Psicologia escolar crítica: atuações emancipatórias nas escolas públicas

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PSICOLOGIA ESCOLAR CRÍTICA Atuações emancipatórias nas escolas públicas

Vera Lucia Trevisan de Souza Fabiola de Sousa Braz Aquino Raquel Souza Lobo Guzzo Claisy Maria Marinho-Araujo ORGANIZADORAS


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Psicologia escolar crítica : atuações emancipatórias nas escolas públicas / organizadoras Vera Lucia Trevisan de Souza...[et al.]. -- Campinas, SP : Editora Alínea, 2018. -- (Coleção psicologia escolar) Vários autores. Outras organizadoras: Fabiola de Souza Braz Aquino, Raquel Souza Lobo Guzzo, Claisy Maria Marinho-Araujo Bibliografia ISBN 978-85-7516-853-0 1. Educação 2. Educação infantil 3. Ensino médio 4. Escolas públicas 5. Psicologia escolar 6. Psicologia escolar - Prática 7. Psicólogos escolares - Formação profissional I. Souza, Vera Lucia Trevisan de. II. Aquino, Fabiola de Sousa Braz. III. Guzzo, Raquel Souza Lobo. IV. Marinho-Araujo, Claisy Maria. 18-20527 CDD-370.15 Índices para catálogo sistemático:

1. Psicologia escolar : Educação  370.15

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

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SUMÁRIO

Apresentação..................................................................................................... 5 Parte 1. Propostas Teórico-metodológicas.................................................. 11 Capítulo 1 A Dimensão Psicossocial na Formação do Psicólogo Escolar Crítico........... 13 Paula Costa de Andrada, Ana Paula Petroni, Juliana Soares de Jesus e Vera Lucia Trevisan de Souza

Capítulo 2 Inovações Metodológicas em Psicologia Escolar: Pesquisa-intervenção e formação continuada................................................. 35 Rosimeire Afonso Dutra-Freitas e Claisy Maria Marinho-Araujo

Capítulo 3 Psicologia Escolar na Educação Infantil: Proposições teóricas e metodológicas para a atuação profissional................. 65 Fabíola de Sousa Braz Aquino, Gabriela Oliveira do Nascimento, Hianne Oliveira Almeida e Vanessa da Cruz Alexandrino

Capítulo 4 Psicologia Escolar no Ensino Médio: Reflexões sobre o trabalho e profissão........................................................... 87 Maura Assad Pimenta Neves, Guilherme Siqueira Arinelli, Elaine de Cássia Gonçalves dos Reis, Fernanda Pereira Medeiros e Vera Lucia Trevisan de Souza

Parte 2. Experiências de Formação e Práticas Emancipatórias............. 105 Capítulo 5 Formação Continuada de Psicólogas Escolares da Rede Pública de Ensino: Compromisso com práticas transformadoras................................................ 107 Fabíola de Sousa Braz Aquino, Henrique Jorge Simões Bezerra, Amanda Costa Vicente, Gabriela Oliveira do Nascimento e Marina Campos da Silva


Capítulo 6 Contribuições da Psicologia Escolar à Formação Inicial e Continuada de Profissionais da Saúde e Educação........ 125 Claudia Gomes, Lilian Aparecida Cruz Dugnani e Vânia Rodrigues Lima Ramos

Capítulo 7 Psicologia Escolar e Família: Importância da proximidade e do diálogo..... 143 Raquel Souza Lobo Guzzo, Adinete Sousa da Costa Mezzalira, Mara Aparecida Lissarassa Weber, Izabella Mendes Sant’Ana e Soraya Sousa Gomes Teles da Silva

Parte 3. Psicologia Escolar e Demandas Contemporâneas..................... 163 Capítulo 8 Estudantes Negros na Universidade: O que a Psicologia Escolar/Educacional tem a ver com isso?...................... 165 Adrielle Matos Teixeira, Djean Ribeiro Gomes e Maria Virginia Machado Dazzani

Capítulo 9 ONGs Educativas: Um recente contexto de atuação para o psicólogo escolar........................... 185 Pollianna Galvão e Claisy Maria Marinho-Araujo

Capítulo 10 Psicologia Escolar e Políticas Públicas no Maranhão: História e compromissos atuais.................................................................... 217 Pollianna Galvão e Claisy Maria Marinho-Araujo

Capítulo 11 Cursos de Alto Prestígio Social e Estudantes de Origem Popular: Seletividade e democratização...................................................................... 249 Sandra Andrade da Silva e Sônia Maria Rocha Sampaio

Autores.......................................................................................................... 265


APRESENTAÇÃO Em suas primeiras publicações, o grupo de pesquisadores que compõem o GT de Psicologia Escolar e Educacional da ANPEPP tem desenvolvido estudos e propostas sobre temas contemporâneos à sua época, baseando-se em uma vertente crítica e ampliada das possibilidades de atuação de psicólogos no complexo e contraditório terreno da Educação. Os temas nos quais os pesquisadores desse grupo se detiveram, desde sua primeira coletânea em 1996, refletem as inquietações, os avanços e o compromisso diante das demandas desses profissionais. Com o propósito de subsidiar e fortalecer a atuação deles, o grupo vem desenvolvendo pesquisas que discutem a formação disponibilizada pelos cursos de graduação em Psicologia no Brasil e seus reflexos na atuação do psicólogo escolar, reafirmando o compromisso ético e político deste com processos de desenvolvimento humano. Acrescenta-se que as pesquisas e reflexões produzidas pelo grupo têm demarcado a preocupação com necessidades ainda recorrentes nos contextos escolares e com desafios apresentados por espaços de atuação emergentes, o que impõe aos profissionais uma atuação que expresse as particularidades do trabalho do psicólogo nos contextos educacionais contemporâneos, nos diversos níveis e modalidades de ensino da educação brasileira. A imersão em tal realidade, alicerçada em pressupostos teórico­ ‑metodológicos que fundamentam pesquisas-intervenção, formação continuada, pesquisas de campo e atividades de estágio supervisionado, têm colaborado para o desenvolvimento de ações e metodologias que visam incidir e mediar processos de desenvolvimento humano e aprendizado em ambientes educacionais marcados por realidades e dinâmicas socioculturais próprias. No esforço de contribuir com a formação de estudantes e psicólogos para o trabalho na e com a Educação, compartilham-se, no presente volume, as produções de pesquisadores do GT da ANPEPP, advindas de distintas Universidades e Programas de Pós-graduação em Psicologia no Brasil.


6 Apresentação Estruturada em três segmentos, esta obra visa abranger aspectos fundamentais na constituição da Psicologia Escolar Educacional como campo de conhecimento e prática profissional. A primeira parte, Propostas Teórico-metodológicas abrange quatro capítulos. O Capítulo 1, A Dimensão Psicossocial na Formação do Psicólogo Escolar Crítico, de Vera Lucia Trevisan de Souza, Paula Costa de Andrada e Ana Paula Petroni, discute a necessária incorporação, nas formações do psicólogo no âmbito das universidades, de reflexões sobre as condições político-econômico-ideológicas que permeiam os contextos educativos e desafiam os profissionais a atuarem no coletivo e com o coletivo. Dessa perspectiva, defendem o exercício de uma Psicologia engajada com a transformação das condições em que se encontram muitas das escolas públicas do país, atuando por meio de intervenções construídas em articulação com a realidade dos contextos e dos sujeitos que deles participam. O Capítulo 2, Inovações Metodológicas em Psicologia Escolar: Pesquisa-intervenção e formação continuada, escrito por Rosimeire Afonso Dutra-Freitas e Claisy Maria Marinho-Araujo, apresenta uma pesquisa em que se buscou elaborar e desenvolver uma formação continuada articulada à pesquisa com um grupo de psicólogos escolares, atuantes nas EEAA (Equipes Especializadas de Apoio à Aprendizagem) de Ceilândia/DF. As autoras relatam o processo de construção de uma prática coletiva que, tomando por base os conceitos da Psicologia Histórico-Cultural, resultou em mudanças de concepções acerca da atuação institucional, aprofundamento de pressupostos teóricos metodológicos e materialização de um instrumento detalhado orientador das ações institucionais a serem realizadas pelos psicólogos escolares. O Capítulo 3, Psicologia Escolar na Educação Infantil: Proposições teóricas e metodológicas para a atuação profissional, escrito por Fabíola de Sousa Braz Aquino, Gabriela Oliveira do Nascimento, Hianne Oliveira Almeida e Vanessa da Cruz Alexandrino, aborda procedimentos colocados em prática e aprimorados na atividade de estágio supervisionado curricular em Psicologia Escolar, na esfera da formação de psicólogos, discutindo as contribuições de alguns conceitos de Vigotski para a proposição de atividades pedagógicas mediadas pelo lúdico e por elementos estéticos. O Capítulo 4, Psicologia Escolar no Ensino Médio: Reflexões sobre o trabalho e profissão, escrito por Maura Assad Pimenta Neves, Elaine de Cássia Gonçalves dos Reis, Fernanda Pereira Medeiros, Guilherme Siqueira


Apresentação

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Arinelli e Vera Lucia Trevisan de Souza, traz uma experiência de atuação do Psicólogo Escolar com adolescentes que cursam o Ensino Médio de uma escola da periferia de uma grande cidade, cujo núcleo medidor das relações tem o trabalho como tema e a apreciação/produção artística como ação. O capítulo oferece ricas contribuições para se pensar o papel do Psicólogo Escolar no ensino médio público num momento em que esse segmento de ensino é alvo de mudanças muito questionadas por vários setores da sociedade. A segunda parte, Experiências de Formação e Práticas Emancipatórias, está organizada em três capítulos. O Capítulo 5, Formação Continuada de Psicólogas Escolares da Rede Pública de Ensino: Compromisso com práticas transformadoras, escrito por Fabíola de Sousa Braz Aquino, Henrique Jorge Simões Bezerra, Amanda Costa Vicente, Gabriela Oliveira do Nascimento e Marina Campos da Silva, relata a experiência de um projeto de extensão sobre formação continuada em serviço direcionado a psicólogas escolares da cidade de João Pessoa e região metropolitana, em que se focaliza o trabalho desses profissionais em relação à queixa escolar. O Capítulo 6, Contribuições da Psicologia Escolar à Formação Inicial e Continuada de Profissionais da Saúde e Educação, de Claudia Gomes, Lilian Aparecida Cruz Dugnani e Vânia Rodrigues Lima Ramos apresenta experiências de formação em que se defende a importância da Psicologia Escolar em cursos de duas áreas distintas – saúde e educação, e em dois momentos diferentes de formação – inicial e continuada. Trata-se de duas pesquisas-intervenção que defendem a criação de espaços reflexivos favorecedores da expressão de emoções e suas ressignificações, oferecendo contribuições para a discussão sobre questões que aportam no ensino superior atualmente e no interior das escolas públicas. O Capítulo 7, Psicologia Escolar e Família: Importância da proximidade e do diálogo, de Raquel Souza Lobo Guzzo, Adinete Sousa da Costa Mezzalira, Mara Aparecida Lissarassa Weber, Izabella Mendes Sant’Ana e Soraya Sousa Gomes Teles da Silva, aborda a relação família-escola e traz, com um relato detalhado das ações desenvolvidas pelos Psicólogos Escolares em atuação num projeto já antigo do grupo, importantes contribuições para o enfrentamento do desafio que é a aproximação das famílias com a escola. A terceira e última parte, Psicologia Escolar e Demandas Contemporâneas, inclui quatro capítulos. O Capítulo 8, Estudantes Negros na Universidade: O que a Psicologia Escolar/Educacional tem a ver com isso?,


8 Apresentação escrito por Adrielle Matos Teixeira, Djean Ribeiro Gomes e Maria Virginia Machado Dazzani questiona o papel da Psicologia Escolar/Educacional em relação à inclusão de estudantes negros na Educação Superior, sobretudo sua contribuição para o desenvolvimento psicossocial do estudante na universidade. O Capítulo 9, ONGs Educativas: Um recente contexto de atuação para o Psicólogo Escolar, de Pollianna Galvão e Claisy Maria Marinho-Araujo, apresenta e discute os desafios educacionais que se colocam ao psicólogo escolar ante esse novo contexto socioeducativo, com potencial para o desenvolvimento humano, à luz da Psicologia Escolar crítica. O Capítulo 10, Psicologia Escolar e Políticas Públicas no Maranhão: História e compromissos atuais, escrito por Pollianna Galvão e Claisy Maria Marinho-Araujo, destacam a Psicologia Escolar no Maranhão, oferecendo importante panorama da história recente da formação inicial e continuada em Psicologia Escolar nesse estado, o que, segundo as autoras, seria condição para preparar os psicólogos para o exercício profissional nos espaços públicos maranhenses, defendendo a necessária articulação entre as dimensões teórico-científicas, práticas e políticas para atuação em tal realidade. O último capítulo do livro, Cursos de Alto Prestígio Social e Estudantes de Origem Popular: Seletividade e democratização, de Sandra Andrade da Silva e Sônia Maria Rocha Sampaio, discute a inserção de segmentos sociais tradicionalmente excluídos da formação educacional superior e apresenta uma reflexão crítica sobre o acesso e permanência no ensino superior, oferecendo um panorama desse movimento à luz de políticas e ações implementadas no Brasil nos últimos anos. A prática de resistência que psicólogas e psicólogos brasileiros desenvolvem para manter vivo o campo educacional como um espaço privilegiado à Psicologia de caráter preventivo, seja no contexto universitário − onde a cada ano, mais e mais se evidencia a disputa pelo campo hegemônico de atuação profissional e propostas curriculares cada vez mais conservadoras −, seja nos espaços de ação, demonstra que as disputas ideológicas não são vencidas rapidamente. São caminhadas históricas que duram tempo, mas que vão, em definitivo, marcando os movimentos da área. A Psicologia Escolar − ou a Psicologia nas Escolas, ou ainda a Psicologia no campo da Educação − não são uma adaptação malfeita de profissionais da Saúde e Assistência que se ‘deslocam’ para as escolas a fim de entender o que ali acontece que prejudica o desenvolvimento de crianças e jovens.


Apresentação

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A Psicologia que se dispõe a agir no campo da Educação é uma outra Psicologia – uma proposta que possui outros fundamentos ontológicos, epistemológicos, teóricos e metodológicos e que precisa ser construída pela e para a prática nas escolas. Trata-se de um corpo de conhecimento que tem como objeto o processo de desenvolvimento de crianças e jovens no cotidiano da escola, que se orienta pelos passos do crescimento, da aprendizagem e das práticas preventivas e fortalecedoras. A Psicologia que acompanha esses processos cotidianamente produz outro tipo de conhecimento e prática, sem se pautar pela doença, pela medicalização, pela patologização. Infelizmente, os cursos que formam profissionais da Psicologia ainda não romperam com as amarras ideológicas da Psicologia da doença, do tratamento longe dos espaços de desenvolvimento. Com tal intuito, esta coletânea resiste e apresenta-se a cada dois anos, esperando que, nos cursos de formação, outras discussões sejam possíveis e outro perfil profissional possa ser consolidado no Brasil e que esteja pronto a responder às demandas e necessidades da escola pública. As organizadoras


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