Análise de Investimento em Projetos Greenfield de Bioenergia

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Anรกlise de

Investimento

em Projetos Greenfield de Bioenergia

Eduardo Tobias Neme F. Ruiz


DIRETOR GERAL Wilon Mazalla Jr. COORDENAÇÃO EDITORIAL Marídia R. Lima COORDENAÇÃO DE REVISÃO E COPYDESK Alice A. Gomes REVISÃO DE TEXTOS Bruna Oliveira Gonçalves EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Fabio Diego da Silva Patrícia Lagoeiro CAPA Paloma Leslie Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ruiz, Eduardo Tobias Neme F. Análise de investimento em projetos Greenfield de bioenergia / Eduardo Tobias Neme F. Ruiz. -Campinas, SP : Editora Alínea, 2015. Bibliografia 1. Agroindústria - Brasil 2. Agroindústria Projetos 3. Bioenergia 4. Investimentos - Análise 5. Projetos de desenvolvimento agrícola - Brasil I. Título. 14-13473

CDD-338.1

Índices para catálogo sistemático: 1. Agronegócios e desenvolvimento sustentável : Economia 338.1 ISBN 978-85-7516-729-8 Todos os direitos reservados ao

Grupo Átomo e Alínea Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara - Campinas-SP CEP 13023-191 - PABX: (19) 3232.9340 e 3232.0047 www.atomoealinea.com.br Impresso no Brasil


Apoio Cultural



Dedico este trabalho à minha esposa Tatiana, pela incansável paciência e generosidade durante quatro anos, entre o Mestrado, a elaboração e a publicação deste livro.


Agradeço primeiramente a Deus, pela disposição, determinação e disciplina durante a elaboração deste livro, e por ter colocado a bioenergia no meu caminho profissional. Agradeço ao Paulo Vasconcellos Neto, meu principal mentor profissional, pelo apoio durante o decorrer do mestrado. Ao meu orientador da dissertação Prof. Ricardo R. Rochman e a todos os demais professores, coordenadores – em especial o Prof. Angelo Costa Gurgel – e colegas de mestrado pela generosidade de compartilharem seus conhecimentos comigo e pela amizade. Aos Profs. Paulo Furquim de Azevedo e Richard Saito, por participarem da banca de avaliação da dissertação de mestrado, base deste livro. Ao Luiz Felipe Pellegrini, doutor em engenharia mecânica, colega de trabalho e amigo, por compartilhar sua experiência acadêmica e pelas revisões técnicas deste livro. Ao ex-professor, empreendedor e amigo Roberto Carvalho Cardoso, grande entusiasta das florestas energéticas, pela generosidade de compartilhar seu conhecimento em eucalipto e briquetes. Aos executivos e empreendedores do setor de bioenergia e do agronegócio Colin Butterfield, Emilio Rietmann e Rodrigo Rasga, que criticaram meu livro. Agradeço ao ex-ministro da agricultura, Dr. Roberto Rodrigues, por criar o Centro de Agronegócio da FGV, idealizar o Mestrado Profissional em Agroenergia e pelo apoio à publicação deste livro. Por último, agradeço às quatro instituições que me propiciaram conhecimento e embasamento técnico e acadêmico imprescindível para a elaboração deste livro: FGV-EAESP, FGV-EESP, USP-ESALQ e Embrapa.


“É essencial dispor de inovação e soluções alternativas para conseguirmos avanços significativos em direção a um modelo de desenvolvimento mais sustentável”. Prof. Dr. Giampaolo Queiroz Pellegrino “A energia é essencial para que se atinjam os objetivos econômicos, sociais e ambientais inter-relacionados ao desenvolvimento sustentável. Mas, para alcançar esta importante meta, os tipos de energia que produzimos e as formas como utilizamos terão que mudar. Do contrário, danos ao meio ambiente ocorrerão mais rapidamente, a desigualdade aumentará e o crescimento econômico global será prejudicado”. UNDP World Energy Assessment: energy and challenge of sustainability



Sumário Prefácio......................................................................................................15 Introdução..................................................................................................17

PARTE I. O Setor de Bioenergia............................................................21 Capítulo 1 Definições..................................................................................................22 1.1 Conceitos..........................................................................................22 1.2 Classificações...................................................................................27 Capítulo 2 Panorama Setorial no Brasil.......................................................................29 2.1 Números atuais.................................................................................29 2.2 Potencial de mercado no Brasil........................................................36 Capítulo 3 Projetos Agroindustriais de Bioenergia.....................................................56 3.1 Rotas de conversão de biomassa em energia..........................................56 3.2 Unidades agroindustriais de bioenergia e principais características......58

PARTE II. Análise de Investimento em Projetos Agroindustriais Greenfield.......................................................77 Capítulo 4 Revisão Bibliográfica.................................................................................78 4.1 Análise de investimento em projetos................................................78 4.2 Análise de investimento em projetos agroindustriais Greenfield de bioenergia..............................................80


Capítulo 5 Componentes de um Projeto Agroindustrial Greenfield de Bioenergia.....81 Capítulo 6 Análise de Estratégia e de Competitividade..............................................87 6.1 Metodologias utilizadas....................................................................87 6.2 Particularidades e proposta de abordagem complementar...............89 Capítulo 7 Viabilidade Técnica e Operacional Agrícola.............................................90 7.1 Plano de suprimento.........................................................................91 7.2 Plano de ocupação............................................................................92 7.3 Recursos humanos, insumos e máquinas.........................................94 7.4 Cronograma de implantação.............................................................95 7.5 Aspectos socioambientais.................................................................95 Capítulo 8 Viabilidade Técnica e Operacional Industrial............................................96 8.1 Tecnologia........................................................................................96 8.2 Projetos de engenharia.....................................................................98 8.3 Recursos humanos..........................................................................100 8.4 Estratégia de operação e manutenção.............................................100 8.5 Cronograma de implantação...........................................................101 8.6 Aspectos socioambientais...............................................................101 Capítulo 9 Viabilidade da Localização e da Logística....................................................102 9.1 Escopo do parecer técnico agrícola................................................103 9.2 Escopo do parecer técnico industrial..............................................104 9.3 Aspectos socioambientais...............................................................106 Capítulo 10 Avaliação de Aspectos Socioambientais..................................................107 10.1 Impactos socioambientais.............................................................108 10.2 Escopo do parecer relacionado à parte agrícola............................108 10.3 Escopo do parecer relacionado à parte industrial..........................109 10.4 Escopo do parecer relacionado à parte logística...........................110 10.5 Princípios do Equador...................................................................111 10.6 Escopo do parecer relacionado a certificações.............................111 Capítulo 11 Avaliação de Incentivos Fiscais e Tributação..........................................112 11.1 Tributação......................................................................................113


Incentivos fiscais...........................................................................114 11.3 Planejamento tributário.................................................................114 11.4 Incentivos fiscais aplicáveis a projetos Greenfield de bioenergia......115 11.2

Capítulo 12 Análise dos Profissionais e da Governança.............................................117 12.1 Papel do empreendedor.................................................................117 12.2 Capacidade de execução...............................................................118 12.3 Comprometimento........................................................................119 12.4 Plano de governança.....................................................................120 Capítulo 13 Análise da Estratégia de Financiamento..................................................122 13.1 Metodologias utilizadas................................................................122 13.2 Particularidades e proposta de abordagem complementar............126 Capítulo 14 Viabilidade Econômico-financeira...........................................................136 14.1 Metodologias utilizadas................................................................136 14.2 Particularidades e proposta de abordagem complementar............141 Capítulo 15 Análise de Riscos e Estratégia de Alocação e Mitigação...........................149 15.1 Metodologias utilizadas................................................................150 15.2 Particularidades e proposta de abordagem complementar............154 Capítulo 16 Análise e Elaboração dos Principais Contratos e Apólices de Seguros...176 16.1 Metodologias utilizadas................................................................176 16.2 Particularidades e proposta de abordagem complementar............181 Capítulo 17 Decisão do Investimento e Consolidação da Ferramenta de Análise......200 17.1 Decisão do investimento...............................................................200 17.2 Consolidação da ferramenta de análise de investimento..............202 PARTE III. Estudo de Caso: projeto de cogeração a eucalipto.........203 Capítulo 18 Descrição do Projeto................................................................................204 18.1 Histórico........................................................................................204


O projeto.......................................................................................205 18.3 A Bioenergia e a oportunidade de investimento............................206 18.2

Capítulo 19 Componentes do Projeto..........................................................................207 Capítulo 20 Análise de Estratégia e de Competitividade............................................212 20.1 Especificidade da transação e estratégia competitiva...................212 20.2 Análise da estrutura da indústria: 5 forças de Porter.....................213 20.3 Análise SWOT..............................................................................215 Capítulo 21 Viabilidade Técnica e Operacional Agrícola...........................................217 21.1 Escolha do consultor.....................................................................217 21.2 Resultados do parecer...................................................................218 21.3 Análises complementares pelo investidor.....................................222 Capítulo 22 Viabilidade Técnica e Operacional Industrial..........................................224 22.1 Escolha do consultor.....................................................................224 22.2 Resultados do parecer...................................................................225 Capítulo 23 Viabilidade da Localização e da Logística...............................................229 23.1 Escolha do consultor.....................................................................229 23.2 Resultados do parecer agrícola.....................................................230 23.3 Resultados do parecer industrial...................................................231 Capítulo 24 Avaliação de Aspectos Socioambientais..................................................235 24.1 Escolha do consultor.....................................................................235 24.2 Impactos socioambientais.............................................................235 24.3 Resultados do parecer no aspecto ambiental agrícola...................236 24.4 Resultados do parecer no aspecto ambiental industrial................237 24.5 Resultados do parecer no aspecto logístico...................................239 24.6 Resultados do parecer no aspecto social.......................................239 24.7 Princípios do Equador...................................................................239 24.8 Resultados do parecer quanto a certificações...............................240


Capítulo 25 Avaliação de Incentivos Fiscais e Tributação..........................................241 25.1 Escolha do consultor.....................................................................241 25.2 Resultados da análise fiscal e tributária........................................242 Capítulo 26 Análise dos Profissionais e da Governança.............................................246 26.1 Papel do empreendedor.................................................................246 26.2 Capacidade de execução...............................................................247 26.3 Comprometimento........................................................................249 26.4 Plano de governança.....................................................................249 Capítulo 27 Análise da Estratégia de Financiamento..................................................251 27.1 Modalidade de financiamento.......................................................251 27.2 Fontes e linhas de financiamento..................................................252 27.3 Decisão da estratégia de financiamento........................................255 Capítulo 28 Viabilidade Econômico-financeira...........................................................260 28.1 Análise da geração de caixa da SPE Bioenergia...........................260 28.2 Análise de viabilidade econômico-financeira...............................268 28.3 Análise de cenários........................................................................271 Capítulo 29 Análise de Riscos e Estratégia de Alocação e Mitigação........................279 29.1 Etapa 1. Identificação e segmentação dos riscos..........................279 29.2 Etapa 2. Análise de riscos.............................................................280 29.3 Etapa 3. Análise de sensibilidade..................................................290 29.4 Etapa 4. Estratégia de alocação e mitigação.................................296 Capítulo 30 Análise e Elaboração dos Principais Contratos e Apólices de Seguros......301 30.1 Principais previsões dos contratos negociados.............................303 30.2 Previsões necessárias nos demais contratos..................................304 30.3 Plano de seguros............................................................................313 30.4 Instrumentos derivativos...............................................................314 Capítulo 31 Decisão de Investimento..........................................................................315


Conclusões...............................................................................................317 Lista de Abreviaturas e Siglas..................................................................319 Anexo A: Fatores de Conversão..............................................................323 Referências...............................................................................................327


Prefácio O Programa Nacional do Álcool, lançado pelo Governo Federal em 1975, constituiu-se no maior programa mundial de alternativa à gasolina após os sucessivos choques de petróleo da primeira metade dos anos 70. Desde então, aos trancos e barrancos, este foi se firmando, passando a atrair, já no século XXI, investimentos de grandes multinacionais como Bunge, Cargill, ADM, Dreyfus, Tereos, Abengoa, Renuka, além de petroleiras como BP, Shell, Total e a própria Petrobrás. O carro flex, por sua vez, lançado em 2002/03, deu mais um impulso ao setor, legislações em outros países do mundo forçaram a mistura de derivados de petróleo aos biocombustíveis – etanol e biodiesel – e estes movimentos todos sinalizavam para a produção de etanol em outros países tropicais, na África e na América Latina, dando, até mesmo, a impressão de que a matriz energética mundial seria fortemente influenciada pelos biocombustíveis. O segmento de cogeração de energia elétrica nas usinas de cana foi outro passo relevante, e os investimentos na produção de biocombustíveis e bioeletricidade foram, de vento em popa, até a crise financeira de 2008. Nos anos anteriores a ela, o Brasil assistira a um crescimento de quase 10% ao ano nos canaviais plantados e, de repente, isso parou completamente. Zero de Greenfields! Para complicar ainda mais a atividade produtiva, o governo brasileiro firmou uma política de combate à inflação em que o preço da gasolina tem peso importante. Congelou, então, este preço, trazendo enorme prejuízo à Petrobrás, uma vez que esta passou a vender, no mercado interno, a gasolina comprada lá fora por um preço mais alto: prejuízo em cada litro vendido aqui. Ainda, os produtores de etanol perderam muito, uma vez que este produto só compete com a gasolina nos postos de combustíveis até valer 70% do derivado de petróleo. Ora, sendo o etanol um produto da cana-de-açúcar, cujo custo de produção sobe com os aumentos nos preços de aço, fertilizantes, defensivos, mão de obra etc.,


16 Prefácio ele acabou perdendo competitividade. Com isso, cerca de 50 usinas fecharam e muitas outras estão em más condições. No entanto, ainda há espaço para empresas eficientes, e várias delas seguem crescendo, inclusive comprando outras em pior situação financeira. E começam a surgir empresas interessadas em novas plantas, lastreadas nas mais diversas inovações tecnológicas experimentadas pela cadeia produtiva, inclusive no segmento de etanol de segunda geração. Sendo, assim, e dadas as margens muito estreitas que o etanol oferece aos fabricantes, tornou-se absolutamente essencial analisar, com o máximo rigor, qual o retorno possível de investimentos em projetos Greenfields de bioenergia. Este livro, de Eduardo Tobias Neme Ruiz, é um verdadeiro achado para a referida análise. Com uma metodologia precisa, Ruiz avalia todos os componentes de um projeto desta natureza, começando pela análise da estratégia e da competitividade do produto, identificando os fatores de risco e de geração de lucro, tornando possível prever com realismo o desempenho futuro, até a decisão de investimento. Contudo, antes disso, discute a viabilidade agrícola, a industrial, a logística, a questão socioambiental, os aspectos fiscais e tributários, a governança, o crédito, a viabilidade econômico-financeira, e os contratos; tudo isso de forma acurada e rigorosa. Este estudo leva o investidor potencial a olhar a geração de caixa e o gerenciamento de riscos do projeto, a tempestividade da operação, os custos de produção e os preços do produto final. Para seu estudo, Ruiz trabalhou com dados baseados em um projeto real, que foi a substituição da matriz energética de duas plantas petroquímicas do nordeste por geração de vapor a partir de cavaco de eucalipto em vez de vapor de gás natural. Portanto, as conclusões deste trabalho são extremamente realistas e consideram uma variável fundamental: trata-se de uma agroindústria em que o lado agrícola representa o maior risco, seja pela condição climática, seja pelo lado biológico da matéria-prima. É um trabalho inédito quanto à padronização de metodologia para projetos Greenfields em bioenergia, em todas as suas facetas. Torna-se, pois, uma obra indispensável para todo profissional interessado neste setor, bem como para fundos e bancos de investimentos e até para formuladores de políticas públicas. Um “vade-mecum” para quem quiser estudar Greenfields em bioenergia.

Roberto Rodrigues Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas e Presidente da Academia Nacional de Agricultura (SNA).


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