REVISTA AUTOMOTIVE BUSINESS | EDIÇÃO 53

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• MONTADORAS SÃO IMPULSO À ELETRIFICAÇÃO NO BRASIL

• TI DEVE AVANÇAR NA DEFINIÇÃO DAS REGRAS DE CIBERSEGURANÇA

•VISITAMOS A AUTOMECHANIKA E IAA. CONHEÇA AS NOVIDADES

Automotive

OUTUBRO DE 2018 ANO 10 • NÚMERO 53

AS IDEIAS TRANSFORMADORAS DAS AUTOPEÇAS PARA O FUTURO AS EMPRESAS TRADICIONAIS TÊM CACIFE PARA ENFRENTAR A ONDA DE INOVAÇÕES?

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EDITORIAL

REVISTA

www.automotivebusiness.com.br Editada por Automotive Business, empresa associada à All Right! Comunicação Ltda. Tiragem de 8.000 exemplares, com distribuição direta a executivos de fabricantes de veículos, autopeças, distribuidores, entidades setoriais, governo, consultorias, empresas de engenharia, transporte e logística e setor acadêmico. Diretores Maria Theresa de Borthole Braga Paula Braga Prado Paulo Ricardo Braga Editor Responsável Paulo Ricardo Braga (Jornalista, MTPS 8858) Editora-Assistente Giovanna Riato Redação Mário Curcio, Pedro Kutney e Sueli Reis Colaboradores desta edição Edileuza Soares e Wilson Toume Editor de Notícias do Portal Pedro Kutney Design gráfico (RS Oficina de Arte) Ricardo Alves de Souza Josy Angélica Fotografia Estúdio Luis Prado Publicidade Carina Costa, Greice Ribeiro, Monalisa Naves Atendimento ao leitor Patrícia Pedroso WebTV Marcos Ambroselli Comunicação e eventos Carolina Piovacari Impressão Margraf Distribuição Correios

Administração, redação e publicidade Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema, 04082-001, São Paulo, SP, tel. 11 5095-8888 redacao@automotivebusiness.com.br

Filiada ao

Paulo Ricardo Braga Editor paulobraga@automotivebusiness.com.br

FORNECEDOR SE REINVENTA

A

s empresas de autopeças tradicionais têm cacife para enfrentar a leva de fornecedores tecnológicos e startups que avançam na área da conectividade e mobilidade, produzindo uma onda de inovações e trazendo toda a série de inquietações sobre a resiliência e capacidade de competir dos associados do Sindipeças, a entidade dos fabricantes de autopeças? Na matéria de capa desta edição, Automotive Business foi buscar respostas para essa questão, entrevistando o presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe, consultores e empreendedores que estão vivendo no dia a dia um sem-número de desafios como fornecedores de componentes e sistemas. Para Ioschpe, os associados da entidade são capazes de superar as dificuldades e, depois de um longo período de crise, estão vivenciando um momento de crescimento, apesar da falta de competitividade “da porta para fora das empresas”. Para ele, o setor automotivo tradicional não perderá relevância ante a chegada de novos players na indústria da mobilidade. Ele admite que haverá mudanças estruturais entre montadoras e autopeças, a exemplo do que vem ocorrendo com menor impacto nos últimos anos, quando inúmeros componentes caíram em desuso, como carburadores, levantadores de vidro e câmaras de ar. Curiosamente, fornecedores de inovações estão chegando à indústria automobilística como associados do próprio Sindipeças. Fomos aprender com a Pieracciani Consultoria como os programas federais de incentivo podem pagar até 70% dos aportes das empresas em inovação e, para entender como atuam os novos players de softwares e sistemas eletrônicos, ouvimos Accenture, Volkswagen e Deloitte. Vale a pena examinar essa questão e o infográfico que preparamos com a Pieracciani. Na construção do futuro, a popularização das novas tecnologias, como centrais multimídia avançadas e sistemas de inteligência artificial (usados por exemplo nos manuais dos veículos da VW), é algo distante de muitos fornecedores tradicionais e levará empresas a buscar uma adaptação por questão de sobrevivência. O certo é que em muitos casos tanto montadoras quanto seus parceiros terão de se reinventar Boa leitura e até a próxima edição, quando a revista Automotive Business abrirá seu décimo ano de existência e anunciará seus planos editoriais para 2019.

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ÍNDICE

20 CAPA | FORNECEDORES AS IDEIAS TRANSFORMADORAS DE AUTOPEÇAS AS EMPRESAS TRADICIONAIS DO SETOR VÃO PRECISAR DE FÔLEGO E CRIATIVIDADE PARA ENFRENTAR A ONDA DE FORNECEDORES TECNOLÓGICOS E STARTUPS QUE AVANÇAM NA ÁREA DA MOBILIDADE

20 ANTES DE INOVAR É PRECISO SER COMPETITIVO Entrevista com Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças 25 INOVAÇÃO NA ERA DA TRANSFORMAÇÃO A aposta nas soluções locais 29 VAI DAR MATCH? A tecnologia na relação entre montadoras e fornecedores

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LUIS PRADO

34 OS INCENTIVOS DO GOVERNO PARA P&D Infográfico ensina o caminho das pedras

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11 CARREIRA BRASILEIRO COMANDA QUALIDADE NA FCA Schwarzwald é o novo diretor global da qualidade 12 ALTA RODA À PROVA DE ERROS Deslocamentos mais rápidos em São Paulo

FO TO

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S:

I LU

SP

Sandra Turchi

40 FÓRUM

NOVA LÓGICA NO MARKETING AUTOMOTIVO Repensando a jornada dos clientes e o relacionamento

44 IMPLEMENTOS RECUPERAÇÃO COM CAUTELA Segmento crescerá 35% este ano 46 ELETRIFICAÇÃO ELÉTRICOS E HÍBRIDOS GANHAM IMPULSO Iniciativas terão maior importância em 2019

LUIS PRADO

ROTA 2030 TRAZ DESAFIOS E OPORTUNIDADES O ponto de vista dos executivos do setor automotivo

Jaime Troiano

LUIS PRADO

38 WORKSHOP

O

Fernanda Nascimento

14 NEGÓCIOS T-CROSS DARÁ FÔLEGO À VW DO PARANÁ SUV será fabricado no início do próximo ano 36 DIVERSIDADE PRESENÇA FEMININA AVANÇA EM 2019 Projeto de Automotive Business ganha força

RA D

50 AUTOPEÇAS RECORDE DE PARTICIPAÇÃO NA AUTOMECHANIKA Brasileiras fortalecem exportações 52 VEÍCULOS COMERCIAIS ELETRIFICAÇÃO TOMA CONTA DO IAA Dúzias de veículos chegarão ao mercado ROGELIO GOLFARB, vice-presidente da Ford América do Sul e também primeiro vice-presidente da Anfavea, abriu os trabalhos do evento

54 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO CIBERSEGURANÇA DESTACA-SE NA PAUTA Tema preocupa montadoras e fornecedores

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LOGIGO AUTOMOTIVE

CONECTIVIDADE: A NOVA FONTE DE LUCRO PARA AS MONTADORAS

O FABRICANTES DE CARROS COMEÇAM A DESTRAVAR MERCADO TRILIONÁRIO NO BRASIL

carro conectado será uma das grandes fontes de receita da indústria automotiva nos próximos anos. A expectativa é consenso entre uma série de especialistas. Pesquisa da KPMG com executivos da indústria automotiva mostra que 75% deles acreditam que veículos com conexão têm potencial para gerar faturamento 10 vezes maior. Já levantamento da McKinsey indica que, ao lado dos serviços de mobilidade e novos modelos de negócio, a conectividade acrescentará US$ 1,5 trilhão em receitas à indústria automotiva. Globalmente as companhias automotivas já se movimentam para se adaptar a essa transformação. A Volkswagen, por exemplo, anunciou investimento de US$ 4 bilhões no desenvolvimento de negócios digitais até 2025. A empresa vai criar a plataforma We baseada na nuvem para conectar veículos, clientes e oferecer serviços. A Bosch é outra organização que aposta no mesmo caminho. A empresa criou uma nova divisão, a Connected Mobility Solutions, focada na oferta de serviços conectados e de mobilidade. AVANÇO LOCAL Os negócios também começam a se movimentar no Brasil. Este

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ano a Nissan passou a oferecer carros equipados com o Multi-App, central multimídia mais completa, conectada à internet e que não depende de espelhamento com o celular. A solução traz uma série de funcionalidades para o cliente e, ainda, oportunidade importante para a montadora, que consegue monetizar com oferta de serviços e estreitar o relacionamento com os consumidores. Antonio Azevedo, CEO da LOGIGO Automotive, desenvolvedora de centrais multimídia responsável pela produção do Multi-App, explica a maior diferença entre a solução adotada pela Nissan e a maioria das outras usadas no mercado. “Usamos um software nativo que garante à montadora o controle dos dados dos clientes e, assim, permite a monetização destas informações. Nos sistemas equipados com Android Auto ou Apple CarPlay, quem tem este domínio é o Google e a Apple, não a fabricante do carro”, conta. Segundo o executivo, a tecnologia da central multimídia permite que a montadora envie mensagens direto ao cliente pelo sistema, como um desejo de parabéns no aniversário dele com um cartão de desconto para executar serviços em uma concessionária, por exemplo. Como

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a plataforma digital é própria, a fabricante do carro pode também aceitar publicidade na central multimídia, vender aplicativos ou ir mais longe e desenhar seguros sob medida para cada cliente. “A montadora passa a ter a informação de como determinado motorista dirige, se este concordar em dividir essas informações, pode firmar parceria com seguradora e fazer preços personalizados ou desenhar uma apólice pay per use em que o cliente só paga pelo tempo em que está com o carro na rua”, enumera Azevedo. Segundo ele, possibilidades não faltam, mas todas dependem de que o carro esteja conectado para funcionar. “Hoje, grande parte dos veículos que temos no mercado conta com uma central multimídia que representa um investimento da montadora que não se converte em aumento da lucratividade depois. Acredito que estas plataformas representem um ponto-chave para as montadoras, uma oportunidade de negócio”, defende Azevedo. INOVAÇÃO À BRASILEIRA Em tempos de busca por novas receitas para a indústria automotiva, Régis Nieto, sócio-diretor do BCG, lembra que a melhor recomendação é não esperar que as respostas venham prontas da matriz das organizações. “Nos próximos anos o dinheiro virá de novos lugares. As empresas que não estão se reposicionando agora vão passar por dificuldades”, disse o consultor durante apresentação em evento promovido por Automotive Business em agosto.

LUIS PRADO

Central multimídia da LOGIGO Automotive desenvolvida para a Nissan

A LOGIGO AUTOMOTIVE DEVE ABRIR UM ESCRITÓRIO EM DETROIT PARA FAZER UMA OFENSIVA NO MERCADO NORTE-AMERICANO

Segundo ele, é um erro acreditar que as novas soluções não podem ser desenhadas localmente. “Uma das coisas que mais ouço dos profissionais no Brasil é que as respostas virão de fora. Acima de tudo, o consumidor é local e, portanto, precisamos desenhar os produtos e serviços certos para ele”, defende. Ele lembra que, com pessoas tão conectadas, o país é um dos maiores mercados para empresas como Uber e Waze. É aí, justamente, que está a maior oportunidade para as companhias automotivas: desenhar soluções brasileiras com potencial para ganhar escala. É justamente nisso que a LOGIGO Automotive está apostando, garante Azevedo. Segundo ele, a empresa deve abrir em breve um escritório em Detroit. A ideia ali é tanto aproveitar a posição, próximo dos polo de inovação e desenvolvimento, quanto fazer uma ofensiva no mercado dos Estados Unidos. É a inovação à brasileira ganhando o mundo. Conteúdo apresentado por LOGIGO Automotive e produzido pelo Media Lab Automotive Business

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PORTAL

| AUTOMOTIVE BUSINESS

AS NOVIDADES QUE VOCÊ ENCONTRA EM WWW.AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR CAOA CHERY COMEÇA A PRODUZIR ARRIZO EM JACAREÍ

JEEP REDUZ PREÇO DE ENTRADA DO RENEGADE PARA VENDER MAIS A Jeep continua se vendendo como a mais legítima das marcas de veículos utilitários esportivos (SUVs) que encaram qualquer terreno, mas no caso brasileiro essa tradição só é aplicada com rigor nas versões topo de gama 4x4 diesel. Na leve renovação aplicada na linha 2019 do Renegade essa estratégia foi aprofundada, com preços reduzidos apenas da parte de baixo da tabela, para ganhar mais clientes. O modelo parte agora de R$ 69.999.

A Caoa Chery começa a fazer em Jacareí (SP) o sedã Arrizo, que chega em novembro às cerca de 50 concessionárias da marca em duas versões, por preços estimados entre R$ 69 mil e R$ 79 mil. O carro é equipado com um motor flex 1.5 turbo de 150 cavalos. A fábrica do interior paulista recebeu uma nova linha de montagem para produzir o modelo, que tem 4,53 metros e muito espaço interno.

ZF COMPRA 35% DA ASAP, ESPECIALISTA EM SERVIÇOS DE ENGENHARIA A ZF adquiriu 35% de participação da ASAP Holding, que tem sede em Gaimersheim, próxima de Ingolstadt, na Alemanha. Com mais de 1,1 mil funcionários em 11 unidades, a empresa é especializada em serviços de engenharia com foco em condução autônoma, mobilidade elétrica, carros conectados e softwares para veículos. As companhias concordaram em não divulgar o valor da participação da compra de ações.

WEB TV youtube.com.br/automotivebusiness LANÇAMENTO

MERCADO

Premium Mercedes-Benz Classe C traz mudanças na linha 2019

EVENTO

Veículos Fenabrave eleva projeções para as vendas em 2018

EXCLUSIVO PONTO DE VISTA | SEGURANÇA Segurança é coisa séria no Portal AB. Nesta página você confere artigos e reportagens sobre o tema.

Marketing Veja o balanço do Fórum de Marketing Automotivo

REDES SOCIAIS AB INTELIGÊNCIA Acompanhe a evolução das estatísticas das principais organizações do setor.

MOBILE WEBSITE Formato leve e adequado para quem acompanha as notícias pelo smartphone ou tablet. m.automotivebusiness.com.br

LINKEDIN – Notícias, análises e a programação da ABTV agora são postadas diariamente na plataforma profissional. TWITTER – Siga o portal AB na rede social e veja os links e novidades postados pela nossa equipe. @automotiveb PINTEREST – Acompanhe os painéis com as principais novidades do portal, revista e AB webTV. pinterest.com/automotiveb FACEBOOK – As principais notícias do setor automotivo direto na sua timeline. Clique em “ver primeiro” e confira em tempo real. www.facebook.com/automotivebusiness

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UM BRASILEIRO À FRENTE DA QUALIDADE GLOBAL DA FCA

DIVULGAÇÃO

CARREIRA

RICHARD SCHWARZWALD PASSA A RESPONDER PELA FUNÇÃO COM A SAÍDA DE STEFAN KETTER DA COMPANHIA

O

CEO do Grupo FCA, Mike Manley, anunciou a primeira grande mudança no time de liderança global de sua gestão desde que assumiu a companhia no lugar de Sergio Marchionne. A primeira delas é a nomeação do brasileiro Richard Schwarzwald como novo diretor global de qualidade, função pela qual passa a integrar o Group Executive Council – GEC, a máxima instância executiva do grupo. Richard estava desde maio de 2016 na liderança da diretoria de qualidade para a América Latina e sucede a Scott Garberding, agora vice-presidente global de manufatura da FCA, ele que também será responsável pelas divisões Comau e Teksid. Scott está substituindo outro nome bastante conhecido no Brasil: Stefan Ketter, ex-presidente da FCA para a América Latina, que deixou

o cargo em março para voltar à sua função original, a de líder de manufatura. Agora Ketter deixa a Fiat Chrysler. “Stefan Ketter nos informou no início deste ano sobre seus planos de exoneração de seu cargo na FCA. Em nome de todos os colegas com os quais ele trabalhou em proximidade, quero expressar meus profundos agradecimentos por sua valiosa contribuição ao longo dos anos”, agradeceu Manley. As mudanças também incluíram a nomeação de Pietro Gorlier como COO para região Emea e responsável global pela Mopar; Ermanno Ferrari como CEO da Magneti Marelli (comprada pela empresa japonesa Calsonic Kansei); Harald Wester como COO da Maserati; Tim Kuniskis como responsável da Jeep na América do Norte e Reid Bigland, o responsável pela Ram. (Sueli Reis) n

EXECUTIVOS STEFAN MECHA (foto 1) assume a vice-presidência de vendas e marketing da Volkswagen para a região SAM, que inclui as Américas do Sul e Central e Caribe. Ele chega para ocupar o cargo deixado por Thomas Owsianski em julho, após ser nomeado novo presidente da Audi na China. HERBERT NEGELE (foto 2) é o novo diretor de engenharia do Grupo BMW no Brasil. Na empresa há 18 anos, o executivo sucede a Elmar Hockgeiger, novo responsável pela área do grupo na Coreia do Sul. As empresas Randon contratam PAULO PRIGNOLATO (foto 3) como novo CFO da companhia. Ele passa a ocupar o cargo no lugar de Daniel Randon, vice-presidente de administração, que acumulada a área de finanças. FREDDY AUDEBEAU (foto 4) é nomeado vice-presidente financeiro do Grupo PSA para a América Latina. Ele substitui Gustavo Soloaga, designado para uma nova função na Europa. DANIELLA SOUZA MIRANDA (foto 5) assume a vice-presidência comercial da área de plásticos da Dow na América Latina no lugar de Paloma Alonso, que deixa a região para assumir a diretoria global da divisão aromatics e a diretoria comercial de OAA (olefins, aromatics & alternatives) para Europa, Oriente Médio e África.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

DIETMAR JANZEN (foto 6) passa a ocupar o cargo de diretor de operações da DAF no Brasil. Sob seu comando estão as áreas de compras, logística, produção, engenharia de manufatura, qualidade de fornecedores e produto, além de desenvolvimento de novos negócios. Ele se reportará diretamente ao presidente da companhia no País, Carlos Ayala.

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FERNANDO CALMON

LUIS PRADO

À PROVA FERNANDO CALMON é jornalista especializado na indústria automobilística fernando@calmon.jor.br

Leia a coluna Alta Roda também no portal Automotive Business PATROCINADORAS

DE ERROS

U

m estudo acaba de ser publicado pela organização não governamental (ONG) Nossa São Paulo sobre o tempo médio de deslocamento na capital paulista: caiu em torno de 10 minutos entre 2015 e 2018. Não representa muito, mas se trata de algum avanço. O dado reflete uma modificação nos hábitos trazida pelos aplicativos de mobilidade como Uber, 99 e Cabify. Esses serviços já se estendem a mais de 100 cidades brasileiras. Os meios de transporte usados pelos paulistanos mudaram em três anos. Ônibus caíram de 47% para 43%, metrô de 8% para 7%. Carros particulares subiram de 22% para 24%; aplicativos e táxis de 2% para 5%. Bicicletas de 1% para 2%. Esse fenômeno tem sido detectado em outras grandes cidades no mundo e começa a preocupar os administradores públicos. Uso menor do transporte coletivo tende a torná-lo mais caro e desestimula investimentos na sua melhoria. Não à toa a prefeitura da cidade de Nova York entrou em conflito com Uber e seu concorrente principal Lyft para limitar o número de automóveis. Quer poder avaliar melhor o impacto no trânsito e nos custos de transporte público. Essa discussão ainda continua por lá. No Brasil, Uber está introduzindo uma versão mais simples (desenvolvida na Índia) de seu aplicativo, para celulares de poucos recursos, a fim de alavancar a modalidade Pool, onde mais de uma pessoa é transportada por veículo. Por outro lado, São Paulo foi a primeira cidade do mundo a lançar o serviço do Waze de carona paga, desde agosto passado. Ideia é oferecer e pedir carona a um preço entre R$ 4 e R$ 25. A em-

presa destaca se tratar de algo diferente, focado em serviço solidário: motorista só pode oferecer duas caronas por dia. Como se trata de experiência nova, não objetiva retorno financeiro no momento. A checar, no futuro. No levantamento da ONG citada não há referência sobre os aplicativos de rotas alternativas como fator de melhor uso da malha viária e, por consequência, tempos menores de deslocamento. De fato, é difícil avaliar esse impacto. No entanto, São Paulo é a cidade com o maior número de usuários do Waze no mundo e o Brasil, como um todo, só perde para os EUA, na mesma comparação. Mas o aplicativo também falha. Há pouco mais de um ano houve um grande engarrafamento em São Paulo porque os usuários foram canalizados, erroneamente, para algumas avenidas. Mais recentemente houve queixas de voltas desnecessárias e roteiros que levavam ao destino informado, porém do lado oposto da rua ou avenida, causando transtorno e tempo maior de viagem. Outro aplicativo, o Google Maps (Google é dona do Waze, embora sem interação), às vezes indica rotas mais longas em dias e horários sabidamente sem problemas de trânsito. A exemplo de grandes empresas de TI, Google é refratária a dar muitas explicações e Waze, pior ainda. Basta algo de errado acontecer. A Coluna tentou, por dois meses, saber se houve disfunções temporárias, relatadas por uso próprio e leitores, nos famosos algoritmos de roteamento. Google Maps negou qualquer problema e se prontificou a checar o percurso errado. Waze nem ao menos respondeu: deve se considerar à prova de erros.

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FERNANDO CALMON

ALTA RODA NOVIDADE da Ford no Salão do Automóvel é o EcoSport Titanium, sem estepe externo. Há dois anos a Coluna havia antecipado o lançamento. Como esperado, o SUV compacto terá pneus runflat (rodam vazios por até 80 km) e um reparador emergencial de pneus que estenderia o uso, em caso de furo, por mais 200 km. Ka sedã aventureiro estreia e se chamará Urban Warrior.

PRIMEIRAS revisões gratuitas eram comuns nos primórdios da produção nacional de veículos, nos anos 1960. Carros menos confiáveis levavam a indústria a estimular passagem pelas oficinas. Depois, caíram em desuso. Essa estratégia tem voltado pontualmente, dessa vez como alternativa aos tradicionais descontos que acabam por desvalorizar, mais adiante, um modelo no mercado de usados.

DIVULGAÇÃO VOLKSWAGEN

NOVA família de motores de três cilindros virá com os novos Onix e sua versão sedã, Prisma, entre o final de 2019 e o começo de 2020. Conhecida como CSS (sigla em inglês para Estratégia de Conjunto de Cilindros), incluirá versões de 1.000 e 1.200 cm³ tanto de aspiração natural quanto com turbocompressor. Consumo e desempenho surpreenderão o mercado.

apontam um fosso abissal entre os hemisférios Norte e Sul em termos de veículos elétricos e híbridos. Por seu alto preço, EPE estima que os dois somados representem apenas 2,5% das vendas em 2026 no Brasil (hoje, 0,2%). Os mais otimistas, no entanto, acreditam em participação de 30% em 2030. Haja otimismo!

EMPRESA inglesa, a Camcon Automotive promete para os primeiros anos 2020 um revolucionário avanço para motores de combustão interna (MCIs) em termos de consumo e emissões. Micromotores elétricos comandarão digitalmente abertura e fechamento de válvulas, eliminando atuais árvores, balancins, molas e correias. Espera-se sobrevida, antes inimaginável, para os MCIs. ESTUDOS da Empresa de Pesquisas Energética (EPE)

VW T-CROSS, primeiro SUV da marca com produção local, teve apresentação prévia em evento realizado na cidade de São Paulo. Versão a ser montada no Brasil mede 4,2 m e tem 88 mm a mais de entre-eixos que a europeia. Entra em produção no primeiro trimestre de 2019 na fábrica do

Paraná, onde a VW investiu cerca de R$ 2 bilhões em ampliação e equipamentos. MERCEDES-BENZ Classe C 2019, produzido em Iracemápolis (SP), recebeu retoques no parachoque dianteiro e lanternas traseiras. Há novas rodas e faróis em LED. Motor 1,5 turbo recebeu um alternoarranque que gera 14 cv extras (sistema de 48 V) e permite até 10% de economia de combustível quando combinado com desligar e religar o motor em declives suaves. ZF COMPLETA 60 anos de sua fábrica no Brasil, primeira fora da Alemanha. Hoje tem sete unidades no País e uma na Argentina. Empresa adquiriu a TRW há três anos e pretende produzir aqui equipamentos de ponta como câmeras e radares de bordo. Produz freio de estacionamento elétrico para eixo dianteiro, ainda não aplicado em modelos nacionais. LINDA JACKSON, diretora mundial da Citroën, estima que o novo C4 Cactus deve responder por 50% das vendas da marca francesa no Brasil já em 2019. Em visita recente ao País, ela confirmou ampliação da internacionalização para depender menos do mercado europeu. China puxará o ritmo e América do Sul deve representar 10% de participação mundial em 2023.

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NEGÓCIOS

FÁBRICA

T-CROSS DÁ NOVO FÔLEGO À VOLKSWAGEN DO PARANÁ

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Volkswagen apresentou em um evento em São Paulo seu novo SUV compacto, o T-Cross. O carro começa a ser produzido em São José dos Pinhais (PR) entre janeiro e março de 2019. No segundo trimestre ele permitirá a reabertura do segundo turno de trabalho, marcando a volta de quase 500 pessoas em layoff (afastamento temporário) à unidade. Atualmente, a planta tem cerca de 2 mil trabalhadores e produz os Volkswagen Fox e Golf. Nessa fábrica são montados também os Audi A3 sedã e Q3.

“Além desses 500 trabalhadores o T-Cross vai favorecer toda a cadeia de fornecedores. Seu índice de nacionalização está acima de 70%”, afirma o presidente e CEO da Volkswagen América Latina, Pablo Di Si. “A unidade paranaense foi ampliada em 5,5 mil metros quadrados e recebeu 270 novos robôs. O treinamento de pessoal somou cerca de 40 mil horas. Investimos aproximadamente R$ 2 bilhões”, recorda o executivo. (Mário Curcio)

LEGISLAÇÃO

ROTA 2030 DARÁ INCENTIVOS DE R$ 2,1 BILHÕES PARA O SETOR EM 2019

O

texto final do programa Rota 2030 enfim foi aprovado com a garantia de incentivos fiscais para o setor automotivo. Os benefícios concedidos pela medida provisória somarão R$ 2,1 bilhões em 2019. A previsão de renúncia é de R$ 1,6 bilhão em 2020 e de R$ 1,6 bilhão em 2021. Após a análise de 81 emendas recebidas e sugeridas por parlamentares, a MP incluiu novas medidas, entre elas a prorrogação do regime especial automotivo do Nordeste por mais cinco anos, até 2025 (os incentivos encerrariam em 2020). O texto, agora na forma de projeto de lei de conversão (PLC), segue para votação nos plenários da Câmara e do Senado, que têm até 16 de novembro como prazo final para aprovação. Depois disso, a MP caduca.

TECNOLOGIA

PORSCHE CONFIRMA A PRODUÇÃO DE SEU SEGUNDO MODELO ELÉTRICO

C

omo parte do plano de investir t 6 bilhões em eletromobilidade até 2022, a Porsche vai produzir em série o Mission E Cross, carro elétrico apresentado ainda como conceito durante o Salão de Genebra deste ano. O modelo possui arquitetura para 800 volts e está preparado para ser conectado a estações de carregamento rápido. Com autonomia de 500 quilômetros, seu sistema possui potência de 600 cv. Ele é derivado do Taycan, primeiro modelo totalmente elétrico da marca que já entrou em produção na planta de Stuttgart, na Alemanha, e que chega ao mercado europeu em 2019.

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Sua empresa no caminho certo

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NEGÓCIOS

VENDAS

VENDAS

MERCEDES ADOTA NOVA FÓRMULA PARA VENDER PEÇAS

LOCADORAS COMPRARAM 25% DOS VEÍCULOS LEVES NO 1º SEMESTRE

É

domingo de manhã e você dá um pulo até o mercado porque falta sal grosso para o churrasco. Antes de alcançá-lo no fim da gôndola, acaba apanhando também palitos, guardanapo e uma garrafa de refrigerante. Foi pensando nessa oportunidade de vender mais do que aquele único item que o caminhoneiro procura quando encosta no balcão que a Mercedes-Benz e a concessionária De Nigris montaram na revenda de Sorocaba o Mercado de Peças. Com jeitão de mercadinho e cerca de 300 metros quadrados, a estrutura tem prateleiras, cestos com itens em oferta, peças originais Mercedes, Alliance (multimarcas) e Renov (remanufaturadas). A loja ocupou um espaço antes mal-aproveitado e trouxe um bom resultado desde agosto, quando foi aberta, com aumento de 10% nas vendas. (Mário Curcio)

A

s locadoras responderam no primeiro semestre de 2018 pela compra de 242,7 mil automóveis e comerciais leves zero-quilômetro no Brasil. O volume equivale a um quarto dos modelos licenciados no período, 986,8 mil unidades. Os dados são da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla).

PARCERIA

VW FIRMA ACORDO COM MICROSOFT PARA ACELERAR A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

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ara acelerar a reinvenção de seu modelo de negócio, a Volkswagen firmou inédita parceria com a Microsoft. As empresas vão unir as forças e diferentes bagagens no desenvolvimento da Volkswagen Automotive Cloud, uma nuvem desenhada exclusivamente para que a montadora ofereça serviços digitais e de mobilidade nos próximos anos. As novidades serão incorporadas na plataforma We que a empresa anunciou recentemente como um grande passo para a transformação digital e geração de novas receitas.

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NEGÓCIOS

AB INOVAÇÃO A REVOLUÇÃO DIGITAL E AS INICIATIVAS COM POTENCIAL PARA TRANSFORMAR A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

INCENTIVO

BNDES DESTINARÁ R$ 6,7 MILHÕES PARA PROJETOS DE RECARGA DE CARROS ELÉTRICOS

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BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – destinará R$ 6,7 milhões para dois projetos de desenvolvimento de redes de recarga de veículos elétricos no Brasil. Os recursos são provenientes do Funtec, um fundo do próprio banco não reembolsável e dedicado a projetos de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação. O valor total foi dividido em R$ 3,4 milhões e R$ 3,3 milhões para apoiar parte de duas iniciativas que serão desenvolvidas por duas unidades da Embrapii, Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, o CPqD, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, e a Certi, Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras.

DADOS, ESTUDOS E ESTATÍSTICAS PARA ENTENDER A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA TECNOLOGIA SEGUNDO ESTUDO, 21% DOS CONSUMIDORES TERIAM UM CARRO AUTÔNOMO

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evantamento encomendado pela Intel e realizado pela PSB mostra que 21% dos consumidores estariam dispostos a trocar seus carros manuais por modelos autônomos. A pesquisa foi realizada com consumidores nos Estados Unidos e fatia de 63% deles respondeu ainda que os veículos autoguiados serão o padrão de transporte daqui a 50 anos. A Intel calcula que este mercado será de US$ 7 trilhões nos próximos anos.

DIVULGAÇÃO / VOLKSWAGEN

www.automotivebusiness.com.br/abinteligencia/

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FORNECEDORES

ENTREVISTA

ANTES DE INOVAR

É PRECISO SER COMPETITIVO DAN IOSCHPE, PRESIDENTE DO SINDIPEÇAS, ENTENDE QUE A CADEIA AUTOMOTIVA ESTÁ PRONTA PARA ENCARAR TRANSFORMAÇÕES NO BRASIL, MAS ANTES PRECISA DE CONDIÇÕES MAIS FAVORÁVEIS DO PAÍS GIOVANNA RIATO

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an Ioschpe é uma voz dissonante. No momento em que a indústria automotiva encara a maior transformação da sua história, o presidente do Sindipeças segue convicto de que a cadeia de autopeças nacional tem capacidade de acompanhar as mudanças. A questão, diz, é a falta de competitividade que afeta os negócios no Brasil, da porta para fora das empresas. Ao contrário de especialistas que consideram o risco de o setor automotivo tradicional perder relevância diante da chegada de novos competidores, Ioschpe acredita que o valor dessa indústria como um todo tende a aumentar. “A novidade é que empresas que não se viam como autopartistas passarão a ser. Quando você pensa em um veículo compartilhado retirado na rua, com o celular, fica claro que todo esse sistema de comunicação, conectividade e pagamento – essa nova forma de fazer um negócio – é parte do setor de autopeças. Vamos ter uma dinamização do setor e essa é uma boa notícia”, defende. Na entrevista a seguir, ele fala sobre a situação atual do setor de autopeças e projeta as grandes transformações dos próximos anos.

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A VENDA PARA REPOSIÇÃO ESTÁ EM UM BOM NÍVEL. O QUE PODERIA TER OUTRA DIMENSÃO SÃO AS EXPORTAÇÕES

AUTOMOTIVE BUSINESS - Como está a situação do setor de autopeças? Os resultados até aqui estão dentro do esperado? DAN IOSCHPE - Está razoavelmente melhor do que esperávamos. Neste ano devemos ter redução das exportações por causa da situação do mercado argentino, que está em queda forte. Por outro lado, o Brasil segue em expansão. O crescimento na produção de veículos foi de 24% no ano passado e deve chegar a 13% este ano. É um avanço mais acentuado que o da economia em geral. Nossas projeções de recuperação não apontavam para números tão bons. Cerca de 65% da atividade de autopeças está relacionada à produção de veículos novos, então surfamos nesta onda de recuperação da produção de veículos no Brasil. AB - Esse patamar de 65% do faturamento vindo das vendas às montadoras tem se mantido? IOSCHPE - Já tivemos, no pré-crise, 70% da atividade focada nas vendas para veículos novos. Chegamos no

pior momento em 2015, quando esse número caiu para 60%. AB - Este é um patamar saudável? IOSCHPE - Sim. A venda para a reposição também está em um bom nível. O que poderia ter outra dimensão são as exportações. No momento de maior vigor do mercado doméstico, 8% do nosso negócio era para o mercado externo. No pior momento da crise este número chegou a 14,7%. Agora estamos em 13,2%, então houve um ganho de participação. É uma boa notícia, mas ampliar esse número traria tranquilidade às empresas porque reduziríamos a dependência do mercado doméstico. Um só mercado é sempre mais volátil que vários mercados, principalmente quando se trata do Brasil. AB - Apesar da recuperação, a balança comercial do setor segue desequilibrada. Esse é um problema que pode se aprofundar? IOSCHPE - Não é um problema por si só. É uma realidade. Temos balança comercial negativa no setor há vários anos e, em 2018, este

déficit deve chegar a US$ 6 bilhões. Influencia nesse resultado a baixa inserção do Brasil no mundo como exportador. Por outro lado, temos muitas montadoras instaladas aqui, com uma série de lançamentos, o que exige e importação de componentes em um primeiro momento até que a produção do veículo amadureça. Mais do que trabalhar para reduzir essa importação, penso que o melhor caminho é aumentar as exportações. Prefiro pensar na expansão da corrente comercial, não na redução de um dos lados. AB - Recentemente vocês lançaram o Inova Sindipeças, programa para estimular a inovação no setor. Quais são os resultados dessa fase inicial? IOSCHPE - O programa foi desenhado para sensibilizar e chamar a atenção de toda a cadeia de autopeças para o ritmo e abrangência da inovação no nosso setor. Empresas maiores, com presença global, enxergam isso com antecedência. Queremos que todos tenham a oportunidade de ter essa

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FORNECEDORES

ENTREVISTA

IOSCHPE - Haverá enorme crescimento do valor do nosso setor. Ainda não sabemos quanto disso estará no equipamento, no hardware, e quanto estará no software. Ambos tendem a crescer, mas em proporção o avanço do software tende a ser maior, com conectividade, compartilhamento, inteligência e enorme geração de valor. Parte disso será capturada pelos fabricantes tradicionais de autopeças. Outra parcela será por empresas e atividades que não considerávamos como autopeças no passado recente, como sensores. A questão é que, no fim do dia, esses novos atores também passam a integrar a cadeia automotiva. Ao longo dos próximos anos e décadas, grande parte da comercialização dessas empresas estará relacionada ao setor de veículos. Serão novos autopartistas.

percepção. Nós nos acostumamos a pensar na competitividade no nosso setor com base em três pilares: preço e custo, qualidade e, enfim, entrega no momento que os clientes demandam. Nos últimos dez anos a inovação passou a ser o quarto pilar, algo transversal aos outros três. É algo que permeia todas as áreas da nossa atividade e passou a ser um fator decisivo para atingir os objetivos que compõem a competitividade. AB - Ao tentar abordar o tema inovação de forma estruturada com a cadeia produtiva, quais gargalos e desafios vocês perceberam? IOSCHPE - O grande desafio são fatores horizontais que atrasam a competitividade, questões que estão fora das fábricas e empresas, como segurança jurídica, logística deficiente, insegurança patrimonial. São coisas que dependem do avanço estrutural do nosso país para serem solucionadas. Ao mesmo tempo estamos ainda bastante fechados como economia. Temos baixa interação com o ambiente externo. Essa combinação de estrutura que não é competitiva com o ambiente razoavelmente fechado e com baixa dinamicidade atrasa a adoção de uma série de tecnologias que estão sendo adotadas ao redor do mundo. Esse é o desafio que vai muito além de algo setorial. É uma questão nacional. AB - Recentemente, um estudo da Roland Berger mostrou que os investimentos estão migrando do setor automotivo tradicional para o setor de mobilidade, para empresas como Uber e Didi. Como o setor automotivo pode se tornar mais atrativo para investidores?

HAVERÁ ENORME CRESCIMENTO DO VALOR DO NOSSO SETOR. AINDA NÃO SABEMOS QUANTO DISSO ESTARÁ NO EQUIPAMENTO, NO HARDWARE, E QUANTO ESTARÁ NO SOFTWARE

AB - Então você não sente uma ruptura entre a indústria tradicional e os novos fornecedores? IOSCHPE - Nossa visão como entidade é de que o valor desse setor tende a crescer muito nos próximos anos. As atividades mais tradicionais, no entanto, podem não ser aquelas de maior valor amanhã, embora sigam muito importantes. Pensemos nos motores elétricos. Haverá imenso mercado e volume para a combustão e haverá imenso mercado para a eletrificação. A novidade é que empresas que não se viam como autopartistas passarão a ser. Quando você pensa em um veículo compartilhado retirado na rua, com o celular, fica claro que todo esse sistema de comunicação, conectividade e pagamento – essa nova forma de fazer um negócio – é parte do setor de autopeças. Vamos ter uma dinamização do setor e essa é uma boa notícia.

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ENTREVISTA

AB - Como essa aproximação acontece de fato? O Sindipeças tem olhado para essas outras empresas? IOSCHPE -Paulatinamente elas estão se integrando. O próprio Rota 2030 ajudou a elevar essa visibilidade, mostrou que algumas empresas já eram autopartistas e não tinham se dado conta. Essas companhias vêm ao Sindipeças e, claro, também as procuramos e temos registrado adesão bem interessante de novas empresas. Também vemos empresas muito tradicionais que estão inovando e se reinventando em razão desse novo cenário. Encontramos lá fora organizações se dividindo, mudando sua estrutura para ter uma empresa mais focada na atuação tradicional e outra direcionada a essa nova abordagem. AB - E, afinal, qual é o futuro do setor de autopeças? IOSCHPE - Não devemos pensar o setor como estamos acostumados. No ambiente de inovação, com o mundo cheio de rupturas em transformação, temos de pensar no mercado, na utilização. Não é uma novidade para nós que a adoção de processos mais sofisticados tornará obsoletos processos menos capacitados – é algo que já aconteceu muitas vezes na nossa história. A novidade é que agora as coisas se desenvolvem com mais velocidade, frequência e amplitude. Este movimento envolve tanto o produto quanto os processos e estrutura administrativa. AB - Como esses novos participantes da cadeia automotiva vão se integrar ao setor? IOSCHPE - Lá atrás era estranho pensar no rádio automotivo como uma autopeça, mas isso hoje é claro. Se olharmos para o Rota 2030 e outros marcos regulatórios globais,

A LIDERANÇA DO SETOR É SUPERCAPACITADA. DURANTE A CRISE SEMPRE DISSE QUE AS EMPRESAS TERIAM RESILIÊNCIA E SAIRIAM MUITO BEM DAQUELE PROCESSO há envolvimento bem maior de uma série de plataformas novas para a indústria. O objetivo é chegar a uma organização e unicidade, senão vamos ter muitos sistemas em paralelo que vão gerar ônus ao usuário, como quando falamos do sistema de recarga de veículos elétricos. AB - As empresas nacionais já percebem essa mudança de olhar sobre elas? IOSCHPE -Estamos trabalhando para assegurar que esse debate esteja entre as prioridades dos profissionais do setor, independentemente de ser uma pequena empresa ou uma multinacional. Essa é a nossa tarefa com o Inova Sindipeças. Percebemos até agora que há uma recepção muito positiva para os temas da inovação. Por outro lado há um cenário de desvantagem competitiva no País que torna mais difícil a adoção. Então tudo precisa caminhar junto. AB - Olhando para o longo prazo, há o panorama de que, com a evo-

lução do carro, muitos componentes deixem de ser demandados. Isso já preocupa os fornecedores? IOSCHPE - Essa é uma questão presente no setor automotivo há muito tempo. Há uma lista enorme de componentes que se tornaram obsoletos, como levantador de vidro, pneus com câmara, carburador... Isso não é um problema por si só. A novidade hoje é que tudo está mais acelerado e a mudança começa a chegar a temas muito significativos, como a motorização. Mas é importante lembrar que nada virá de repente. As alterações acontecerão ao longo do tempo, com volumes significativos de todos os lados envolvidos. O mais importante para as empresas é entender o cenário e se posicionar diante dele. AB - É um desafio grande para a liderança da indústria automotiva. Que análise você faz do cenário para esses profissionais? IOSCHPE - Minha percepção é de que a liderança do setor é supercapacitada. Durante a crise sempre disse que as empresas teriam resiliência e sairiam muito bem daquele processo. Fui até uma voz dissonante. As empresas, tanto as maiores quanto as menores, têm liderança muito qualificada. A questão da inovação não está aí, mas naquele ponto em que temos um desnível estrutural na competitividade no Brasil. Não é um assunto da porta para dentro das empresas. É algo que temos de trabalhar como sociedade. Quando pensamos em liderança, olhamos muito para o presidente da multinacional. Quando você pensa em quem está na pequena ou média empresa, percebe que essa pessoa faz mágica de conseguir seguir, mesmo com tantas instabilidades e incertezas.

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BRASIL INOVA DE ACORDO COM SUA NECESSIDADE NA ERA DA TRANSFORMAÇÃO EMPRESAS APOSTAM PESADO EM SOLUÇÕES LOCAIS SEM PERDER O FOCO DAS TENDÊNCIAS GLOBAIS

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contexto é complexo e a equação, difícil: inúmeras tendências apontam para a formatação de uma nova era da transformação que já chegou, baseada em conceitos de mobilidade aliados a veículos elétricos, digitalização, conectividade e condução autônoma. Tais configurações estão ditando o que será o futuro da indústria automotiva nas próximas décadas. Ao mesmo tempo que a mudança é sutil, ela acontece em alta velocidade. Neste cenário de ambiguidades, a questão é que nem todas as opções são as melhores para todos. Tudo vai depender da aplicação e das condições reais de necessidade de cada realidade. Para Rodrigo Custódio, diretor da Roland Berger, essas mudanças que ocorrem em nível global já causam transformações profundas em todos os domínios de fornecedores da cadeia produtiva de veículos, conforme dados de um estudo realizado em parceria com a Lazard. “O ponto-chave é que as companhias devem se questionar como elas vão trabalhar nesse ecossistema que está surgindo: o que elas estão fazendo para participar dele e se estão considerando parcerias. É necessário se movimentar agora para não morrer”, alerta. DE FORA PARA DENTRO No Brasil, a necessidade de inovar para acompanhar as mudanças não

ATUALMENTE, RESTABELECEMOS ALGUMAS DISCUSSÕES COM UNIVERSIDADES DE PONTA NO BRASIL E NO EXTERIOR. ESPERAMOS ACELERAR O PROCESSO NOS PRÓXIMOS ANOS CRISTIAN MALEVIC, diretor da unidade de negócios de motores da MWM

FAÇA O DOWNLOAD CADEIA GLOBAL DE FORNECEDORES AUTOMOTIVOS [ROLAND BERGER E LAZARD ]

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é diferente. Embora o País apresente características que por vezes atrasam a adoção de novas tecnologias, a evolução do parque industrial é evidente. Segundo Custódio, o País se servirá das transformações lá fora, mas não será uma mudança radical a ponto de matar o que há por aqui em termos de cadeia de fornecedores, pelo menos não no curto e médio prazos. “O Brasil está caminhando lentamente, mas está tentando se adequar aos poucos. Desta forma, o que esse movimento vai gerar é um ambiente altamente competitivo”, afirma. Para ele, a nova política industrial Rota 2030 é importante, mas mesmo com ela em vigor o País continuará atrasado. Definitivamente, não há receita para o sucesso nessa linha transitória, mas Custódio alerta que é questão de vida ou morte repensar o modelo de negócio a fim de estabelecer onde estão as oportunidades de crescimento ou mesmo para consolidar-se em torno de um portfólio existente: “Definir um roteiro de tecnologia de longo prazo, em que produtos atuais coexistam com novas

RODRIGO CUSTÓDIO, diretor da Roland Berger

soluções, e implementar uma base de custos mais baixa para garantir o financiamento suficiente para a transição são fundamentais para a manutenção do negócio.” NA ROTA DA INOVAÇÃO A inovação é parte do DNA de muitas das empresas quando questionadas sobre sua atuação em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Uma boa

DENTRO DESTE MOVIMENTO DE TRANSFORMAÇÃO, TEMOS TRABALHADO A EVOLUÇÃO DA CULTURA, ESTIMULANDO MAIOR ABERTURA À EXPERIMENTAÇÃO E NOVAS FORMAS DE TRABALHO E PARCERIAS, QUE TÊM FACILITADO PARA UMA CULTURA MAIS ORIENTADA À INOVAÇÃO EM TODAS AS ÁREAS E NÍVEIS HIERÁRQUICOS FERNANDO WONGTSCHOWSKI, gerente de estratégia comercial e marketing da CBA

parte do parque de fornecedores do País tem os próprios centros de P&D, que garantem maior agilidade e até mesmo autonomia para criar as soluções necessárias para o mercado local. Por causa disso, algumas fornecedoras já trabalham seu portfólio visando à evolução do que existe no mercado interno e procurando manter-se em linha com o que há de mais moderno na indústria global. São impulsionadas por suas matrizes a fim de inserir o Brasil na rota da transformação. O movimento começa na indústria de base, com os insumos. Fabricantes como a ArcelorMittal, do setor de siderurgia, entendem que a inovação do setor no Brasil já trilha o caminho sem volta da fábrica inteligente. “Além disso, a indústria buscará ainda mais o desenvolvimento de produtos mais customizados e atendendo o perfil do cliente”, afirma André Munari, gerente geral de vendas para o setor automotivo. Ele indica que a companhia tem trabalhado com artifícios a fim de comprovar o valor das tecnologias emergentes, tais como computação em nuvem, impressão 3D, soluções analíticas, visão computacional e até drones. “Várias dessas iniciativas foram implantadas, propiciando ganhos de produtividade, custo e eficiência nos processos de negócio, além de significativa contribuição na área de segurança, por meio da eliminação da presença do homem em muitas atividades de risco, como a aplicação de drones na inspeção de estruturas metálicas com altura e em espaços confinados”, conta. “O centro de P&D da ArcelorMittal em Tubarão (ES) – com investimento de US$ 20 milhões entre 2015 e 2019 – trabalha em projetos voltados para o aumento da eficiência operacional das unidades produtivas, redução dos custos dos processos e desenvolvimento de novos produtos e serviços do grupo

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O MODELO DE NEGÓCIOS DAS INDÚSTRIAS E EMPRESAS MUDARÁ. HOJE, NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA, TODOS SABEM QUE HÁ UM PROCESSO DISRUPTIVO, MAS NÃO SE SABE EXATAMENTE QUAL SERÁ O RUMO E COM QUE VELOCIDADE ISSO TRARÁ AS MUDANÇAS. PRECISAMOS NOS PREPARAR EM VÁRIAS FRENTES MICHEL HADDAD, gerente de comunicação da ZF América do Sul

no Brasil e outros países da América do Sul”, afirma Charles de Abreu Martins, gerente do centro de P&D da ArcelorMittal para a América do Sul. Na CBA, fornecedora de soluções em alumínio, os desenvolvimentos também ocorrem cada vez mais próximo dos clientes e outros parceiros. A empresa tem focado seus trabalhos na ampliação de portfólio com ligas de alta resistência, o que até então estava disponível somente em outras regiões do mundo. “Mais re-

ANDRÉ MUNARI, gerente geral de vendas da ArcelorMittal

centemente, fortalecemos iniciativas de adoção de tecnologias digitais em simulação estrutural, assim como de inserção de realidade aumentada e mista, visando a otimizar e ganhar velocidade no processo de coengenharia com clientes”, afirma Fernando Wongtschowski, gerente de estratégia comercial e marketing da CBA. Como resultado há inúmeras aplicações das ligas por conta de sua flexibilidade geométrica: bagageiro, barra de proteção de pedestre, suporte de painel e o door side impact beams, recurso de segurança para absorção de energia e proteção dos ocupantes do veículo em caso de impacto lateral. O processo de inovação na empresa vem sendo sustentando por três pilares: uso da metodologia de inovação enxuta para aceleração no desenvolvimento de soluções compartilhadas com clientes, inserção digital nas operações e parcerias com universidades e centros de pesquisa. “Dentro deste movimento de transformação temos trabalhado a evolução da cultura, estimulando maior abertura à experimentação e novas formas de trabalho e parcerias,

que têm facilitado para uma cultura mais orientada à inovação em todas as áreas e níveis hierárquicos”, afirma Wongtschowski. Para Cristian Malevic, diretor da unidade de negócios de motores da MWM, a inovação de seus produtos tem aumentado a eficiência nas aplicações específicas a que eles são destinados. Normas de emissões são impulsionadoras dessas evoluções na área de propulsão, mas trazem o bônus do aumento da competitividade. “O impacto direto está no maior valor agregado aos clientes, seja na qualidade, desempenho, eficiência energética, custo de manutenção ou revenda. Indiretamente, a MWM garante sustentabilidade do negócio e valorização da marca”, avalia o executivo. Ele acrescenta que a empresa já trabalha com o cenário da nova fase de emissões veiculares na América Latina, o que inclui o desenvolvimento da plataforma Euro 6 na região. “Atualmente, restabelecemos algumas discussões com universidades de ponta no Brasil e no exterior. Esperamos acelerar o processo nos próximos anos”, pondera Malevic.

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Dedicada a investir 6% de seu faturamento global em P&D anualmente, a ZF identifica na inovação um processo natural para encontrar os mecanismos ideais para competir no mercado. Ao longo de seus 60 anos, a empresa encontra na pesquisa e no desenvolvimento a ferramenta para a criação e melhoria de seus produtos, mas admite que no Brasil o grande desafio é inovar em condições por vezes severamente adversas. “O Brasil precisa estar presente nas cadeias globais de comércio e para isso é necessário reduzir a complexidade do sistema tributário brasileiro, para que as empresas possam ser mais competitivas e inovadoras. Com isso chegaremos a um volume produtivo que poderia dispensar incentivos e subsídios para investimentos em P&D, tão necessários para chegarmos a um patamar de inovação ideal”, alerta o gerente de comunicação da ZF América do Sul, Michel Haddad. Para o porta-voz, o Rota 2030 não endereça o problema da competitividade da indústria brasileira e não traz um direcionamento claro de como suportar a indústria na inserção no cenário das megatendências disruptivas. “Os produtos elétricos que podem permitir uma mobilidade mais limpa são uma realidade para os desenvolvimentos da ZF no mundo, mas ainda incipientes no Brasil. Além disso, o País poderia repensar em diminuir sua dependência e concentração excessivas do transporte movido a diesel, para suportar e promover uma adoção acelerada da eletrificação. Também nos leves há demanda do mercado, exemplificada pela recente adoção do corredor eletrificado entre São Paulo e Rio de Janeiro”, defende, referindo-se a uma iniciativa da BMW e da EDP. “O modelo de negócios das indústrias e empresas mudará. Hoje, na indústria automotiva, todos sabem que

O CENTRO DE P&D DA ARCELORMITTAL EM TUBARÃO (ES) – COM INVESTIMENTOS DE US$ 20 MILHÕES ENTRE 2015 E 2019 – TRABALHA EM PROJETOS VOLTADOS PARA O AUMENTO DA EFICIÊNCIA OPERACIONAL DAS UNIDADES PRODUTIVAS, REDUÇÃO DOS CUSTOS DOS PROCESSOS E DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS E SERVIÇOS DO GRUPO NO BRASIL E OUTROS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL CHARLES DE ABREU MARTINS, gerente do centro de P&D da ArcelorMittal para a América do Sul

há um processo disruptivo, mas não se sabe exatamente qual será o rumo e com que velocidade isso trará as mudanças. Precisamos nos preparar em várias frentes”, diz Haddad. Apesar dos desafios, todas as empresas defendem o Brasil como território propício para a inovação, seja de produtos e serviços derivados de P&D, seja na condução dos negócios para os diversos âmbitos do mercado. “Sim, temos vocação para inovar. Temos a força para criação de soluções diante das dificuldades e recursos limitados”, lembra Edson Brasil, CEO da Arteb. Ele conta que um cenário mais favorável em termos de mercado reforça a estratégia de lançamento de produtos.

“Investimos em tecnologia de LED para atender o mercado global, além de já termos projetos dedicados com 100% dos faróis com nossa tecnologia desenvolvida na Arteb Tech. A evolução também ocorre de acordo com as novas tecnologias e exigências do Contran, como a DRL (daytime running light)”, comenta. Entre os lançamentos recentes, a Arteb conquistou importantes fornecimentos, como os novos VW Polo (faróis e lanternas) e Virtus (faróis), HB20 Unique 2019 (nova lanterna Dark), novo Etios 2019 (farol e lanterna) nas versões hatch e sedã, além dos novos Ford Ka, Ka sedã e Ecosport. (Sueli Reis)

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TECNOLOGIA

VAI DAR MATCH?

SAIBA COMO A TECNOLOGIA INFLUENCIA CADA VEZ MAIS O RELACIONAMENTO ENTRE MONTADORAS E FORNECEDORAS

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ANDREA CARDOSO, diretora executiva da Accenture

executiva da Accenture para a indústria automotiva no Brasil, as fornecedoras não são mais apenas fabricantes de componentes mecânicos e elétricos; existem cada vez mais produtoras de

softwares e sistemas eletrônicos. Isso provocou duas grandes mudanças nas montadoras: a primeira é que o preço deixou de ser o principal fator na hora da escolha do fornecedor. “O funcionamento correto de um programa eletrônico é fundamental e ainda pode gerar economia no futuro, por isso é mais importante conhecer e confiar na empresa que produz o software do que basear a escolha apenas no preço”, explica Andrea. Um exemplo disso é o que ocorreu com a Volkswagen do Brasil e a IBM, que trabalharam juntas na implantação do manual cognitivo nos novos modelos da empresa (Polo, Virtus, Tiguan Allspace e Jetta). “Quando pensamos em desenvolver o programa, procuramos uma empresa com a mesma relevância e peso que a Volkswagen. Assim, após estudar vá-

DIVULGAÇÃO AUDI

ransformação, disrupção, mudança de conceitos, quebra de paradigmas... Esses termos e outros, similares, são usados cada vez mais em todo o mundo para definir o momento atual em diversos setores. Não é diferente na indústria automotiva. Por exemplo: até pouco tempo, falar em fornecedoras de autopeças nos remetia à imagem de diversos caminhões entregando componentes mecânicos nas montadoras. Essa cena ainda ocorre, mas a tendência é que ela passe a ser vista com frequência cada vez menor, pelo menos da maneira como nos habituamos. A explicação para isso é a adoção das novas tecnologias, que está modificando o relacionamento entre montadoras e fornecedoras – inclusive com o surgimento de novas empresas. De acordo com Andrea Cardoso, diretora

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rias parceiras, encontramos na IBM, com a plataforma Watson (Inteligência Artificial), a solução mais completa para nossas necessidades”, diz Fábio Rabelo, gerente executivo de digitalização da VW do Brasil. A segunda mudança mencionada por Andrea Cardoso é o fato de as próprias montadoras entenderem que podem criar parcerias com fabricantes concorrentes para desenvolver e adquirir determinado equipamento em vez de investir sozinha na produção do componente. “Além de ser uma estratégia racional, isso gera economia sem perda de qualidade”, acrescenta a executiva da Accenture. UM CAMINHO SEM VOLTA. COM EXCEÇÕES É preciso lembrar ainda que a popularização das novas tecnologias tem influência direta no projeto dos automóveis oferecidos no mercado nacional. “As centrais multimídia são cada vez mais populares e a demanda é por modelos com telas maiores.

VAI HAVER UMA REDUÇÃO NO NÚMERO DE FORNECEDORES. UM MOTOR A COMBUSTÃO TEM 500 COMPONENTES E UM ELÉTRICO, 50 ANDREA CARDOSO, diretora executiva da Accenture

Para acomodar esse equipamento é preciso repensar todo o painel”, observa Andrea Cardoso. Diante desse cenário, o futuro das fornecedoras “tradicionais” parece sombrio. “Acredito que muitas empresas terão de se adaptar por questão

de sobrevivência”, diz Reynaldo Saad, sócio-líder da Deloitte para bens de consumo e produtos industriais. “O automóvel vai continuar a ter quatro rodas e a ser usado para transportar pessoas no futuro, a questão é como ele vai fazer isso”, observa. Andrea Cardoso é objetiva: “Vai haver uma redução no número de fornecedoras, isso é inevitável”, afirma. Ela faz uma comparação entre motores para exemplificar: “Um motor a combustão atual possui 500 componentes, digamos, enquanto um elétrico tem cinquenta.” Apesar da racionalidade na adoção das novas tecnologias, ainda existem casos em que as montadoras podem optar pela exclusividade. Para Reynaldo Saad, isso pode ocorrer principalmente em segmentos de nicho, com carros mais caros e avançados, onde a adoção de uma tecnologia exclusiva pode fazer a diferença não só em termos de desempenho ou eficiência, mas principalmente para a imagem da montadora.

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“Imagine algum sistema de propulsão oriundo da Fórmula 1 e que só aquele carro possui. Isso agrega valor para o carro e para a marca”, explica Saad. Os dois executivos têm visão diferente sobre o futuro das montadoras. Para o da Deloitte, elas continuarão tendo a produção de automóveis como principal negócio. “A frota mundial deve diminuir, mas as fabricantes seguirão construindo carros, elas podem passar a atuar em outras áreas (como já ocorre em alguns casos), mas o core business vai continuar a ser produção de veículos”, afirma. Andrea Cardoso tem uma visão distinta. “Acho que as montadoras terão de se reinventar, pois ainda não sabemos se os carros continuarão sendo usados apenas como meio de transporte ou como uma nova plataforma de mobilidade”, conta a executiva da Accenture. “É possível – e até provável – que, no futuro, sejam acrescentadas outras funções e serviços ao carro, as possibilidades são imensas”, acrescenta. E O AMANHÃ, COMO SERÁ? Com tantas mudanças e transformações, os dois executivos concordam que é difícil visualizar o cenário para montadoras e fornecedoras em médio e longo prazos. Mesmo assim, ambos têm expectativas otimistas. “O brasileiro é muito antenado com as novas tecnologias e, ao mesmo tempo, ele ainda tem uma paixão por automóveis”, diz Reynaldo Saad. Ele, aliás, acredita que a tendência de desapego dos jovens em relação aos automóveis já pode ser observada no Brasil, mas apenas nas grandes cidades. “Se houvesse transporte público de qualidade em nosso país, esse movimento certamente seria

O BRASILEIRO É MUITO ANTENADO COM AS NOVAS TECNOLOGIAS E, AO MESMO TEMPO, ELE AINDA TEM UMA PAIXÃO POR AUTOMÓVEIS REYNALDO SAAD, sócio-líder da Deloitte

mais forte”, afirma. Andrea Cardoso tem a mesma opinião e acrescenta: “Para o brasileiro, carro ainda está muito associado a liberdade e status.” Outra possibilidade no futuro é de que as empresas de tecnologia comecem a produzir automóveis – como a Tesla e o Google. Reynaldo Saad, porém, lembra que um estudo da Deloitte com consumidores de diversos países mostra que eles seguem confiando mais nas marcas tradicionais na hora de adquirir um automóvel. “Mas é certo que novos competidores tornarão a concorrência ainda mais acirrada”, afirma. Andrea Cardoso acredita que as montadoras terão de se inspirar na indústria do varejo. “Será preciso focar no consumidor, até porque as novas tecnologias vão permitir adquirir muitos dados por meio dos sistemas de conectividade”, lembra. “Quem souber utilizar melhor todas essas informações conseguirá os melhores resultados”, afirma a executiva da Accenture. Por falar nisso, a próxima grande

evolução dos automóveis deve ser promovida por meio da inteligência artificial, da internet 5.0 e da internet das coisas (IoT). A Audi, por exemplo, trabalha no sistema denominado Audi AI, que engloba uma série de tecnologias. Uma delas vai permitir, por exemplo, que o motorista dirija até determinado local (trabalho ou academia, por exemplo), saia e, a partir daí, o carro vá, de modo autônomo, ao lava-rápido, oficina ou posto de recarga (o modelo será elétrico). E mais: o carro também vai trocar informações com outros veículos e até com a infraestrutura da cidade, permitindo saber onde há pontos de congestionamento, obras e vagas para estacionamento. A inteligência artificial vai analisar o comportamento do motorista e sugerir rotas alternativas, seleção de músicas e até a temperatura do ar-condicionado. O sistema vai adquirir dados o tempo todo, “aprendendo” com o comportamento do motorista. São, realmente infinitas possibilidades. (Wilson Toume)

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INOVAÇÃO

GOVERNO ARCA COM ATÉ 70% DOS CUSTOS DE P&D NA CADEIA AUTOMOTIVA EMPRESAS PRECISAM USAR INCENTIVOS DO GOVERNO PARA TIRAR PROJETOS DA GAVETA, DEFENDE FRANCISCO TRIPODI, DA PIERACCIANI CONSULTORIA

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incentivo podem cobrir até 70% dos aportes das empresas em inovação. “Na verdade, o incentivo chega a superar este número, mas há muitas métricas diferentes, então é difícil fazer o cálculo”, observa Francisco Tripodi, sócio-diretor da empresa. Para a conta fechar, no entanto, é preciso desenhar uma estrutura de captação de políticas públicas para P&D. “As indústrias têm dificuldade de combinar mais de um programa de estímulo à inovação. Isso reduz a capacidade de execução e faz com WASHINGTON COSTA

investimento em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) sempre foi algo que desafiou a indústria automotiva. Enquanto as montadoras e grandes sistemistas destinam parte do faturamento a novos projetos, empresas menores têm dificuldade para acompanhar o ritmo. Agora, no entanto, os incentivos oferecidos pelo governo a essas organizações podem reduzir este descompasso. Cálculo da Pieracciani Consultoria aponta que os programas federais de

INSTRUMENTO assinado pelo governo traz linhas gerais do Rota 2030

que muitos projetos fiquem engavetados”, diz. O especialista cita a Lei do Bem, que garante renúncia fiscal de 20,4% a 27,2% em Imposto de Renda para as empresas. O mecanismo foi fortalecido com o Rota 2030, novo conjunto de regras para a indústria automotiva. Agora, conta Tripodi, a lei pode garantir renúncia fiscal próxima de 40% do valor de um projeto de PD&I. Segundo Tripodi, o incentivo pode ser combinado, por exemplo, com o Inova Talentos, que permite contratar um pesquisador com menos custos trabalhistas. “Alguém com doutorado, com salário de R$ 12 mil, costuma representar despesa anual de R$ 280 mil a R$ 500 mil para a empresa. Com o incentivo, dá para reduzir muito esse passivo trabalhista”, diz, apontando que poucas empresas automotivas investem nessas soluções. Há ainda recursos da Embrapii, Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, e da Finep, Financiadora de Estudos e Projetos, além de recursos estaduais. No infográfico a seguir, a Pieracciani Consultoria destaca algumas das principais ferramentas para que as empresas reduzam os custos com inovação. (Giovanna Riato)

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DIVERSIDADE

PROJETO

PRESENÇA FEMININA

AVANÇA EM 2019

SEGUNDA EDIÇÃO DA PESQUISA NO SETOR AUTOMOTIVO VEM ACOMPANHADA DA REDE AB DIVERSIDADE, UM CAMPO NEUTRO PARA DESENHAR NOVAS SOLUÇÕES

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epois de estrear em 2018, o projeto Presença Feminina no Setor Automotivo amadurece e ganha força para o ano que vem. O que nasceu apenas com uma pesquisa da participação da mulher na indústria vai ganhar novas iniciativas e, principalmente, ampliar seu alcance e efeito positivo na cadeia automotiva brasileira. Além da segunda edição do estudo, que será mais abrangente e trará novas respostas, o projeto ganha a Rede AB Diversidade, um campo neutro de discussão sobre como promover condições igualitárias nas organizações automotivas. Conheça a seguir as iniciativas do projeto Presença Feminina no Setor Automotivo programadas para 2019:

•Pesquisa Presença Feminina no Setor Automotivo – 2ª edição Além de checar a evolução dos dados apurados em 2018, o estudo trará novos recortes e informações. •II Fórum Presença Feminina no Setor Automotivo Em setembro de 2019 ocorre a segunda edição do evento, que trará os resultados da pesquisa de mesmo nome e promoverá amplo debate sobre a diversidade como estratégia de negócio, ferramenta de inovação e de aumento da lucratividade para as empresas. •Rede AB Diversidade Iniciativa inédita que busca promover um ambiente mais igualitário nas organizações do setor. Um campo neutro que oferecerá às empresas membros debate e geração de conhecimento sobre a promoção da diversidade. O projeto vai reunir as melhores referências no assunto, além de promover a troca de experiências entre as organizações automotivas. •Cartilha de melhores práticas na promoção da diversidade No fim de 2019, o primeiro ciclo de trabalho da Rede AB Diversidade será encerrado com o lançamento de uma cartilha de melhores práticas para que o setor promova a diversidade. Com a adesão, as empresas membros terão acesso a esta e a outras ferramentas necessárias para promover a diversidade e gerar resultados significativos •Prêmio AB Diversidade Em sua primeira edição, o Prêmio AB Diversidade reconhecerá empresas

automotivas que se destacam pelas suas iniciativas para promover a equidade de gênero e a diversidade. TRANSFORMAÇÕES Como plataforma de conteúdo voltada à liderança da indústria automotiva, Automotive Business carrega a responsabilidade de fomentar transformações positivas neste setor. “Ao defender que as organizações tenham times diversos, com homens e mulheres de várias etnias e orientações sexuais, apoiamos o desenvolvimento de empresas mais justas e positivas para a sociedade. De quebra, a diversidade leva para as organizações a capacidade de chegar a novas respostas e encontrar soluções mais adequadas aos consumidores brasileiros, já tão diversos entre si”, pondera Paula Braga Prado, que comanda o projeto Presença Feminina no Setor Automotivo. O projeto começou no fim de 2017, com o início de um inédito mapeamento da participação da mulher na indústria. Ali, naquele primeiro passo, não estava claro até onde a iniciativa chegaria. As coisas, afinal, foram longe. O estudo, realizado em parceria com a MHD Consultoria e apresentado em fevereiro deste ano, apurou uma série de dados alarmantes. Um deles é que só 17% da força de trabalho da indústria automotiva é feminina e que as mulheres chegam a ganhar até 33% a menos que os homens que desempenham funções semelhantes. Os resultados preocupam, mas a parte boa foi constatar que há muitas empresas e profissionais dispostos a mudar essa realidade. (Giovanna Riato)

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PLANEJAMENTO

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL O ACELERADOR DA ÁREA TRIBUTÁRIA

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uso de Inteligência Artificial (IA) pode revolucionar a área tributária nas empresas. Com as melhores combinações de algoritmos e ferramentas, essa tecnologia veio para colaborar com a redução de custos e, principalmente, para acelerar as análises da grande massa de informações geradas pela área. Assim, garante o uso mais estratégico das informações, com grande poder de processamento e de compliance. Há 10 anos, quando o governo implantou o SPED, iniciou um movimento de padronização das informações que recebe das empresas. Foi preciso automatizar os controles internos das empresas, com dados mais estruturados e padronizados, o que facilitou a aplicação dos algoritmos de IA. O uso da IA aponta duas vertentes: acelerar a extração de informações úteis para a tomada de decisão e identificar problemas no dia-a-dia, com rotinas que realizam validações entre as obrigações e as operações da empresa, fornecedores e clientes. Assim será possível identificar falta de compliance e evitar que erros se propaguem. O cenário fiscal brasileiro é bastante complexo. São obrigações, benefícios, incentivos, legislações e todas as implicações relativas a uma operação empresarial. Em todas essas situações, há algo em comum: a NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) dos itens envolvidos nas transações. Exatamente por isso, fazer a gestão correta e inteligente dessas classificações é extremamente importante para evitar problemas com o Fisco.

Por Rogério Borili* A classificação fiscal incorreta tem diversas consequências, tais como: autuações, retenção de carga, atraso de entrega; perda de benefícios fiscais, recolhimento incorreto de impostos, etc. Uma das grandes conquistas do projeto de implantação de I A é a revolução na organização das NCMs promovidas por meio da ordenação tarifária que tem como objetivo: agrupar e caracterizar os itens de acordo com as suas especificações e revisar as características que determinam os agrupamentos. Uma tarefa humanamente impossível de concluir no mesmo tempo, qualidade e segurança. O ideal é estar pronto para o novo aliado da área tributária, que vai tornar esse mercado ainda mais estratégico e a sua mão-de-obra imprescindível. *Rogério Borili

é vice-presidente da Becomex, consultoria da área tributária e operações internacionais. Email do autor: rogerio.borili@becomex.com.br

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FOTOS: LUIS PRADO

VI WORKSHOP LEGISLAÇÃO AUTOMOTIVA

EVENTO foi realizado no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo

ROTA 2030 TRAZ NOVOS DESAFIOS E OPORTUNIDADES REPRESENTANTES DO SETOR AVALIAM O QUE ESTÁ POR VIR COM A POLÍTICA INDUSTRIAL

Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford América do Sul e também primeiro vice-presidente da Anfavea, abriu os trabalhos do evento com uma análise geral da nova política industrial. Uma mudança importante prevista no Rota 2030 é o redirecionamento da receita gerada com a alíquota de 2% aplicada no regime ex-tarifários, programa que reduz de forma temporária o imposto de importação de componentes que não têm produção local. “O que mudou é o uso do recurso: antes ia para o cofre do governo, agora será possível fazer uma aplicação desse montante. O importante é fazer algo

produtivo com ele, como atividades e parcerias de P&D dentro da cadeia”, comentou Golfarb. Gábor Deák, conselheiro do Sindipeças, disse que ainda existem aspectos faltantes na nova política, como a simplificação tributária para o setor. Também há uma preocupação com a urgência de implementação da inspeção veicular e, na sequência, de um programa de renovação de frota. Além disso, Deák alertou para os desafios disruptivos que a cadeia começa a enfrentar com a transformação do cenário para novos modelos de mobilidade do futuro.

GÁBOR DEÁK, conselheiro do Sindipeças

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uando transformado em lei, o Rota 2030 garantirá à indústria automotiva um novo horizonte para o planejamento das empresas que atuam no Brasil, trazendo benefícios importantes ao mesmo tempo em que lançará novos desafios. Essa foi uma das premissas apresentadas pelos palestrantes que conduziram uma avaliação da configuração atual da nova política industrial durante o VI Workshop Legislação Automotiva.

ROGELIO GOLFARB, vicepresidente da Ford América do Sul

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SEGURANÇA AVANÇA DEPOIS DE 2023 COMPONENTES QUE MINIMIZAM ATROPELAMENTOS E COLISÃO VÊM NA SEGUNDA FASE DO PROGRAMA

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m dos principais avanços do Rota 2030 será o incentivo para empresas que adotarem em seus veículos itens de segurança, sejam eles ativos ou passivos. Pelo desenho atual da nova política industrial, que ainda se encontra em análiPAULO CARDAMONE, se em comissão mista formada consultor e diretor da por representantes da Câmara e Bright Consulting do Senado, estão previstos pelo menos dez diferentes tipos de equipamentos capazes de reduzir Outro aspecto abordado por ele ou mesmo evitar acidentes no trândiz respeito aos veículos pesados no sito. No entanto, aqueles que poRota 2030, que não devem ter con- dem ter maior eficácia nos tipos de templações na primeira fase (primei- acidente mais comuns no Brasil só ros cinco anos a partir de 2019). Se- serão exigidos na segunda fase do gundo ele, certamente o segmento programa, depois de 2023. A inforterá novidades, sobretudo no quesito mação partiu do diretor de assuntos de eficiência energética na segunda regulatórios e compliance da FCA fase, depois de 2023. para a América Latina, João Irineu Já Paulo Cardamone, consultor e Medeiros, durante o VI Workshop diretor da Bright Consulting, desta- Legislação Automotiva. cou avanços em aspectos importanO Rota 2030, que traz previsibilidates abordados pelo Rota 2030, como de no longo prazo, é dividido em três a nova tabela de eficiência energética. fases de cinco anos cada: se aproO que já se sabe é que serão três di- vado, a primeira começa em 2019 e ferentes curvas de vai até 2023. Para classificação: uma esta primeira fapara automóveis, se estão previstos outra para SUVs e a equipamentos terceira para picapes como luz de rodamédias. Os targets gem diurna (DRL), de qualificação e aviso de frenagem metas incentivadas de emergência, serão de um e de aviso de não afivedois pontos porcenlamento do cinto tuais. As metas para (SBR), todos rela2022 já estão necionados à segugociadas, enquanto rança ativa. JOÃO IRINEU MEDEIROS, diretor de assuntos regulatórios as metas para os E só depois e compliance da FCA para a ciclos seguintes aindessa primeira América Latina da serão definidas. fase é que está (Sueli Reis) prevista a entrada

de itens de segurança passiva, como forma de minimizar ou mesmo evitar impactos de colisão ou atropelamentos, os tipos mais comuns no Brasil. Os itens a serem adotados foram elencados a partir dos dados alarmantes sobre acidentes rodoviários no País. Dados da Organização Mundial da Saúde citados por Medeiros mostram que o Brasil tem uma das maiores taxas de morte no trânsito do mundo, de 23,4 por 100 mil habitantes, o dobro de países como Chile, México e Argentina. Nas rodovias, a principal causa de acidentes fatais é a colisão entre veículos em movimento, índice que chega a 54% do total de ocorrências registradas pela Polícia Federal. Enquanto isso, em trechos urbanos a principal causa de fatalidade são os atropelamentos. “Foi com base nessa tipologia de acidentes recorrentes no Brasil que foi feita a proposta do road map de segurança veicular no Brasil, que determina o que deve ser adotado como item de segurança no curto, médio e longo prazos. A fase dois terá o maior impacto para os veículos”, afirma Medeiros. Visando às colisões entre veículos foi proposta a adoção do sistema de frenagem autônoma de emergência e do aviso de saída de faixa no quesito colisão contra outros veículos, que segundo o executivo, ainda requerem estudos para adaptação às condições brasileiras de trânsito. Segundo Medeiros, algumas tecnologias requerem altos investimentos ao mesmo tempo em que serão necessárias modificações estruturais dos veículos. (Sueli Reis)

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VI FÓRUM DE MARKETING AUTOMOTIVO

UMA NOVA LÓGICA

NO MARKETING AUTOMOTIVO

PARA AMPLIAR RESULTADOS, EMPRESAS PRECISAM REPENSAR A JORNADA DOS CLIENTES E APOSTAR NO RELACIONAMENTO GIOVANNA RIATO

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FOTOS: LUIS PRADO

antiga lógica da jornada de compra já não funciona mais. Esta é uma das conclusões de especialistas que participaram do VI Fórum de Marketing Automotivo, realizado em São Paulo por Automotive Business. “O consumidor está always on e este comportamento impacta diretamente as nossas vendas. Os nativos digitais já representam uma enorme população economicamente ativa”, diz Sandra Turchi, professora da ESPM e CEO da SANDRA TURCHI, professora da ESPM e CEO da Digitalents Digitalents. Segundo ela, esse desafio fica ainda maior no Brasil, onde as pessoas passam, em média, nove horas conectadas por dia, contra cin- ambiente B2B, sem a ajuda do vendeco horas diárias em outros países. dor. “Tudo começa com uma consulConversar e atender esses clientes ta no Google, nas redes sociais. Não é um desafio tanto quando se trata temos mais controle dessa jornada”, da venda de produtos automotivos ao lembra a especialista. “Aquele funil consumidor final quanto na atração de marketing do século 19 que usádele no ambiente B2B para realizar vamos até pouco tempo se quebrou.” negócios entre empresas. Fernanda Segundo ela, o cliente é o protagoNascimento, CEO da StratLab, apon- nista da própria jornada, que começa ta que em ambos os casos o desafio é quando ele descobre uma necessidao de impactar a pessoa, independen- de ou, no melhor cenário, quando a temente de ela estar consumindo algo própria empresa fornecedora o faz para si própria ou negociando uma notar essa demanda. “A questão é compra para a empresa em que tra- que as marcas investem muito para balha. Ela cita que 57% da jornada de trazer esse cliente, mas rompem esse compra é feita por alguém sozinho no esforço quando a venda é realizada.

O consumidor continua aí depois da entrega, nas redes sociais, e se trabalharmos esse relacionamento com boas experiências, poderemos conduzi-lo a uma nova compra”, defende. Fernanda diz que cada ponto de contato dessa jornada é decisivo para alimentar essa conexão positiva e que, acima de tudo, toda jornada é única, desenhada pelo cliente, não pela empresa. AMBIENTE B2B Pesquisa da Forrester Reasearch mencionada por ela indica que estabelecer esse bom relacionamento também funciona quando o cliente é outra empresa. “Nesse grupo, 74% dos que tomam a decisão de compra dizem que fecham negócio quando o vendedor mostra uma solução inteligente para o problema”, conta. Ela destaca que, no ambiente B2B, é essencial ter integração maior entre as áreas de marketing e de vendas. Essa cooperação garante a criação de campanhas adequadas e assegura que o time comercial esteja preparado. “Não podemos mais ter uma equipe de vendas que seja

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VI FÓRUM DE MARKETING AUTOMOTIVO

responsável apenas por tirar pedidos. Esses profissionais precisam entender como ninguém do próprio negócio e do negócio do cliente para oferecer soluções”, diz Fernanda. As empresas que se empenharam em aproximar as duas equipes tiveram resultados relevantes, conta Fernanda. “As companhias que têm esses times trabalhando juntos se diferenciam”, diz, mencionando pesquisa do LinkedIn que indica FERNANDA NASCIMENTO, aumento de 78% na receita, de CEO da StratLab 52% na satisfação do cliente e ainda expansão de 48% no engajamento dos funcionários. Fernanda enfatiza que há um cliente o protagonista da história, ponto central nesta mudança fugindo da abordagem massificada de abordagem do marketing da e impessoal. Sandra acrescenta: “Há empresa: é essencial fazer do grandes transformações em curso

ao mesmo tempo. Todo mundo está se sentindo ameaçado, mas o pior erro é se opor à evolução e fingir que nada está acontecendo”, diz.

MONTADORAS E AUTOPEÇAS DEVEM BUSCAR SEU PROPÓSITO PARA JAIME TROIANO, O SUCESSO DEPENDE DA CAPACIDADE DE IDENTIFICAR A PRÓPRIA RELEVÂNCIA

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ontadoras e fabricantes de autopeças não estariam dando a importância necessária ao seu real propósito, ou seja, ao porquê de existirem. O alerta partiu do presidente da Troiano Branding, Jaime Troiano, durante o VI Fórum de Marketing Automotivo.

Troiano recorda que trabalha de maneira direta ou indireta há um bom tempo com fabricantes de veículos e componentes e lembra que muitos deles pregam como missão e valores coisas muito iguais, mas têm dificuldade de encontrar o real propósito de sua existência. “O propósito não é uma causa nem uma boa sacada, mas o nosso porquê de existir”, diz o executivo. Em sua apresentação, Jaime Troiano utilizou como exemplo o case da Sintel, empresa de TI com 30 JAIME TROIANO, anos de experiência no presidente da supply chain automotivo, Troiano Branding na qual ajudou a identificar o propósito. Nela, ele

encontrou o conjunto necessário de fatores que constroem o propósito. “Tem pessoas guiadas pelo conhecimento, protagonismo, consegue integrar talentos, catalisar soluções, tem um núcleo regulador de informações e ainda assim mantém a atitude de eterno aprendiz”, define Troiano. Depois de algum tempo e conhecimento da empresa foi possível construir o slogan “Nós conectamos, você avança”. Ainda em sua apresentação, Jaime Troiano mostrou por um estudo que empresas com propósito conseguem gerar mais resultados em médio e longo prazos. “Ele (o propósito) fortalece a marca e alimenta os resultados da empresa”, conclui. (Mário Curcio) n

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IMPLEMENTOS

FABRICANTES

COMEMORAM RECUPERAÇÃO, MAS COM CAUTELA SUELI REIS

INCERTEZAS SOBRE O NOVO GOVERNO AINDA PREOCUPAM O SETOR, QUE CONTINUARÁ PROCESSO DE RETOMADA EM 2019

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SHUTTERSTOCK

ue o mercado de caminhões deu um salto alentador em 2018 é fato: após dois anos consecutivos com pouco mais de 50 mil unidades, o segmento deve encerrar este ano com crescimento de 35%, para algo como 72 mil unidades. Da mesma forma, o setor de implementos rodoviários, que complementa o transporte de carga, se beneficia dos resultados. A Anfir, associação que reúne as fabricantes, comemora o cenário atual dos negócios, mas mantém a cautela quando o assunto é prever os resultados de 2019. O pouco que a entidade projeta ainda se refere a 2018. Se por um lado já é fato que as vendas deste ano são maiores que as de 2017 (até setembro, o volume acumulado de emplacamentos de carretas e outros implementos superou as vendas de todo o ano passado), por outro lado o presidente da entidade, Norberto Fabris, defende que não há como pensar o próximo ano fora do ponto de vista do resultado eleitoral.

“É difícil estimarmos um volume em um ano de recuperação das perdas, mas é possível que a indústria entregue ao mercado entre 78 mil e 83 mil neste ano”, afirma o presidente da Anfir. Fabris explica que o mercado vem retomando o ritmo aos poucos, embora haja um desempenho aquecido no agronegócio. No segmento de pesados, que considera os reboques e semirreboques, sem dúvida, atividades ligadas ao agronegócio são as que mais têm contribuído com a retomada do segmento. “Mas sem a recuperação completa dos demais setores ficamos diante de dados parciais que resultam em feito estatístico que mascara a realidade”, diz. Segundo Fabris, isso se explica pelo fato de que o setor de implementos leves ainda não voltou com a força esperada. Houve, sim, aumento das vendas registradas ao longo deste ano: até setembro, os emplacamentos de carrocerias sobre chassis ficaram 32% acima do re-

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INDÚSTRIA DE IMPLEMENTOS ainda tem poucas certezas acerca do mercado em 2019

UM 2019 MELHOR? O presidente da Anfir é categórico ao afirmar que não há como pensar o próximo ano fora do ponto de vista do resultado eleitoral, porque teremos um governo com novas propostas para a economia do País. Por isso mesmo ele justifica que a entidade prefere não trabalhar com projeções para 2019 antes de uma definição eleitoral. Embora acredite que o cenário atual de indefinição governamental deva afetar pouco ou quase nada o desempenho para o último trimestre deste ano, ele garante que o mercado dependerá das definições econômicas que o novo governo apresentará ao País. Longe de ter solucionado os enormes impactos da crise, o setor ainda convive com alguns resquícios deixados pelos anos de baixa. Ainda há dificuldade entre os empresários para investir após dois anos seguidos de perdas. “Ainda mais em um ano eleitoral como este, quando ainda não temos definições claras dos rumos que a nova administração tomará, com especial atenção ao tema desenvolvimento”, pondera Fabris. Apesar disso, movimentos que fluem de forma independente, como é o caso do segmento de implementos pesados, devem fazer o setor andar de alguma forma. Segundo Fabris, que também é diretor na Randon, reboques e semirreboques têm

NORBERTO FABRIS, presidente da Anfir

DIVULGAÇÃO / ANFIR

gistrado em igual período de 2017. Isso acontece porque a base de comparação do ano passado é baixa. “O segmento de carroceria sobre chassis ainda não mostrou sinais mais fortes de recuperação porque os negócios nos centros urbanos não estão aquecidos. Assim, não há como apontar tendência de crescimento em 2019, até porque acreditamos que a recuperação do nosso setor como um todo deverá prosseguir no próximo ano.”

nas empresas de agronegócio uma base sólida de clientes. “Diante das informações da manutenção dos volumes elevados na previsão de safra, acredito ser difícil que aconteça uma redução significativa na demanda.” Outro desafio são as exportações. A Anfir mantém desde 2016 uma parceria com a Apex-Brasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, com a qual tem promovido rodadas de negócios em outros países a fim de alavancar as vendas das fabricantes brasileiras. Algumas missões levaram empresas daqui para apresentar seus produtos em mercados como Peru, México, Colômbia e Panamá, além de uma rodada feita durante a Fenatran do ano passado, em São Paulo. Segundo o presidente da entidade, as exportações trazem resultados mais lentamente que o mercado interno. “Com produtos como implementos rodoviários devemos esperar pedidos de compra mais vigorosos em médio e longo prazos. Como entidade, somos bastante recentes nesse campo, ao contrário de algumas empresas associadas que inclusive já colhem frutos por terem ido vender no exterior há mais tempo”, argumenta. Segundo ele, na ação entre a Anfir e a Apex-Brasil é importante que empresas associadas que começaram a se interessar pelo mercado externo sejam pacientes e trabalhem constantemente. n

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DIVULGAÇÃO / NISSAN

ELETRIFICAÇÃO

NOVA GERAÇÃO DO NISSAN LEAF chega no 1o semestre de 2019

ELÉTRICOS E HÍBRIDOS RECEBEM IMPULSO NO BRASIL MAIS COM INICIATIVA DAS MONTADORAS QUE APOIO GOVERNAMENTAL, SEGMENTO CRESCERÁ EM 2019 MÁRIO CURCIO

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ais com iniciativa das montadoras do que com a contribuição do governo, a presença de veículos elétricos e híbridos terá aumento importante a partir de 2019. A Nissan trará a nova geração de seu carro elétrico Leaf. E o Toyota Prius, híbrido mais vendido do Brasil, poderá trocar seu atual motor a gasolina por outro flex já no ano que vem. A sueca Volvo já tem três modelos híbridos plug-in à venda no Brasil e anunciou parcerias para a instalação de vários pontos de recarga para carros elétricos e híbridos, a maioria dentro de supermercados e shopping centers. Outra iniciativa desse tipo partiu da BMW, que investiu R$ 1 milhão em parceria com a EDP e estabeleceu um “corredor elétrico” entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro na Via Dutra.

IPI: NOVAS ALÍQUOTAS E DISTORÇÕES Desde 1o de novembro está em vigor uma nova tabela de alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre veículos elétricos e híbridos. O decreto que estabeleceu os novos valores foi assinado no mesmo dia do anúncio do Rota 2030, em julho deste ano. Pelo conjunto de regras atualizado, as novas alíquotas variam de 7% a 20% de acordo com o peso dos veículos em ordem de marcha e sua eficiência energética, medida em megajoules. Pela tabela antiga, as alíquotas de IPI oscilavam de 7% a 25%. As mudanças trouxeram maior benefício aos elétricos. No caso de alguns híbridos houve reduções às vezes pouco expressivas e até mesmo aumentos significativos nas alíquotas incidentes, como no caso do BMW i3, que recolhia 7% e passou a 17%.

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LUIS PRADO

“A mudança foi muito aquém do esperado. Falava-se em níveis ao redor de 7%”, afirma o presidente da Associação de Engenharia Automotiva (AEA), Edson Orikassa. “Houve um conservadorismo muito grande ao não incentivarem essas tecnologias. O grande problema é que o consumidor e a própria indústria esperavam redução mais significativa para aqueles produtos mais conhecidos”, diz, referindo-se ao Toyota Prius e ao Ford Fusion. Para o Prius houve redução de apenas um ponto porcentual (de 13% para 12%). E para o Fusion a alíquota se manteve nos 13%. Vale ressaltar que a nova tabela beneficiará os futuros híbridos equipados com motores flex, sempre com dois pontos porcentuais a menos que os híbridos equivalentes a gasolina. “Defendemos que essa tecnologia poderia receber um tratamento mais favorável para sua introdução, principalmente se considerarmos o aumento da participação neste mercado de forma mais sustentável e sólida”, afirma o diretor de assuntos governamentais da Toyota, Ricardo Bastos, que como outros fabricantes acredita na possibilidade de uma revisão da nova tabela de IPI, mais favorável que a atual. Para ele, as novas regras de cobrança do IPI reforçam a estratégia da Toyota para o País. “O Rota 2030 será um novo marco para toda a indústria brasileira”, acredita Bastos. Para Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os híbridos flex são atualmente o melhor caminho para a eletrificação no Brasil: “Acredito que eles vão prevalecer sobre os carros elétricos porque aqui temos a produção em grande escala de um biocombustível (etanol), que captura CO2 da natureza durante o desenvolvimento da cana-de-açúcar, neutralizando esse tipo

de emissão. Outros países não têm essa vantagem”, recorda. Outra montadora de origem japonesa, a Nissan, incluiu o Brasil em sua meta global de vender 1 milhão de veículos elétricos por ano até 2022: “Nós nos preparamos para lançar o Leaf no mercado brasileiro ainda no primeiro semestre de 2019. Anunciamos isso antes da mudança de IPI. Em relação à tributação, já se sabe que o Leaf pagará entre 7% e 9% de IPI por conta da nova legislação federal para carros elétricos, o que é uma redução significativa em comparação aos 25% aplicados anteriormente, viabilizando a competitividade do veículo elétrico no País”,

PARA MEGALE, híbridos flex darão impulso à eletrificação

TOYOTA pode começar a produzir o Prius Flex já no ano que vem

afirma o presidente da montadora no Brasil, Marco Silva. O diretor de marketing da BYD, Adalberto Maluf, afirma: “O IPI de nossos veículos elétricos cai dos antigos 25% para 9% no sedã e5 e para 14% na minivan e6, o que deve ajudar a viabilizar alguns projetos. Entretanto, os elétricos de maior autonomia ainda são penalizados, pois o IPI está relacionado com o peso total do veículo. Assim, aqueles com maior autonomia como os nossos são todos prejudicados”, lamenta. Maluf recorda ainda que outras questões tributárias, como a cobrança do ICMS pleno para elétricos (18%), ainda dificultam a venda em maior volume desses automóveis. Mais de 100 carros elétricos da chinesa BYD rodam pelo Brasil. Os veículos são adquiridos por leasing operacional. Além do carro a empresa fornece a infraestrutura de recarga, com painéis solares montados no Brasil. Esses automóveis são utilizados por companhias como DHL, Nestlé, CCR, Philip Morris e em frotas como a da guarda municipal de São José dos Campos, no interior de São Paulo. A BYD também vendeu 210 caminhões elétricos para coleta de lixo a uma empresa do Estado e monta chassis para ônibus de piso alto e piso baixo em sua fábrica de Campinas, SP, onde também produz os carregadores solares. A francesa Renault recorda que nos mercados em que os automóveis elétricos estão à venda existem políticas para modelos com baixa ou zero emissão de poluentes e o Brasil co-

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S LUI

O PRAD

ELETRIFICAÇÃO

meça a caminhar neste sentido com o Rota 2030. A empresa tem cerca de 150 automóveis 100% elétricos rodando no Brasil, entre eles o pequeno Twizy, montado pela Itaipu e utilizado por empresas como a Porto Seguro, por exemplo. A alíquota incidente sobre o carrinho caiu de 25% para 7%.

(EM VIGOR DESDE 1º DE NOVEMBRO DE 2018 )

Elétricos Eficiência Energética (EE) (Megajoules/km) EE ≤ 0,66

Massa em ordem de marcha (MOM) MOM ≤ 1400

1400 < MOM ≤ 1700

7%

MOM > 1700

Renault Twizy (antes 25%)

Renault Zoe (antes 25%)

8%

9%

10% 14%

12% 16%

14% 18%

0,66 < EE ≤ 1,35 EE > 1,35

Híbridos Eficiência Energética (EE) (Megajoules/km)

Massa em ordem de marcha (MOM) MOM ≤ 1400

1400 < MOM ≤ 1700

MOM > 1700

Flex

Gasolina

Flex

Gasolina

Flex

Gasolina

EE ≤ 1,10

7%

8%

10%

Toyota Prius (antes 13%)

10% 13%

9%

1,10 < EE ≤ 1,68

9% 12%

11% 15%

EE > 1,68

15%

BMW i3 (antes 7%)

17%

11%

Ford Fusion (antes 13%)

17%

BMW i8 (antes 13%)

19%

13%

Volvo XC90 (antes 13%)

20% 18% Porsche Cayenne (antes 25%)

Fonte: Anfavea e AEA, de acordo com o decreto 9.442/2018

logia de veículos elétricos e híbridos do País. As instalações de 900 metros quadrados contam com oito laboratórios e resultam de um investimento de R$ 13,7 milhões. O local será usado para treinamento de mão de obra especializada, LUIS PRADO

CRESCIMENTO AMPARADO A Volvo Cars já vende no Brasil três carros híbridos plug-in. Trouxe primeiro o XC90 e mais recentemente o XC60 e o sedã S90. “Em 2019 venderemos 800 carros híbridos, cerca de 10% do total de veículos que projetamos para o ano que vem”, afirma o presidente da empresa no Brasil, Luís Rezende. Ele também pretende trazer em 2019 um Volvo 100% elétrico a ser lançado. Ao mesmo tempo em que divulgou projeções para 2019 Rezende revelou parcerias com as redes Pão de Açúcar e dos Shoppings Iguatemi para instalar 250 pontos de recarga até abril do ano que vem. “Com eles vamos triplicar os pontos já existentes no Brasil”, garante o executivo. As montadoras já começam a contar com iniciativas de apoio tecnológico. Em outubro, o Sistema Fiep (ligado à Federação das Indústrias do Estado do Paraná) inaugurou em Curitiba o primeiro centro de tecno-

NOVAS ALÍQUOTAS DE IPI PARA HÍBRIDOS E ELÉTRICOS

cursos de pós-graduação e também para criação de projetos de inovação. O novo centro conta com dinamômetro 4x4 e equipamentos para desenvolvimento de powertrains híbridos e elétricos, entre outros itens. “Já começamos uma parceria para o estudo de hibridização de pequenos caminhões a diesel”, afirma o gerente Rafael Cury. Segundo ele, o centro tecnológico também está apto a trabalhar com internet das coisas, sistemas de comunicação V2X (entre veículos e o ambiente ao redor), sistemas de energia e eletropostos com placas fotovoltaicas, entre outros. De acordo com Cury, o novo centro já despertou a atenção e foi visitado por fabricantes de autopeças e motores elétricos e também por montadoras como Toyota, Nissan, Renault, Volvo e Volkswagen. n

BYD traz seus carros elétricos e produz chassis de ônibus e 48 • AutomotiveBUSINESS carregadores no País

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AUTOPEÇAS

EMPRESAS BRASILEIRAS FORTALECEM EXPORTAÇÕES NA

AUTOMECHANIKA EVENTO REUNIU RECORDE DE 5 MIL EXPOSITORES NA MESSE FRANKFURT, 50 DO BRASIL PEDRO KUTNEY | De Frankfurt, Alemanha Esta cobertura é oferecida pela Delphi Technologies. O jornalista viajou a convite da Messe Frankfurt

O

que seria uma solução provisória para substituir o cancelamento do Salão do Automóvel de Frankfurt em 1971, na Alemanha, transformou-se na maior feira global de componentes automotivos, a Automechanika, que em setembro abriu as portas para sua 25ª edição com recorde de participantes. Havia mais de 5 mil empresas expositoras de 76 países espalhadas em 315 mil metros quadrados, em 12 pavilhões, por onde circularam 136 mil visitantes de 181 nacionalidades. Em meio ao gigantismo do evento, 50 fabricantes brasileiras de autope-

ças que exibiram seus produtos no espaço qualificado da Messe Frankfurt buscaram um de dois objetivos, ou ambos: cultivar novos clientes e solidificar presença internacional por meio de operações fora do País. Mas os dois objetivos provocaram o mesmo resultado colateral benéfico: aumento da eficiência. “O setor de autopeças está buscando constantemente fórmulas de incentivo às exportações e isso também é um valor para ser mais competitivo no mercado interno, porque as empresas que buscam clientes no exterior precisam ser mais eficientes e garan-

tir qualidade”, avalia Elias Mufarej, conselheiro do Sindipeças e coordenador do programa Brasil Autoparts de apoio às exportações, mantido pela entidade em conjunto com a Apex, agência brasileira de fomento ao comércio exterior ligada ao Ministério das Relações Exteriores. Desde o início dos anos 2000 o Sindipeças promove a construção do pavilhão brasileiro na Messe Frankfurt durante a Automechanika – este ano o espaço reuniu 38 empresas, o mesmo número do evento há dois anos, mas dez delas estiveram pela primeira vez no estande compartilha-

SINDIPEÇAS e Apex apoiam a exportação 50 • AutomotiveBUSINESS de componentes

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EXPORTAR faz parte da cultura da Fras-le e da Zen

do. O acontecimento é parte do programa Brasil Autoparts, que envolve participação em feiras internacionais, missões comerciais ao exterior e rodadas de negócios com compradores internacionais no Brasil. O projeto é renovado a cada dois anos com a Apex, que nesta última edição investiu R$ 7,5 milhões, com contrapartida de R$ 4 milhões do Sindipeças, totalizando R$ 11,5 milhões. Parte dos recursos serve para promover e subsidiar a participação de associados da entidade em feiras. No caso da Automechanika, cada participante do pavilhão brasileiro pagou de R$ 3,5 mil a R$ 5 mil pelo pequeno espaço, valor irrisório quando se considera que o metro quadrado durante o evento custa t 280. “Existem empresas que estão presentes há anos e têm cultura exportadora, mas para muitas esta é a única forma acessível de exposição internacional”, afirma Elaine Colnago, assessora de fomento à exportação do Sindipeças, dedicada ao projeto Brasil Autoparts. “Nossa missão é sensibilizar as empresas sobre a importância de expor-

tar para aumentar a competitividade e manter os negócios independentemente do câmbio, para garantir a confiabilidade dos produtos brasileiros no exterior”, reforça Elaine. O Sindipeças estima que este ano as autopeças brasileiras vão faturar US$ 8,26 bilhões com exportações, valor 11,5% maior que o aferido em 2017. “É um bom momento para exportar, a atratividade do câmbio é ímpar, temos recebido muitos contatos de empresas que nunca exportaram. Mas as condições para isso já não são as mesmas de 20 ou 30 anos atrás, quando o Brasil tinha custo mais competitivo como a China hoje”, lamenta Mufarej. INTERNACIONALIZAÇÃO Entre as empresas brasileiras na Automechanika, a mais internacional delas é a Fras-le, que monta estande próprio na feira em Frankfurt há mais de duas décadas. Fabricante de pastilhas e lonas de freio do grupo Empresas Randon, a Fras-le tem fábricas na China, Índia, Argentina, Uruguai e Estados Unidos, além de centro de distribuição na Alemanha. Com isso, as exportações e as operações externas representam 55% do faturamento, de R$ 529,2 milhões no primeiro semestre deste ano, 34,8% acima do registrado no mesmo período um ano antes. “Passamos pelo maior período de internacionalização de nossa história com muitas aquisições e não vamos parar”, revela o CEO da Fras-le, Sérgio Carvalho – também chefe de operações (COO) das seis empresas de autopeças da Randon. “A empresa sempre buscou os mercados externos e é bem-sucedida no exterior

porque existe uma política empresarial focada nisso”, avalia. Outra empresa fortemente internacionalizada com presença constante na Automechanika há mais de 20 anos é a Zen, fabricante de polias e impulsores (pinos) de motores de partida com fábrica em Brusque (SC). A empresa tem representações no exterior, mas ainda não construiu fábricas em outros países. Mesmo assim, as exportações representam quase 60% do faturamento. “Conseguimos nos manter competitivos graças a uma cultura corporativa focada na eficiência de nossos processos”, justifica o CEO Gilberto Heinzelmann. No melhor estilo “se não pode com eles, junte-se a eles”, algumas empresas brasileiras descobriram que podem produzir na China para baixar seus custos e vender no mundo todo. Um caso extremado dessa estratégia é a Gauss, fabricante de uma longa lista de componentes elétricos instalada em Curitiba (PR), que há mais de 20 anos monta estande próprio na Automechanika Frankfurt. Apesar de ter hoje 30% do faturamento gerado no exterior, a empresa exporta menos de 3% da produção brasileira, mas envia para cerca de 50 países quase 100% do que produz em sua fábrica na China, inaugurada em 2007. As estratégias podem variar, mas seja no Brasil ou além das fronteiras, o segredo do sucesso internacional está invariavelmente em tratar exportações e operações estrangeiras como estratégia perene de longo prazo. Para isso, no entanto, é preciso contar com processos eficientes e qualidade. n LEIA A COBERTURA ESPECIAL DA AUTOMECHANIKA 2018 NO PORTAL AB

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VEÍCULOS COMERCIAIS

ELETRIFICAÇÃO

TOMA CONTA DO SALÃO DE HANNOVER IAA APRESENTOU DÚZIAS DE VANS, CAMINHÕES E ÔNIBUS MOVIDOS POR BATERIAS PEDRO KUTNEY | De Hannover, Alemanha O jornalista viajou a convite do pool de imprensa da Anfavea patrocinado por Mercedes-Benz, Scania, Volkswagen Caminhões e Ônibus, Volvo e ZF FÁBIO LUCIO

A

eletrificação virou uma necessária moda também entre os veículos comerciais. Este ano, na maior exposição global do setor, o Salão de Hannover, realizada em setembro na Alemanha, surgiram dúzias de vans, caminhões e ônibus eletrificados prestes a entrar no mercado real. No caso da Europa, à custa de incentivos tão pesados quanto os blocos de baterias que equipam esses veículos, mas até no Brasil as iniciativas elétricas também começam a acontecer. Especialmente na União Europeia, América do Norte, China e Japão, a pressão (e legislação) por redução de emissões de poluentes e CO2 colocou os veículos comerciais obrigatoriamente no rumo da eletrificação. Também entram nesse jogo combustíveis alternativos como gás natural, biogás, biodiesel, diesel hidrogenado com óleo vegetal ou gordura animal (HVO) e até o etanol, mas nenhum tem o mesmo “charme tecnológico” da eletricidade. “A eletromobilidade é um caminho sem volta. Estamos evoluindo nesse sentido. Até 2020/2021 haverá um salto, os veículos comerciais elétricos deverão entregar desempenho e confiabilidade muito parecidos com os do

SCANIA focou em combustíveis alternativos e em híbridos

diesel”, afirma Stefan Buchner, chefe global da Mercedes-Benz Trucks, que está entre os fabricantes que há mais de uma década desenvolvem a eletrificação de seus veículos. Na edição anterior do IAA, há dois anos, ela apresentou o primeiro caminhão semipesado, o eActros, para entregas urbanas e intermunicipais de curta distância. Este ano Buchner informou que o primeiro eActros será entregue até o fim do ano a um cliente na Alemanha, com autonomia de 200 km. Também estava em Hanno-

ver o recém-lançado ônibus urbano elétrico eCitaro, que em breve entrará em operação em cidades alemãs, juntando-se às versões híbridas e a gás do modelo já em circulação. Para completar, a Mercedes-Benz lançou no IAA versões elétricas de suas vans. A eVito chega ao mercado no fim deste ano com autonomia de 150 km e capacidade de carga útil de uma tonelada – a mesma do modelo a diesel. Já a irmã maior eSprinter começa a ser fabricada comercialmente no início de 2019.

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APOSTA ARRISCADA A Volvo também trouxe suas apostas de eletrificação para o IAA de Hannover. Além do já conhecido ônibus articulado para 145 passageiros com recarregador pantográfico (acionado nas paradas para energizar as baterias), a marca sueca apresentou dois caminhões semipesados movidos por bancos de baterias de 50 kW/h e 520 kg cada. Ambos podem ser equipados com até seis pacotes de baterias para rodar entre 150 km e 300 km. O FL Electric de 16 toneladas, equipado com motor central de 185 kW (equivalente a 251 cavalos) e transmissão de duas velocidades, é indicado para distribuição urbana (de bebidas, por exemplo). Já o FE Electric de 27 toneladas mira a coleta de lixo, com dois motores acoplados diretamente nas rodas que geram juntos 370 kW (ou 503 cv), sem caixa de câmbio. A Volvo pretende começar a vender os dois no ano que vem. Apesar de tantos lançamentos, ninguém tem muita certeza da aceitação dos caminhões elétricos pelo mercado nem qual será a participação deles nas vendas na virada da década. “É muito difícil prever porque isso depende de muitos fatores, como preço do diesel e incentivos aos elétricos”, pondera Jonas Odermalm, vice-presidente das linhas FL, FE e VM da Volvo. A também sueca Scania prefere não

ir ainda diretamente para a propulsão 100% elétrica. MERCEDES-BENZ levou ao IAA, em Hannover, o Por enquanto, fica ônibus elétrico eCitaro com a solução intermediária do híbrido plug-in. Para exibição no IAA a Scania levou o ca- ção a gás natural liquefeito e autominhão híbrido semipesado L320 6x2, nomia até mil quilômetros. Para uso que opera com um motor elétrico de urbano a marca sugere o Citywide 130 kW (ou 177 cv) em conjunto com 100% elétrico. três opções de motorização a diesel “Apresentamos tantas opções de DC 09 de 280, 320 ou 360 cv. propulsão que mais adiante o diesel O veículo pode trafegar até 10 km será apenas uma alternativa”, comem modo elétrico, por isso é indicado parou Henrik Henrikson, CEO glopara distribuição urbana em zonas de bal da Scania. restrição. O desligamento do motor a diesel pode ser feito automaticamen- BRASILEIROS ELETRIFICADOS te por meio do Scania Zone, sistema Até a fabricante brasileira Volkswade geoposicionamento da marca que gen Caminhões e Ônibus (VWCO) reconhece as áreas de circulação res- mostrou suas propostas de eletrifitrita. Quando volta à estrada, o motor cação em Hannover, a começar pelo a combustão é religado. já conhecido e-Delivery apresentaA eletrificação, embora mais visto- do no ano passado, mas desta vez sa, está longe de ser a única aposta. equipado com powertrain elétrico da No estande da Scania no IAA de Han- Scania (marca também pertencente nover a marca apresentou caminhões ao Traton Group) e com o peso de movidos por diversos combustíveis 1,6 mil unidades encomendadas até alternativos, a começar pelo gás na- 2023 pela fabricante de bebidas Amtural (metano ou biometano extraí- bev. Mas a grande surpresa eletrificado de resíduos orgânicos), na forma da da VWCO neste IAA foi o ônibus comprimida (CNG) e liquefeita (LNG), elétrico-híbrido e-Flex, com motor de passando pelo biodiesel e o HVO. automóvel VW 1.4 TSI, turbinado e Na área de ônibus, a marca exibiu bicombustível, que gera eletricidade o primeiro modelo rodoviário Inter- para a tração 100% elétrica. link Medium Decker com motoriza“Acreditamos em propostas viáveis de eletrificação para circulação urbana, como é o caso da Ambev, que encomendou o e-Delivery porque tem uma operação própria para veículos elétricos. Vemos potencial parecido para o ônibus híbrido”, destacou Roberto Cortes, CEO da VWCO. n ESTA COBERTURA É OFERECIDA PELA DELPHI TECHNOLOGIES. LEIA MAIS EM

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E-FLEX, da VW Caminhões e Ônibus, usa eletricidade gerada por motor bicombustível

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SEGURANÇA CIBERNÉTICA É PRIORIDADE DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA SETOR ESTÁ MAIS CONSCIENTE SOBRE A NECESSIDADE DE SOLUÇÕES ROBUSTAS DE CIBERSEGURANÇA NOS VEÍCULOS CONECTADOS PARA PROTEGER DADOS DOS USUÁRIOS EDILEUZA SOARES

M

ais conectados e autônomos, os carros da era digital têm grande poder computacional. Eles se comunicam com o mundo externo pelas redes de banda larga, com a internet das coisas (IoT) e acessam uma infinidade de aplicações em nuvem para facilitar a vida do motorista. Tanta tecnologia embarcada faz com que a indústria automotiva se preocupe mais com a segurança cibernética para proteger dados e garantir a privacidade dos clientes. O aprimoramento de mecanismos de segurança cibernética para evitar ataques por hackers, segundo especialistas, tem de ser uma das prioridades em toda a cadeia de produção dos carros inteligentes. Eles ressaltam que blindar os veículos conectados contra ameaças virtuais é um item tão importante quanto atender aos requisitos do mercado de inovação tecnológica, boa experiência ao cliente, conforto e conveniência. Elisabete Couto, diretora de internet das coisas (IoT) da Embratel, observa que quanto mais as montadoras investem em inovações que contemplam conectividade, maior é o desafio para gerenciar os riscos de segurança. “Teremos, em médio e longo prazos, um crescente número de dispositivos expostos a ameaças cibernéticas. Por isso, segurança torna-se uma condição fundamental,

tanto no processo de adoção da tecnologia pelo mercado quanto na sua consolidação”, frisa a executiva. Visão semelhante tem André Gradvohl, membro sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) no Brasil e professor da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Campinas (Unicamp). “Sempre que há compartilhamento de dados de um dispositivo com o mundo exterior (por rede sem fio, 5G ou tecnologia Bluetooth, por exemplo) os dados ficam expostos. Esse tráfego pelo ar pode permitir, no mínimo, que pessoas mal-intencionadas interceptem esses dados e os utilizem de forma ilícita”, afirma o especialista. As montadoras sabem disso. Um estudo global sobre cibersegurança na indústria automotiva, divulgado em setembro de 2018 pela consultoria Frost & Sullivan, revela que aumentou drasticamente a consciência do setor sobre a necessidade de soluções robustas de segurança cibernética nos veículos conectados. “Os OEMs começaram a levar a questão da segurança cibernética a sério e estão avaliando maneiras de garantir a implantação de medidas estratégicas de segurança em toda a cadeia de valor automotiva”, informa o relatório. O levantamento da Frost & Sulli-

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van apontou que empresas como o Grupo PSA, Jaguar e BMW estão estudando formas de implementar mecanismos de segurança mais sofisticados em seus veículos de próxima geração. Uma das estratégias é fazer parcerias com hackers do bem, aqueles que agem com ética para ajudar companhias a corrigir vulnerabilidades de sistemas, antes que sejam alvo de ataques. “O ideal é que a cibersegurança seja considerada desde o projeto até a entrega do produto”, destaca o professor da Unicamp. Ele calcula que adaptar um sistema para ter segurança é mais custoso do que construí-lo já pensando na segurança. “Um sistema seguro evitará que o usuário tenha prejuízos – financeiros, físicos ou até relacionados à sua saúde”, diz o especialista. Todos os integrantes da cadeia têm de se conscientizar sobre a importância de proteger dados do consumidor do carro conectado. “Tanto a indústria automotiva como os OEMs (incluindo aí as operadoras de telecomunicações) têm seu papel igualmente importante na questão de segurança cibernética”, entende Elisabete, da Embratel. INVESTIMENTOS Analistas da Frost & Sullivan identificaram que os gastos em segurança cibernética para carros conectados ainda são incipientes. Mas a previsão é de expansão. A consultoria estima que os gastos em soluções de cibersegurança pelo setor alcancem US$ 2,7 bilhões até 2025. Como resultado disso, até meados da próxima década cerca de 60% dos carros conectados deverão ter sistemas integrados de segurança cibernética. Porém, são os veículos 100% autônomos que mais vão desafiar o setor em termos de segurança digital por seu alto índice de automação e complexidade das tecnologias.

ESTAMOS NOS ESTABELECENDO COMO A PRINCIPAL OPERADORA NO ECOSSISTEMA DE IOT QUANDO SE FALA EM CONECTIVIDADE SEGURA PARA O MERCADO AUTOMOTIVO ELISABETE COUTO, diretora de IoT da Embratel

A Frost & Sullivan aconselha os OEMs a se engajarem e fazer parcerias agressivas com os participantes do ecossistema para garantir uma abordagem holística de segurança cibernética em toda a cadeia de valor automotiva. Os sistemistas tier 1 devem continuar com a estratégia de aquisição de startups especializadas nessa área para manter vantagem competitiva no mercado. PROTEÇÃO DE DADOS Com capacidade para gerar 2GB (gigabytes) de dados por hora, os veículos conectados são verdadeiros computadores em cima de quatro rodas, equipados com uma infinidade de softwares, sensores e dispositivos de internet das coisas. Entre esses sistemas estão os de navegação, infoentretenimento e os de interface homem-máquina (human machine interface - HMI), que se comunicam com o usuário. São tecnologias que ajudam a melhorar a experiência do motorista e desafiam

as montadoras no aprimoramento da segurança cibernética. Estudos da RSA, empresa especializada em segurança da informação, apontou que os veículos atuais contam com aproximadamente 100 mil electronic control units (ou unidades de controle eletrônico - ECUs) e mais de 100 milhões de linhas de código, que podem abrir brechas para ameaças virtuais. Segundo analistas da McKinsey, os hackers podem explorar e obter acesso a qualquer ECU periférica vulnerável, como Bluetooth. Eles são capazes de desativar os freios ou a direção de um veículo, desligar o motor ou manipular outros sistemas a bordo por meio de ataques de negação de serviço (DDoS), colocando em risco a vida dos ocupantes do veículo. Ricardo Michelan, diretor comercial para soluções sistêmicas e transformação digital da T-Systems Brasil, pondera que existem formas de garantir a proteção dos dados e a privacidade dos motoristas de carros conectados.

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O IDEAL É QUE A CIBERSEGURANÇA SEJA CONSIDERADA DESDE O PROJETO ATÉ A ENTREGA DO PRODUTO ANDRÉ GRADVOHL, membro sênior do IEEE e professor da Unicamp

“Estamos levando para as montadoras o mesmo conceito de redes corporativas que cria barreiras para evitar ataques por hackers”, diz. O executivo explica que o data center da T-Systems oferece um ambiente com oito camadas de segurança para proteger dados do motorista e informações críticas do carro, como frenagem, controle de combustível, airbag etc. Entre as ferramentas utilizadas estão recursos de criptografia, software para detectar presença de intrusos e firewall, espécie de guardiões que monitoram a

entrada e saída, criando barreira para bloquear visitantes indesejados. “Hoje a possibilidade de ataque pelo nosso data center é quase zero”, garante Michelan. Ele diz que a solução de segurança cibernética da T-Systems monitora atualmente carros conectados de uma montadora de luxo da Alemanha. “Agora estamos negociando com dois grandes OEMs para expandir nossos serviços no Brasil”, informa o executivo. Esse é um negócio que interessa à Embratel, que também atua com serviços de data center e soluções

em nuvem. “Estamos nos estabelecendo como a principal operadora no ecossistema de IoT quando se fala em conectividade segura para soluções para o mercado automotivo”, explica Elisabete. Para reforçar sua oferta, a Embratel fechou parceria com a Gemalto, fornecedora de segurança digital, para fazer atualização remota em tempo real de sistemas dos carros conectados e de navegação avançada, diagnósticos do veículo e serviços de emergência. A GM é uma das montadoras usuárias dessa solução.

ESTAMOS LEVANDO PARA AS MONTADORAS O MESMO CONCEITO DE REDES CORPORATIVAS QUE CRIA BARREIRAS PARA EVITAR ATAQUES POR HACKERS RICARDO MICHELAN, diretor comercial para soluções sistêmicas e transformação digital da T-Systems Brasil

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