4 minute read
VEREADORES DE SÃO GONÇALO COLOCAM CHUVAS NO CENTRO DO DEBATE POLÍTICO
Parlamentares gonçalenses iniciaram os trabalhos do ano legislativo ontem (15)
Luto e tristeza. No retorno aos trabalhos legislativos da Câmara Municipal de São Gonçalo, os vereadores destacaram, ontem (15), as recentes chuvas, que geraram transtornos significativos aos moradores da cidade.
Advertisement
O vereador Glauber Rodrigues (Pros) se solidarizou com as vítimas das enchentes, em especial Roseli Batista de Castro, que morreu e deixou dois filhos. “A vida é um sopro. Por isso, peço um minuto de silêncio aos colegas da casa”, conclamou.
Presidente da Câmara, o vereador Lecinho (MDB) ressaltou que nunca viu “tanta chuva, em sete dias”. “Não me recordo; a não ser naquela tragédia do Bumba. Foi violenta”, lembrou. Num breve agradecimento a todos os colegas, que colaboraram com doações de itens de primeira necessidade às famílias vitimadas pelas chuvas, ele destacou a atuação dos demais colegas, que também estavam fazendo doações, diretamente, nas suas comunidades:
“Todo mundo está fazendo a sua parte. Isso é importante. Ontem (dia 14), trabalhei muito na rua. Hoje (ontem, dia 15), eu estava dentro da comunidade. Dá para ver a tristeza das pessoas. A sensação de ver a água entrando pela cozinha e saindo pela sala é horrível. Cidadãos com um metro e meio de água, dentro de casa. Graças a Deus, conseguimos fazer com que a água descesse: isso é gratificante, não tem preço para mim. Falei para o morador que eu não era o “vereador Lecinho”, mas sim o ser humano. Parabéns a cada vereador e vereadora de São Gonçalo que ajudou a população”. Em agradecimento à secretária de Assistência Social do Estado do Rio, que esteve ontem em são gonçalo, “à disposição de quem perdeu bens”, o vereador Claudinei Siqueira (Republicanos) disse que, com ela, conversou sobre assuntos importantes para São Gonçalo:
“Muitas doações foram feitas, por parte da Secretaria de Assistência Social, para a cidade. Este é o momento de nos unirmos, porque agora não há direita, esquerda ou centrão. São vidas que estão em jogo. É hora de nos unirmos em prol das famílias que perderam seus bens em São Gonçalo”.
Ele disse que é importante que os parlamentares gonçalenses utilizem a tribuna para se colocarem “à disposição de São Gonçalo”, em solidariedade às famílias. “Com o cuidado de não utilizá-la para nos promover”, alertou.
O vereador Jalmir Junior (PRTB) também se posicionou. Para ele, os impactos das mudanças climáticas poderiam ser minimizados. “As medidas de prevenção de risco e o plano de gerenciamento de risco, que envolve a limpeza dos principais rios da cidade, utilização de máquinas e equipamentos, sem que o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) viesse aqui, por conta de um convênio que o município tem com o Inea”, destacou.
Carnaval adiado Junior disse ainda que é importante, também, que a gestão limpe os bueiros da cidade, priorizando um projeto de educação ambiental, que conscientize a população e penalize quem comete crimes ambientais:
“Tem gente que joga resíduo inadequado na rua, que viola os princípios constitucionais do meio ambiente. Foram três dias de fortes chuvas – 7, 11 e 13 de fevereiro. No dia 13, a Prefeitura fez um contrato com dispensa de licitação, no valor de R$ 259 mil, para contratar cantores para o Carnaval de rua. Num momento de lamentação, requeiro que esse e outros contratos se tornem sem efeito. Somando, são mais de um milhão e meio investidos no Carnaval de rua, que não sabemos nem se vai ter. Segundo a meteorologia, parece que vai chover no Carnaval. O momento é atípico”.
O vereador Alexandre Gomes (PV) destacou que o prefeito Nelson Ruas (PL) publicou em Diário Oficial que o Carnaval foi adiado, “para que possamos focar a atenção nas famílias vítimas dos temporais que vêm assolando a cidade”.
Lecinho destacou “que não teria a menor dúvida de que o prefeito tomaria essa decisão, muito coerente e acertada”: “Infelizmente, virá algum engraçadinho, falar uma besteira, nas redes sociais. Ninguém vai agradar a todo mundo. Estou muito feliz com essa notícia. Não é um momento de guerra, mas sim de ajudar”. De acordo com o vereador Gláuber Poubel (Pros), é mais do que a obrigação dos parlamentares estar na rua, neste momento, trabalhando e ajudando as pessoas:
“Foram três chuvas, em menos de uma semana. A gente não aguenta. Tem hora que bate o cansaço, físico e psicológico”.
Poubel frisou, em seu discurso, que não estava culpando a atual gestão, mas, sim, todas, que passaram. Mas “hoje, não é diferente”, disse. Na avaliação dele, o Poder Executivo pode evitar o impacto de chuvas intensas e inesperadas. Poubel lembra que o município recebeu R$ 1 bilhão pela venda da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro):
“Desde o início do mandato, vínhamos batendo na tecla de questionar o Inea – vamos desassorear os rios. Todos aqui são prova disso. Sempre cobrei o Inea. É difícil já ter uma chuva dessa, em rios dragados e desassoreados. Imagina numa cidade onde não se vê isso há anos? Havendo um trabalho de dragagem dos rios, das galerias, limpando-se bueiros, reeducar a população, podese haver um conjunto, chegar a um denominador, com um impacto não tão grande como esse, dessas chuvas. O governo municipal é responsável, também. É tragédia anunciada”.
Em aparte, o vereador Alexandre Gomes lembrou que vem cobrando a responsabilidade do Governo do Estado:
“Entendo que a responsabilidade da dragagem dos rios é única e exclusivamente do estado. São Gonçalo, com o seu orçamento, pode fazer obras para mais de R$ 200 milhões. Não é fácil dragar só o Rio Alcântara, o Imboaçu e o Brandoas porque ali há famílias que, por falta de uma fiscalização do poder público, construíram suas casas de forma irregular. É injusto jogar essa responsabilidade na conta do nosso prefeito, porque é de governos passados. Temos de colocar o dedo na ferida e chamar a responsabilidade do governo federal, estadual e municipal. Cidade nenhuma do mundo suporta 200 milímetros de água”.