2ª Edição | Revisada
Formação de Professores DISCUTINDO O ENSINO DE PSICOLOGIA
organizadoras Roberta Gurgel Azzi Sylvia Helena Souza da Silva Batista Ana Maria Falcão de Aragão Sadalla
DIRETOR GERAL Wilon Mazalla Jr. COORDENAÇÃO EDITORIAL Marídia R. Lima COORDENAÇÃO DE REVISÃO E COPYDESK Catarina C. Costa REVISÃO DE TEXTOS Bruna Oliveira Gonçalves EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Fabio Diego da Silva Tatiane de Lima CAPA Camila Lagoeiro Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Formação de professores: discutindo o ensino de psicologia / Roberta Gurgel Azzi, Sylvia Helena Souza da Silva Batista e Ana Maria de Aragão Sadalla (Orgs.) -- Campinas, SP: Editora Alínea, 2016. 2ª Edição 1. Professores - Formação. 2. Psicologia da aprendizagem. I. Azzi, Roberta Gurgel. II. Batista, Sylvia Helena Souza da Silva. III. Sadalla, Ana Maria de Aragão. IV. Título. F765
CDD - 370.71 - 370.1525 Índices para catálogo sistemático: 1. Professores - Formação 370.71 2. Psicologia da aprendizagem 370.1523 ISBN 978-85-7516-769-4 Todos os direitos reservados ao
Grupo Átomo e Alínea Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara - Campinas-SP CEP 13023-191 - PABX: (19) 3232.9340 e 3232.0047 www.atomoealinea.com.br Impresso no Brasil
Sumário
Prefácio.........................................................................................................................5 A Obra e seu Contexto de Produção...........................................................................13 As organizadoras Parte 1 – Desenvolvimento Profissional e Constituição da Docência...................17 Capítulo 1 Teorias Implícitas na Ação Docente: Contribuição teórica ao desenvolvimento do professor prático-reflexivo..................19 Ana Maria Falcão de Aragão Sadalla Capítulo 2 Desenvolvimento Profissional do Professor: Desafios institucionais.........................35 Sérgio Antonio da Silva Leite Parte 2 – O Ensino de Psicologia nas Licenciaturas..............................................59 Capítulo 3 Conhecimento Psicológico e Formação de Professores..............................................61 Clarisa Terezinha Guerra Capítulo 4 Discutindo a Relação Professor-licenciado e Aluno-adolescente à Luz da Formação em Psicologia...............................................85 Patrícia Cristina Albieri de Almeida
Capítulo 5 O Ensino de Psicologia da Educação sob o Olhar de Licenciados e Licenciandos.......................................................................105 Priscila Larocca Parte 3 – Contribuições às Práticas Pedagógicas.................................................131 Capítulo 6 Ensinando Psicologia na Licenciatura: Experiências, opções e aprendizagens........133 Sylvia Helena Souza da Silva Batista e Roberta Gurgel Azzi Capítulo 7 Ensino de Psicologia na Licenciatura: Estratégias de ensino como facilitadoras da articulação entre realidade da escola e conteúdo teórico.............................................................143 Roberta Gurgel Azzi, Marli Amélia Lucas Pereira e Sylvia Helena Souza da Silva Batista Sobre os Autores.......................................................................................................159
Prefácio
Tratar do lugar da disciplina Psicologia da Educação nos cursos de licenciaturas é evocar as origens desses cursos que se debatem com um problema histórico que é a descaracterização do magistério como uma profissão. A organização das licenciaturas, desde suas origens, revela os embates teóricos e práticos no campo educacional com problemas de duas ordens que se entrelaçam: o desenvolvimento teórico do campo da pedagogia e a concepção de formação do professor presente nos diferentes momentos históricos manifesta pelo lugar que as diferentes ciências/disciplinas ocupam na construção dos currículos de formação. Acrescente-se a esses problemas a histórica dicotomia entre a formação de professores para educação infantil e séries iniciais nos cursos de Pedagogia e a formação nas licenciaturas para as séries finais do ensino fundamental e ensino médio. O avanço significativo no campo da formação de professores nos cursos de Pedagogia não significou o aprimoramento da formação nos cursos de licenciaturas, cujos problemas se potencializam pela concepção de formação que vigora no interior dos institutos específicos que formam para as diferentes áreas de conhecimentos. Os cursos de licenciaturas tiveram início com a criação e organização das Faculdades de Filosofia, ao final de 1930. Desde o Decreto-lei nº 1.190 de 04/04/39, que organizou a Faculdade Nacional de Filosofia, persiste nas licenciaturas a separação entre conteúdos e métodos, entre teoria e prática, saber e fazer. Assim, o curso de didática − composto das disciplinas Didática Geral, Didática Especial, Psicologia Educacional, Administração Escolar, Fundamentos Biológicos da Educação e Fundamentos Sociológicos da Educação − com a duração de um ano, de responsabilidade de uma sessão especial de didática nas faculdades de filosofia, era acrescentado ao bacharelado, então com duração de três anos. Este modelo, conhecido como 3+1, foi modificado posteriormente, sendo os cursos de bacharelado e licenciaturas
6 Prefácio equiparados em sua duração − 04 anos − ficando a cargo dos estudantes a opção, no 4º ano, por outros cursos, inclusive as licenciaturas. Nesta nova regulamentação, a psicologia educacional era componente obrigatório para quem optava pela licenciatura. Posteriormente, são tornadas obrigatórias as práticas de ensino sob a forma de estágios supervisionados e a Psicologia da Educação, incluindo psicologia da adolescência e psicologia da aprendizagem, sendo o único componente pedagógico de fundamentos e proporcionalmente o de maior peso no conjunto das disciplinas dos cursos de licenciaturas. As regulamentações posteriores, inclusive a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1961, e o Parecer 292/62 do Conselho Federal de Educação, muito pouco acrescentaram, do ponto de vista do currículo, ao instituído. A principal e significativa mudança introduzida rompeu com o tradicional esquema 3+1, dispondo que as disciplinas pedagógicas deveriam estar ao longo de cinco semestres e não apenas ao final do curso, propiciando a compreensão da licenciatura como uma modalidade paralela ao bacharelado. O mesmo parecer, no entanto, reduz a parte pedagógica das licenciaturas de um quarto para um oitavo da carga horária total, retirando ainda do currículo os estudos de fundamentos biológicos e de fundamentos sociológicos da educação. A reforma de 1968, que vem para adequar o sistema educacional ao modelo de desenvolvimento econômico implantado com o golpe de 1964, gera um conjunto de medidas destinadas à preparação de recursos humanos necessários para conduzir o país ao nível de desenvolvimento exigido. As mudanças no ensino superior visavam atingir os centros produtores de conhecimento desarticulando os núcleos do pensamento crítico. As universidades e as faculdades de filosofia, em seu interior, se desmembram em vários institutos e faculdades, a seção de pedagogia/departamentos de educação transformam-se em faculdades de educação, por sua vez, fragmentadas em inúmeros departamentos, responsáveis pelos cursos de pedagogia e pelas disciplinas pedagógicas das licenciaturas, mantendo a estrutura curricular vigente e que se perpetua, até hoje, na grande maioria dos cursos de licenciaturas. As legislações subsequentes, os inúmeros pareceres posteriores do CFE movimentam-se em um emaranhado de concepções sobre formação de professores que vai da polivalência, especificidade, complementação até cursos de curta duração – as licenciaturas curtas principalmente nas áreas de ciências e história e geografia (estudos sociais), que têm como pano de fundo a concepção de formação – rápida, ágil, instrumental, fundada no como fazer de recursos humanos adequados a um modelo determinado de educação, ensino e escola. Nesse quadro, a Psicologia e a Psicologia da Educação sempre representaram áreas também estratégicas na organização curricular e na implementação de
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determinada visão de formação centrada nos princípios científicos dos processos de ensino e aprendizagem. O presente trabalho, através dos textos de alguns dos autores, vai se debruçar sobre a permanência/modificação desses problemas pela atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em dezembro de 1996. Sem querer aprofundamento sobre essas questões que vêm sendo tratadas e estudadas em profundidade nas duas últimas décadas, importa desvelar a atualidade de tais problemas no quadro das políticas atuais de formação de professores. O movimento dos educadores, que tem na ANFOPE – Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – o espaço de produção de conhecimento sobre formação de professores vem, desde o final da década de 1970 e, mais especificamente a partir de 1983, apontando os problemas e propondo alternativas de solução que vão na direção de uma política global de formação de professores. Mais recentemente, a ANFOPE, resistindo às políticas oficiais, vem denunciando a retomada das concepções tecnicistas e conteudistas da década de 1970, já superadas pelo movimento dos educadores. As propostas atuais rejeitam, ignoram e alijam as produções teóricas e práticas mais avançadas sobre educação, ensino e formação produzidas pelos educadores nos últimos 20 anos. O conteúdo deste livro e as produções de seus autores vão desvelando, em sua leitura, essa realidade, e nos dando, ao mesmo tempo, um agradável e prazeroso sentimento, contraditório, do já visto e não enfrentado e das superações construídas historicamente, que nos movimenta e desafia para novos caminhos. É sempre muito bom saber dos inúmeros parceiros que, cotidianamente, na realidade das instituições formadoras e apesar das tentativas oficiais em contrário, constroem alternativas significativas de formação. Os autores se debruçam sobre um objeto – a Psicologia da Educação na formação de professores tão contraditório: desejado – por parte do poder oficial, porque dele depende a possibilidade de construção das competências para ensinar, palavra de ordem das políticas atuais de formação – e visto como necessário na teoria e indesejado na prática por parte dos estudantes futuros professores. É nesta tensão que os textos dos diferentes autores se movimentam, tensão que possibilita aos diversos olhares aproximações comuns e também diferenciadas sobre formação de professores. As temáticas abordadas neste livro se decompõem em três conjuntos de artigos – Desenvolvimento Profissional e Constituição da Docência, O Ensino de Psicologia nas Licenciaturas e Contribuições às Práticas Pedagógicas – que vão traçando o panorama da área da Psicologia da Educação, seu desenvolvimento, métodos e objeto de estudo e os problemas com que este componente da formação pedagógica se defronta na realidade das instituições formadoras.
8 Prefácio No primeiro bloco, temos o primeiro capítulo de Ana Maria Falcão de Aragão Sadalla, Mariana Wisnivesky, Fernanda Costa Paulucci e Carolina Pasquote Vieira – Teorias Implícitas na Ação Docente: Contribuição teórica ao desenvolvimento do professor prático-reflexivo. Buscando desenvolver uma revisão bibliográfica das pesquisas referentes ao pensamento do professor e suas implicações para a ação docente, as autoras percorrem número significativo de estudos que, fundados nas contribuições Schön, Zeichner, Nóvoa entre outros, enfocam o professor prático-reflexivo bem como o conceito de desenvolvimento profissional de professores. Ao analisarem as particularidades da ação docente, os estudos vão evidenciando a complexidade e os dilemas e contradições que se apresentam no cotidiano da prática pedagógica bem como as exigências de uma prática fundada nas possibilidades de reflexão coletiva. Entender como se desenvolve o pensamento dos professores e sua prática reflexiva neste contexto e o reconhecimento de que para além da ação inteligente e das práticas de reflexão na ação, é fundamental, ao professor, defrontar-se com as possibilidades concretas de tornar explícitas as crenças, teorias e saberes que o norteiam na compreensão das questões educacionais. No segundo capítulo, Desenvolvimento Profissional do Professor: Desafios institucionais, Sérgio Antonio da Silva Leite parte de sua experiência como participante do PROLESTE – Projeto de Alfabetização da Zona Leste, implantado na rede estadual de ensino de Mogi das Cruzes, na primeira metade dos anos 70, para questionar o modelo tradicional de formação de professores, caracterizado por uma perspectiva tecnicista. A opção de iniciar por um relato de experiência, evidenciando já naquele momento indícios de conceitos atuais como professor-reflexivo, reflexão sobre a ação, trabalho coletivo resgata a trajetória da área educacional e do movimento dos educadores, evidenciando, ainda que timidamente, que muito se fez e se faz em nosso país no campo da formação crítica de professores inicial e continuada. Por via de regra, essa produção é deixada de lado, em grande parte dos estudos que privilegiam autores estrangeiros e ainda experiências mais recentes – em 1990 – de formação de professores em outros países. O autor discorre sobre as principais ideias que caracterizam as concepções atuais sobre formação docente – conceito de desenvolvimento profissional como um processo permanente centrado na experiência/prática dos professores tendo a figura do professor-reflexivo como objetivo do processo de formação – visando apontar os desafios institucionais e ao desenvolvimento de um processo de educação continuada para os professores no interior da escola. Dentre esses desafios, aponta a necessidade do trabalho coletivo, da introdução de mudanças nas formas de organização do trabalho pedagógico, e o exercício da reflexão crítica, como elementos constitutivos da construção de uma escola efetivamente democrática.
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O segundo conjunto de textos, trata da temática O Ensino de Psicologia nas Licenciaturas. O capítulo de Clarisa Terezinha Guerra trata do lugar da psicologia como área/disciplina que, ao separar-se da filosofia, buscava seu reconhecimento como ciência. Analisa as diferentes concepções sobre a relação entre Psicologia e Educação que produziu um campo específico de conhecimento, a Psicologia da Educação e as articulações interdisciplinares na abordagem dos fenômenos educativos, buscando as aproximações entre as questões da aprendizagem e as questões de ensino ao longo de sua história. Discute as diferentes teorias psicológicas e as implicações nas práticas educativas, percorrendo o behaviorismo, os estudos de Piaget e a abordagem histórico-cultural de Vygotisky. A autora percorre alguns estudos de 1980 e 1990 que abordam a função da disciplina Psicologia da Educação nos cursos de formação de professores e a formação de formadores – Magistério de 2º Grau (Escola Normal) e as Licenciaturas – bem como os principais problemas apontados por estudantes em seus cursos de formação, dentre os quais se destacam a inadequação e insuficiência dos conteúdos, desvinculação dos problemas da prática escolar, a necessidade de opção por uma teoria psicológica, entre outros. As contribuições oriundas dos diversos estudos apontam para a necessidade de considerar as especificidades epistemológicas da psicologia educacional e as relações com as demais disciplinas e áreas; a necessidade de equacionar a tensão entre proporcionar o conhecimento das diferentes teorias psicológicas e priorizar os fundamentos que melhor possam instrumentalizar a prática dos futuros professores, tornando-os sujeitos do processo de desenvolvimento profissional e pessoal. O capítulo de Patrícia Cristina Albieri de Almeida, Discutindo a Relação Professor‑licenciado e Aluno-adolescente à Luz da Formação em Psicologia, aborda a questão da Psicologia na formação de professores a partir da tríade aluno-adolescente e professor licenciado e formação em psicologia e das relações que se estabelecem entre esses três componentes. Analisa as dificuldades e possibilidades de professores que trabalham com adolescentes, bem como aponta a necessidade de, no âmbito da Psicologia, se romper com os preconceitos sobre as características do período da adolescência, cuidando para que não se construa uma imagem estereotipada, negativa e deturpada do adolescente. O que ensinar e como ensinar Psicologia nas licenciaturas significa compreender a formação não apenas no conteúdo específico mas também no tratamento que lhe deva ser dado, entendendo que os conhecimentos necessários à formação devem ser construídos em confronto com os problemas propostos nas situações concretas de ensino. Priscila Larocca analisa a pesquisa realizada com professores da rede licenciados pela instituição, alunos, coordenadores de cursos de licenciaturas e professores de Prática de Ensino e Estágios Supervisionados. No texto O Ensino de Psicologia
10 Prefácio Sob o Olhar de Licenciados e Licenciandos, do conjunto de depoimentos, que cobrem ampla gama de problemas existentes nas licenciaturas, quatro pontos dão suporte às discussões sobre o ensino de Psicologia da Educação presentes no texto: desarticulação entre teoria e prática, formação e realidade, a insuficiência da carga horária da disciplina, a importância do trabalho dos formadores na organização e condução dos estudos no que se refere ao desenvolvimento das atitudes profissionais e a ausência de preocupação em vincular a Psicologia Educacional com a área de conhecimento específica do curso. Do conjunto de dados que denunciam os problemas não apenas da Psicologia da Educação mas das licenciaturas, emerge a exigência de ruptura com o modelo de racionalidade técnica presente nos atuais cursos de licenciaturas e suas disciplinas de fundamentos, modelo que separa teoria e prática, pensar e fazer, fundamentos (teoria) e conteúdos e metodologias (prática). O terceiro bloco analisa as contribuições às práticas pedagógicas e traz dois capítulos: Ensinando Psicologia na Licenciatura: Experiências, opções e aprendizagens, de Sylvia Helena Souza de Silva Batista e Roberta Gurgel Azzi e; Ensino de Psicologia na Licenciandos: Estratégias de ensino como facilitadoras da articulação entre realidade da escola e conteúdo teórico, das duas autoras e Marli Amélia Lucas Pereira. No primeiro, nos defrontamos com a análise de desenvolvimento de uma proposta de ensino aprendizagem que teve como eixo nuclear a observação, estudo e análise das práticas educativas concretas (escolares e não escolares), a partir de um questionamento das autoras sobre a psicologização dos processos de ensino e aprendizagem. As aprendizagens da experiência, analisadas pelas autoras, põem em evidência, nessa experiência concreta, os problemas que o movimento dos educadores vem denunciando há quase três décadas: a indagação sobre a pertinência, relevância e consistência dos conteúdos da disciplina Psicologia da Educação, tendo como parâmetros os ‘achados’ oriundos das observações, quando confrontados com os problemas da realidade; os limites da organização curricular que têm predominado em grande parte das licenciaturas em nosso país; os cursos, sua carga horária e a ausência de articulação com as demais disciplinas; a ausência de uma relação mais orgânica entre a universidade e a escola básica e os restritos espaços de socialização das experiências desenvolvidas, impedindo/dificultando o trabalho coletivo no interior dos cursos de formação de professores. Todos esses fatores têm dificultado a organização institucional e curricular dos cursos de formação e, portanto, dificultado também a construção de uma identidade profissional dos professores e de uma escola de qualidade para a grande maioria da população. Na tentativa de apontar caminhos para o enfrentamento e superação de alguns desses limites e dificuldades, o último texto percorre autores que vêm discutindo os
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dilemas da disciplina nos cursos de formação de professores. O artigo faz uma atualização dos estudos mais recentes que apontam para a perspectiva de desenvolver, com os estudantes, um trabalho que possibilite articular teoria e prática, conteúdo e forma, problematizando as situações vivificadas no processo de formação. As autoras apresentam a avaliação dos estudantes de cursos de licenciaturas que se defrontaram com estas vivências através do desenvolvimento de três estratégias de ensino vividas na disciplina Psicologia Educacional em cursos de licenciaturas em uma universidade pública: trabalho de campo, seminário e pôster/painel. A avaliação dos estudantes apontou a aproximação com a realidade da escola – o trabalho de campo – como a experiência mais significativa que permitiu confrontar os conteúdos teóricos da disciplina com os desafios da realidade estudada. O presente trabalho representa importante contribuição para as discussões que ora se travam no campo da formação de professores, em particular no processo de construção das Diretrizes Curriculares para os Cursos de Formação Inicial de Professores da Educação Básica, em curso no âmbito do Conselho Nacional de Educação. Até que ponto nós, educadores, conseguiremos enfrentar e superar os problemas decorrentes do quadro de desvalorização da profissão do magistério e resistir às tentativas de transformação do professor em um prático com a capacidade restrita de dar conta dos conteúdos da educação básica é uma questão que está posta pela atualidade. Os estudiosos da área da Psicologia e, em particular, da Psicologia da Educação, os estudantes futuros professores e os professores da educação básica, têm muito a dizer sobre isso.
Helena Costa Lopes de Freitas