Educação, Saúde e Trabalho: antigos problemas, novos contextos, outros olhares

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2ª Edição Revisada

EDUCAÇÃO, SAÚDE E TRABALHO antigos problemas, novos contextos, outros olhares

Maria Helena Salgado Bagnato Maria Inês Monteiro Cocco Mara Regina Lemes De Sordi (Organizadoras)


FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNICAMP Educação, saúde e trabalho: antigos problemas, novos contextos, outros olhares / coordenadores: Maria Helena Salga do Bagnato, Maria Inês Monteiro Cocco, Mara Regina Lemes De Sordi. - 2ª ed. - Campinas, SP: Editora Alínea, 2018.

ISBN: 978-85-7516-804-2

1. Enfermeiros - Formação. 2. Saúde e trabalho. 3. Saúde pública. I. Bagnato, Maria Helena Salgado. II. Cocco, Maria Inês Monteiro. III. Sordi, Mara Regina Lemes De. I. Título. Ed83

20.CDD - 610.73 - 613.7 - 614 Índices para catálogo sistemático:

1. Enfermeiros - Formação  610.73 2. Saúde e trabalho  613.7 3. Saúde pública  614

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Sumário Prefácio........................................................................................................... 5 Capítulo 1 Fazendo uma Travessia: em pauta a formação dos profissionais da área da saúde................................ 9 Maria Helena Salgado Bagnato Capítulo 2 O Compromisso Ético-político do Educador na Mediação do Projeto Pedagógico............................................ 27 Mara Regina Lemes de Sordi Capítulo 3 A Ética na Formação dos Profissionais da Saúde......................................... 45 Raimunda Medeiros Germano Capítulo 4 A Centralidade da Avaliação nos Processos de Inovação Curricular: ação mediadora do educador......................................................................... 53 Mara Regina Lemes de Sordi Capítulo 5 Práticas Educativas em Saúde e a Construção do Conhecimento Emancipatório.............................................. 69 Maria Inês Monteiro Cocco Capítulo 6 Educação Continuada na Área da Saúde: uma aproximação crítica............. 77 Maria Helena Salgado Bagnato


Capítulo 7 Trabalho & Educação: novas possibilidades para antigos problemas........ 105 Maria Inês Monteiro Cocco Capítulo 8 A Transformação da Questão Social e a Educação..................................... 117 José Willington Germano Sobre os Autores......................................................................................... 139


Prefácio O título deste livro já diz, praticamente, tudo aquilo que eu teria a dizer sobre o conjunto dos textos que o compõem: velhos problemas – ensino calcado no modelo “longas exposições de conhecimentos para que os estudantes tomem notas, retenham na memória e os devolvam tal como foram explicitados em provas de avaliação”; novos contextos – uma sociedade em processo cada vez mais acelerado de mudança que põe à nossa disposição instrumentos que mal sabemos como utilizar, outros olhares – a necessidade gritante de olharmos o cenário do qual participamos como um dos atores principais sob uma nova ótica, com coragem para superarmos paradigmas que já não dão conta da complexidade que caracteriza este final de século. Como fazer das salas de aulas “[...] espaços privilegiados de interação, de diálogo, de reflexão, de tessitura do conhecimento, do exercício da dúvida e da investigação enquanto possibilidades de apropriação e de compreensão da realidade”, como pretende Maria Helena S. Bagnato em seu primeiro texto – Fazendo uma Travessia: em pauta a formação dos profissionais da área da saúde – sem que tenhamos presentes as bases do que nos foi legado por Paulo Freire, às quais ela mesma se refere? “[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar a possibilidade para a sua produção ou a sua construção”. Como criarmos esses espaços se nos limitarmos a entender a educação como processo restrito aos anos de escolaridade exigidos para cada curso, em vez de compreendê-la como um processo que se prolonga durante a vida toda do indivíduo? Estaremos preparados para entender educação escolarizada e educação continuada como fenômenos indissociáveis e não como mutuamente excludentes? São perguntas


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que exigem respostas de nossa parte e que implicam a compreensão de conceitos com os quais a mesma autora trabalha em seu segundo texto – Educação Continuada na Área da Saúde: uma aproximação crítica. Outros olhares são impossíveis se não tivermos sempre presente o contexto sociocultural do qual as disciplinas com as quais trabalhamos, os estudantes que conosco convivem, as profissões para as quais nossos cursos apontam, são partes integrantes e indissociáveis. É para isto que Raimunda Medeiros Germano nos chama a atenção quando escreve sobre “os escassos debates nas universidades, em particular, na área da saúde, que tratam de questões mais gerais da sociedade, como a fome, a pobreza, a desigualdade entre os homens, a qualidade de vida, a violência”. O que ela nos diz em seu texto A Ética na Formação dos Profissionais da Saúde, sem dúvida, poderia ser aplicado às demais áreas de conhecimento, inclusive às Ciências Humanas e às Ciências Sociais Aplicadas que, por pressuposto, devem ter presente a intrincada rede de relações sociais que permeia nosso país. Um país onde 1º Mundo e 4º Mundo coexistem por vezes em nível de proximidade geográfica inacreditável para quem o vê de fora. Os textos de Maria Inês Monteiro Cocco fornecem-nos detalhes sobre este quadro sociocultural, convidando-nos a pensar sobre as “práticas educativas em saúde associadas à construção do conhecimento emancipatório”. Longe de se tratar de um mero uso de terminologia atual, eis-nos diante de imperativos para cujas respostas a autora nos põe em contato com Gramsci, ajudando-nos a encontrar saídas adequadas sem cairmos nas armadilhas da modernização a serviço das exigências falsamente racionais do mercado. Seu segundo texto nos fala sobre as relações trabalho e educação, chamando-nos a atenção para novas possibilidades que se abrem para antigos problemas. Os dados estatísticos que nos fornece são de conhecimento obrigatório não apenas para aqueles que atuam mais diretamente na área da saúde mas, praticamente em todas as áreas do conhecimento. Guardar alguns destes dados na memória constitui obrigação de nossa parte, quer atuemos na área da saúde, quer sejamos profissionais da área tecnológica.


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Senão, como atuar junto a nossos alunos de modo a torná-los cidadãos portadores de uma ética que valoriza a vida em primeiro lugar, desconhecendo as tristes posições que ocupamos no cenário mundial quando questões fundamentais são postas em discussão? “Em última instância, cabe indagar quem lucra e quem perde com as transformações que se acenam como necessárias e que são apresentadas de forma desinteressada uma vez mais para a sociedade”. As palavras de Mara Regina Lemes De Sordi na página inicial de seu texto – A Centralidade da Avaliação nos Processos de Inovação Curricular: ação mediadora do educador – reforçam a pergunta acima e certamente incomodarão aqueles que ainda se mantêm instalados num mundo tacanho e restrito onde não há espaço para a dúvida e a indagação. Sem dúvida e indagação, não há como se mudar o atual cenário da avaliação, isto é, “o que mais se tem mostrado refratário a mudanças”. Calvino, Apple, Paulo Freire, Gimeno Sacristán, Giroux e Morin afloram em seu texto provocando-nos e ao mesmo tempo ajudando-nos a entender a avaliação como questão ética. Ou, como a própria autora explicita em seu outro texto, uma “avaliação que deve ser processual, contextualizada, crítica, mediadora e ética”. Agora – em O Compromisso Ético-político do Educador na Mediação do Projeto Pedagógico – estão presentes além de alguns dos autores já citados, Luís Carlos de Freitas, McLaren, Maria da Glória Pimentel e Boaventura dos Santos. A reflexão da autora sobre as palavras desses autores e sua capacidade de síntese, certamente terão contribuído para que ela relacionasse alguns aspectos de importância fundamental “no ensino universitário de modo a avançar na direção da competência técnica, política e sobretudo ética”. Se as questões socioeconômicas e culturais constituem um dos elos de ligação entre os capítulos que compõem a obra, no texto de José Willington Germano elas ocupam o centro das discussões. O próprio título do capítulo – A Transformação da Questão Social e a Educação – já nos predispõe a encontrar aquilo que de fato encontramos: críticas ao paradigma hegemônico de organização da vida social ancorado no


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mercado como modelo; denúncias às estruturas mundiais de poder, como o Banco Mundial e o FMI; ideias de Hobsbawn e Morin que nos ajudam a entender a complexidade do momento em que vivemos: um mundo que se caracteriza pela extrema riqueza convivendo lado a lado com sucessivos “ataques desferidos às garantias e direitos sociais, sinalizando para o desaparecimento do emprego, isto é, do trabalho com proteção e estabilidade”. Sinto-me honrado por ter sido convidado a prefaciar este livro. Endereçado prioritariamente ao pessoal da área da saúde, contém informações indispensáveis aos educadores, de todas as áreas do conhecimento. É um livro de Educação sem os vícios do pedagogismo. Trata de ética ao longo de todos os capítulos, sem se tornar um livro cansativo de axiologia e, ao mesmo tempo, sem incidir nos erros da superficialidade ao lidar com uma questão tão complexa e ao mesmo tempo tão atual. Traz dados e informações sobre economia e sociedade, sem que seus autores viessem a cair nas armadilhas do ‘sociologismo’, ou do ‘economicismo’. Em síntese: são textos que devem ser objeto de leitura, reflexão e discussão por parte dos professores universitários em geral. Newton Cesar Balzan


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