Revista Automotive
AB BUSINESS Abril 2019 • Ano 10 • 55
O QUE AS EMPRESAS ESPERAM PARA 2019 Montadoras apresentam seu ponto de vista
INDÚSTRIA ACELERA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL Estratégias focam conectividade e indústria 4.0
OS DESAFIOS PARA A ABX 2019 AJUDA A FOMENTAR NEGÓCIOS Programa do evento estimula relacionamento
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inovação automotiva
Estudo exclusivo aponta as barreiras para crescer
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AB Revista AutomotiveBusiness Abril 2019 • Ano 10 • 55
www.automotivebusiness.com.br Editada por Automotive Business, empresa associada à All Right! Comunicação Ltda. Tiragem de 10.000 exemplares, com distribuição direta a executivos de fabricantes de veículos, autopeças, distribuidores, entidades setoriais, governo, consultorias, empresas de engenharia, transporte e logística e setor acadêmico. Diretores Maria Theresa de Borthole Braga Paula Braga Prado Paulo Ricardo Braga Editor Responsável Paulo Ricardo Braga (Jornalista, MTPS 8858) Editora-Assistente Giovanna Riato Redação Mário Curcio, Pedro Kutney e Sueli Reis Colaboradores desta edição Wilson Toume Editor de Notícias do Portal Pedro Kutney Design gráfico (RS Oficina de Arte) Ricardo Alves de Souza Josy Angélica Fotografia Estúdio Luis Prado Publicidade Carina Costa, Greice Ribeiro, Monalisa Naves Atendimento ao leitor Patrícia Pedroso WebTV Marcos Ambroselli Comunicação e eventos Carolina Piovacari Impressão Margraf Distribuição Correios Administração, redação e publicidade Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema, 04082-001, São Paulo, SP, tel. 11 5095-8888 redacao@automotivebusiness.com.br
Editorial
Os cenários para 2019 E
sta edição inicia uma nova etapa na vida de Automotive Business, que entra em seu décimo ano de existência com o propósito de alargar horizontes para a área da mobilidade, trazendo uma coleção de pautas focadas em temas abrangentes. Desta vez o assunto são os novos cenários para a indústria automobilística e segmentos relacionados, que estão enfrentando um sem-número de desafios diante das rápidas transformações na área da mobilidade. Para iniciar esse roteiro, fomos buscar inspiração no estudo que a Roland Berger realiza anualmente em parceria com Automotive Business, apontando os cenários da indústria local. Em sexta edição, o levantamento traduz as expectativas de cinco centenas de profissionais do segmento, com 32% de respondentes de cargos de diretoria ou presidência. O resultado é mostrado na matéria principal, que abre caminho para outros artigos inspirados nos cenários para 2019. Repercutimos o estudo com empresas, realizamos um levantamento dos investimentos em curso na indústria automobilística e prospectamos os avanços na área da tecnologia e da mobilidade, sem deixar para trás os avanços na área de máquinas agrícolas, que movimentam o poderoso setor do agronegócio. Entrevistamos os presidentes da Anfavea e do Sindipeças para entender os novos caminhos dos associados das duas entidades e demos um salto para conhecer os planos das montadoras para as revendas digitais, que avançarão decisivamente daqui em diante. O ponto de vista para o futuro das camadas de tiers 2 e 3 leva a assinatura da Bright Assessoria, que evidencia preocupação com a sobrevivência das pequenas empresas da cadeia de suprimentos.
Paulo Ricardo Braga Editor
Sugestões de pauta para as próximas edições da revista serão bem-vindas.
Filiada ao
suas ideias para Envie paulo@portalab.com.br
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Índice
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CAPA | CENÁRIOS 2019
INOVAÇÃO, BARREIRA PARA O SETOR AUTOMOTIVO Sexta edição do estudo da Roland Berger em parceria com Automotive Business mostra os maiores desafios e oportunidades da indústria local
14 CENÁRIOS |
MONTADORAS
24 TECNOLOGIA
O QUE AS EMPRESAS ESPERAM PARA 2019 Expectativas e desafios para os próximos meses
INDÚSTRIA ACELERA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL Conectividade e indústria 4.0 são parte da estratégia
20 INVESTIMENTOS
30 TENDÊNCIAS
APORTES NO BRASIL SOMAM R$ 48 BILHÕES ATÉ 2024 Autopeças vão investir R$ 2,72 bilhões este ano
OS AVANÇOS DA MOBILIDADE NO BRASIL O novo papel das montadoras
42 ANFAVEA
ROTA 2030, LEGADO PARA O FUTURO O balanço da gestão de Antonio Megale
44 SINDIPEÇAS
AUTOPEÇAS SAEM MAIS FORTES DA CRISE Setor está mais bem preparado para enfrentar o futuro
36 MÁQUINAS
AGRÍCOLAS
TECNOLOGIA JÁ É GRANDE ALIADA NO CAMPO Bons recursos são acessíveis a pequenos produtores
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56 EVENTO
# ABX19 AJUDA A FOMENTAR NEGÓCIOS Novas fórmulas incentivam relacionamento
48 DISTRIBUIÇÃO
60 PONTO DE VISTA
66 PREMIAÇÃO
52 EXCELÊNCIA E
62 PREMIAÇÃO
68 PREMIAÇÃO
NOVA FASE NA VIDA DAS CONCESSIONÁRIAS Começam a surgir as revendas digitalizadas
INOVAÇÃO
PRÊMIO REI TEM 56 FINALISTAS Leitores de Automotive Business apontarão vencedores
AS PARTES FRÁGEIS DA CADEIA AUTOMOTIVA Tiers 2 e 3 preocupam a indústria
CAOA PREMIA MELHORES FORNECEDORES Montadora reduz ritmo de nacionalização
HYUNDAI RECONHECE MELHORES PARCEIROS Programa incluiu debates sobre indústria 4.0
70 LIDERANÇA
DRIBLAR DESAFIOS É A ROTINA DOS LÍDERES A opinião de Gustavo Bonini, diretor da Scania
TOYOTA DESTACA FORNECEDORES Encontro reuniu brasileiros e argentinos
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Cenários 2019
Inovação ainda é barreira para o setor automotivo no Brasil
Sexta edição do estudo da Roland Berger em parceria com Automotive Business mostra os maiores desafios e oportunidades da indústria local Giovanna Riato
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P
lanejar e executar estratégias eficientes de inovação é um dos grandes desafios locais do setor automotivo. A conclusão é do estudo Cenários para a Indústria Automobilística Brasileira, pesquisa exclusiva realizada pela Roland Berger em parceria com Automotive Business anualmente. Esta edição, a sexta do levantamento, foi realizada em fevereiro de 2019 por meio de um questionário online e traz a visão de 500 pessoas que atuam em empresas do segmento, com 32% dos respondentes de cargos de diretoria ou presidência destas organizações. Além dos tópicos tradicionais de interesse
Rodrigo Custódio, diretor da Roland Berger no Brasil
da indústria, como perspectivas de mercado, exportações e desafios das operações, a edição deste ano levantou a discussão sobre inovação e novas tendências de mobilidade, assuntos que ganham cada vez mais espaço na agenda dos profissionais em posição de liderança. A seguir, acompanhe as principais conclusões.
Modelos ultrapassados
Quais as principais medidas que a empresa está tomando para acelerar a inovação localmente? P&D próprio
50%
Redesenho de processos / gestão de inovação
47%
Parcerias com fornecedores
42%
Parcerias com montadoras
31%
Ecossistemas de inovação (startup, incubadoras)
26%
FONTE: PESQUISA 2019 ROLAND BERGER | AUTOMOTIVE BUSINESS
Falta buscar parcerias com fornecedores e parceiros, criar um ecossistema de inovação
Rodrigo Custódio, diretor da Roland Berger para o Brasil, indica que as operações nacionais permanecem muito focadas em adaptar à realidade local os avanços tecnológicos globais – metade dos respondentes da pesquisa apontou trabalhar desta maneira e um porcentual equivalente declarou não ter estratégia para inovar em novos modelos de mobilidade. “É uma atuação pouco eficiente quando se trata do novo contexto de evolução do setor automotivo. O jeito de fazer inovação ainda está distante das novas tendências globais”, diz o consultor. O estudo mostra que as empresas ainda seguem a tradição do setor automotivo de trabalhar de forma independente para gerar novas ideias e soluções. Dos entrevistados,
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Cenários 2019
LUIS PRADO
Digitalização não é apenas enxugar operações, pensar em indústria 4.0, mas também criar novos modelos de negócio e, assim, gerar receitas e também empregos Rodrigo Custódio, diretor da Roland Berger no Brasil
Qual o maior desafio para promover inovação em mobilidade (em geral)? Recursos financeiros
42%
Desafios organizacionais
36%
Inserção na estratégia da empresa
33%
Falta de um desdobramento estratégico claro
33%
Disponibilidade de pessoas (no mercado)
20%
FONTE: PESQUISA 2019 ROLAND BERGER | AUTOMOTIVE BUSINESS
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Quais as principais tendências estratégicas para as montadoras esperadas em 2019? Aumento da produtividade
47%
Revisão e renovação do portfólio de produtos
47%
Investimento na cadeia de fornecimento
35%
Integração com ecossistemas de inovação e mobilidade
31%
Adequação da estrutura organizacional
31%
Revisão do posicionamento/ clientes-alvo
24%
Revisão dos processos
21%
Ajuste dos canais de distribuição
19%
Digitalização
15%
Revisão do footprint de produção
7%
só uma em cada cinco companhias já pensou no desenvolvimento de ecossistemas de colaboração. Quanto às estratégias para inovar e oferecer soluções para a nova mobilidade, 70% dos entrevistados dizem que a empresa em que trabalham não tem qualquer ação neste sentido. “O que preocupa é que, neste aspecto, o Brasil tem competência e ambiente favorável ao desenvolvimento de novas soluções que poderiam, inclusive, ser exportadas. Ainda assim, não vemos esta iniciativa na liderança das empresas.”
Não é só ganhar eficiência Nesta edição da pesquisa Cenários, a lucratividade aparece como o maior desafio das empresas automotivas no Brasil segundo 78% dos respondentes. Em seguida está a preocupação com o custo da matériaprima, citada por 52% dos entrevistados. Diante destes desafios, a principal tendência
FONTE: PESQUISA 2019 ROLAND BERGER | AUTOMOTIVE BUSINESS
50% dizem que a principal medida que a empresa está tomando para acelerar a inovação localmente é o investimento próprio em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). “Falta buscar parcerias com fornecedores e parceiros, criar um ecossistema de inovação”, observa Rodrigo. “O estudo mostra que as empresas querem fazer tudo sozinhas, o que inviabiliza muitos avanços por causa da falta dinheiro. Ao mesmo tempo, há uma certa expectativa de que o governo ofereça incentivo financeiro”, diz. Segundo a pesquisa,
Quais os principais tópicos influenciando sua empresa em digitalização e conectividade? Revisão de processos internos (manufatura digital, indústria 4.0)
41%
Oferta de novos serviços para clientes
32%
Revisão de processos de vendas (dealer digital, portal de peças, etc.)
24%
Investimento em programação de software
22%
Investimento em processamento de big data
20%
Não influencia minha empresa
20%
Parceria com empresas de telecom
6%
FONTE: PESQUISA 2019 ROLAND BERGER | AUTOMOTIVE BUSINESS
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Cenários 2019
identificada para as montadoras em 2019 é o aumento da produtividade das fábricas por meio da digitalização, estratégia destacada por 47% dos respondentes, seguida da renovação do portfólio de produtos e investimentos na cadeia de fornecedores. Custódio reconhece que aumentar a eficiência das fábricas é importante, mas alerta que este não é o único caminho capaz de garantir a lucratividade. “Digitalização não é apenas enxugar operações, pensar em indústria 4.0, mas também criar novos modelos de negócio e, assim, gerar receitas e também, empregos”, diz. Ele lembra que a indústria automotiva local é reconhecida globalmente por suas fábricas eficientes, o que não é a única resposta para o novo momento. “Nós nos especializamos muito em operações. A cultura tradicional da liderança das empresas no Brasil é de fazer melhor ano a ano. Precisamos de mais do que isso.” Rodrigo lembra que há uma oportunidade maior do que nunca de gerar receitas com modelos de negócio inovadores voltados à mobilidade. “Ao redor do mundo empresas de diferentes setores querem participar disso,
Sua empresa já estabeleceu um modelo de negócios para aumentar receitas por meio de digitalização e conectividade? Não, mas existem discussões para mudanças no próximo a 2 anos
36%
Não, nenhum novo modelo de negócios está nos planos
20%
Sim, lançado em escala e operando normalmente no Brasil
15%
Sim, lançado no exterior, sem revisão para o Brasil
14%
Sim, lançado no exterior, em teste no Brasil
14%
Qual a sua expectativa para o ano de 2019 em relação a 2018 quanto às vendas de veículos leves no Brasil? Retração forte (-10% ou mais)
0%
Retração leve (de -5% a -10%)
1%
Estagnação (de -5% a 5%)
37%
Crescimento leve (de 5% a 10%)
46%
Crescimento forte (10% ou mais)
16%
FONTE: PESQUISA 2019 ROLAND BERGER | AUTOMOTIVE BUSINESS
como seguros, bancos e uma série de startups. A indústria automotiva local, no entanto, não atua com a mesma voracidade”, aponta Custódio, indicando um espaço a ser ocupado.
Expectativas contidas O diretor da Roland Berger reconhece que a falta de amplitude na visão local de inovação da indústria automotiva pode estar relacionada com a severa contração do mercado nos últimos anos, que obrigou a liderança das empresas a priorizar as questões mais imediatas. “Agora, com a melhora do mercado, precisamos reativar estas discussões no Brasil”, alerta. Talvez pelo trauma gerado pelas dificuldades dos últimos anos, as pessoas que responderam ao estudo se mostraram reticentes acerca das expectativas de expansão das vendas de veículos no Brasil. A maioria apostou em alta de 5% a 10% no mercado de leves e de 10% a 20% no segmento de pesados. “Houve um
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Quais são os principais fatores que irão impactar o volume de veículos leves vendidos no Brasil? Disponibilidade de crédito/ taxa de juros
39%
Confiança do consumidor
30%
PIB
12%
FONTE: PESQUISA 2019 ROLAND BERGER | AUTOMOTIVE BUSINESS
receio de confirmar um crescimento que já acontece de forma clara”, diz. Segundo os entrevistados, os fatores mais favoráveis a esta expansão são o aumento da oferta de crédito, da confiança do consumidor e a expectativa de expansão do PIB em 2019. A maior parte dos respondentes espera que o mercado brasileiro só alcance novamente o patamar recorde de vendas de 3,6 milhões de unidades entre 2023 e 2024. Entre as fabricantes de veículos leves, o estudo indica que as que estão mais bem preparadas para a evolução são Volkswagen, Toyota e Hyundai. No caso dos pesados, os destaques são MercedesBenz, Volkswagen Caminhões e Ônibus e Volvo.
Diversificar receitas A pesquisa indica ainda interesse das concessionárias na digitalização, que é vista como uma oportunidade de melhorar a eficiência das vendas e ampliar a proximidade do cliente a custo baixo. “Ainda assim, os respondentes indicam que falta conceito e estratégia das montadoras nessa área para apoiar a rede de distribuição”, diz Custódio.
Por outro lado, o estudo mostra clara evolução da abordagem dos concessionários, com o entendimento de que não apenas a venda de carros novos vai garantir as receitas. Os serviços na oficina e a venda de peças e acessórios são apontados como os negócios com maior potencial de crescimento. A pressão sobre as margens é o aspecto mais preocupante de 2019 para 67% dos respondentes. Para Custódio, apesar de a pesquisa Cenários indicar uma série de desafios para o setor automotivo no Brasil, o momento de recuperação da indústria traz vastas oportunidades para os elos da cadeia automotiva no Brasil. “Ao entregar resultados melhores, as empresas no Brasil têm mais dinheiro para aplicar em novas ideias e projetos”, diz. Segundo ele, esta é a hora certa para reativar a inovação e a performance das empresas automotivas localmente.
Quais as operações das concessionárias mais suscetíveis a aumentar sua participação na receita? Oficina (serviços)
57%
Peças & acessórios
56%
Venda de carros usados
52%
Venda de carros novos
37%
Vendas diretas (frotistas)
33%
Serviços financeiros
32%
Outros
12%
FONTE: PESQUISA 2019 ROLAND BERGER | AUTOMOTIVE BUSINESS
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Cenários | A visão das empresas
O que as montadoras esperam para 2019? Perguntamos às fabricantes de veículos os principais planos, expectativas e desafios para os próximos meses
GENERAL MOTORS
Marcos Munhoz, vice-presidente para o Mercosul
GRUPO PSA
Fabricio Biondo, vice-presidente de comunicação, relações externas e digital América Latina
MERCEDES-BENZ
Roberto Leoncini, vicepresidente de vendas e marketing caminhões e ônibus para o Brasil
Expectativas Esperamos que o mercado brasileiro feche 2019 com 2,8 milhões de carros vendidos. Este ano a Chevrolet vai lançar 11 modelos com o propósito de manter a liderança da marca no mercado brasileiro.
Aumento de nossas vendas no Brasil na comparação com 2018, mas com estabilização ou até queda na produção, além de redução nas exportações.
Prevemos aumento de 20% nas vendas de caminhões no País, para cerca de 88 mil unidades. No segmento de ônibus, a previsão é de alta de 7% a 10% para o mercado, para até 16 mil unidades.
Giovanna Riato
TOYOTA
Rafael Chang, presidente para o Brasil
Projetamos novos recordes para 2019, com 219 mil unidades vendidas e produção de 225 mil veículos, mantendo o nível das exportações em 65 mil unidades.
VOLVO CAMINHÕES
Alcides Cavalcanti, diretor comercial de caminhões
VOLKSWAGEN
Pablo Di Si, presidente e CEO para a América Latina
VOLKSWAGEN CAMINHÕES E ÔNIBUS
Ricardo Alouche, vicepresidente de vendas, marketing e pós-venda
Considerando os segmentos acima de 16 toneladas de PBT (semipesados e pesados), o mercado será 30% maior este ano.
O ano passado foi de forte retomada da Volkswagen no Brasil. Para 2019, a VW vai manter o ritmo forte de lançamentos em sua ofensiva de produtos. A chegada do T-Cross dará grande contribuição para elevarmos as vendas. Nossa expectativa está alinhada com a Anfavea. Com alta de 15,3% nas vendas, de 11,8% na produção e de 3,7% nas exportações, somando caminhões e ônibus.
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Cenários | A visão das empresas
O que as montadoras esperam para 2019?
GENERAL MOTORS Marcos Munhoz
GRUPO PSA
Fabricio Biondo
MERCEDES-BENZ
Roberto Leoncini
TOYOTA
Rafael Chang
VOLVO CAMINHÕES Alcides Cavalcanti
Principais pontos de atenção no mercado brasileiro
Quais tendências globais podem ganhar espaço no Brasil em 2019?
A maior preocupação é orquestrar com todos os envolvidos um plano de ação para tornar a indústria mais competitiva e, assim, estarmos prontos para exportar grandes volumes para fora do Mercosul, pois temos potencial para isso.
A General Motors tem a visão de um futuro com zero acidente, zero emissão e zero congestionamento. Esta abordagem já está chegando ao Brasil com o Bolt, carro elétrico com autonomia de 383 quilômetros.
A aprovação e continuidade das reformas estruturantes é fundamental. Impactos externos na economia brasileira, como guerras comerciais em outros países, redução do índice de crescimento econômico mundial, efeitos do Brexit e outros também são pontos de atenção.
Há várias ideias que estão vindo ou virão ao Brasil, como motores mais eficientes, serviços conectados e o uso compartilhado da mobilidade, com o plano de trazer parte das soluções da marca Free2Move para a América Latina.
Estamos otimistas com o crescimento da economia. Porém, há grande expectativa acerca das reformas prometidas pelo governo. Há também foco na estabilização dos índices econômicos, como inflação, taxas de juros, Selic e PIB.
Dentro do conceito de indústria 4.0, inauguramos nosso Campo de Provas em Iracemápolis e a nova linha de cabines em São Bernardo do Campo. As próximas etapas envolvem a produção de motores, câmbios, eixos e os chassis de ônibus.
Queremos ser competitivos para que possamos continuar investindo no País, aumentar empregos, exportar mais e desenvolver as pessoas e a sociedade onde estamos. Tudo o que precisamos é de igualdade de condições para obter mais projetos e ampliar a presença do Brasil no mercado global.
A indústria automobilística entrou em um processo radical de transformação que mudará a maneira como o mundo se move. Anunciamos no ano passado a produção do primeiro veículo híbrido flex do mundo a partir do último trimestre deste ano.
O momento se mostra favorável, com indicadores macroeconômicos apontando para crescimento moderado. Alguns pontos, no entanto, ainda exigem atenção, como as reformas da previdência e fiscal.
O Grupo Volvo está focado no desenvolvimento de soluções de conectividade, eletromobilidade e automação. Várias delas já são realidade no Brasil, como os caminhões autônomos. Em 2019 vamos avançar em serviços conectados.
O Brasil deve atravessar um período econômico mais favorável se conseguir equacionar as contas públicas, avançando com as reformas necessárias.
Daremos início este ano à nossa estratégia de eletrificação no Brasil e na América Latina, com a chegada do híbrido plug-in Golf GTE no segundo semestre de 2019. Ao todo serão seis modelos elétricos e híbridos nos próximos cinco anos na região.
O principal ponto de atenção é a necessária retomada do crescimento econômico, fator essencial para o mercado de bens de capital.
Apresentamos recentemente o primeiro caminhão leve 100% elétrico da América Latina: o E-Delivery, que no momento opera em testes com a Ambev e deve ser produzido em série a partir de 2020.
VOLKSWAGEN Pablo Di Si
VOLKSWAGEN CAMINHÕES E ÔNIBUS
Ricardo Alouche
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Cenários | A visão das empresas
O que as montadoras esperam para 2019? Desafios da cadeia de fornecedores GENERAL MOTORS Marcos Munhoz
GRUPO PSA
Fabricio Biondo
Nossos fornecedores vêm se mostrando grandes parceiros do negócio. Acreditamos em relações duradouras, buscando competitividade global.
Não temos grandes gargalos do ponto de vista de capacidade produtiva no momento. Continuamos, no entanto, com alguns gargalos tecnológicos em determinadas commodities, já que diversos componentes eletrônicos não são produzidos localmente.
MERCEDES-BENZ
Roberto Leoncini
TOYOTA
Rafael Chang
VOLVO CAMINHÕES Alcides Cavalcanti
VOLKSWAGEN Pablo Di Si
VOLKSWAGEN CAMINHÕES E ÔNIBUS
Ricardo Alouche
A Mercedes-Benz está sempre em sintonia com seus fornecedores para que expandam a produção, assim como nós temos feito.
A competitividade é um gargalo evidente das fabricantes de veículos no Brasil. Somado a este ponto, teremos novas demandas. Hoje, devido ao baixo volume de veículos eletrificados no Brasil, ainda não existe uma cadeia sólida. Nosso grande desafio para fazer no País o Prius híbrido flex será trabalhar em conjunto para desenvolver esta cadeia de fornecimento.
Começamos o ano com a contratação de 250 funcionários para fazer frente ao crescimento de mercado. Nossa programação de produção para 2019 está equilibrada com a cadeia de fornecedores.
Nossos novos carros são plataformas globais e isso exige que os parceiros tragam para o Brasil o mesmo nível de tecnologia que possuem fora do País. Hoje, 80% dos nossos fornecedores são empresas globais que operam localmente, enquanto 20% são companhias brasileiras.
Nossa operação em formato de consórcio modular nos permite operar sem gargalos com nossos principais fornecedores.
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Investimentos
WANDER MALAGRINE / M+STILL / MAN LATIN AMÉRICA
VW Caminhões e Ônibus: R$ 1,5 bi até 2020 em produtos e tecnologias
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Aportes no Brasil somam R$ 48 bilhões até 2024 Apesar da retomada lenta da economia, a indústria automobilística mantém a crença no potencial do País
E
m discurso quase uníssono, as empresas que compõem a indústria automotiva sempre utilizam o chavão “Acreditar no potencial do Brasil” quando justificam seus investimentos por aqui. Tal potencial tem incentivado o anúncio de novos aportes mesmo diante de um cenário de retomada lenta do crescimento do mercado. O levantamento anual de Automotive Business aponta que o setor acumula o equivalente a R$ 48,2 bilhões de investimentos em curso, o que inclui apenas as fabricantes de veículos, com aplicação desde 2016 e até 2024. No setor de autopeças está prevista a injeção de R$ 2,72 bilhões só neste ano, um aumento de 10% em relação a 2018.
DIVULGAÇÃO / VOLVO
Sueli Reis
Volvo investirá R$ 1,25 bi até 2020 na fábrica e nos segmentos em que atua
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Investimentos
Boa parte do montante total prevê a modernização do parque fabril instalado no País, além de sustentar o desenvolvimento e o lançamento de produtos. Alguns dos aportes são bastante atuais, anunciados neste 2019, caso de Honda (Manaus), General Motors e um adicional do Grupo Volvo. Outros foram feitos no ano passado, como o da BMW e Mitsubishi, ambos durante o Salão do Automóvel de São Paulo, além de FCA Fiat Chrysler e Toyota. Confira, no quadro ao lado, o resumo dos investimentos por fabricante, o total e o período da aplicação.
Resumo dos investimentos BMW: R$ 125 milhões na fábrica de Araquari (SC) entre 2018 e 2019. Caoa Chery: R$ 2 bilhões nas fábricas de Anápolis (GO) e Jacareí (SP) entre 2018 e 2022. FCA Fiat Chrysler: R$ 14 bilhões em novos produtos e na fábrica de Betim (MG) entre 2018 e 2022. General Motors: R$ 10 bilhões nas fábricas de São Caetano do Sul e São José dos Campos e em novos produtos entre 2020 e 2024. Hyundai: R$ 125 milhões na fábrica de Piracicaba (SP) em 2019.
Iveco: US$ 120 milhões em P&D e lançamentos entre 2017 e 2019. Mercedes-Benz: R$ 2,4 bilhões nas fábricas de São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG) e em novos produtos e serviços entre 2018 e 2022.
DIVULGAÇÃO / TOYOTA
Honda: R$ 500 milhões na modernização da fábrica de motos em Manaus (AM) entre 2019 e 2021.
Mitsubishi: R$ 300 milhões na fábrica de Catalão para produção do SUV Eclipse Cross entre 2018 e 2019. Scania: R$ 2,6 bilhões em novos produtos, na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e na rede de concessionárias entre 2016 e 2020. Toyota: R$ 1 bilhão para modernização da fábrica de Indaiatuba (SP) entre 2018 e 2020. Volkswagen: R$ 7 bilhões em novos produtos e nas fábricas de São José dos Pinhais (PR) e São Carlos (SP) entre 2016 e 2020. Volkswagen Caminhões e Ônibus: R$ 1,5 bilhão na ampliação do portfólio e desenvolvimento de novas tecnologias e conectividade entre 2017 e 2020.
Toyota Corolla na linha de produção na fábrica de Indaiatuba, SP
Volvo: R$ 1,25 bilhão para atualização e modernização na fábrica de Curitiba (PR) e em ações em todos os segmentos em que atua entre 2017 e 2020.
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Tecnologia da informação
Investimentos em mais conectividade e indústria 4.0 fazem parte das estratégias para enfrentar os novos desafios do mercado
DIVULGAÇÃO/STRATEGY&
Indústria automotiva acelera transformação digital
Edileuza Soares
A
vançar na transformação digital é uma das metas do setor automotivo brasileiro para 2019 a fim de enfrentar a competição do mercado projetado para as próximas décadas. Os investimentos nessa área geram mais demanda aos fornecedores de tecnologia da informação (TI), com procura maior por soluções de conectividade, digitalização de fábricas e relacionamento com o cliente. O veículo do futuro será uma plataforma de serviço digital, sustentável e usada para mobilidade compartilhada. Essa revolução deu chacoalhada na indústria automotiva, comenta Ricardo Pierozzi, sócio da Strategy&, braço da PwC Brasil, apontando quatro megatendências que vão alterar drasticamente o
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DIVULGAÇÃO/VOLKSWAGEN
Volkswagen acelera indústria 4.0
Volkswagen já está se beneficiando dos investimentos em tecnologias da indústria 4.0 para digitalização da fábrica de São José dos Pinhais (PR). O projeto faz parte de um aporte de R$ 2 bilhões em modernização da planta paranaense para o desenvolvimento e produção do T-Cross, primeiro SUV da marca montado no Brasil. “Com a implementação de tecnologias 4.0 conseguimos uma linha de produção enxuta, produtiva e flexível, que permite fabricar diversos modelos de diferentes plataformas”, avalia Marcos Ruza, diretor da unidade da Volkswagen em São José dos Pinhais. Ele acrescenta também “redução de custos, aumento da produtividade e melhoria da condição de trabalho dos colaboradores, com melhor qualidade e confiabilidade”. O projeto de indústria 4.0 da Volkswagen contempla as tecnologias mais modernas, como o uso de robôs com inteligência artificial, que tomam decisão e escolhem as peças certas para a montagem dos carros. Integram também o processo impressoras 3D que operam com máxima precisão e evitam desperdício, além do sistema de fábrica digital, que faz simulações virtuais dos processos produtivos e reduzem custos de manufatura. Atualmente, a Volkswagen está expandindo o time de robôs colaborativos em postos de maior complexidade com agilidade e precisão. A montadora também está ampliando o uso de realidade virtual, promovendo a implementação de realidade aumentada em processos produtivos e otimizando simulações ergonômicas em novas operações e estratégia de Big Data.
Os carros do futuro serão projetados com a visão de sistemas operacionais com upgrades anuais RICARDO PIEROZZI, sócio da Strategy&, braço da PwC Brasil
setor até 2030. São os veículos elétricos, autônomos, conectados e compartilhados. “Não dá para pensar nesses quatro movimentos separados porque o carro elétrico terá de ser conectado, autônomo e compartilhado”, explica Pierozzi. Juntas, essas forças geram uma quinta onda que é a atualização anual dos automóveis, diminuindo o ciclo de desenvolvimento, que hoje é de cerca de cinco anos, para 12 meses.
Principais demandas de TI A indústria brasileira se movimenta
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Tecnologia da informação
As montadoras não querem ficar para trás e a digitalização é uma possibilidade para mais competitividade ALEXANDRE SAKAI, responsável pelo
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setor automotivo na Siemens Brasil
para acompanhar as tendências mundiais. “Em 2019, o setor automotivo brasileiro está muito focado em conectividade. Essa é a pauta das grandes montadoras”, constata Hélio Oyama, diretor de produtos da Qualcomm Brasil. “Hoje o carro nada mais é que um smartphone grande em cima de quatro rodas”, compara o executivo. Para auxiliar as montadoras a conectar veículos com a internet móvel, a Qualcomm criou uma área para atender a indústria automotiva. “É uma unidade de negócios que cresce muito”, conta Oyama, revelando parcerias com 18 fabricantes do mercado mundial. Entre elas estão Volkswagen, GM, MercedesBenz, Audi, Toyota e Hyundai.
Flávia Spadafora, responsável pelo setor automotivo na T-Systems Brasil, percebe em 2019 uma demanda maior por soluções de internet das coisas (IoT), principalmente para integração do chão de fábrica. Segundo ela, essa tecnologia e outras como inteligência artificial e big data/analytics estão permeando todo o negócio das montadoras. “Existe uma corrida para que a indústria se torne mais competitiva”, afirma Alexandre Sakai, responsável pelo setor automotivo na Siemens Brasil, que acredita que o programa Rota 2030 incentiva investimentos em novas tecnologias para ganhos de eficiência. “As montadoras não querem ficar para trás e a digitalização é uma possibilidade para mais competitividade”, ressalta Sakai. A Siemens está apoiando o setor nesse desafio com soluções para digitalização, automação,
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Em 2019, o setor automotivo brasileiro está muito focado em conectividade HÉLIO OYAMA, diretor de produtos da Qualcomm Brasil
eletrificação e análises de dados com mais inteligência. Algumas dessas tecnologias integram o projeto de indústria 4.0 da nova fábrica da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), instalada em Goiana (PE), considerada a mais moderna atualmente do grupo europeu.
Robô brasileiro faz primeira venda da Citroën
A
inteligência artificial ganha espaço na indústria automotiva brasileira para impulsionar vendas e fortalecer relacionamento com o consumidor. Exemplo disso foi a atuação do robô Jean, um chatbot ou assistente virtual, baseado nessa tecnologia, responsável pela pré-venda no País do novo SUV C4 Cactus, da Citroën. Criado pela Citroën do Brasil em parceria com a Smarters e BETC/Havas, o chatbot fez parte da estratégia de lançamento do C4 Cactus no País. O assistente virtual atuou no atendimento ao consumidor pelo Messenger do Facebook. Jean seduziu um cliente, que foi levado ao site de vendas da marca, que acabou adquirindo o C4 Cactus. “A Citroën foi a primeira marca, que se tem notícia no mundo, a vender um carro por meio de robô”, comemora Antoine Gaston Breton, diretor de marketing das marcas Peugeot, Citroën e DS do Brasil. “A atuação do robô foi muito boa”, avalia ele, que considerou a tecnologia uma alternativa na comunicação com o consumidor jovem brasileiro, muito conectado e presente nas redes sociais. DIVULGAÇÃO/CITROËN
DIVULGAÇÃO/QUALCOMM BRASIL
Tecnologia da informação
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MARCIO BRUNO
Tendências
As bicicletas da Yellow fazem sucesso em São Paulo
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Nova mobilidade avança no Brasil A chegada – e a popularização – de serviços como o compartilhamento de bicicletas e patinetes pode mostrar como as pessoas vão se locomover no futuro. Qual será o papel das montadoras? Fomos buscar as respostas Wilson Toume
Q
uem vive nas grandes cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte já viu – ou ouviu falar – do serviço de compartilhamento de bicicletas e patinetes, que vem ganhando cada vez mais adeptos. Mas será que isso é uma tendência passageira ou essas novas formas de transporte vieram para ficar? As fabricantes de automóveis instaladas no Brasil podem embarcar nessa onda? Ouvimos especialistas de diversas consultorias para encontrar as respostas a essas (e outras) questões.
Primeiramente, vale explicar que o serviço de compartilhamento de bicicletas e patinetes não pretende ser o meio de transporte principal do cidadão. A Yellow, famosa por suas bicicletas e patinetes amarelas, declarou à revista AB: “Nosso propósito é, a partir de uma condução barata e divertida, oferecer alternativas de transporte, principalmente para as chamadas primeira e última milhas das viagens urbanas”, ou seja, fornecer o veículo com o qual a pessoa pode chegar em casa vindo da estação do metrô, por exemplo, em vez de caminhar. “É normal que os consumidores tenham mais demandas e hábitos a serem atendidos. Há mercado, consumidores e comportamentos para vários modais”, explica a empresa.
Foco no deslocamento Para Marcio Kauffmann, sócio-líder da EY (Ernst Young) para o setor automotivo, a boa receptividade do público a esses novos meios não ocorre à toa. “É preciso investir na jornada de mobilidade, permitir que o cidadão saia de uma estação de trem, desça próximo ao trabalho e complete a viagem usando uma bicicleta, por exemplo.” O executivo lembra que, atualmente, esses meios de transporte
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Tendências
JULIEN IMBERT
desenvolver as chamadas cidades inteligentes, nas quais os veículos podem trocar informações com equipamentos e centrais de trânsito, a fim de proporcionar melhor fluidez e segurança. Veículos podem se conectar entre si e com semáforos para ajustar a abertura e o fechamento dos sinais de acordo com o tráfego. Tudo automaticamente, graças à internet das coisas (IoT, na sigla em inglês).
Novos negócios
Regis Nieto, sócio-líder do Boston Consulting Group (BCG) para a área automotiva no Brasil
têm de ser pagos de maneira distinta. “Por que não integrá-los, por meio de um cartão, por exemplo?” Nesse aspecto, é preciso lembrar do papel do poder público, fundamental não só para garantir a qualidade da infraestrutura, como para
Por que não integrar as diferentes opções de transporte por meio de um só cartão de pagamento, por exemplo?
As informações adquiridas por meio dos equipamentos de conectividade, aliás, representam grande oportunidade de negócios que está sendo pouco considerada, de acordo com Regis Nieto, sócio-líder do Boston Consulting Group (BCG) para a área automotiva no Brasil. “As montadoras, porém, vão ter de rever suas maneiras de operar”, afirma. Para ele, a tendência é que o automóvel passe a ter uso compartilhado na maioria dos casos. “Vai ser preciso expandir as áreas de atuação, já que o atual modelo de negócios, baseado na fabricação, venda e prestação de serviços de manutenção dos automóveis, está com os dias contados.” Andrea Cardoso, executiva e líder da Accenture para a indústria automotiva, acrescenta: “Uma pesquisa feita por nós na Europa mostra que, até 2030, o lucro da venda de carros encolherá e, em contrapartida, a receita de serviços de mobilidade tende a subir. No Brasil, exceto pelo carro autônomo (que ainda está distante de nossa realidade), a tendência é a mesma, o que gera uma
Marcio Kauffmann, sócio-líder da EY para a área automotiva
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Tendências
pressão nas montadoras para que ocupem um espaço além da produção e comercialização de veículos e pósvenda. Elas precisam se reinventar.”
John Simlett, líder da EY para mobilidade do futuro, concorda que a grande mudança já em curso nos setores automotivo e de mobilidade é a disrupção dos negócios baseados na propriedade para outros, fundamentados em serviços. “Quando a principal fonte de receita não é mais o objeto fabricado – o veículo – e sim os serviços fornecidos em torno desse objeto, as metas da organização devem mudar. A inovação torna-se tão importante quanto a eficiência da produção e a questão-chave neste caso é como e com quem eu colaboro para criar os melhores e mais relevantes serviços para o cliente”, afirma. Novos personagens estão surgindo no cenário da mobilidade, com modelos de negócios que não contam com o suporte financeiro das montadoras, muito menos com a experiência na produção de veículos. Alguns desses participantes são (ou estão ligados a) empresas de outras áreas, mas muitas são as pequenas – e criativas – startups. Todos esses personagens representam potenciais parceiros e oportunidades de negócios. Neste contexto, Nieto, do BCG, acredita que as fabricantes de automóveis instaladas no País precisam ganhar autonomia para desenvolver soluções locais, independentemente de suas matrizes no exterior. “As respostas não serão mais globais”, afirma. De acordo com ele, a melhor forma para
STUDIO FABIO NUNES
Revolução em curso
O lucro da venda de carros encolherá e, em contrapartida, a receita de serviços de mobilidade tende a subir Andrea Cardoso, líder da Accenture para a indústria automotiva
encontrar novas soluções é se associar com empresas locais, que conheçam as particularidades e necessidades de cada país ou região. Assim, o Brasil deve acompanhar as mudanças que vão ocorrer em mercados mais avançados, ainda que em velocidade menor. Aproveitar as oportunidades vai depender da capacidade de adaptação e da agilidade das empresas. Sem esquecer, porém, de manter o foco no principal: o consumidor.
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Máquinas agrícolas
Tecnologia já é grande aliada no campo DIVULGAÇÃO / AGCO
Bons recursos se tornaram acessíveis a pequenos produtores e montadoras fazem parcerias para prestar serviços em agricultura de precisão Mário Curcio
A
tecnologia se tornou um grande aliado no agronegócio, ganhando espaço também em equipamentos de menor porte à venda. Recursos antes disponíveis só em máquinas maiores e mais potentes foram estendidos às pequenas. Avança também o uso de suporte tecnológico no campo. Recentemente, a AGCO, fabricante das máquinas Massey Ferguson e Valtra, lançou um pacote de tecnologias chamado Farm Solutions. Elaborado em parceria com empresas especializadas em agricultura de precisão, ele será oferecido nas concessionárias do grupo ao longo do primeiro semestre. Uma das soluções é o software AgroCAD. Desenvolvido pela empresa Tecgraf, ele consegue criar projetos de
Farm Solutions, da AGCO: mapa indica áreas mais férteis (em azul) e pontos que requerem fertilização (em linhas de tráfego que serão executadas vermelho) por máquinas agrícolas dotadas de
piloto automático. O programa ajuda o agricultor a controlar o fluxo das máquinas na propriedade, diminuindo a compactação do solo e melhorando o aproveitamento da área disponível para plantio. Isso evita, por exemplo, a sobreposição das linhas de semeadura. Já a plataforma criada pela parceira InCeres coleta dados e analisa toda a área de cultivo para fornecer uma compreensão melhor da propriedade. A partir da coleta de amostras de solo e imagens de satélite é possível gerar um
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ITO CORNELSEN DIVULGAÇÃO / AGCO
New Holland TL5.80, incluído no Mais Alimentos, tem piloto automático opcional
Soluções da AGCO controlam até o tráfego das máquinas na propriedade
DIVULGAÇÃO / AGCO
mapa de fertilidade da área, permitindo a aplicação, em taxas variáveis, de corretivos e fertilizantes. Isso pode aumentar a produtividade da lavoura de 10% a 15%, além de reduzir o desperdício de sementes e insumos. “Esse pacote de soluções visa a oferecer uma gama de serviços que ajuda a obter maior produtividade,
aliada à otimização de insumos. Dessa forma, é mais simples apresentar ao agricultor o benefício da adoção da tecnologia, pois conseguimos mostrar o impacto direto na cultura trabalhada”, afirma o coordenador de marketing de produto Fuse da AGCO, Diego Lopes. O especialista da New Holland em agricultura para PLM (Precision Land Management), Marco Milan, recorda que colheitadeiras convencionais e consolidadas no mercado agora saem de fábrica com sistema de mapeamento da colheita. “Nós nos preocupamos em disponibilizar tecnologias acessíveis ao pequeno e ao grande produtor. Todos buscam aumentar sua rentabilidade”, diz Milan, recordando que esse é o grande objetivo da agricultura de precisão. A tecnologia também beneficiou as máquinas. Tratores menores e incluídos no programa Mais Alimentos do Governo já contam com piloto automático, item que traz ganho de produtividade e facilita a vida
Diego Lopes, da AGCO: pacote de serviços ajuda a aumentar produtividade
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DIVULGAÇÃO / CASE IH
Máquinas agrícolas
Sílvio Campos, da Case IH: modernização também na agricultura familiar
do operador. “Há cinco anos essa tecnologia era altamente restrita e hoje já está disponível para agricultura familiar”, afirma o diretor de marketing de produto da Case IH, Sílvio Campos. Também nos tratores, o gerente de vendas da Agrale, Adriano Chiarini, cita outro exemplo bem diferente da direção assistida: “A telemetria para acompanhamento, por exemplo, do consumo de combustível, é uma ferramenta muito interessante para controlar custos de produção.” Outros recursos citados foram o sistema APM, da Case IH, capaz de gerenciar a rotação do motor e a marcha engatada. “Com ele se consegue uma redução de até 25% no consumo de combustível”, afirma Campos. Para as colhedoras de cana da Case IH ele cita o Smartcruise, que gerencia o funcionamento do motor, aumentando a eficiência da máquina e reduzindo o consumo.
O piloto automático também traz ganho significativo para as colheitadeiras porque induz as máquinas a utilizar 100% de sua largura de corte, recorda Milan, da New Holland. Lopes, da AGCO, reforça que a tecnologia é mesmo essencial, mas recorda importância de dimensionar o investimento: “Muitas vezes, operações menores exigem tecnologias com melhor custo-benefício em vez das mais recentes, com maior custo de investimento.”
Sem medo do novo Os fabricantes também garantem que o interesse pela inovação tem superado a tecnofobia, como revela Chiarini, da Agrale: “Hoje se encontra no campo um grande interesse pela informação, já que a remuneração por esse profissional mais técnico é sensivelmente maior”, garante o executivo. Lopes, da AGCO, enxerga uma curva gradativa na adoção das novas tecnologias: “Alguns usuários estão no início dessa curva, ou seja, eles adotam as tecnologias assim que são lançadas. Alguns estão no meio e outros, no final. Esses últimos tendem a adotar a tecnologia depois de perceber que todos já estão utilizando e por isso não podem mais deixar de usufruir dos benefícios gerados por ela.”
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o
Anfavea
Rota 2030 é legado para o futuro Pedro Kutney Foto de Luis Prado
ANTONIO MEGALE chega ao fim
de seu mandato na presidência da associação nacional dos fabricantes de veículos, a Anfavea, com uma vitória importante: conseguiu negociar a aprovação do Rota 2030, que dá à indústria visão de longo prazo, com metas e incentivos predefinidos. Megale entrega seu cargo este mês quando o mercado volta a crescer e o setor, a respirar. Mas admite: “O futuro ainda não está escrito.” VOCÊ SE DESPEDE EM ABRIL DA PRESIDÊNCIA DA ANFAVEA, QUE ASSUMIU EM 2016. A APROVAÇÃO DO ROTA 2030 É SEU GRANDE LEGADO? AB
ANTONIO MEGALE – Sem dúvida. O
Rota 2030 foi o projeto que mais demandou tempo. As negociações duraram dois anos. Tivemos 120 reuniões em Brasília envolvendo todos os representantes do setor (montadoras, autopeças, fornecedores em geral, sindicatos...). Foi um grande exercício e uma grande vitória. Fizemos um programa que trouxe mais previsibilidade, organização e visão de longo prazo para a indústria. Agora as empresas sabem quais são
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as metas de eficiência energética que deverão cumprir em 2022, sabem quais equipamentos de segurança deverão ser introduzidos nos próximos anos. Isso é muito bom para quem investe no País, vai desenhar um produto novo, projetar o futuro. POR QUE FOI TÃO DIFÍCIL APROVAR AB O NOVO PROGRAMA?
os outros bilhões em novas fábricas e ampliações... No Rota 2030 o incentivo é menor. Para todas as empresas conseguirem R$ 1 bilhão para pesquisa e desenvolvimento, elas terão de investir R$ 10 bilhões por ano. AS PESSOAS ESTÃO ENVENENADAS CONTRA A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA? AB
ANTONIO MEGALE – Um dos motivos
ANTONIO MEGALE – Entendo que
foram as mudanças de governo. Em minha gestão de três anos na Anfavea tivemos três presidentes da República. É algo inédito. Toda vez que se muda o presidente, muda a equipe e leva tempo para começar de novo, explicar o programa... O setor automotivo estava saindo do Inovar Auto, que trouxe grande inovação tecnológica e melhoria de eficiência energética, mas foi questionado pela OMC. Por isso o governo precisou tomar cuidados com o projeto posterior. Havia dúvidas sobre os tipos de apoio que o governo poderia dar. A equipe econômica teve bastante trabalho na discussão de qual seria esse apoio.
houve muito mais uma falta de conhecimento do Rota 2030. Quando se entra no programa e vê sua característica de regulamentação, de organização do setor, o apoio a pesquisa e desenvolvimento que ele tem e a geração de recursos para financiar o desenvolvimento de autopeças, conclui-se que o programa é bastante razoável e essas críticas diminuem ou desaparecem. QUAL FOI O PRINCIPAL DESAFIO DO SETOR ATÉ AQUI E QUAIS SERÃO OS DESAFIOS DA ANFAVEA DAQUI POR DIANTE? AB
ANTONIO MEGALE – O principal desafio O SETOR VEM SENDO CONSTANTEMENTE ACUSADO DE RECEBER INCENTIVOS FISCAIS BILIONÁRIOS QUE PROVOCAM ROMBOS NAS CONTAS PÚBLICAS. COMO RESPONDE A ESSE TIPO DE CRÍTICA? AB
ANTONIO MEGALE – Com muita
tranquilidade. No Inovar Auto, o setor teve apoio de R$ 7,5 bilhões [em incentivos] em cinco anos. Mas para isso investiu mais de R$ 25 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. Fora
que tivemos foi a instabilidade do País, que tem capacidade instalada para fazer 4,5 milhões a 5 milhões de veículos/ano. Enfrentamos uma situação difícil, com mercado de 2 milhões de veículos. Ao mesmo tempo, trabalhamos na construção de um regime automotivo moderno, ágil, para trazer competitividade. Para o futuro, temos de entender a nova sociedade e criar a nova indústria automobilística que se apresenta. Esse futuro não está escrito.
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Sindipeças
Autopeças brasileiras
Pedro Kutney
DAN IOSCHPE foi reeleito para seu
FOTOS: LUIS PRADO
saem mais fortes da crise segundo mandato na presidência do Sindipeças em momento que o setor está voltando a crescer pelo terceiro ano seguido, com faturamento que em 2018 chegou a quase R$ 100 bilhões, em alta de 14% sobre 2017. Depois de enfrentar a forte crise econômica e a redução drástica dos pedidos, Ioschpe avalia que a indústria brasileira de autopeças está mais forte, mais internacionalizada e mais bem preparada para enfrentar o futuro disruptivo. QUAIS SÃO AS POTENCIALIDADES E ESPECIALIDADES QUE PODEM INSERIR A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE AUTOPEÇAS NO UNIVERSO GLOBAL PARA FORNECER A FABRICANTES QUE PRODUZEM 96 MILHÕES DE VEÍCULOS POR ANO? AB
DAN IOSCHPE – Nosso primeiro
desafio é a América Latina, do México para baixo, uma zona de influência
Ouça a entrevista completa de DAN IOSCHPE ao jornalista Pedro Kutney no AB Cast. Você pode baixar o podcast de Automotive Business no portal www.automotivebusiness.com.br ou no seu agregador preferido.
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Sindipeças
de cerca de 6,5 milhões de veículos/ano, que nos candidata a ser um player global importante. O Brasil pode ter domínio maior sobre o mercado latino-americano porque tem cadeia industrial verticalizada, com produção de matériasprimas, componentes e produtos finais. É um diferencial em relação a qualquer outro país da região. Também defendemos o acordo com a União Europeia, que nos traz riscos e oportunidades de participar de um mercado que hoje é cinco vezes maior que o brasileiro e que vai acelerar a nossa competitividade. NESSES ANOS DE CRISE ECONÔMICA HOUVE DESTRUIÇÃO DE CAPITAL HUMANO E DE ATIVOS DA INDÚSTRIA. O SETOR AINDA TEM CAPACIDADE DE DESENVOLVER INOVAÇÃO? AB
DAN IOSCHPE – Eu tenho uma opinião
diversa. Vejo grande resiliência no setor. Há três anos, a aposta de grande parte das pessoas era de que não haveria sobrevivência naquele grau de crise. O que estamos vendo é um pouco o contrário. O próprio Sindipeças é uma boa demonstração disso: vimos número crescente de associados nos últimos três anos (voltou à faixa de 500 empresas) e a diversidade está aumentando, com inserção de empresas que antes não produziam autopeças – como
os fornecedores de sistemas de infotainment. Por isso sigo com a crença de que o setor está andando razoavelmente bem, não é gargalo na atividade da indústria automotiva no Brasil.
NOS PRÓXIMOS TRÊS ANOS DA SUA SEGUNDA GESTÃO À FRENTE DO SINDIPEÇAS, OS DESAFIOS CONTINUARÃO SENDO OS MESMOS OU SURGIRÃO NOVOS? AB
DAN IOSCHPE – Os desafios vão se
renovando. Temos de trilhar o caminho da inserção competitiva, tanto para ingressar mais no mundo como para aumentar o grau de participação em nossa região. O que vem se acelerando são os desafios da modernidade, as rupturas e as possibilidades que cada vez mais a tecnologia vem trazendo. A inovação, que sempre foi e será fundamental para o setor, hoje tem relevância ainda maior. Isso inclui mudanças na arquitetura de veículos, eletrificação, como os carros serão usados e, portanto, suas autopeças e como elas serão produzidas. Envolve também a manufatura 4.0, a digitalização que altera sobremaneira as possibilidades dentro dos processos e das formas de trabalho. Encaramos isso com positividade, como um capítulo que traz oportunidades e riscos. O nosso dever é tentar fomentar o melhor ingresso possível do setor em todos esses temas.
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Distribuição
Pablo Di Si comemora a viabilidade de lojas de 90 m² com apenas um carro dentro
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Estruturas digitalizadas permitem pontos de venda menores e mais rentáveis
ROGÉRIO VIEIRA
Concessionárias começam a viver nova fase Giovanna Riato, Mário Curcio e Pedro Kutney
F
iat e Volkswagen já adotam em seu modelo de negócios concessionárias digitalizadas, que aproveitam a tecnologia para mostrar os carros de maneira virtual. O recurso é uma alternativa à venda 100% digital, pela internet, e cria a possibilidade de pontos menores e com investimento mais baixo. A Fiat Amazonas inaugurou na Av. Pacaembu (na cidade de São Paulo) uma revenda com apenas 300 m², dotada de telas sensíveis ao toque para configurar os veículos e óculos 3D para explorá-los por dentro e por fora. O novo modelo de negócio permite a redução de cerca de R$ 2,5 milhões para R$ 700 mil o aporte inicial. Amazonas da Av. Pacaembu tem só 300 m², mas pode vender até 100 carros/mês
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Distribuição
VW e sua ilha digital A Volkswagen passou a oferecer ilhas digitais para a rede. Elas são formadas por uma tela sensível ao toque (que mostra os veículos, configurações e preços), um computador apropriado, óculos de realidade virtual e mobiliário. O investimento de R$ 28 mil na estrutura é relativamente baixo perto dos gastos que os distribuidores normalmente têm. Segundo Fábio Rabelo, head de digitalização da Volkswagen, a intenção é aplicar a novidade até o fim do ano em 100 concessionárias da América Latina. “Agora poderemos ter lojas de 90 m², com a ilha digital e apenas um carro em exposição”, afirma o presidente e CEO da VW para a América Latina, Pablo Di Si. Com isso a tendência é
que a marca amplie sua capilaridade a partir de lojas menores em shopping centers, por exemplo, concentrando o atendimento de manutenção e garantia em pontos maiores. J.R. Caporal, presidente da plataforma de venda de seminovos AutoAvaliar, recorda que os serviços de oficina são a única barreira quando se pensa nesse modelo de concessionária: “A venda de novos, seminovos e peças pode ser toda realizada via internet.” Caporal também ressalta a viabilidade de utilizar as estruturas digitalizadas em pequenos espaços nos aeroportos e shopping centers: “É mesmo possível e certamente vai acontecer”, diz. De acordo com dados da AutoAvaliar, durante o ano de 2018 somente a venda de usados via internet gerou R$ 245 milhões de lucro para os concessionários. Esse valor foi 42% mais alto que o registrado em 2017.
ROGÉRIO VIEIRA
O custo operacional equivale a 30% ou 40% daquele de uma concessionária tradicional. A nova loja tem só três veículos Fiat no showroom, Toro, Argo e Cronos. O espaço também tem atendentes e carros para testdrive. Segundo estudo da FCA Fiat Chrysler, o potencial de vendas é de 60 a 100 carros por mês, semelhante ao de uma revenda normal. “A intenção é oferecer uma opção a mais de negócio ao concessionário. Não há substituições de uma loja por outra. Todas as concessionárias digitais serão de grupos já estabelecidos, com estrutura de pós-venda e oficina nos outros pontos já abertos”, afirma o diretor de desenvolvimento de rede da FCA, Tai Kawasaki. Até o fim de 2019 a FCA quer adotar espaços digitalizados em 110 revendas já existentes.
Tela sensível ao toque permite conhecer melhor os carros
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Excelência e Inovação
Conheça os finalistas do Prêmio REI 2019 J
á são conhecidos os finalistas do Prêmio REI 2019 – Reconhecimento à Excelência e Inovação em suas 14 categorias. O prêmio reconhece as iniciativas mais importantes na indústria automobilística e no setor da mobilidade, abrangendo aspectos relacionados a produto, tecnologia, distribuição, máquinas agrícolas, logística e manufatura. Os quatro melhores cases de cada categoria, selecionados por Automotive Business com a colaboração de um júri, serão levados à etapa final, na qual os leitores de Automotive Business e os participantes do evento #ABX2019 votarão para apontar os vencedores. Essa etapa da eleição teve início dia 8 de abril. Os vencedores receberão os troféus no mês de junho, em evento especial para essa finalidade. A descrição dos cases pode ser consultada em www.premiorei.com.br. Confira adiante os 56 finalistas.
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1. Montadora TOYOTA O melhor desempenho em 60 anos no Brasil VW CAMINHÕES E ÔNIBUS Performance que ficará na história VOLKSWAGEN O maior ciclo de lançamentos da indústria no Brasil MERCEDES-BENZ Salto tecnológico em 2018
4. Liderança de fornecedor AETHRA Pietro Sportelli, presidente IOCHPE MAXION Marcos de Oliveira, presidente e CEO RANDON David Randon, presidente BOSCH Besaliel Botelho, presidente
2. Fornecedores AETHRA Inovações para ficar à frente do mercado MWM MOTORES Gerenciamento da cadeia de suprimentos e atendimento ao cliente SABÓ Revolução no mercado com juntas em processo de nanotecnologia USIMINAS Aços de alta resistência para suspensão de veículos automotivos
3. Liderança de montadoras CAOA MONTADORA DE VEÍCULOS Carlos Alberto de Oliveira Andrade e quatro décadas de sucesso MERCEDES-BENZ Philipp Schiemer – o líder da transformação da Mercedes-Benz do Brasil VOLKSWAGEN Pablo Di Si e a missão de revolucionar a VW no Brasil VW CAMINHÕES E ÔNIBUS Roberto Cortes – protagonismo para o Brasil
5. Veículos de passageiros CAOA CHERY 5X CAOA CHERY 7 CITROËN C4 CACTUS TOYOTA YARIS
6. Automóveis Premium MERCEDES-BENZ CLASSE A MERCEDES-BENZ CLASSE C 200 EQ BOOST VW TIGUAN ALLSPACE VOLVO XC40
7. Veículos comerciais leves CITROËN JUMPY MINIBUS NISSAN FRONTIER PEUGEOT EXPERT MINIBUS VOLKSWAGEN AMAROK V6
8. Veículos pesados AXOR 3131 CANAVIEIRO AUTÔNOMO NOVA GERAÇÃO SCANIA VW DELIVERY 9.170 VOLVO VM CANAVIEIRO AUTÔNOMO
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Excelência e Inovação
9. Inovação tecnológica BOSCH Industria 4.0 - Smart Retrofit TOYOTA Tecnologia híbrida flex – pioneirismo global VOLKSWAGEN CAMINHÕES E ÔNIBUS Volksbus E-Flex ZF DO BRASIL Transmissão automatizada made in Brazil
10. Inovação de startups EATON Investimentos em startups no Brasil MERCEDES-BENZ E TRUCKPAD Acesso a uma enorme base de dados sobre caminhões TOYOTA Projeto Bynd – startup vencedora do desafio Inovemob NISSAN Inovação no atendimento ao cliente com a inteligência artificial Laura
11. Inovação em distribuição FCA Concessionária digital Fiat MERCEDES-BENZ Mercado de peças Mercedes-Benz MERITOR E MWM Aliança estratégica VOLKSWAGEN Concessionária digital, uma nova forma de vender e comprar carros
12. Inovação em mobilidade BMW Marca atinge 110 pontos de carregamento e lidera infraestrutura de carros elétricos no País SBCTRANS A empresa lançou o “Partiu SBC”, aplicativo com inédito serviço de acessibilidade para cadeirantes e deficientes visuais NISSAN O programa Nissan Intelligent Mobility promove ações e tecnologias, além da preparação do Leaf TOYOTA Empresa lança projeto de compartilhamento de carros da marca em parceria com a MoObie
13. Inovação em gestão BASF Transformação digital como estratégia CAOA Com quatro lançamentos em menos de um ano, Caoa Chery impulsiona resultados MERCEDES-BENZ 10 mil colaboradores dão ouvidos aos clientes na Mercedes-Benz VOLKSWAGEN Tecnologia do carro aplicada ao RH da VW: inteligência artificial na comunicação com empregados
14. Sustentabilidade e responsabilidade socioambiental BOSCH Autossuficiência no abastecimento de água industrial CUMMINS Tecnologia Cummins a favor da sustentabilidade TOYOTA Projeto Águas da Mantiqueira da Fundação Toyota do Brasil ZF Produção de embreagens limpa e inteligente
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Evento
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Novos caminhos para fomentar negócios Automotive Business Experience traz conteúdo de alto impacto e estimula o relacionamento no setor automotivo
Visão da arena do #ABX19, com destaque para o palco principal
PERSPECTIVA ARTÍSTICA / PEDRO GODINHO
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om o avanço da transformação digital, o setor automotivo está exposto a novas influências – e a novas ameaças. As empresas da indústria passam a notar as suas antigas fórmulas perdendo o efeito e a enfrentar barreiras para fomentar negócios e atrair o consumidor. A boa notícia é que, por outro lado, há um espaço imenso para o estabelecimento de modelos mais atuais e eficientes. É justamente nessa discussão que vai se concentrar o Automotive Business Experience, #ABX19, que ocorre no dia 27 de maio.
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Evento
Um novo marco
Será o evento de mais alto impacto já realizado nas mais de duas décadas da história de Automotive Business, para 2 mil lideranças do setor automotivo e de todo o ecossistema que compõe esta cadeia de valor. Como uma plataforma de conteúdo voltada a informar e dar ferramentas a quem atua nesta indústria, Automotive Business assume a responsabilidade de colocar as discussões mais importantes sobre a mesa e convoca os profissionais do segmento a construir novas respostas. Afinal, a criação coletiva tem potencial para levar o setor mais longe. Entre os quase 120 palestrantes do #ABX19 há profissionais das 20 principais consultorias com atuação no Brasil, incluindo Accenture, PwC e BCG. Esse time de especialistas vai estar nos seis palcos do evento disposto a entregar respostas aos problemas mais atuais do setor automotivo. Uma plataforma digital inédita vai fomentar o networking ao permitir o agendamento de reuniões entre os participantes do evento, como uma rede social voltada à geração de negócios.
Lounge de rodadas de negócio e relacionamento
Ao criar o #ABX19, Automotive Business tem a meta de estabelecer um novo marco para o setor automotivo, um encontro que permita aos participantes recalibrar as perspectivas, entender o cenário e, a partir daí, balizar a estratégia para atuar com sucesso na indústria. É ambicioso, mas o caminho é sonhar grande e trabalhar para realizar algo realmente relevante. O evento será recheado de conteúdo exclusivo: será mostrado lá o resultado de seis estudos absolutamente inéditos para gerar conhecimento sobre a indústria automotiva. Três deles serão realizados em parceria com a Reed Exhibitions, abordando o segmento de autopeças, a expectativa de compras de caminhões e, ainda, as perspectivas para o futuro do Salão do Automóvel. Ao lado da Pieracciani Consultoria, será apresentado ainda o Índice de Preparação das Empresas para o Rota 2030, que vai mostrar o nível de prontidão das organizações para o programa. Já com o Cesar, Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, o plano é mostrar o Índice de Transformação Digital do setor automotivo. O material será resultado de um levantamento inédito.
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Fragilidade dos pequenos e médios fabricantes de autopeças ameaça a cadeia automotiva
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Paulo Cardamone, diretor da Bright Consulting
Sem ajustes nas regras ainda em aberto do Rota 2030, o setor pode ficar cada vez mais dependente de componentes importados
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programa Rota 2030, aprovado pelo governo federal em dezembro, atendeu a uma série de demandas das montadoras e dos grandes sistemistas, que terão incentivos caso invistam em pesquisa e desenvolvimento. Mas os pequenos e médios fabricantes de autopeças (Tiers 2 e 3), a parte mais frágil da cadeia automotiva, ainda não têm muito o que comemorar, em razão das profundas transformações que estão impactando o setor em nível global, e que já afetam o Brasil. A baixa competitividade em um ambiente de exigências crescentes levou boa parte das empresas nacionais da cadeia de suprimentos a dificuldades financeiras e tecnológicas. Alguns cenários preocupantes para o setor de autopeças chamam a atenção no estudo
Automotive Brazil 2030, que acaba de ser publicado, numa parceria da Bright Consulting com a Neocom Inteligência Aplicada, após ouvir centenas de executivos do setor. Um dos cenários mais prováveis aponta que, dos atuais 350 fabricantes pequenos e médios de autopeças, menos de 100 devem sobreviver até o fim da próxima década. Isso aumenta a dependência de componentes importados e pode levar a um processo de “CKDização” dos carros nacionais, prejudicando até os grandes sistemistas. O novo consumidor conectado (geração centennial), adepto da economia do compartilhamento, passou a exigir um conteúdo cada vez maior de tecnologias embarcadas nos veículos nos últimos anos, influenciando inclusive a mudança no mix de vendas. Um dos reflexos mais evidentes é o crescimento acelerado da participação dos SUVs no Brasil e dos itens de conectividade. Na mesma direção, a regulação de segurança veicular, emissões e eficiência
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energética inserida no Programa Rota 2030 requer uma adição de conteúdo tecnológico ainda maior nos veículos no primeiro ciclo do programa, que vai até 2022. Geralmente são itens eletrônicos e de alta tecnologia que precisam ser importados. Esses movimentos vão requerer consideráveis investimentos em tecnologia de desenvolvimento e em melhorias do processo produtivo, o que vai aumentar ainda mais a fragilidade deste segmento da indústria. Em geral, as empresas Tier 2 e 3 não têm condições de acompanhar a evolução por falta de gestão profissional, baixa capitalização (agravada durante os anos de crise) e grande restrição das fontes de tecnologia. Não bastasse tudo isso, essas empresas sofrem com o planejamento de produção, por causa da falta de programação adequada de compras por parte dos elos superiores da cadeia. Além disso, elas têm dificuldades extremas para repassar aumentos de custos às montadoras e Tiers 1, inclusive os relacionados à mão de obra e matériaprima, que chegam a representar mais de 50% de seu custo de produção. O resultado da situação particular dessas empresas de autopeças no Brasil, aliado ao alto grau de incerteza com relação a tendências como eletrificação e automação, tende a desacelerar os investimentos no País. Dessa forma, haverá aumento da importação de componentes por parte das montadoras e dos grandes sistemistas multinacionais (Tiers 1) no médio prazo. Essa tendência não só vai agravar
Pequenos e médios, Tiers 2 e 3 não têm muito a celebrar com o Rota 2030
a posição competitiva dos pequenos e médios fabricantes, como também aumentar o déficit da balança comercial de autopeças, amplificando o risco de sobrevivência desses players nos próximos cinco anos. Em 2018, o volume de US$ 14 bilhões de importações de autopeças já representou mais da metade da indústria de autopeças, descontadas as exportações, e gerou um déficit na balança de componentes de US$ 5,6 bilhões. O início do livre comércio de veículos leves entre Brasil e México em 19 de março, com uma série de impactos a serem aferidos, coloca ainda mais pressão sobre os pequenos e médios produtores de componentes. No longo prazo, esse processo de “CKDização” da produção no Brasil traz um risco adicional para os próprios sistemistas e para a produção de veículos completos no Brasil. Suporte ao suprimento de eletrônicos, sensores de precisão, ECUs e conformação de novos materiais estão entre mais de 50 áreas críticas e necessárias à adição de tecnologia nos futuros veículos produzidos no Brasil, identificadas pela consultoria. Uma das soluções seria direcionar para essas empresas parte dos recursos gerados pelo não pagamento dos 2% de imposto sobre peças importadas sem similar nacional (ex-tarifário). Essa é uma das poucas regulamentações do Rota 2030 que ainda precisam ser definidas pelo governo federal e, se aplicada para alavancar áreas ainda possíveis de serem reorganizadas, pode ser a salvação dessas empresas e, por tabela, de toda a cadeia de suprimentos.
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Premiação
Caoa aumenta número de fornecedores e premia os melhores de 2018 Montadora reduz ritmo de nacionalização; compras somam R$ 2,9 bilhões em 2019 Pedro Kutney
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DIVULGAÇÃO / CAOA
pesar das dificuldades em nacionalizar componentes, o diretor de compras do Grupo Caoa, Ivan Witt, afirma que deve “gratidão” aos fornecedores nacionais: “Sempre nos trataram da mesma forma de
quem compra em grande escala.” Foi o que o executivo disse aos convidados presentes na cerimônia da terceira edição do Prêmio Melhores Fornecedores Caoa. Este ano a premiação foi adaptada ao novo momento da empresa. Os fornecedores foram divididos em três categorias: fornecimento para a Caoa Montadora (que faz os modelos Hyundai em Anápolis), Caoa Chery (em Jacareí e Anápolis) e Pós-Venda – esta categoria para os que fornecem peças, insumos e serviços às 130 concessionárias Ford, Hyundai, Caoa Chery e Subaru do grupo, que em 2018 representaram compras de R$ 895 milhões. Com base em avaliações de qualidade, redução de custos e pontualidade de entrega durante 2018, este ano o Grupo Caoa premiou 12 fornecedores,
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um da operação de concessionárias, seis da operação Caoa Chery em seis subcategorias (incluindo “O Melhor do Ano”) e seis da Caoa Montadora (Hyundai) nas mesmas seis categorias.
Avanço de compras em 2019 As compras de componentes utilizados na produção de modelos Hyundai e Chery do Grupo Caoa em Anápolis (GO) e Jacareí (SP) estão orçadas em R$ 2,9 bilhões em 2019, mais que o dobro do orçamento de R$ 1,3 bilhão em 2018. A consolidação das operações da Caoa Chery, com quatro novos veículos lançados em menos de um ano, fez a conta crescer e o número de
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fornecedores nacionais aumentar de 92 para 101, mas o ritmo de nacionalização foi reduzido com o fim das obrigações impostas pela legislação do Inovar-Auto (encerrado em 2017) e maior volume de importações da China para montar os Chery no Brasil. Ivan Witt, diretor de compras e RH do Grupo Caoa, avalia que os índices de nacionalização vão continuar subindo nos próximos anos, “mas em ritmo menos acentuado porque não existem mais as obrigações do Inovar-Auto”, explica.
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Premiação
Vencedores do Prêmio Melhores Fornecedores Caoa 2018 PÓS-VENDA CAOA • Excelência em padrões operacionais de pós-venda AUTOWARE Empresa responsável pela construção do portal de atendimento das concessionárias Caoa, Caoa Chery e Subaru CAOA MONTADORA (HYUNDAI) • Melhor fornecedor do ano MICHELIN Pneus para Hyundai ix35, New Tucson e Caoa Chery Tiggo 5x e Tiggo 7 • Qualidade em fornecimento AXALTA COATING Tintas automotivas e derivados químicos • Inovação em custos HUMAX Sistema multimídia para Hyundai ix35 e New Tucson • Compras indiretas – material DCCO DISTRIBUIDORA CUMMINS Peças para manutenção de geradores da fábrica de Anápolis • Compras indiretas – serviços AON CORRETORES DE SEGUROS Gerenciamento de riscos, corretagem de seguros e soluções para recursos humanos e administração de planos médicos
• Compras indiretas – inovação Z 515 PROPAGANDA Agência responsável por ações de marketing da Caoa na mídia CAOA CHERY • Melhor fornecedor do ano BOSCH Desenvolvedor do sistema flex fuel dos novos Caoa Chery • Qualidade em fornecimento MOURA Baterias automotivas • Inovação em custos APTIV Chicotes elétricos • Compras indiretas – material BETA EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA Equipamentos de proteção individual • Compras indiretas – serviços ENGEKO Serviços de construção civil e manutenção • Compras indiretas – inovação ENGESEG VIGILÂNCIA COMPUTADORIZADA Serviços de segurança e monitoramento eletrônico da fábrica
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DIVULGAÇÃO / HYUNDAI
Premiação
Hyundai reconhece melhores parceiros em Piracicaba Cerimônia ocorreu durante seminário anual promovido pela montadora sul-coreana
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Hyundai Motor Brasil reconheceu os melhores parceiros no fornecimento de serviços e peças durante 2018 com o prêmio “Fornecedores do Ano Hyundai”. A premiação ocorreu durante o seminário anual promovido pela montadora sulcoreana em Piracicaba (SP), onde são produzidos os modelos HB20 hatch e sedã e Creta. Cada fornecedor foi avaliado em diferentes quesitos, considerando os esforços para colocar em prática medidas inteligentes com foco na redução de custos e melhoria na qualidade dos produtos e serviços prestados. “A premiação reconhece a inovação e a eficiência, estimulando toda a cadeia de suprimentos a estar mais bem preparada”, afirma o presidente da Hyundai Motor Brasil, Eduardo Jin. O evento ocorreu dentro do complexo histórico do Engenho Central de Piracicaba e contou com mais de 250 representantes de fornecedores e empresas parceiras, além dos principais executivos da Hyundai. A programação incluiu ainda o debate “Indústria 4.0 e Integração da
Vencedores em cinco categorias SERVIÇOS DE COMÉRCIO EXTERIOR AURORA TERMINAIS – Serviços aduaneiros COMPRAS GERAIS DIRETAS DOW BRASIL – Químicos COMPRAS GERAIS INDIRETAS RIO VERDE ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES – Construção EXCELÊNCIA NA GESTÃO DA QUALIDADE GOODYEAR DO BRASIL – Pneus MANDO CORPORATION – Componentes automotivos INOVAÇÃO NA GESTÃO DE CUSTOS FAURECIA EMISSIONS CONTROL – Componentes automotivos MOBIS BRASIL – Componentes automotivos
Cadeia de Suprimentos”, seguido de um fórum executivo com a participação da diretoria da montadora e de representantes dos fornecedores.
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Premiação
Toyota destaca os melhores fornecedores de Brasil e Argentina 52 empresas foram reconhecidas pelo desempenho em 2018
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Toyota realizou recentemente o 1o Toyota Latin America and Caribbean (TLAC) Suppliers Conference, premiação dos melhores fornecedores da empresa no Brasil e na Argentina que pela primeira vez adota este nome como parte do processo de regionalização que a empresa promove em toda a América Latina. A fabricante já realizava o reconhecimento há 17 anos no Brasil, que eventualmente também premiou fornecedores argentinos. Desta vez, duas empresas, uma de cada país, foram escolhidas como as melhores do ano que registraram os melhores desempenhos em qualidade, logística e custos: no Brasil a indicada foi a Yazaki e do lado argentino a vencedora foi a Toyota Boshoku. O evento foi realizado em Buenos Aires, capital argentina, onde foram reveladas as empresas que atingiram metas e superaram expectativas da montadora com relação aos serviços
e produtos entregues em 2018. No total, 52 fornecedores, entre brasileiros e argentinos, receberam uma placa atestando seu grau de excelência máxima em cinco categorias: Qualidade, Logística, Custo, Segurança e Meio Ambiente. A cerimônia também foi a última de Steve St. Angelo como CEO da Toyota América Latina e Caribe e chairman da Toyota do Brasil, Argentina e Venezuela. O evento contou com a presença de seu sucessor, Masahiro Inoue, que assumiu o cargo de CEO da região no último dia 1o. Também estiveram presentes na cerimônia Tatsushi Murao, gerente geral de compras da Toyota Motor Corporation, Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, Daniel Herrero, presidente da Toyota Argentina, e Celso Simomura, regional officer de compras e R&D da Toyota América Latina e Caribe, entre outros executivos da fabricante.
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Masahiro Inoue, novo CEO da Toyota para América Latina e Caribe; Steve St. Angelo, ex-CEO da Toyota para a região; Lázaro Figueiredo, presidente da Yazaki Brasil; Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil; e Daniel Herrero, presidente da Toyota Argentina
Os premiados pela Toyota QUALIDADE BRASIL: Adient, Aisin, Basf, Casco, Cobra, Denso, Federal Mogul, GKN, Panasonic, Regali Fundição, Resil, SNR, Stanley e TPR ARGENTINA: CGR, Dietech, Inergy, Pirelli, PPG, Stilo, Sumitomo e Ventalum LOGÍSTICA BRASIL: Basf, Bosal, Denso, Dunlop, GDBR, G-KTB, Maxion Wheels, P. Omnium, Regali, Sanko, SNR, TPR e ZF ARGENTINA: Allevard, Brembo, Bridgestone, Dietech, Ferrosider, Fric Rot, Iatec, Intexar, JTEKT, Plimer, Siderar, TTA, Ventalum, Yazaki Argentina e Yazaki Uruguai
REDUÇÃO DE CUSTOS BRASIL: Advics, Aptiv, Denso, GDBR e U-Shin ARGENTINA: Allevard, Fric Rot, Iatec, Spicer e Stilo MEIO AMBIENTE BRASIL: Yazaki ARGENTINA: Maro e Toyota Boshoku SEGURANÇA BRASIL: KYB ARGENTINA: Metalsa
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Liderança
WAGNER MENEZES
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Driblar os desafios: rotina dos líderes Sueli Reis
ma das definições do dicionário para a palavra desafio é luta. Na vida corporativa, ela é uma constante e traçar estratégias é fundamental para lidar com essa rotina. Gustavo Bonini, diretor de relações governamentais da Scania, aponta alguns possíveis caminhos para superar essa batalha diária. “São vários os aspectos, mas destacaria dois: primeiro, entender o dia a dia operacional e os desafios que cada um dos seus liderados está enfrentando. É essencial. Só assim um líder consegue agregar valor e mostrar o trabalho que deve ser feito, colocar toda a equipe em foco para superar ‘as lutas’ e atingir os resultados. Ter essa sintonia é muito importante”, reforça. No segundo aspecto, manter-se atualizado e conectado com as pessoas e com o mundo também é fundamental e isso vale para todos os profissionais em diferentes níveis e carreiras. “Não há dificuldade de acesso à informação, mas fazer uma boa escolha do que se vai consumir e priorizar é um desafio muito grande e um líder precisa fazer isso muito bem. Isso inclui selecionar as informações relevantes para sua liderança, empresa e equipe. Conectividade e redes sociais vieram para somar, mas de forma alguma isso substitui o olho no olho. Essa facilidade de comunicação ajuda muito, mas em alguns casos o olho no olho ainda faz a diferença.”
Gustavo Bonini: “Entender os desafios que cada um dos liderados está enfrentando é essencial.” 70 • AutomotiveBUSINESS
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ANGEL JAVIER MARTINEZ A Hyundai cria o cargo de vice-presidente no Brasil, que passa a ser ocupado por ANGEL JAVIER MARTINEZ. O executivo, que ingressou na empresa em novembro de 2016 como diretor executivo de vendas e marketing, será responsável pelas áreas de vendas, pósvendas, relações públicas e logística.
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EXECUTIVOS
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LUIS REZENDE
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A Volvo Cars unifica suas operações na América Latina com a criação de uma nova estrutura de administração para gerir a região. Seu líder é o atual presidente da marca no Brasil, LUIS REZENDE, que também passa a integrar a equipe executiva de gerenciamento da região Américas, que inclui Estados Unidos e Canadá.
é o novo chairman da Nissan América Latina, sucedendo a José Luis Valls, recentemente nomeado chairman da empresa na América do Norte. Rodríguez continuará sediado no México, onde já estava desde 2017 quando deixou a Ford Brasil e foi contratado como vice-presidente de marketing e vendas da divisão latinoamericana da montadora japonesa.
DANIEL (esq.) e DAVID RANDON O vicepresidente das Empresas Randon, DANIEL RANDON, sucede ao irmão David como presidente da organização a partir de maio. Por sua vez, DAVID RANDON, que está na função de presidente há dez anos, assume a presidência do conselho de administração. Para ocupar a vice-presidência do conselho a empresa indicou Alexandre Randon.
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COLABORAÇÃO
Toyota abre patentes de tecnologias para carros eletrificados
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Toyota liberou 23,7 mil patentes (incluindo algumas aplicações pendentes) de tecnologias relacionadas à eletrificação de veículos desenvolvidas ao longo de mais de 20 anos. Estas licenças serão oferecidas com isenção de royalties até o fim de 2030. Com a iniciativa, a companhia pretende colaborar com a criação de um ecossistema de veículos elétricos, fomentando a adoção da tecnologia nos próximos anos. Mediante taxas, a empresa também se compromete e oferecer suporte técnico a outras fabricantes.
NOVO FORMATO
Ouça o 1o podcast sobre negócios automotivos
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utomotive Business estreou a primeira temporada do AB Cast, o primeiro podcast dedicado a discutir negócios, tendências e o horizonte da indústria automotiva e de mobilidade. Toda semana tem episódio novo no ar. Dá para escutar o programa direto no navegador, pelo Portal AB ou no celular, nos principais agregadores de podcasts, como Spotify e iTunes. Neste caso, basta sincronizar o programa e dar o play para ouvir onde quiser.
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TECNOLOGIA
Futuro das fábricas é digital
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squeça o trabalho braçal, as máquinas paradas por defeitos inesperados e a produção completamente massificada, sem nenhuma individualização. As fábricas digitais são diferentes. É isso o que mostrou a Hannover Messe, maior feira de tecnologia industrial do mundo, que ocorreu em abril na cidade alemã. O evento já está na melhor idade: começou há 72 anos, com a primeira edição realizada em 1947 como um empurrão para reerguer o combalido país no pós-guerra. A discussão da feira, no entanto, não poderia ser mais atual. O debate é sobre como criar novos modelos de negócio para companhias que historicamente sempre ofereceram máquinasferramenta ou soluções analógicas e de que forma entregar respostas com mais valor aos clientes. “Hoje falamos aqui sobre como as empresas vão atuar neste novo momento, como vão conectar o chão de fábrica à nuvem de dados e gerar receitas não só com a venda de bens, mas com serviços por assinatura”, conta José Borges Frias Júnior, diretor de estratégia da Siemens no Brasil. Como defende a empresa, para uma organização implementar a transformação digital plenamente, é preciso passar por quatro etapas essenciais: conectar as operações, monitorar todas elas, analisar e predizer e, por fim, detectar novas oportunidades e criar modelos de negócio para aproveitá-las. (Giovanna Riato)
RECUPERAÇÃO
Caminhões estão de volta ao nível pré-crise
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mercado de caminhões volta ao nível pré-crise ao registrar seu melhor primeiro trimestre em volume de vendas desde 2014, segundo dados da Anfavea, associação das fabricantes. Com 21,5 mil unidades emplacadas no acumulado de janeiro a março, o volume representou crescimento expressivo de 47,7% sobre iguais meses do ano passado, quando o setor licenciou 14,5 mil caminhões. (Sueli Reis)
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Pílulas
INTERNACIONALIZAÇÃO
Brasileira Zen abre fábrica na China
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MERCADO
Fiat foi a marca que mais cresceu no 1o trimestre
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Zen começou a fabricar polias de roda-livre para alternadores na China em abril. De capital 100% brasileiro e sede em Brusque (SC), esta será a primeira operação industrial fora do Brasil da empresa, para abastecer prioritariamente o mercado chinês e alguns países vizinhos na Ásia. Com capacidade de 1,5 milhão de peças/ ano na China, a projeção é atingir esse volume no horizonte de até três anos. “A produção na China é complementar ao que fazemos no Brasil, vai ampliar o nosso mercado na região e gerar novas receitas”, afirma Gilberto Heinzelmann, presidente da Zen. (Pedro Kutney)
Fiat anotou a maior expansão em participação de mercado entre as dez marcas mais vendidas no 1o trimestre de 2019. Com 78,8 mil emplacamentos, a fabricante anotou aumento de 1,45 ponto As 10 marcas mais vendidas (Janeiro-Março 2019) porcentual de market share Variação 2019/18 e garantiu participação de Emplacamentos Evolução Participação (em pontos Marca o Jan-Mar 2019 1 2019/18 (%) Tri (%) 13,5%, o terceiro maior porcentuais) índice entre as dez primeiras 1o GM/ Chevrolet 106.409 15,8 18,35 0,93 colocadas, atrás apenas da o 2 Volks 82.981 7,1 14,31 -0,38 líder GM e vice-líder VW. O 3o Fiat 78.821 23,0 13,59 1,45 ranking considera a soma o 4 Renault 51.283 29,3 8,84 1,32 das vendas de automóveis o 5 Ford 48.041 3,4 8,28 -1,15 e comerciais leves de cada 6o Toyota 47.298 10,2 8,15 0,01 marca. Outra novidade é o 7 Hyundai 44.651 12,6 7,70 -1,11 o avanço da Renault, que o 8 Honda 31.596 -5,4 5,45 -0,88 passou do 7o para o 4o lugar, 9o Jeep 28.680 18,0 4,95 0,78 roubando a posição o 10 Nissan 22.294 1,6 3,84 -0,77 que era da Ford.
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