Revista Mundo Imobiliário - SECOVI/RS

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Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT

Mala Direta Postal Básica

Porto Alegre • Ano 1 Nº 4 • Novembro de 2014

PPCI,

COLE A ETIQUETA AQUI

SEU PAPEL E SUAS REPERCUSSÕES

Páginas 4 a 6

Os benefícios e os reflexos no mercado das novas regras que envolvem o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio para funcionamento de imóveis comerciais.

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Página 8

MERCADO INTERNACIONAL

EDIFICAÇÕES VERDES

As particularidades da aquisição de imóveis no exterior e da venda para estrangeiros no Brasil.

Novos parâmetros de sustentabilidade começam a dar o tom construtivo das edificações. Conheça mais sobre as green buildings.


PALAVRA DO PRESIDENTE

OS CAMINHOS DA PREVENÇÃO A palavra “incêndio” carrega uma trágica conotação. Após o dramático episódio da boate Kiss, essa sensação se exacerbou. Sensível a isso, a Assembleia Legislativa do Rio Grande de Sul aprovou um competente projeto tratando da prevenção contra o fenômeno e providências correlatas. Um projeto complementar e um decreto do Sr. Governador Moacyr Schukster aperfeiçoaram o texto. No entanto, tornou-se inevitável Presidente do Secovi/ RS – que os trâmites previstos para que se obtenha o alvará Agademi dos órgãos competentes – principalmente do Corpo de Bombeiros – ficassem complicados. Menos por falta de clareza e mais pelo acúmulo de trabalho que recaiu sobre o Corpo de Bombeiros, abraços com um aumento no volume de trabalho para a mesma quantidade de operadores. O Estado está sofrendo com a situação, visto que os alvarás de funcionamento expedidos pelas prefeituras municipais necessitam da vistoria daquela Corporação nos casos em que os riscos não sejam pequenos. A sociedade confia que os gargalos sejam eliminados e, em breve, que o andamento das licenças citadas caminhem da forma desejável.

AGENDE-SE

CURSO: ROTINAS DO DEPARTAMENTO PESSOAL – MÓDULO I – OPERACIONAL 27.11.2014 | Porto Alegre Sede das Entidades | Ministrante: Oscar Fernandes Júnior (Mestre em Estratégia e Consultor do Senac/RS)

CURSO: ROTINAS DO DEPARTAMENTO PESSOAL – MÓDULO II – ESTRATÉGICO 08.12.2014 l Porto Alegre Sede das Entidades | Ministrante: Oscar Fernandes Júnior (Mestre em Estratégia e Consultor do Senac/RS)

SERVIÇOS Secovi/RS – Agademi

Aqui, você conhece um pouco mais sobre os nossos serviços aos associados.

Informações e inscrições: www.secovirsagademi.com.br

ACOMPANHAMENTO LEGISLATIVO | O Sistema Secovi/RS atua em defesa dos interesses civis e sindicais dos condomínios e empresas de compra, venda, locação e administração de imóveis. Mantém acompanhamento legislativo nas esferas federal, estadual e municipal, analisando as propostas protocoladas, especialmente as de âmbito Federal. Envia notas técnicas aos parlamentares justificando as posições do segmento da habitação acerca de proposições que estejam em processo de votação, além de se fazer presente em audiências, votações e outras circunstâncias em que se recomende a defesa dos interesses do setor, quando oportuno. Realiza, ainda, o acompanhamento legislativo da Coordenação de Condomínios da Câmara Brasileira de Comércio e Serviços Imobiliários da Confederação Nacional do Comércio de Bens e de Serviços (CBCSI-CNC).

NOVOS ASSOCIADOS

AVIVRA ADMINISTRADORA DE COND LTDA – ME Representante: Marcos Rigão Cidade: Farroupilha

BELUMA ADMINISTRADORA DE BENS LTDA – ME Representante:

EXPEDIENTE

Beatriz Noemi Bianchi Lemieszek Cidade: Porto Alegre

Coordenação Geral: Maria Angélica Schröder Garcia (Marketing Secovi/RS – Agademi) Comitê Editorial: Moacyr Schukster, Helena Terezinha Amaral Gomes, Andréia Martins, Carolina Cioccari Lannes Alves e Patrícia Hleveina. Produção Editorial: Prática – Conteúdo | Comunicação | Relacionamento Jornalista Responsável: Vanessa Fernandes (Reg. 11259) Redação: Larissa Oliveira (Reg. 15661) Design Gráfico: Roka Estúdio Ilustração de capa: Edgar Vasquez Fotografia: Marcelo Amaral, Arquivo Secovi/RS – Agademi, Divulgação Green Building Council Brasil e Internet As declarações contidas nesta publicação são de responsabilidade de seus autores e não expressam, obrigatoriamente, o posicionamento editorial do informativo Mundo Imobiliário ou das diretorias do Secovi/RS e da Agademi.

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ORIENTE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA Representante: Jocelei de Fátima de Borba Cidade: Santa Cruz do Sul

UNICORBAN ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA – ME Representante: Maria Hercília de Castro Tarla Cidade: Porto Alegre


RADAR

RESIDENCIAIS: DECRÉSCIMO DO PREÇO DO M2 NA VENDA, E ALTA NA LOCAÇÃO O preço médio do metro quadrado residencial para comercialização em Porto Alegre cresceu 8,34% no acumulado de 12 meses, com fechamento em agosto deste ano. O percentual, entretanto, é inferior ao acumulado 12 meses registrado em julho, quando foi de 9,24%. Os dados são de pesquisa do Dep. de Economia e Estatística do Secovi/RS – Agademi. Na comparação com a média de ofertas dos últimos 12 meses fechada em julho, a amostra de agosto teve acréscimo de 17,07%. Em julho, esse percentual havia sido de 18,22%. Já na locação, o acumulado 12 meses do preço médio por m2 fechado em agosto (9,16%) oscilou quase três pontos percentuais em comparação ao acumulado fechado em julho, quando o índice registrado foi de 6,49%. Nos preços médios, o índice passou de 10,29% em julho para 9,31% de alta em agosto, também considerando o acumulado 12 meses.

BAIRROS COM MAIOR PREÇO MÉDIO/M2 DOS RESIDENCIAIS EM AGOSTO/2014

VENDA

BOA VISTA BELA VISTA

R$4.475,61

MOINHOS DE VENTOS

R$4.399,36

R$4.245,97

LOCAÇÃO

2° BELA VISTA

TRÊS FIGUEIRAS

R$30,6

R$45,4

3° BOM FIM R$30,2

Fonte: Dados do Dep. de Economia e Estatística do Secovi/RS – Agademi fechados em agosto, considerando variação dos últimos 12 meses.

Chave fácil em expansão Lançado nacionalmente em março deste ano, o portal Chave Fácil já conta com mais 1.100 imobiliárias associadas em 12 estados brasileiros e mais de 150 mil imóveis cadastrados em todo o país. Atualmente, a plataforma digital que permite às imobiliárias disponibilizar toda a sua carteira para venda e locação a preços competitivos encontra-se em fase de implementação e divulgação. Para o presidente da Associação do Portal de Imóveis Secovi Brasil (Apisb), Luiz Carlos Borges, uma das características importantes do site é a administração regionalizada que permite a cada Secovi imprimir a estratégia que melhor se adapta ao mercado que representa. “Estamos no início das operações e a receptividade do mercado tem sido excelente”, afirma o presidente. Mais informações sobre o Chave Fácil no Estado podem ser obtidas pelo email riograndedosul@chavefacil.com.br.

SECOVI/RS CONQUISTA ISO 9001 Na busca pela constante excelência na representação de imobiliárias e condomínios do Rio Grande do Sul, o Secovi/RS conquistou, em agosto deste ano, o ISO 9001:2008. A certificação reúne um grupo de normas técnicas que estabelecem um padrão de gestão da qualidade para as instituições. Atualmente, a certificação chancela mais de 750 mil organizações em 161 países, e no Brasil é auditada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

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MESA REDONDA

PPCI: SEU PAPEL E SUAS

A

obrigatoriedade do PPCI (Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio) para o funcionamento de imóveis comerciais não é uma novidade. Mas na esteira da Lei Kiss, que exige a regularização do plano para construções até 26 de dezembro de 2019, foi publicada em dezembro do ano passado a nova Lei Complementar Estadual de Prevenção e Proteção Contra Incêndio, que não apenas reitera a obrigatoriedade do PPCI como institui obtenção do alvará do Corpo de Bombeiros como condição para a renovação ou obtenção de alvará de localização e funcionamento de atividade. Tal medida, claro, tem dividido opiniões e gerado apreensão entre proprietários, locatários e administradores de imóveis, por suas regras e prazos. Conforme a Lei, todas as edificações deverão ter seu PPCI protocolado no Corpo de Bombeiros do Município ou região até 9 de novembro deste ano. Somando-se aos benefícios trazidos no caminho da cultura da prevenção, também já podem ser percebidos reflexos no mercado, compartilhados por todos os envolvidos diretamente com imóveis. O Mundo Imobiliário debate o tema e traz a opinião de quatro especialistas.

CILSON MARION SILVA DA ROSA Diretor da Banco Imobiliário – Gestão de Propriedades

LUIZ HENRIQUE DOS ANJOS Engenheiro e especialista em Segurança do Trabalho

LUIS ROBERTO CORREA NUNES Diretor da Objetiva Condomínios

SIMONE CAMARGO Diretora da Imobiliária Farrapos

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AS PRIMEIRAS REPERCUSSÕES

LUIS ROBERTO CORREA NUNES Teremos um grande trabalho para desenvolver. Mas o que vejo de positivo é que agora temos critérios técnicos bem definidos para nos embasarmos. Para nós, é importantíssimo ter um profissional qualificado no desenvolvimento dos projetos de médio e alto risco (como prevê a nova Lei). Claro que será uma dificuldade muito grande, pois o prazo concedido para o desenvolvimento do PPCI dos condomínios é 09/11/2014, e tivemos esta situação definida no mês de setembro. Isso nos dá um prazo de 60 dias para adequação. Vejo, ainda, que a lei vem de uma maneira impositiva e sem uma avaliação sobre as condições que temos para cumpri-la. Nós que administramos imóveis matamos um leão a cada dia. Mas nos cabe agora também ser pró-ativos e entender que, independentemente das dificuldades, temos que trabalhar com as condições que temos”.

LUIZ HENRIQUE DOS ANJOS O PPCI está trazendo uma série de melhorias e é importante entendermos isto. Uma legislação não deve promover um impedimento. Deve, sim, permitir que se pratique a boa prevenção. E é isso que está sendo colocado. Parafraseando o Prof. H. W. Hendrick da University of Southern California: ‘O bom projeto de engenharia é a boa economia’”.


REPERCUSSÕES

CULTURA DE EDUCAÇÃO E PREVENÇÃO

CILSON MARION SILVA DA ROSA

CILSON MARION SILVA DA ROSA

O que precisamos saber, como empresários, é qual o caminho mais curto dentro da legislação para se chegar à liberação de alvarás, a fim de que os nossos pretendentes à locação possam exercer, em curto prazo, as suas atividades econômicas. Atuamos com foco nos imóveis corporativos e, não bastasse o mercado desaquecido, ainda temos mais esse dificultador. Isso gera o efeito dominó: locatário não ocupando o imóvel não empreende, e toda a cadeia perde. Pela demora no trâmite dos processos, nota-se a falta de estrutura dos órgãos competentes, e isso pode estimular alternativas menos convencionais para acelerar as demandas”.

Acho extremamente válido o rigor da Legislação para os casos de riscos iminentes. E com o Estado fazendo a sua parte: agilizando as análises dos processos, emissões de alvarás e investindo em mídias educativas para gerar cultura”.

SIMONE CAMARGO A questão da segurança é imprescindível. E devemos estar com ela à frente de tudo. Mas, realmente, as imobiliárias e administradoras de condomínios terão alguns problemas, que inclusive já estamos enfrentando, como síndicos que não providenciam porque o PPCI requer um custo, condomínios que entendem que isso ‘é apenas mais uma lei’, etc. As adaptações necessárias em alguns imóveis provavelmente serão muito mais onerosas do que o laudo em si. E nós como empresários ficamos em uma situação delicada, pois se somos muito rígidos há o entendimento de que isso é uma imposição da imobiliária, apesar de ser uma lei. Se não informarmos, não estamos cumprindo com o nosso papel. Hoje, os imóveis comerciais estão em baixa, e sem PPCI o cenário poderá se dificultar um pouco mais”.

LUIZ HENRIQUE DOS ANJOS Este é um processo de educação, no sentido de fazer as pessoas entenderem que não é uma questão de passar simplesmente a responsabilidade para o outro, e de acreditar que não vai dar em nada. Com o PPCI, temos referências técnicas mais detalhadas e um aprofundamento de itens que antes não eram previstos e que aumentaram as condições de segurança. E o papel do engenheiro é buscar com responsabilidade as alternativas para a adequação efetiva do imóvel. Tivemos vários casos em Porto Alegre em que o princípio de incêndio foi com uma fritadeira. E aí temos que pensar: se eu atendo a todos os padrões de segurança, estou trabalhando pelo empreendimento, prevendo todas as condições e possibilidades de sinistro do investimento e protegendo a integridade física das pessoas”.

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MESA REDONDA

O PAPEL E AS RESPONSABILIDADES DAS EMPRESAS

LUIZ HENRIQUE DOS ANJOS

SIMONE CAMARGO

Uma palavra que fica agora é gestão. Saímos da documentação, do papel apenas, para um processo de gestão de prevenção e combate a incêndio, dentro do PPCI. É preciso acompanhar os prazos e profissionais especializados fazendo este trabalho”.

Nós da Imobiliária Farrapos, na área de condomínios, primeiramente identificamos quem tinha e quem não tinha PPCI, e dentre esses últimos identificamos os que tinham loja e os priorizamos na comunicação da Lei. Enviamos correspondência aos síndicos e proprietários informando da obrigatoriedade do PPCI. Na locação, buscamos os imóveis comerciais e separamos os que possuíam loja embaixo e fora de prédio, e estamos ainda separando aqueles que são dos que não são administrados por nós. E os informamos sempre por escrito”.

LUIS ROBERTO CORREA NUNES Na Objetiva, estamos elencando empresas e profissionais que trabalham na área de prevenção. Analisaremos seus currículos, e a partir do momento em que as notificações chegarem aos síndicos e formos procurados, mostraremos a regulamentação com o objetivo de dar ciência das implicações e responsabilidades de cada um. Àqueles que não nos procurarem, emitiremos uma correspondência, para reforçar o assunto. A partir daí, passaremos a contratar os profissionais nesta área. Nossa proposta é mostrar aos clientes a responsabilidade que eles também têm neste contexto, pois isso é gravíssimo. Volto a reforçar: temos que compartilhar responsabilidades. Os prazos são realmente absurdos, mas escolher os pares para trabalhar com agilidade será o mais importante para todos nós”.

CILSON MARION SILVA DA ROSA Nós somos facilitadores do processo, mas não podemos nos responsabilizar por ele. E como fazemos para isso não acontecer? Nós notificamos, formalizamos a notificação deixando claro que a Lei precisa ser cumprida. Na questão do imóvel corporativo, a responsabilidade é do proprietário ou do usuário. E nós iremos atuar como assessores e facilitadores do processo”.

IMPACTO NOS CUSTOS DAS EMPRESAS

CILSON MARION SILVA DA ROSA

SIMONE CAMARGO

Houve impacto, sem dúvida. Mas cada empresa terá que avaliar o quanto esse custo representa na sua estrutura. Cobrar uma taxa extra por um serviço que não executaremos diretamente, não me parece razoável. Mas seria ótimo se pudéssemos agregar mais valor ao nosso serviço como consultores, por exemplo”.

Todos nós teremos que contratar mais pessoal para trabalhar em razão de precisarmos fazer mais orçamentos, por exemplo, o que cada vez mais é uma realidade na área de administração de condomínios. Mas acho que o maior impacto será na locação. Alocamos uma pessoa específica para atuar na parte de ‘venda’ de locações comerciais em razão da responsabilidade que temos se alguém, de alguma forma, alugar um imóvel que não possa obter alvará em razão da falta do PPCI. E é preciso uma maneira especial de abordar o pretendente à locação, fazendo-o explicar tudo o que ele pretende executar dentro da loja para que possamos avaliar se é possível ou não alugarmos. É na locação que eu acho que o impacto deve ser muito maior”.

LUIZ HENRIQUE DOS ANJOS Com certeza teremos mais custos com as novas exigências. Mas acho que esse assunto é tão novo que nós ainda não conseguimos parar para ver como implicará no nosso dia a dia. Conseguiremos pensar nisso depois que conseguirmos ‘apagar esse incêndio’ inicial de informar a todos”.

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TENDÊNCIA

MERCADO INTERNACIONAL AS PARTICULARIDADES DA AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS NO EXTERIOR E DA VENDA PARA ESTRANGEIROS NO BRASIL

C

omprar um imóvel fora do país já não é mais um bicho de sete cabeças para uma parcela crescente de brasileiros. Seja com o intuito de diversificar investimentos ou como moradia de temporada, adquirir uma casa ou apartamento fora do Brasil tornou-se uma realidade de mercado que merece a atenção das imobiliárias. Nos Estados Unidos, após o estouro da bolha imobiliária em 2008, cidades como Miami e Orlando, na Flórida, viraram alvo de investidores de diversas partes do mundo, e o investidor brasileiro garantiu a sua fatia nesta tendência. Somente em 2013, ele foi responsável por 11% das compras de imóveis em Miami, conforme a Associação de Corretores Imobiliários da cidade, dividindo com os argentinos o 2º lugar entre os latino-americanos. Segundo Demetrio Alkessuani, consultor internacional da Lello Imóveis, de São Paulo, o preço ainda é o principal atrativo. “Comparando o valor do m2 com a capital paulista, em que lançamentos em bairros nobres chegam a R$ 20 mil/ m2, em Miami, um lançamento chega com média de R$ 13 mil/m2”, compara.

Trâmites legais Adquirir imóveis fora do Brasil, entretanto, requer atenção em alguns pontos fundamentais da legislação. Qualquer transação financeira internacional deve ser comunicada ao Banco Central do Brasil, e por isso o agente financeiro (banco) deve estar vinculado à instituição federal; o comprador do imóvel é obrigado a fazer a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior ao BC, com periodicidade variável de acordo com o valor do patrimônio, e também prestar contas à Receita Federal brasileira através da declaração anual de

Imposto de Renda. O advogado especialista em investimento estrangeiro e sóciofundador da Franco Advogados, Paulo Sérgio Franco, de São Paulo, alerta, ainda, para outras questões. “É fundamental saber se o país onde está localizado o imóvel estabelece procedimentos específicos ou restrições para a remessa internacional de recursos no caso de venda ou locação do imóvel, e também conhecer as tributações incidentes”, observa.

ções financeiras também exigem cuidados. “Todo o ingresso de capital oriundo do exterior no Brasil necessita de registro junto ao Banco Central. O tipo de registro depende da maneira como é feito o investimento, e por isso faz-se necessária consultoria especializada para a realização de tal operação”, pondera o advogado Paulo Sérgio Franco.

Imóveis para estrangeiros

Brasileiros comprando no exterior

Compradores de outros países interessados em imóveis no Brasil também começam a surgir, mas ainda em menor proporção. “As empresas brasileiras exploram pouco a venda para estrangeiros”, avalia o consultor internacional da Lello Imóveis. Porém, mesmo representando uma demanda menor atualmente, este pode ser um filão a ser estudado e requer especialização. Para um estrangeiro adquirir um imóvel urbano no Brasil não há maiores diferenciações, e mesmo as despesas com cartórios, impostos de transmissão e outras taxas são iguais às cobradas de brasileiros. As restrições imediatas são impostas a propriedades e imóveis rurais, em área fronteiriça e em faixa de 100 metros ao longo da costa marítima. As transa-

• O patrimônio deve ser declarado ao

Lembre-se:

Banco Central. • Deve constar na declaração de IR à Receita Federal. • Assessorar-se quanto à legislação e ao sistema tributário local do país onde está o imóvel. Estrangeiros comprando no Brasil • Ingresso de capital externo necessita de registro junto ao Banco Central. • É necessário requerer CPF para realizar a compra e, para pessoa jurídica, documento equivalente ao CNPJ e procurador residente no Brasil. • Despesas com cartórios, impostos de transmissão e outras taxas para transferência são as mesmas cobradas aos brasileiros.

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ENTREVISTA

REALIDADE VERDE valorização e o aumento da velocidade de ocupação e da retenção, o que reduz o risco do investimento. Hoje, praticamente toda nova edificação corporativa construída ou em construção nas principais cidades do país foram certificadas LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental) ou buscam a certificação.

Novos parâmetros internacionais de sustentabilidade começam a dar o tom construtivo das edificações. Sobre esta tendência, e já uma realidade no país, o Mundo Imobiliário conversou com Felipe Faria, Diretor da Green Building Council Brasil, instituição internacional que promove a adoção das chamadas práticas verdes para o desenvolvimento da indústria da construção.

Quais os materiais de baixo impacto para o meio ambiente que vêm ganhando mais destaque nas green buldings? Tintas, vernizes e selantes com baixo teor de compostos químicos voláteis e produtos provenientes de materiais reciclados. Hoje, há fornecedores de aço com conteúdo 80% reciclado ou alumínio com 70% de conteúdo reciclado. Há, ainda, madeira certificada com o selo FSC (Conselho de Manejo Florestal), e priorização de fornecedores regionais, a fim de se reduzir a emissão de poluentes através do transporte.

MUNDO IMOBILIÁRIO – Quais os principais critérios que definem uma construção sustentável em parâmetros internacionais? FELIPE FARIA – Excelência em planejamento, eficiência energética, uso racional de água, qualidade ambiental interna do ar, uso de materiais de baixo impacto ambiental, localização da edificação e sua relação com o entorno, práticas de prioridade regional e inovação. O atendimento de ações que conciliam atributos econômicos, sociais e ambientais, inseridas dentro destas categorias, caracterizam as green buildings (edificações verdes) certificadas.

Ainda é pequena a representação de edificações verdes na construção civil brasileira ou este número vem crescendo? Em 2013, estudo realizado pela Ernst & Young concluiu que as green buildings já representavam cerca de 10% do PIB Nacional da Construção Civil. A maioria dos projetos estão concentrados no estado de São Paulo, seguido do Rio de Janeiro, mas o Green Building Council Brasil identifica projetos certificados ou registrados em quase todos os estados do país. No Rio Grande do Sul, hoje são 24 registros, sendo 6 empreendimentos certificados.

Como o viés sustentável saiu do modismo e conquistou de fato o segmento da construção civil? A construção sustentável oferece benefícios às diversas partes envolvidas em um empreendimento imobiliário. Nas edificações corporativas, destaca-se a

Como o investimento em certificações se converte na valorização de um imóvel e na redução dos gastos operacionais futuros, com água e energia, por exemplo? As edificações certificadas possuem um aumento do custo de construção de 0 a 4%.

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Este aumento depende do quanto antes se inicia o processo de planejamento com foco em construção sustentável. Ocorre que analisando o ciclo de vida de uma edificação de no mínimo 40 anos temos que o custo de construção representa apenas 11%, sendo 14% custo com financiamento e 75% custo operacional. Em média, reduzimos cerca de 20% a 30% de energia, e 30% a 50% do consumo de água, sendo que, considerando toda a redução operacional, incluindo também manutenção, renovação, segurança e outros, chegamos a 10% durante todo o ciclo de vida. Qualquer acréscimo sugere um retorno de investimento de curto ou no máximo de médio prazo. E considerando valorização de metro quadrado, aumento de velocidade de ocupação, retenção e produtividade, entre outros benefícios que resultam em retorno econômico imediato, não há outra conclusão que não seja a classificação da construção sustentável como um grande negócio. Quais as primeiras providências a serem tomadas por quem deseja receber a certificação? Procurar um profissional com conhecimento e experiência em construção sustentável para auxiliar no processo de consultoria de certificações como a LEED e no estudo de viabilidade. No site da GBC Brasil, há, também, uma série de empresas as quais sugerimos o contato.

Felipe Faria Diretor da Green Building Council Brasil


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