2ª Edição | Revisada
Vygotsky e Deleuze um
diálogo
possível?
Solange Puntel Mostafa
DIRETOR GERAL Wilon Mazalla Jr. COORDENAÇÃO EDITORIAL Willian F. Mighton COORDENAÇÃO DE REVISÃO E COPYDESK Catarina C. Costa REVISÃO DE TEXTOS Bruna Oliveira Gonçalves Clarice Villac EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Fabio Diego da Silva Tatiane de Lima CAPA Patrícia Lagoeiro Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Mostafa, Solange Puntel Vygotsky e Deleuze: um diálogo possível? / Solange Puntel Mostafa. - - Campinas, SP: Editora Alínea, 2016. 2ª edição. Bibliografia. 1. Arte 2. Deleuze, Gilles, 1925-1995 - Crítica e interpretação 3. Educação 4. Linguagem 5. Psicologia educacional 6. Sociedade 7. Vygotsky, interpretação I. Título. 08-05523
CDD-370.1
Índices para catálogo sistemático: 1. Filosofia da educação 370.1 ISBN 978-85-7516-784-7 Todos os direitos reservados ao
Grupo Átomo e Alínea Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara - Campinas-SP CEP 13023-191 - PABX: (19) 3232.9340 e 3232.0047 www.atomoealinea.com.br Impresso no Brasil
Sumário Apresentação................................................................................5 Capítulo 1 Introdução ao Pensamento Nômade de Gilles Deleuze...............9 Os limites da razão no programa Ser ou Não Ser da rede Globo................................................9 Kant nas lentes de Viviane Mosé..........................................11 Kant nas lentes de Gilles Deleuze........................................12 A questão da diferença..........................................................15 O conceito como diferença...................................................17 A educação dos sentidos.......................................................20 Olhando o infinito de frente..................................................22 Capítulo 2 Estética em Vygotsky e Deleuze: aproximações e afastamentos.....................................................25 Autonomia da obra...............................................................31 Sensação ou sentimentos?.....................................................33 Catarse ou devir?..................................................................36 A casa, o território, o universo..............................................37 Filosofia ou psicologia da arte?............................................41 Capítulo 3 O Homem, a Técnica e a Linguagem: um diálogo possível entre Vygotsky e Deleuze?........................45 Alguns paralelismos..............................................................45
O transcendental, a circunstância e o sujeito para Deleuze-Hume...................................................49 As circunstâncias e as relações no materialismo histórico de Marx-Vygotsky........53 Dialética natureza-sociedade ou máquinas sociais?.............56 O homem, a técnica e a linguagem.......................................61 Capítulo 4 Aprendizagem na Filosofia de Deleuze e na Psicologia de Vygotsky......................................................73 O meio e as potências...........................................................73 O social ao quadrado de Vygotsky........................................74 Os pressupostos das teorias do desenvolvimento.................76 E a solidão da aprendizagem?...............................................78 Vygotsky no plano de organização.......................................84 As consequências dos planos................................................87 Capítulo 5 Imagens Culturais: uma experimentação com Vygotsky e Deleuze.........................91 A crítica contra teorias no campo da Psicologia...................93 Bakhtin e o estudo da arte.....................................................95 O avanço de Bakhtin: coautoria na contemplação................97 As imagens culturais.............................................................99 A estátua do poeta na interpretação vygotskyana...............100 A estátua do poeta na interpretação deleuziana..................101 Considerações finais...........................................................102 Posfácio: abecedário deleuziano – variação sobre o mesmo tema..........105 Referências...............................................................................121
Apresentação
A
ideia deste livro surgiu durante o Seminário Atual e virtual na Educação, que desenvolvemos com os alunos de Mestrado em Educação. como os projetos de pesquisa discentes desse grupo estão voltados, em sua maioria, para o tema das tecnologias de informação e comunicação, em sua relação com os processos de ensino-aprendizagem, pareceu-nos importante esmiuçar a questão do virtual no cotejo de autores como Pierre Levy e Gilles Deleuze. As propostas leviniana e deleuziana são válidas, por si só, de serem trabalhadas em um seminário como foco de nossas discussões, mas um certo Lev Vygotsky não deixou de participar do evento, insistindo na sua presença. Seja pela centralidade das posições vygotskyanas na Educação brasileira ou pela perenização do humanismo nas Ciências Sociais e na Educação, o fato é que Deleuze e Levy foram sendo abordados na presença de Vygotsky. O humanismo da Psicologia Histórico-cultural, contrapondo‑se à impessoalidade da filosofia de Gilles Deleuze, surgiu como desafio teórico para nós. Assim, pareceu-nos que pontuar as diferenças entre a Psicologia Histórico-cultural de
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Vygotsky e a Filosofia da diferença de Deleuze seria um trabalho inexistente na literatura brasileira sobre Educação. Contudo, não foi nossa preocupação realizar uma comparação sistematizada entre os pensadores, do tipo que arrola biografia e obra, até porque tal composição é facilmente encontrável em língua portuguesa. Tratamos os temas de maneira rizomática, conforme a fertilização do conteúdo programático proposto para o seminário, com nossas próprias formulações a respeito de Vygotsky. À medida que as pontuações entre os dois pensadores, oriundos de formações discursivas distintas, foram sendo realizadas, surpreendiam-nos, mais e mais, os novos sentidos possíveis de serem produzidos no entremeio das duas concepções. A lembrança da metáfora da biblioteca em Jorge Larrosa foi inevitável. Ao reorganizarmos uma biblioteca, deslocamos livros em aproximações e distanciamentos produtivos de novos sentidos. Nosso trabalho intelectual foi o de aproximar as concepções, percebendo mais pontos irreconciliáveis entre os dois pensadores que bases comuns. Há um filósofo lido e apreciado por ambos: Espinosa. E ambos, Vygotsky e Deleuze, foram pensadores interessados em literatura, teatro e cinema, por exemplo. O que implica, em ambos, um apreço ou um cuidado especial com os temas da linguagem, do signo e dos sentidos. Mas um é filósofo e outro é psicólogo. Um vive na Rússia revolucionária dos anos 1920 e outro na França do pós-1968. Vygotsky é humanista com forte traço marxista em suas concepções de sociedade, homem e linguagem; Deleuze rompe com todas as concepções humanistas, introduzindo a filosofia da diferença no seio das Ciências Sociais e Humanas, fazendo da crítica à psicanálise e ao estruturalismo linguístico uma constante em toda a sua obra; para não dizer que a dialética indivíduo ‑sociedade defendida por Vygotsky iria lhe parecer algo por demais conciliatório ou apaziguador.
Vygotsky e Deleuze: um diálogo possível?
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A filosofia não pergunta pelos sujeitos e suas relações interpessoais, ou mesmo pelo socius, pela sociabilidade. A filosofia pergunta pelas ideias do mundo, como elas são construídas. A psicologia, ao contrário, quer chegar ao campo do vivido, das pessoas e das relações interpessoais. Consideramos este livro um acontecimento, no sentido em que ele não foi planejado, mas surgiu como efeito de um encontro. Nele, o leitor poderá saborear temas de interesse educacional variados como estética, linguagem ou aprendizagem, relacionados às posturas dos dois autores que são título do livro. A aproximação realizada é importante, porque permite maior compreensão de ambos os autores; permite, outrossim, aprofundamentos pela, talvez, ousadia do empreendimento. A autora agradece a Claudia Ferreira Pinheiro pela participação no capítulo 5, e a honrosa assinatura de Rogério Christofoletti no posfácio do livro.
A autora
Nota do editor: O uso de destaques (negrito, caixa-alta, itálico) nas diferentes expressões apresentadas no livro foi uma decisão da autora.