55 N° 55 . maio/junho 2013 . 6.50
DOSSIER A construção no Brasil na atualidade
CONVERSAS Francisco Ladaga
ficha técnica diretor Eduardo Júlio ejulio@civil.ist.utl.pt
diretora executiva Carla Santos Silva carla.silva@engenhoemedia.pt
conselho científico Abel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL), Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC), António Pinheiro (UTL), António Reis (UTL), António Tadeu (UC), Armando Rito, Carlos Borrego (UA), Carlos Pina (LNEC), Conceição Cunha (UC), Daniel Dias da Costa (UC), Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL), Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC), Fernando Sanchez Salvador (UTL), Francisco Nunes Correia (UTL), Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC), Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP), Humberto Varum (UA), João Almeida (UTL), João Mendes Ribeiro (UC), João Pedroso de Lima (UC), João Ramôa Correia (UTL),Joaquim Barros (UM), Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC), Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL), José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC), José Câmara (UTL), José Luís Câncio Martins, José Pinto Duarte (UTL), Júlio Appleton (UTL), Laura Caldeira (LNEC), Luciano Lima (UERJ), Luis Calado (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Guerreiro (UTL), Luís Juvandes (UP), Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL), Luís Simões da Silva (UC), Maria Cecilia A. Teixeira da Silva (UNICAMP), Mário Krüger (UC), Manuel Pipa (LNEC), Maria do Rosário Veiga (LNEC), Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM), Paulo Maranha Tiago (IPC), Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA), Raimundo Mendes da Silva (UC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM), Sérgio Lopes (UC), Teresa Valsassina Heitor (UTL), Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP), Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)
redação Cátia Vilaça redaccao@engenhoemedia.pt
marketing e publicidade Pedro Braga pbraga@engenhoemedia.pt
editor António Malheiro
grafismo avawise
assinaturas
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editorial
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dossier | a construção no brasil na atualidade
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conversas
Francisco Ladaga
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Pré-fabricação em pontes de betão – experiência recente no Brasil e em Portugal – fernando r. stucchi e joão f. almeida
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Análise da cobertura do Estádio Nacional de Brasília em um túnel de vento numérico – paulo de mattos pimenta
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Aplicações da tecnologia de “cutter soil mixing” no Brasil – alexandre pinto, xavier pita e rui tomásio
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Estruturas metálicas –o papel da universidade na pesquisa e no desenvolvimento – luciano rodrigues ornelas de lima , pedro colmar gonçalves da silva vellasco e sebastião arthur lopes de andrade
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Edifícios residenciais no Brasil – paulo pereira , armandina rodrigues, manuel pereira e josé ferreira
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Execução de fundações especiais na obra da Linha 17-Ouro da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Brasil) – bruno moreira
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estruturas de madeira
Casas de madeira – A importância da qualidade e da confiança do mercado
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acústica
Avaliação de desempenho acústico de vãos de fachada, incluindo caixilharia, caixas de estores e grelhas de ventilação
48_49 sísmica
O risco sísmico na legislação sobre reabilitação de edifícios
Tel. 22 589 96 25 construcaomagazine@engenhoemedia.pt
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redação e edição
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Engenho e Média, Lda. Grupo Publindústria
propriedade Publindústria, Lda. Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTO Tel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29 geral@publindustria.pt | www.publindustria.pt
publicação periódica
notícias mercado
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projeto pessoal Rui Simões
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eventos
Registo n.o 123.765
tiragem 6.500 exemplares
issn 1645 – 1767
depósito legal 164 778/01
Nota Os artigos que compõem o presente dossier foram redigidos por autores portugueses e brasileiros e foram preparados para serem lidos no Brasil. Em alguns artigos, será notória a presença de elementos linguísticos do português do Brasil, sendo que outros estão redigidos desta forma na íntegra.
capa
Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.
1
© Tomas Faquini / Brasil 2014 (www.copa2014.gov.br)
Próxima edição > Dossier Os Nanomateriais e a Construção
estatuto Editorial
editorial Portugal sempre foi um país virado para fora, que se orgulha de ter dado novos mundos ao Mundo. Recentemente, a UNESCO atribuiu a classificação de ‘Património da Humanidade’ à Universidade de Coimbra1, não só devido ao seu elevado valor arquitectónico2, do Paço das Escolas ao Laboratório Chimico, mas, sobretudo, reconhecendo o seu imenso património intangível, de produção de conhecimento, e de difusão da cultura e da língua portuguesas pelos cinco continentes3. Depois das décadas recentes de construção interna desenfreada – auto-estradas, pontes, barragens e edifícios – o sector da Construção nacional reorganizou-se, potenciando a vocação secular que o País transporta no seu ADN, i.e. virando-se para o Mundo. E não haja dúvidas de que a excelência da Engenharia nacional pode prestar um valioso contributo ao desenvolvimento sustentado dos países que agora apostam na construção/ melhoramento das suas infra-estruturas, em particular daqueles com os quais existem fortes laços histórico-culturais. Com o presente número, pretende a Construção Magazine abrir uma janela sobre o Brasil, focada no sector da Construção, levando até aos leitores alguns casos paradigmáticos do que é hoje a investigação, a consultoria, o projecto e a execução de importantes obras neste país irmão. Convidei para co-editora, a Prof.ª Maria Cecília Teixeira da Silva, da Universidade Estadual de Campinas, com quem tive o prazer de conviver durantes os dois meses que passei o ano passado nesta universidade, na qualidade de professor visitante. O dossier temático é, como facilmente constatarão, rico e diversificado no seu conteúdo, com artigos da autoria de prestigiados especialistas brasileiros e portugueses. Inclui ainda uma entrevista de grande interesse ao Eng.º Francisco Ladaga, presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC), conduzida pelo Prof. Hipólito de Sousa, ex-presidente do Colégio Nacional de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros. Eduardo Júlio Director
O dossier temático do N.º 41 da Construção Magazine é inteiramente dedicado a esta candidatura. Embora considere demasiado redutor a designação ‘património arquitectónico’, porque exclui as vertentes técnica, histórica e cultural, entre outras, utilizo-a aqui lato sensu, por ser aquela que melhor representa o conjunto. 3 Presto aqui a minha homenagem ao Reitor Fernando Seabra Santos, por ter tido a visão e ter iniciado o processo de justo reconhecimento por parte da UNESCO da Universidade de Coimbra como ‘Património da Humanidade’, e ao Reitor João Gabriel Silva, por ter conduzido este barco a bom porto. 1 2
*O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.
Título: Construção Magazine, Revista Técnico-Científica de Engenharia Civil Caracterização: Publicação periódica de informação científica e técnica. Objeto: Ciências e tecnologias no âmbito da engenharia civil. Enquadramento Ético: A Construção Magazine respeita os princípios deontológicos da imprensa e a ética profissional, de modo a não poder prosseguir apenas fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores, encobrindo ou deturpando a informação. Objetivo: Ser uma revista de interface: propõe-se promover as relações universidade-indústria-sociedade, estabelecendo pontes de comunicação capazes de promover o diálogo e fomentar a cooperação entre as instituições. Estratégias: Divulgação de tecnologias, investigação, produtos, serviços e ainda difundir atividades relevantes junto da comunidade empresarial, profissional e académica. Corpo Editorial: Diretor: Professor Universitário Diretor Executivo: Oriundo do corpo de colaboradores da Engenho e Média, Lda. Colaboradores: Engenheiros e técnicos que exerçam a sua atividade no âmbito do objeto editorial da revista, nos meios universitário e industrial. Conteúdo Editorial: Estruturas, Construções, Hidráulica, Geotecnia, Vias de Comunicação, Urbanismo, Ambiente e Arquitetura. Seleção de Conteúdos: 1. A seleção de conteúdos científicos será da exclusiva responsabilidade do Diretor e do Conselho Científico; 2. O noticiário técnico/informativo será proposto pelo Diretor Executivo ao Diretor; 3. A revista poderá publicar peças noticiosas com caráter publicitário, nas seguintes condições: 3.1. Sob o título de Publi-reportagem; 3.2. No formato de notícia com a aposição no texto do termo (publicidade). Organização Editorial Sem prejuízo de novas áreas temáticas que venham a ser consideradas, a estrutura e base da organização editorial da Revista compreende: Sumário; Editorial; Secção Científica; Secção Tecnológica; Feiras, Exposições, Congressos e Seminários; Bibliografia; Noticiário; Entrevista; Publi-reportagem; Publicidade. Espaço Publicitário: 1. A publicidade organiza-se por espaços de página e frações, encartes e publi-reportagem; 2. A tabela de publicidade é válida para todo o território nacional; 3. A percentagem de espaço publicitário não pode ultrapassar 1/3 da paginação; 4. A Direção da Construção Magazine poderá recusar publicidade que não se coadune com o objecto editorial e os princípios deontológicos da revista. 5. Não será aceite publicidade que não esteja em conformidade com a lei geral do exercício da atividade.
Especialista em
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conversas
engenheiro francisco ladaga
Jornalismo e fotografia por Cátia Vilaça Coordenação técnica por Hipólito de Sousa
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O Presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC) não embarca em euforia no que toca ao crescimento económico do Brasil mas reconhece a capacidade tecnológica do país. Quando volta a estar em cima da mesa a acreditação de Engenheiros portugueses no Brasil, Francisco Ladaga lembra a barreira criada com a implementação do Processo de Bolonha na Europa mas também a possibilidade de obter a equivalência em qualquer universidade pública brasileira. Construção Magazine (CM) – Em que medida o crescimento económico que o Brasil experiencia tem potenciado o investimento no estrangeiro, nomeadamente em Portugal? Francisco Ladaga (FL) – O Brasil investiu na Copa do Mundo e grandes obras e estádios que estão a ser concluídos agora nas Olimpíadas. Esse é o grande investimento no país hoje. Há uma política no Governo para resgatar a classe baixa renda através de bolsas (Bolsa Família, Bolsa Emprego, etc.) Isso realmente trouxe ao país a distribuição melhor da renda. Essa classe que era muito pobre começou a ter condições de compra, pelo que houve um movimento na demanda interna do país mas com dinheiro público. Isso foi bom por um lado mas por outro trouxe uma certa dificuldade: hoje é difícil encontrar mão-de-obra primária porque se a pessoa ganha uma bolsa não vai dedicar-se ao emprego. O Governo está revendo essa política e se não o fizer vai criar um caos porque não se tem a mão-de-obra primária para o desenvolvimento. O facto de os políticos dizerem que o Brasil é a sexta potência do mundo não é a realidade que eu sinto enquanto Engenheiro e presidente de uma entidade nacional. Existem locais pontuais que têm uma demanda muito grande ou que têm um pagamento de um salário melhor mas existem muitos profissionais de engenharia ganhando aquém do mínimo. Nós, brasileiros, passámos por 20, 30 anos de recessão (que hoje a Europa está passando). Vocês estão num começo muito pequeno, que não conseguem entender porque estavam habituados a uma condição melhor de vida. Nós estamos ao contrário: viemos de anos e anos [de recessão] e agora estamos um pouquinho melhor. Mas esse pouquinho não corresponde ainda a uma medida. Aquilo que o Governo transmite não é aquilo que nós estamos sentindo na realidade. O Brasil hoje tem algumas empresas que são multinacionais, tem grupos económicos que são especializados em comprar empresas, inclusive americanas, e reativá-las. Pela história do Brasil de administrar a crise, é possível pegar essas empresas e lhes dar uma dinâmica melhor. É o caso da Burger King e outras empresas americanas. O último caso é o da TAP, que está em venda e com greve programada. Há uma empresa brasileira tentando comprar a TAP apesar da grande dívida que ela tem. Nós sabemos que vocês sofrem algumas discriminações no mercado europeu, mas foi o que colocaram para nós. Nós também sofremos bastante. A história de sermos um país-colónia ainda é uma situação
w w w.abenc .or g .br constrangedora, mas somos um grande país. Temos 200 milhões de habitantes e somos quase do tamanho de um continente. O Brasil é rico em minério e tem produção agrícola. Eu vim da área rural e me lembro que quando começámos produzindo soja e milho, a produtividade ficava um terço abaixo daquilo que os americanos conseguiam atingir – hoje nós superamos eles, não só em volume como em produtividade, ou seja, conseguimos, na área agrícola, tirar o que qualquer país desenvolvido consegue colher do seu retalho de terra. O povo tem essa história de sofrimento, e está habituado a tocar isso. Há um momento de euforia muito político mas realmente subimos um pouquinho de patamar. No entanto, ainda temos dúvidas, ainda não temos essa segurança de dizer que está tudo correndo normal. [Perguntamo-nos se] a crise europeia atingiu ou não o país. Politicamente dizem que não mas atingiu. A gente sabe que hoje o mundo é globalizado. A produção que nós temos lá tem de ser enviada para alguém. Se esse mundo não está bem nós também vamos ser afetados na origem. CM – O Brasil tem défice de técnicos no setor da construção para a dinâmica que está a experimentar? Se for o caso, como estão a resolver o problema? FL – Eu não acredito nesse défice. Se comenta que há défice. O Brasil hoje tem 200 mil engenheiros civis regulados pelo sistema. Me parece que Portugal tem 19 mil. Nos grandes centros há uma concentração muito grande
de engenheiros civis. É um país continental pelo tamanho mas tem áreas que não são bem desenvolvidas e aí não há tanto engenheiro. A concentração de engenheiros é justamente nos grandes centros. Na área pública eles não ganham o salário mínimo profissional que é lei. Quando se abre um concurso sobram pessoas procurando aquele emprego. Nós acompanhamos essa discussão e vemos que estamos melhor porque antigamente não tínhamos nem emprego. No entanto, esse emprego não atingiu ainda o salário mínimo. Hoje há engenheiros trabalhando na área pública ganhando menos de 1200 euros. Se a demanda fosse tão grande não estariam trabalhando por isso. É uma coisa que se comenta muito mas não tem uma estatística oficial mostrando essa prova. CM – Está em discussão o reconhecimento dos arquitetos e engenheiros portugueses no Brasil. Que impacto esta medida poderá ter nos mercados dos dois países? FL – A questão da Arquitetura é outro Conselho e outra profissão sobre a qual não estou autorizado a falar. Quanto à Engenharia, soube que há uma discussão entre universidades públicas para fazer a revalidação automática do diploma. O processo educativo na área da Engenharia em Portugal foi para Bolonha e nós no Brasil não aceitamos o Processo de Bolonha. Aquela Engenharia tradicional de cinco anos passou a três, complementados com mais dois anos que dão acesso ao grau de Mestre. Hoje o Engenheiro brasileiro tem de fazer cinco anos de Engenharia mais dois
de Mestrado. A acreditação simplesmente pela universidade não garante, pelo sistema profissional, que ele tenha uma profissão plena. Mesmo para o profissional brasileiro é feita uma análise curricular para ver a atribuição que ele vai ter. Eu sou também conselheiro do sistema Confea [Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, que regulamenta e fiscaliza o exercício profissional] e fiz uma análise de um currículo revalidado por uma universidade pública de um profissional de um país que não é Portugal mas é da Europa. Ele tinha uma carga horária de 8 mil horas e teve uma série de restrições na área dos transportes, de saneamento e na área de cálculo, mesmo tendo uma carga horária bastante elevada até para nós (a nossa carga horária é em torno de 5 mil horas). A atribuição plena do Engenheiro não é garantida. Vai ser feita uma análise curricular para ver as atribuições que ele vai ter. Eu viajei de Londres para o Porto com um jovem engenheiro português (não da área de Civil) que estava lá procurando emprego. Ele me contava que realmente conseguiu se entender como engenheiro quando fez os dois últimos anos, uma vez que os três primeiros não deram essa segurança de Engenheiro para ele. Muitas pessoas, na necessidade de buscar emprego, param no terceiro ano e se julgam engenheiros plenos. Têm dificuldade aqui, com certeza, e vão ter dificuldade lá também. Lá no Brasil não aceitamos o Processo de Bolonha e brigámos muito para que não fosse adotado. Somos mais tradicionalistas nessa formação. A regulamen-
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conversas conversas
“é necessário determinar qual é o engenheiro civil de que o mundo precisa e aí sim, quando tivermos um padrão do engenheiro civil, conseguiremos facilitar a mobilidade.“ 6_cm
tação desse processo pelas universidades pode causar um conflito: um Engenheiro Civil de cinco anos no Brasil sai Engenheiro Civil, enquanto que aqui em Portugal é Mestre. Com o título de Mestre lá vai ter uma vantagem sobre o profissional brasileiro. Na área de Academia ele vai conseguir um emprego e o brasileiro não. Eu coloquei essas questões no encontro das Associações Profissionais de Engenheiros Civis dos Países de Língua oficial Portuguesa e Castelhana. Nós precisamos discutir essas questões e precisamos buscar uma Engenharia Civil mundial. A Engenharia Civil sempre foi o carro forte no desenvolvimento de qualquer país, por isso nós não podemos deixar brincarem com a Engenharia Civil. É necessário determinar qual é o Engenheiro Civil de que o mundo precisa e aí sim, quando tivermos um padrão do Engenheiro Civil, conseguiremos facilitar a mobilidade. Quando você tem um produto bem concebido, não tem tanta dificuldade de mobilidade. Quanto ao Brasil e Portugal, temos um cartel de profissionais que estão aqui com dificuldade em se registarem, então mandam email. Nós recebemos uma porção de emails que não sabemos se têm razão de ser ou não. O que é preciso é a Ordem dos Engenheiros de Portugal também nos colocar claramente por que é que não está aceitando esses profissionais. A Ordem pode ter razão em não aceitar mas eu como presidente de uma entidade sofro essas dificuldades porque quando quero discutir uma coisa vem uma enxurrada de informação reclamando que não se consegue fazer isto ou aquilo. Outra coisa que eu entendo que é prejudicial para os próprios profissionais portugueses é algumas informações que soltam: por exemplo, eu recebi um email de uma profissional portuguesa dizendo que alguém estava em São Paulo ganhando 50 mil reais por mês líquidos. Nem um juiz de última instância ganha metade disso. Ele pode estar até ganhando mas é uma coisa excecional e ela não explicou como é que isso está acontecendo. Essas informações não são boas para os profissionais de nenhum país: para nós porque lá dentro causa uma frustração e para vocês porque cria também uma frustração. Nós precisamos começar a ter um diálogo mais franco e mais aberto e não ficar só nas políticas de governo. Precisamos de políticas profissionais e sinceras porque na ponta está o profissional a quem nós devemos respeito, que paga as Ordens, que paga os Conselhos, que busca emprego, que está precisando sustentar a família. CM – Os salários dos Engenheiros Civis no Brasil estão a aumentar em função da procura? FL – Sim. O Brasil tem uma lei de salário mínimo. Um profissional ganha 6 salários mínimos lá, que seria equivalente a 3600 reais (transformando isso em euros, seria 1500 euros). Acabei de atender um profissional que queria ir para o Brasil e me coloquei à disposição dele para ajudar no que for preciso. Ele me perguntou [sobre os salários] e eu
recebe. O nosso grande problema lá é a área pública (Prefeituras, Estado), que não paga salário mínimo. O Estado fez um programa de Mestrado no âmbito do qual paga 800 euros no final dos cinco anos para o profissional trabalhar, alegando que ele está fazendo uma pósgraduação. Na verdade o Estado não quer pagar um salário mínimo decente, sub-contrata uma mão-de-obra e acha demanda. Quando alegam que está faltando profissional eu não consigo concordar porque quando uma pessoa se sujeita a isso não tem outra alternativa. CM – Os estrangeiros descrevem o mercado brasileiro como extremamente protegido, quer para a penetração de empresas e produtos estrangeiros, quer mesmo na concorrência interna que consideram não ser aberta. Concorda com este ponto de vista? FL – Eu acho que isso é normal em qualquer país. Eu por exemplo com a minha carta de identidade não consegui me inscrever no hotel, tive de apresentar o passaporte. É uma mera ficha de hotel e eu tive de apresentar passaporte. Eu também tenho dificuldade como empresário no ramo da construção civil, tenho outros que me discriminam. O sistema capitalista é isso, não quer concorrente. Não é uma discriminação do profissional estrangeiro, é o sistema capitalista que é assim mesmo. Quanto à legislação brasileira, eu desafio qualquer um a me mostrar que existe uma mais flexível. A legislação
“quanto à legislação brasileira, eu desafio qualquer um a me mostrar que existe uma mais flexível.“
brasileira só pede revalidação de diploma e há uma resolução do Ministério da Educação que diz que tem de ser feita numa universidade federal pública e que ofereça o curso. A análise curricular tem de ser comparada com o curso que ela oferece. Se não atender pelo menos a um percentual, é possível que o requerente faça a complementação no Brasil. Se faltarem duas ou três cadeiras a universidade abre vaga para que o requerente complemente essa car-
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fui mais realista. Hoje tenho profissionais que me procuram para ganhar menos do que isso. Então não há uma demanda tão grande. Outro profissional de outro Estado diz que ele vai ganhar 4 mil dólares. É a história da oferta e da procura. De repente o profissional chega lá com um conhecimento de que naquele momento há uma necessidade dele. No entanto, esse profissional com quem eu viajei me falou de um colega da área dele (ele era da área de Mecânica) que foi para o Brasil procurar emprego e ficou três meses procurando emprego. Na área de Mecânica uma pessoa ligada a mim trabalhou 20 anos numa multinacional e por uma questão de redução de custos, a empresa mandou o pessoal mais antigo embora e ele ficou um ano procurando emprego, mesmo com toda a experiência, falando alemão e inglês e tendo um currículo na área de gerenciamento de projetos industriais muito grande. Essa é uma realidade: é assim, é o momento. Não posso pintar que lá tem isso ou aquilo porque a gente vê no dia-a-dia que todo mundo está sendo contemplado. CM – Há empresas que desrespeitam a Lei, nomeadamente no que toca a recém-formados ou engenheiros sem experiência. Está a ser feita alguma coisa para mudar esta situação? FL – Nós temos lá um sindicato que atua fortemente e o sistema fiscalizatório obriga a ter declaração. Às vezes a pessoa declara e não
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“o brasil hoje tem uma tecnologia muito avançada e tem empresas multinacionais na área da construção.“ ga horária e revalide o seu diploma. Às vezes o profissional estrangeiro chega ao Rio de Janeiro e aí pega uma universidade congestionada que tem um limite de revalidação de diplomas. Ele vai para São Paulo ou Brasília mas hoje a Lei Brasileira permite fazer a revalidação em qualquer escola pública. Hoje há 330 escolas no Brasil que oferecem cursos de Engenharia Civil mas nem todas são públicas. Ainda assim há uma grande demanda de escolas públicas, por isso não precisa canalizar todo mundo para um lugar só. Se canalizar realmente vai ficar demorado. CM – Que passos o Brasil tem dado em termos de construção sustentável, designadamente acautelando desde preocupações como a eficiência energética, a gestão dos resíduos e a redução de emissão de CO2? FL – Hoje o Brasil está tomando todos os cuidados na área ambiental e vem rigorosamente se comprometendo. Eu mesmo estou tocando
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uma obra onde a água da chuva é coletada para reaproveitar. Então tem toda uma política interna no Brasil de buscar uma construção sustentável e que entenda o meio ambiente. Hoje a área ambiental no Brasil é muito rigorosa. Uma das grandes dificuldades de tocar uma obra no Brasil é justamente a autorização da área ambiental, como acho que acontece nos outros países desenvolvidos. CM – Que efeitos ambientais pode ter este boom de construção no Brasil, nomeadamente no que toca à preservação da Amazónia? FL – O Brasil cresce numa região mais fechada. A Amazónia hoje praticamente está preservada. Existe mais estrangeiro prejudicando a floresta com alegações de que estão lá para protegê-la e levando recursos naturais de uma forma clandestina do que brasileiro destruindo. Existe [destruição da floresta], mas não pelo crescimento da cidade e sim pela necessidade de se aumentar a área de produção agrícola. O país nasceu há pouco tempo e tinha 90 milhões de habitantes, hoje tem 200 milhões, portanto existe uma demanda de crescimento. CM – O boom económico vivido pelo Brasil traduz-se, ao nível da construção civil, apenas em construção nova, ou também há espaço para a reabilitação de infraestruturas, edifícios e bairros? FL – O Brasil é um país novo. Eu moro numa cidade que tem 50 anos e tem 400 mil habitantes. As grandes cidades históricas estão lá distantes, ou seja, como as cidades são novas a revitalização é pequena ainda. Mas existe, por exemplo a ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, que é uma ponte histórica metálica, famosa, e está em processo de revitalização, mas essa não é uma demanda muito significativa. O país tinha uma demanda muito grande em habitações populares, uma vez que o governo aplicou muito nisso. Há grandes empresas brasileiras trabalhando nessa parte de habitação popular que já começa a se estrangular também. CM – Essa habitação popular iria de algum modo substituir as favelas ou essa vai continuar a ser uma realidade das cidades? FL – Na verdade, a favela existe porque o trabalhador quer ficar perto do seu emprego. Então mesmo que se ofereça uma condição melhor de vida, ele prefere ficar lá porque está
perto da praia, do emprego e é um hábito. Hoje se discute muito isso. No caso da habitação popular, a classe operária, que paga aluguel, pode adquirir uma casinha razoável, um apartamento razoável, bem melhor do que as habitações populares de antigamente. Eu trabalhei muito tempo nessa área por isso vejo essa diferenciação. A discussão do desfavelamento quer se fazer mas aí eu também não sei responder porque moro numa cidade nova. Nós temos conjuntos locais de habitação popular mas não temos a favela em si que vocês conhecem do Rio de Janeiro. Isso é muito localizado no Brasil. Acontece nos grandes centros, que é Rio de Janeiro e São Paulo. CM – Quais as principais diferenças em termos de técnicas e materiais utilizados verificadas entre Portugal e o Brasil? FL – Eu apesar de ter sangue português conheci Portugal agora e ainda não consegui olhar nada, a não ser aqui internamente. No entanto, o Brasil hoje tem uma tecnologia muito avançada e tem empresas multinacionais na área da construção. É um país competitivo na área de aeroportos, portos e barragens. Quem construiu o Itaipu, que era a maior usina do mundo, constrói qualquer obra. O Brasil é pioneiro em prospeção de petróleo em grandes águas profundas e desenvolveu o carro a etanol. Não existe a discussão de que falta conhecimento tecnológico no Brasil. O Brasil hoje desenvolve tecnologia de primeiro mundo.
Perfil Francisco Ladaga formou-se em Engenharia Civil na Universidade de Maringá em 1977. Concluiu o Mestrado na Universidade Federal Fluminese e foi Engenheiro Chefe do Escritório Regional da Superintendência de Controle de Erosão no Paraná. É Conselheiro Federal pelo Paraná no Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) e presidente da ABENC (Associação Brasileira de Engenheiros Civis).
a construção no brasil na atualidade
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a construção no brasil na atualidade pré-fabricação em pontes de betão – experiência recente no brasil e em portugal Fernando R. Stucchi Professor titular da Escola Politécnica da Universidade de S. Paulo, Sócio e Diretor Técnico da EGT Engenharia Lda. João F. Almeida Professor Associado com Agregação do Instituto Superior Técnico de Lisboa, Sócio e Diretor Técnico da JSJ Estruturas Lda.
1. INTRODUÇÃO Tanto em Portugal como no Brasil, é muito forte a tradição de grande especialização e qualidade na “arte de projetar e construir pontes”. Por outro lado, para além das condicionantes específicas de cada projeto, a escolha das soluções estruturais é muitas vezes também fortemente influenciada por aspetos relacionados com práticas de projeto e construção e situações de conjuntura económica locais. Este artigo apresenta, de forma sumária, uma perspetiva atual sobre aplicações de soluções pré-fabricadas em tabuleiros de obras de arte realizadas mais recentemente em Portugal e no Brasil. A nível internacional, a aplicação de elementos pré-fabricados em tabuleiros de obras de arte remonta aos anos 30, embora, em geral, para situações com vãos e extensões moderados. O início dos anos 50 marca, efetivamente um período de enorme desenvolvimento, principalmente relacionado com os progressos verificados nos meios de transporte, elevação e colocação de elementos pré-fabricados, bem como pelos desenvolvimentos tecnológicos em curso na área do pré-esforço por prétensão, com fios e com cordões (cordoalhas). São três as razões frequentemente referidas como vantagens principais da utilização da pré-fabricação em estruturas de obras de arte: – velocidade de construção;
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– minimização das interferências com o tráfego ou outras infraestruturas existentes, nomeadamente no caso de obras em ambiente urbano ou sobre vias em funcionamento; – embora já muito dependente de condições locais, eventuais vantagens económicas quando comparadas com obras executadas “in-situ”. Em Portugal, até ao final dos anos 90, sobretudo devido ao moderado ritmo de investimento verificado em infraestruturas de transportes, constata-se uma aplicação pouco importante de soluções pré-fabricadas. No entanto, estas condições alteram-se a partir do início do século, período a que corresponde um enorme número de obras entretanto realizadas. A relativamente pequena dimensão do país, com boas infraestruturas rodoviárias, já realizadas ou em execução, facilitando à partida as condições de transporte de elementos estruturais de grandes dimensões, conduziu a um desenvolvimento considerável deste setor da indústria de pré-fabricação; mais recentemente, privilegia-se a produção em fábrica, sobretudo com aplicação de soluções pré-tensionadas. Por outro lado, também por razões relacionadas com aspetos anteriormente referidos, no Brasil a utilização de soluções pré-moldadas em tabuleiros de obras de arte constitui, de há
longa data, uma opção muito usada. Normalmente, chama-se pré-moldagem à pré-fabricação realizada em estaleiro (canteiro) próximo da obra e, com exceção de condições particulares, o pré-esforço (protensão) efetuado com pós-tensão no local. A pré-moldagem começou, de facto, nos anos 50 e evoluiu bem até ao final dos anos 70. Com a crise económica gerada pela luta contra a inflação, essa evolução ficou estagnada até meados dos anos 2000. Hoje, vivemos uma acelerada recuperação. Mesmo assim a pré-moldagem predomina sobre a préfabricação em indústria. As longas distâncias e o imposto sobre a circulação de mercadorias prejudicam a produção na indústria. Nos parágrafos seguintes, são ilustradas soluções recentemente levadas a cabo nos dois países com recurso a elementos pré-fabricados.
2. SOLUÇÕES COM VIGAS MÚLTIPLAS PRÉ-FABRICADAS É sem dúvida a solução mais utilizada, tanto em passagens desniveladas, como em viadutos correntes, para vãos correntes até cerca de 45 metros. No Brasil a solução “mais popular”, por razões construtivas e económicas, consiste na utilização de vigas “T” ou “I”, ligadas pela laje do tabuleiro, em geral realizada
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com recurso a pré-lajes e carlingas (transversinas) apenas nas extremidades dos tabuleiros, sempre bi-apoiados (Figura 1). Em Portugal, esta solução tem sido também muito utilizada, mas na grande maioria das situações com adoção de continuidade posterior do tabuleiro. Sempre que possível, os elementos préfabricados são, em geral, colocados com recurso a grua (Figura 2), equipamentos cujas características de mobilidade e capacidade de elevação muito evoluíram nos últimos anos. Por conta da crise, essa evo-
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lução ainda não atingiu plenamente o Brasil. Por outro lado, em situações de mais difícil acessibilidade a colocação dos elementos pré-fabricados tem sido efetuada com recurso a vigas de lançamento, com capacidades de elevação até cerca de 150ton., como utilizado no Trensurb de Porto Alegre, Brasil (Figura 3), e, igualmente, em diversas obras da Concessão Scut da Ilha de S. Miguel, nos Açores, Portugal (Figura 4). Como anteriormente salientado, os tabuleiros são, em geral, contínuos, embora, no que se refere a este aspeto particular, a prática cor-
rente dos dois países apresente diferenças significativas. Em Portugal, adota-se preferencialmente a continuidade total do tabuleiro (vigas + laje), permitindo otimizar o comportamento estrutural da obra na situação final, tanto para ações verticais, como para a ação sísmica, muito importante em grande parte do país. O comportamento estrutural de soluções contínuas, com diversos tipos e pormenores de ligação, foi amplamente analisado em estudos numéricos e experimentais, nomeadamente realizados no IST, Instituto Superior Técnico de Lisboa (ver Figuras 5 e 6). Como conclusão mais geral dos trabalhos realizados, verifica-se que as juntas entre elementos pré-fabricados e de betão “in-situ”, com continuidade de armaduras, mesmo em zonas das estruturas com elevados esforços de flexão e corte, desde que corretamente pormenorizadas, apresentam muito bom comportamento. Em juntas verticais, a continuidade do campo de compressões e a ductilidade da região são muito favoravelmente influenciadas pela existência de armaduras longitudinais dispostas ao longo da altura da alma.
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> Figura 1: Vigas pré-moldadas típicas usadas no Rodoanel, Dersa, 2005. Corte transversal no meio do vão, em baixo. > Figura 2: Viaduto de Lapas de Abelheira: 216m de extensão, vãos correntes de 38m, Subconcessão Pinhal Interior, Armando Rito Engenharia, 2012. > Figura 3: Trensurb: 3 vigas em via dupla, Porto Alegre, EGT- Deltacon, 2008.
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a construção no brasil na atualidade
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Esquematiza-se na Figura 7 um exemplo de continuidade total do tabuleiro, na região do apoio sobre um pilar. Como ilustram vários dos exemplos apresentados, esta conceção tem permitido a realização de tabuleiros contínuos, sem juntas intermédias, com extensões até 500/600 metros. >5
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> Figura 4: Viaduto V10: Concessão Ilha S. Miguel, Açores, JSJ Estruturas, 2011. > Figura 5: Esquemas dos dispositivos de ensaio. > Figura 6: Ensaios de Cavaco, E., Pacheco, I. e Camara, J., IST, 2005/2008. > Figura 7: Exemplo esquemático de continuidade total do tabuleiro (vigas + laje), nos encontros e pilares. > Figura 8: Viaduto de Sta. Iria da Azóia, N10, tabuleiro duplo com extensão total de 1888m, LCW, 1998. > Figura 9: Viaduto de Alvaiázere, Subconcessão Pinhal Interior, tabuleiro duplo com 2x13.30m, extensão total de 301m, vãos correntes de 35m, A2P Consult, 2011. > Figura 10: Exemplo de continuidade parcial do tabuleiro (apenas da laje), num pilar.
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O viaduto de Sta. Iria da Azóia (Figura 8), construído nos anos de 1997/98, apresenta um comprimento total de 1888m, uma largura variável de 24,0m a 42,8m, sendo o seu vão máximo de 48m. O tabuleiro em betão armado pré-esforçado é constituído por 532 vigas préfabricadas com continuidade estrutural sobre os apoios intermédios. As vigas foram préfabricadas no estaleiro da obra e o pré-esforço foi integralmente aplicado por pós-tensão. No Brasil, as dificuldades construtivas e tecnológicas colocadas pela continuidade têm constituído o principal motivo para evitá-la; as vigas são, em geral, mantidas bi-apoiadas, sendo a continuidade apenas assegurada pela laje do tabuleiro, com o seu comprimento livre e espessura dimensionados de forma a que, para as rotações das vigas adjacentes e as ações do tráfego, se garanta um adequado controlo da fissuração. A Figura 10 mostra um detalhe típico dessa solução. A utilização de tabuleiros vigados constituídos por secções em “T” ou “I” é frequentemente objeto de comentários desfavoráveis, por razões de ordem estética, sobretudo quando adotada em situações de maior visibilidade da obra. Este aspeto pode ser consideravelmente melhorado com a utilização de vigas “U”, solução também amplamente utilizada em Portugal e no Brasil, como se apresenta nos
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Detalhe de continuidade da laje
Corte Longitudinal na junta
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projetos das Figuras 11, 12 e 13. A utilização de soluções com vigas “U” em obras curvas coloca diversas questões referentes à pré-fabricação dos elementos do tabuleiro. Na realidade, o que mais perturba a
pré-fabricação não é o facto de a diretriz ser curva mas, fundamentalmente, a variação do raio de curvatura em planta e da inclinação transversal do tabuleiro. É possível, com os elementos de secção
a construção no brasil na atualidade
transversal em “U” adotados para o tabuleiro, acompanhar, com diferenças pouco significativas, a variação da inclinação transversal entre apoios, à custa de uma deformação de torção imposta aos elementos pré-fabricados aquando da sua colocação sobre os apoios provisórios, como realizado no Viaduto V1A, sobre o Rio Leça (Figura 14). Como, nesse momento, a viga é um perfil aberto, muito flexível à torção, os esforços introduzidos por essa rotação são pequenos e aceitáveis. Como anteriormente referido, a conceção geral do pré-esforço do tabuleiro também é distinta nas práticas mais atuais em Portugal e no Brasil. No Brasil, apenas quando a extensão da obra é muito grande, correspondendo portanto a uma quantidade muito importante de vigas, e com condições de transporte favoráveis, se coloca a opção de utilização de sistemas com pré-tração em fábrica. Foi, por exemplo, o caso da Trensurb em Porto Alegre, anteriormente ilustrado. Por seu lado, em Portugal, pelas razões anteriormente expostas, a tendência mais recente corresponde à utilização de vigas prétensionadas em fábrica e transportadas para o local; para vãos superiores a 30 metros pode ser interessante adotar também pré-esforço de continuidade, pós-tensionado, em geral disposto apenas na laje do tabuleiro. Quanto às lajes dos tabuleiros, para vãos correntes, no Brasil são habitualmente constituídas por pré-lajes de 60 a 70 mm de espessura, contendo já toda a armadura positiva final da laje e deixando sua superfície superior rugosa sobre a qual se aplica a capa (betão complementar), com espessura total mínima variando de 180 a 200mm. Para vãos superiores, podem igualmente utilizar-se pré-lajes nervuradas, em treliça metálica ou de betão armado ou pré-tensionadas, essa última muito raramente usada no Brasil. Quando existem balanços laterais, como se verifica na grande maioria das obras realiza-
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das em Portugal, é muito usada, em ambos os países, a pré-laje com treliça de barras de aço, tendo em geral a laje espessuras totais mínimas entre 200 e 250mm. Em Portugal, a adoção deste tipo de solução, em geral com pré-lajes treliçadas, não coloca atualmente reservas, sendo a verificação da ligação entre os dois betões efetuada se-
gundo as indicações do Eurocódigo 2 (Norma Europeia para o dimensionamento de estruturas de betão). Segundo essas normas, as lajes precisam de ser mais espessas, como visto acima, e em geral armadas com armaduras transversais de ligação. Para usar espessuras menores e sem estribos, foi realizado um programa de ensaios
> Figura 11: Vigas pré-moldadas em “U”: Metro de São Paulo - Linha 5, Enescil, 2000 (esquerda) e Trensurb, Porto Alegre, EGT- Deltacon, 2008 (direita). > Figura 12: Viaduto sobre a Ribeira de Alcantarilha, Autoestrada A22, Algarve: tabuleiro duplo com extensão total de 1200m (600 + 600), vãos correntes de 35m, JSJ Estruturas, 2002. > Figura 13: Viaduto sobre a Autoestrada A1, no Carregado, extensão total de 1238m (405+ 560+ 273), vãos de 35m e 45m, A2P Consult, 2006. > Figura 14: Viaduto V1A, sobre o Rio Leça, Concessão do Grande Porto: extensão total de 660m, vãos correntes de 30m e sobre-elevação variável entre 2.5% e 7.0%, J L Câncio Martins, 2004. > Figura 15: Exemplo de pré-laje treliçada, para tabuleiros com consolas laterais. > Figura 16: Pré-lajes de betão armado (esquerda – Brasil) e com nervuras pré-tensionadas (direita – Portugal), posicionadas com armadura positiva cruzando-se sobre as vigas e seus estribos.
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na POLI (Escola Politécnica da Universidade de S. Paulo) correspondendo a 3 Dissertações de Mestrado orientadas com o objetivo de justificar a utilização dessa solução. Dois aspetos essenciais foram comprovados nessa pesquisa: – a não existência de problema de fadiga no cisalhamento entre a pré-laje e a capa, desde que se use o detalhe A da Figura 17.
JL Câncio Martins
Projectos de Estruturas Lda
www.jlcm.pt
Ponte de Sary, Jeddah, Arábia Saudita (2013)
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a construção no brasil na atualidade
O detalhe B é, de facto muito pior e justifica os resultados de ensaios antigos publicados em boletins anteriores do CEB e da FIP; – justifica-se usar γs,fad = 1.0 nos limites propostos pelo CEB/FIP MC90 para a fadiga das armaduras em função do ótimo desempenho do aço CA50 brasileiro. Os exemplos anteriores referem-se, na generalidade, a casos de viadutos, em que a justificação mais importante para a utilização da pré-fabricação está na generalidade relacionada com a extensão ou condições de implantação das obras. Em passagens desniveladas, nomeadamente quando a executar sobre vias em exploração, pode também constituir uma interessante aplicação da pré-fabricação o uso de vigas celulares. Um exemplo recente refere-se à solução adotada no âmbito do alargamento para 2x4 vias da Autoestrada A3 (Figura 18), junto à fronteira Norte de Portugal com Espanha, em que foi necessário substituir as passagens superiores existentes por obras novas de modo a acomodar o novo perfil transversal da AE, mantendo, com muito curtas interrupções, a via principal em serviço. Para sete das Passagens Superiores projetaram-se obras “híbridas” em que os vãos extremos são pré-fabricados em betão pré-esforçado e o vão central é misto aço-betão. Como esses pré-moldados são em geral mais pesados, estas soluções não têm ainda sido utilizadas no Brasil, por falta de equipamentos.
3. SOLUÇÕES EM ADUELAS PRÉ-MOLDADAS CONJUGADAS A construção com recurso a aduelas préfabricadas tem sido amplamente utilizada a nível internacional, já há 40 anos no Brasil e, mais recentemente, também em Portugal. Para além de outras vantagens reconhecidas, a utilização de aduelas pré-fabricadas permite reduzir significativamente o prazo de construção das obras, quando comparado com o
A. Detalhe ensaiado – bom resultado
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correspondente a uma solução de avanços com aduelas betonadas “in situ”. De facto, a fabricação do tabuleiro torna-se independente da execução dos pilares e fundações, aspeto tanto mais importante quanto mais morosos forem os acessos e a execução das fundações, nomeadamente face a condicionamentos topográficos e geotécnicos verificados. O processo utilizado é correntemente designado por aduelas conjugadas, uma vez que cada aduela é betonada contra a que a antecede na sua posição final no tabuleiro. No Brasil, salienta-se a construção da ponte Rio-Niterói, em 1974, com mais de 10 km sobre o mar com aduelas pré-moldadas em consolos sucessivos (Figura 19). A técnica foi retomada em meados dos anos 90, no Rio de Janeiro, com alguns viadutos na
> Figura 17: Lajes ensaiadas à fadiga (2x106 ciclos), e posteriormente à rutura (USP, 2010 / 2011).
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B. Detalhe de testes antigos – a evitar
linha amarela (Figura 20) em que se usaram aduelas pré-moldadas, mas agora numa construção vão a vão, onde todas as aduelas do vão são suportadas por treliça e solidarizadas por protensão externa. Mais recentemente, em 2003, foi construída em Guayaquil, sobre o Rio Daule, com projeto e execução brasileiros, a duplicação da ponte existente (Figura 21). Como a obra é longa, com cerca de 870m de extensão, e apesar da altura variável exigida pela municipalidade, decidiu-se fazer uso de aduelas pré-moldadas. Como se ilustra na Figura 22, cada aduela é a forma da sua vizinha, de modo a dar o ajuste correto na montagem. A ligação faz-se apenas com superfície denteada, epoxi e protensão. Para o lançamento das aduelas, na falta de equipamentos específicos, a treliça
a) Corte longitudinal
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b) Secção transversal – tramos extremos
c) Secção transversal – tramo central
d) Pormenor da zona de ligação do tabuleiro
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Aspen, lançadeira de vigas pré-moldadas, foi reforçada e adaptada para o lançamento das aduelas. Os tirantes para estabilizar os balanços durante a execução foram tubulares preenchidos do concreto e protendidos.
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O desempenho geral da obra foi bastante bom, mas a montagem do estaleiro de préfabricação em ambiente aberto e sob o sol de Guayaquil gerou problemas de geometria, que tiveram de ser compensados nas adue-
las seguintes. A forma para a execução das aduelas deve ficar em armazém coberto, protegida do sol. O mesmo tipo de solução foi recentemente utilizado em quatro obras da Concessão da Ilha de S. Miguel, nos Açores, com vãos principais da ordem dos 100 metros. Os locais de execução das obras apresentam uma orografia muito acidentada, de grande valia paisagística, com vales cavados e de difícil acesso. A pré-fabricação das aduelas foi, neste caso, realizada em parque industrializado (Figura 23). As aduelas, em caixão, têm a largura total do tabuleiro e 2.39m de comprimento na direção longitudinal e são colocadas com recurso a uma viga de lançamento que apoia nos pilares e no tabuleiro anteriormente construído, conforme ilustrado nas Figuras 24, 25 e 26. Imediatamente antes do posicionamento de cada nova aduela, ligada à anterior por intermédio de barras de pré-esforço provisórias, é aplicada uma resina epoxídica sobre a face em contacto com a aduela precedente. A seguir à colocação de cada duas aduelas consecutivas introduzem-se os cabos definitivos de préesforço das consolas e retiram-se as barras
> 22 > Figura 18: Passagem Superior PS024, Autoestrada A3, Porto-Valença, Armando Rito Engenharia/ AdF Engenheiros Consultores, 2011. > Figura 19: Ponte sobre o Rio-Niterói: vãos correntes de 80m, Noronha, 1974. > Figura 20: Viaduto na linha Amarela, Rio de Janeiro, Freyssinet, 1995. > Figura 21: Ponte sobre o Daule, Guayaquil, (vãos de 75m), EGT, 2003. > Figura 22: Ponte sobre o Daule: treliça Aspen adaptada para lançar aduelas (esq.) e elementos de estabilização provisória para equilíbrio do tabuleiro na fase de construção. EGT, 2003.
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a construção no brasil na atualidade
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provisórias. Com este processo construtivo foi possível executarem-se tabuleiros, com 3 vãos, em cerca de 4 semanas (aproximadamente 2 pares de aduelas por dia). Em 2002 teve início a construção da ponte do Guamá, a primeira ponte rodoviária estaiada do Brasil, com 320m de vão, que dá acesso ao porto de Barcarena a partir de Belém do
Pará, em consolos sucessivos com aduelas pré-moldadas que eram içadas de flutuante através de treliças e guinchos na ponta dos balanços. Como a secção transversal tinha duas vigas unidas pela laje e transversinas a cada 3m, os 6m da aduela resultaram leves o suficiente para os equipamentos disponíveis, mas a
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ideia de fazer aduelas conjugadas trouxe preocupação por conta da precisão geométrica a obter. Acabou-se por decidir fabricá-las 40 cm mais curtas, de modo que este espaço fosse moldado in loco, permitindo ajustar as diferenças. Mais recentemente, em 2008, começou a ser construída a maior ponte do Rodoanel de
> Figura 23: Parque de pré-fabricação, Concessão Scut da Ilha de S. Miguel, 2010/2011. > Figura 24: Colocação das aduelas, Concessão Scut da Ilha de S. Miguel, 2010/2011. > Figura 25: Viaduto sobre a Ribeira dos Caldeirões, Concessão Ilha S. Miguel, Açores, (extensão total de 315m, vãos principais de 100.80m), Cenor Estruturas / JSJ Estruturas, 2011. > Figura 26: Viaduto sobre a Ribeira da Achada, Concessão Ilha S. Miguel, Açores, (extensão total de 192.20m, vão central de 93.60m), JSJ Estruturas, 2011. > Figura 27: Ponte do Guamá: ponte estaiada, de concreto, com 320m de vão, Enescil, 2002. > Figura 28: Ponte do Guamá - içamento e ajuste de uma aduela à ponta do balanço Enescil, 2002.
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São Paulo. Na verdade, trata-se de duas pontes de 1820 m de comprimento e 16 m de largura sobre a Represa Billings. Depois de cuidadoso estudo de alternativas, considerando inclusive estruturas mistas, decidiu-se construí-la em consolos sucessivos pré-moldados, vencendo vãos de 107m. As aduelas eram unicelulares e tinham altura variável, mas para evitar dificuldades de precisão geométrica na execução, decidiu-se usar o mesmo trecho moldado in loco proposto para a ponte do Guamá acima descrita. Como, porém, a secção não era de duas vigas, mas um caixão, as dificuldades decorrentes dessa decisão foram maiores (Figura 30). Apesar das dificuldades, as pontes foram terminadas no prazo, com qualidade adequada, e estão a prestar um enorme serviço a São Paulo e ao Brasil, porque mais de 50% da produção brasileira passa ou vai passar por lá no final do Rodoanel, previsto para 2017. Certamente, a dificuldade de união das aduelas gerada pela junta moldada in loco facilitou a fabricação, o controle e a correção dos desvios de execução das aduelas que eram sempre ajustados no pequeno trecho moldado in loco.
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Dissertação (Mestrado). Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010. Cavalcanti, E.C. “Investigação experimental da fadiga ao cisalhamento em lajes de pontes com pré-
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lajes” 226p. Dissertação (Mestrado). Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011. Stucchi, F. R. “NBR6118:2003-Design of Structural Concrete Brazilian Standard Foreseen modifications
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for the 2012 Version” - IABSE-FIB Joint Conference on Codes in Structural Engineering, 2010. Stucchi, F. R. “Exemplos de Puentes Brasilenas Recientes” – Palestra proferida no 1er. Congreso de
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Estructuras, Procedimientos Constructivos y Materiales – Montevideo, Uruguay – 2007.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A experiência recente mostra que, tanto em Portugal como no Brasil, a pré-fabricação tem-se afirmado decisivamente na área da construção de obras de arte. Ambos os países procuraram acompanhar, com “tempos e ritmos” adaptados às situações de conjuntura económica que atravessaram, os mais recentes desenvolvimentos da indústria da pré-fabricação aplicada à execução de pontes. Também as universidades e centros de investigação têm mostrado interesse sobre os problemas que se colocam na aplicação prática deste tipo de soluções, contribuindo para a sua divulgação e correta aplicação. Como este artigo permite concluir, as principais diferenças que se verificam atualmente, tanto em aspetos de conceção como tecnológicos, resultam das práticas de projeto e de construção locais. A análise e reflexão sobre as diferentes experiências permitirão, certamente, contribuir para a qualidade e a economia das futuras realizações de obras de arte em ambos os países. > Figura 29: Ponte da Billings no Rodoanel, vãos de 107m, EGT, 2008. > Figura 30: Ponte da Billings no Rodoanel: stock de aduelas pré-moldadas e aduela içada, concretagem da junta, EGT, 2008.
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a construção no brasil na atualidade análise da cobertura do estádio nacional de brasília em um túnel de vento numérico Paulo de Mattos Pimenta Professor Titular, Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha (figura 1) é um complexo multiuso com uma área de 1,6 milhões de m2, projetado para receber grandes eventos esportivos e culturais. Com capacidade para 71 mil pessoas, a nova arena vai inserir Brasília, em definitivo, no cenário dos grandes eventos. Brasília terá posição de destaque no calendário do Mundial de 2014. A capital será anfitriã da Seleção Brasileira no jogo decisivo da fase de grupos. Além disso, sediará um confronto das
>1 > Figura 1: O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.
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oitavas de final e um das quartas de final. A partida que decidirá o terceiro e o quarto lugar também ocorrerá no Estádio Nacional. Além do Brasil, os torcedores que estiverem em Brasília acompanharão, na primeira fase, outras duas seleções cabeças de chave. Mais próxima, a Copa das Confederações da FIFA 2013 terá o jogo de abertura no Estádio Nacional de Brasília. A partida, a única do Distrito Federal no torneio, terá a presença da Seleção Brasileira em campo. O adversário será o Japão, campeão asiático. Desenhado pelo escritório Castro Mello Arquitetos de São Paulo, o estádio de Brasília prima
pela excelência estética de sua arquitetura. É como se fosse inspirado pelo entorno, uma área pontuada por palácios de Oscar Niemeyer, com construções de pilares externos e varandas. Para não agredir esse conceito arquitetônico, projetou-se uma edificação com um grande terraço aberto, por onde o público circulará. Desse modo, a área externa da arena conta com 288 colunas esbeltas de concreto, que formam uma espécie de marquise circular em torno do estádio. A solução, além de inserir o projeto em seu entorno, permite a criação de acessos radiais para o público. A fachada pode parecer o grande destaque arquitetônico do projeto, mas ao entrar na arena, tal sensação rapidamente se perde. A principal marca do Estádio Nacional é sua grande cobertura em anel circular com 309 m de diâmetro, a maior de seu gênero no mundo. A estrutura do conjunto é independente das arquibancadas: os pilares de concreto da fachada suportam um anel de compressão, também de concreto, de onde saem os cabos e treliças que sustentam a cobertura de membrana e que se prendem s cabos do anel interior de tração. A elaboração desse sistema exigiu um grande estudo por parte dos projetistas. Foi contratada a consultoria dos escritórios alemães SBP (Schlaich Bergermann und Partner) e GMP (Gerkan, Marg und Partner), ambos
com larga experiência em arenas esportivas. A estrutura das arquibancadas é simples. O anel inferior foi construído abaixo do nível do terreno e se sustenta no próprio solo. Apenas o anel superior conta com estrutura de concreto armado. As arquibancadas obedecem ao novo paradigma dos estádios de futebol, sendo bem mais inclinadas que a dos estádios em uso no Brasil. Isso proporciona uma boa visibilidade a todos os assentos. O projeto é todo sustentável. Em seu anel de compressão (a enorme laje concreto de 22 m de largura e com um quilômetro de comprimento, que dá sustentação à cobertura do estádio) serão instalados, após a Copa das Confederações, 9.120 painéis fotovoltaicos, que captarão a luz do sol e a converterão em energia elétrica. Com isso, a nova arena será capaz de gerar 2,4 MW de energia, o que equivale ao consumo de cerca de duas mil residências por dia. Assim, o estádio deverá entrar para a história como o primeiro net-zero do planeta, ou seja, ele produzirá mais energia do que sua expectativa de consumo. Além disso, a cobertura do estádio atuará como um dos pontos de captação de água e, juntamente com o lago que será construído nos arredores do estádio e com as biovaletas (sistemas especiais para reserva de água para o abastecimento das árvores que serão plantadas ao redor do estádio), o novo Mané Garrincha será capaz de armazenar, em seus reservatórios, cerca de 10 milhões de litros de água, que serão tratados e,
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depois, reutilizados nos banheiros (mictórios e vasos sanitários), na irrigação do campo e na limpeza do estádio. O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha é de propriedade da Companhia Imobiliária de Brasília – NovaCap, que financiou o projeto, e foi construído pelo Consórcio Brasília 2014, formado pelas empresas Via Engenharia e Andrade Gutierrez. A análise fluidodinâmica (CFD) e a análise estrutural (FEA) descritas neste trabalho foi toda realizada computacionalmente. Ela foi conduzida pelo autor deste artigo em serviço de consultoria à PA Engenharia, empresa de outro professor da USP, Prof. Pedro Almeida, e contou com a assessoria prestimosa da ESSS, na pessoa de seus engenheiros Michele Mendes, Roberto Silva e Armando Souza. Este serviço foi realizado dentro de um controle de qualidade do projeto e para verificar a necessidade de eventuais reforços.
Análise fluidodinâmica computacional da cobertura A análise do escoamento de ar devido a um vento de projeto de 35 m/s foi realizada com o programa computacional FLUENT com o objetivo de se obter as pressões aerodinâmicas sobre a cobertura do estádio. Este programa utiliza o Método dos Volumes Finitos para resolver as equações de Navier-Stokes para
escoamentos isotérmicos incompressíveis. Usualmente, o carregamento devido ao vento é obtido em ensaios com modelos reduzidos em túneis de vento. A obtenção destes valores em um túnel de vento numérico foi uma decisão tomada tendo em vista a exiguidade de prazo e limitações orçamentárias, e serviu para demonstrar a qualidade e efetividade do método. O modelo geométrico do estádio foi obtido a partir do projeto arquitetônico, removendo-se detalhes desnecessários. Ele encontra-se na figura 2. O domínio de análise é um hemisfério com um raio 20 vezes maior que o diâmetro do estádio e encontra-se ilustrado na figura 3. Veja-se a dimensão diminuta do estádio no centro deste hemisfério. A malha de elementos triangulares que descreve a superfície das construções está exposta na figura 4. Já a malha com mais de 20 milhões de elementos tetraédricos que serviu para discretizar o domínio está exposta na Figura 5. Para a criação destas malhas foi utilizado o software ANSYS ICEM. Tomou-se o cuidado para haver sempre elementos menores que a camada limite junto a superfície. Os resultados da análise em regime permanente estão dispostos nas figuras 6 a 8 e mostram as pressões e velocidades no escoamento. Os resultados de pressão mostraram-se semelhantes aos obtidos pela GMP em túnel de
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> Figura 2: Modelo geométrico do estádio utilizado. > Figura 3: Domínio da análise fluidodinâmica.
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a construção no brasil na atualidade
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vento na Alemanha. Os nossos valores foram em geral inferiores aos utilizados no projeto provenientes deste estudo. Ao contrário de ensaios em túneis de vento que utilizam modelos em escala reduzida, o ensaio numérico utiliza as dimensões reais do problema. Outra vantagem do ensaio numérico é a facilidade de se mudar a direção do vento. Além disso foi possível se determinar as pressões na membrana inferior da cobertura. No ensaio
>6 > Figura 4: Malha superficial. > Figura 5: Malha volumétrica. > Figura 6: Velocidade e pressão do ar no plano meridional.
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em túnel de vento a estrutura é necessariamente rígida, enquanto que no túnel numérico estruturas flexíveis são possíveis.
Análise estrutural computacional da cobertura Com os resultados da análise fluidodinâmica em mãos partiu-se para uma análise estru-
tural da cobertura. Para tanto foi utilizado o programa ANSYS de elementos finitos. O modelo completo elaborado encontra-se na figura 9. O anel de compressão foi modelado com elementos de casca, os pilares com elementos de barra, a membrana com elementos de membrana, os cabos e as treliças com elementos de treliça. Ao todo foram utilizados mais de 600 mil elementos finitos. Um detalhe da malha pode ser visto na figura 10. Foram realizadas 3 análises estruturais: uma análise dinâmica de vibrações livres para determinação de frequências e modos naturais de vibração, uma análise estática linear para determinação de tensões nos elementos estruturais e uma análise não linear de estabilidade. Além do carregamento devido ao vento, foram considerados os carregamentos devidos ao peso próprio, ao peso agregado à cobertura e à protensão dos cabos. As tensões verificadas foram em geral baixas, mostrando uma grande segurança à ruptura. A estabilidade da estrutura foi verificada sem problemas. A análise dinâmica
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mostrou que um pequeno contraventamento era necessário para se evitar vibrações de rotação em torno de um eixo vertical. Isto foi conseguido com um pequeno acréscimo de peso nos cabos.
O trabalho de análise realizado para o Estádio Nacional de Brasília foi pioneiro e demonstrou que é possível realizar ensaios em túneis
de vento numéricos em futuros projetos de estruturas especiais. Dentro do controle de qualidade do projeto, mostrou-se uma ferramenta útil de verificação em um prazo muito curto a custos razoáveis.
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CONCLUSÃO
> Figura 7: Linhas de corrente no plano meridional e pressão sobre a cobertura. > Figura 8: Pressões sobre a membrana superior e inferior da cobertura. > Figura 9: Modelo completo sem as membranas. > Figura 10: Detalhe do modelo em elementos finitos > Figura 11: 2º modo de vibração correspondente à frequência natural de 0,432 Hz. > Figura 12: Tensões na estrutura metálica de cabos e treliças > Figura 13: Deslocamentos na análise não linear de estabilidade
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a construção no brasil na atualidade aplicações da tecnologia de “cutter soil mixing” no brasil No âmbito de parcerias que a JetSJ tem desenvolvido com empresas brasileiras, como a Drilling do Brasil (execução) e a Consulgeo – Consultoria e Projetos Geotécnicos (projeto), no presente artigo são descritos alguns casos práticos correspondentes aos primeiros projetos e às primeiras obras realizadas no Brasil com recurso à moderna tecnologia de “Cutter Soil Mixing” (CSM). São apresentados, para cada caso prático, os principais critérios de conceção e de execução adotados em soluções de contenção periférica. São ainda destacados os aspetos relacionados com a importância do controlo de qualidade e do controlo de execução das soluções recorrendo à referida tecnologia.
1. INTRODUÇÃO Pode ser referido de forma resumida que a tecnologia de CSM consiste numa mistura mecânica entre o solo e o ligante, em geral cimento, mas também brita, cal ou outros produtos, adequados aos objetivos específicos de natureza resistente e química de cada obra. A ferramenta de furação, corte e mistura é aná-
loga à adotada na tecnologia de execução de paredes diafragma (moldadas), com recurso a hidrofresa, sendo constituída por, no mínimo, duas rodas de corte com eixo horizontal (cutter), especialmente vocacionadas para a escavação em solos moles heterogéneos e maciços rochosos com grau de alteração não inferior a w3 (Simon, 2009; Pinto, 2011) (Figura 1).
Alexandre Pinto Diretor Técnico – JetSJ Geotecnia, Lda. geral@jetsj.pt Xavier Pita Eng.º Projetista – JetSJ Geotecnia, Lda. geral@jetsj.pt Rui Tomásio Eng.º Projetista – JetSJ Geotecnia, Lda. geral@jetsj.pt
Além da versatilidade do ponto de vista do atravessamento de todos os tipos de solos e de maciços rochosos, muito a medianamente alterados, esta técnica destaca-se ainda pela possibilidade de incorporar integralmente o terreno, existente no local da intervenção, na solução final de engenharia adotada para o tratamento do mesmo terreno, com claras vantagens técnicas e ambientais.
CSM – FASEAMENTO CONSTRUTIVO Avanço descendente do cutter através de corte e mistura do terreno, com auxílio de injeção de ligante ou fluidificador (água, bentonite, polímeros, cimento, etc.)
FASE 1: início da descida do cutter através do corte e mistura do terrenos, com auxílio de injeção de ligante ou fluidificador
FASE 2: continuação da descida do cutter através do corte e mistura do terreno, sem auxílio de injeção de ligação ou fluidificador
FASE 3: subida do cutter através da continuação da misura de terreno (com o ligante ou fluidificador adotados na descida) com injeção de ligante
>1 > Figura 1: Principais Conceitos associados à Tecnologia de CSM.
24_cm
FASE 4: subida do cutter através da continuação da misura de terreno com a injeção de ligante
Avanço ascendente, através da continuação de mistura do terreno, com injeção de ligante (a possibilidade de movimentos ascendentes e descendentes do cutter permite melhorar a uniformidade da mistura)
N
CORTE A-A
>
PLANTA ESQUEMÁTICA
Cortina de CSM armada com perfis metálicos e travada com contrafortes em CSM
Cortina de CSM armada com perfis, para escavação de fosso dos elevadores
A
A
Rua Abelardo Domenes Rubio
EDIFÍCIO VIZINHO
Cortina de CSM armada com perfis metálicos e travada com contrafortes em CSM
Talude provisório (a escavar após execução do subsolo)
Rua Felisbino de Lima
>2
2. ALGUMAS APLICAÇÕES RECENTES NO BRASIL 2.1. Edifício em Franca, SP Como exemplo de aplicação da tecnologia de CSM em contenções periféricas, apresenta-se a solução proposta e executada no âmbito dos trabalhos de escavação e contenção periférica para realização dos três pisos de subsolo do Edifício Climenes Novelino II, localizado na cidade de Franca, no Estado de São Paulo. O lote onde o edifício foi implantado apresentava confrontações com edifícios vizinhos a Noroeste e a Nordeste e com arruamentos a Sudoeste (Rua Felisbino de Lima) e a Sudeste (Rua Abelardo Domenes Rubio) – Figura 2. No que se refere o cenário geológico e geotécnico do local, de acordo com a informação recolhida através de sondagens geotécnicas com reconhecimento de solos e realização de ensaios SPT, identificaram-se formações de fraca capacidade geomecânica, caracterizadas por aterros, solo transportado e solo residual, com cerca de 15 metros de espessura, sob os quais foi localizado o substrato competente (Tabela 1). O nível da água
foi detetado nas sondagens efetuadas, no âmbito da campanha de prospeção geológicogeotécnica, a cotas próximas do fundo da escavação. Este dispositivo geológico foi confirmado em fase de obra. A solução proposta e executada para contenção periférica para realização dos pisos de subsolo do edifício, consistiu, genericamente, na realização de uma parede de contenção constituída por uma cortina de painéis de solo-cimento, executados com recurso à tecnologia de Cutter Soil Mixing (CSM), a partir da superfície e compatibilizada com as diversas plataformas de trabalho executadas durante a obra. Na execução da parede de contenção foram adotados painéis de solo-cimento com secção em planta de 2,4 x 0,55m2, com uma sobreposição mínima de 0,2m e um comprimento total de cerca de 12m, o qual permitiu assegurar uma ficha mínima de cerca de 4m abaixo do fundo da escavação. Contudo, face às fracas propriedades de resistência e de rigidez dos solos interessados pela escavação, previu-se a execução de painéis provisórios de CSM com função de contraforte, para travamento dos painéis da cortina, assegurando-se assim o
Tabela 1 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento. Formações
Ø’ (º)
C’ (kPa)
γh (kN/m3)
E’ (MPa)
Aterros (ZG1)
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0
20
10
Solo Transportado (ZG2)
28
5
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Solo Residual (ZG3)
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10
20
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Substrato (ZG4)
35
20
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80
eficaz controlo da deformação horizontal da parede de contenção (Figura 2). Destaca-se que, devido a condicionamentos de vizinhança, os contrafortes foram executados para o interior do recinto de escavação, tendo sido demolidos em 2ª fase, de modo a não interferir com as soluções arquitetónicas dos pisos de subsolo. Assim sendo, e de modo a garantir a estabilidade da cortina de contenção periférica durante todas as fases da obra, a sua demolição foi realizada após a construção dos pisos de subsolo, os quais substituíram o papel dos contrafortes, no que se referia ao travamento da contenção. De modo a acomodar os esforços resultantes dos impulsos do solo, os painéis CSM foram armados verticalmente, ao longo de todo o seu comprimento, com perfis em aço laminado. O conjunto dos painéis de CSM da cortina, dos contrafortes de travamento e perfis metálicos de armadura, foram solidarizados através de uma viga de coroamento em concreto armado, com secção variável e ajustada aos condicionamentos dos diferentes alçados. Com o objetivo de garantir o melhor confinamento dos painéis de CSM durante a fase de exploração da obra, foi executada uma parede de concreto armado com uma espessura mínima de 0,20m, em frente à cortina. A análise do comportamento da cortina de contenção periférica em painéis de CSM foi realizada recorrendo a modelos numéricos, os quais possibilitaram a estimativa dos esforços, a partir dos quais foi realizado o dimensionamento dos principais elementos estrutu-
> Figura 2: Edifício Climenes Novelino II: Planta da contenção periférica e corte tipo.
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a construção no brasil na atualidade
rais, bem como a estimativa das deformações da contenção e das estruturas vizinhas (Figuras 3 e 4).
MODELO DE ELEMENTOS FINITOS
2.2. Contenção Periférica de Edifício no Rio de Janeiro, RJ Esforços na parede de contenção
Apresenta-se como outro exemplo de aplicação da tecnologia de CSM, as soluções propostas para os trabalhos de escavação e contenção periférica, necessários para execução dos três pisos de subsolo do Edifício do Museu da Imagem e do Som, localizado na Avenida Atlântica, na cidade do Rio de Janeiro. Esta escavação, a realizar num zona bastante urbanizada, apresentava confrontações com edifícios vizinhos a Norte, com a Av. Atlântica, a Nascente, com a Av. Djalma Ulrich, a Sul e com a Rua Aires Saldanha, a Poente (Figura 5). Face a este enquadramento, as soluções adotar deveriam privilegiar a minimização da descompressão de solos e do respetivo impacto nas estruturas e infraestruturas vizinhas. O projecto base para escavação apresentava, genericamente, a execução de uma parede diafragma em concreto armado, travada de uma forma geral com recurso a tirantes. Porém, no alçado Norte, confrontante com um importante edifício vizinho, o travamento seria conferido através de bandas de laje provisórias em concreto armado. A solução de contenção em painéis de CSM surgiu como alternativa construtiva à solução de parede diafragma em concreto armado que, no alçado Norte, apresentava condicionamentos de execução devido à dificuldade de estabilizar provisoriamente as paredes diafragma com polímeros, nomeadamente nas zonas adjacentes às sapatas de fundação do edifício vizinho, assim como à necessidade de construção de um muro de guiamento entre o edifício vizinho e a face exterior da parede diafragma, que penalizava a área útil dos pisos de subsolo. A informação recolhida, nomeadamente son-
(esforço normal / esforço de corte / momento fletor – 45,3 kN/m / 16,5 kN/m / 20,8 kNm/m)
>3
>4
dagens geotécnicas com reconhecimento de solos e realização de ensaios SPT, permitiram identificar um cenário geológico e geotécnico caracterizado por uma camada superficial constituída por areias finas a médias, com espessura de 3 a 4m, caracterizadas por N SPT entre 10 a 20 golpes, sobrejacentes a materiais compactos, constituídos por areias finas a médias, com NSPT superior a 60 golpes (Tabela 2). O nível da água foi detetado nas
Tabela 2 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento. Formações
Ø’ (º)
C’ (kPa)
γh (kN/m3)
γsat (kN/m3)
E’ (MPa)
Areia Fina a Média – Zona Superficial (ZG1)
15
0
18
20
10
Areia Fina a Média – Zona Inferior (ZG2)
35
0
19
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50
> Figura 3: Modelo de elementos finitos e principais esforços de dimensionamento. > Figura 4: Vista da obra durante os trabalhos de escavação.
26_cm
sondagens efectuadas, a cotas próximas da superfície do terreno. Os parâmetros geomecânicos adoptados nos modelos de cálculos desenvolvidos, de acordo com o definido pelo projetista da parede diafragma, foram os apresentados na Tabela 2. A solução proposta para a parede de contenção do Alçado Norte consistia, no essencial, na execução de uma parede constituída por painéis de solo-cimento, a realizar a partir da
PLANTA ESQUEMÁTICA
CORTE A-A > N
Cortina de CSM armada com perfis metálicos
Bandas de laje provisórias de travamento da cortina de CSM
Parede de reforço em concreto armado
Rua Aires de Saldanha
EDIFÍCIO VIZINHO
Rua Djalma Ulrich
A Bandas de laje provisórias de travamento da cortina de CSM
A
Parede diafragma em concreto armado
Perfil metálico de apoio provisório das bandas de laje
Cortina de CSM armada com perfis metálicos
Av. Atlântica
>5
MODELO DE ELEMENTOS FINITOS
Esforços na parede de contenção (esforço normal / esforço de corte / momento fletor – 330,9 kN/m / 199,1 kN/m / 268,9 kNm/m)
>6
superfície, e compatibilizada com as diversas plataformas de trabalho, com recurso à tecnologia de Cutter Soil Mixing (CSM). A parede de contenção seria travada provisoriamente, durante a escavação, por bandas de laje de concreto armado. Seria ainda realizada, de cima para baixo, acompanhando a escavação, uma parede de reforço em concreto armado com 60cm de espessura, devidamente solidarizada aos perfis metálicos colocados no interior dos painéis de CSM e junto da face escavada (Figura 5). Na execução da parede de contenção seriam adotados painéis de solo-cimento com secção em planta de 2,40 x 0,55m2, com uma sobreposição mínima de 0,2m e um comprimento total de 12,5m, o qual asseguraria uma ficha mínima de cerca de 4m abaixo do fundo da escavação, de forma a garantir a mobilização de impulso passivo que contribuísse para o equilíbrio e correto funcionamento da estrutura de suporte e também para a redução do fluxo de água
afluente ao interior do recinto da escavação. Os painéis CSM seriam armados verticalmente, ao longo de todo o seu comprimento, com perfis em aço laminado, cujas secções transversais foram ajustadas aos esforços a que se encontravam submetidos. Neste enquadramento, foram propostos perfis do tipo W 460x106,0 (ASTM A572 Grau50). Os perfis metálicos seriam afastados de cerca de 1,1m entre si. A parede de contenção, materializada pelos painéis e pelos perfis verticais, seria encabeçada por uma viga de coroamento em concreto armado, que deveria assegurar a continuidade das armaduras entre a parede de reforço e o prolongamento da mesma até à laje do piso térreo (Figura 5). De modo a confirmar e a complementar as soluções de projeto, utilizaram-se diversos modelos de cálculo, em elementos finitos, que permitiram estimar o comportamento da estrutura de contenção (Figura 6).
2.3. Contenção Periférica de Edifício em São José dos Campos, SP Apresenta-se como novo exemplo de aplicação da tecnologia de CSM, as soluções propostas para os trabalhos de escavação e contenção periférica, necessários para execução dos três pisos de subsolo do Edifício Aquarius, localizado na rua Dr. Tertuliano Delphin Junior, na cidade de São José dos Campos, São Paulo. Esta escavação, a realizar num zona bastante urbanizada, apresentava confrontações com um edifício vizinho, a Nascente, e com diversos arruamentos nos restantes alçados (Figura 7). O cenário geológico-geotécnico interessado pela escavação, era caracterizado por uma alternância de estratos de fracas propriedades resistentes e de grande deformabilidade, nomeadamente areias médias a finas, siltes arenosos, siltes argilosos e argilas arenosas (ZG1). A campanha de prospeção realizada,
> Figura 5: Edifício Museu do Som e Luz: Planta da contenção periférica e corte tipo. > Figura 6: Modelo de elementos finitos e principais esforços de dimensionamento.
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a construção no brasil na atualidade
Tabela 3 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento.
identificou este tipo de materiais até à profundidade máxima dos ensaios, sendo que apenas em algumas sondagens foi detetado o substrato competente, a profundidades a rondar os 30m (Tabela 3). Atendendo a este cenário, e de modo a minimizar a descompressão dos solos e do respetivo impacto nas estruturas e infraestruturas vizinhas, garantindo igualmente a segurança da obra, foi desenvolvida e proposta uma solução de contenção periférica constituída por painéis de solo-cimento, executados com recurso à tecnologia de Cutter Soil Mixing (CSM). Dadas as fracas propriedades mecânicas dos ocorrentes, foi evitado o recurso a tirantes préesforçados, tendo sido privilegiado o recurso a bandas de laje de concreto armado para a concretização do travamento da contenção. Face à altura da escavação, optou-se por dispor de um travamento constituído por uma banda de laje no piso -1 de subsolo, formando um anel rígido, cujo propósito seria travar a contenção horizontalmente. Este anel em concreto armado seria posteriormente incluído na estrutura do mesmo piso de subsolo, resultando assim, em economia da obra (Figura 7). Os painéis CSM seriam armados verticalmente, ao longo de todo o seu comprimento, com perfis em aço laminado, cujas secções transversais foram ajustadas aos esforços a que se
Formações
Ø’ (º)
C’ (kPa)
γ (kN/m3)
E’ (MPa)
Areias médias a finas, siltes arenosos, siltes argilosos e argilas arenosas (ZG1)
32
0
18
25
encontram submetidos. Neste enquadramento, foi proposta a adoção de perfis do tipo W 250x38,5 (ASTM A572 Grau50), afastados de cerca de 1,1m entre si. Como já referido, a parede de contenção seria travada provisoriamente, durante a escavação, por bandas de laje de concreto armado. Seria ainda realizada, de cima para baixo, acompanhando a escavação, uma parede de revestimento em concreto armado com 20cm de espessura, cuja função seria a de assegurar o confinamento dos painéis de solo-cimento.
2.4. Contenção Periférica de Edifício em Guarulhos, SP Apresenta-se ainda como exemplo da aplicação da tecnologia de CSM no Brasil, a solução proposta para os trabalhos de escavação e contenção periférica, necessários para execução dos três pisos de subsolo do Edifício Amável, localizado na Avenida São Bento, em Guarulhos, São Paulo. Esta escavação, a realizar numa zona urbanizada, apresentava confrontações com edifícios vizinhos a Norte
EDIFÍCIO VIZINHO
PLANTA ESQUEMÁTICA
CORTE A-A Cortina de CSM armada com perfis metálicos
Rua Dr. Tertuliano Delphin Junior
>7
> Figura 7: Edifício Aquarius: Planta da contenção periférica e corte tipo.
Bandas de laje provisórias de travamento da cortina de CSM
Rua Vitório Friggi
A
Cortina de CSM armada com perfis metálicos
A
Rua Dr. Tito Roberto Liberado
> N
Bandas de laje de travamento da cortina de CSM
28_cm
e Poente, e com a Av. São Bento, a Sul, e a Rua Campos Belos, a Nascente (Figura 8). O cenário geológico-geotécnico do local, aferido através da campanha de prospeção, permitiu identificar um estrato superficial de argilas plásticas e siltes argilo-arenosos, com NSPT entre 1 a 26 golpes, sobrejacente a um estrato mais compacto, composto por siltes argilo-arenosos com fragmentos de rocha, com NSPT superior a 40 golpes (Tabela 4). Atendendo à profundidade da escavação a realizar, às características dos solos interessados e às condições de vizinhança, foi estudada uma solução de escavação ao abrigo de uma contenção materializada por painéis de solo-cimento, executados com recurso à tecnologia de Cutter Soil Mixing (CSM), armados com perfis metálicos W200 x 41,7, afastados de 0,75m. Devido a condicionamentos arquitectónicos, os painéis da parede de contenção, com espessura de 0,55m, teriam de ser reduzidos para uma espessura de 0,3m, através de raspagem da face aparente dos mesmos painéis, durante os trabalhos de escavação. De modo a assegurar o confinamento dos painéis de CSM, foi
Painéis de CSM de fundação da estrutura e apoio provisório dos perfis metálicos
Perfil metálico de apoio provisório das bandas de laje
Tabela 4 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento. Formações
Ø’ (º)
C’ (kPa)
γh (kN/m3)
γsat (kN/m3)
E’ (MPa)
Argila plástica e silte argilo-arenoso Nspt = 1 a 26
27
10
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19
15
Siltes argilo-arenoso com fragmentos de rocha Nspt >40
40
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20
50
proposto que a parede de solo-cimento fosse revestida com concreto projetado e armado com espessura mínima de 0,1m. Nos alçados confrontantes com a Av. São Bento e com a Rua Campos Belos, em que a contenção apresentava uma altura de cerca de 8m, foi proposto que o seu travamento fosse concretizado através da realização de tirantes provisórios pré-esforçados. Já nos restantes alçados, em que a contenção dispunha de menor altura, mas confrontava para construções vizinhas, foi proposto um travamento através de contrafortes interiores e provisórios, em painéis de CSM, garantindo um controlo adequado das deformações da estrutura de contenção e das edificações adjacentes (Figura 8).
2.5. Edifício em Belo Horizonte Como último exemplo de aplicação da tecnologia de CSM em contenções periféricas, apresenta-se a solução proposta e executada no âmbito dos trabalhos de escavação e contenção periférica que permitiram a exe-
cução dos três pisos de subsolo do edifício localizado na Avenida Barbacena, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O lote onde o edifício se localiza, encontra-se implantado na quadra que integra a Avenida Barbacena, a Sul, a Rua dos Goitacazes, a Norte e a Rua Uberaba, a Nascente (Figura 9). No que se refere ao cenário geológico e geotécnico do local, de acordo com a informação recolhida através de sondagens geotécnicas com reconhecimento de solos e realização de ensaios SPT, identificaram-se formações de fraca capacidade geomecânica, caracterizadas por aterros, argilas e areias com cerca de 10 a 20m de espessura e 3 a 26 golpes no ensaio SPT (Tabela 5), sob os quais foi localizada areia siltosa com 20 a 50 golpes de NSPT. O substrato competente, constituído por gnaisses, foi observado a partir dos 20 a 25m de profundidade. O nível da água foi detetado nas sondagens efetuadas a cotas próximas do fundo da escavação. Este dispositivo geológico foi confirmado em fase de obra. Tal como nos casos anteriores, a solução proposta para contenção periférica dos pisos en-
terrados do edifício, consistiu genericamente, na execução de uma parede de contenção constituída por painéis de solo-cimento executados com recurso à tecnologia de Cutter Soil Mixing (CSM), realizados a partir da superfície e de forma compatibilizada com as diversas plataformas de trabalho executadas durante a obra. Na execução da parede de contenção foram adoptados painéis de solo-cimento com secção em planta de 2,40 x 0,55m2, com uma sobreposição mínima de 0,20m e um comprimento total de cerca de 12,5m, o qual permitiu assegurar uma ficha mínima de cerca de 3m abaixo do fundo da escavação. Contudo, face às fracas propriedades de resistência e de rigidez dos solos interessados pela escavação, previu-se a execução de painéis de CSM de contraforte, para travamento dos painéis das cortinas, assegurando-se assim o eficaz controlo da deformação horizontal das mesmas (Figuras 9 e 10). Destaca-se que, devido a condicionamentos de vizinhança, os contrafortes foram executados para o interior do recinto de escavação, tendo sido demolidos em segunda fase e após a construção dos pisos dos subsolos, de modo a não interferir com as soluções arquitetónicas. De modo a acomodar os esforços resultantes dos impulsos do solo, os painéis CSM foram
> N
CORTE A-A Cortina de CSM armada com perfis metálicos
A
PLANTA ESQUEMÁTICA
Tirantes
Rua Campos Belos
Cortina de CSM travada com contrafortes
A
Cortina de CSM ancorada
Av. São Bento
Cortina de CSM armada com perfis metálicos e travada com contrafortes em CSM
>8
> Figura 8: Edifício Amável: Planta da contenção periférica e corte tipo.
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a construção no brasil na atualidade
Tabela 5 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento. Formações
Ø’ (º)
C’ (kPa)
γh (kN/m3)
E’ (MPa)
Aterros, argilas e areias superficiais
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10
18
25
armados verticalmente, ao longo de todo o seu comprimento, com perfis em aço laminado. O conjunto dos painéis de CSM da cortina, dos contrafortes de travamento e perfis metálicos de armadura, foram solidarizados através de uma viga de coroamento em concreto armado, com secção variável e ajustada aos condicionamentos dos diferentes alçados. Com o objetivo de garantir um melhor confina-
3. CONTROLO DE EXECUÇÃO E DE QUALIDADE
mento dos painéis de CSM durante a fase de serviço da obra, foi executada uma parede de concreto armado com uma espessura mínima de 0,20m, à face dos painéis. A análise do comportamento da contenção periférica em CSM foi realizada recorrendo a modelos numéricos, os quais possibilitaram estimar os esforços de dimensionamento dos principais elementos estruturais, bem como
No âmbito da tecnologia de CSM destaca-se a capacidade de um controlo de execução rigoroso por parte do equipamento, o qual permite monitorizar e corrigir, em tempo real, parâmetros como o avanço das rodas de corte, a injeção do ligante e a verticalidade do painel, caso exista algum desvio durante a execução deste. A referida monitorização é possível em qualquer fase das operações de avanço descendente e ascendente das rodas de corte,
CORTE A-A
Cortina de CSM contrafortes e armada com perfis metálicos
Ru
Av. Barbacena
PLANTA ESQUEMÁTICA
estimar as deformações da contenção e das estruturas vizinhas (Figura 10).
aG oit ac az es
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N
>9
MODELO DE ELEMENTOS FINITOS
ESFORÇOS E DEFORMAÇÕES NA PAREDE DE CONTENÇÃO
Deformação máxima / momento fletor / esforço de corte – 36 mm / 191,7 kNm/m / 80,9 kNm/m
> 10 > Figura 9: Edifício em Belo Horizonte: Planta da contenção periférica e corte tipo. > Figura 10: Modelo de elementos finitos e principais esforços de dimensionamento. > Figura 11: Vista da obra durante os trabalhos de escavação.
30_cm
> 11
dispondo o manobrador do equipamento de um completo painel de instrumentos, o qual permite um controlo automático de todos os parâmetros de furação, injeção de fluidos e mistura do ligante (Figura 12). Refere-se que como forma de controlo da qualidade da execução, em par ticular a confirmação dos parâmetros de resistência e de deformabilidade dos painéis de solo cimento, podem ser recolhidas amostras em fresco, imediatamente após a sua execução, e carotes a diferentes profundidades dos painéis, teste ou definitivos, alguns dias após a respetiva execução (Figura 13).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
equilibrada em relação à do terreno, ao contrário do que sucede com as soluções tradicionais de fundações com recurso a elementos em betão armado ou metálicos. Este fator torna as soluções de painéis de solo - cimento com recurso à tecnologia de CSM especialmente indicadas para aterros técnicos na transição entre elementos de diferente rigidez de fundação; – Possibilidade de armar os painéis com elementos metálicos, em posição centrada, de modo a assegurar uma proteção mais eficaz contra a corrosão, ou não centrada com o respetivo eixo, de forma a melhor acomodar as tensões de tração devidas à mobilização de esforços de flexão e a facilitar a ligação a elementos estruturais ou de revestimento exteriores; – Grande potencialidade para mitigação de vibrações em solos moles; – Possibilidade de materialização de painéis de travamento provisório, de grande rigidez e executados previamente ao inicio dos trabalhos de escavação, de estruturas de contenção em solos moles (Fernandes, 2010); – Compatibilidade e complementaridade com soluções de mistura hidráulica de solo – ligante, como é o caso do jet grouting, realizado com recurso a equipamentos mais
PUB
Tendo por base os aspetos descritos no presente artigo, pode referir-se que a tecnologia de CSM, embora de recente aplicação, em particular no Brasil, apresenta uma combinação de grandes vantagens, que poderão antever uma rápida disseminação futura da mesma em obras de geotecnia estrutural e ambiental. O potencial da tecnologia de CSM pode ser comprovado pelas seguintes principais vantagens, associadas à aplicação da técnica: – Possibilidade de aplicação a todos os tipos de solos e a maciços rochosos alterados
e fraturados, com o mínimo de refluxo, associada a uma minimização de ruídos e de vibrações e induzindo uma forte, mas muito localizada, perturbação do terreno; – Tendo por base que se trata de uma mistura mecânica de solo – ligante, possibilidade de recurso a vários ligantes ou misturas de ligantes, em função das necessidades e exigências de resistência, de deformabilidade e geoquímica de cada solução. Esta característica permite a simultaneidade de tratamento e de descontaminação dos terrenos in situ, com grandes vantagens ambientais; – Ausência de trabalhos de escavação e transporte a vazadouro, com vantagens técnicas e económicas. A tecnologia permite que o terreno não competente para uma determinada obra de engenharia seja devidamente tratado e descontaminado, de forma a ser integrado na solução final da mesma obra de engenharia; – Aplicação em estruturas de contenção, incluindo cortinas de estanquicidade, sem necessidade de realização de juntas, pois estas são substituídas por um comprimento mínimo de sobreposição entre painéis, em geral de apenas 0,20m; – Aplicação em soluções de fundações e de tratamento de fundações, com rigidez
THE GROUND IS OUR CHALLENGE
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Edifício em Franca, SP
Edifício em Belo Horizonte, MG
• Cortina de CSM com contrafortes e armada com perfis metálicos • Escavação com 10m de profundidade (3 sub solos)
• Cortina de CSM armada com perfis metálicos • Escavação com 10m de profundidade (3 sub solos)
a construção no brasil na atualidade
CSM – CONTROLO DE EXECUÇÃO EM TEMPO REAL Sensor de leitura da pressão exterior
versáteis e de menor peso e dimensões; – Sofisticação e apetrechamento dos equipamentos que executam os painéis de solo - ligante através da tecnologia de CSM, os quais permitem, em tempo real, o registo e a correção de todos os parâmetros de execução (Simon, 2009; Wheeler, 2009); – Possibilidade de ajustar a espessura final dos painéis, através da raspagem dos mesmos, aos condicionamentos de natureza arquitetónica (Figura 15).
Sensor de leitura de pressão, torque e velocidade nas rodas de corte
Painel de controlo
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No que se refere às limitações, associadas à tecnologia de CSM, podem ser destacadas as seguintes: – Dimensões, peso e reduzida versatilidade dos equipamentos; – Exigência ao nível do controlo de execução e de qualidade.
Recolha de amostras em fresco
> 13
5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Donos das Obras apresentadas a autorização para a redação do presente artigo, assim como à empresa “Drilling do Brasil Ltda.”, responsável pela execução dos trabalhos descritos.
Execução de ensaios CPT em painéis de CSM
BIBLIOGRAFIA – FERNANDES, M. M; PEIXOTO, A.; PINTO, A.; PITA, A.; GOMES, A. T.; PEDRO, A. (2010), A Técnica de Cutter Soil Mixing aplicada a escavações urbanas, V Congresso
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Luso Brasileiro de Geotecnia, Agosto 2010, Gramado RS, Brasil, Sessão Paralela 2 – Escavações Profundas em Áreas Urbanas, publicado em CD. – PINTO, A.; TOMÁSIO, R.; PITA, X.; GODINHO, P.; PEIXOTO, A. (2011), Ground Improvement Solutions using Cutter Soil Mixing Technology, Proceedings of the International Conference on Advances in Geotechnical Engineering, Perth, Australia, November 2011, ISBN: 978-0-646-55142-5, Ground improvement and soil stabilization. pp. 511 – 518. – Simon, B. (2009). Projet national de recherche et developpement. Amelioration des sols par inclusions verticales rigides. Travaux nº862, pp. 65-72. – Wheeler, P. (2009) Soil-Mix Piles – Mix Factor, European Foundations, Autumn 2009, pp. 10-11.
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> Figura 12: Controlo de execução, em tempo real, associado à tecnologia de CSM. > Figura 13: Vista da recolha de amostras em fresco e de uma carote num painel de solo – cimento. > Figura 14: Vista da execução de ensaios CPT e do resultado de um ensaio de compressão axial não confinado (UCS). > Figura 15: Raspagem dos painéis de CSM para, através da redução da espessura inicial, melhorar a compatibilização com as exigências arquitetónicas
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a construção no brasil na atualidade estruturas metálicas –o papel da universidade na pesquisa e no desenvolvimento O principal objetivo deste artigo é demonstrar a utilização de estruturas de aço e mistas na construção civil como uma alternativa economicamente viável para o Brasil, papel este exercido pela Universidade, seja na formação de recursos humanos, seja no desenvolvimento de novas tecnologias. O desenvolvimento de projetos estruturais aliados a técnicas e processos construtivos é uma consequência lógica da Linha de Pesquisa Comportamento e Projeto de Estruturas de Aço e Mistas do PGECIV – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Isto somente é possível com um melhor entendimento do comportamento dos diversos elementos e sistemas estruturais que compõem a estrutura global. Assim sendo, pretende-se apresentar um breve panorama da investigação científica que está em curso no Brasil na área das estruturas metálicas e mistas.
INTRODUÇÃO A atual dinâmica de evolução científica e de inovações tecnológicas, além da globalização dos mercados, impôs mudanças na formação dos engenheiros. Por outro lado, a indústria da construção, para poder competir a nível internacional, exige uma inovação de seus processos e sistemas computacionais integrados. Esta mudança de atitude passa pelo uso de sistemas estruturais mais eficientes e econômicos onde se destacam as estruturas de aço e mistas que vem, cada vez mais, tornando-se uma alternativa eficaz e viável. As atividades de pesquisa desenvolvidas no PGECIV – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil no âmbito da linha de pesquisa Comportamento e Projeto de Estruturas de Aço e Mistas estão diretamente relacionadas com as disciplinas oferecidas nos cursos de Mestrado e Doutoramento a saber: Projeto de Estruturas de Aço e Mistas I, Projeto de Estruturas de Aço e Mistas II, Ligações Estruturais em Aço e Mistas, Projeto de Elementos Estruturais em Perfis For-
mados a Frio e Projeto de Estruturas com Aços de Alta Resistência e Inoxidáveis e Projeto de Elementos Estruturais Tubulares. As atividades científicas desenvolvidas ainda contam com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Coimbra em Portugal, Imperial College no Reino Unido, PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto em Minas Gerais, sendo estas duas últimas no Brasil. Atualmente, o Brasil encontra-se em pleno desenvolvimento nas mais diversas áreas, e o Rio de Janeiro apresenta-se como cenário ideal para este crescimento tendo em vista a realização da Copa do Mundo em 2014 e, principalmente, da Olimpíada em 2016. Este último evento deixará para a cidade do Rio de Janeiro um verdadeiro legado em obras de infra-estrutura, parques esportivos, etc. Desta forma, a cidade do Rio de Janeiro passou a acompanhar o desenvolvimento de grandes obras de infraestrutura e instalações esportivas. E dentro deste cenário, as estruturas de aço apresentam-se menos agressivas ao meio
Luciano Rodrigues Ornelas de Lima, Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco e Sebastião Arthur Lopes de Andrade UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro PGECIV – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (www.labbas.eng.uerj.br/pgeciv)
ambiente tendo em vista que além de reduzir o consumo de madeira na obra (a estrutura mista aço/concreto pode ser dimensionada desprezando-se a utilização de escoramentos), diminui a emissão de material poluente além de ser 100% reciclável. A concepção de um bom projeto estrutural aliada a técnicas e processos construtivos avançados coloca a utilização das estruturas metálicas e mistas como solução estrutural ideal para obras de grande porte. A utilização deste material possibilita uma maior liberdade no projeto de arquitetura, maior área útil, flexibilidade em termos de modificações futuras, menor prazo de execução com racionalização de materiais e mão de obra, alívio de carga nas fundações proporcionado por estruturas mais leves e esbeltas, organização, reciclabilidade e preservação do meio ambiente. Muitos são os exemplos onde estas estruturas podem ser observadas: O Parque Aquático Maria Lenk construído para os jogos Pan-Americanos de 2007; A nova cobertura do estádio do Maracanã será feita em aço; A ponte do metrô na
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Praça da Bandeira que possibilitou aos usuários seguirem direto da UERJ para o centro sem a necessidade de efetuarem baldeação na estação Estácio; A recém inaugurada passarela da estação Cidade Nova do metrô, etc. (ver Figura 1) Todavia, vale ressaltar que em alguns casos, principalmente quando estruturas com perfis tubulares são utilizadas, torna-se necessário recorrer a normas de dimensionamento internacionais tendo em vista que a norma brasileira de dimensionamento de estruturas de aço não contempla este tipo de estrutura, principalmente, o dimensionamento das ligações. O desenvolvimento de pesquisa em determinadas áreas dentro da universidade representa um dos papéis fundamentais desta perante a sociedade. O objetivo principal destas atividades é fornecer os subsídios necessários para a elaboração de normas e procedimentos de projeto em áreas específicas. Dentro desta perspectiva, é importante salientar que A Associação Brasileira de Normas Técnicas e Comitê Brasileiro da Construção Civil, ABNT/CB-02, iniciaram ações de desenvolvimento do projeto de norma PN 02:125.03-004, intitulado “Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edificações com perfis tubulares”. As reuniões tiveram início em 2011, reunindo fabricantes, projetistas e pesquisadores especialistas no assunto. Os trabalhos têm apoio da ABECE e do CBCA e contam com a participação da ABCEM, de Universidades, de empresas siderúrgicas e de empresas fabricantes de estruturas. Estima-se que os trabalhos estejam concluídos até o meio deste ano. Pensando ainda no meio ambiente, o engenheiro estrutural juntamente com o arquiteto deve pensar no desenvolvimento de projetos sustentáveis e, para isso, deve optar pela utilização de materiais que forneçam tal característica. Desta forma, a utilização do aço inoxidável em substituição ao aço carbono em determinadas estruturas apresenta-se como sendo uma solução lógica para este fim. Isto porque o aço inoxidável é um elemento de resistência elevada a corrosão, durabilidade, > Figura 1: Treliças espaciais com nós com ponta amassada. > Figura 2: Treliças espaciais com nós com ponta amassada.
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a) Parque Aquático Maria Lenk
b) A nova cobertura do estádio do Maracanã
c) Ponte do metrô na Praça da Bandeira
d) Passarela da estação Cidade Nova do metrô
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resistente a chamas além de dispensar a necessidade de manutenção em alguns casos, fato extremamente relevante tendo em vista que no Brasil, a manutenção estrutural não é uma tarefa considerada de primeira necessidade. Desta forma, alguns trabalhos de cunho experimental e numérico também estão sendo desenvolvidos na FEN/UERJ de forma a dar subsídios para a elaboração de uma norma de dimensionamento de estruturas metálicas constituídas de aço inoxidável.
1. ANÁLISE EXPERIMENTAL DE ESTRUTURAS DE AÇO E MISTAS Conforme citado anteriormente, o desenvolvimento do projeto estrutural aliado a técnicas construtivas é uma consequência lógica da pesquisa, a qual só será possível com um melhor entendimento do comportamento dos membros que compõem a estrutura global.
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Este entendimento fundamenta-se no pleno desenvolvimento de modelos experimentais em laboratório e numéricos em ambiente computacional contemplando o comportamento de elementos e sistemas estruturais. Desta forma, pode-se propiciar um maior entendimento dos fenômenos ligados à resistência, instabilidade estrutural, rigidez, efeitos de processos de fabricação e aspectos de montagem. Dentro desta perspectiva, ensaios em laboratório têm sido desenvolvidos no PGECIV ou em parceria com as instituições citadas anteriormente. Muitos são os temas abordados e somente alguns serão citados aqui. Treliças espaciais com barras de pontas amassadas e um parafuso: Esta investigação contemplou uma série de experimentos em escala real executados para esclarecer o comportamento estrutural de treliças espaciais tubulares com ligação de ponta amassada, [1] (ver Figura 2). Seus objetivos principais foram
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tipo USI 300, doadas pela USIMINAS e chapas de aço inoxidável austenítico da linha A304, doadas pela ACESITA e duplex 2205 doados pela APERAM. A comparação do comportamento entre as ligações aparafusadas constituídas por aço carbono e as constituídas de aço inoxidável, onde a capacidade de ductilidade, caracterizada pela maior razão dos parâmetros fu/fy do aço inoxidável, mostra uma capacidade de absorção de energia, em torno de 60% maior, do que o aço carbono.
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avaliar o efeito da variação de rigidez devido ao amasso na ponta dos tubos e apresentar e discutir uma gama de reforços estruturais criados para melhorar o desempenho do sistema estrutural global. Comportamento de placas de aço carbono e aço inoxidável com parafusos defasados submetidas a tração: as normas de projeto de aço inoxidável atuais são em grande parte baseadas em analogias assumidas com o comportamento de estruturas de aço carbono [2] (ver figuras 3 e 4). Todavia, o aço inoxidável,
quando submetido a esforços axiais de tração e compressão, apresenta curvas tensão versus deformação não-lineares sem patamar de escoamento, diferentemente das curvas apresentadas pelo aço carbono, modificando o comportamento global das estruturas que o utilizam. A caracterização da resistência das ligações aparafusadas alternadas, submetidas a tração foi feita com a realização de ensaios experimentais realizados em laboratório sendo possível determinar a rigidez da ligação e encontrar a sua capacidade última de carga. Foram utilizadas chapas de aço carbono do
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Resistência de colunas de aço estaiadas e protendidas: este tipo de estrutura, já empregado para escoramento de diversos tipos de construções como o palco principal do Rock in Rio III, tem uma gama considerável de aplicações possíveis e ainda não teve seu comportamento estrutural perfeitamente entendido (ver figura 5). Correntemente, não há nenhuma recomendação ou norma de projeto que norteie o seu dimensionamento sendo seu comportamento simplesmente baseado em hipóteses simplificadas de pequenos deslocamentos. Estas hipóteses são adequadas para configurações simples, mas podem superestimar os modos complexos de colapso destas estruturas. Comportamento de ligações semirrígidas: as normas europeias, Eurocode 3 [66] e Eurocode 4 [67] representam a melhor opção para a caracterização do comportamento real deste elemento estrutural. Nestas normas, as ligações são caracterizadas através de modelos mecânicos onde cada componente presente na ligação é considerada através de uma mola cuja não-linearidade é caracterizada através de leis constitutivas inelásticas (ver figura 6). Atualmente está em curso um programa experimental de ligações semirrígidas mistas dimensionadas dentro de um regime de interação parcial entre a laje de concreto e a viga de aço. O objetivo principal destes
> Figura 3: Placas de aço inoxidável com furação defasadas submetidas a tração. > Figura 4: Comparação de corpos-de-prova de aço carbono e aço inoxidável. > Figura 5: Colunas estaiadas protendidas – indeformada e deformada. > Figura 6: Ligações semirrígidas – ensaios experimentais e modelos numéricos.
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Apesar desta enorme evolução e inovação deve-se ressaltar mais uma vez que nada substitui a experiência dos técnicos e pesquisadores que vem lidando com estes tipos de modelagem há muito tempo e, mesmo com limitações de espaço, tempo, equipamento e recursos financeiros, têm produzido excelentes modelos experimentais. De modo equivalente, na modelagem numérica com o método dos elementos finitos, os sistemas têm evoluído para possibilitar soluções cada vez mais complexas. Contudo ressalta-se que nada substitui a experiência dos engenheiros e pesquisadores envolvidos nestas pesquisas.
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ensaios é avaliar o comportamento real da componente de armadura na região de momentos negativos. Futuramente, pretendese também ampliar este programa para contemplar ensaios completos para avaliação da largura efetiva da laje de concreto em regiões de momento negativo de ligações semirrígidas mistas.
BIBLIOGRAFIA citado anteriormente, um dos principais temas abordados no presente momento considera o comportamento de ligações soldadas entre perfis tubulares de forma a dar subsídios para o desenvolvimento do projeto de norma brasileira PN 02:125.03-004, intitulado “Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edificações com perfis tubulares” [8]-[11].
2. ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS DE AÇO E MISTAS
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O foco principal desta área de pesquisa está ligado a simulação numérica do comportamento de estruturas em aço e mistas. Dentro deste âmbito, destaca-se o uso do Método dos Elementos Finitos. Este método é bastante adequado para este tipo de simulação tendo em vista que incorpora com facilidade diversos aspectos presentes no comportamento dessas estruturas, tais como as não-linearidades geométricas e do material. Todos os temas abordados em ensaios de laboratório citados anteriormente, são complementados com avaliações numéricas visando extrapolar resultados possibilitando um melhor entendimento dos diversos fenômenos estudados (ver figura 7). Conforme
O principal objetivo deste artigo foi apresentar o uso de estruturas de aço e mistas na construção civil como uma alternativa economicamente viável para o Brasil. Esta iniciativa fundamentou-se no papel exercido pela Universidade, seja na formação de recursos humanos, seja no desenvolvimento de novas tecnologias. A partir destas iniciativas foi possível identificar e concluir os seguintes aspectos que serão apresentados a seguir. A modelagem experimental de estruturas de aço vem passando por uma constante evolução com o desenvolvimento e aprimoramento de novos sistemas para aquisição e monitoração em tempo real com medições a laser ou com materiais piezoelétricos dentre outros.
> Figura 7: Modelos numéricos de ligações soldadas entre perfis tubulares.
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1. Andrade, S. A. L. de, Vellasco, P. C. G. da S., Silva, J. G. S. da, Lima, L. R. O. de, D’este, A. V. Tubular Space Trusses with Simple and Reinforced End Flattened Nodes – An Overview and Experiments. JCSR, v.61, p.1025-1050, 2005. 2. VELLASCO, P. C. G. da S. ; LIMA, Luciano Rodrigues Ornelas de ; SANTOS, J. J. ; SILVA, A. T. ; ANDRADE, S. A. L. de ; SILVA, J. G. S. da . Numerical and Experimental Assessment of Stainless and Carbon Bolted Tensioned Members. In: Professor Barry H. V. Topping; Professor Yiannis Tsompanakis. (Org.). The Thirteenth International Conference on Civil, Structural and Environmental Engineering Computing. 1ed. Edimburgo: Civil-Comp Press – Computational, Engineering & Technology Conferences and Publications, 2011, v. 1, p. 25-43. 3. SANTOS, J. J. ; VELLASCO, P. C. G. da S. ; LIMA, Luciano Rodrigues Ornelas de ; ANDRADE, S. A. L. de . Comportamento de Elementos Formados com Aço Carbono e Aço Inoxidável com Furos Defasados sob Tracção. Metálica, Portugal, p. 8-10, 02 maio 2011. 4. ANDRADE, Sebastião Arthur Lopes de, VELLASCO, Pedro Colmar Gonçalves da Silva; SILVA, José Guilherme Santos da. Concepção e Projeto Estrutural do Palco Principal do Rock in Rio III. Construção Magazine, Porto, 6, pp. 4-11, 2003. 5. ANDRADE, Sebastião Arthur Lopes de, VELLASCO, Pedro C. Gonçalves da Silva; SILVA, José Guilherme Santos da. Sistema Construtivo e Montagem do Palco Principal do RockinRio III. Construção Magazine, Porto, 7, pp. 30-55, 2003. 6. EUROCODE 3 - Design of steel structures, Part 1.8: Design of Connections, European Standard: prEN 1993-1-8, Brussels, 2003. 7. EUROCODE 4 - Design of composite steel and concrete structures, Part 1.1: General rules and rules for buildings, European Standard prEN 1994-1-1, CEN/TC250/SC4/N259, Brussels, 2002. 8. PN 02:125.03-004 Projetos de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edificações com Perfis Tubulares, 2013. 9. Silva, R. S. Avaliação de Ligações K e T entre Perfis Estruturais Tubulares Circulares. 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 10. Lima, N. dos S. Comportamento Estrutural de Ligações Tubulares T e KT. 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 11. Brazil, D. R. Análise de Ligações Tubulares T com Reforço de Chapa. 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
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a construção no brasil na atualidade edifícios residenciais no brasil
Através do artigo que a seguir se apresenta, a PPSEC dá a conhecer dois dos seus empreendimentos em curso no Brasil. Numa primeira parte é descrito o projeto Grand Reserva Condomínio Clube, em Caruaru, Pernambuco, um empreendimento com uma galeria comercial e dois blocos de edifícios residenciais multifamiliares. Posteriormente é apresentado o Studio Residence, em Curitiba, um empreendimento de natureza residencial com área recreativa.
– Grand Reserva Condomínio Clube Trata-se de um empreendimento de uso misto, constituído por uma galeria comercial (18 lojas) e um condomínio de 2 blocos de edifícios residenciais multifamiliares, com 16 e 17 pavimentos (total de 198 habitações) e 3 pisos de estacionamento. No interior do condomínio existirá um bosque, com uma grande área verde para os moradores desfrutarem. O esquema estrutural do empreendimento Grand Reserva é composto por uma estrutura porticada em concreto armado, com lajes
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nervuradas bidirecionais. Ambas as torres possuem um núcleo rígido (caixa de elevador e caixa de escadas) com o intuito de fazer face às ações horizontais e aos efeitos globais de segunda ordem. Dada a área em planta do empreendimento e dada a diferença de alturas entre os elementos, houve necessidade de subdividir o empreendimento em 4 corpos separados por juntas de dilatação: torre A, torre B e ainda o parque de estacionamento dividido em 2 elementos devido à sua extensão. Devido à elevada capacidade portante do solo, e apesar da altura máxima ser aproximadamente 70 metros, a transmissão
Eng.º Paulo Pereira Eng.ª Armandina Rodrigues Eng.º Manuel Pereira Eng.º José Ferreira PPSEC Engenharia
dos esforços ao solo foi realizada através de fundações diretas. Ao nível de engenharia civil, o grande desafio deste projeto além da dimensão vertical dos edifícios, foi conseguir obter rácios de armadura enquadrados em valores económicos o que foi conseguido graças aos núcleos rígidos da caixa de elevador e da caixa de escadas. No que diz respeito aos materiais estruturais, foram adotados concretos de classe C30 (fck de 30 MPa) para todos os elementos estruturais e aço da classe CA-50 (fy de 500 MPa) e CA-60 (fy de 600 MPa). Para o cálculo estrutural foram consideradas
as ações permanentes (peso próprio da estrutura de concreto armado), as restantes cargas permanentes que englobam o peso próprio das paredes e dos revestimentos, as sobrecargas de acordo com o tipo de utilização, a ação sísmica (zona 0, aceleração sísmica horizontal de 0.025g) e a ação do vento caracterizada por uma velocidade base de 30 m/s. Todas as ações foram combinadas de acordo com a normalização vigente no Brasil e todo o dimensionamento respeitou a segurança da estrutura em relação aos estados limites últimos (ELU) e aos estados limites de serviço (ELS). Além de todo o dimensionamento convencional efetuado nestes casos, é necessário dar especial ênfase às verificações de instabilidade e efeitos de segunda ordem. Para tal, e com o intuito de manter os custos de obra dentro dos limites pretendidos, é de extrema importância
que a estrutura seja uma estrutura de nós fixos, que segundo a normalização Brasileira, é garantido através do parâmetro γz. Considerase que uma estrutura é de nós fixos se o parâmetro γz for inferior a 1.1. No empreendimento em questão foram obtidos valores de 1.04 e 1.03 nas direções x e y, respetivamente. Partindo de uma boa interação com o dono de obra, equipa projetista, e usando todas as ferramentas ao dispor do engenheiro civil, foi possível efetuar todo um projeto onde para além de todas as questões de segurança, foram também salvaguardadas as questões relativas ao custo de construção. É de salientar que todo o projeto estrutural foi efetuado com recurso a tecnologia BIM. Toda a parte estrutural do Grand Reserva respeita a normalização Brasileira vigente, nomeadamente:
– NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento – NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações – NBR 6122: Projeto e execução de fundações – NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações – NBR 14931: Execução de estruturas de concreto – Procedimento – NBR 15421: Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento O empreendimento é constituído por 2 subsolos, piso térreo, 8 pisos elevados e compreende na sua constituição 74 apartamentos e zona recreativa.
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– Studio Residence Fundações e estruturas No empreendimento Studio Residence houve a preocupação de projetar uma estrutura compatível com o aumento crescente dos custos de mão de obra, no sentido de serem obtidos os melhores rácios económicos. Assim sendo, o esquema estrutural do empreendimento Studio Residence é composto por uma estrutura porticada de núcleo rígido em concreto armado, com lajes nervuradas bidirecionais. A definição do modelo estrutural foi condicionada aos espaços disponíveis à implantação dos elementos verticais sem entrar em conflito com o projeto de arquitetura, nomeadamente nas zonas de circulação de viaturas e aparcamento. Devido à fraca capacidade portante do solo, a transmissão de esforços foi realizada através de fundações indiretas, estacas ligadas à superestrutura através de maciços de encabeçamento. No que diz respeito aos materiais estruturais, foram adotados concretos de classe C30 (fck de 30 MPa) para todos os elementos estruturais e aço da classe CA-50 (fy de 500 MPa) e CA-60 (fy de 600 MPa). Para o cálculo estrutural foram consideradas as ações permanentes (peso próprio da estrutura de concreto armado), as restantes cargas permanentes que englobam o peso próprio das paredes e dos revestimentos, as sobrecargas de acordo com o tipo de utilização, a ação sísmica (zona 0, aceleração sísmica horizontal de 0.025g) e a ação do vento caracterizada por uma velocidade base de 42 m/s. Todas as ações foram combinadas de acordo com a normalização vigente no Brasil, e todo o dimensionamento respeitou a segurança da estrutura em relação aos estados limites últimos (ELU) e aos estados limites de serviço (ELS). De forma a controlar a deformação das lajes com implicação no bom comportamento das paredes divisórias, foram introduzidos elementos estruturais sob as paredes divisórias de forma a controlarem essa deformação assim como permitirem melhores rácios de armadura nas lajes. Outra particularidade neste edifício foi o recurso a estacaria devido à fraca capacidade resistente do solo.
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É de salientar que todo o projeto estrutural foi efetuado com recurso a tecnologia BIM. Toda a parte estrutural do Studio Residence respeita a normalização Brasileira vigente, nomeadamente: – NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento – NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações – NBR 6122: Projeto e execução de fundações – NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações – NBR 14931: Execução de estruturas de concreto – Procedimento – NBR 15421: Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento
Instalação Predial de Água A alimentação de água potável à edificação será feita pela SANEPAR até ao reservatório inferior localizado no subsolo 1. Deste reservatório, com recurso a um sistema de pressurização será abastecida uma reserva superior implantada na cobertura do edifício, de forma a que todo o abastecimento aos apartamentos seja feito graviticamente. O ramal de entrada garantirá o enchimento do reservatório inferior em 6 horas, de forma a que em caso de falha de abastecimento na rede pública, o empreendimento não fique sem água. No reservatório superior será sempre garantido um volume mínimo para serviço de incêndio.
A capacidade dos reservatórios foi calculada de forma a garantir, no caso de suspensão do abastecimento público, a satisfação de consumo durante um período de dois dias. Para abastecimento de água às torneiras de lavagem e rega instaladas nos subsolos e no térreo foi colocada uma cisterna de aproveitamento de águas pluviais, que terá um abastecimento de recurso em caso de falta de água pluvial. O ramal principal de alimentação ao edifício foi previsto em PVC, sendo que a restante distribuição será feita em tubagem de Polipropileno Copolímero Random – PPr – PN20, constituindo troços retilíneos sempre bem alinhados. Foram tomadas diversas opções de projeto para melhorar o funcionamento e conforto de utilização da rede de abastecimento, nomeadamente no que diz respeito à velocidade máxima adotada, uma vez que, em qualquer trecho de tubulação, não foi excedido o valor de 3 m/s de forma a evitar ruídos e vibrações. As tubulações encontram-se suspensas em tetos falsos ou em dutos não sendo fixadas rigidamente a paredes ou a divisórias, impedindo a propagação de ruído. Todos os reservatórios serão dotados de registro na entrada e torneira de boia de modo a garantir o volume total de água disponível. Serão também dotados de ventilação, aviso sonoro e limpeza (a tubulação de limpeza será dotada de registro e será conectada à rede pluvial). O traçado da instalação de água seguiu o descrito na NBR 5626 / 98 – Instalação predial de água fria.
Instalação Predial de Esgoto Sanitário O esgoto sanitário foi encaminhado para a rede pública existente no arruamento onde é implantado o edifício. A rede interior consiste numa rede separativa, entre esgoto sanitário (proveniente das instalações sanitárias) e esgoto de gorduras (proveniente das cozinhas). As prumadas provenientes dos pisos superiores são recolhidas em coletores suspensos nos pisos térreo e subsolo 1, e encaminhados para o alinhamento predial. Antes da inserção do esgoto de gordura na rede pública será instalada uma caixa de gorduras especial prismática com base retangular. Teve-se especial atenção às inserções de tubos de queda em coletores horizontais de forma a que não sejam propagadas espumas provenientes do esgoto de um apartamento para outro apartamento adjacente. Os ramais de descarga, desconetores (caixas sifonadas), ramais de esgoto e coletores serão em PVC Série Normal e serão instalados em tetos falsos. O traçado da instalação de água seguiu o descrito na NBR 8160 / 99 – Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário.
Este reservatório é um requisito legal para o município de Curitiba, de forma a evitar o sobrecarregar da rede pública em caso de chuvadas intensas. Com a colocação deste reservatório, o lançamento da vazão proveniente do edifício é retardado, garantindo uma entrada de vazão uniforme e adaptada à secção existente na rede pública, evitando assim cheias nos arruamentos. Uma vez que não foi possível adotar por uma ligação gravítica do reservatório até á rede pública, optou-se pela colocação do reservatório no subsolo 2, de modo a facilitar a execução do poço para instalação do sistema de recalque (esta instalação será dotada de grupo de emergência que garantirá a alimentação da bombagem em caso de falha de energia). A montante do reservatório de contenção de cheias foi colocada uma reserva (depósito em polipropileno com 5000 litros) para abastecimento de torneiras de lavagem e rega. O traçado da instalação de água seguirá o Dec.176/07 e a NBR 10844 – Instalações prediais de águas pluviais.
Instalação Predial de Águas Pluviais A rede pluvial será toda encaminhada, através de tubos de queda e coletores (suspensos no teto do subsolo), até um reservatório implantado no subsolo 2, que servirá para contenção de cheias.
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Bruno Moreira EMPA S.A. – Grupo Teixeira Duarte
Como é do conhecimento geral, São Paulo é uma das dez maiores cidades do mundo, sendo atualmente a maior metrópole económicofinanceira da América Latina e conhecida como a “locomotiva do Brasil”. Atendendo ao forte aglomerado de pessoas que concentra, são também conhecidos os problemas estruturantes desta cidade, relacionados com a mobilidade urbana, que constituem uma das principais preocupações das entidades regionais responsáveis. Para fazer face a esta situação, estão em curso projetos de ampliação e melhoria da rede de transportes públicos locais, que se materializam em diversas obras, essencialmente ligadas a novas linhas metro-ferroviárias e ferroviárias.
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Em abril de 2012 foram iniciados os trabalhos de uma nova Linha de Metropolitano, na cidade de São Paulo, designada de Linha 17-OURO. Esta nova linha terá uma extensão total de 17,7 quilómetros, contemplando 18 estações, cujo objetivo principal é o de ligar a rede metro-ferroviária da cidade ao aeroporto de Congonhas, ficando a mesma conectada com três linhas de metropolitano, designadamente as Linhas 1-Azul, 4-Amarela e 5-Lilás e com uma linha ferroviária da CPTM, a Linha 9-Esmeralda. Trata-se do segundo empreendimento da Companhia do Metropolitano de São Paulo, que se baseia no sistema de “monotrilhos”, no qual as composições de carruagens se deslocam sobre carris elevados, a uma altura de aproximadamente 18 metros, constituídos por vigas de concreto armado. As composições deverão circular a uma velocidade de 35 quilómetros por hora e terão capacidade para transportar 20 mil pessoas por hora em cada sentido. A construção do primeiro empreendimento deste género no Brasil encontra-se atualmente em curso, na região Leste da cidade de São Paulo, tratando-se assim de uma tecnologia que está a ser adotada recentemente no país, representando uma alternativa em relação ao sistema subterrâneo convencional, proporcionando, comparativamente, custos mais
reduzidos e maior rapidez na construção, aliando benefícios ambientais por utilizar tração elétrica, sem emissão de gases, sustentado por pneus com baixo nível de ruído. O consórcio contratado para a construção desta linha é constituído pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e C.R. Almeida e pelas fabricantes de trens Scomi, da Malásia (responsável pelo projeto das respetivas composições), e pela empresa MPE (responsável pela montagem dos trens no Brasil). A empresa EMPA SA, do Grupo Teixeira Duarte, foi contratada pelo consórcio para execução das fundações especiais da primeira fase da obra, que tiveram início há cerca de um ano, no mês de maio de 2012 e se irão estender até ao próximo mês de agosto de 2013, perspetivando-se, em continuidade, o início de outras frentes dentro da mesma obra, designadamente o pátio de manobra sobre um piscinão na região de Água Espraiada, que será sustentado por 370 pilares e terá capacidade para 27 composições. A solução construtiva tipificada para a estrutura da via elevada do ”monocarril prevê a realização de vãos sequenciais, com comprimentos médios de aproximadamente trinta metros, constituídos por pilares e respetivos capitéis, sobre os quais se apoiarão longitudinalmente dois alinhamentos de vigas, nas quais se deslocarão as respetivas composi-
U), existente no eixo da via da Av. Jornalista Roberto Marinho, sendo necessário o atravessamento de uma camada superficial em rachão, constituinte do leito deste canal, com aproximadamente seis metros de espessura. A viabilização desta solução de fundação, com o consequente atravessamento dessa camada superficial de rachão, foi garantida através da cravação de um tubo de encamisamento metálico exterior, colocado com recurso ao próprio equipamento de furação, removendo em simultâneo o rachão e preenchendo no final com argamassa, culminando esta operação com a extração do respectivo tubo. A etapa seguinte passou pela perfuração, intercetando a camada de argamassa superficial, com o objetivo de garantir a estabilização do aterro e funcionar como proteção exterior
do fuste da estaca durante a operação de betonagem, impedindo eventuais fenómenos de lavagem, resultantes de fluxos de águas existentes no leito canal, avançando posteriormente até à profundidade necessária definida em projeto, pela metodologia convencional de estaca do tipo escavada, com o recurso a lama bentonítica. O projeto prevê ainda que grande parte das estacas situadas na Av. Jornalista Roberto Marinho sejam embutidas em afloramento rochoso, existente nas imediações do rio Pinheiros. Para o efeito é necessário estar dotado de perfuradoras hidráulicas com características especiais: torque elevado e sistema pull-down, compatíveis com as características dessas formações geológicas, assim como de ferramentas especiais.
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ções de metro sobre pneus, movimentadas por tração elétrica. A obra iniciou-se no canteiro central da Av. Jornalista Roberto Marinho, numa extensão aproximada de quatro mil metros, prolongando-se posteriormente pela Av. Washington Luís até ao aeroporto de Congonhas. O projeto de fundações preconiza a solução de estacas escavadas de grandes diâmetros, que variam entre 0.80 m e 1.60 m, com comprimentos variáveis entre 20 m e 60 m. As estacas são executadas com recurso à utilização de fluido de estabilização (lama bentonítica). Uma das particularidades inerentes à execução da fundação prende-se com a sua proximidade ao extradorso dos muros de contenção do canal de águas pluviais (módulos pré-fabricados em betão armado do tipo
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44_45 estruturas de madeira Casas de madeira – A importância da qualidade e da confiança do mercado Helena Cruz, Investigadora Principal do LNEC Em 2005 estimava-se [1] que cerca de 70% das pessoas do “mundo desenvolvido” viveriam em casas com estrutura de madeira. Calculava-se ainda que, nos EUA e no Canadá, teriam estrutura de madeira cerca de 90% dos edifícios de pequena altura. Em 2000, no conjunto de todos os países desenvolvidos, deveria haver cerca de 150 milhões de casas com estrutura de madeira, sendo deste tipo mais de 90% da construção total da habitação na Noruega, na Suécia e na Austrália, 60% na Escócia e 45% no Japão.
clima (na medida em que pode afetar o ritmo da construção, determinar diferentes ações e riscos de degradação das construções e condicionar as necessidades de proteção e conforto térmico) bem como de questões culturais e sociais. Em alguns países europeus, a revisão dos regulamentos que limitavam a altura da construção em madeira propiciou o projeto e a construção de edifícios residenciais de habitação coletiva em madeira com vários pisos. Noutros países têm sido adotadas medidas que estimulam a utilização de madeira na construção, impondo quotas mínimas [2]. Um pouco por todo o lado, as preocupações crescentes com o ambiente e a utilização sustentável de recursos trouxeram recentemente um novo impulso ao mercado da construção em madeira. Mas, apesar de uma animadora tendência geral de crescimento, é importante ter em conta que o mercado responde a múltiplos estímulos e tem equilíbrios delicados. E que a evolução conseguida em resultado do esforço e empenho de muitos pode ser posta em causa por um descuido, um acidente ou uma má imagem veiculada para a sociedade – justificada ou não. Os exemplos seguintes impõem uma reflexão.
ciências sistemáticas presentes nos edifícios, relevantes para a sua resistência ao vento, e que os danos teriam sido muito menores caso tivessem sido seguidos os princípios e normas regulamentares de dimensionamento e de construção vigentes. Segundo estudos conduzidos pelo Hurricane Center da Louisiana State University [5], a implementação conjunta de medidas como a proteção de aberturas, a impermeabilização e fixação do revestimento da cobertura e a melhoria das ligações paredes-cobertura, que na prática configuram regras de boa conceção e execução, ter-se-ia traduzido numa redução de quase 80% dos prejuízos.
Uma questão de qualidade – a destruição causada pelo Katrina
A utilização de madeira em estruturas e, em particular, a maior ou menor implantação de casas de madeira nos diversos países, sempre dependeu da disponibilidade de madeiras face à oferta dos outros materiais alternativos, do
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Foram já referidos (no número 39 da CM, [3]) os efeitos devastadores do furacão Katrina, que atingiu o Golfo do México em agosto de 2005. Este destruiu ou tornou inabitáveis mais de 300.000 casas na região costeira do Golfo, incluindo um grande número de edifícios aligeirados com estrutura de madeira, que correspondem ao sistema de construção corrente de edifícios unifamiliares, realizados muitas vezes em regime de auto-construção. Sem pôr em causa a extrema violência da tempestade, a análise dos danos [4] infligidos a estas casas e respetivos pormenores construtivos permitiria, no entanto, concluir que a devastação se deveu em grande medida a defi-
O rasto de destruição deixado pelo Katrina mostra que, mesmo após largos anos de experiência e dispondo de normas e regulamentos, a falta de formação dos intervenientes, a falta de controlo de qualidade, a negligência e a desatenção aos pormenores podem implicar graves riscos. Se em sociedades onde uma limitada vida útil das construções é aceitável, nomeadamente pela grande mobilidade das famílias, desastres desta magnitude abalam a imagem da construção em madeira, noutros países onde as casas se pretendem como bens duradouros a transmitir às gerações vindouras, acidentes
Uma questão de imagem – o caso do Reino Unido No Reino Unido, os sistemas industrializados de construção de habitações unifamiliares com estrutura de madeira foram introduzidos gradualmente a partir dos anos 20 do século passado, crescendo significativamente a seguir à 2ª Grande Guerra. Porém, a evolução deste mercado nos últimos 30 anos ilustra bem como uma situação aparentemente consolidada pode ser abalada quase instantaneamente e com consequências desastrosas.
Com efeito, em 1982, cerca de 27% da habitação no Reino Unido tinha estrutura de madeira. Uma reportagem transmitida pela televisão em 1983, que salientava a ocorrência de erros de execução e deficiente comportamento em serviço, constituiu um ato de publicidade muito adversa, ao veicular um cenário muito negativo e graves preocupações quanto à durabilidade das casas de madeira. Embora mostrando uma visão algo enviesada da realidade e preocupações em grande parte injustificadas, como veio a ser verificado, essa reportagem abalou a confiança do mercado e provocou uma queda abrupta da quota das casas de madeira para cerca de 6% nos anos subsequentes. Esta reportagem, aliada ao abrandamento do mercado da habitação devido à recessão económica, tiveram um impacto brutal no setor, com consequências duradouras. Só próximo do virar do século o mercado conseguiu finalmente mostrar sinais de recuperação. Estatísticas recentemente publicadas pela UK Timber Frame Association [6] referem que a parcela de casas com estrutura de madeira subiu de forma consistente entre 1998 (com cerca de 8%) e 2008 (quando atingiu quase 25%). Com a crise económica que se seguiu, verificouse uma quebra dessa tendência de crescimento, estimando-se que as casas com estrutura de madeira tenham tido uma quota de mercado de
25,4% do mercado total de habitação nova no Reino Unido em 2012. Prevê-se, ainda assim, que a percentagem de casas de madeira venha a crescer mais rapidamente do que de outros tipos de construção, reagindo aos incentivos para aumentar a eficiência energética e a sustentabilidade.
Importa igualmente comprovar e evidenciar a adequação das casas de madeira ao uso e a sua conformidade com as exigências e normas em vigor, recorrendo a sistemas de garantia de qualidade adequados, para não comprometer a imagem e assegurar o crescimento sustentado do mercado das casas de madeira. Referências
Nota final Os dois exemplos referidos reforçam a necessidade de apostar na formação universitária no domínio da construção em madeira, na formação técnica específica de construtores e operários, na compilação e disseminação de regras de pormenorização e construção adaptadas à realidade nacional e numa maior oferta de materiais e sistemas industrializados com qualidade garantida, potenciando a disseminação e a qualidade deste tipo de realizações. Não chega, porém, fazer bem.
[1] The UK Timber frame Association. Market Report 2005. Disponível em WWW <http://www.uktfa.com/download-documents/>. Consultado em abril 2013. [2] Décret nº 2010-273 du 15 mars 2010 relatif à l’utilization du bois dans certaines constructions. Journal officiel de la Republique Française [Em linha]. Texte 2 sur 118 (17 mars 2010). Disponível em WWW <URL:http://www.developpement-durable.gouv.fr/IMG/ pdf/decret_2010_273_bois.pdf>. Consultado em abril 2013. [3] Cruz, Helena - Furacões e casas de madeira. Algumas razões para a destruição causada pelo Katrina. Construção Magazine nº39. Set-Out 2010. [4] Gopu, Vijaya; Levitan, Marc.: Impact of Hurricane Katrina on wood frame construction standards in the U.S. Gulf coast region. Proceedings World Conference of Timber Structures (WCTE 2010). Riva del Garda, junho 2010. [5] Levitan, M; Hill, C.: Residential wind damage in Hurricane Katrina – Preliminary estimates and potential loss reduction through improved building codes and construction practices. LSU Hurricane Center. Outubro 2005. [6] The UK Timber Frame Association. Market Report 2009, prepared by Timbertrends, Issue 8, Out 2010. Disponível em WWW <URL:http:// www.forestryscotland.com/media/38870/2010_timbertrends_report_final[1].pdf>. Consultado em abril 2013.
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46_47 acústica Avaliação de Desempenho Acústico de Vãos de Fachada, Incluindo Caixilharia, Caixas de Estores e Grelhas de Ventilação Diogo Mateus, Prof. Auxiliar do DEC/FCTUC, Dir. Técnico do Lab. CONTRARUIDO
O isolamento sonoro de uma fachada, com paredes pesadas em alvenaria ou em betão (simples ou duplas) de espessura total não inferior a 20 cm, como acontece na generalidade dos edifícios do nosso parque habitacional, depende sobretudo dos vãos, nomeadamente do vidro, do caixilho, da caixa de estores e de eventuais grelhas de ventilação (se existirem). Se um destes elementos conferir um baixo isolamento acústico, o isolamento global da fachada pode ficar comprometido, uma vez que o isolamento global depende sobretudo do isolamento do elemento mais fraco e da sua área. Na sequência da última edição da coluna de acústica (CM53), direcionada para situações mais simples onde o isolamento de fachada é condicionado pelos vidros e caixilhos, nesta edição são analisadas as contribuições de outros elementos que também podem ser muito condicionantes, como as caixas de estores e as grelhas de ventilação. A fórmula que permite calcular o isolamento global de uma fachada, em função dos valores de Rw conferidos pelos vários elementos que a constituem é dada por: D2m,nT, w ≈ Rw(global) + 10 x Log
Rw(global) = 10 Log
∑
V 6,25 x S x T0
∑S i
i
Si 10 (–Rw,i /10)
quebras substanciais de isolamento, não só através das faces da caixa, como também pela tampa da caixa de estores, pela abertura da fita de estores (quando é manual) e por eventuais frinchas no contorno. Hoje em dia existe uma tendência generalizada para utilização de caixas de estores aligeiradas, por exemplo em EPS ou XPS, com o argumento de serem mais eficientes do ponto de vista térmico e acústico. Em relação ao comportamento térmico não há dúvidas, mas do ponto de vista acústico esta afirmação é geralmente incorreta. Alguns fabricantes chegam mesmo a apresentar fichas técnicas com a indicação de índices de isolamento Rw elevados, devendo na realidade ser apresentado um outro parâmetro, o Dn,e,w. Este último parâmetro é obtido também em laboratório, mas através de procedimento aplicável a elementos de construção de pequenas dimensões. De uma forma abreviada, pode considerar-se que este parâmetro representa o índice Rw global de uma parede com 10 m2 que incorpora a caixa de estores
(ou outro elemento de pequena dimensão), e que fora deste elemento a transmissão sonora é nula, de acordo com a Eq. (2). Por exemplo, a uma caixa de estores com uma área (vista de alçado) de 0,20x1,50 m2 e com um índice Rw de 25 dB, corresponde um valor de Dn,e,w próximo de 40 dB. Por vezes, os fabricantes indicam este último valor como sendo o valor de Rw, o que é totalmente errado. Dn,e,w = Rw + 10 x Log (10 / Apequeno elemento)
(2)
As grelhas de ventilação natural, na fachada de edifícios habitacionais, são ainda uma solução pouco frequente, mas provavelmente tenderão a aumentar, uma vez que cada mais se opta por caixilharias muitos estanques, acusticamente muito vantajosas, mas que podem comprometer a ventilação natural dos espaços, com consequências graves para a qualidade do ar interior. As grelhas de ventilação, em particular com mecanismos de autorregulação, podem constituir uma so-
, com (1)
i
em que D2m,nT,w é o índice de isolamento sonoro padronizado da fachada, V é o volume do espaço, T0 é o tempo de reverberação de referência (igual ao requisito T ou igual a 0,5, quando não se aplica requisito T), S é a área total de fachada (igual a ∑ Si), Si é a área de cada elemento de fachada i e Rw,i o índice de redução sonora conferido pelo elemento i. Do ponto de vista acústico, as caixas de estores são sobretudo relevantes (neste caso de forma negativa) quando intersetam a caixilharia (caixilharia a rematar na tampa da caixa de estores) ou quando existem aberturas para passagem da fita de comando do estore. Nestes casos, a caixa de estores pode originar
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> Figura 1: Esquema de princípio do reforço de isolamento acústico (e térmico) de uma caixa de estores em betão armado.
> Figura 2: Esquema de princípio para entrada/saída de ar numa parede de fachada, com elevada atenuação sonora.
isolamento superiores em pelo 10 dB, as quebras de isolamento provocadas por estes elementos já seriam desprezáveis. A título de exemplo, apresentam-se de seguida dois esquemas de princípio para duas soluções de elevado desempenho acústico: um para uma caixa de estores em betão (Figura 1), que poderá conduzir a valores de Rw próximos ou superiores a 35 dB; e outro para uma grelha de ventilação (Figura 2), que poderá conduzir a Dn,e,w próximos ou superiores a 45 dB. No caso das grelhas com atenuação sonora,
existem no mercado outras soluções aparentemente mais simples, aplicadas na própria caixa de estores ou até mesmo diretamente na caixilharia, mas normalmente o resultado é substancialmente inferior, em especial quando aplicado na caixilharia. Tal como no caso das caixilharias, é essencial que os fabricantes passem a divulgar informação técnica rigorosa, que os projetistas, neste caso de acústica, possam utilizar nos seus cálculos e nas suas decisões sobre as soluções a propor.
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lução interessante. Contudo, a generalidade destas grelhas também apresentam valores de Dn,e,w baixos, muitas vezes inferiores a 30 dB, que podem comprometer o isolamento de fachada. Considere-se o exemplo de uma fachada de um quarto de 40 m 3 de volume, com uma área de zona opaca de 7 m2 e com Rw (C;Ctr) = 50(–1;–3)dB, uma zona envidraçada (caixilho + vidro) de 4 m2 e com Rw (C;Ctr) = 35(–1;–5)dB, uma caixa de estores com cerca de 0,2x2,0 m2, com Rw (C;Ctr) = 25(–1;–5)db e uma grelha de ventilação com cerca de 0,1x0,1 m2 e com Dn,e,w (C;Ctr) = 35(0;–1)dB. A forma eventualmente mais simples de resolver este problema passa por converter todos os resultados em Rw, através da Eq. (2), que neste caso, será o equivalente a considerar a grelha com Rw (C;Ctr) = 5(0;–1)dB e aplicar posteriormente a Eq. (1), resultando um valor de Rw(global) = 32,8dB e finalmente um valor de D2m,nT,w = 33,5dB, mas que deve ser arredondado para baixo, ou seja, para 33 dB. Da mesma forma, considerando a soma de cada um dos valores parciais de Rw + C ou Rw + Ctr, obtém-se D2m,nT,w + C = 33,0dB (arredondado para 33 dB) ou D2m,nT,w + Ctr = 30,2dB (arredondado para 30 dB). Se não fossem consideradas no cálculo as influências da caixa de estores e da grelha de ventilação, o valor de D2m,nT,w resultaria cerca de 6 dB superior, empolando substancialmente o resultado. No caso do exemplo anterior, se a opção passasse por considerar uma caixa de estores e uma grelha com os respetivos índices de
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48_49 sísmica O risco sísmico na legislação sobre reabilitação de edifícios Mário Lopes, Professor Auxiliar – DECivil, Instituto Superior Técnico
As obras de reabilitação de edifícios em Portugal visam, em geral, melhorar as condições estéticas, de habitabilidade e conforto, nos casos em que estas se encontram degradadas. As condições de segurança são por vezes alvo de melhoria nos casos em que há risco de colapso local ou total devido a cargas verticais, ou seja, quando há uma forte probabilidade de esse colapso ocorrer no curto prazo. Quanto à segurança face aos sismos, não há qualquer legislação que obrigue a que seja explicitamente considerada. Em geral, a segurança sísmica só é melhorada nos casos em que o dono-de-obra o pretende explicitamente ou um dos intervenientes no processo atua e alerta os restantes para o efeito, em particular os decisores. A experiência recolhida junto de profissionais de reconhecido mérito tem sido de que, em geral, esta questão é ignorada, embora haja a perceção de que as exceções se têm tornado menos raras nos últimos anos. Neste contexto, no caso geral, quando se “reabilitam” edifícios (escrevo entre aspas porque me refiro à situação corrente de reabilitação incompleta em que se melhora a estética, habitabilidade e conforto mas a resistência sísmica é desprezada) aumenta-se o risco sísmico, porque se aumenta tanto o valor do bem exposto ao sismo, como do número de potenciais vítimas por, em geral, contribuir para aumentar o número de ocupantes dos edifícios. No plano legal, como até agosto de 2012, a lei era completamente omissa quanto à obrigação de conferir resistência sísmica aos edifícios em obras de reabilitação, pode afirmar-se que nada disto era ilegal. No entanto, quando ocorrer o próximo sismo com potencial destrutivo, muitas pessoas morrerão por causa destas políticas e isto é feito com o conhecimento dos políticos com responsabilidades na reabilitação urbana. Em particular desde o ano 2000, as autoridades foram sistematicamente alertadas para o problema: desde janeiro de 2000 a Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES) encetou contactos e enviou documentos escritos aos diversos Governos, grupos parlamentares, Câmaras Municipais,
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ANMP, chamando a atenção para este problema e propondo medidas concretas e viáveis para o enfrentar. Além disto, as instituições do Estado têm ao seu dispor o conhecimento e capacidade técnica de instituições como o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a Autoridade Nacional de Proteção Civil e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (ex Instituto de Meteorologia), pelo que não podem alegar falta de informação para se tentarem desresponsabilizar. Além do mais, em 2010 a Assembleia da República aprovou por unanimidade a Resolução nº102/2010 (Diário da República, 1.ª série — N.º 155 — 11 de agosto de 2010) em que se recomenda ao Governo um conjunto de medidas para reduzir o risco sísmico em Portugal, nomeadamente que:
6 — Assegure a obrigatoriedade de segurança estrutural anti-sísmica nos programas de reabilitação urbana existentes ou a criar...
Ao aprovar esta Resolução, todos os partidos políticos reconheceram que o Estado poderia e deveria fazer muito mais do que faz para reduzir o risco sísmico. Desde a aprovação da Resolução até ao presente (maio de 2013) nada de concreto foi feito para a aplicar. A única decisão concreta no plano político foi a aprovação da lei 32/2012, (Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012), que no artº 51 diz:
Artigo 51.º [...] 1 — A emissão da licença ou a admissão de comunicação prévia de obras de reconstrução ou alteração de edifício inseridas no âmbito de aplicação do presente decreto-lei não podem ser recusadas com fundamento em normas legais ou regulamentares
supervenientes à construção originária, desde que tais operações: a) Não originem ou agravem a desconformidade com as normas em vigor; ou b) Tenham como resultado a melhoria das condições de segurança e de salubridade da edificação; e c) Observem as opções de construção adequadas à segurança estrutural e sísmica do edifício.
No entanto, esta Lei, por si só, isto é, sem regulamentação do que significa a palavra “adequada” no contexto da Lei, não muda nada, pois esta palavra pode ser interpretada como se quiser. Ainda assim, abre a porta a que se altere a atual situação se essa regulamentação for elaborada e aprovada na Assembleia da República. Ou seja, a Lei 32/2012 cria uma oportunidade. Na sequência da aprovação desta Lei, em outubro de 2012 o deputado do PSD António Prôa contactou o autor deste artigo para pedir o apoio da SPES para a elaboração de um Decreto-Lei que regulamentasse o reforço sísmico no âmbito da aplicação da Lei 32/2012. Em junho de 2012, por iniciativa da Comissão de especialização em Estruturas da Ordem dos Engenheiros (OE), havia sido constituída em conjunto com a SPES um Grupo de Trabalho para discutir precisamente a questão do reforço sísmico dos edifícios antigos alvo de reabilitação. A Ordem dos Engenheiros Técnicos foi convidada e aderiu ao Grupo de Trabalho, que ficou assim constituído por 13 representantes das 3 instituições, mais um conjunto de 11 especialistas em investigação, projetos e obras de reabilitação. Este Grupo trabalhou e discutiu ao detalhe uma proposta técnica para servir de base ao Decreto-Lei, culminando num Seminário que se realizou a 10 de janeiro de 2013 no Instituto Superior Técnico em Lisboa, e para o qual foram convidados o Governo, todos os grupos parlamentares e organismos públicos potencialmente ligados a esta temática. Neste Seminário também se
discutiram os custos e a viabilidade económica do reforço sísmico com base em casos reais. Na sequência deste processo o documento aprovado, que se transcreve em Anexo, foi tornado público.
A comunidade científica, representada pela SPES, a OE e outras entidades, tem trabalhado ativamente e divulgado junto dos órgãos do poder político propostas para a redução do risco sísmico. É hora de terminar com a negligência e
ANEXO Obras de reabilitação de edifícios correntes A — Domínio de obrigatoriedade e grau de exigência do reforço sísmico na reabilitação de edifícios. Conceitos e critérios para servir de base à regulamentação da Lei 32-2012, que procede à primeira alteração ao Decreto -Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro, que estabelece o regime jurídico da reabilitação urbana, e à 54.ª alteração ao Código Civil, aprovando medidas destinadas a agilizar e a dinamizar a reabilitação urbana.
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1 — Nos elementos instruindo o pedido de licenciamento ou de comunicação prévia numa situação de reabilitação urbana, deverá obrigatoriamente ser incluído um relatório de avaliação da vulnerabilidade sísmica do edifício sempre que se verifique uma das seguintes condições: i) a intervenção de reabilitação aumenta a área bruta de construção; ii) a intervenção de reabilitação altera a altura do edifício; iii) a intervenção de reabilitação prevê a alteração do tipo de uso do edifício; iv) a intervenção de reabilitação inclui alterações na estrutura do edifício, exceto se for demonstrado pelo técnico autor do projeto de estruturas que essas alterações
desprezo pela segurança das pessoas que tem caracterizado as políticas de reabilitação de edifícios. Quanto mais tarde isso acontecer, mais pessoas morrerão e maiores serão os prejuízos quando ocorrer o próximo sismo destrutivo.
não interferem no comportamento sísmico do edifício; v) a área a intervencionar, incluindo áreas de demolição e áreas de ampliação, excede 25% da área bruta de construção do edifício. No cálculo da área a intervencionar, à área de intervenção presente devem ser adicionadas as áreas relativas a todas as intervenções realizadas nos 5 anos antecedentes; vi) o custo da intervenção de reabilitação é superior a 25% do custo de construção de raiz de um edifício equivalente ao existente (considerando o preço por metro quadrado de área de construção fixo por portaria em cada ano consoante as zonas do País, para efeitos de cálculo da renda condicionada). No cálculo do custo da intervenção, ao custo da intervenção presente devem ser adicionados os custos de todas as intervenções realizadas nos 5 anos antecedentes. 2 — O relatório de avaliação da vulnerabilidade sísmica deve estabelecer a capacidade resistente do edifício relativamente à ação dos sismos em percentagem da capacidade resistente que seria exigida para satisfação da ação sísmica regulamentar, definida para o projeto de edifícios novos no mesmo local. 3 — Se o valor da capacidade resistente do edifício obtido na avaliação de vulnerabilidade for inferior a 65% é obrigatório proceder ao seu reforço sísmico, incluindo-o na intervenção de reabilitação. O reforço sísmico do edifício deve assegurar, no mínimo, uma capacidade resistente à ação dos sismos correspondente a 75% da ação sísmica regulamentar no local.
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a iberfibran (grupo fibran) disponibiliza desde maio objetos bim para o fibranxps A Iberfibran lançou quatro produtos FIBRANxps (isolamento térmico em poliestireno extrudido) como objetos BIM (Building Information Modeling. A gama de quatro produtos FIBRANxps passou a estar disponível através de um conjunto completo de bibliotecas, cobrindo as principais necessidades de isolamento dos edifícios. Estas bibliotecas estão disponíveis em Revit e ArchiCAD. Na unidade industrial em Ovar a Iberfibran produz uma gama de produtos que permite isolar termicamente um edifício em toda a sua envolvente opaca. Produtos específicos para aplicar em coberturas, paredes, elementos enterrados e pavimentos são produzidos com características de elevado desempenho, qualidade e de acordo com as normas europeias permitindo construir edifícios de alta eficiência energética e até mesmo edifícios NZEB (Nearly Zero Energy Building). Estes produtos estão agora disponíveis na biblioteca BIM. ”A Iberfibran iniciou este projeto com a BIMob-
ject® para disponibilizar uma ferramenta fácil e acessível que permitirá aos engenheiros, arquitetos e designers de todo o mundo desenvolver os seus projetos de isolamento. Cremos que esta colaboração tornará mais fácil o processo de projetar edifícios de elevado desempenho térmico e eficiência energética. Por outro lado, desta forma os nossos produtos estão disponíveis em qualquer parte do mundo, o que na nossa estratégia de internacionalização é muito positivo. Também sabemos que para atingir o sucesso temos que continuar a antecipar as necessidades dos nossos clientes, e os projetistas são os nossos primeiros clientes no processo da promoção e venda do nosso isolamento FIBRANxps”, afirma Vera Silva, Gestora de Produto & Marketing da Iberfibran. A Iberfibran afirma-se sempre atenta às necessidades e desenvolvimentos do mercado, querendo manter-se inovadora, ousada e a par das necessidades dos seus clientes e das tendências de mercado, dando-lhes resposta com produtos e soluções de qualidade.
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unir estruturas de madeira com fita adesiva Um grupo de investigadores do Instituto Fraunhofer de Pesquisa de Estruturas de Madeira criou uma ligação estrutural para construções deste tipo, onde os elementos de ligação metálicos ou o recurso a colas estruturais são substituídos por fita adesiva. A pesquisa, divulgada no portal EngenhariaCivil. com, foi feita em parceria com o Instituto de Ligações e Soldadura da Universidade Técnica de Braunschweig, na Alemanha e teve como principal objetivo obter um dispositivo que não tivesse os inconvenientes das ligações pregadas e aparafusadas e que se adequasse à indústria da pré-fabricação de edifícios de madeira,
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permitindo a máxima flexibilidade na conceção e dimensionamento dos componentes. Por outro lado, apesar das ligações coladas com colas estruturais fluidas serem o standard da indústria, estas necessitam de períodos de espera consideráveis para que se dê o endurecimento da ligação. O novo adesivo estrutural é constituído por uma lâmina metálica revestida com uma substância aderente em ambos os lados. Durante o processo de ligação, o adesivo é colocado entre os elementos a unir e a lâmina metálica é aquecida por intermédio de uma corrente elétrica, o que origina a liquefação da substância aderente e a penetração da mesma
na madeira. A corrente é então desligada, o que determina um endurecimento rápido e a conclusão do processo. Atualmente o endurecimento demora menos de um minuto, mas os investigadores pretendem diminuir este intervalo de tempo para breves segundos, para que este tipo de ligação se torne ainda mais eficaz. Para isso, diversos tipos de metais e colas estão a ser ensaiados, para permitir que a ligação possua a resistência mecânica e durabilidade necessárias para uso na união de elementos estruturais de edifícios. www.wki.fraunhofer.de/en.html
apelo à recicprocidade de abertura dos mercados na conferência changes in civil engineering O presidente da AECOPS, citado pelo portal da Ordem dos Engenheiros, alertou para a necessidade de a Europa “acordar e tomar uma atitude” face ao crescente protecionismo de alguns mercados. A conferência integrou o programa da 57ª Assembleia Geral do European Council of Civil Engineers (ECCE), organizada pela Ordem dos Engenheiros de Portugal entre 30 de maio e 1 de junho. Fernando Branco, presidente do ECCE, defendeu que a evolução da Engenharia Civil está diretamente dependente do investimento, da inovação e da internacionalização. Já Ricardo Gomes, presidente do AECOPS, chamou a atenção para o protecionismo de alguns mercados e para a necessidade de a Europa tomar uma posição em relação a isso. Sem apelar ao prote-
mestrado em construção e reabilitação do ist O Depar tamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos do Instituto Superior Técnico vai lançar, neste ano letivo de 2013/14, a 4ª edição do curso de “Mestrado em Construção e Reabilitação”. Trata-se de um curso de 2º ciclo de Bolonha vocacionado para Engenheiros e Arquitetos que possuam já cinco anos de formação superior. As candidaturas decorrem de 9 de julho a 16 de agosto de 2013.
www.ist.utl.pt
cionismo, o responsável pediu “reciprocidade de abertura dos mercados”. Ricardo Gomes elogiou também o sucesso da internacionalização das empresas de construção portuguesas e da sua presença em países como Angola, Moçambique ou Venezuela. Armando Rito, por seu turno, apresentou a sua experiência ao nível de projeto de obras de arte, em Portugal, e, mais recentemente, em África, destacando a importância de adaptar o projeto e os métodos construtivos às condições de cada local. O especialista em Estruturas afirmou tentar “sempre transferir conhecimento para que os países de destino possam vir a ser autossuficientes e os laboratórios se desenvolvam”. Takehiko Ono, Presidente da Japan Society of Civil Engineers foi convidado a testemunhar as
© ordem dos engenheiros
lições aprendidas pelo seu país após o grande sismo de 2011 e apresentar as atividades mais recentes daquela entidade. O propósito da sessão foi debater aspetos relacionados com a internacionalização e a inovação na Engenharia Civil, proporcionando uma visão europeia da atual situação do setor e dos mercados atuais com maior capacidade de atração da indústria da construção, de que são exemplo alguns países africanos e da América Latina.
O projeto incorpora soluções Saint-Gobain Weber para paredes, correção acústica e isolamento térmico pelo exterior. O projeto da Escola Secundária Braamcamp Freire, na Pontinha, do atelier Cristina Veríssimo e Diogo Burnay Arquitectos (CVDB), conquistou o Wan Award 2013, na categoria de Educação. Estes prémios são organizados pela publicação internacional dedicada à arquitetura World Architecture News, e distinguem projetos nas áreas da Educação, Saúde, Comunidade, Transportes, Comercial, Retalho, Residencial e Interiores & Design. O concurso, que recebeu 82 projetos de todo o mundo nesta área, tinha desafiado os arquitetos a apresentar propostas que se ajustassem à atual conjuntura económica. Na decisão pesou a “harmonia criada a partir do projeto anterior para o novo design”, e a “simplicidade e robustez” da construção final. Além disso, o baixo custo de construção foi apontando também como uma das mais-valias do projeto. Para conseguir esse orçamento reduzido, os arquitetos apostaram em materiais que dispensam acabamentos. Por exemplo, foram usadas paredes em betão à vista e blocos acústicos Soundconfort de betão leve em argila expandida Leca®, fornecidos pela empresa Previcon, que não precisaram de mais acabamento. Em alguns espaços os blocos Soundconfort foram pintados de cores vivas, fator realçado pelo júri do concurso como uso inteligente da cor. Para além das infra-estruturas estarem à vista, são resistentes e de fácil manutenção, sublinhou o arquiteto. A Saint-Gobain Weber forneceu ainda a solução para isolamento térmico pelo exterior, soluções para colagem e betumação de cerâmica e sistemas de enchimento leve com agregados de argila expandia Leca® nos pisos. www.weber.com.pt
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notícias
universidade de aveiro estuda efeitos dos sismos em edifícios de adobe Após dez anos de estudo da matéria, o Departamento de Engenharia Civil da UA disponibiliza dados que permitem desenvolver técnicas para minimizar estragos. Os dados da UA estão agora disponíveis à comunidade técnica e às autarquias, para que possam desenvolver as ações de reabilitação mais apropriadas. Os mais recentes testes de simulação sísmica, efetuados numa pequena habitação construída com estas características no próprio laboratório da UA, permitiram aos investigadores avaliar o comportamento das várias paredes do edifício em pleno terramoto. Deslocamentos do edifício, fissuras na estrutura e a evolução dos danos ao longo do abalo provocado por braços hidráulicos até ao colapso da habitação deram à equipa de investigadores os dados necessários para calibrar modelos numéricos que vão simular
virtualmente o comportamento num cenário sísmico de qualquer edifício real construído em adobe, um material muito usado nas construções em Portugal. O objetivo do fornecimento destes dados passa por identificar as intervenções de reforço estrutural que minimizem o impacto de um possível sismo e também perceber qual a melhor forma de recuperar e reforçar as estruturas caso o abalo aconteça. Humberto Varum, coordenador do estudo, salienta que, até agora, muitas intervenções de reabilitação dos edifícios “tinham uma abordagem inadequada por falta de informação sobre o comportamento das estruturas de adobe”. O especialista na área de reabilitação sísmica do Departamento de engenharia Civil acrescenta já terem sido feitas inúmeras intervenções excessivamente intrusivas e as demolições de edifícios emblemáticos que poderiam ter sido evitadas com as técnicas de reabilitação
estudadas pela equipa de investigação da UA. Todas as técnicas passam pela melhoria das propriedades das próprias paredes e/ou da forma como interagem no conjunto. Embeber na argamassa de reboco uma malha de reforço para dar ao material uma boa resistência em tração e corte e melhorar o comportamento do conjunto dos elementos que compõe a estrutura são algumas das soluções que o Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro tem estudado com sucesso. O investigador alerta que cerca de um terço da população mundial vive em habitações feitas de terra, e acrescenta que “não tem havido um movimento forte que nos leve a avaliar com mais rigor a vulnerabilidade sísmica à escala global de forma a promover a melhoria das condições de segurança das construções de adobe”. www.uaonline.ua.pt
sbtool: uma ferramenta para avaliar a sustentabilidade dos edifícios As avaliações incluem condições climáticas, geomorfologia na zona de construção, materiais (incluindo disponibilidade local), utilização de tecnologias sustentáveis e aspetos culturais. A criação de metodologias para avaliar a sustentabilidade ambiental de edifícios não é nova. Os exemplos mais conhecidos são a ferramenta LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), desenvolvida nos EUA mas usada a nível global, e o BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), a ferramenta usada no Reino Unido. O SBTool foi criado pela International Initiative for a Sustainable Built Environment, uma organização canadiana sem fins lucrativos. Esta metodologia distingue-se por ser adaptável a situações locais, tendo, aliás,
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influenciado o desenvolvimento de standards em Portugal, Estpanha, República Checa e Itália. Na República Checa, a Universidade Técnica de Praga desenvolveu uma versão adaptada aos requisitos do país. O resultado do trabalho, iniciado em 2005, está disponível no mercado desde 2010. Num documento sobre o SBTool feito para a conferência CESB (Central European Towards Sustainable Building), realçou-se o facto de não se tratar apenas de uma metodologia de avaliação, podendo também influenciar o
design dos edifícios. A ferramenta possibilita avaliar os edifícios através de parâmetros que ultrapassam as questões da energia e do abastecimento de água. Este instrumento pode ser usado para atribuir uma classificação a um projeto tendo por base uma série de indicadores e benchmarks. Os edifícios são avaliados de acordo com características sociais, económicas e ambientais. Além disso, a avaliação pode ser feita tendo em conta a localização do edifício e os arredores. O resultado final poderá ser um certificado de ouro, prata ou bronze. De acordo com Martin Vonka, da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Técnica de Praga, a SBToolCZ (versão checa) foi já utilizada em cerca de 20 edifícios residenciais. www.ec.europa.eu · www.sbtool-pt.eu
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nova calha de chão okb da obo bettermann O sistema de calhas de chão OKB permite, segundo a empresa, fornecer energia e dados de forma quase impercetível. Todos os componentes técnicos estão escondidos na calha, sendo que os cabos podem ser conduzidos para fora em qualquer ponto. Quando montado, apenas a parede lateral do sistema é visível, lembrando uma junta de perfil metálica. A empresa assegura, também, que o sistema se ajusta na perfeição às necessidades do
espaço. Trata-se de um produto concebido para salas privadas luxuosas, escritórios e zonas de exposições. A saída em escova da calha possibilita a introdução de cabos em qualquer zona do sistema, permitindo a combinação com outras soluções OBO, como a alimentação de uma secretária que se situe livremente num escritório. www.obo-bettermann.com/pt
sistema de isolamento térmico cin-k A CIN desenvolveu o CIN-k, um sistema de isolamento térmico que, segundo a empresa, se caracteriza pela sua elevada performance na proteção do ambiente, pelo facto de melhorar o desempenho energético dos edifícios. CIN-k protege as fachadas dos edifícios, tornando-as mais resistentes às agressões atmosféricas e, acima de tudo, tornando os edifícios termicamente mais eficientes, sejam eles novos ou prontos a ser requalificados. Este sistema de isolamento térmico é constituído por uma placa de isolante térmico, argamassa de fixação e regularização, rede que funciona como armadura do sistema, acabamentos e acessórios diversos.
CIN-k permite, segundo a empresa, uma maior economia na conta da energia, uma redução significativa do aparecimento de humidade e bolor no interior dos edifícios, uma menor deterioração das paredes e a manutenção média das temperaturas interiores durante todo o ano. Disponível num leque variado de revestimen-
tos, garante uma maior eficiência energética dos edifícios, sem descurar, no entanto, os aspetos estéticos, através dos acabamentos decorativos CARSO e ERALIT. A empresa garante, também, que o produto cumpre com as mais exigentes normas legais de certificação energética dos edifícios, com evidentes vantagens do ponto de vista económico e ambiental. Em 2012, CIN-k foi homologado pelo LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) pela vertente ambiental, já que permite poupar até 30% de energia, contribuindo para a redução do efeito de estufa. www.cin.pt
painéis hpfl distribuídos pela jular
www.jular.pt
Os painéis HPFL (high pressure fibreboard laminate), da marca SwissCDF, são a mais recente novidade da gama de produtos Jular. Estes painéis são fabricados com fibras de madeira e compostos por um núcleo integralmente negro. a sua composição pode incluir até três níveis de revestimento, existindo a possibilidade de integrar diferentes cores entre as várias camadas. De acordo com a Jular, os painéis têm uma elevada resistência à humidade e ao choque, são de fácil manutenção e possuem certificação FSC e PEFC. A Jular, importador exclusivo para Portugal, garante a elevada resistência mecânica do produto. Tem uma forma estável, fácil de trabalhar e manusear. De acordo com a Jular, o produto apresenta também elevada resistência ao impacto e ao choque, bem como à humidade e riscos. Estão disponíveis em mais de 240 padrões e cores sólidas, podendo ser aplicados em mobiliário, espaços comerciais, hotelaria, clínicas, balneários e equipamentos infantis.
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mercado
bases de duche ao nível de pavimento com schlüter®-kerdi-line A Schlüter-Systems criou com Schlüter®-KERDI-LINE uma solução completa e inteligente para bases de duche ao nível do pavimento, com escoamento em linha. No seu desenvolvimento, apresenta agora Schlüter®-KERDI-LINE-F para permitir uma baixa altura de construção com apenas 60mm. Como todas as soluções para bases de duche ao nível do pavimento com escoamento em linha, da gama de produtos, também Schlüter®-KERDI-LINE-F se apresenta como um set completo. A novidade neste sistema é a evacuação frontal da água desde o canal de descarga. Esta nova solução pode-se instalar tanto ao centro, como no perímetro e, pela sua baixa altura de construção de apenas 60mm, é especialmente adequado para projectos de reabilitação e de regeneração ou modernização. Para garantir uma ligação segura à impermeabilização, tem incorporada uma banda de Schlüter®KERDI, que está fixa ao canal de escoamento. O canal pode-se combinar com todas as grelhas de acabamento da gama KERDI-LINE. A lâmina de desacoplamento Schlüter®-DITRA 25, que também faz parte do sistema, evita a transmissão de tensões e de fissuras da betonilha à cerâmica. Outro complemento importante na gama é Schlüter®-KERDI-LINE-FC. Este elemento em aço inoxidável serve para a ligação dos marcos de grelha, para a instalação em série de vários canais KERDI-LINE. www.schluter.pt
martelos perfuradores silenciosos para pedreiras de pedras calcárias No sentido de satisfazer as preocupações locais com os níveis de ruído em torno do Parque Natural da Serra da Serra de Aire e Candeeiros, a Atlas Copco está a disponibilizar às pedreiras os modelos BBC 34 DSI. Estes equipamentos oferecem o mesmo desempenho que martelos perfuradores hidráulicos BBD 94 DSI, anteriormente usados, mas o seu nível de ruído é 5 dB(A) inferior. As pedreiras de pedra calcária da zona do Parque Natural trabalhavam com martelos perfuradores portáteis da Atlas Copco. Com o passar do tempo, e à medida que as exigências de produção aumentaram e surgiu a necessidade de mais mecanização, a introdução da coluna de perfuração levou à utilização alargada do martelo perfurador pneumático BBD 94 DSI. Algumas das pedreiras do parque natural estão situadas nas proximidades de áreas urbanas, pelo que os proprietários estavam preocupados
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com a possibilidade de queixas dos residentes acerca dos níveis de ruído das perfurações poderem ameaçar as suas licenças de exploração, segundo um comunicado da empresa. A pressão ambiental na área constata-se pelo facto de, “apesar de terem sido emitidas inicialmente 120 licenças de exploração, existirem apenas 40 pedreiras em funcionamento”, prossegue o comunicado de imprensa. A Atlas Copco iniciou, então, uma parceria com um distribuidor local, a DRCP - Ferramentas e Equipamentos Lda., que efetuou testes de campo utilizando o BBC 34 DSI como uma alternativa às máquinas BBD 94 DSI. “Os testes de campo demonstraram que o modelo BBC 34 DSI oferece a mesma taxa de penetração elevada do modelo BBD 94 DSI, mas com uma redução do nível de ruído de cerca de 5 dB(A), e esta redução é experimentada pelo ouvido humano como um nível de ruído 50 por
cento menor,” explica Torres Marques, Diretor da linha comercial da Atlas Copco Portugal. O martelo perfurador pneumático BBC 34 DSI possui um diâmetro de pistão de 80 mm, um curso de 70 mm e um poderoso roquete, segundo a empresa. O largo diâmetro do pistão permite que mantenha uma elevada eficiência mesmo com uma baixa pressão do ar e os intervalos de manutenção são mais longos do que os do modelo BBD 94 DSI. www.atlascopco.pt
projeto pessoal
Rui Simões
Engenheiro Civil e Professor na U.Coimbra bi Nasceu em Coimbra, em outubro de 1966. Depois de completar o ensino secundário, na Escola Secundária Avelar Brotero - Coimbra, ingressou no curso de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra, curso que desde muito cedo quis seguir. Concluiu a licenciatura em Engenharia Civil no Departamento de Engenharia Civil da FCTUC em 1990. Na mesma instituição concluiu o mestrado em estruturas em 1995 e o doutoramento em mecânica das estruturas e dos materiais em 2000. Desde outubro de 2000 desempenha o cargo de professor auxiliar no Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra, estando ligado à docência de diversas disciplinas da área das estruturas metálicas e mistas, no mestrado integrado em engenharia civil, no mestrado em construção metálica e mista e no mestrado europeu em construção metálica sustentável (SUSCOS). Autor do livro “Manual de dimensionamento de estruturas metálicas” editado pela CMM, e coautor do livro “Design of Steel Structures” editado pelo ECCS. Membro do centro de investigação ISISE – Institute for Sustainability and Innovation in Structural Engineering. É ainda membro da comissão técnica CT-182 do IPQ para tradução e implementação da norma EN 1090 em Portugal e do TC9 – Execution of Steel Structures do ECCS. Atualmente, é presidente da ACIV – Associação para o Desenvolvimento de Engenharia Civil. É membro especialista em estruturas da ordem dos engenheiros.
sonho de criança Que as sociedades sejam mais justas e solidárias, e que os líderes mundiais atuem de forma a colocar o bem estar comum à frente dos interesses individuais.
o seu maior desafio Continuar a pautar a vida pelo equilíbrio, conciliando a atividade profissional com a vida familiar, com os amigos e com o tempo para o lazer.
um engenheiro civil de referência Não indica um engenheiro civil de referência, pois reconhece muitos nas mais diversas áreas da engenharia civil. A nível nacional, na área das estruturas, destaca o Engenheiro António Reis pelos seus projetos de pontes e outras estruturas especiais e também pela sua contribuição para o ensino da engenharia. Destaca ainda o Engenheiro Tiago Abecasis, atualmente um dos mais conceituados projetistas portugueses de estruturas metálicas e mistas.
obras de engenharia de referência
uma aposta no futuro Contribuir para o desenvolvimento da investigação científica na área das estruturas metálicas e mistas e para a transmissão de conhecimentos às gerações futuras. Um engenheiro, à semelhança de outros profissionais, não deve apenas desenvolver competências próprias, mas também ter a preocupação de as transmitir às gerações futuras; como professor universitário considera-se numa posição privilegiada para seguir este princípio.
hobby favorito Ouvir música e praticar desporto.
dos projetos mais desafiantes, seleciona Na carreira de investigador os desafios são constantes. Atualmente encontra-se envolvido num projeto de investigação europeu que tem como objetivo a otimização da construção de edifícios modulares até 8 andares, construídos de cima para baixo, de forma que durante a construção a zona de trabalho fique protegida das intempéries. Na vertente de projeto destaca a conceção de um conjunto de estruturas metálicas com cerca de 80 m de comprimento para servir de abrigo e de apoio à construção de fornos coque na Alemanha. O maior desafio foi conceber uma estrutura que permitisse facilmente acomodar diversas formas estruturais, desde a fase de abrigo e apoio à construção dos fornos, passando pela fase de aquecimento, até à desmontagem e reconstrução noutro local, e ainda respeitar um conjunto bastante exigente de condicionantes locais, como seja a pré-definição dos pontos de apoio e os valores limites e direções admissíveis das reações.
Para ser de referência terá de dar resposta a condicionantes desafiantes ou complexos, ser concebida de forma a verificar todos os requisitos de segurança e funcionais, ser executada pelo mais baixo custo possível, ser bonita e acima de tudo ser útil para as populações que serve, durante o período de vida útil. Poderia indicar uma obra, mas para não ser injusto com outras, deixa apenas a sua definição de obra de referência.
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eventos
ix congresso de construção metálica e mista e i congresso luso-brasileiro de construção metálica sustentável Com o IX Congresso de Construção Metálica e Mista, a CMM pretende divulgar as mais recentes inovações no âmbito deste tipo de construção, dar a conhecer as principais orientações da investigação neste campo e difundir as principais inovações com o objetivo de promover as potencialidades da construção metálica e mista. Este ano o IX Congresso de Construção Metálica e Mista será realizado conjuntamente com o I Congresso Luso-Brasileiro de Construção Metálica Sustentável. A CMM espera que a realização conjunta destes dois Congressos proporcione um acréscimo do número de participantes bem como do interesse dos temas a abordar, nomeadamente os que envolvem as soluções arquitetónicas que o aço possibilita. Os congressos serão, também, um local privilegiado para o intercâmbio de ideias e experiências entre os vários intervenientes na concretização dos empreendimentos representativos deste setor de construção (donos de obra, projetistas, construtores, etc.). Dando relevo a obras cuja identidade está indelevelmente marcada pela conceção arquitetónica e à associação do aço estrutural com materiais de revestimento, nomeadamente o vidro, procurou-se alargar o leque de participantes aos projetistas de arquitetura. www.cmm.pt/congresso
Os principais focos desta edição da Concreta são a Internacionalização, a Regeneração Urbana e Sustentabilidade e ID&I. A organização tenciona reforçar o aspeto da Internacionalização ao convidar compradores de mercados estrangeiros, enfatizar a construção sustentável e alargar o âmbito do evento para a regeneração urbana e gestão de cidades inteligentes. A lista de expositores cobre os domínios da Arquitetura de Interiores, rochas ornamentais, iluminação, eletricidade, domótica, robótica, isolamento, madeiras e derivados, restauração e requalificação, entre muitos outros. O recinto da Feira estará aberto das 10h às 19h entre os dias 23 e 25 para os profissionais e no dia 26, no mesmo horário, para o público. www.concreta.exponor.pt
calendário de eventos
Wastes 2013
Resíduos: soluções, tratamentos e oportunidades
11 a 13 de setembro 2013
Braga Portugal
Wastes 2013 www.wastes2013.org
Concreta 2013
Feira internacional de regeneração urbana sustentável
23 a 26 de outubro 2013
Porto Portugal
Concreta www.concreta.exponor.pt
ISCE2013
“Internacional Steel Construction Exhibition”
23 a 26 de outubro 2013
Porto Portugal
CMM www.cmm.pt/isce2013
IX Congresso cmm e Construção metálica e mista I Congresso LUSO-BRAS.
24 e 25 de outubro 2013
Porto Portugal
CMM www.cmm.pt/congresso
Projekta 2013
24 a 27 de outubro 2013
Luanda Angola
Projekta www.verangola.net/Eventos/Projekta-2013
19 a 21 de novembro 2013
Barcelona Espanha
Smart Cities www.smartcityexpo.com
Feira de construção civil, obras públicas, urbanismo e arquitetura
Congresso Mundial Cidades inteligentes Smart Cities
As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.
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ESPECIALISTAS EM PROJECTO, FISCALIZAÇÃO E CONSULTORIA NAS ÁREAS DE: ACTUALMENTE PRESENTES EM: BRASIL ANGOLA COSTA DO MARFIM CAMARÕES MACAU CABO VERDE GANA
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