Marx e a Pedagogia Moderna

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3ª EDIÇÃO REVISADA


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Manacorda, Mario Alighiero Marx e a pedagogia moderna / Mario Alighiero Manacorda; [tradução Newton Ramos-de-Oliveira]. - Campinas, SP: Editora Alínea, 2017, 3ª Edição. Título original: Marx e la pedagogia moderna Bibliografia ISBN 978-85-7516-817-2 1. Comunismo e educação 2. Marx, Karl, 1818-1883 3. Pedagogia I. Título. 07-6410 CDD-370.12 Índices para catálogo sistemático:

1. Educação e marxismo 370.12 2. Marxismo e educação 370.12

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Conselho Editorial Nacional Profa. Dra. Diana Gonçalves Vidal – USP Profa. Dra. Elisa Pereira Gonsalves – UFPb Prof. Dr. Jose Luis Sanfelice – UNICAMP/Uniso Profa. Dra. Geraldina Porto Witter – UMC/PUC-Campinas Profa. Dra. Maria de Lourdes Pinto de Almeida – UNICAMP/UTP Profa. Dra. Maria Eugênia Montes Castanho – PUC-Campinas Prof. Dr. Moyses Khullmann Junior – USF/FCC Profa. Dra. Olinda Maria Noronha – PUC-Campinas/UNISAL Prof. Dr. Pedro Laudinor Goergen – UNICAMP Prof. Dr. Sergio Montes Castanho – UNICAMP Conselho Editorial Internacional Prof. Dr. António Gomes Alves Ferreira – Universidade de Coimbra/Portugal Prof. Dr. Antonio Novoa – Universidade de Lisboa/Portugal Prof. Dr. Mariano Fernandez Enguita – Universidade de Salamanca Profa. Dra. Silvina Larripa – Universidad de San Andrés/Argentina Profa. Dra. Silvina Gvitz – Universidad de San Andrés/Argentina Prof. Dr. Christoph Wulf – Universidade Livre de Berlin



SUMÁRIO Apresentação........................................................................................7 Prefácio à Edição Brasileira............................................................... 11 Referências........................................................................................... 18

Prefácio..............................................................................................19 Parte 1. A “Pedagogia” Marxiana..................................................29 1. Instrução e Trabalho.......................................................................31 1847-48: Os princípios do comunismo e o Manifesto......................... 33 1866-67: As instruções aos delegados e O Capital............................. 41 1875: A crítica ao programa de Gotha................................................ 51 Lênin “discípulo” de Marx.................................................................. 53

2. O que é o Trabalho?.......................................................................55 Trabalho: uma expressão negativa....................................................... 55 A atividade vital ou manifestação de si mesmo................................... 58 Continuidade da mesma temática........................................................ 61 Objeções provocadas por essa antinomia............................................ 64 O reino da liberdade............................................................................. 66

3. O Homem Onilateral......................................................................77 Unilateralidade do proletário e do capitalista...................................... 78 Uma moral dividida............................................................................. 82


Aspectos positivos do homem unilateral............................................. 84 O conceito de homem onilateral.......................................................... 88

4. Escola e Sociedade: o conteúdo do ensino....................................95 Ensino tecnológico e trabalho infantil................................................. 98 Relação da escola com a sociedade, o estado e a igreja.................... 102 Objetividade do ensino...................................................................... 106 Quais opções pedagógicas e quais conteúdos educativos?................ 110

Parte 2. A “Pedagogia” Marxiana Frente às Demais Pedagogias............ 117 5. Tentativa de Contextualização Histórica...................................... 119 Escola e não escola na história.......................................................... 121 União de ensino e trabalho na história............................................... 125 Marx e as pedagogias pós-marxianas................................................ 127 O marxismo e os problemas atuais do ensino.................................... 131

6. A Pedagogia Marxista na Itália: Antonio Gramsci.......................135 Do pré-marxismo de Labriola ao marxismo de Gramsci................... 135 Ensino e trabalho em Gramsci........................................................... 138 Desenvolvimento harmonioso e integral do indivíduo...................... 141 Contra o inatismo e o individualismo................................................ 143 Uma escola de noções rigorosas........................................................ 145 Utilidade de uma leitura “gramsciana” de Marx............................... 147

Parte 3. Discutindo com Leitores e Críticos de Marx.................149 Galvano della Volpe: trabalho e liberdade......................................... 151 Lamberto Borghi: a liberdade pode surgir da necessidade?.............. 159 Roberto Mazzetti: a relação de Marx com os utópicos...................... 165 Os católicos e a pedagogia marxista.................................................. 169 Uma discussão a muitas vozes........................................................... 182

Notas................................................................................................191 Referências....................................................................................... 211


APRESENTAÇÃO

A iniciativa da Editora Alínea, em colaboração com o HISTDBR, de relançar no Brasil a tradução do livro de Mario Alighiero Manacorda Marx e a Pedagogia Moderna, é muito oportuna. Há tempo, o livro apresentava-se esgotado. O livro originalmente foi publicado pela Editori Riuniti de Roma, em 1986. Foi traduzido e editado pela primeira vez, no Brasil, em 1991. A parte central do mesmo se fundamenta numa pesquisa de caráter filológico que o autor realizou nos primeiros anos de 1960, e que a Editora Armando, de Roma, em 1964, publicou com o título Il Marxismo e l’Educazione: Marx, Engels, Lênin. Como se vê, a história deste livro vem de longe. Acredito que a iniciativa de seu relançamento editorial se justifica sobretudo por duas razões: uma de caráter teórico-ideológica e outra pelos instrumentos de pesquisa utilizados. No final do ano de 1989, o muro de Berlim ruiu, levantando uma espessa poeira que turvou a vista de muitos. Os conservadores encenaram uma festa, tentando esconder, atrás daquela poeira, sua responsabilidade na construção do muro, nas numerosas e cruéis ditaduras capitalistas e, sobretudo, tentando desviar nossa atenção da imensa miséria do terceiro (e quarto) mundo. É esta, na verdade, a conta mais pesada do século XX, que não pode ser debitada aos regimes que se proclamavam socialistas. Aos poucos, porém, a festa dos conservadores se apaga e a poeira levantada pelo muro se abaixa. No meio dela, algumas linhas já


8 Apresentação

se aclaram, confirmando posições políticas e afirmações teóricas que muitos homens e mulheres marxistas, há tempos, defendiam. Ou seja, que o socialismo não é um horizonte mecanicamente dado e definido, nem o marxismo pode ser uma escolástica, ou o Partido uma Igreja. Fica claro, agora, para todos, que Marx não tem dono, nem ninguém pode cercar seus escritos com arames farpados, arvorando-se o direito de intérprete autorizado. O muro de Berlim, ao ruir, levou consigo esses arames farpados, liberando Marx de toda sentinela autoritária. Com isso, todos os interessados e estudiosos, munidos do simples método histórico-filológico, podem abrir suas páginas sem que alguma sentinela lhes grite: “quem vem lá?”. O livro se inscreve na tradição cultural do marxismo investigativo, que se livrou do velho ranço determinista e doutrinário, reflexo do evolucionismo e positivismo do século XIX. Para Manacorda, Marx foi mestre de método e não de doutrina; mais ainda, foi um teórico da liberdade e não do poder, como reafirmou o autor recentemente em entrevista: “Já havia cortado as relações com a União Soviética de Brejnev e havia corrigido os companheiros soviéticos pela sua interpretação errônea de Marx, como se este fosse um teórico do poder; era um teórico da liberdade” (DVD. Mario Alighiero Manacorda: aos educadores brasileiros. HISTEDBR. Campinas, 2007).

Quanto aos instrumentos de pesquisa, o autor utiliza, para traduzir e comentar os textos dos fundadores do marxismo, o rigor da filologia e da hermenêutica. Para Manacorda, ideologia ou política “interessadas” jamais devem subverter as leis da linguagem. É um exímio conhecedor das línguas antigas (grego e latim), bem como do inglês, russo e alemão. Por isso, traduz de próprio punho os textos escolhidos de Marx e Lênin sobre Trabalho e Instrução, identificando com precisão o contexto e o sentido das palavras e dos conceitos utilizados pelos autores. Em seguida, chega ao escrúpulo de pedir desculpas aos eventuais leitores por ter, ele próprio, erroneamente traduzido, no seu livro anterior, de 1964, com base em texto alemão não original, o termo com “politécnico” onde deveria traduzir “tecnológico” (Neste, nota 14, p. 192-193).


MARX E A PEDAGOGIA MODERNA

Em suma, o livro Marx e a Pedagogia Moderna é também uma grande lição de rigor filológico, inclusive para os muitos equívocos que encontramos em algumas traduções e divulgações em língua nacional promovidas pelo marxismo institucional do antigo socialismo real. O leitor encontrará, na primeira parte do livro, os principais textos de Marx, Engels e Lênin sobre Instrução e Trabalho, acompanhados dos comentários de Manacorda. Os textos obedecem à sequência cronológica das publicações, desde os primeiros escritos de Marx de 1847-48, transitando pelos textos intermediários de 1866-67, até os mais tardios de 1875. Em seguida, são apresentados e comentados textos escolhidos de Lênin. O leitor desfrutará, enfim, da bela síntese teórica de Manacorda sobre o conceito de trabalho e a fórmula pedagógica de Marx da instrução onilateral. Na segunda parte do livro, o autor polemiza as posições da Igreja Católica e das principais escolas pedagógicas não marxistas sobre educação. Critica o liberalismo de Giovanni Gentile, o autoritarismo jesuítico, o espontaneísmo rousseniano e a educação profissionalizante precoce, útil somente aos interesses do capital. Na análise e na crítica desse conjunto de tendências, o autor se fundamenta nas elaborações de Gramsci sobre trabalho, intelectuais, educação e escola. No final do livro, Manacorda discute com importantes leitores e críticos de Marx: Galvano Della Volpe, sobre trabalho e liberdade; Lamberto Borghi, sobre liberdade e necessidade; Roberto Massetti, sobre a relação de Marx com os utópicos e, não poderia faltar, discute também com alguns católicos leitores de Marx.

Paolo Nosella Professor do Programa de Pós-graduação em Educação da UNINOVE e voluntário da UFSCar Setembro 2007

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