 Desempenho Recente da Indústria Brasileira do Aço...............................................123 Germano Mendes de Paula

Parte II. Indústria, Crescimento e Desenvolvimento no Brasil............................ 141 Capítulo 7 Padrão de Especialização Comercial do Brasil no Início do Século XXI................143 Clésio Lourenço Xavier e Daniela Fernanda Yamane Capítulo 8 Indústria, Padrão de Especialização Comercial e Crescimento dos Estados Brasileiros no Período Recente: uma estratégia multissetorial....................175 Guilherme Jonas Costa da Silva, Camila do Carmo Hermida e Helenise Sarno Santos Capítulo 9 Industrialização, Distribuição de Renda e Desenvolvimento Econômico: algumas evidências para os municípios brasileiros..................................................197 Carlos César Santejo Saiani e Bruno Benzaquen Perosa

Parte III. Indústria, Crescimento e Desenvolvimento: BRICS e Coreia do Sul....... 227 Capítulo 10 Indústria e Crescimento Econômico na China: uma análise comparativa com o Brasil, Índia, Rússia e África do Sul.....................229 Flávio Vilela Vieira Capítulo 11 A Coreia do Sul sob uma Perspectiva Histórica e Empírica: uma análise voltada para o crescimento econômico.................................................255 Thaís Guimarães Alves Sobre os Autores.......................................................................................................279


Introdução O presente livro faz parte de um projeto de pesquisa, envolvendo um grupo de professores do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, cujo objetivo é o de investigar, sob o ponto de vista empírico, a relação entre o setor industrial e o crescimento e o desenvolvimento econômico, bem como a ocorrência de desindustrialização nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, com uma atenção especial a ser dedicada ao caso brasileiro. Parte da literatura sobre crescimento econômico sugere a existência de efeitos favoráveis em que o setor industrial e sua participação relativa na economia poderiam exercer em termos da dinâmica de crescimento nas diversas economias quando comparada aos demais setores (agricultura e serviços), embora tais efeitos estejam associados a questões como: maior dinâmica de incorporação dos avanços tecnológicos e inovações, ganhos de produtividade, maior remuneração dos fatores de produção (capital e trabalho), efeitos de transbordamento (spillovers), dentre outros. Esta obra pretende examinar os vários aspectos subjacentes à discussão sobre o papel da indústria para o crescimento e desenvolvimento econômico e, neste sentido, busca preencher uma lacuna editorial em termos de organização de vários trabalhos na temática em questão que tem recebido, recentemente, um grande destaque na mídia e no debate acadêmico, debate este guiado por discussões acerca das razões e implicações da perda de dinamismo da indústria brasileira em relação a outros países e as consequências que tal perda exerce sobre a economia brasileira, tanto sob o ponto de vista macroeconômico como sob o microeconômico. A estrutura do livro foi dividida em três partes contendo onze capítulos. A primeira parte é dedicada à indústria brasileira de forma a se estabelecer um panorama da indústria brasileira, sua estrutura setorial, alguns estudos de casos (indústria automobilística e do aço), a participação das micro e pequenas empresas na estrutura industrial, os arranjos industriais centrados na sustentabilidade, e a relação entre a política monetária e a dinâmica dos setores industriais. A segunda parte foca na relação entre indústria, crescimento, desenvolvimento, padrão de especialização e distribuição de renda com análises desenvolvidas para o Brasil, os estados e os municípios brasileiros.


8 Introdução A terceira e última parte desenvolve uma análise da relação entre indústria e crescimento para a Coreia do Sul e um conjunto de economias emergentes (BRICS). As discussões apresentadas no livro permitem elencar algumas lições e perspectivas, que podem ser, assim, sistematizadas: • A perda de dinamismo da produção industrial, a queda do ritmo inovativo e a diminuição da participação dos produtos industriais na pauta exportadora, especialmente os de alta e média-alta intensidade tecnológica, refletem a queda da competitividade da indústria brasileira nos anos 2000; • Os indicadores de comércio exterior evidenciam um aumento da fragilidade da inserção externa dos produtos industriais brasileiros, especialmente dos produtos industriais de alta e média intensidade tecnológica, questionando-se, assim, o grau de competitividade da indústria nacional em relação à indústria mundial; • Foi observada uma correlação da evolução da taxa de câmbio real efetiva, de um lado, e o aumento das importações diretas e indiretas do aço, a queda da vantagem competitiva da siderurgia brasileira e a retração das margens de lucro das companhias siderúrgicas brasileiras, de outro; • O desempenho do saldo comercial brasileiro, no início do século XXI, confirma uma pauta de exportações concentrada em produtos de baixa elasticidade-renda da demanda e importações concentradas em produtos com elevada elasticidade-renda da demanda, impondo um constrangimento ao crescimento; • Não houve, desde a segunda metade dos anos 90, alteração significativa na participação das micro e pequenas empresas na estrutura industrial brasileira, a despeito da vigência de um conjunto de programas de apoio direcionados a esse segmento empresarial; • Alterações na taxa básica de juros geram dinâmicas distintas nos diferentes setores da indústria brasileira, com maior impacto na produção de bens do capital. Já o resultado para a produção industrial geral confirma a evidência empírica de que, na média, demora-se cerca de um ano para que decisões de política monetária tenham efeito máximo na demanda e na produção; • A análise do desempenho da indústria automotiva mostra que a produção de autoveículos não foi prejudicada pelo contexto de apreciação cambial e altos preços das commodities, o que sinaliza a não ocorrência de desindustrialização na atividade. Todavia, há evidências de que o setor de autopeças tem perdido participação no produto e emprego devido à baixa competitividade em relação aos componentes importados; • Em um contexto de construção do desenvolvimento sustentável, destaca-se a modificação dos arranjos produtivos para formatos que buscam a mini-


Introdução

• •

9 mização do uso de recursos naturais e dos impactos ambientais, através da simbiose industrial, com maior fechamento de ciclo de materiais e energia; A análise multissetorial desenvolvida demonstrou que a indústria é o setor mais dinâmico na relação bilateral do Brasil com os Estados Unidos. Assim, acredita-se que as políticas adequadas de estímulo a este setor permitiriam o relaxamento da restrição externa ao crescimento econômico, já que melhoraria a participação das exportações brasileiras na relação comercial com a economia norte-americana, principalmente nos segmentos mais sofisticados do processo produtivo, o que reduziria a dependência de importação de bens com maior valor agregado; Sob uma perspectiva histórica e empírica, as principais razões para o crescimento econômico sul-coreano foram o incentivo às exportações: o desenvolvimento da indústria de baixa tecnologia, média-baixa tecnologia e média alta tecnologia; o aumento do PIB per capita; o investimento maciço em educação com a forte ajuda norte-americana, principalmente após 1970; e a intervenção do Estado combinado com a moderada participação do setor privado, mesmo em momentos de recessão econômica; Evidências para os municípios brasileiros, em 2000, mostram tendência de alterações das participações dos setores no PIB e no emprego em função do nível de renda, o que está de acordo com a abordagem da economia dual e pode sinalizar, em nível municipal, processos “naturais” de desconcentração e de desindustrialização em nível municipal. Além disso, a relação entre industrialização (medida pela participação da indústria no PIB) e desigualdade de renda assume o formato de um “N”; ou seja, em estágios iniciais, a desindustrialização é concentradora de renda, contudo, em estágios intermediários, resultaria em melhora da distribuição, embora voltasse a ser concentrada em níveis mais avançados; A importância de políticas que estimulem a competitividade do setor exportador e a manutenção de um setor industrial dinâmico e competitivo; A relevância de se ter altas taxas de investimento na economia e políticas de caráter estrutural que consigam atingir uma melhora do ambiente institucional ainda que estas possam ser consideradas como sendo de médio e longo prazo; A manutenção de uma taxa de câmbio real efetiva competitiva que, em última instância, deva se manter relativamente depreciada ou, pelo menos, evitar apreciações significativas e duradouras.


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