SUBJETIVIDADE TEORIA, EPISTEMOLOGIA E MÉTODO
Fernando Luis González Rey Albertina Mitjáns Martínez
DIRETOR GERAL Wilon Mazalla Jr. COORDENAÇÃO EDITORIAL Willian F. Mighton COORDENAÇÃO DE REVISÃO E COPYDESK Catarina C. Costa REVISÃO DE TEXTOS Paola Maria Felipe dos Anjos EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Fabio Diego da Silva Tatiane de Lima CAPA Patrícia Lagoeiro Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) González Rey, Fernando Luis Subjetividade : teoria, epistemologia e método / Fernando Luis González Rey, Albertina Mitjáns Martínez. -- Campinas, SP : Editora Alínea, 2017. Bibliografia. 1. Epistemologia 2. Metodologia 3. Pesquisa qualitativa 4. Psicologia 5. Subjetividade I. Mitjáns Martínez, Albertina. II. Título. 17-06852
CDD-001.4
Índices para catálogo sistemático: 1. Pesquisa qualitativa 001.4 ISBN 978-85-7516-810-3 Todos os direitos reservados ao
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SUMÁRIO
Introdução................................................................................................................ 5 CAPÍTULO 1
Epistemologia Qualitativa: seus caminhos, avanços e desafios nos últimos vinte anos...................................... 7 Epistemologia Qualitativa: o contexto de sua emergência na Psicologia, na Filosofia e nas Ciências Sociais.................................................................... 7 Avanços e desafios atuais da Epistemologia qualitativa.................................. 26 A metodologia construtivo–interpretativa: a pesquisa como produção teórica.................................................................... 36 CAPÍTULO 2
A Teoria da Subjetividade no Momento Atual: implicações para a pesquisa e para a prática psicológica...................................... 47 Breve histórico do desenvolvimento da teoria da subjetividade: avançando no caráter epistemológico e metodológico dos conceitos dessa proposta............................................................................ 47 Aprofundamento na relevância teórica atual dos conceitos e do caráter configuracional da Teoria da Subjetividade............................................................................... 62 Avançando sobre os conceitos de agente e sujeito........................................... 66 Avançando no aprimoramento do conceito de subjetividade social................ 77
CAPÍTULO 3
O Processo da Pesquisa Construtivo-interpretativa............................................... 87 A definição dos participantes na pesquisa construtivo-interpretativa............................................................ 104 A construção da informação na pesquisa construtivo-interpretativa................. 109 A didática da construção de informação na pesquisa construtivo-interpretativa................................................................ 116 Ampliando a noção de trabalho de campo: a ‘imersão’ do pesquisador no campo numa continuidade dialógica aberta e imprevisível................................................. 149 A formação do pesquisador para trabalhar na pesquisa construtivo-interpretativa............................................................ 172 As oficinas como importante recurso formativo............................................ 178 A importância da supervisão.......................................................................... 181 Referências........................................................................................................... 185
INTRODUÇÃO
Após a publicação do livro Epistemología Cualitativa y Subjetividad (González Rey, 1997), no qual foram iniciados os trabalhos orientados para a inclusão do tema da subjetividade de um ponto de vista cultural-histórico, os trabalhos com essa perspectiva têm se multiplicado, assim como o diálogo sobre esse assunto, tanto entre autores que se apoiam na teoria cultural ‑histórica, como entre os que, tendo como base outras abordagens teóricas, têm se interessado por essa questão, nota-se também que as citações de nossos trabalhos e de outros colegas dessa linha vêm aumentando de forma importante na literatura. Porém, nos estudos que se fundamentam nesse referencial teórico, epistemológico e metodológico, com frequência, são encontrados os seguintes problemas: 1) Confusão entre o teórico, o epistemológico e o metodológico. Frequentemente, fala-se sobre a Epistemologia Qualitativa como a metodologia a ser usada ou como o referencial teórico utilizado. Um dos pontos fortes dessa linha de pesquisa tem sido avançar simultaneamente nos planos teórico, epistemológico e metodológico. A proposta teórica sobre a subjetividade que defendemos foi ganhando corpo, desde seu início, de maneira conjunta com uma nova proposta de conhecimento e de seus critérios de legitimidade e desenvolvimento, como ficou evidente no livro, já mencionado. 2) Observa-se um número crescente de trabalhos que declaram sua adesão à Epistemologia Qualitativa, mas sem especificar
6 Introdução a relação desta com o objeto que se pretende estudar nem com a metodologia construtivo-interpretativa, que é sua expressão num plano metodológico. Como consequência disso, ocasionalmente, se reproduz uma lógica estímulo‑resposta que se sustenta em instrumentos abertos, sem uma compreensão das mudanças profundas que a pesquisa construtivo ‑interpretativa (González Rey, 2002, 2007) implica para os processos de construção do conhecimento e para a compreensão do próprio curso da pesquisa e seus processos. 3) Outra propensão muito forte dos pesquisadores que assumem essa posição é usar diretamente as expressões explícitas dos participantes da pesquisa para tirar conclusões imediatas sobre trechos isolados, o que caminha na direção oposta do que propomos. Neste livro, dispomo-nos a discutir os problemas antes mencionados e avançar em novas reflexões sobre a relação entre teoria da subjetividade, epistemologia qualitativa e metodologia construtivo-interpretativa. Simultaneamente, nossa intenção é um aprofundamento, de forma didática, no processo de construção da informação encarado dessa perspectiva. Para esse objetivo, discutiremos resultados de diferentes pesquisas desenvolvidas com base nesse referencial, com o intuito de mergulhar nesse complexo processo da construção teórica em pesquisa, superando a ideia de ‘pesquisa empírica’ tão difundida no paradigma empírico-instrumental.