Indústria e Ambiente 68

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www.industriaeambiente.pt

ENTREVISTA Jorge Moreira da Silva TECNOLOGIA Tratamento de águas residuais INVESTIGAÇÃO Gestão de energia e eficiência energética em edifícios LEGISLAÇÃO Novo Regime Jurídico dos Resíduos

Investigação e Inovação em Ambiente

convergência ou divergência?

número 68 Maio/Junho 2011 Publicação Bimestral 6.50 €



FICHA TÉCNICA Número 68 | maIo/JUNHO 2011 Diretor António Guerreiro de Brito agbrito@deb.uminho.pt Diretora Executiva Carla Santos Silva carla.silva@engenhoemedia.pt Conselho Editorial Alexandre Cancela d’Abreu, Ana Malheiro, António Gonçalves Henriques, António Joyce, Carlos Alberto Alves, Carlos Borrego, Carlos Pedro Ferreira, Isabel Rosmaninho, Luís Fonseca, Luís Rochartre, Pedro Santos e Rui Rodrigues Redação Joana Correia redaccao@engenhoemedia.pt

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Editorial Investigação + inovação = ir mais longe

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Entrevista | Jorge Moreira da Silva

O Espaço Energia conta com a colaboração da ADENE Publicidade Vera Oliveira v.oliveira@engenhoemedia.pt

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Comunicação Celine Borges Passos Tel. 225 899 625 c.passos@engenhoemedia.pt

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Design avawise

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Assinaturas Tel. 225 899 625 | Fax 225 899 629 industriaeambiente@engenhoemedia.pt

Propriedade e Administração PUBLINDÚSTRIA, Produção de Comunicação, Lda. Praça da Corujeira, 38 – Apartado 3825 4300-144 Porto – Portugal www.publindustria.pt | geral@publindustria.pt Publicação Periódica Registo no ICS n.o 117 075 ISSN 1645-1783 Depósito Legal 165 277/01 Tiragem 3000 exemplares Os artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. A Indústria e Ambiente adotou na sua redação o novo acordo ortográfico. A Indústria e Ambiente é impressa em papel proveniente de florestas com Certificação da Gestão Florestal Responsável.

A Indústria e Ambiente é o membro português da European Environmental Press

Revista Oficial

SUMÁRIO

Redação e Edição Engenho e Média, Lda. Grupo Publindústria Tel. 225 899 625 | Fax 225 899 629

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Dossier “Investigação e Inovação em Ambiente” Parábola sobre a universidade, a técnica e o dia a dia – leonor amaral Inovação e Ambiente: Redes de cooperação e apoios – bibiana dantas Baterias – Desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade – pedro sena da silva Business Angels de olho no Ambiente e Energia – francisco banha O ambiente e a I&DT ao nível Europeu: desafios e oportunidades para Portugal – anabela carvalho, carlos borrego, joão coimbra e eduardo maldonado

Ambiente e Inovação em Portugal ESPECIAL PRÉMIO NACIONAL DE INOVAÇÃO AMBIENTAL 2011 Waydip, SOMA e Varandas do Sousa distinguidos no PNIA 2011 Investigação Gestão de energia e eficiência energética em edifícios públicos e de serviços

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Tecnologia Tratamento de águas residuais

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Produtos e Tecnologias

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Notícias Energia Ar e Ruído Água Legislação – Gestão e Economia Alterações Climáticas e Conservação da Natureza Resíduos

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Pessoas e Empresas

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Eventos

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Estante | EcoCyberNews

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Opinião, por Carlos Pedro Ferreira

PRÓXIMA EDIÇÃO DOSSIER › As Cidades: os novos territórios sustentáveis

INDÚSTRIA E AMBIENTE 68 MAIO/JUNHO 2011 © Imagem da capa gentilmente cedida por Sea for Life

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editorial

Investigação + inovação = ir mais longe António Guerreiro de Brito, Diretor

Reconhecendo que o futuro não nos pertence mas que deve começar a ser já inventado, o atual momento de ajustamento estrutural em Portugal e de execução do plano de recuperação é, todos o sabemos, o momento de focar na competitividade e procurar o crescimento da economia. Esta fase que Portugal está a atravessar é complexa e não se resume a alguns chavões. Contudo, não pode deixar de ser interpretada como uma oportunidade. A área do ambiente, na sua multiplicidade sectorial, é um elemento chave inquestionável que pode alavancar a recuperação de Portugal. Isso mesmo já percebeu em 2009 a Alemanha que, então, publicou o seu atlas prospetivo para o mercado mundial das tecnologias ambientais, designado GreenTech made in Germany 2.0. Portugal tem conhecimento e valor para transacionar com o mundo e a Parceria Portuguesa para a Água (PPA) é uma diligência exemplar para construir um primeiro catálogo especializado, provavelmente a ser expandido para outras áreas do ambiente após consolidação. O facto da sede da PPA poder vir a localizar-se no Norte, hipótese aventada na sua primeira Assembleia-geral, é um sinal da importância das empresas e da indústria nacional nesta iniciativa. Neste contexto, existe um fator essencial para a internacionalização do setor ambiental: o capital tecnológico. O estímulo à investigação, desenvolvimento e inovação nas universidades e nas empresas é crucial e, na última década, Portugal tem efetuado um esforço consolidado nesse domínio, atingindo em 2009 cerca de 1.7% do PIB, o que não compara mal com a comunidade europeia. Esse trabalho tem resultado, em muito, de programas de formação avançada – temos cerca de 8.2 investigadores por mil ativos - e começará a colocar problemas de empregabilidade, mas esse é um problema virtuoso, constituirá um estímulo indireto ao empreendedorismo de elevado nível. É consensual que a visão estratégica de I&D+I em Portugal deve alocar apoios e recursos às instituições de ensino e entidades públicas, mas que também deve encorajar esse desenvolvimento nas empresas privadas, basta ter a noção que as 100 maiores empresas que investem em I&D garantem cerca de 25% das exportações. Aliás, o setor empresarial, que assegura cerca de 58% da investigação em Portugal em 2009, pode (deve) começar a ter mais confiança nos ganhos da sua interação com os sistemas de investigação do Estado. Ajudaria, para esse efeito, que esta relação fosse considerada como complementar de objetivos de avaliação de mérito científico nas universidades. O contributo para esta perspetiva dependerá, no essencial, da cultura das organizações e da motivação institucional que lhe for consagrada. No entanto, nunca saberemos o que o futuro nos reserva e, embora devamos antecipá-lo, é preciso prudência nos prognósticos e nas apostas. Basta pensar que há 100 anos a palavra “telefonia” ou “aviador” não era sequer conhecida, pois nada ainda havia para materializar estes conceitos. Apenas ainda há cerca de 10 anos, ou menos, o ato de “navegar” não seria, certamente, para ler um e-book (formato em que esta edição da IA existe) e uma enorme quantidade de acrónimos tecnológicos, hoje banal, era então desconhecida. Não importa, a verdade é que um qualquer programa de desenvolvimento de Portugal tem que estimular o investimento em empresas de risco e incentivar spin-off do sistema de investigação, tem que

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o setor empresarial, que assegura cerca de 58% da investigação em Portugal em 2009, pode (deve) começar a ter mais confiança nos ganhos da sua interação com os sistemas de investigação do Estado.

conseguir atrair fundos de capital de risco e business angels e tem que encorajar a inovação tecnológica por via de instrumentos fiscais indiretos, tal como o SIFIDE o procura fazer. Um amigo meu, sempre com peculiar sentido prático, tem o hábito de afirmar que a investigação é usar dinheiro para gerar conhecimento e que inovação é usar conhecimento para ganhar dinheiro. Por outras palavras, a missão da investigação é adquirir conhecimento e a missão da inovação é usar esse conhecimento para assegurar competitividade. Significa isto, portanto, que ambas, a investigação e a inovação, são como dois motores necessários para manter o equilíbrio de Portugal no caminho de recuperação.


PRÉMIO NACIONAL DE INOVAÇÃO AMBIENTAL Para empresas que vêem no futuro um Planeta Sustentável!

Vencedores PNIA 2011 e representantes portugueses no EEP Award 2011 1.º Wayenergy da Waydip – Energia e Ambiente Lda. 2.º Sistema Wise Waste da SOMA, S.A. – Grupo Auto-Sueco 3.º Valorização agrícola de substrato da produção de cogumelos da Varandas de Sousa S.A.

Inove e represente Portugal na competição europeia em 2012! Saiba mais em http://pnia.industriaeambiente.pt ORGANIZAÇÃO

APOIO

MECENAS


ENTREVISTA

Jorge Moreira da Silva Jorge Moreira da Silva destaca a Energia, a Biodiversidade e o Mar como as grandes prioridades no que toca ao Ambiente em Portugal. Em entrevista à IA, o actual Consultor Sénior no Plano de Desenvolvimento das Nações Unidas para o Financiamento Inovador do Ambiente e Energia, explica o que é necessário fazer em Portugal para evoluirmos nesta matéria, sendo defensor acérrimo de um choque fiscal “verde”, penalizando com mais carga fiscal a degradação de recursos naturais.

Entrevista conduzida por António Guerreiro de Brito | Redação por Joana Correia | Fotografia por Luís N. Filipe

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ENTREVISTA

António Guerreiro de Brito (AGB) – Do ponto de vista económico e social, Portugal enfrenta um momento tão complexo como decisivo. Com base no seu conhecimento e na experiência que tem acumulado no contexto internacional, pode selecionar 3 desafios que estejam a ser enfrentados globalmente e que Portugal não deve ignorar? Jorge Moreira da Silva (JMS) – Neste momento, Portugal está confrontado com três desafios em simultâneo e, ao contrário de outros países, não se pode dedicar apenas a um deles. Primeiro, ainda temos problemas de primeira geração a resolver na área do abastecimento de água, saneamento, tratamento de resíduos, descontaminação de solos e reabilitação. Há um segundo desafio que é aquilo que se costuma designar por “greening” da economia, ou seja, fazer face a novas diretivas comunitárias que na prática internalizam os custos ambientais de todos os produtos ou processos. Isto está muito marcado pelo que foi lançado na ultima década, essencialmente a partir da declaração de Gutenberg, que é uma nova tipologia de diretivas comunitárias que, ao contrário das anteriores, colocam o ambiente dentro da economia e o homem no centro das preocupações ambientais. Portugal tem que enfrentar este desafio que é o de ser custo-eficiente na forma como cumpre essas diretivas. O terceiro desafio é o das ecoinovações, desenvolvimento de tecnologias limpas e valorização dos recursos naturais. AGB – Nessa perspetiva, quais as áreas prioritárias no domínio do ambiente em que acredita que Portugal pode retirar dividendos da sua competência ou que deve reforçar o seu investimento? JMS – Penso que quando temos de identificar áreas prioritárias temos de selecionar um conjunto de critérios para definir porque é que uma é prioritária e outra não. Em Portugal temos de escolher prioridades e os critérios que costumo identificar como base para as identificar são quatro: áreas onde fizémos grande apostas de formação de pessoas; áreas onde fizémos grande apostas de apetrechamento tecnológico; áreas onde temos recursos naturais que nos diferenciam e que são vantagens comparativas em relação a outros países; áreas que se assumem como geradoras de produtos e bens transacionáveis. As áreas a que chego como segunda derivada desta definição de critérios são ligadas ao ambiente, à energia, à agricultura, ao mar, às indústrias criativas, à biotecnologia. Dentro destas, há algumas que são do espectro do tema do ambiente, como a Energia, Mar e Biodiversidade.

AGB – As energias renováveis são uma aposta tecnológica consistente em Portugal. No entanto, subsistem necessidades de integração intersectorial e oportunidades a explorar. Quer nomear as que julga mais importantes? JMS – A energia é uma das áreas onde Portugal pode encontrar oportunidade de inovação, investigação, desenvolvimento, de disseminação, de criação de valor e internacionalização. A área da Energia, é muito mais vasta do que as energias renováveis. Hoje temos dados, mais do que suficientes, para agir. Os cenários e os custos ligados à inação, as consequências da mudança climática para a nossa vida e para as próximas gerações é de tal forma significativa que, se não o fizermos, estamos a ser irresponsáveis. Por outro lado, seremos perdulários porque o custo de reduzirmos as emissões é, não só muito inferior ao custo de não fazermos nada, numa relação de 1 para 5, como gera grandes oportunidades de negócio. Portanto, uma aposta numa economia de baixo carbono, onde a energia tem um papel central, é fundamental para enfrentar o desafio da mudança climática mas também para gerar oportunidade de desenvolvimento tecnológico, ou seja, aquilo a que na ONU costumamos chamar o “green new deal”. Isto é assumir a área do ambiente e, em particular, o desenvolvimento tecnológico, a descarbonização do consumo e produção de tecnologia como uma alavanca para crescimento económico. Portugal tem um grande desafio nesta área porque temos compromissos internacionais para assumir mas, também, porque o nosso mix energético é economicamente insustentável. Não basta reduzir a energia na eletricidade quando esta representa apenas 20% do consumo de energia. Portugal tem hoje uma dependência energética na casa dos 90%, em que 55% da dependência da nossa energia final é petróleo. De pouco serve apostarmos na renováveis se “deitarmos pela janela fora” por inefeciência no consumo nos transportes ou em nossa casa... A mais verde da energias é a eficiência energética. Portugal tem vantagens económicas para apostar na eficiência energética porque reduz a sua dependência, reduz as emissões de CO2, reduz a nossa balança deficitária na área da energia e, além disso, cria oportunidades de negócio em áreas onde estamos bem apetrechados. A aposta na redução da dependência do petróleo não pode ser apenas com o recurso às energias renováveis na eletricidade, nós precisamos de energias renováveis na produção de calor. AGB – A biodiversidade pode ser perspetivada como um ativo para o desenvolvimento?

um país que é mais dependente energeticamente do exterior do que outros, não pode ficar na média, tem que ser mais ambicioso. Sou defensor que a nossa meta que hoje é de 20%, seja revista, passando para 25%.

JMS – A Biodiversidade é uma área menos evidente e estamos perante um duplo desafio já que é, em simultâneo, uma ameaça e uma riqueza. Portugal tem muitas das suas espécies e dos ecosistemas ameaçados mas, ao mesmo tempo, é um país rico em biodioversidade e a circunstância de termos uma grande área coberta de rede Natura, traduz essa riqueza. Só que não podemos continuar a olhar para a biodioversidade e conservação da natureza como um custo de contexto em que incorrem os municípios, os cidadãos e as empresas. Temos que encontrar mecanismos para remuneração dos serviços prestados pelos ecosistemas, isto é, eu cidadão se tenho um terreno em REN ou em RAN ou em Rede Natura não devo continuar a incorrer numa penalização por não conseguir valorizar em termos urbanísticos esse território, devo ser remunerado pelo facto de estar a prestar um serviço à comunidade ou ao país ou à UE. Esta é uma das áreas que deve dar origem à reforma do património e à criação de instrumentos financeiros e de mecanismos de mercado, tais como, os que estão a ser testados na Austrália e nos EUA como os Biobanking ou os sistemas Offsetting. AGB – E o mar, como valoriza esse recurso? JMS – A terceira prioridade do Ambiente em Portugal tem a ver com a economia do mar que está, intimamente, ligada a questões ambientais. É necessário haver uma integração

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ENTREVISTA

cada vez maior da proteção do litoral e valorização dos recursos marinhos. Portugal tem uma relação, ora nostálgica, ora simbólica com o mar e, se olharmos para os ativos que temos, este é dos que merece ser valorizado e que tem toda uma cadeia de valor associada e onde temos vantagens comparativas. Temos grandes centros de investigação na área do mar e recursos marinhos que são valiosos mas é necessário fazer apostas, seja nos transportes marítimos, seja na biotecnologia, seja até na energia ligada ao mar. AGB – O Estado pode desempenhar um papel de catalisador para a mudança. Nesse sentido, o que pode ele fazer melhor? JMS – O Estado pode começar por si próprio. Por exemplo, assumindo metas de redução do consumo de energia mais ambiciosas do que aquelas que estão a ser assumidas. Eu penso que um país que é mais dependente energeticamente do exterior do que outros, não pode ficar na média, tem que ser mais ambicioso. Sou defensor que a nossa meta que hoje é de 20%, seja revista, passando para 25% da redução do consumo de energia até 2020. Isto fazse começando pelo Estado. Esta meta para o Estado deve ser de, pelo menos, de 30%. Seria o Estado afirmar que quer impôr à sociedade uma meta de redução de consumo mas que vai dar o exemplo, com as suas frotas de automóveis, com os sistemas de iluminação pública, com os edifícios públicos, etc. O segundo passo é assumir-se na relação com as empresas e na sociedade. Pareceme necessária uma maior integração de políticas, acho que é fundamental que as áreas do ambiente, da mobilidade, da energia, da inovação possam ter uma integração institucional maior. Hoje temos uma pulverização de planos, não estou a falar apenas de Portugal, falo de vários países, mas no caso português isso é evidente. Nós precisamos, julgo eu, de um plano de ação de clima e energia que tenha planeamento. Por outro lado, não se sabe quem é o responsável pelo problema. É fundamental, tal como acontece nas empresas, haver um profits and losses para atribuição de metas de redução das emissões a cada setor e a cada responsável. Outro elemento passa, ainda no campo da regulamentação e implementação, por dar sinais de preço. Não há outra forma de impulsionar um combate às alterações climáticas e um desenvolvimento de baixo carbono, é preciso estabelecer um preço adequado ao carbono para que o preço de CO2, sendo internalizado nos produtores, para que aqueles que produzem verde tenham uma vantagem comparati-

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va e aqueles que continuam a produzir de uma forma altamente poluente tenham um incentivo para mudar de vida. É necessário remover as barreiras que hoje existem à disseminação de tecnologias limpas, muitas da tecnologias já estão disponíveis mas têm ainda barreiras fiscais, comerciais, de contratação pública, etc. Por fim, é preciso reorientar comportamentos dos cidadãos. AGB – No sentido de reforçar a política de ambiente, que instrumentos poderiam ser aprofundados, designadamente em termos de política fiscal? JMS – É necessária uma revisão da fiscalidade energética, não apenas na produção de energia mas também nos equipamentos de eficiência energética. Hoje é mais fácil, muitas vezes, queimar um combustível para produzir eletricidade do que utilizá-lo diretamente para produzir energia. Uma das questões fundamentais é a fiscalidade energética e, de uma forma mais vasta, será a fiscalidade ambiental e a fiscalidade do património. Eu sou defensor de um choque fiscal verde que, obviamente, não é uma coisa que se possa fazer a curto prazo mas olhando para o médio/ longo prazo julgo que Portugal tem vantagens em substituir carga fiscal sobre o trabalho e sobre a riqueza, por mais carga fiscal na degradação de recursos naturais. Não se trata de aumentar impostos mas, num quadro de neutralidade fiscal, de encontrar forma de não penalizar tanto aquilo que tem valor, penalizando mais aquilo que é negativo para a sociedade como a

degradação de recursos e a poluição. O segundo elemento tem a ver com a contratação pública. Precisamos, cada vez mais, de mecanismos de contratação pública de produtos mais sustentáveis. A ideia de compras públicas ecológicas é importante, já foram dados alguns passos em Portugal mas acho que é necessário alargar, não apenas a mais produtos como alargar a mais clientes porque isso permite criar o maior impacto neste esforço de “greening”. O terceiro elemento parece-me ser o de medir. Julgo que precisamos de criar indicadores de sustentabilidade locais. Acho que poderia ser importante, até porque o processo das Agendas 21 teve muito menos impacto do que deveria ter tido, e sem perder a necessidade de aprofundar esse esforço de alargar a mais municípios as Agendas 21, tem que se dar um salto quântico e passar a uma fase seguinte que é a da criar indicadores para a sustentabilidade local que permitam medir o desempenho dos municípios. Depois é necessário compensar os municípios, não se trata apenas de fazer uma lista de bons alunos e maus alunos, mas de compensar pelo esforço que façam em relação a esses indicadores. Há vários mecanismos que podem ser implementados, seja através das finanças locais, seja através da fiscalidade ou de um fundo específico para esta áreas. AGB – A investigação é um fator de mobilização de conhecimento para a competitividade. Como enquadra este setor para o crescimento de Portugal?


ENTREVISTA

Muitas vezes sente-se que a academia quando projeta e investiga, fá-lo sem atender às necessidades do setor industrial.

JMS – Portugal precisa de escala no financiamento. Muitas destas tecnologias limpas, são tecnologias que sendo muito reprodutivas e gerando valor rapidamente, precisam de massa crítica na investigação e desenvolvimento. Precisamos de criar na área da sustentabilidade, incentivos para que dentro da academia possa haver uma reorganização da rede, de maneira a que as pessoas trabalhem mais em conjunto. Nota-se uma certa fragmentação na atividade de investigação dentro da própria academia e isso impede-nos de concorrer à escala internacional. Um segundo elemento é o de fomentar, de facto, uma articulação maior entre indústria e academia. Muitas vezes sente-se que a academia quando projeta e investiga, fá-lo sem atender às necessidades do setor industrial mas, muitas vezes, também o setor industrial quando precisa de inovar não vai buscar esse conhecimento à academia, prefere comprar produtos chave-na-mão, pagando royalties da investigação que foi feita no estrangeiro. Esta é uma das coisas que o estado pode fazer, por via do financiamento ao sistema científico e à inovação, “obrigar” a que mais casamentos possam ocorrer entre investigação e inovação de base tecnológica. O Estado tem estes instrumentos, ele financia as universidades e o sistema científico e também a inovação através de capital de risco e de progranas operacionais. AGB – Referiu a questão dos incentivos fiscais. Como fazer para serem perspetivados pelas empresas e pelas pessoas como in-

centivos para um melhor gestão e não como impostos? JMS – Penso que o essencial é não dar sinais errados. A razão dos impostos ambientais e de toda a fiscalidade ambiental é o de reorientar comportamento, internalizando no preço final as externalidades ambientais de um determinado processo ou de um determinado produto. Isso é uma forma de orientar comportamentos dos cidadãos mas, também, da economia. Ao estarmos a tributar a degração dos recursos, estamos a tributar o CO2 e a degradação do património, dando um sinal ao consumidor mas também ao tecido empresarial que produzir verde compensa e produzir de uma forma insustentável penaliza esse player na área económica. Outro aspeto tem a ver a com a necessidade de aumentar impostos neste área. Eu julgo que se chegou a um limite máximo da carga fiscal que a economia e que os cidadãos aceitam, mas podemos progressivamente, no médio e longo prazo, substituir alguns impostos sobre o trabalho e sobre a riqueza sobre outros na área ambiental. Há uma coisa que os cidadãos querem ver esclarecido e não apenas aqui em Portugal, que é o não haver apenas um sinal de preço que reoriente comportamentos mas que essa reorientação de comportamentos seja totalmente percetível pelos cidadãos porque o que se procura não é que as pessoas apenas deixem de consumir um determinado produto ou que deixam de utilizar determinada forma de transporte,

o que se pretende é que mudem para outro produto ou forma de transporte. É importante que o cidadão sinta, por exemplo, que os impostos sobre os produtos petrolíferos e sobre a transação de veículos servem para termos transportes públicos mais sustentáveis, com acesso a combustíveis mais limpos, transportes públicos mais confortáveis e com uma rede de influência maior. O mesmo na área de energia. Nós estamos a penalizar as centrais a carvão e as térmicas pelo valor de CO2 que emitem mas estamos a apostar nas renováveis com um valor idêntico à penalização que estamos a fazer dos maiores poluidores. Tem que haver uma capacidade, que ainda não existiu, de comunicar ao cidadão que os impostos servem para reorientar escolhas, não apenas para penalizar o cidadão e aquele setor económico mas servem para que o cidadão e outros setores económicos beneficiem de comportamentos mais sustentáveis. AGB – Onde encontramos oportunidades para melhorar a cooperação internacional? A política climática vai nesse sentido? JMS – Eu julgo que o grande desafio hoje é o de impulsionar uma globalização mais inclusiva e mais sustentável, tendo em atenção que alguns Estados ainda estão numa situação de pobreza extrema e que têm que ser apoiados na transição para esta nova economia Por exemplo, as alterações climáticas são um grande paradoxo porque os impactos, mesmo se não fizermos nada, andarão entre 5% a 20%

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do PIB, sendo muito maiores do que o custo de agirmos, que andará na ordem dos 1% . Esses impactos vão-se fazer sentir mais nos países que menos poluem. Não é nos países que mais emitem que essas consequências se vão fazer sentir, mas sim, mais uma vez, naqueles países que têm menos resiliência e menos capacidade de adaptação. É por isso que tem de haver aqui uma capacidade de, por um lado, apostar na mitigação, ou seja, na redução das missões à escala global mas, por outro lado, ter noção que não se pode pedir aos países em vias de desenvolvimento que reduzam as emissões ao mesmo ritmo com que nós reduzimos as nossas. Esses países precisam de apoio à adaptação, há uma componente de mudança climática que é inexorável e tem que haver capacidade para que esses países se desenvolvam economicamente e não encontrem nas metas de redução das emissões um bloqueio total ao seu desenvolvimento. É aqui que surgem grandes oportunidades para todos. Os países industrializados assumiram já, no quadro de Cancun e Copenhaga, que transferirão anualmente, até 2020, uma dotação financeira de 100 mil milhões de dólares para os países em vias de desenvolvimento. Para termos noção do que é que significa este valor, 100 mil milhões de dólares é o mesmo valor anual da ajuda tradicional ao desenvolvimento e inclui combate à pobreza, HIV, iliteracia, saúde, entre outros. Uma parte desse financiamento será feito através do mercado de carbono, através de projetos que as empresas dos países industrializados fazem em países em vias de desenvolvimento, recebendo créditos de carbono a partir desses investimentos. Mas há também uma componente que será financiamento público, seja nacional, seja multilateral. Neste momento, isto é uma grande oportunidade para todos, para os países em vias de desenvolvimento que têm uma oportunidade para satisfazer as suas necessidades de adaptação às alterações climáticas e também uma possibilidadde poderem descarbonizar a produção de energia a partir de tecnologias mais limpas. Mas é igualmente positivo para aqueles que financiam porque, muitas das empresas que desenvolvem tecnologias limpas, encontrarão um motor para disseminarem e exportarem as suas tecnologias. Portanto, há aqui grandes oportunidades ligadas a este “case-study” que é a mudança climática, de facto, hoje este é provalmente o único tema à escala internacional que, por um lado, cria mecanismos vinculativos do estados, tem um sistema de governação global, fomenta mecanismos de mercado como é o caso do comércio de licenças de emissão, mas também envolve a comunidade científica, as empresas a inovação.

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PERFIL Jorge Moreira da Slna nasceu em 1975 em Braga (?). Licenciado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, desde cedo, enveredou também por uma carreira política, tendo chegado a presidente da Juventude Social-Democrata em 1995. Mais tarde completa a sua formação académica com uma pósgraduação em Gestão na IESE Business School - Universidade de Navarra. Em 1999 é eleito deputado do parlamento europeu, onde fica ligado às alterações climáticas. Entre 2000 e 2003 desempenha o cargo de vicepresidente da Globe, sendo que no ano a seguir se torna Secretário de Estado Adjunto da Ministra da Ciência e do Ensino Superior (XV Governo) e, logo a seguir, Secretário de Estado Adjunto do Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território (XVI Governo). A partir de 2007, volta à actuação internacional, tendo desempenhado vários cargos em organizações europeias, sempre ligado ao ambiente: Consultor das políticas de biodiversidade no BEI (2007-2008); Consultor da Comissão Europeia nas negociações sobre as alterações climáticas pós-2012 (2008-2009); entre outros. Atualmente é Consultor Sénior no Plano de Desenvolvimento das Nações Unidas para o Financiamento Inovador do Ambiente e Energia. .


PUBLI-REPORTAGEM

GARANTIA DO RETORNO DO INVESTIMENTO EM PARQUES FOTOVOLTAICOS Enquadramento Legislativo A Estratégia Nacional para a Energia (ENE) tem como objectivo principal diminuir a dependência energética do exterior (diminuindo importação de Carvão e Gás Natural), reduzindo, assim, as emissões de gases com efeito de estufa. Foram definidos 5 eixos, entre eles, a aposta nas Energias Renováveis. Actualmente, e dando sequência à orientação do ENE, foram publicados recentemente Decretos-Lei para a micro e minigeração. Até ao final de 2010, leiloaram-se mais 150MW para Instalações Fotovoltaicas de 250kW e está previsto para este ano leiloar mais 250MW, a adicionar aos 50MW/ano previstos no DL da minigeração.

Oportunidades Tendo já aludido às vantagens Macroeconómicas, há que realçar a dinâmica energética que se avizinha. Desde o fabricante português de painéis fotovoltaicos, passando pelos instaladores/projectistas e clientes finais, há um conjunto de benefícios alocados a cada um deles. Duas situações: criação de empresas produtoras de painéis fotovoltaicos, de origem portuguesa, gerando emprego, intrínseco, e, a jusante, a redução, a médio prazo, de custos de produção com a redução da componente energética, tornando as empresas mais competitivas (especialmente, as grandes consumidoras de energia, tal como previsto na legislação).

Como garantir o Retorno do Investimento? Há a necessidade de redobrar a atenção para pequenos detalhes que fazem toda a diferença, antes do envolvimento em projectos de investimento desta natureza, com uma vida útil esperada de cerca de 25 anos. Num Parque Fotovoltaico, decorrem três fases de investimento: Projecto, Instalação e Operação. Salvo as devidas excepções, a reduzida qualidade na fase de projecto e na fase de instalação e, principalmente, o “relaxamento” na fase de operação/manutenção implica que haja Instalações Fotovoltaicos que não produzem a energia inicialmente prevista.

Cada vez mais, é imprescindível garantir o retorno de qualquer investimento. Surgindo a oportunidade de um projecto de investimento em Parques Fotovoltaicos, temos de ter em conta pequenos detalhes (mas de elevada relevância), nomeadamente, dados climáticos credíveis, qualidade/fiabilidade dos equipamentos e a execução de um programa de manutenção detalhado, por exemplo.

A criação de uma norma para congregar as três fases, detectando os desvios em cada uma delas, é um factor decisivo para o sucesso do investimento. A experiência da empresa TÜV Rheinland na inspecção de Parques Fotovoltaicos é vasta, contando com cerca de 30 anos. Em Espanha, foram inspeccionados mais de 100 Parques Fotovoltaicos, onde se detectaram os seguintes problemas: • 30% de desvios entre o projecto e a instalação; • 30% de defeitos graves de termologia nos principais equipamentos (módulos e inversores); • 21% de defeitos na instalação ao nível de ligações eléctricas; • 10% de problemas de segurança eléctrica. Face ao historial mencionado, na inspecção de Centrais Fotovoltaicas, não só em Espanha, como também no resto na Europa, a TÜV Rheinland criou uma Norma Interna que visa a implementação de procedimentos de uma forma rigorosa: Validação do projecto técnico - parâmetros climáticos, sombreamentos; a TÜV Rheinland elabora um relatório técnico identificando os desvios; Acompanhamento da Instalação - prevenção de incorrecções, que iriam ser detectadas posteriormente durante a inspecção final; Inspecção técnica ao rendimento da Instalação – termografias, curvas I/V, etc.; elaboramos um relatório técnico detalhado com a apreciação e desvios relativos à tecnologia, qualidade dos equipamentos, ligações, estruturas e funcionamento; Inspecções Periódicas (anuais) – elaboramos um relatório técnico anual com identificação do estado de funcionamento e manutenção ao longo do tempo. Com estes serviços podem prevenir-se desvios no retorno do investimento, de um, dois, ou mais anos. Garantir a produção de energia eléctrica ao longo da vida útil do projecto é “imperativo”. www.tuv.pt


dossier INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO EM AMBIENTE

Parábola sobre a universidade, a técnica e o dia a dia 1. Entre 1902 e 1909, um famoso físico trabalhou no Instituto de Patentes, em Berna. Era uma forma de ganhar a vida, de ganhar tempo para conseguir atingir o seu grande sonho profissional – tornar-se docente e investigador numa universidade de prestígio – e foi também uma inesgotável fonte de inspiração. Aí, como aliás, no seu ambiente familiar – o pai tinha uma fábrica de material elétrico – este físico ganhou contacto direto com a “produção” de soluções para o dia a dia. No fundo, neste seu emprego, percebeu que a resolução dos mais comezinhos problemas quotidianos exige, normalmente, a mais profunda reflexão teórica e a sua “tradução” ou transformação em “máquinas” ou sistemas de acesso o mais universal possível. Talvez por isso, nos anos 20 e 30 do século passado este físico patenteou um número significativo de inventos, entre os quais se destacam sistemas de refrigeração ou a máquina fotográfica com regulação automática de luz. Certamente que essa singular capacidade não lhe advinha apenas da sua capacidade para resolver problemas considerados como mais imediatos e, eventualmente, mais

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urgentes mas, antes – e sem margem de dúvida - da sua extraordinária capacidade para saber equacionar corretamente os problemas e para lhes encontrar soluções adequadas. E convém acrescentar: este inventor de soluções técnicas chamava-se simplesmente Albert Einstein, prémio Nobel da Física, o mais conhecido cientista de todos os tempos. Um físico de eleição entre todos os físicos e, curiosamente, um ícone da cultura popular.

2. O primeiro papel das Universidade – e, talvez, o mais relevante – é o ensino. A sua capacidade de transmitir, não conhecimentos em bruto, mas os instrumentos de análise que permitam a elaboração de um raciocínio sólido e crítico, capaz de acrescentar valor em todas as circunstâncias. Em linguagem mais corriqueira, diria que o papel das Universidades é ensinar a pensar, é ensinar a saber pensar. Por isso, cabe às Universidades fornecer instrumentos de análise suscetíveis de utilização em diferentes situações e problemas e, consequentemente, ajudar a desenvolver nos docentes, investigado-

Leonor Amaral Prof. Auxiliar FCT/UNL lmma@fct.unl.pt

res e discentes, a capacidade para encontrar soluções.

3. “A imaginação é mais importante que o conhecimento.” Albert Einstein Resulta da observação da realidade atual, e global, que as Universidades e as empresas partilham hoje um valor comum para a sua afirmação e desenvolvimento: a criatividade. No caso das Universidades, não se põe em causa que a criatividade seja a principal base do saber científico. É preciso saber perguntar, querer perguntar, trabalhar para encontrar as respostas, por vezes certas, por vezes as mais adequadas. Por outro lado, não restam dúvidas sobre a importância da criatividade para o mundo empresarial – independentemente da sua área de atividade ou da sua dimensão. As empresas dependem da criatividade da sua massa crítica para poderem responder a mercados em constante mudança – em mudança rápida – oferecendo a cada momento as soluções mais adequadas para um universo global de potenciais interessados. Acresce ainda di-


dossier INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO EM AMBIENTE

zer que é a criatividade que permite antecipar problemas, soluções e necessidades. E isso está certamente na base do êxito de uma atividade empresarial de sucesso.

4. “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.” Albert Einstein

de tomar consciência que o seu espaço pode ser um espaço privilegiado para a investigação “pura” não exigindo e não a fazendo depender de resultados práticos imediatos. Na sociedade atual, em que tudo acontece a uma velocidade estonteante, um aspeto resiste exigindo um tempo diferente, um tempo de infinita qualidade: o pensamento. “Penso 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela.” Albert Einstein

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A articulação entre as Universidades e as empresas parece ser hoje sentida como uma necessidade consensual, um facto indesmentível e positivo para ambos os lados. Com efeito, é dificilmente criticável que as universidades, como centros produtores e transmissores de saber, possam – e devam – desempenhar um papel preponderante na sociedade valendose dos seus conhecimentos, em particular, daquele conjunto, rico e extremamente diversificado, que constitui o mundo das técnicas. Significará isto, muito simplesmente, que as universidades devem estar direcionadas para as empresas?... Convergência, divergência? A pergunta parece equívoca por sugerir a ideia de um sentido único, em que o trabalho universitário se restringiria, eventualmente, à re-

solução de problemas colocados pelo mundo económico, em especial o mundo industrial, problemas técnicos mais imediatos e mais práticos As Universidades não podem hesitar e devem desempenhar esse papel, nomeadamente quando solicitadas para tal, mas seria redutor encarar dessa forma o seu especial contributo para a sociedade. Acredito que a resposta para este tipo de problema resida na forma equilibrada como o relacionamento entre mundo universitário e mundo empresarial deva enquadrar-se: sem lugar a subordinações – ainda que o poder económico não esteja igualmente distribuído – e com uma ampla plataforma de diálogo. Da mesma maneira que as Universidades se devem pôr ao serviço das empresas para as ajudar a encontrar soluções para os seus problemas, tornando-se assim mais criativas, logo mais competitivas, também as empresas têm

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no processamento de biosólidos Solução inovadora para processamento de biosólidos provenientes de águas residuais urbanas, agrícolas ou industriais, completa e sustentável. Economicamente viável, sem emissão de CO2 ou outros GEE e com total eliminação de resíduos.

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dossier INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO EM AMBIENTE

O ambiente representa um vetor estratégico para o desenvolvimento e sustentabilidade das economias e as ferramentas governamentais seguem essa tendência apostando na criação de condições para tornar a ecoinovação incutida e disponível a todas as indústrias.

Inovação e Ambiente: Redes de cooperação e apoios Setor Ambiental em Portugal O setor do ambiente em Portugal apresenta nos últimos anos uma dinâmica positiva, não só devido às novas regulamentações legais, como também devido à crescente tomada de consciência da importância das empresas na proteção ambiental. As alterações climáticas e o Protocolo de Quioto são temas incontornáveis na atual estratégia do estado português, evidenciando a importância que a aposta nas energias renováveis e a proteção ambiental têm no cumprimento das metas estabelecidas por este protocolo. Por outro lado, a nível empresarial, o domínio ambiental ganhou uma grande magnitude constituindo uma importante área de negócio. As regulamentações e políticas ambientais assim como a preocupação do papel das empresas na Sociedade, desencadearam várias iniciativas visando a proteção ambiental e o reconhecimento da inovação sustentável como impulsionador do crescimento económico. De facto, as políticas de ambiente originam externalidades que relacionam cada vez mais o crescimento económico e o ambiente. Por

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um lado a sustentabilidade da competitividade internacional depende em grande parte dos padrões de produção e consumo que têm um impacto direto no nível de poluição, e por outro lado os instrumentos governamentais podem fazer cumprir acordos internacionais de proteção ambiental. Desta forma, é facilmente depreendido que a competitividade económica e a melhoria do ambiente estão fortemente correlacionadas e devem ser complementares. O crescimento das empresas, e consequentemente dos setores de atividade, relaciona-se cada vez mais com a capacidade de criar vantagens competitivas sustentáveis através da melhoria ou desenvolvimento de novos produtos ou de oportunidades de negócio. Nos últimos anos assistimos a várias iniciativas públicas que visam a promoção do crescimento e modernização da indústria e o desenvolvimento de competências, mas também através de políticas que incitam à autonomia e eficiência energética e à sustentabilidade ambiental. Discutir a inovação sustentável torna-se assim de extrema relevância especialmente num período de abran-

Bibiana Dantas Coordenadora de Projetos Internacionais – Agência de Inovação eenetwork@adi.pt

damento económico e de reposicionamento estratégico nacional no atual panorama da globalização. O contributo da atuação pública é incontornável para o crescimento e sustentabilidade da indústria, refletindo-se nos projetos submetidos nas várias ferramentas de apoio, que visam a ecoeficiência e a competitividade empresarial sustentável, inseridas em estratégias a implementar pelas empresas. Os instrumentos de suporte e as medidas de financiamento ao dispor deste setor permitiram o seu desenvolvimento tanto ao nível industrial como a nível de otimização da gestão e de investigação e desenvolvimento de tecnologias mais eficientes. Em Portugal, o setor ambiental está orientado para a prevenção de riscos ambientais relacionados fundamentalmente com o desempenho ambiental e com sistemas de gestão do ambiente. Complementarmente a estas medidas governamentais tomadas no sentido de apoiar as empresas, devem ser também implementadas políticas de desenvolvimento sustentável assentes em pilares de atuação dinâmicos que integrem empresas, universidades


dossier INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO EM AMBIENTE

Instrumento chave da estratégia da União Europeia, juntando cerca de 600 pontos de contacto em 48 países, a rede Enterprise Europe Network apoia as pequenas e médias empresas a beneficiarem de oportunidades de negócio e tecnológicas a nível europeu. A rede em Portugal cobre o continente e ilhas, num consórcio liderado pelo IAPMEI, com entidades nacionais e regionais, a AdI - Agência de Inovação, o INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, a CCDR Algarve, o CEC - Conselho Empresarial do Centro/Câmara de Comércio e Indústria do Centro, a AIDA - Associação Industrial do Distrito de Aveiro, a AIMinho - Associação Industrial do Minho, a ACIF - Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, e a CCIPD - Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada.

A Agência de Inovação, S.A. (AdI) é uma empresa de capital público subscrito em partes iguais pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia (50%), e pelo Ministério da Economia e Inovação, através do IAPMEI (17%) e da PME - Investimentos (33%). Com a missão de promover a inovação e o desenvolvimento facilitando o aprofundamento das relações entre o mundo da investigação e o tecido empresarial português.

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Objetivos › apoiar a inovação de base tecnológica; › estimular a interligação das empresas com as instituições de I&D; › incentivar a valorização dos resultados de I&D nomeadamente através da criação de novas empresas de base tecnológica; › promover a inserção de Recursos Humanos altamente qualificados nas empresas; › promover a transferência de tecnologia.

e instituições de investigação, daí a crescente importância na aposta em formação e desenvolvimento de novas competências em muito associadas à atual economia do conhecimento. Neste sentido as universidades desempenham um papel basilar sendo de extrema relevância o seu serviço de formação criador de competências fundamentais para o estudo e desenvolvimento de soluções ambientais sustentáveis. As principais universidades portuguesas prestam já diversos serviços às empresas e fazem investigação de relevância internacional na área ambiental, existindo já vários casos de sucesso resultantes desta cooperação empresa/universidade que deram origem a patentes e a spinoffs. O futuro passará assim pelo incentivo da investigação e da cooperação entre investigadores e empresas com o objetivo de promover o desenvolvimento e modernização do tecido empresarial e universitário português com vista à persecução do crescimento sustentável. Contudo, e apesar dos vários mecanismos de apoio, o abrandamento económico trouxe novos desafios às PME que se confrontam com a necessidade de se reposicionarem em segmentos mais valorizados e de procurarem novas estratégias de competitividade que contribuam para o seu próprio crescimento sustentável. Para além da gestão de incentivos, a Agência de Inovação integra a rede Enterprise Europe Network que incentiva a cooperação internacional e as parcerias tecnológicas, prestando informação e aconselhamento. Vocacionada para ser um parceiro estratégico nos processos de internacionalização e inovação das PME, para além da procura de parceiros de negócio e de cooperação através da identificação e promoção de tecnologias, este grupo está também focado no aconselhamento sobre oportunidades de financiamento em programas de investigação na União Europeia e na assistência em matéria de legislação comunitária. No contexto da promoção internacional de tecnologias e parcerias, a AdI irá organizar a participação de uma missão portuguesa nos encontros bilaterais do brokerage organizado pela Enterprise Europe Network durante a feira internacional POLLUTEC que decorrerá entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro de 2011 em Paris, França. A feira internacional POLLUTEC, dedicada às indústrias do ambiente, apresenta uma exposição de soluções de tecnologias inovadoras e serviços para a proteção do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável.

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INSTRUMENTOS DE APOIO À I&D E INOVAÇÃO A AdI gere um conjunto de programas de incentivo ao desenvolvimento tecnológico e à inovação que têm como beneficiários as empresas e demais organizações do SCTN.

EUREKA A Iniciativa EUREKA promove a cooperação entre empresas e institutos para o desenvolvimento conjunto de produtos tecnologicamente inovadores com perspetiva de mercado a nível europeu e mundial. A AdI gere a participação de Portugal na Iniciativa EUREKA que integra 38 países europeus e a Comissão Europeia.

EUROSTARS O Programa EUROSTARS apresenta-se como uma nova forma de apoio às PME com atividades de I&D e resulta do esforço de colaboração entre a Iniciativa EUREKA e a Comissão Europeia (CE). pegadoliz@adi.pt

IBEROEKA Os projetos IBEROEKA são parcerias tecnológicas empresariais de desenvolvimento conjuntode novos produtos, processos e serviços inovadores, dirigidos ao mercado de 21 países Ibero-americanos. A AdI é responsável pela dinamização da participação de Portugal na rede IBEROEKA do CYTED – Programa Ibero-americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento. rsilva@adi.pt

O SIFIDE possibilita a dedução à coleta do IRC das despesas com I&D. liglesias@adi.pt

BOLSA DE OFERTA E PROCURA DE TECNOLOGIA A AdI disponibiliza uma bolsa tecnológica para facilitar o encontro entre a procura e a oferta de tecnologia a nível nacional e internacional. www.bolsatecnologia.pt

ENTERPRISE EUROPE NETWORK A AdI é membro da Rede Enterprise Europe, a maior rede europeia de serviços de inovação e tecnologia criada para ajudar as empresas a inovar e a competir para além das fronteiras nacionais e da Europa. eenetwork@adi.pt

Bolsas para Estágios no CERN, ESA e ESO A AdI é responsável pela gestão de estágios que visam a formação avançada de jovens engenheiros em grandes Organizações Científicas Internacionais, como o CERN (Laboratório Europeu de Física de Partículas), ESA (Agência Espacial Europeia) e ESO (Observatório do Sul Europeu). fcoelho@adi.pt

A Medida de Apoio a Projetos de I&D em Co-Promoção do QREN aceita candidaturas para desenvolvimento de atividades de I&DT, por parcerias entre empresas e empresas e entidades do SCT com vista à criação de novos produtos, serviços ou processos. copromocao@adi.pt

CO-PROMOÇÃO

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SIFIDE ­– SISTEMA DE INCENTIVOS FISCAIS À I&D EMPRESARIAL

PROMOÇÃO INTERNACIONAL DA I&D

DeGRAU Científico O DeGRAU Científico coloca à disposição das empresas uma extensa base de dados com perfis de candidatos altamente qualificados (mestres, doutores e pós-doutorados) que pretendem desenvolver a sua carreira em ambiente empresarial. www.degraucientifico.pt

QUALIFICAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS


dossier INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO EM AMBIENTE

Se há produto de utilização comum que tem uma imagem preponderantemente negativa junto do grande público, é a bateria. Uma bateria é um produto que satisfaz tanto mais os requisitos de utilização, quanto menos percetível for a sua existência.

Baterias – Desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade Isto é, por regra só nos lembramos da bateria quando ela falha. Do telemóvel à bateria de arranque de um automóvel, passando pelo telecomando da televisão ou pelo laptop, sejam baterias secundárias (recarregáveis) ou primárias, associamo-las ao não funcionamento de algo que era suposto funcionar. E, como se isso não bastasse, associamo-las a materiais tóxicos e a poluição. Desde as primeiras baterias de chumbo ácido (Gaston Planté, 1859) até às atuais baterias de ião de lítio (ião-Li), registou-se uma notável evolução em termos de densidade de energia (Wh/l), energia específica (Wh/kg) e fiabilidade, tanto nas baterias primárias como nas secundárias. No entanto, não só as baterias são notadas apenas quando deixam de funcionar como a associação a materiais como o chumbo, o cádmio, o cobalto ou o mercúrio, se encarrega de acrescentar o estigma de produto contendo materiais nocivos para a saúde e para o ambiente. Há, no entanto, uma realidade bem diversa desta perceção negativa. As baterias desempenham um papel absolutamente crucial em aplicações que vão desde a medicina às tele-

comunicações, passando pelos transportes e redes de energia. E têm-no feito com uma melhoria permanente de desempenho. Mesmo as baterias de arranque dos automóveis, sendo uma tecnologia consolidada por várias décadas de melhoria constante, sem nenhuma descontinuidade tecnológica nos princípios fundamentais do seu funcionamento, viram a vida útil aumentar e um melhor aproveitamento dos materiais utilizados, tanto na matéria ativa dos elétrodos como nos componentes passivos. Acresce que as baterias de chumbo são o produto mundial com maior taxa de reciclagem. O gradual abandono do chumbo noutras aplicações como as tintas, aditivos para combustíveis ou material para soldadura, concentrou o uso do chumbo na indústria de baterias. Ao alcançar taxas de reciclagem superiores a 80% na Europa e de 90% nos EUA, as baterias de chumbo ácido são o produto de consumo com a com maior taxa de reincorporação de materiais reciclados. Quanto ao desempenho das baterias, uma representação gráfica como a apresentada na figura, evidencia os ganhos permanentes e, em especial, os ganhos exponenciais desde

Pedro Sena da Silva Presidente e Administrador Delegado da A. A. Silva, S.A. (Autosil)

que, ainda muito recentemente (1992), foram introduzidas as baterias de ião-Li. Ora, a alteração tecnológica de vulto das baterias de ião-Li veio destronar muitas aplicações de outras tecnologias. As baterias de ião-Li apresentam vantagens ao nível do desempenho mas também da sustentabilidade, quanto aos materiais utilizados e aos processos de fabrico. Digamos que esta é a perspetiva da sustentabilidade intrínseca à própria tecnologia e, num outro plano, devemos avaliar o impacto na abertura de novos horizontes que até agora estavam seriamente limitados pelas tecnologias existentes. De entre essas novas aplicações, destacamos a mobilidade e a energia.

As baterias na mobilidade elétrica Esta evolução, aliás, está a contribuir para uma mais rápida oferta de veículos totalmente elétricos. Ainda há cerca de dois anos, todas as grandes marcas de automóveis anunciavam projetos para veículos híbridos, não antevendo grande viabilidade, no curto e médio prazo, para os veículos totalmente

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220 200

ião-Li

180 160 140

Wh/Kg

350

120

Ni-MH

100 80

Ni-Cd Pb-H2SO 4

60 40

ião-Li

325 300 275 250 225

20

Ni-MH

200

2010

175

2020

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2000

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1980

1950

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1930

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1910

1920

1900

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1860

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Wh/l

Ano

150

Ni-Cd

125 100 75

Pb-H2SO 4

50 25

2010

2020

1990

2000

1970

1980

1950

1960

1930

1940

1910

1920

1900

1890

1870

1880

1860

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Ano

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DA BATERIA DE IÃO-LI Corrente Eletrão Ânodo

CARGA

Cátodo

Ânodo

DESCARGA

Cátodo

Ião de Li Separador Eletrólito

elétricos. Os veículos híbridos, permitindo uma passagem mais gradual dos veículos convencionais (térmicos) para os totalmente elétricos, deveriam permitir uma evolução das tecnologias ao mesmo tempo que se registavam já ganhos consideráveis na redução dos consumos (e emissões) e a própria indústria automóvel se preparava para essa mudança. Porque, diga-se de forma clara, não estamos perante uma mudança mas sim perante uma verdadeira revolução dentro da indústria automóvel. Desde 2008 que os veículos elétricos têm vindo a estar presentes na oferta de todos os principais construtores de automóveis. Com maior ou menor ambição, em lançamentos apenas anunciados ou já em comercialização, os veículos elétricos estão definitivamente na agenda da indústria automóvel. Este enorme salto que levou a indústria automóvel a reposicionar-se só foi possível graças às

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baterias de ião-Li. Mas há, ainda, um longo caminho a percorrer. O custo das baterias deverá continuar a reduzir-se e, em simultâneo, o seu desempenho continuará a melhorar. Baterias cada vez mais leves, mais pequenas, com maior capacidade, mais potentes e recarregáveis em menos tempo. E com maior duração. E mais baratas. Parece que se está a contar com a conjugação favorável de todos os fatores. Mas é disso mesmo que se trata. Os desafios tecnológicos que se colocam a esta evolução passam por áreas como a engenharia de materiais e as nanotecnologias. E aí têm-se alcançado ganhos significativos. A cobertura com polímeros condutores e o recurso a nanotubos de carbono para melhorar a malha condutora, têm permitido, por exemplo, ganhos nos cátodos de LiFePO4 (lítio fosfato de ferro) de 70% na capacidade específica (mAh/g). E, nesta procura incessante de me-

lhores resultados, em 2010 o Departamento de Energia dos EUA, atribuiu 24 milhões de horas de supercomputador para investigar materiais necessários ao desenvolvimento das baterias de lítio-ar, nas quais são depositadas enormes esperanças. Dificilmente encontraremos outras áreas onde esta estreita colaboração entre a indústria e os centros de investigação se esteja a desenrolar de forma tão significativa. Parece, pois, legítimo esperar resultados que até há bem pouco tempo seriam impensáveis. . As baterias no apoio à rede elétrica O aumento do peso relativo das fontes de energia renováveis na produção de energia elétrica bem como as exigências de uma melhor gestão dos ativos afetos à produção e à distribuição de energia elétrica, acabam por acentuar a necessidade de dispositivos


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que façam os ajustamentos temporais entre a procura e a oferta, isto é, dispositivos que chamaremos de “armazenamento de energia” por uma questão de facilidade de linguagem. No apoio à rede elétrica, esses dispositivos podem ir da bombagem de água ao ar comprimido, passando por diversos tipos de baterias e volantes de inércia. Os vários tipos de soluções dependem de critérios económicos, tanto de investimento inicial como de exploração, e de critérios técnicos. Nestes, além das condicionantes locais que poderão descartar determinadas soluções, acaba sempre por se impor uma análise que equilibre os requisitos de energia e os requisitos de potência. O gráfico em baixo ilustra o domínio que as baterias de ião-Li asseguram na satisfação de uma gama alargada de valores de energia e potências específicas. Ainda que as baterias de fluxo (por ex.: vanádio redox ou brometo de zinco) ou as baterias de alta temperatura (por ex.: sódio/enxofre ou cloreto de níquel) tenham obtido um grande reconhecimento e muita expectativa para a satisfação destas necessidades de armazenamento de energia, o enorme desenvolvimento exibido pelas tecnologias de ião-Li nos anos mais recentes, tanto para a portabilidade eletrónica como para a mobilidade elétrica, veio redirecionar a aposta nas baterias de ião-Li também para aplicações estacionárias. Esta estratégia tem permitido que alguns dos

DOS HÍBRIDOS AOS ELÉTRICOS

A caminho da maior economia

Maior complexidade, maior sustentabilidade Dos HEV aos VE - BEV

principais intervenientes da indústria de baterias encontrem um amplo campo de desenvolvimento e experimentação das tecnologias de ião-Li, desenvolvendo conhecimento e antecipando economias de escala que, através dos veículos elétricos, poderia demorar vários anos. Par melhor ilustrar a oportunidade que

esta via representa para o desenvolvimento de baterias de ião-Li, diga-se que uma bateria de um veículo elétrico poderá ter, tipicamente, uma dimensão de 25 a 30kWh, enquanto existem já realizações de baterias estacionárias de mais de 30MWh para apoio à rede elétrica, utilizando células iguais ou idênticas às utilizadas nos veículos elétricos. O que isto representa em termos de economias de escala e de antecipação de curvas de aprendizagem, deveria ser devidamente aproveitado numa estratégia integrada para o desenvolvimento das energias renováveis e da mobilidade elétrica. Sem dúvida que as baterias, carregando embora e ainda alguma da perceção negativa a que nos referimos no início, passaram a ser olhadas como a chave para um conjunto de questões que têm tudo a ver com sustentabilidade. A mobilidade elétrica e as energias renováveis, são apenas dois exemplos. Mas são dois bons exemplos. Neste contexto, procurámos apenas posicionar a tecnologia das baterias, com ênfase especial para as baterias de ião-Li, na encruzilhada da mobilidade elétrica e das energias renováveis. Dependendo da forma como irá ser feita a gestão destes temas, assim se assegurará uma maior ou menor integração da indústria e dos centros de investigação nacionais. Poderemos participar se existirem políticas ativas para tal. Ou ser meros importadores. Se houver dinheiro para isso.

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Business Angels de olho no Ambiente e Energia Num momento em que as palavras “crise” e “recessão económica” assombram o dia a dia das pessoas e das empresas, evidenciando um sentimento generalizado de mau-estar e de alguma desorientação da sociedade, recordo as sábias palavras do meu falecido professor e amigo Ernâni Lopes que defendia que “momentos de crise sempre houve e haverá! O que conta não é lamentarmo-nos, mas antes buscar, com inteligência e esforço, novas soluções”. Temos, por isso, de aproveitar este momento desfavorável para descobrir novas oportunidades e traçar novos objetivos. Afinal, os maus anos também são de construir, criar, unir e encantar. Congratulo-me por ver que este espírito de incentivo à inovação está presente na revista Indústria e Ambiente com a organização de mais uma edição do “Prémio Nacional de Inovação Ambiental” que destaca anualmente as empresas que se posicionam na fileira da inovação valorizando assim os empreendedores que as lideram e que ao optar por introduzir novas tecnologias e novos modelos de negócio representam o futuro do setor. Mais do que nunca é essencial apoiar a ino-

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vação no domínio do ambiente e energia, em particular quando se trata de um setor que está tão ligado à economia e à sociedade. Se vamos já tarde para prevenir as sérias alterações climáticas de que somos ameaçadas, vamos pelo menos a tempo de reagir minimizando-as e porque não fazê-lo de forma a valorizar também a nossa economia que vê aqui uma oportunidade de explorar um setor onde os nossos recursos abundam, ao contrário do modelo energético assente em combustíveis fósseis que tem até agora vigorado? Cabe tanto às empresas atuais como às jovens start-ups este papel de mudança que pode ter um impacto muito significativo no nosso país. Às empresas emergentes, aquelas que exploram novas técnicas estudadas em laboratório ou as que trazem novos modelos de negócio cabe o papel de inovar, introduzindo técnicas disruptivas e vanguardistas que fazem questionar se serão esses os modelos do futuro. Às empresas já instaladas, cabe também inovar pela sua própria investigação, mas também apoiar estas novas gerações, quer comprando os seus produtos e serviços inovadores, quer assumindo um pa-

Francisco Banha Presidente da Direção da FNABA - Federação Nacional de Associações de Business Angels e do Business Angels Club

pel ainda mais ativo investindo nelas, conscientes de que pode ser esse o seu futuro. No contexto de restrição em que vivemos, não se pode esperar que seja o Estado a financiar projetos inovadores nesta área, muito menos se deve esperar que é a banca que cabe apoiar estes projetos cuja incerteza é habitualmente demasiado elevada para os seus padrões de risco. Restam duas vias: crescer pelas vendas e crescer pelo investimento. Se para alguns destes projetos inovadores crescer pelas vendas é suficiente para financiar a sustentabilidade e crescimento da empresa, para outros é inevitável o investimento de risco e é aqui que entra o papel quer das empresas mais maduras que podem investir nas emergentes, quer do setor de capital de risco nacional.

O CAPITAL DE RISCO E OS Setores DA ENERGIA E AMBIENTE De acordo com as estatísticas da Associação Portuguesa de Capital de Risco e Desenvolvimento (APCRI), foram investidos no ano passado 5,3 milhões de euros em empresas


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relacionadas com os setores da Energia e Ambiente, um valor bastante inferior ao que se tinha verificado em 2009 de 23,9 milhões de euros. Se tivermos em conta o valor de investimento por empresa, este sofre também uma retração de 3 milhões de euros para 900 mil euros por investimento realizado. Dados estatísticos proporcionam-nos médias e não poderemos nunca determinar quantas destas empresas eram start-ups mas se a tendência de investimento foi negativa, o valor investido por empresa levanta a possibilidade de estarmos a assistir a investimentos em fases mais iniciais de desenvolvimento das empresas. Para mim, essa é a tendência a que precisamos de assistir. Nos últimos anos Portugal tem sido palco do aparecimento de um novo tipo de investidores: os “Business Angels”. Os “Business Angels” são investidores individuais, normalmente empresários ou diretores de empresas, que investem o seu capital, conhecimentos e experiência em projetos liderados por empreendedores que se encontram em início de atividade. O objetivo dos investimentos é a sua valorização a médio prazo, na expectativa da alienação posterior a outros interessados. Há vários anos que defendo que este tipo de investidores é essencial para o desenvolvimento económico de Portugal, uma vez que garantem o financiamento entre o período que tem origem na criação da empresa e o momento em que os projetos em que investem ganham a dimensão suficiente para serem apelativos junto dos investidores clássicos de capital de risco. Segundo o relatório publicado pela Associação Europeia de Investidores Early Stage (EBAN), o denominado setor das “clean tech” - que inclui todos os negócios relacionados com o ambiente e energias limpas – tem sido bastante procurado por estes investidores

representando 10% dos seus investimentos, ou seja, 27,6€ milhões de euros investidos pelo setor early stage Europeu. Também em Portugal há espaço para os Business Angels e outros agentes focados nestas fases iniciais de desenvolvimento se interessarem pelo ambiente e energia.

INVESTIMENTO EM START-UPS Surgiram este ano no nosso País novos fundos de early stage no valor de 87 milhões de euros, os quais terão de ser aplicados obrigatoriamente em novos negócios até ao final de 2013. Por sua vez, a comunidade Portuguesa de Business Angels deu um passo histórico ao aderir em grande número ao novo Fundo de Coinvestimento promovido no âmbito do Programa Compete, que foi criado especificamente para as fases mais iniciais de investimento e que conta com uma capacidade de investimento de 42 milhões de euros, alavancada por mais de 200 Business Angels através de 54 entidades veículo. Refira-se a propósito que tendo ficado operacional em finais do passado mês de fevereiro a formalização dos contratos de financiamento estabelecidos entre cada uma das 54 entidades veículo e a PME InvestimentosSociedade Gestora do citado Fundo de Co-Investimento - estas entidades já efetuaram 11 investimentos em novas empresas num total de 2.7 milhões de euros criando assim fortes expectativas de que os próximos meses serão caracterizados por um forte número de investimentos por parte da Comunidade de Business Angels nacionais. Estamos assim perante uma oportunidade inigualável para o financiamento da inovação nos setores da energia e ambiente e isto traduz-se em potenciais investimentos em

empresas de inúmeros sub-setores. Desde a geração eólica e solar às soluções relacionadas com o tratamento de água ou à grande incerteza que pesa ainda sobre a massificação dos veículos elétricos, são inúmeras as oportunidades que para além de terem grande potencial em Portugal estão também na linha da frente das soluções que estão neste momento a interessar investidores de todo o mundo. Com isto concretizam-se três fatores que são muito importantes para os Business Angels: 1) alavancagem do investimento graças ao recurso ao fundo de coinvestimento; 2) setor de elevado potencial e incerteza e 3) mercado escalável e naturalmente global. Investigadores universitários, gerentes de start-ups ou mesmo empresas já implantadas e com planos de crescimento devem olhar seriamente para este cenário e avaliar se está na altura de avançar com “aquele” projeto. Os investidores estão atentos mas os promotores também têm de dar a conhecer as suas ideias. A Federação Nacional de Associações de Business Angels representa atualmente 10 Associações regionais de Business Angels, distribuídas de norte a sul do país que procuram ativamente projetos com elevado potencial de crescimento. Eu próprio, enquanto Business Angel e Presidente do Business Angels Club, lancei o desafio a todos os empreendedores com negócios que se encontram em estado latente nos setores da Energia e Ambiente, para que dessem um passo em frente e se fossem apresentar na XI edição do Venture Capital IT - um palco que já apadrinhou muitos dos investimentos nacionais de capital de riscoque decorreu nos passados dias 28 e 29 de junho, no Taguspark. Tenho a certeza que se os investidores virem os 4 Ms que procuram em start-ups, nomeadamente o Management (a equipa de gestão certa para o projeto certo), o Market (um mercado pronto e ávido para receber a nova oferta), o Money (um plano que permite multiplicar várias vezes o valor investido no espaço de 3-5 anos) e – o mais importante de tudo – a Magic (aquele fator disruptivo que faz brilhar de entusiasmo o olhar do empreendedor e do investidor), não haverá desculpas para deixar passar esta oportunidade única que faz deste não só um momento único no capital de risco Português, como um case study Europeu. Para mais informações: – www.fnaba.org – www.businessangels.pt

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dossier INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO EM AMBIENTE

O ambiente e a I&DT ao nível Europeu: desafios e oportunidades para Portugal A investigação em ambiente ao nível da União Europeia As preocupações ambientais têm estado na agenda política desde a formação da Comunidade Europeia em 1957. O Ano Geofísico Internacional (AGI) foi lançado nessa altura como uma primeira tentativa de coordenar a monitorização ambiental ao nível global. Desde então têm sido encetados crescentes esforços no aumento do conhecimento para a preservação do ambiente. Foi com o lançamento do Primeiro ProgramaQuadro (1º PQ), em 1984, que a investigação na área do ambiente ao nível da União Europeia (UE) começou a ganhar forma. O 1º PQ introduziu, pela primeira vez, o conceito de coordenação da investigação ao nível Europeu com um determinado período de tempo e estrutura. O princípio orientador era (e continua a ser) de apoio à investigação ao nível Europeu, um princípio que evoluiu gradualmente para o conceito de Espaço Europeu da Investigação – EEI (URL1). Desde o início, as questões ambientais têm sido consideradas nos Programas-Quadro (PQ). No entanto, enquanto o objetivo princi-

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pal do 1º PQ era a tecnologia e a energia, os subsequentes PQ iniciaram uma abordagem multidisciplinar e concentrada nas necessidades económicas e sociais da Europa, incluindo a proteção ambiental. A investigação na área do ambiente beneficiou diretamente desta estratégia. A necessidade de uma colaboração interpaíses abriu o caminho para a I&DT na área do ambiente se tornar uma prioridade de investigação dos PQ. O orçamento global disponível em cada Programa-Quadro para I&DT e o financiamento na área do ambiente, tal como se pode verificar na Figura 1, foi acompanhado por um crescendo de financiamento de I&DT nesta área. A investigação na área do ambiente progrediu notavelmente no 5º e 6º PQs (entre 1998 e 2006). Numa altura em que a ideia de um EEI começou a aparecer, os PQ vieram potenciar a investigação na área do ambiente na Europa. O 5º PQ financiou a investigação em quatro eixos principais: gestão sustentável e qualidade da água; alterações globais, clima e biodiversidade; ecossistemas marinhos sustentáveis; e, a cidade do futuro e o património cultural. Para além disso, foram criadas e reforçadas

Anabela Carvalho1, Carlos Borrego2, João Coimbra 3, Eduardo Maldonado1 1 Gabinete de Promoção do Programa-Quadro (GPPQ), Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, Lisboa anabela.carvalho@fct.mctes.pt 2 CESAM & Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Portugal 3 Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), Universidade do Porto, Portugal

infraestruturas de investigação nas áreas do clima e mudanças globais, meio marinho e riscos naturais. O 6º PQ foi desenhado a partir dos alicerces lançados pelo 5º PQ, com um total de 280 projetos apoiados por fundos da UE no âmbito do programa Mudanças Globais e Ecossistemas. Um aspeto a salientar do 6º PQ foi a crescente relevância da cooperação internacional e apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME) refletindo, por um lado, a maior necessidade de cooperação com países terceiros, e por outro, a necessidade de reforçar as relações entre ciência e indústria. A necessidade de apoiar os decisores políticos foi também reconhecida, e uma nova ferramenta de investigação foi desenvolvida especificamente para esse fim, criada através do PQ, ou seja, os projetos científicos de apoio a políticas. A passagem do 6ºPQ para o 7º PQ constituiu o ponto de viragem da Europa em relação à sua estratégia de I&DT. No âmbito do 7º PQ a integração das preocupações ambientais, económicas e sociais é abordada de uma forma sistemática e multifacetada para garantir


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FIGURA 1 Orçamento disponível para I&DT nos diferentes Programas-Quadro e financiamento da I&DT na área do ambiente (adaptado de URL2).

Orçamento dos Programas-Quadro da UE

Financiamento de I&D na área do ambiente

60

1900

2000

50,5 50

1500 Miliões €

Biliões €

40 30 20 10

13,12 3,27

5,36

6,6

2º PQ (1987-91)

3º PQ (1990-94)

14,96

1100 914

1000

853

17,5 500

410

0

0 1º PQ (1984-87)

4º PQ (1994-98)

5º PQ (1998-02)

o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável (URL3) é o objetivo central da UE: é preciso garantir que o nosso desenvolvimento socioeconómico atual não compromete o nosso futuro.

O 7º PQ de I&DT da União Europeia Os Programas-Quadro (PQ) têm sido os principais instrumentos financeiros através dos quais a UE apoia a investigação e a inovação. Numa altura em que os recursos financeiros são escassos e em que os desafios sociais e económicos são prementes, o PQ tem de ter uma agenda orientada para o progresso. Neste sentido, o 7º PQ é uma ferramenta essencial para dar resposta às necessidades de emprego e competitividade na Europa e potenciar a liderança numa economia global do conhecimento. O 7º PQ de I&DT foi lançado em 2007 e estará ativo até ao final de

6º PQ (2002-06)

7º PQ (2007-13)

3º PQ (1990-94)

2013 com um orçamento global de 50,5 mil milhões €. O 7º PQ é constituído por quatro grandes Programas específicos: Cooperação, Ideias, Pessoas e Capacidades. O Programa Cooperação constitui a maior fatia do 7º PQ (com cerca de 60% do orçamento) e inclui dez temas, cada um promovendo a investigação e a inovação no âmbito do desenvolvimento sustentável. Estes temas debruçam-se, por exemplo, na promoção da eficiência energética e de recursos, gestão dos recursos naturais, potenciar o desenvolvimento de tecnologias inteligentes, que conduzam à produção e consumos sustentáveis. Nos diversos temas, a criação de novas abordagens é potenciada de forma a eliminar a ligação entre o crescimento económico e a degradação ambiental. A preservação dos recursos naturais constitui uma das principais bandeiras do desenvolvimento sustentável, a sociedade ser mais eficiente, produ-

4º PQ (1994-98)

5º PQ (1998-02)

6º PQ (2002-06)

7º PQ (2007-13)

zindo mais e gastando menos, é um objetivo transversal a todas as estratégias de I&DT do 7º PQ. A sustentabilidade ambiental só é garantida se, em paralelo, a sustentabilidade social e económica forem potenciadas. O tema Ambiente é um dos dez temas de I&DT do Programa Cooperação do 7º PQ. A investigação na área do ambiente é multifacetada e interdisciplinar e enquanto isso traz muitos desafios, também, oferece uma ampla margem para aumentar o conhecimento e criar novas soluções. Para que a UE possa cumprir os seus compromissos ambientais, é necessário avançar para uma trajetória de crescimento mais sustentável. Isso significa implementar padrões de produção e consumo que tenham menor impacto ambiental e assim suportar uma economia e uma sociedade mais verde. No âmbito do 7º PQ, o tema Ambiente possui um orçamento global de cerca de 1900 M€ para o período 2007-2013.

FIGURA 2 a) Financiamento de projetos com participantes nacionais no tema Ambiente do 7ºPQ entre 2007 e 2010 e b) taxa de sucesso (propostas submetidas/propostas aprovadas) na União Europeia e para Portugal.

30%

14.000.000

Financiamento PT (€)

12.000.000

taxa sucesso UE

11.952.747 25%

10.000.000

22,1% 21,7%

20%

18,1%

15,8% 16,1%

8.000.000

15%

2.505.044

2.714.331

2007

2008

3.441.091

3.292.281

19,5%

15,19% 11,4%

6.000.000 4.000.000

26,9%

taxa sucesso PT

10%

8,2%

5%

2.000.000

0%

0 2007-2010

a)

2009

2010

2007-2010

2007

2008

2009

2010

b)

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dossier INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO EM AMBIENTE

FIGURA 3 Distribuição da participação nacional em projetos financiados no tema Ambiente do 7º PQ, entre 2007 e 2010 , em termos a) do tipo de instituição e b) da região.

11,3%

4,8% 27,4%

Centros de Investigação

17,7%

16,1% LVT

Ensino Superior

Norte

Empresas

Centro

Outros

Algarva 58,1%

Ilhas

19,4% 43,5%

a)

A participação Portuguesa no tema ambiente do 7º PQ de I&DT Entre 2007 e 2010, as instituições Portuguesas obtiveram um orçamento global de cerca de 12 M€ no tema Ambiente do 7º PQ. Na distribuição do orçamento anual e o total entre 2007 e 2010 é possível verificar que o ano de 2009 apresentou os melhores resultados, obtendo-se um financiamento de cerca de 3,4 M€. Em termos médios, Portugal apresenta uma taxa de sucesso equivalente à da UE, exceto nos anos de 2008 e 2010 onde esta foi claramente superior (Figura 2b). Em termos da participação Portuguesa, os desastres naturais e a conservação e gestão sustentável dos recursos naturais e da biodiversidade (incluindo a gestão do ambiente marinho) são as áreas de investigação que apresentam maior número de projetos aprovados com participação nacional. Entre 2007 e 20101 foram financiados 47 projetos (URL4) com participação de instituições nacionais em que 71% do financiamento é detido pelas Universidades e institutos de investigação (Figura 3a). No montante global alocado a Portugal no tema Ambiente, o orçamento para as empresas (incluindo PME) é de 17,7%. A participação de PME representa 12,9%, valor este que é superior ao verificado ao nível Europeu cerca de 9,1% no tema Ambiente e 14,1% em todos os temas do Programa Cooperação.

O papel das empresas para uma economia mais verde Um dos objetivos principais da Estratégia UE2020 (URL5) é fomentar a relação entre in-

1

Os dados referentes ao ano de 2010 ainda são pro-

visórios.

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b)

vestigação, desenvolvimento tecnológico e inovação potenciando uma economia social de mercado sustentável e uma economia mais inteligente e mais verde. Uma economia mais verde representa, acima de tudo, uma Europa sustentável, em termos sociais, ambientais e económicos, assente nos pressupostos da eficiente utilização dos recursos e na equidade social. A União da Inovação (URL6) é um dos pilares fundamentais da Estratégia UE2020 e a ecoinovação surge como a abordagem chave no âmbito da resolução dos problemas ambientais. Frequentemente a pesquisa de ponta não sai do laboratório, e tem sido reconhecido que a relação entre cientistas e o setor privado deve ser reforçada. As grandes empresas e as PME têm um papel fundamental a desempenhar. As PME, em particular, são incentivadas a participar em todas as áreas de investigação e, no 7º PQ, foram identificados um número significativo de tópicos de investigação, direcionados para as PME, nos convites à apresentação de propostas no tema ambiente. Neste tema, a atividade de I&DT das PME centra-se fundamentalmente na área das tecnologias ambientais, que proporciona a criação de conhecimento que pode criar valor de mercado.

Plataformas Tecnológicas Europeias Com o lançamento das Plataformas Tecnológicas Europeias - PTE (URL7) a UE pretende potenciar a participação do setor privado no 7º PQ. Em 2010 foram criadas 36 PTE com o objetivo de reunir os interessados, sob liderança industrial, para definir e implementar Agendas Estratégicas de Investigação (AEI) no médio e longo prazo. As PTE são um instrumento importante para definição das priori-

dades de I&DT futuras. A grande maioria das PTE assenta nos pressupostos do desenvolvimento sustentável estando algumas diretamente relacionadas com a I&DT na temática do ambiente, nomeadamente as PTE da Química Sustentável; Fornecimento e Tratamento de Água; Biocombustíveis e Construção. Muitas das estratégias de investigação estabelecidas nas AEI destas ETP são vertidas nos programas de trabalho dos diferentes temas de investigação do 7º PQ sendo, assim, extremamente importante estabelecer uma ligação ativa às PTE cujo domínio de intervenção esteja no âmbito do tecido empresarial Português com capacidade de I&DT. No futuro a I&DT deverá focalizar-se em temas emergentes e transversais, nomeadamente nos grandes desafios sociais, tais como, as alterações climáticas, o envelhecimento saudável, a competitividade/sustentabilidade e a segurança energética e alimentar. Assim, as empresas e instituições públicas Portuguesas deverão delinear agendas de I&DT alinhadas com as principais estratégias da UE, de forma a tirar máximo partido das oportunidades de financiamento ao nível Europeu.

Referências URL1: http://ec.europa.eu/research/era/index_ en.htm URL2: http://ec.europa.eu/research/environment/pdf/research_for_the_environment. pdf#view=fit&pagemode=none URL3: http://ec.europa.eu/environment/eussd/ URL4: http://www.gppq.mctes.pt/brochuras/online/ Projetos_7PQ_AMBIENTE_1.pdf URL5: http://ec.europa.eu/europe2020/index_en.htm URL6: http://ec.europa.eu/research/innovationunion/index_en.cfm URL7: http://cordis.europa.eu/technology-platforms/ individual_en.html


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Embora muitos pensem que a Investigação em Portugal, especialmente, nas empresas ainda é uma miragem, a verdade é que os números já começam a contrariar esta perceção. De acordo com os últimos dados oficiais, divulgados no final do ano passado, baseados no Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional (IPCTN), entre 2008 e 2009 a despesa total em investigação passou de 1,55 para 1,71 por cento do PIB e o número de investigadores cresceu de 7,2 para 8,2 por mil ativos. Nas Universidades ou nas Empresas?

Ambiente e Inovação em Portugal Quando nos focamos na área do Ambiente, obter números de inovação e investigação empresarial é difícil, uma vez que, qualquer empresa de qualquer setor pode desenvolver uma inovação que pode estar direta ou indiretamente ligada ao ambiente, seja para redução do impacte ambiental da sua atividade principal, seja porque o ambiente é a sua atividade principal. Portugal, no contexto Europeu, está entre os três Estados-membros da UE15 com as percentagens mais elevadas de financiamento estrutural comunitário destinado ao ambiente. Intervenções relativas aos equipamentos e infraestruturas ambientais, operações com vista à salvaguarda e valorização do património natural e dos recursos naturais, intervenções dirigidas à prevenção, gestão e monitorização de riscos naturais e tecnológicos são os três grandes domínios ambientais onde se prevê financiamento do QREN. No total dos 5 630 projetos QREN aprovados até 31 de maio deste ano, 129 são projetos de I&D e Inovação na área do ambiente, o que representa cerca de 2%. Os projetos na área das Energias Renováveis e da Reciclagem de

materiais dominam as candidaturas, representando do total dos projetos relacionados com o ambiente, 38% e 36%, respetivamente. De referir que os projetos relacionados com serviços na área ambiental, desde consultoria a criação de projetos, atingem uma percentagemde cerca de 16%, ficando muito à frente dos projetos ligados ao tratamento de águas ou de redução de emissões de CO2.

Patentes ambientais Segundo o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, “as matérias técnicas depositadas em pedidos de patentes (que após Exame podem ser concedidas em patentes ou recusadas) obedecem a uma classificação internacional (IPC – International Patent Classification), não havendo uma classificação específica para a área do ambiente ou das tecnologias do ambiente.” Apesar disto, o INPI refere que tem havido uma crescente procura de informação sobre “Green Patents” e, desde o início deste ano, a EPO reclassificou os documentos de patentes, adicionando uma nova classificação de pes-

quisa que está ligada a tecnologias ambientais - TECHNOLOGIES OR APPLICATIONS FOR MITIGATION OR ADAPTATION AGAINST CLIMATE CHANGE) subdividida em: Y02C - CAPTURE, STORAGE, SEQUESTRATION OR DISPOSAL OF GREENHOUSE GASES [GHG] e Y02E - REDUCTION OF GREENHOUSE GASES [GHG] EMISSION, RELATED TO ENERGY GENERATION, TRANSMISSION OR DISTRIBUTION. Neste sentido, o INPI afirma que, neste momento, “efetuando uma pesquisa pelos documentos de pedidos de patentes com prioridade portuguesa (PT) e cruzando com a classificação genérica de Y02, obtêm-se quase 200 ocorrências.”

Projetos de investigação Relativamente a projetos de investigação na área do ambiente, a Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT), diz em declarações à IA que se encontram em execução 147 Projetos de Investigação na área do Ambiente, que resultam de candidaturas apresentadas à FCT para financiamento de Projetos de Investigação na sequência da abertura de concursos públicos.

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dossier INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO EM AMBIENTE

Inovando no setor da Energia A energia é um dos setores que mais tem dado cartas em Portugal, sendo que a aposta na Inovação começa a fazer algum sentido para muitas das empresas. Contudo, segundo um estudo da Alma Consulting, ainda somos considerados inovadores “moderados”. Na área de energia conta-se em Portugal com cerca de 600 empresas, representando 2,66% do total de volume de negócios gerado pelas empresas nacionais. Mas, no que toca à Inovação, a taxa média de aproveitamento do QREN (SI Inovação e SI I&D) até dezembro de 2010, situava-se nos 11% .

EMPRESAS E INOVAÇÃO Os conceitos Inovação e Investigação, embora distintos, são inseparáveis no que toca ao desenvolvimento empresarial. Augusto Medina, presidente da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI) referiu, durante as VII Jornadas Pascal Cepsa, no Porto, que o importante é perceber estes dois conceitos e operacionaliza-los, incluindo-os na estratégia das empresas. A inovação tem benefícios claros para uma empresa mas também há riscos. Augusto Medina destaca algumas mais-valias como: o aumento dos lucros/margens; a diversificação e diferenciação de produtos; a manutenção ou

Inovação “Atividade que visa produzir, assimilar e explorar com êxito a novidade nos domínios económico e social.”

aumento da quota de mercado; a manutenção de uma posição estratégica no mercado; a criação de mercado; entre outras. No entanto, há risco do produto não satisfazer as necessidades do cliente, não sendo por isso aceite pelo mercado ou sendo-o dificilmente ou então de não conseguir recuperar o investimento feito ao longo do ciclo de vida do produto, etc. O presidente da SPI destaca a importância de estabelecer diálogo entre todos os parceiros e de conceber um Plano de Inovação.

Ponto de situação no micromundo empresarial português Segundo um Inquérito lançado o ano passado pela Agência de Inovação (AdI) a um conjunto de empresas com projetos de I&D com apoio público, das 394 empresas inquiridas, 355 empresas lançaram ou preveem lançar no mercado nos próximos 3 anos cerca de 770 novos produtos ou serviços. De acordo com a expectativa das empresas da amostra, 2011 será o ano a lançar maior número de produtos no mercado. Como forma de valorização dos resultados de I&D, a maioria das empresas, 77%, opta pela venda direta dos produtos . “Em 23% dos novos produtos as empresas preveem outras formas de valorização para além da produ-

O financiamento estrutural comunitário no domínio do ambiente 2007-2013 (em % da programação total por EM)

Livro Verde sobre Inovação, 1995

Investigação “Atividade realizada com vista à aquisição de novos conhecimentos científicos ou técnicos.” Lei 40/2005, de 3 de agosto

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ção direta, nomeadamente por algum tipo de acordo de produção por terceiros, seja noutras aplicações da tecnologia, ou em outros mercados em que não preveem uma abordagem comercial direta”, exlica a AdI. Nestes casos, a proteção por patente é significativa, chegando aos 34%, a confrontar com os 14% nos casos em que não se preveem essas outras formas de valorização. Outras das questões importantes é o facto de 44% das empresas inquiridas preverem nos três anos seguintes ao lançamento dos novos produtos, ter um quarto ou mais da sua gama de produtos renovada. O aumento da exportação como resultado da inovação é outro dos benefícios apontados pelas empresas. A maioria das empresas já era exportadora mas, das 15% que ainda não tinham colocado os seus produtos fora do país, pretende vir a exportar com os novos produtos. Os 3 vencedores do Prémio Nacional de Inovação são exemplo da aposta na Inovação em Portugal. Empresas de diferentes áreas, umas já fortes no mercado, outra ainda muito recente que desenvolveram os seus produtos com base em ideias próprias, com e sem apoios comunitários. Veja a reportagem sobre o PNIA 2011 e fique a conhecer as histórias das empresas e os casos de sucesso no que toca ao I&D empresarial.

(FONTE: Sistema de Monitorização do QREN)


ESPECIAL PRÉMIO NACIONAL DE INOVAÇÃO AMBIENTAL 2011

Fotografia por Luís N. Filipe

A inovação ambiental em Portugal não está estagnada. Apesar da crise e de todos os constrangimentos a que o país está sujeito, há quem continue a apostar na investigação e no desenvolvimento de novas tecnologias na área do ambiente. Prova disso, são as inovações de três empresas nacionais, vencedoras da 7ª edição do Prémio Nacional de Inovação Ambiental.

Waydip, SOMA e Varandas do Sousa distinguidos no PNIA 2011 A propósito do tema do dossier, é de destacar o Prémio Nacional de Inovação Ambiental de 2011 que tem, precisamente, como objetivo reconhecer as entidades portuguesas que contribuem para um bom desempenho ambiental através das suas inovações. Este ano o sistema Waynergy da Waydip foi o grande vencedor mas foram igualmente galardoados o sistema WiseWaste da SOMA e a Valorização agrícola de substrato da produção de cogumelos feita pela Varandas do Sousa. A cerimónia de entrega dos prémios decorreu no passado dia 27 de maio, no Inspira Santa Marta Hotel, em Lisboa.

Biografia das Inovações Até chegar ao mercado cada um destes produtos/soluções ou tecnologias inovadoras tiveram que passar por várias fases, desde a teoria à prática, obrigando a uma constante luta pelos seus criadores. O grupo de vencedores do PNIA 2011 pode ser considerado bastante heterogéneo, sendo que temos uma empresa muito jovem e recém-chegada ao mercado, outra já instituída e com provas

dadas na área do ambiente e, ainda, outra empresa que opera por excelência numa área que , à partida, pouco teria a ver com tecnologias ambientais.

Waynergy Para a criação do sistema Waynergy foram só necessárias duas pessoas e muita força de vontade. A ideia surgiu ainda durante o mestrado que Filipe Casimiro e Francisco Duarte estavam a frequentar na UBI, mais concretamente quando participaram num concurso que promovia a criação de soluções para gerar energia dentro de uma habitação. “Logo pensamos em gerar energia elétrica através do movimento de pessoas. Começámos com a tecnologia piezoelétrica, fizemos o nosso protótipo mas verificámos que era muito caro e que a energia produzida por esses materiais não tornava esse sistema sustentável e então partimos para uma nova tecnologia: a eletromagnética”, explicou Filipe Casimiro. Os prémios ganhos em concursos de inovação, como a Prémio Inovação EDP 2020 Richard Branson Visão e o MIT Portugal, foram uma

grande ajuda para continuarem a desenvolver o projeto e montarem a empresa Waydip. Passados dois anos e com a entrada do Waynergy no mercado, os responsáveis começam a deparar-se com alguns obstáculos, especialmente, no que toca à certificação do sistema. ”Uma coisa é desenvolver um produto standard, outra é adaptá-lo ao que é exigido nas normas. Essa é uma questão que nos está a levar muito tempo a ultrapassar mas depois será uma mais-valia para nós, isto é, uma vantagem competitiva no mercado”, destaca Francisco Duarte.

SOMA Sendo um grupo que já está no mercado há vários anos, a ideia para a criação do sistema WiseWaste por parte da SOMA, veio da experiência no terreno e da necessidade de colmatar algumas falhas no que diz respeito à recolha de resíduos urbanos. “Avançamos para uma solução e, muito concretamente, para um desafio lançado por um cliente no Algarve, que vive com uma enorme dificuldade pois tem períodos de produ-

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ESPECIAL PRÉMIO NACIONAL DE INOVAÇÃO AMBIENTAL 2011

O Waynergy consiste num sistema inovador de aplicação no pavimento que permite captar a energia cinética libertada pelo movimento de pessoas e veículos sobre a sua superfície e converter esta energia em energia elétrica,

permitindo a espaços de grande afluência de pessoas ou veículos gerarem a sua própria energia e tornar-se em muitas das situações auto sustentáveis do ponto de vista energético. Nota: Veja a notícia publicada sobre o Waynergy na IA67

Francisco Duarte da Waydip

Através da utilização deste sistema de monitorização do nível dos contentores, o atual planeamento empírico das rondas, efetuado numa perspetiva de tentativa e erro, será abandonado progressivamente sendo substituído por um planeamento dinâmico baseado em dados enviados em tempo-real para um servidor. Este servidor, que apresenta um interface web acessível pela internet, faz a ponte entre os sistemas instalados em cada contentor e as consolas utilizadas nos veículos. Estas vão receber circuitos dinâmicos, calculados através de ferramentas de otimização de circuitos. Este sistema, para além de enviar a comunicação das medições dos contentores via GSM/GPRS para um webservice (ao contrário de outros que enviam apenas um sms para um telemóvel), permite efetuar uma otimização das recolhas através do envio dos circuitos já otimizados para consolas instaladas no interior dos veículos com navegação GPS.

Fernando Oliveira da SOMA

Processo integrado e inovador que tem como o objetivo reutilizar o substrato da produção agrícola de cogumelos como fertilizante, processo esse, iniciado logo nas salas de produção, em que o sistema de vapor existente foi reconvertido para possibilitar a esterilização do substrato ”in situ” a temperaturas da ordem dos 70ºC e durante 12 horas. Joaquim Teixeira da Varandas de Sousa

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ESPECIAL PRÉMIO NACIONAL DE INOVAÇÃO AMBIENTAL 2011

António Guerreiro de Brito, Diretor da IA, durante a apresentação das inovações vencedoras do Prémio Nacional de Inovação Ambiental 2011.

Galeria dos vencedores e organização do PNIA 2011.

ção de resíduos muito diferentes no verão e no inverno. Por conseguinte, ele queria algo que fosse dinâmico e que quando as viaturas fossem para a rua soubessem onde estão os contentores cheios. É muito difícil gerir isso. Portanto o desafio foi esse, pensamos numa ferramenta que sabíamos que tinha potencial e desenvolvemo-la”, explica Fernando Oliveira, do departamento de Investigação e Desenvolvimento da SOMA. O sistema WiseWaste foi totalmente desenvolvido pela SOMA, embora contando com alguma cooperação da Universidade do Minho, especialmente, para a utilização de wireless nesta nova tecnologia. Desde o início do projeto, há um ano e meio atrás, até à data tem sido a empresa a financiar o projeto mas agora concorreram também a um sistema de incentivo SI I&D. As dificuldades, atualmente, prendem-se com a falta de financiamento dos municípios. “É um sistema que se paga a si próprio em pouco tempo mas que exige algum esforço de financiamento. Aquilo que nós temos vindo a fazer é trabalhar com eles (municípios), ajudá-los em candidaturas ao QREN porque é uma solução inovadora e que vai trazer muitos benefícios de diversas ordens”, afirma Fernando Oliveira.

na realidade, utiliza um método inovador para aproveitar o substrato da sua produção agrícola e de uma forma ecológica. Segundo Artur Sousa, presidente do conselho de administração da empresa, a ideia “surgiu quando o mercado começou a mostrar uma certa procura por este tipo de produtos, sobretudo, por produtos com uma qualidade constante e com características amigas do ambiente. A partir daí foi desenvolver o projeto e produzir

Varandas de Sousa À partida poderemos pensar o que faz uma empresa de produção de cogumelos na corrida a um prémio de inovação ambiental mas,

tendo, também, em vista a resolução de um problema”. O projeto levou 3 anos a ser desenvolvido e foi quase tudo feito dentro da empresa, envolvendo cerca de 12 pessoas. Em termos de financiamento deste estudo, recorreram ao programa PRODER. Relativamente às dificuldades, Artur Sousa, destaca a concorrência que tenta, por vezes, desacreditar o produto.

PNIA 2011: o que significa esta distinção? Francisco Duarte, cofundador da Waydip “É um grande reconhecimento, sobretudo um prémio de Inovação Ambiental, neste caso, ainda a nível nacional mas que é atribuído sempre a grande projetos. Vem reforçar ainda mais a nossa motivação para desenvolver e levar lá para fora este projeto e, claro, no seguimento do prémio temos a possibilidade de estar na Pollutec, um salão de ambiente internacional, que era também um objetivo nosso.” Fernando Oliveira, do departamento de Investigação e Desenvolvimento da SOMA “É muito importante, a SOMA tem uma aposta muito forte no mercado internacional e também na inovação, investigação e desenvolvimento. Esta é uma investigação que está a dar os seus frutos e o nosso horizonte é de facto a internacionalização e penso que esta distinção é importante tendo a vista esse caminho que queremos prosseguir.” Artur Sousa, presidente do conselho de administração da Varandas de Sousa “É muito satisfatório porque, no fundo, é o reconhecimento dos nossos investimentos e da nossa equipa técnica que desenvolveu o projeto ao longo de três anos. Permite-nos usar este prémio fora de portas para dizer que estamos cá e que também sabemos fazer e inventamos alguma coisa.”

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investigação

Gestão de energia e eficiência energética em edifícios públicos e de serviços João Wang de Abreu (1), João Joanaz de Melo (2) Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, wang.abreu@gmail.com (2) CENSE, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, jjm@fct.unl.pt

(1)

A ideia de que eficiência energética atua como se fosse a mais importante das energias renováveis parece ser unânime para qualquer cidadão que esteja atento à problemática da energia, num país que gasta mais do que pode. Apesar desta ideia apelativa, é necessário justificá-la com dados e conhecimento científico. No presente artigo sintetizam-se os resultados de um estudo sobre edifícios públicos, edifícios de serviços empresariais e iluminação pública (Abreu 2010). 28

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investigação

Enquadramento Portugal continua com uma dependência energética acima dos 80%. O indicador de intensidade energética demonstra que é necessário mais 16% de energia primária para produzir uma unidade de PIB do que a média da União Europeia (2007), e este indicador piorou nas últimas duas décadas, quando melhorou substancialmente entre os nossos parceiros. Um dos grandes culpados da ineficiência energética portuguesa são os edifícios, onde passamos cerca de 80% do nosso tempo e é consumida 29% da energia final e 56% da eletricidade nacional. Existem muitos estudos sobre o setor residencial, mas menos sobre os edifícios usados pelos serviços públicos e empresas. Este conjunto de utilizadores de energia consome cerca de 32% da eletricidade nacional: os edifícios do Estado consomem 5,5%, a iluminação pública 3,3% e o setor dos serviços 23,2%. Nos edifícios de serviços, os maiores consumos correspondem à climatização (mais de 60%, um claro indicador do generalizado mau comportamento térmico dos edifícios), iluminação e equipamentos de escritório. O potencial de poupança de eletricidade nestes edifícios oscila entre 20% e 40%, dependendo dos métodos de cálculo e da rentabilidade dos investimentos considerados. Para acrescentar uma variável à equação da energia em edifícios públicos, a nova diretiva europeia relativa à certificação de edifícios obriga todos os edifícios públicos a ter balanço energético “próximo do zero” até 2018.

tipologia de edifícios foi escolhido como caso de estudo o município de Cascais. Realizou-se um benchmarking de alguns edifícios do concelho, comparando com outros edifícios com usos semelhantes em Portugal, perfilhando a célebre frase de Lord Kelvin, “You can’t manage what you don’t measure”. Foram também enviados inquéritos a diversas empresas com consumos significativos do concelho. Ao recorrer ao indicador de eficiência energética kgep/(m2.ano) foi possível verificar que em edifícios com a mesma finalidade e tipologia, estes podem consumir do simples a duas vezes mais, dependendo dos equipamentos instalados e do comportamentos dos seus utentes e funcionários. São estes comportamentos e decisões que se pretendem otimizar, para promover a eficiência, aliados a aspetos tecnológicos (equipamentos mais eficientes, redes elétricas e contadores inteligentes).

Medidas e estratégias para a eficiência Ao longo do estudo foram identificadas algumas barreiras que dificultam uma eficiente gestão municipal e empresarial de energia, em Portugal: • Falta de conhecimento de medidas, técnicas e serviços de gestão de energia • Falta de dados e benchmarks de consumos energéticos ou desorganização dos mesmos • Ausência de uma figura forte na gestão de energia • Falta de prioridade ou de vontade política • Endividamento das autarquias

identificados pontos-chave para se intervir e criar medidas para potenciar a eficiência energética, sistematizados nos seguintes conjuntos: Guia para a autarquia eficiente e Medidas para o legislador (Tabela 1).

Autarquia eficiente A iluminação pública é uma das áreas que pesa nas faturas dos municípios, representando cerca de 79% dos custos com eletricidade da Câmara Municipal de Cascais e cerca de 75% da Câmara Municipal de Oeiras. Na análise custo/benefício realizada, o principal resultado assenta no facto de que para poupar 50% a nível nacional na iluminação pública (1,7% da eletricidade nacional), poupar-se-ia mais do que a quantidade produzida com novos centros produtores (por exemplo por novas barragens), com um investimento significativamente inferior. Uma das propostas abordadas consiste na criação de um sistema nacional de Certificação Energética Municipal, onde os 308 municípios portugueses apresentariam uma classificação energética cujos resultados influenciariam não só a sua imagem, mas também a transferência de fundos do Orçamento de Estado. A classificação resultaria dos consumos dos seus edifícios municipais (63 em Cascais, por exemplo), iluminação pública e frotas de veículos municipais. Planos municipais de eficiência energética deveriam ser obrigatórios para municípios com mais de 50 000 habitantes, 58 em Portugal, que representam 64% da população nacional (INE, 2009). Destaca-se positivamente a sua obrigatoriedade para os municípios que assinaram o Pacto dos Autarcas, número que já atinge os 59 em Portugal. Estes planos podem ser articulados com a

Objetivos e âmbito Para ajudar a compreender como funciona o “ecossistema da energia” relacionado com esta

De forma a contrariar esta inércia relacionada com a gestão de energia, ou falta dela, foram

Percentagens de consumos de energia elétrica

Tabela 1 Resumo de algumas áreas e medidas abordadas no estudo

nacionais por setor, em 2008 (Pordata, 2010)

Iluminação das vias públicas 3,3

Edifícios do Estado 5,5

Outros 1

Agricultura 2,1 Doméstico 27,3

Indústria 37,5 Não doméstico 27,3

Autarquia eficiente

Propostas para o legislador

- Sistema de certificação energética municipal - Planos municipais de eficiência energética - Obrigatoriedade do cargo de gestor público de energia - Prioridade de contadores inteligentes para os edifícios públicos - Linha Verde ”Eco Poupar” - Programa ”Edifício municipal mais eficiente”

- Benefícios fiscais para famílias, empresas e instituições que investem na eficiência energética - Empréstimos bancários com juros bonificados para investimentos em eficiência energética - Incentivos/penalizações - Benefícios na atribuição do fundo geral municipal (FGM) - Reforço de competências da ADENE

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investigação

certificação energética municipal que poderia ser feita a montante ou jusante dos PMEE. É necessária também a criação de uma figura forte com a tarefa de ser o responsável pela gestão de energia dos edifícios públicos e iluminação pública, num município ou para um conjunto de edifícios do Estado, o gestor público de energia. O recente programa do Governo ECO.AP propõe a criação deste cargo. Foi também proposta a criação de um Programa Universidades Eficientes. As Universidades consomem cerca de 10% da eletricidade do setor público, 0,5% da eletricidade do país. Todos os anos, nas universidades portuguesas, são realizadas dissertações de mestrado sem grande interesse prático sendo possível aproveitá-las para criar planos exequíveis. Uma autarquia que recorra à gestão de energia e aposte na eficiência energética: • Influencia positivamente a sua imagem • Reduz custos • Contribui para uma maior consciência energética dos cidadãos • Ajuda a legitimar as suas ações e decisões

Propostas para o legislador Existem importantes oportunidades de melhoria para promover a eficiência energética através de ferramentas ao dispor dos órgãos de soberania, locais ou centrais. É essencial que haja uma Reforma Fiscal Energética. A fiscalidade é uma ferramenta económico-financeira em que a administração local e central pode afetar o setor empresarial e residencial, de forma a potenciar a eficiência energética. Para compensar os gastos com esta reforma fiscal, a compensação seria feita recorrendo ao fundo nacional de eficiência energética. Empresas com melhores desempenhos energéticos poderiam ter benefícios em uma ou mais áreas: IRC; segurança social; pagamento especial por conta; IMI ou derrama. Os custos relacionados com a certificação energética dos edifícios poderiam ser dedutíveis nos impostos assim como as medidas com melhor relação custo/benefício que decorram dos certificados. Empréstimos bancários que tenham como finalidade a eficiência energética poderiam ter juros bonificados e não deveriam ser considerados na dívida municipal ou da empresa. Como resultado da certificação energética municipal, poderiam ser criados benefícios na atribuição do fundo geral municipal, uma das

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Energia inteligente (Financial Times, 2008)

SMART CONSUMERS

SMART BUILDINGS

SMART METERS SMART GRIDS

A smart policy

ferramentas de transferência de fundos do Orçamento de Estado para as autarquias. 1 a 3% da alínea b) ou c) deste fundo (ver lei das finanças locais) poderia ser atribuído consoante o desempenho energético e/ou ambiental do município, resultando numa redistribuição de 16 a 48 M€. Não podemos falar de certificação energética sem que haja um maior rigor e fiscalização na implementação das medidas dos certificados, fiscalização da qualidade dos mesmos bem como dos peritos qualificados. Não basta ter milhares de certificados emitidos por mês e dizer que 10% do parque edificado nacional está certificado, se os resultados práticos da certificação não são mensurados nem fiscalizados. A certificação em edifícios de serviços apresenta ainda percentagens baixas. No inquérito realizado neste estudo, 55% das empresas não tem qualquer intenção de certificar os seus edifícios. Sabendo da crise existente no mercado da construção, parece consensual que a reabilitação é uma das formas de superar as dificuldades existentes. Randall Bowie, “pai” da primeira diretiva de certificação de edifícios, afirma que 98% das poupanças em energia estão em edifícios já existentes e apenas 2% nos edifícios novos.

Fundos Não desprezando o papel dos comportamentos, parte dos ganhos com a eficiência dependem de investimentos, ou seja, da disponibilidade de fundos. É, então, essencial que haja um reforço do fundo nacional para a eficiência energética criado em maio com apenas 1,5 M€

e dotar financeiramente o PNAEE. Segundo a ERSE, o PPEC (Plano de promoção da eficiência no consumo) obteve resultados de poupança 14 vezes superiores aos investimentos mas que deixou de fora 75 das 125 candidaturas, sendo necessário também um reforço deste programa. Estes três programas têm verbas que, somadas, rondam os 63,5 M€. Quando comparado com o plano nacional de barragens, 3 000 M€ para produzir 3% da eletricidade nacional, ou o défice tarifário que atinge cerce de 2 000 M€, é possível verificar que a aposta na eficiência energética a nível nacional tem uma ordem de grandeza bastante inferior. A aposta nas renováveis é essencial mas a eficiência energética também o é, sendo esta última a que apresenta maior potencial e maior rentabilidade. Temos também disponíveis fundos europeus do QREN, Set-plan, 7º Programa Quadro, ou de projetos que fazem parte do Intelligent Energy Europe, que, por vezes, têm sido desaproveitados. Nas faturas da eletricidade existe uma contribuição audiovisual cerca de 30 € por ano, totalizando 150 M€, próximo do total gasto em 2009 com eficiência energética, segundo dados da ADENE. Se esses 150 M€ resultassem numa tarifa de eficiência energética, canalizados para o fundo nacional ou fundos municipais de eficiência energética, os resultados a nível nacional poderiam ser significativos. Através do IMI, poderia ser também criada uma tarifa municipal para eficiência energética, com prioridade para edifícios de serviços. Em função da classe energética do edifício, quem tivesse pior classificação, pagaria um valor superior nesta tarifa. Quem não tivesse certificado pagaria ainda mais.

Considerações finais Se, em Cascais, os edifícios de serviços reduzirem 20% os seus consumos, e 50% na iluminação pública, tem-se uma redução de 9% do consumo elétrico de todo o município. A nível nacional, uma redução de 20% e 50% respetivamente nos edifícios de serviços e na iluminação pública resultaria numa poupança de 7,4% do consumo de eletricidade nacional. Esta redução levaria a que a percentagem de contribuição de renováveis para o sistema electroprodutor português subisse aproximadamente 4%, apenas pela redução da necessidade de energia primária de origem fóssil.


investigação

A redução de 20% no consumo elétrico dos edifícios do Estado resultaria em poupanças que rondam os 53 M€ por ano para o Estado Português. Recentemente, foi apresentado o programa ECO-AP e está em curso a revisão do PNAEE, a criação do enquadramento legal das ESCO e a transposição para a legislação portuguesa da nova diretiva europeia para certificação de edifícios. Estes e outros passos são essenciais para ajudar à mudança de paradigma da energia, já em curso nesta nova década, de forma a atingir as metas europeias 20/20/20. Partindo do princípio que a eficiência energética é uma área win/win para todas as partes interessadas, é possível apostar em medidas concretas, coerentes e exequíveis, se forem criadas as ferramentas certas para potenciar este mercado. É de realçar que a eficiência energética é a melhor forma de reduzir o défice da balança comercial, a dependência energética e vulnerabilidade aos preços do petróleo, utilizar menos energia para produzir uma unidade de PIB e aumentar a percentagem de renováveis no sistema electroprodutor português.

Referências — Abreu, J.W. (2010). Gestão municipal e empresarial de energia em edifícios públicos e de serviços — estudo de

caso município de Cascais. Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. — Bowie, R. (2010). European Union action plans in energy efficiency. PCEEE - Portugal em Conferência para uma Economia Energeticamente Eficiente, CENSE/Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 22 junho 2010. http:// events.fct.unl.pt/pceee2010/ — CE (2010). EU Energy and Transport in Figures — statistical pocketbook 2010. European Commission. ISBN 97892-79-13815-7, ISSN 1725. — DGOTDU (2008). Política de Cidades – Cidades Inteligentes, Governação Territorial e Tecnologias de Informação

e Comunicação. Direção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano, Lisboa — Enerbuilding.eu (2008). Guia Informativo - A utilização racional de energia em edifícios públicos, Deco, Lisboa. — ERSE (2010) - Comunicado de Imprensa - Portugal vai poupar 155 milhões em eficiência energética com PPEC 2011-2012 para o setor elétrico. — GEOTA (2008). Reforma Fiscal Ambiental. disponível em http://www.geota.pt/rfa/index.html. — IBM Corportation Portugal (2010). Eficiência Energética dos Edifícios e da Iluminação Pública na Administração

Pública. Lisboa. — Junta de Andalucia, (2007) – Plan Andaluz de Sostantabilidad Energética, Sevilha, 2007. — Madeira, A.; Melo J.J. (2003). Caracterização do potencial de conservação de energia elétrica em Portugal. VII

PUB.

Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente. APEA, Lisboa, 6-7 novembro 2003.

As soluções técnicas GESTÃO GLOBAL DE RESÍDUOS (perigosos, não-perigosos) REPARAÇÃO AMBIENTAL (descontaminação de solos, sinistros, contenção de derrames de hidrocarbonetos) LIMPEZAS INDUSTRIAIS (ETAR, tanques, separadores, remoção de amianto, outros) UNIDADES DE TRATAMENTO DE HIDROCARBONETOS (capacidade de tratamento internalizada) GESTÃO DE RESÍDUOS MARÍTIMOS - MARPOL LAVAGEM DE CISTERNAS E VIATURAS

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tecnologia TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

Sistema usa plantas para tratamento de águas residuais A Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica no Porto desenvolveu e implementou um processo ecológico para o tratamento de águas residuais. Este sistema, posto em funcionamente numa unidade de turismo rural, recorre a leitos de plantas, denominadas de fito-etares, que usam a vegetação e microrganismos como tecnologia de tratamento de águas residuais, recriando as condições depurativas encontradas nas zonas húmidas naturais. As águas tratadas podem depois ser utilizadas para rega.

O Leito de Plantas, criado pela ESB, em parceria com a Universidade de Aahrus, na Dinamarca, está a funcionar na unidade de turismo de habitação Paço de Calheiros, em Ponte de Lima, já há 10 meses. “Um aspecto inovador a realçar nesta aplicação prende-se com a utilização de diferentes espécies de plantas ornamentais num mesmo leito, o que cria um ambiente de jardim ao longo do ano, favorecendo assim o enquadramento e promovendo a biodiversidade inserida no espaço rural. Estas características foram combinadas com os aspectos tecnológicos inerentes ao sistema”, refere a investigadora da ESB, Paula Castro. Além de ser um sistema totalmente ecológico, os custos são menores face aos custos de um sistema convencional de tratamento de águas residuais, que muitas vezes não são adequados a zonas rurais e/ou de montanha pois variam muito em termos de quantidade e qualidade de águas sujas ao longo do ano.

Esquema de funcionamento O efluente é alimentado por um distribuidor na entrada e flui, abaixo da superfície do substrato, lentamente pelo leito no sentido horizontal, de modo a chegar à saída, onde é recolhido. Durante a sua passagem pelo leito, o efluente está em contacto com zonas aeróbias, anóxicas e anaeróbicas, estando a tecnologia concebida para mimetizar as condições depurativas encontradas nas zonas húmidas naturais.

VISTA SUPERIOR caixa de visita

caixa de visita

Segundo os investigadores, neste caso, foi usada argila expandida como substracto, que serviu para estimular o crescimento das plantas - Canna flaccida, Canna indica, Zantedeschia aethiopica, Watsonia borbonica e o Agapanthus africanus. Para a monitorização do sistema de tratamento de águas, os responsáveis, fazem análises à água a nível fisico-químico e microbiológico, análise das comunidades microbianas e acompanham o desenvolvimento de vegetação e biodiversidade do leito.

Resultados positivos De acordo com os responsáveis, nos primeiros meses chegaram a elevadas eficiências de remoção de máteria orgânica: 99% em Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5) (de uma entrada de 10-280 mg L-1) e em CQO – Carência Química de Oxigénio (de uma entrada de 20-688 mg L-1). Em termos de PO4 3- e Azoto, nas formas de NH3, NO3 - e NO2 -, estão ainda ser realizados os testes. A remoção de microrganimos indicadores está a ser avaliada, com dados que indicam remoções eficientes. A utilização de argila expandida como substrato do sistema mostrou ser adequada para o estabelecimento das plantas selecionadas. O Leito está completamente vegetado, no entanto o Agapanthus africanus foi sobreposto pelas restantes espécies. Os responsáveis concluem que, para já, “o sistema tem permitido dar resposta a situações reais e commumente encontradas em cenários do setor do Turismo de Habitação, como flutuações de carga orgânica, mostrando robustez e resiliência às condições a que foi submetido.” www.esb.ucp.pt

água residual

tubagem de recolha da água tratada

VISTA transversal com detalhes tubagem de recolha da água tratada

água residual

meio de enchimento

vegetação

caixa de visita

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Eliminação de lamas residuais Após sete anos de investigação e desenvolvimento em Portugal, o Grupo Plateau iniciou a construção das suas primeiras unidades de tratamento de lamas residuais. A primeira unidade, situada na Galiza, entrará em produção no último trimestre de 2011 e está principalmente vocacionada para a eliminação total de lamas originárias de águas residuais urbanas, matadouros e indústria alimentar. A segunda unidade a construir está localizada em Reguengos de Monsaraz, não sendo ainda conhecida a data de entrada em produção. Tecnologia A tecnologia base utilizada nas unidades Plateau tem origem na África do Sul onde, durante mais de vinte anos, um grupo de cientistas desenvolveu, aperfeiçoou e patenteou um sistema combinado de reatores químicos que esteriliza a 100% as lamas processadas, tendo como resultante uma matéria totalmente inócua quanto aos agentes patogénicos existentes nas lamas e que pode ser utilizada como matéria prima na indústria de produção de fertilizantes organo-minerais. Durante os últimos sete anos a equipa técnica da Plateau adequou o conceito desenvolvido na África do Sul aos padrões de exigência e normas Europeus e, adicionalmente, concebeu e desenvolveu integralmente a componente de secagem do produto obtido. O resultado final do trabalho desenvolvido pela equipa Plateau em Portugal é uma unidade de tratamento de biosólidos denominada Plateau-ASP (Active Sludge Processing) em total conformidade com a legislação Comunitária, com um elevado padrão de controlo, segurança e automação e certificável segundo a norma ISO 9001.

Plateau-ASP nos sistemas tradicionais As unidades Plateau-ASP podem ser autónomas, como é o caso da que em breve entrará em produção na Galiza, ou, alternativamente, ser instaladas junto a ETARs ou a unidades fabris produtoras de lamas. A conceção modular que presidiu ao desenho de engenharia das unidades Plateau-ASP torna possível a sua introdução em sistemas de tratamento convencional de médio e grande porte, através da instalação do número de módulos de processamento adequados ao volume de lamas em presença. A introdução da tecnologia Plateau-ASP nos sistemas de tratamento tradicionais apresenta um claro valor acrescentado em função da elevada poupança energética que promove, bem como pela estabilidade acrescida dos processos biológicos remanescentes. Cada unidade Plateau-ASP pode receber lamas residuais de diversas proveniências: ETARs urbanas e industriais, suiniculturas, indústria alimentar, matadouros, indústria do papel, entre outras.

Vantagens As unidades de tratamento Plateau-ASP apresentam características únicas que se constituem como importantes fatores de sucesso, de entre os quais é importante salientar: (i) a rapidez de implementação (cerca de seis meses), (ii) a possibilidade de configuração para tratamento

de diversos tipos de lamas residuais, (iii) o processamento integral das lamas, (iv) a não produção de resíduos (v) nem emissão de gases de efeito estufa. A eliminação total de lamas residuais através do processamento com unidades Plateau-ASP representa a solução para o problema ambiental por elas gerado, evitando a incineração, o espalhamento em solo agrícola e a deposição em aterro. O conceito Plateau-ASP distingue-se assim na vertente ambiental pelo seu caráter inovador na eliminação de um problema estrutural de grande importância que afeta globalmente o Mundo atual.

Posicionamento do Grupo Plateau O Grupo Plateau assume a sua missão como líder em inovação tecnológica no tratamento de lamas residuais, promovendo uma redução de custos de operação de forma significativa e sustentável. Assim, o seu foco continuará a residir no fabrico, operação e melhoria contínua das suas unidades, oferecendo aos operadores do mercado soluções que lhes permitam diminuir os seus custos e maximizar a sua rentabilidade e eficiência. Num momento em que a economia global enfrenta uma das maiores crises de que há memória, assiste-se, concomitantemente, à procura de soluções para um problema ambiental de dimensão gigantesca, independentemente das estratégias sociais, políticas ou económicas em presença em cada geografia, para o qual as unidades Plateau-ASP se constituem como uma solução sustentável, amiga do ambiente e de elevado valor acrescentado. www.plateau-asp.com

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Cisterna para recolha de águas sujas

Sistema inovador de geração de ozono

A Sounete – Fábrica de Aprestos Metálicos – lançou para o mercado uma nova cisterna, especialmente, direcionada para a recolha de águas sujas.

O IGSTM (Intelligent Gap System) é uma recente tecnologia de geração de ozono desenvolvida pela empresa suiça, Degrémont Technologies. Este sistema baseia-se num conceito dielétrico novo, garantindo uma otimização da intensidade de descarga no capacitor onde o ozono é produzido.

Com capacidade para 15m3 de águas, esta cisterna pode ser transportada facilmente. O equipamento conta com uma bomba bidirecional e permite uma descarga “em livre”. Relativamente às principais características, destacam-se: o caudal médio de aspiração de 3000 l/min, a altura de aspiração até 8 metros e a potência instalada de 30kWque conta com uma pressão de funcionamento hidráulica de 250 bar. O equipamento de recolha e transporte de águas sujas sofre um tratamento anticorrosão quando está a ser construído, sendo que a cisterna é galvanizada a quente e contém chassis com decapagem química de desengorduramento e lavagem. Leva também uma demão de primário epóxico de zinco, com uma espessura de 50μm e uma demão de tinta intermédia epóxica 70μm e uma demão de acabamento epóxico com 70μm.

Pesos e Medidas Comprimento útil/exterior da cisterna

5550mm / 6500mm

Largura útil/exterior da cisterna

1900mm / 2450mm

Altura útil/exterior da cisterna

1900mm / 2350mm

Capacidade de carga

15m3

Peso em vazio

3460Kg

www.sounete.pt

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O IGSTM permite um produção contínua mas estável de ozono, redução de 30% no consumo de energia, face às tecnologias convencionais e redução do consumo do gás doméstico e custos operacionais. Com as tecnologias já existentes, muita da energia acaba por se dispersar na forma de calor, sendo capaz de destruir a camada de ozono quase, imediatamente, depois de ela ser produzida. Com o IGSTM consegue-se superar esse obstáculo porque permite controlar a intensidade de descargas ao longo do comprimento dos tubos de gerador, alternando com descargas mais forte na entrada e descargas mais fracas na saída. Com a tecnologia IGSTM a concentração de ozono ótima disponível para ozonização industrial de larga escala é aumentada de 8-10% em peso até 14%. A utilização de ozono para o tratamento de águas residuais é cada vez mais frequente dada a sua eficácia. Este tipo de tratamento é adequado para: pré-desinfeção de águas domésticas ou industriais; precipitação de compostos dissolvidos; eliminação de compostos orgânicos, especialmente os responsáveis pelo odor, cor e sabor da água e os compostos tóxicos; eliminação do nitrogênio amoniacal; conversão da poluição que não é biodegradável em substâncias que possam ser assimilados por bactérias num tratamento biológico posterior; redução do lodo proveniente do tratamento biológico de águas residuais; desodorização do ar de resíduos libertados por plantas aquáticas O IGSTM já está no mercado desde 2008. www.degremont-technologies.com


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Processo de desidratação de lamas A empresa alemã Poll desenvolveu um sistema elétrico para o prétratamento de lamas residuais a ser efetuado antes da desidratação das mesmas.

polímero câmara de digestão de lodos

campo elétrico

Sistema Poll

lodo desidratado

drenagem de lama (sistema de decantação)

combustão combustível

concentrado ETAR 22,9% TS - matéria seca Aumento em 12%!

redução do poliacrilamido. Além disso, o aumento de substâncias secas e de cargas em transporte, pode levar a uma redução em emissões de CO2 e em custos de transporte até 15%. www.poll.de PUB.

A Poll garante que com este tratamento elétrico consegue-se otimizar todo o processo de desidratação de lamas, permitindo uma melhor separação dos sólidos, uma maior quantidades de sólidos após a secagem e, ainda, um menor consumo de ajudas de floculação. O sistema foi desenvolvido para consumir pouca energia, gastando apenas 1kWh por dia. Segundo a Poll, na lama o nível do potencial zeta impede ou pelo menos dificulta o processo de aglomeração dos tamanhos das partículas inferior a 20 mM. Essas partículas têm a mesma carga elétrica na sua superfície e, assim, repelem-se mutuamente, de modo que eles não podem ser separados através de um processo que compense a nível económico. “O nosso sistema influencia o potencial zeta das partículas finas (<20 mm) de uma forma, que faz com que as partículas não se repelem, pelo que o processo de separação é melhorado”, explica a Poll, garantindo que se obtém assim uma poupança significativa de dinheiro.

Separação de sólidos e líquidos com sistema de tratamento elétrico

Separação de sólidos e líquidos com sistema de tratamento elétrico

Segregação da matéria sólida 88,85% Aumento de padrão de segregação em 33%!

matéria sólida instalação de biogás

campo elétrico

Sistema Poll

separação sólida de líquido

adubo orgânicomineral combustível

matéria (fase) líquida Tratamento da matéria líquida, entre outros: – recuperação de substância nutritiva – redução de resíduos de medicamentos – água sanitária/qualidade de ingresso

Captação de maior quantidade de Sólidos Totais (ST) Consequência do aumento nítido de matéria sólida no processo de segregação podem ser produzidos em maior quantidade produtos orgânicos que servem para a criacao de humo, que combinados com substâncias nutritivas, podem ser utilizadso para fertilização dos solos. De acordo com os responsáveis, conseguem captar mais 40% de ST e mais 15% de ST em lamas de esgoto. É também possível obter a partir da matéria sólida orgânica um combustível que depois pode ser utilizado como CO2-neutro. A redução da massa líquida, carregada de partículas sólidas orgânicas, leva ao aumento da eficiência dos processos seguidos e a uma otimização da rentabilidade.

Diminuição do consumo de polímeros Fruto da economia de polímeros no processo de drenagem de lodos pode-se, através deste sistema, poluir menos o Ambiente por causa de

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PRODUTOS E TECNOLOGIAS

Nova gama de motores eficientes

Solução para aquecimento e água quente sanitária que produz eletricidade

A WEG lançou a nova gama de motores série 22 que se destacam por serem eficientes a nível energético. Este motores caracterizam-se por serem de indução trifásicos de alto rendimento com consumos energéticos substancialmente mais baixos, baixo nível de ruído e de vibração, maior fiabilidade, manutenção mais fácil e menor custo de aquisição. Ao mesmo tempo, estão de acordo com as mais recentes normas mundiais ao nível de rendimento, tais como as normas Europeias IE1, IE2 e IE3, EPAct e NEMA Premium dos EUA “Uma vantagem da gama W22 da WEG é o seu alto rendimento energético, que reduz perdas entre 10% e 40% em comparação com os motores típicos”, refere a WEG. A linha conta com três tipos de produtos, cada um concebido para exceder as exigências das classes de eficiência IE1 (EFF2), IE2 (EFF1) e IE3 (Premium). “Uma parte fundamental deste progresso no aproveitamento de energia é a nova carcaça aerodinâmica do W22 que aumenta o fluxo de ar e reduz as temperaturas operacionais”, explica a empresa. A caixa de terminais do motor foi também reposicionada para otimizar o fluxo de ar, o que significa uma diminuição do aquecimento e o aumento da fiabilidade. A WEG destaca ainda o uso do novo WSeal, que oferece proteção através de um V-ring com duplo lábio e calota metálica, e a caixa de terminais, posicionada na frente da carcaça para melhorar o fluxo de ar e permitir um manuseamento mais fácil. www.weg.pt

O Dachs SE é um equipamento que fornece, em conjunto, eletricidade e calor para aquecimento e água quente sanitária. Consiste num sistema modular onde se podem fazer diferentes configurações que servem vários tipos de solicitações elétricas e térmicas. A solução Dachs SE pode ser utilizada em vivenda unifamiliares, edifícios de apartamentos, sistemas centralizados de aquecimento, escritórios, hotéis, lares de 3ª idade, hospitais, piscinas, entre outros. O sistema básico desenvolvido pela Baxi – SenerTec é composto por uma caldeira de cogeração, um depósito de armazenamento intermédio e um condensador para recuperar o calor latente nos gases de evacuação. Só que este sistema apenas tem capacidade para uma vivenda unifamiliar, mas no caso de um maior consumo de energia, podem-se ligar módulos adicionais ao sistema. A solução Dachs SE é gerida através de um novo controlador inteligente, denominado MSR2. Com este sistema de controlo integral pode-se monitorizar e regular todos os componentes. A configuração do sistema é feita com um código de quatro dígitos. Além disso, conta também com um MODEM integrado que permite a transmissão de dados de funcionamento e de eventuais anomalias. O Dachs pode ser monitorizado e controlado por via remota. www.baxi.pt

Soluções inteligentes de armazenamento de energia

Captação e produção de energia em parques de estacionamento

A IBC SOLAR AG lançou duas soluções inteligentes de armazenamento de energia para instalações fotovoltaicas que permite que os proprietários possam usar uma percentagem maior do total de energia que produzem, mesmo quando o sol não brilhar. A apresenta está a apresentar duas novas soluções: um inovador sistema eletroquímico baseado na tecnologia de iões de polímero de lítio e um sistema de armazenagem que utiliza a tecnologia de chumbo/ ácido. As baterias de ambas as tecnologias são controladas por um sistema inteligente de gestão de carga que apenas permite a injeção de energia na rede pública quando estiver assegurado o abastecimento da própria habitação e do sistema de armazenagem. A IBC SOLAR refere que estas soluções têm vantagens, tais como, menos consumo de eletricidade da rede pública e possibilidade de consumir até 60% da energia total produzida. As novas soluções serão apresentadas na Feira Intersolar que vai decorrer, em Munique, de 8 a 10 de junho. www.ibc-solar.pt

A Martifer Solar lançou a linha Smartpark que consiste numa inovadora estrutura para parque de estacionamento automóvel, desenhada e pensada para receber painéis solares fotovoltaicos na sua cobertura. Os produtos Smartpark são fruto da aposta da empresa portuguesa em I&D. Estão disponíveis três soluções distintas: UNO, SINGLE e DUAL. “É um produto modular, de fácil e rápida instalação, de reduzida necessidade de manutenção, economicamente viável e o seu aspeto inovador permite um bom enquadramento arquitetónico”, avança a Martifer Solar. O Smartpark serve não só para a produção de energia mas, também, como sistema de estanqueidade, recolha de águas pluviais e possibilidade de ser transformado numa estação para carregamento do carro elétrico, através da incorporação de carregador elétrico. www.martifersolar.com/pt

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PRODUTOS E TECNOLOGIAS

Tecnologia AUTOadapt

Alongamento da distância entre rolamentos

A Grundfos lançou a tecnologia AUTOadapt para bombas para águas residuais. Segundo a empresa, com esta nova tecnologia, as bombas conseguem eliminar grande parte dos pedidos de assistência e reduzir os custos de instalação e arranque. “A função AUTOadapt prescinde de todos os sensores externos, interruptores e cabos no poço, combinando-os todos numa única bomba que se adapta automaticamente às condições de drenagem do poço”, afirma a Grundfos. Este sistema pretende combater os erros que são, muitas vezes, causados nos poços por falhas nos interruptores de nível ou elétrodos. Ao retirá-los evita-se uma das fragilidades das instalações de bombas submersíveis para águas residuais. Ao utilizar esta tecnologia, os responsáveis referem que a “complexidade é eliminada e diversas considerações tradicionais não são mais necessárias, como o funcionamento paralelo ou com uma única unidade, funcionamento assistido, standby ou automático.” Ao mesmo tempo, a monitorização interna é instalada como standard, garantindo que a bomba nunca funciona em seco. A gama Grundfos de trituradoras, bombas de drenagem, efluentes e águas residuais com AUTOadapt destina-se a bombear águas residuais em diversas aplicações municipais, industriais e privadas. O material utilizado é o ferro fundido e os equipamentos funcionam submersos, quer se trate de uma instalação portátil ou de um sistema de autoacoplamento. www.grundfos.pt

A SEW-EURODRIVE lançou o conceito “EBD” (Alongamento da distância entre rolamentos) que dá um maior apoio dentro da própria unidade. Isto permite que, em muitos casos, não sejam necessários apoios externos no agitador ou evita o sobredimensionamento do redutor. Nas fábricas com engenharia de processo, nomeadamente na indústria ambiental, é frequente que ocorram elevadas forças axiais e radiais no veio de misturadores e agitadores durante as operações de mistura/agitação. Normalmente para se resolver este problema, recorre-se a rolamentos externos, separados, assegurando a função de rolamentos do veio do agitador. Mas esta solução costuma ter custos elevados. Os redutores industriais de elevado binário da Série MC podem ser utilizados para um funcionamento seguro em misturadores, agitadores e arejadores de superfície. Ao mesmo tempo, estes rolamentos são adequados para absorver as forças que ocorrem em acionamentos para torres de arrefecimento húmidas, secas ou híbridas. “O conceito é complementado com o sistema de vedação opcional tipo poço seco, que evita fugas de lubrificante no veio de saída e permite a utilização de flange de montagem standard”, adianta a empresa. O conceito modular da SEW-EURODRIVE inclui um grande número de equipamento acessório opcional, tais como adaptadores de motor, acionamento por correias e anti retorno. A SEW-EURODRIVE destaca algumas vantagens do equipamento, tais como: elevada capacidade de carga do veio de saída; flexível; à prova de fugas, devido ao sistema de vedação opcional tipo “poço-seco”. Este equipamento pode ser aplicado na indústria ambiental, na indústria química, na engenharia de produção de energia, em arejadores de superfície, em torres de arrefecimento húmidas, secas ou híbridas, entre outros. www.sew-eurodrive.pt

Recuperação de calor dos gases de exaustão

Gestão de resíduos em todas as áreas

A empresa A. Ramalhão desenvolveu um processo de recuperação de calor dos gases de exaustão para o aquecimento de água. O objetivo é utilizar o calor gerado pelo processo produtivo, que é desperdiçado, através dos gases quentes que são encaminhados para a atmosfera, normalmente através de uma chaminé. Segundo a empresa, é possível através deste processo, poupar energia e reduzir as emissões de CO2. “Esta medida poderá ser aplicada a vários processos produtivos de diversos setores industriais cujas poupanças máximas dependem, entre outras condicionantes, do processo em questão, da quantidade de calor produzida sob esta forma e das necessidades de água quente que a unidade industrial necessite”, refere a empresa. www.aramalhao.com

O S4-Resíduos é uma solução que permite fazer uma gestão completa de resíduos nas várias áreas das empresas do setor. Segundo a SINFIC, este programa permite fazer desde “o controlo de todo o processo de aceitação do resíduo, o registo e controlo do processo de receção e consequente faturação, bem como, as várias formas de expedição de resíduos originadas pela venda do resíduo tratado ou transformado até ao encaminhamento de resíduos para outros centros.” Uma das características importantes desta soluação é a análise laboratorial, que permite fazer registos, controle e gestão de contratos e ensaios refletidos em estatísticas e aglomeradores de informação. Neste momento é também possível fazer uma gestão de acondicionamentos e gestão de veículos em fim de vida com o S4. www.sinfic.pt

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PRODUTOS E TECNOLOGIAS

Separação e retenção de partículas

Eliminação de algas

A SETIMEP desenvolveu um equipamento que se destina a separar e reter o ar das partículas que pairam no ar. Os Filtros de Manga são equipamentos integrados que podem ser colocados numa linha de despoeiramento ou numa linha de processo. Na prática, o ar é aspirado por um ventilador quando entra no filtro, que é desacelerado fortemente, atravessando posteriormente um conjunto de mangas fabricadas com média filtrante, o que permite a separação ar/ partículas nele contidos. O ar de saída, já sem partículas, é encaminhado por um coletor para a chaminé, atravessando o ventilador principal. “As partículas retidas e acumuladas em forma de “CAKE” na superfície das mangas são monitorizadas em contínuo e separadas ciclicamente (processo de descolmatagem de mangas) por injeção controlada de ar comprimido em contra corrente dos gases aspirados, sendo posteriormente recolhidas no interior do filtro (tremonha de recolha) e evacuadas por um sistema mecânico “estanque” (Sem fins de recolha e de transporte e válvulas rotativas ou sistema de “duplo clapet estanque”) para o exterior do equipamento”, explica a empresa. O equipamento está sujeito a pressão negativa (depressão) e deverá ser calculado especificamente para o efeito, de modo a garantir a estanquicidade de todos os seus componentes. “Em casos particulares de processo (filtros associados a linhas de cogeração, incineração, outros, …), a fim de proteger as mangas filtrantes, pode ser instalado a montante do filtro um compartimento mecânico (via decantação, separação por desaceleração ou ciclones, separação por aceleração) que assegura a separação de partículas ou elementos de granulometria superior, impurezas, partículas incandescentes ou corpos estranhos”, refere a SETIMEP. www.setimep.com

O Dumo Algacleaner é um equipamento de eliminação de algas através de ultrasons. Comercializado em Portugal pela ZEBEN, este equipamento permite um combate de uma forma amiga do ambiente. O programa de ultrasons é adaptado especificamente a cada aplicação. O Dumo Algacleaner não recorre a produtos químicos, não necessita de manutenção e está protegido contra sobretensões. Pode ser utilizado para eliminar: algas em depósitos ou reservatório de rega, tanques, piscinas, fontes, lagos, depósitos de água potável, torres de refrigeração, aquários; organismos patogénicos em depósitos de rega, tubos de refrigeração de ar-condicionada, entre outros; biofilme em tubagens de água, filtros, instalações de alta pressão, mangas de rega, rega por gota, entre outros. www.zeben.pt

Desinfeção UV de águas residuais O TAK55 é um sistema de desinfeção UV de canal aberto. Este produto desenvolvido pela Wedeco e comercializado em Portugal pela ITT Portugal, destina-se ao tratamento de águas residuais em ETAR’s . Com o TAK55 pode-se desinfetar água até 0.000 m3/h, quer para descarga em meio hídrico, quer para reutilização, de acordo com a legislação em vigor. O equipamento é composto por um conjunto de lâmpadas de UV de baixa pressão e alto rendimento. “Este sistema permite controlar a Dose UV aplicada em função do caudal admitido e da transmitância, regulando a intensidade das lâmpadas através de balastros de última geração, permitindo deste modo reduzir a fatura energética”, explica a ITT Portugal. Por outro lado, conta com um sistema de limpeza mecânico automático, que permite garantir eficiências de desinfeção elevadas. O TAK55 é feito em INOX AISI 316 e cumpre com os standards internacionais. www.lowara.pt

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Nova marca solar A Solar Technology é a nova marca do grupo Redtel. O objetivo é criarem parcerias com fabricantes internacionais do setor de energia, de forma a criarem soluções integradas que permitam reduzir custos e promover sustentabilidade. A nova marca aposta na utilização de coletores de tubos de vácuo de alta eficiência acoplados a componentes hidráulicos e de controlo de grande fiabilidade. “A tecnologia de painéis por tubos de vácuo dos parceiros da Solar Technology permite obter o melhor rendimento da radiação solar mesmo com tempo nublado, conseguindo aumentos de eficiência face aos outros coletores em mais de 40%, maiores frações solares e temperaturas de trabalho mais elevadas”, afirma a empresa. www.solartechnology.com.pt

Depuradora de águas residuais Denominado de Klaro, este é o mais recente equipamento para a depuração de águas residuais comercializado pela Graf. O sistema vem já praticamente montado da fábrica, sendo apenas necessário instala-lo no interior do depósito Carat e fazer a ligação ao quadro fornecido. A Klaro recorre a uma tecnologia de tratamento de oxidação total SBR. Segundo a Graf, “no interior do depósito não existem elementos mecânicos ou elétricos, apenas ar comprimido que faz avançar o processo de decomposição e a movimentação dos fluidos”. Esta depuradora de águas residuais tem marcação CE e cumpre a norma europeia EN -12566-3. www.graf.pt


PRODUTOS E TECNOLOGIAS

Caldeiras a Biomassa

A Ventilaqua desenvolveu três unidades compactas de tratamento físico-químico de águas residuais. A VAMEC, VAMEF e VAMED encarregam-se do tratamento das águas residuais que, muitas vezes têm origens diferentes e por isso nem sempre precisam do mesmo tipo de tratamento. Umas podem ser tratadas ou pré-tratadas num sistema compacto simples que cumpram apenas os limites de descarga em coletor ou em meio hídrico. As soluções da Ventilaqua são compostas por unidades pré-montadas compactas construídas em painéis de PP ou PE. Segundo a empresa, estas estruturas são de fácil montagem, sendo que a maioria dos circuitos hidráulicos, elétricos e de comando se encontram pré-montados no sistema. “Nas unidade VAMEC, VAMEF e VAMED quadro centralizado de ligações, na lateral da máquina, onde todas as ligações hidráulicas de água a tratar, água tratada, esgoto, água de limpeza e ar podem ser realizadas”, explica a Ventilaqua. www.ventilaqua.com

A Vimasol lançou no mercado português as Caldeiras a Biomassa HDG Bavaria. Este tipo de caldeiras admitem como combustível pellets, estilha e aparas de madeira. Graças a um sistema de sonda lambda e ao sensor de temperatura da câmara de combustão e de gases de escape, HDG Bavaria têm um sistema de combustão e controlo considerado eficiente. A utilização deste tipo de sistemas permitem autoajustar a performance às variações das características dos combustíveis e, ainda, fazer a modelação da potência de cerca de 30% até à potência máxima, resultando em elevados rendimentos. Relativamente à manutenção do equipamento, a Vimasol explica que é feita através dos sistemas automáticos de remoção de cinzas e de limpeza do permutador de calor. Na gama de potências de 25 kW a 80 kW as caldeiras são equipadas com tecnologia de grelha basculante, as restantes apresentam tecnologia de grelha móvel patenteada. O sistema de alimentação à caldeira prevê a existência de uma válvula de alimentação rotativa cuja principal função é evitar o retorno de chama. www.vimasol.pt

PUB.

Tratamento físico-químico de águas residuais

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energia

Conservação de Energia em Edifícios e Sistemas Urbanos Cerca de um terço da energia primária consumida em Portugal destina-se aos edifícios de habitação e de serviços, sendo que a climatização, a iluminação, a água quente sanitária e os equipamentos são dos consumidores mais relevantes na estrutura de consumos de energia da generalidade dos edifícios. Nesse sentido, e dada a relevância dos edifícios no consumo de energia, a Agência Internacional de Energia (IEA) estabeleceu um Implementing

Agreement sobre Conservação de Energia em Edifícios e Sistemas Urbanos (ECBCS - Energy Conservation in Buildings and Community Systems), com o objetivo de promover a investigação sobre eficiência energética em edifícios. Assim, estas atividades são desenvolvidas através de vários Anexos (Annex) direcionados a temas e atividades específicas que suportem a sua aplicação prática, e sirvam de base à formulação de normas e politicas energéticas a uma escala global, sob a égide da Agência Internacional de Energia.

Assim a ADENE, no âmbito da sua missão que visa promover e realizar atividades de interesse público na área da energia, dinamizou a preparação de um novo anexo, o Anexo 56, sobre o tema da reabilitação energética de edifícios (Energy & Greenhouse Gas Optimised Building Renovation), tendo cabido a Portugal a coordenação do presente Anexo. Assim, e pela primeira vez, Portugal irá liderar um dos Anexos da Agência Internacional de Energia. O presente Anexo será direcionado aos edifícios residenciais, unifamiliares e multifamiliares, excluindo-se do objeto da análise os edifícios residenciais com ocupação sazonal. Poderão ainda ser incluídos no presente anexo os edifícios não residenciais sem sistemas de climatização complexos, caso os mesmos venham a ser considerados relevantes no decurso do presente anexo, tendo em consideração as diferentes matérias que irão ser objeto de análise. Com o presente projeto espera-se desenvolver novas metodologias, baseadas em procedimentos e regras que possam servir de base à elaboração e publicação de normas, de modo a promover a reabilitação urbana de edifícios residenciais, considerando a implementação de medidas de eficiência energética com viabilidade económica, com o objetivo final de promover a eficiência energética e reduzir as

emissões de gases com efeito de estufa e respetivas alterações climáticas e, desta forma dar resposta a uma das principais orientações da nova diretiva relativa ao desempenho energético de edifícios (2010/31/EU), que visa a elaboração de planos nacionais para aumentar o número de edifícios com necessidades quase nulas de energia. A estratégia de desenvolvimento do presente anexo passa por uma perspetiva alargada de promoção da eficiência energética, e consequente redução das emissões de gases com efeito estufa, focando-se nas mais-valias decorrentes do processo de reabilitação urbana que passam nomeadamente pela quantificação das reduções de consumo de energia e emissões de CO2, redução da fatura energética, aumento do conforto térmico, melhoria da qualidade do ar interior e valorização do parque edificado. Os trabalhos serão estruturados em quatro subtarefas, a saber:

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A – Metodologia; B – Ferramentas; C – Casos de Estudo; D – Disseminação e recetividade dos proprietários.

www.ecbcs.org

dos diferentes resultados propostos, é de crucial relevância analisar casos de sucesso que tenham já sido implementados, de modo poderem ser identificadas as melhores práticas assim como tecnologias emergentes que disponham de potencial técnico e económico, para que as mesmas possam ser avaliadas e potenciadas no decurso dos trabalhos. Neste ponto específico a experiência nacional com a implementação do Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior em Edifícios (SCE) constituirá seguramente uma mais-valia para o presente Anexo, nomeadamente através da análise dos mais de 300.000 certificados energéticos emitidos no âmbito do SCE para edifícios de habitação e pequenos edifícios de serviços existentes1, enquadráveis na sua generalidade no âmbito do Regulamento das Características de Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE).

1

Para efeitos de aplicação do SCE, consideram-se como

pequenos edifícios de serviços, todos os edifícios com potência térmica instalada para climatização com potência inferior ou igual a 25 kW, e com uma área útil de pavimento inferior a 1000 m2. No caso especifico de centros comerciais, hipermercados, supermercados e

De modo a maximizar o impacto do presente Anexo, diminuindo as barreiras à adoção

piscinas cobertas a +área indicada anteriormente é reduzida para 500 m2.


energia

FIGURA 1 Número de certificados energéticos emitidos de habitação e pequenos edifícios de serviços existentes.

Na Figura 1 apresenta-se uma desagregação do número de certificados energéticos de edifícios existentes emitidos, com a respetiva desagregação entre edifícios de habitação e pequenos edifícios de serviços sem sistemas de climatização. É possível ainda, através da análise da base de dados do SCE, caracterizar o desempenho energético dos edifícios certificados por diferentes períodos construtivos, como ilustra a imagem seguinte, permitindo desta forma constituir com bastante rigor diferentes grupos alvo e, desta forma, identificar para cada um deles, aquelas que são as medidas de eficiência energética mais adequadas (Figura 2). A mesma base de dados permite ainda uma caracterização detalhada das principais medidas de melhoria que são objeto de análise por parte dos Peritos Qualificados, permitindo também desta forma uma análise criteriosa

daqueles que poderão ser os principais vetores de reabilitação urbana e de promoção da eficiência energética no parque habitacional edificado. Na Figura 3 apresentam-se de forma sumária, por tipologia de medida, as principais medidas de melhoria identificadas nos certificados energéticos emitidos. Pela análise dos elementos anteriores é possível identificar as principais medidas de melhoria presentes nos certificados energéticos, sendo de salientar a preponderância dada pelos Peritos Qualificados à intervenção nos sistemas de produção de água quente sanitária (AQS), seguindo-se os sistemas de energias renováveis, a climatização, as envolventes opacas, os vãos envidraçados e os sistemas de ventilação. Espera-se assim, e através da disponibilização de toda a informação presente na base de dados do sistema de certificação energética,

fornecer aos diferentes parceiros do anexo informação credível sobre a realidade do parque edificado nacional, podendo a presente amostra ser utilizada como referencial para o desenvolvimento do presente Anexo. O Anexo 56 encontra-se presentemente em fase de final de preparação, esperando-se que os trabalhos efetivos do mesmo tenham início no segundo semestre de 2011, decorrendo os trabalhos durante os seguintes quatro anos, estando prevista a conclusão dos trabalhos no final do primeiro semestre de 2015. A coordenação efetiva do presente anexo caberá à Professora Dr.ª Manuela Almeida, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho, sendo que poderá aceder a mais informações sobe o presente Anexo em: http://www.ecbcs.org/annexes/ annex56.htm

FIGURA 2 Número de certificados energéticos de edifícios existentes emitidos por

FIGURA 3 Desagregação das medidas de melhoria presentes nos certificados

data de construção

energéticos anteriores.

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”Electric Tour” conheceu 25 cidades portuguesas O projeto europeu promovido pela Peugeot Portugal e MOBI.E (entidade coordenadora da Rede de Mobilidade Elétrica) esteve presente em 25 cidades portuguesas entre março e maio. O roadshow de automóveis elétricos visitou várias localidades de norte a sul do país para que as pessoas pudessem conhecer e experimentar este tipo de veículos e a rede inteligente de carregamento elétrico. Em destaque estava o automóvel Peugeot iOn mas também duas bicicletas elétricas, o que alargou o conceito de mobilidade elétrica. O roadshow permaneceu dois dias em cada cidade e havia um percurso definido para o test drive e a experimentação do sistema de carro e bicicletas. Lisboa, Cascais, Sintra, Loures, Almada, Setúba, Évora, Beja, Faro, Leiria, Santarém, Torres Vedras, Coimbra, Aveiro, Porto, Vila Nova de Gaia, Braga e Guimarães foram as cidades que receberam a “Electric Tour”.

Rede MOBI.E A rede MOBI.E é pioneira a nível mundial e permite, através de um único cartão, carregar o carro elétrico, escolher o ponto de abastecimento que mais lhe convém, monitorizar o carregamento através do PC, telemóvel ou PDA e pagar o seu consumo elétrico, entre outros.

Está prevista durante a primeira fase piloto, a instalação de uma Rede com 1.300 postos de carregamento normal e 50 postos de carregamento rápido em espaços de acesso público em 25 cidades de Portugal Continental, até junho deste ano. www.mobie.pt

ERSE lança dois novos simuladores de energia O objetivo é melhorar o nível de informação dos consumidores fazendo com que tenham uma participação mais informada no mercado da eletricidade. “O simulador de faturação de energia elétrica vai permitir aos consumidores empresariais e industriais, que ainda se mantêm na tarifa regulada, estimar o valor da sua fatura anual, de modo a que a possam comparar com as ofertas dos comerciali-

zadores que atuam em regime de mercado”, adianta a ERSE. No caso do simulador de rotulagem de energia elétrica, os responsáveis explicam que “é um instrumento destinado essencialmente aos consumidores domésticos e pequenas empresas, permitindo-lhes ter mais informação sobre as fontes de energia utilizadas na produção da eletricidade que estão a consumir e os impactos ambientais associados a esse

consumo.” Além destes dois sistemas, a ERSE tem também disponível no seu site oficial, o simulador de potência a contratar e o simulador de comparação de preços com o objetivo de ajudar os consumidores domésticos e pequenas empresas na contratação dos serviços de fornecimento de eletricidade e na minimização do valor da fatura de eletricidade. www.erse.pt

MUNICÍPIOS

Beja aposta na mobilidade elétrica

beja

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Decorreu em junho na cidade de Évora uma reunião entre parceiros europeus onde se pretendeu debater novos investimentos em mobilidade sustentável e a forma como o caso piloto de Beja pode ser divulgado pelas cidades europeias de média dimensão. Dentro dos presentes destacam-se os representantes das cidades de Londres, Madrid, Cracóvia, Frankfurt, Atenas, Estocolmo, Oslo, Lisboa, sendo que integram a rede europeia “Electric Vehicles in Urban Europe”, o projeto

que no programa europeu Urbact tem por objetivo alargar a abrangência da utilização dos veículos elétricos como alternativa de mobilidade sustentável em meio urbano. Integrado no mesmo evento, foi também assinada uma parceria de projeção global (“parceria geoestratégica”) que agrega os Municípios de Alvito, Beja, Cuba, Ferreira do Alentejo, Vidigueira e que tem como missão partilhar recursos e objetivos de atração de investimento empresarial.


energia

Sistemas de incentivos para a eficiência A aposta na eficiência energética é cada vez mais uma estratégia das empresas, especialmente, devido às poupanças que se pode obter na fatura. Em Portugal há vários sistemas de incentivo direcionada para as Pequenas e Médias Empresas e Empresas de grande dimensão que preveem o apoio a medidas de eficiência energética.

Durante o Seminário “Eficiência Energética na Indústria”, organizado pela Câmara do Comércio e Indústria Luso-Alemã em parceria com a ADENE, no final de maio no Porto, Lurdes Pinho da CCDR-N, deu a conhecer os vários sistemas existentes, explicando como é que as empresas podem concorrer. Atualmente existem três programas que, direta ou indiretamente, apoiam inciativas de eficiência energética: Sistema de Incentivo à Inovação (SI Inovação); Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME (SI Qualificação PME); Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (SI I&DT). Desde que cumpram uma série de requisitos legais, qualquer empresa pode concorrer a um destes sistemas. No SI PME e SI I&DT os promotores devem assegurar 15% do financiamento total e no SI Inovação um total de 15% nas PME e 20% no caso das GE.

SI Inovação Neste sistema está previsto o apoio a investimentos na: produção de novos ou significativamente melhorados bens e serviços; adoção de novos, ou significativamente melhorados, processos e métodos de fabrico, de logística e distribuição, organizacionais ou de marketing; expansão de capacidades de produção em atividades de alto conteúdo tecnológico ou com procuras internacionais dinâmicas; criação de empresas, com recursos qualificados ou em setores com fortes dinâmicas de crescimento; criação de unidades ou de linhas de produção com impacte relevante ao nível do produto, das exportações ou do emprego; introdução de melhorias tecnológicas com impacte relevante ao nível da produtividade, do produto, das exportações, do emprego, da segurança industrial ou da eficiência energética e ambiental. No que toca especificamente à eficiência energética, são consideradas despesas elegíveis: aquisição de máquinas e equipamentos diretamente relacionados com o desenvolvimento do projeto, designadamente nas áreas (…) da eficiência energética, (…) (art.º 11º, alínea a) subalínea i)); instalação de sistemas energéticos para consumo próprio utilizando fontes renováveis de energia (art.º 11º, alínea a) subalínea iii)). Estão ainda contempladas outras despesas de investimento na área de eficiência energética e energia renováveis, nomeadamente, assistência técnica, auditorias energéticas, testes e ensaios. As taxas de incentivo no SI Inovação é de 45%, sendo que as taxas de majoração podem variar de acordo com cada empresa.

SI PME e SI I&DT Podem ser apresentados: projetos individuais – projetos a título individual pela PME; projetos em cooperação - apresentado por PME ou consórcio liderado por PME, que resulte de uma ação de cooperação interempresarial (mínimo 3 empresas); projetos em conjunto - programa estruturado de intervenção num conjunto maioritariamente composto por PME; vale Inovação -projeto simplificado de Inovação apresentado por PME para aquisição de serviços de consultoria e de apoio à inovação a entidades do SCT pré-qualificadas. Neste tipo de sistema a eficiência energética é contemplada quando se fala em investimentos para o aumento da eficiência energética e diversificação das fontes de energia com base na utilização de recursos renováveis. As despesas consideradas têm a ver com a “aquisição de máquinas e equipamentos específicos e exclusivamente destinados às áreas (…) da eficiência energética e energias renováveis, (…)” (art.º 12º, alínea a) subalínea i)), e “Investimentos na área de eficiência energética e energia renováveis, nomeadamente, assistência técnica, auditorias energéticas, testes e ensaios”, (art.º12º, alínea b) subalínea iii)). Lurdes Pinho referiu que é preciso estar atendo aos Avisos Específicos que vão surgindo dentro de cada Sistemas de Incentivo que dão a entender a preferência de apoios a determinados projetos específicos, como por exemplo a eficiência energética. As taxas de incentivo chegam as 40%, exceto no caso do Vale de Inovação que pode atingir os 75%. www.ccila-portugal.com

Biocombustível feito de algas para aviões O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e a Associação Portuguesa de Transporte e Trabalho Aéreo (APTTA) estabeleceram uma parceria para a produção e utilização de biocombustível para aviões, feito a partir de microalgas. “Há um estudo de holandeses que diz que, para os combustíveis fósseis utilizados nos transportes serem totalmente substituídos na Europa, Portugal teria que ser um mar de algas”, diz em declarações ao Público, Luísa Gouveia do LNEG. A APTTA constitui um importante parceiro porque pode partilhar o conhecimento da realidade aérea e possibilitar o teste do combustível em motores de avião, que têm de suportar condições específicas dos voos, como temperaturas muito inferiores às das viagens de automóvel. www.aptta.net

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Ar e Ruído | ÁGUA

Dispositivo inovador para o tratamento do ar interior Investigadores da Universidade do Minho estão a desenvolver um novo equipamento para o tratamento do ar interior. Este sistema que ainda está em fase de criação, além de melhorar a qualidade do ar interior, permite também poupar na fatura energética. A UM refere que este equipamento “tem ação sobre parâmetros microbiológicos, reduzindo a presença de bactérias, fungos ou legionella, entre outros.” No caso da fatura energética, a Universidade explica que é conseguida uma poupança “graças a estudos em análise fluidodinâmica computacional (CFD), que baixam as potências necessárias”. “Acreditamos que o equipamento vai efetivamente tratar e purificar o ar; não é um mero aparelho de ventilação”, afirmou o investigador Rafael de Sousa. A equipa do projeto é constituída por três engenheiros: Ivan Abreu, mestrado em Engenharia Mecânica e que tem amplo trabalho em CFD na Fórmula 1 e em aviões de voo não tripulados, Rafael de Sousa, mestre em Engenharia Biomédica e bolseiro na TecMinho, e também Amaral Nunes, professor doutorado do Departamento de Engenharia Mecânica da UM.

Este sistema que ainda está em fase de criação, além de melhorar a qualidade do ar interior, permite também poupar na fatura energética.

Autarquia de Arouca pede prisão para autores de descargas poluentes nos rios Após a recente deteção de coliformes fecais nos rios Paiva e Paivô, a Câmara Municipal de Arouca referiu que vai adotar uma política intransigente com os autores deste tipo de crimes, exigindo pena de prisão. O presidente da Câmara Municipal, José Artur Neves, lamentou em declarações à Lusa, que este crime tenha sido cometido apenas umas semanas depois de ter sido anunciado um investimento de 2,5 milhões de euros na requalificação das margens do Paiva. José Artur Neves afirmou que autarquia “vai

começar a ser intransigente a este nível” e defendeu que os autores dessas ações poluidoras “deviam ser logo mandados para prisão preventiva enquanto aguardam julgamento”, já que “está em causa não só a natureza, mas também a saúde das pessoas. E com isso não se brinca”. Apesar de compreender que muitas pessoas não estão bem informadas sobre o assunto, o presidente da câmara, não desculpa a descarga de detritos de vacarias nas margens do rio. “Se por acaso chegam ao rio, os resíduos da

construção turvam a água, é um facto, mas não deixam de ser terra e pedra, sem bactérias. Mas quando os proprietários das vacarias aproveitam as chuvas para fazer a descarga de dejetos dos animais, isso representa outro perigo muito maior, que não tem comparação”, disse. Segundo o governante, as câmaras de Arouca e Castro Daire estão a trabalhar juntas para colocar um fim a estes problemas mas refere que é “preciso aumentar a fiscalização a estas infrações e o Governo tem que começar a ter mão pesada nesta matéria”.

MUNICÍPIOS

Almada investe no saneamento da Costa da Caparica A Câmara Municipal de Almada anunciou que vai investir cerca de 20 milhões de euros na reabilitação e reforço de infraestruturas de águas e saneamento na Costa da Caparica.

ALMADA

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O projeto que abrange mais de 100 mil habitantes ainda não tem data exata para começar. Nuno Serrano, diretor do departamento de obras dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) explicou à Lusa que o projeto vai incidir no “o reforço da rede de efluentes domésticos, o reforço da capacidade do sistema de abastecimento para atender a acréscimos de procura, a renovação da rede de distribuição, com a construção de um reservatório na Aroeira, e a ampliação da rede doméstica e pluvial de drenagem da Costa da Caparica”. Engloba ainda um refor-

ço das linhas de drenagem de efluentes domésticos e pluviais nas zonas para onde vão deslocar-se os parques de campismo, conforme previsto no plano de pormenor sete do programa Polis. O responsável refere que estas obras servem também “para responder ao incremento das exigências ambientais” e para, por exemplo, “facilitar o escoamento das águas, que é muito difícil quando chove”. Nuno Serrano esclareceu também que, dos 20 milhões de euros que a intervenção vai custar aos serviços municipalizados, seis milhões são fundos comunitários.


ÁGUA

©Rosino

Foram apresentados no passado dia 17 de maio, no Porto, os Planos Hidrológicos do Miño-Sil e Duero. A sessão organizada pela ARH Norte surgiu no âmbito da discussão pública das propostas dos planos hidrológicos destes grandes rios partilhados por Espanha e Portugal.

O evento contou com a presença dos presidentes das Confederações Hidrográficas do Miño-Sil, do Duero e também da ARH Norte e foi destacado por todos os esforços que têm sido feitos para trabalharem em conjunto e os bons resultados que se tem alcançado. António Guerreiro de Brito destaca que atualmente os verbos “partilhar” e “cooperar” são os mais utilizados no diálogo entre Portugal e Espanha. O próximo passo poderá passar pela criação do um plano hidrográfico único do Douro em 2021. Contou-se com umas breves apresentações dos planos espanhóis cuja participação pública termina em junho. Nesse aspeto, Portugal ainda está um pouco atrasado em relação ao país vizinho, uma vez que o plano de gestão de bacias hidrográficas do norte ainda está em fase de elaboração, estando previsto que em setembro entra em fase de apreciação pública. A ARH Norte analisou as propostas dos planos destes dois grandes rios vizinhos, destacando os pontos positivos e aqueles que consideram ser necessário mais esclarecimentos. Em ambos os planos, foi elogiada a organização, detalhe e a compatibilidade da estrutura para consulta pública com o PGRH-Norte. No caso do plano do Miño-Sil, consideraram positivo: a identificação e caracterização das QSIGA/ETI; a estratégia para gestão de secas e escassez de recursos; excelente suporte cartográfico. Pelo contrário identificaram alguns pontos a melhorar, tais como: variação temporal de caudais no tramo internacional do Minho; regime de caudais de exploração dos 187 aproveitamentos hidroelétricos; análise de risco de fenómenos extremos em cenário de alterações climáticas; projeção do estado das M.A. para 2021 e 2027; classificação de massas de água transfronteiriças; avaliação dos efeitos de retenção de sedimentos Já que no toca ao Plano Hidrológico do Duero foram identificados como pontos a esclarecer: a redução das disponibilidades e majoração de necessidades; avaliação dos efeitos de retenção de sedimentos; impacto das pressões hidromorfológicas (alteração do regime de caudais); estado das M.A. transfronteiriças poderão ser melhoradas (?); relação do programa de medidas com as QSIGA. Dos aspetos positivos em específicos referem: definição de estratégia em cenários de seca e escassez; referência às QSIGA/ETI; definição de objetivos nas águas transfronteiriças para 2021 e 2027; estratégia para gestão de secas e escassez de recursos. www.chminosil.es · www.chduero.es www.nlarchitects.nl

Mercado e Preços da Água Foi apresentado no final de março, em Sintra, o estudo “Abastecimento de Água em Portugal – O Mercado e os Preços”. Da responsabilidade da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA), esta já é a quarta edição dos trabalhos quer culminam com a edição do estudo. A APDA compromete-se com a realização do estudo do mercado e preços da Água porque considera que é “necessário para um debate importante sobre a economia da água em Portugal”. Este ano foi lançada a edição com tarifas referentes a 31 de dezembro de 2009. O evento contou com a presença de 120 participantes. O presidente da APDA abriu a sessão considerando ser importante lançar um “repto a todas as forças politicas ora incluírem a situação do Setor da Água e do Saneamento e as soluções que propõem para a superação dos constrangimentos existentes no centro das suas preocupações, visto tratar-se de um Setor economicamente relevante, socialmente sensível e ambientalmente determinante para o futuro do País e a qualidade de vida dos cidadãos”. Segundo a APDA, será também muito importante para a sustentabilidade financeira do setor, conseguir uma melhor clareza das regras, especialmente, no que toca à regras de definição e modulação tarifária.

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Planos de gestão de Bacias Hidrográficas

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Legislação - Gestão e Economia

Novo Regime Jurídico dos Resíduos ­– enquadramento, desafios e oportunidades Manuel Gouveia Pereira Advogado manuelgouveiapereira@hotmail.com

De acordo com a referida Diretiva “a prevenção de resíduos deverá constituir a primeira prioridade da gestão de resíduos” e “a reutilização e a reciclagem de materiais deverão ter prioridade em relação à valorização energética dos resíduos, desde que constituam as melhores opções do ponto de vista ecológico”. Assim, o novo diploma vem estabelecer o regime geral aplicável à prevenção, produção e gestão de resíduos, e tem como objetivo essencial promover o reforço da prevenção da produção de resíduos, através da sua reutilização e reciclagem. Pretende-se prolongar o uso dos resíduos na economia antes de os devolver em condições adequadas ao meio natural. Outro dos objetivos principais deste diploma é alcançar o pleno aproveitamento do novo mercado organizado de resíduos, consolidando a valorização dos resíduos e estimulando a utilização de resíduos específicos com elevado potencial de valorização. Destaca-se, desde logo, a clarificação dos conceitos-chave de “resíduo”, “prevenção”, “reutilização”, “preparação para a reutilização”, “tratamento” e “reciclagem” bem como da distinção entre os conceitos de “valorização” e “eliminação de resíduos”, com base numa diferença efetiva em termos de impacte ambiental. No que respeita às atividades de gestão de resíduos, procede-se à distinção entre o armazenamento preliminar de resíduos antes da recolha e o armazenamento antes do tratamento”, dispensando-se os estabelecimentos ou empresas que produzam resíduos no âmbito das suas atividades da sujeição a licenciamento para o armazenamento de tais resíduos antes da recolha. Importa, também, assinalar a introdução de uma abordagem da gestão de resíduos que atende a todo ciclo de vida dos produtos e

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materiais, e não apenas à fase de fim de vida. Reforça-se, deste modo, o mecanismo da responsabilidade alargada do produtor, permitindo-se, nomeadamente, a responsabilização do produtor (do produto) que deu origem aos resíduos. Procede-se, também, à reformulação do princípio da hierarquia dos resíduos, fixando-se a seguinte ordem de prioridades a observar nas opções de prevenção e gestão de resíduos: a) prevenção e redução; b) preparação para a reutilização; c) reciclagem; d) outros tipos de valorização; e e) eliminação. Note-se que o diploma consagra a possibilidade de certos fluxos específicos de resíduos não observarem esta ordem de prioridades, desde que (i) as opções adotadas se justifiquem pela aplicação do conceito de ciclo de vida aos impactes globais da produção e gestão dos resíduos em causa e (ii) tal se justifique por razões, designadamente, de exequibilidade técnica e viabilidade económica e de proteção ambiental. Em conformidade com a lógica subjacente à hierarquia dos resíduos, promove-se o incentivo à recolha seletiva e a sua valorização por fluxos ou fileiras, bem como recurso às melhores tecnologias disponíveis com custos economicamente sustentáveis que permitam o prolongamento do ciclo de vida dos materiais através da sua valorização. Ainda no âmbito do princípio da hierarquia dos resíduos, fixam-se as metas a alcançar até 2020: (i) um aumento mínimo global para 50% em peso relativamente à preparação para reutilização e a reciclagem de resíduos urbanos, e (ii) um aumento mínimo para 70% em peso relativamente à preparação para reutilização, a reciclagem e outras formas de valorização material. Para atingir estas metas e assegurar a pre-

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O Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, recentemente publicado e já em vigor, procedeu à revisão do regime geral da gestão de resíduos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, assegurando a transposição para a ordem jurídica interna da Diretiva 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, relativa aos resíduos.

servação dos recursos naturais e a promoção da valorização dos resíduos, prevê-se a obrigatoriedade da utilização de, pelo menos, 5% de materiais reciclados em empreitadas de obras públicas. Em sede de planeamento da gestão de resíduos, passa a exigir-se a elaboração de programas de prevenção de resíduos, até 12 de dezembro de 2013, com metas temporais para a preparação para a reutilização e a reciclagem. No que concerne às normas técnicas das atividades de tratamento de resíduos, destacase, a introdução, no âmbito do transporte de resíduos, da guia de acompanhamento de resíduos eletrónica (eGAR) que permitirá tornar mais fiável o sistema de acompanhamento de transporte de resíduos, simplificando o procedimento de registo e controlo da informação relativa a esta atividade. São, também, desenvolvidas normas técnicas relativas aos resíduos perigosos, aos CIRVER, à gestão dos óleos usados e à colocação de composto no mercado. Quanto aos resíduos perigosos, clarificam-se as disposições relativas ao tratamento de resíduos constantes da Diretiva n.º 91/689/CEE do Conselho, de 12 de dezembro de 1991, designadamente, quanto a operações de mistura. Em relação aos óleos usados, são atualizados os objetivos nacionais para a sua gestão, com metas mais ambiciosas, e destaque para a prioridade atribuída à sua regeneração. Para além da referida alteração aos objetivos e metas, o diploma procede, ainda, à alteração do regime jurídico da gestão de óleos usados, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de julho, consagrando a responsabilidade dos produtores de óleos usados pelo encaminhamento dos mesmos para o circuito de gestão dos óleos usados. Relativamente ao composto, estabelece-


Legislação - Gestão e Economia

se um conjunto de normas para a sua livre comercialização para valorização agrícola e procede-se à alteração do Decreto-Lei n.º 190/2004, de 17 de agosto. O diploma traz, também, novidades ao nível do licenciamento das atividades de tratamento de resíduos, com a adoção de medidas de simplificação administrativa, a isenção de licenciamento um conjunto de atividades específicas de valorização de resíduos e a concretização do conteúdo mínimo das normas técnicas necessárias para que outras atividades possam também vir a beneficiar dessa isenção. Em matéria de licenciamento simplificado, é integrada, no respetivo procedimento, uma etapa de avaliação da compatibilidade com os instrumentos de gestão territorial e com as servidões administrativas e restrições de utilidade pública aplicáveis. Neste sentido, introduz-se um mecanismo de controlo póslicenciamento, numa ótica de proteção do ambiente e da saúde pública, com ganhos de eficiência e maior celeridade no licenciamento de atividades de tratamento de resíduos. É, ainda, revisto e melhorado o procedimento de articulação entre as atividades de tratamento de resíduos com regimes específicos de licenciamento, nomeadamente o regime de avaliação de impacte ambiental (DecretoLei n.º 69/2000, de 3 de maio), o regime de prevenção e controlo integrados da poluição (Decreto-Lei n.º 173/2008, de 26 de agosto),

o regime jurídico da urbanização e edificação (Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro), o regime da utilização dos recursos hídricos (Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de maio e Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro) e o regime do exercício da atividade pecuária (Decreto-Lei n.º 214/2008, de 10 de novembro). Outra das principais novidades deste diploma consiste na introdução de um capítulo (IV), no Título II, dedicado aos subprodutos e ao fim do estatuto de resíduo. Estabelecemse os critérios e requisitos para que quaisquer substâncias ou objetos sejam considerados subprodutos e não resíduos, bem como os critérios para que determinados resíduos deixem de ter o estatuto de resíduo, em benefício dos operadores económicos, e da economia em geral, permitindo novas formas (simplificadas) de aproveitamento das substâncias, objetos ou produtos em causa. O âmbito do mercado organizado de resíduos, é, assim, alargado aos subprodutos, materiais reciclados e resíduos perigosos – com a consequente alteração do n.º 2 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 210/2009, de 3 de setembro – conferindo-lhe uma maior versatilidade e potenciando a valorização de outro tipo de resíduos. No que respeita ao sistema integrado de registo eletrónico de resíduos (SIRER), integrado no Sistema Integrado de Registo da Agência Portuguesa do Ambiente (SIRAPA), este passa a permitir “o registo e o armazenamento

de dados relativos a produção e gestão de resíduos e a produtos colocados no mercado abrangidos por legislação relativa a fluxos específicos de resíduos, bem como a transmissão e consulta de informação sobre a matéria”. Por último, o diploma estabelece um regime transitório para a regularização de instalações cuja localização, à data de entrada em vigor do decreto-lei, esteja desconforme com os instrumentos de gestão territorial aplicáveis. Nestas situações, os operadores de gestão de resíduos dispõem de seis meses para apresentar um requerimento à entidade licenciadora, solicitando a regularização da situação, o que implicará a constituição de um grupo de trabalho composto por um representante da CCDR, da câmara municipal e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) – nos casos em que esta seja a entidade licenciadora – que irá emitir parecer sobre a possibilidade de regularização, cabendo a decisão final à APA. Espera-se que a recente revisão do quadro legal dos resíduos possa contribuir para uma efetiva prevenção da produção de resíduos com ganhos evidentes, em termos ambientais (por via da sua reutilização e reciclagem) e em termos económicos (através da dinamização do mercado organizado de resíduos). Estão, certamente, criadas condições para o surgimento de novas oportunidades de negócio para os operadores económicos e todos demais intervenientes no ciclo de vida dos diversos produtos, materiais ou substâncias.

Seminário Sistemas de Gestão Ambiental e Responsabilidade Ambiental Decorreu no início de junho, em Aveiro, o Seminário Sistemas de Gestão Ambiental e Responsabilidade Ambiental. Dando especial enfoque ao tema da Responsabilidade Ambiental, o evento, organizado pela AcademiaVLM, contou com importantes oradores e com mais de 100 participantes. As recentes atualizações de legislação sobre a Responsabilidade Ambiental e as implicações decorrentes em organizações certificadas ambientalmente pela norma ISO 14001 foram dos assuntos que mais chamaram a atenção do público. Ao mesmo tempo, contou-se com apresentações sobre mecanismos financeiros e ferramentas disponíveis para apoiar a gestão e controlo ambiental nas organizações. O seminário teve a intervenção dos seguintes oradores: APA - Agência Portuguesa do Ambiente, IDAD - Instituto do Desenvolvimento e Ambiente, Marsh Portugal e VLM Consultores; bem como do testemunho da PT Inovação - empresa certificada a nível ambiental; e por fim, encerrou com o debate em mesa redonda sobre Sistemas de Gestão Ambiental, na perspetiva das principais entidades certificadores: APCER, BV, EIC, SGS e TÜV. www.seminarioambiente.academiavlm.pt

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Alterações Climáticas e Conservação da Natureza

Mercado de Carbono em discussão na Carbon Expo Cinco anos depois da criação do Mercado de Carbono e a um ano de encerrar o primeiro ciclo de funcionamento, surge a necessidade de discutir os seus resultados. Isto foi o que aconteceu na Carbon Expo, que decorreu de 1 a 3 de junho em Barcelona. Mais do que salão de produtos e entidades que actuam no sector, estiveram em destaque as conferências que tiveram lugar e que foram muito importantes para questionar os caminhos tomados e os objetivos traçados no que toca ao mercado de licenças de emissão de carbono.

Recentemente, a Agência Internacional de Energia afirmou que em 2010 se atingiu o maior valor de sempre de emissões de CO2 para a atmosfera. Depois de uma queda registada em 2009, causada pela crise financeira global, as emissões subiram para um recorde de 30,6 gigatoneladas (Gt), um salto de cinco por cento em relação ao ano anterior recorde em 2008, quando as emissões atingiram 29,3 Gt. Na Mesa Redonda “From carbon finance to climate finance – Are we getting there?”, que contou com a presença de especialistas neste tema, tais como, Andrew Steer do Banco Mundial, Christiana Figueres da ONU, Arturo Gonzalo da Repsol, entre outros, as perspe-

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tivas não foram nada animadoras, podendo considerar-se as previsões dos oradores bastante alarmistas. Uma das críticas apontadas foi o facto de uns países estarem a trabalhar no sentido de reduzirem as suas emissões mas outro nem por isso. Andrew Steer utilizou uma metáfora, comparando o mercado de carbono com o campeonato europeu de futebol e equipa da cidade. “Mais do que uma equipa com grandes estrelas, são precisas estrelas que funcionem muitíssimo bem em equipa.” De facto, na União Europeia conseguiu-se diminuir cerca de 85% das emissões entre 2008 e 2010, contudo, isso não é suficiente. Os especialistas defendem a necessidade de uma Mercado de Carbono Intercontinental no mercado global. Por outro lado, Christiana Figueres, levanta uma questão importante que tem a ver com o facto do Mercado de Carbono ou Mercado do Clima ainda ser algo muito recente e em que estamos no início, não sabendo ao certo os efeitos dos instrumentos que se estão a utilizar. Ou seja, será que no final vamos atingir os objetivos pretendidos de redução das emissões de CO2, diminuição de temperatura e diminuir os efeitos das alterações climáticas? Além disso, Christiana Figueres lembra também que há um setor muito importante, que é um dos responsáveis por grande parte das emissões de CO2 que não é contemplado no Mercado de Carbono, isto é, os Transportes.

Depois de Copenhaga e Cancún prepara-se Durban As Conferências Para as Mudanças Climáticas das Nações Unidas são sempre pontos de encontro de relevo e de onde acabam por sair acordos mundiais muito importante do ponto de vista do clima e do ambiente. Apesar de

muitos considerarem a cimeira de Copenhaga um fracasso, Christiana Figueres discorda, afirmando que “foi essencial para construir as bases para que Cancún fosse um sucesso.” Em Cancún ficou acordado que se iria limitar o aumento do aquecimento global a 2ºC, mas a representante da ONU defende que este valor não chega, acreditando que se deverá ter um objetivo de 1,5ºC.

Pós-2012 Christiana Figueres e Andrew Steer mostraram-se muito preocupados com o futuro do clima mundial, dando perspetivas muito alarmistas da situação. O responsável da Banco Mundial refere que o mercado de carbono estabilizou mas as emissões não, muito pelo contrário, prevê-se que aumentem ainda mais se nada se fizer. Andrew Steer diz que as consequências vão se fazer sentir rapidamente, por exemplo: com o crescimento rápido dos países emergentes está previsto que em 2030 se aumente o consumo de combustíves fósseis para 74%; o nível das águas do mar vai subir 1 metro nos próximos 70 anos e cerca de 300 000 pessoas vivem abaixo desse nível; acontecimentos climático extremos vão ocorrer com mais frequência. Os especialistas defendem que é preciso fazer mais, o mercado de carbono não basta. “O progresso não pode ser medido pelo mercado de carbono mas sim pela qualidade de vida das pessoas. O mercado de carbono é apenas uma ferramenta, um meio e não um fim,” diz Christiana Figueres. Andrew Steer sublinha que é urgente apostar em tecnologias verdes para a sequestração de carbono. Incluir os setores dos Transportes e a Agricultura no mercado de licenças de emissões de carbono é primordial. www.carbonexpo.com


Resíduos

Reciclagem de água nos comboios da CP Apesar de não ser uma técnica inovadora, não é muito usual uma empresa de transportes recorrer a um sistema de reciclagem de água. A CP já há algum tempo que implementou nas estações de Santa Apolónia (2007) e no Parque de Material do Algueirão (2009), um sistema de reciclagem da água dos pórticos de lavagem exterior de material circulante. O sistema de lavagem dos pórticos permite uma operação automática e autónoma e é formado por: – uma zona de pré-lavagem constituída por um arco de arrefecimento e arcos de aplicação de produtos de lavagem; – uma zona de lavagem constituída por arcos e escovas de lavagem, finalizando com um arco de enxaguamento com água descalcificada; descalcificador; – contadores para monitorização de consumos (água, eletricidade e produtos de lavagem); – sistema de tratamento e recuperação de

água, que permite a reutilização de 70% da água. As zonas de pré-lavagem e de lavagem estão impermeabilizadas, permitindo a recolha de água em circuito fechado para posterior tratamento O processo desenvolve-se através de filtração, decantação de resíduos e oxigenação de água provenientes do sistema automático de lavagem. É constituído por: 4 Tanques separadores individuais; cilindro de aço com camadas internas de areia de quartzo, que retém as impurezas sólidas contidas na água servida; um cilindro de aço com camadas internas de carvão ativado, para absorção dos tensioativos provenientes dos produtos químicos; linha de oxigenação responsável pela emissão de ar nas caixas de água reciclada, para dificultar a formação de odores; De acordo com a CP, os produtos químicos utilizados são ecológicos e compatíveis com o sistema de reciclagem física.

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Lisboa Santa Apolónia Veículos limpos/dia – 100 Consumo água/dia/veículo – 0,1m3 Valor referência sem reciclador/veículo – 0,35 m3/dia Poupança m3/dia – 25m3 Algueirão Veículos limpos/dia – 40 Consumo água/dia/veículo – 0,1m3 Valor referência sem reciclador/veículo – 0,35 m3/dia Poupança m3/dia – 10m3

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Projeto UrbanBiogas O desenvolvimento e promoção de novas soluções de valorização de resíduos urbanos para produção de biogás, injeção na rede de gás natural e utilização como combustível para transportes são os principais objetivos do UrbanBiogas. Este projeto europeu que surgiu no âmbito do programa Intelligent Energy Europe, reúne 5 cidades-piloto europeias, tentando integrar a produção de biometano no mercado da energia e cativar outras regiões para a produção deste vetor energético renovável. Uma das principais metas do projeto é contribuir para que em 2020, 70% dos atuais resíduos orgânicos urbanos inexplorados tenham valorização energética. O município de Abrantes, em parceria com a empresa IrRADIARE, representam Portugal no projeto UrbanBiogas. As cinco cidades-piloto europeias - Zagreb (Croácia), Rzeszów (Polónia), Abrantes (Portugal), Graz (Áustria) e a Região Norte de Vidzeme incluindo a cidade de Valmiera (Letónia)- vão ser preparadas para a produção de biometano a partir de resíduos sólidos urbanos. Cada cidade conta com diferentes parceiros tecnológicos, como o WIP, que lidera, o Instituto FRAUNHOFER de Kässel (Alemanha), a Ekodoma (da Letónia), o EIHP (da Croácia) e a IrRADIARE Science for evolution (de Portugal). O gás que conseguirem produzir pode ser destinado para alimentar a rede de gás natural ou então para transportes. Para além das cidades participantes o projeto é apoiado por associações sectoriais e sistemas de gestão de resíduos tais como o GEA (Austria), a PBA (Polónia) e o ZAAO (Letónia). A IrRADIARE disse, em declarações à IA, que acredita que “o envolvimento direto das cidades-piloto irá estimular a adesão de outras áreas urbanas europeias ao conceito de “WtB - Waste-to-Biomethane”, isto é, Resíduos-para-biometano.”

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PESSOAS E EMPRESAS

José Eduardo Barroso Cofundador e administrador da E.Value

“O CELE é o maior e o mais dinâmico mercado de carbono a nível mundial” O carbono é a sua área de atividade fundamental, tendo base na engenharia do ambiente e um passado ligado ao setor energético. Defensor do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), Eduardo Barroso acredita na sua continuação depois de 2020, contudo, chama a atenção para a necessidade um acordo global efetivo. Agir a tempo, sem medo de tomar decisões, é a posição de Eduardo Barroso relativamente ao combate às alterações climáticas e ao mercado de carbono. Diga-me o que faz... Licenciei-me em Engenharia do Ambiente, fui cofundador da Associação Portuguesa de Engenheiros do Ambiente e desempenhei o cargo de vice-presidente da Associação Portuguesa de Avaliação de Impactes (APAI), no biénio 2003-2004. Entre 1999 e 2002, fui adjunto do Gabinete do Secretário de Estado do Ambiente. Até 2004 integrei o Gabinete de Ambiente da EDP – Energias de Portugal, S.A. Sou cofundador e administrador da E.Value. Atualmente, sou responsável pela unidade Políticas Públicas & Mercados Regulados de Carbono da E.Value, onde coordeno vários projetos associados à implementação da Diretiva Comércio de Emissões em Portugal junto da Autoridade Nacional Competente (APA). Na área da energia, desenvolvi um conjunto de estudos associados à arquitetura tarifária da energia elétrica, nomeadamente quanto ao impacto das energias renováveis e da cogeração nas tarifas de venda de energia elétrica a clientes finais. Europa em destaque O Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) é o maior e o mais dinâmico mercado de carbono a nível mundial e, seguramente, o melhor exemplo de um sistema de “cap & trade” a funcionar em larga escala. A participação de mais de 10.000 instalações a nível europeu, a que se deve adicionar o conjunto dos operadores aéreos que utilizam os aeroportos europeus, transforma o CELE num enorme sistema que movimenta milhares de milhões de Euros associados à emissão anual de mais de 2 mil milhões de toneladas de CO2 e que envolve um conjunto muito alargado de agentes, reguladores, verificadores, intermediários financeiros,

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consultores, etc.. Outros mercados regionais, como o RGGI (Costa Leste dos Estados Unidos), o do Estado da Califórnia ou o da Nova Zelândia, funcionam em bases semelhantes, mas com dimensões e graus de sofisticação menos relevantes. O que o preocupa? O CELE foi um instrumento que nasceu na sequência dos compromissos assumidos pela União Europeia no contexto do Protocolo de Quioto. Hoje o CELE tem um horizonte de funcionamento que vai para além do ano 2020, de forma independente em relação à existência ou grau de ambição de um qualquer acordo internacional que venha a suceder ao Protocolo de Quioto. O CELE, contudo, não pode atingir objetivos globais a partir de uma base de incidência regional. Para tal é fundamental que seja atingido um acordo global que, na esteira do que foi assumido em Quioto, estabeleça objetivos, metas, quadros de interação e de responsabilidade entre várias regiões e Estados e, não menos importante, que defina um quadro de cumprimento rigoroso e integro. A caminho da Cimeira de Durban, no final deste ano, e após duas Cimeiras do Clima dececionantes (Copenhaga e Cancun), a expectativa é muito baixa. O mundo está a perder um tempo precioso para agir. O custa da não-ação é demasiado pesado. Perspetivas futuras Acredito que a utilização de instrumentos de mercado é fundamental na estruturação de uma estratégia de redução de emissões de gases com efeito de estufa. Por todo o lado, mesmo nas economias emergentes, o ambiente tornou-se num ativo que as empresas

a utilização de instrumentos de mercado é fundamental na estruturação de uma estratégia de redução de emissões

e as economias não podem negligenciar. Quer como elemento de um plano de ação no quadro meramente ambiental, quer sobretudo como fator intrínseco de competitividade. A economia de carbono em que já vivemos, com a emergência dos mercados de carbono, com o desenvolvimento muito acelerado das novas energias de matriz renovável, associada às preocupações com a preservação de ecossistemas e da biodiversidade, com o estabelecimento de instrumentos de cariz financeiro, onde se enquadra o regime europeu de Responsabilidade Ambiental, por exemplo, criou um movimento que me parece não passível de ser posto em causa. A opinião pública mundial (vide as reações a propósito do acidente nuclear no Japão) continua motivada para as questões da sustentabilidade do nosso ecossistema global, apesar da grave crise europeia e internacional em curso, e criará a pressão necessária sobre decisores políticos para a tomada de decisões. A questão dos timings de decisão é no entanto muito importante: o relógio não para e o tempo de agir de forma útil está-se a esgotar.


PESSOAS E EMPRESAS

Instalação, gestão e manutenção de instalações de águas B.I. TEKBOX Nascimento 2000 Localização Corroios, Seixal Foco Serviços técnicos ambientais, especializada no mercado das águas Equipa Engenheiros e técnicos multidisciplinares e especializados

A TEKBOX – water engineering tem trabalhado em várias frentes de negócio, justamente para mitigar o risco e aumentar a oferta junto dos seus clientes. Esta empresa, que começou por ser tradicionalmente uma empresa de manutenção, há muito que largou essa categoria e hoje apresenta-se no mercado como uma empresa que atua em toda a cadeia de valor da água. Nos dias de incerteza que se vivem hoje, todas as organizações em Portugal e pela Europa fora se preocupam com as despesas fixas, que estão a ser objeto de redução e de renegociação. Por um lado tem-se a pressão do custo dos combustíveis e das matériasprimas em geral, por outro, também as organizações procuram reduzir a sua fatura fixa no final do mês. No final do dia, o que realmente conta é a poupança conseguida: em dinheiro, em água, em energia. Quem está sujeito à concorrência do mercado está hoje numa camisa de sete varas, pois sofre pressões do lado da venda e do lado da compra. O grande desafio dos dias de hoje é conseguir vender e prestar serviço sem necessariamente perder margem, que era onde o raciocínio anterior nos levava. As transações comerciais hoje não podem ser unívocas, é importante por isso estabelecer laços de confiança com os Clientes e fazer das necessidades oportunidades reais de negócio sustentado para ambos. Para isso contribui uma abordagem customizada em cada cliente, mas obriga às organizações a desenvolverem-se de uma forma multidimensional, inovando constantemente.

A FERTAGUS tem uma organização especializada a acompanhar o assunto da gestão da água

Uma experiência de sucesso Relata-se a experiência efetuada com a FERTAGUS, S.A. onde a TEKBOX começou por prestar consultoria no licenciamento de descarga de águas residuais, seguidamente passou à exploração e manutenção da ETARI e ETA, com visitas regulares de manutenção, recolhendo amostras de água e monitorizando a qualidade e eficiência do tratamento. Entretanto, foram já realizados estudos e obras de instalação de novas redes e de melhorias várias na ETA, ETARI e em todas as redes de água da instalação industrial otimizando o consumo de água: minimizando fugas, contabilizando volumes consumidos, medindo consumos energéticos de eletrobombas de captação e

distribuição, reciclando água para lavagens. Neste serviço de sucesso contribuiu o facto da TEKBOX estar organizada em quatro áreas de negócio, embora todas fortemente relacionadas são também bastantes distintas, a saber: a Engenharia, a Manutenção e Exploração, a Instalação/Obra e a Venda de produtos de poupança e tratamento de águas. Mas nada teria sido possível se a FERTAGUS não tivesse apostado numa relação comercial duradoura e se não tivesse depositado muita confiança no seu prestador de serviços. Julga-se hoje que, quer a TEKBOX, quer a FERTAGUS saíram fortemente beneficiadas desta relação forte e continuada, pois, se por um lado uma acaba por prestar uma panóplia de serviços mais alargada com incorporação de materiais e equipamentos. Por outro lado, a outra sai também fortemente beneficiada, pois tem uma organização especializada a acompanhar o assunto da gestão da água há já alguns anos, ganha poder negocial sobre o prestador, pois não adjudica um serviço pontual, dando margem também ao prestador (como foi o caso) de fazer algum investimento na relação comercial e efetuar testes e ensaios de novas soluções sem custos adicionais para o cliente.

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PESSOAS E EMPRESAS

Alternativa “verde” no tratamento físico-químico de águas residuais de processo e consumo B.I. Grove Advanced Chemicals (Portugal) S.A. e Grove Advanced Chemicals (España) S.L. Nascimento janeiro de 2009 Localização Portugal, Espanha e Angola Foco Distribuição, comercialização e implementação de produtos da gama FLOX (coagulantes orgânicos de origem vegetal) Equipa Nove colaboradores (áreas Comercial, Técnica, Qualidade e Financeira)

De Acácia para Grove A mudança de nome e imagem surge no seguimento do crescimento da empresa para novos mercados e segmentos onde o nome “Acácia Química” não é facilmente pronunciável. A presença no mercado espanhol com a Grove Advanced Chemicals (España) S.L. e com escritórios em Madrid e Barcelona, e no curto prazo em outros países, está simbolizada na transformação de uma única árvore (Acácia) num bosque (Grove). Mercado nacional mas de olhos postos no exterior A aposta centra-se na fidelização dos clientes e crescimento no mercado nacional, mas continuando a investir nos mercados externos que tão bons resultados têm trazido à empresa. Em qualquer tipo de ação, a filosofia da Grove é ser muito mais do que um vendedor de produtos químicos, prestando um serviço de acompanhamento regular, nas ETA ou ETAR, desde o revamping total até ao simples serviço de controlo analítico. Dado o negócio estar a crescer tanto geograficamente como em volume, vão encontrando novos parceiros que os acompanham na caminhada, tentando sempre que um elemento da Grove esteja presente em todas as ações. Inovação Coagulantes orgânicos vegetais. Tratar uma água poluída com um produto poluente parece incorreto, mas é pratica comum. A Grove propõe a utilização de um produto ecologicamente correto, um coagulante orgânico vegetal, que não altera a alcalinidade do meio, que trabalha numa ampla faixa de pH, evitando o uso de bases ou ácidos e reduzindo o risco dos operadores. Os tratamentos fisico-químico e biológico ou sistemas de membranas a jusante também não são negativamente empactados pelo Flox, que não altera a condutividade da água nem adiciona sais metálicos aos processos.

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Das águas de processo para as águas de consumo Têm vindo a realizar um trabalho conjunto desde setembro do ano passado com uma ETA municipal em que testaram o Flox em várias condições de turbidez e pH, com excelentes resultados. Uma vez mais, anulou-se a adição de ácido e floculante e não se acrescentou às lamas geradas qualquer tipo de contaminante. Economicamente, a solução é bastante competitiva. Embora o produto seja usado neste tipo de tratamento há vários anos e esteja certificado pelo N.S.F. (braço do F.D.A.) , esta certificação não é reconhecida na Europa. A Grove está a desenvolver esforços para que em breve possam ultrapassar este obstáculo, caso contrário irão aguardar pela inclusão do produto no REACH em 2013, no qual já têm o pré-registo. Novos horizontes A gama de produtos Flox tem vindo a crescer no sentido de ir de encontro de todos os nichos do mercado. Na maior parte dos casos é possível combinar um produto ecologicamente correto, sustentável e proveniente de fontes renováveis, com um custo final inferior comparativamente com os tratamentos convencionais, fator de enorme importância na conjuntura atual. A preocupação e respeito crescente pelo ambiente, a aceitação e o interesse que empresas e grupos têm em estar associadas a um ecoproduto, incentiva-os a explorar novos mercados. Até meados do próximo ano esperam estar presentes no exigente mercado Alemão, Bélgica e Itália. No final de 2013, contam estar em nove países.


eventos

ENEG 2011 Novos desafios para os serviços de águas Vai ter lugar de 22 a 24 de novembro, em Santarém, mais um Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento – ENEG 2011. O evento organizado pela Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA) acontece em cada 2 anos e tem como objetivo partilhar informação e conhecimentos de relevo no setor da água em Portugal. Este ano a Comissão Organizadora do ENEG 2011 – cujos trabalhos já se iniciaram – será presidida pelo Eng.º Ascenso Pires e integra a Dra. Marina Ladeiras, o Eng.º Arménio de Figueiredo, o Eng.º Pedro Clemente dos Reis, o Eng.º Nuno Vitorino, o Eng.º Nelson Geada (em representação do Conselho Diretivo da APDA), o Eng.º Paulo Rodrigues e a Eng.ª Ana Antão (Secretária-Técnica). No programa estão previstas as apresentações de comunicações, mesas redondas e um conjunto de outras iniciativas destinadas à análise e debate em torno dos principais temas que interessam ao setor das águas.

EMO Hannover 2011 Vai decorrer de 19 a 24 de Setembro em Hannover, na Alemanha, a EMO, uma das maiores feiras do ramo da metalurgia e metalomecânica da Europa. Estarão expostas empresas e fabricantes de máquinas-ferramentas das mais variadas áreas, desde alimentação, a habitação, a extração das matérias-primas até à geração de energia, entre outros. Durante a apresentação da Feira em Portugal que teve lugar no final de maio, no Porto, os responsáveis afirmaram que até ao momento estão confirmadas mais de 1900 empresas, oriundas de cerca de 46 países, estando já ocupados 165000 m2 de área útil da exposição. A última edição de EMO aconteceu em 2007, contou com 2.120 expositores e atraiu mais de 166 000 visitantes profissionais vindos de 81 países. Deste total de visitantes, 67% eram provenientes do ramo industrial. Registou-se um valor de 4 mil milhões de encomendas na EMO 2007. “Pay-off interessante, excelentes contactos, excelente organização”, caracteriza Jorge Ferreira da empresa Palbit, uma das expositoras portuguesas em 2007, que já garantiu a sua presença este ano. Sustentabilidade e eficiência energética São temas em destaque na EMO Hannover 2011. Segundo Wilfried Schäfer, diretor executivo da VWD (Associação Alemã das Máquinas-Ferramenta) há uma preocupação entre os fabricantes das máquinas-ferramentas de integrarem teccnologias ambientais direcionadas para a poupança de água, eficiência energética, obedecendo à Diretiva ECO. Além disto, será também organizado, a par da feira, nos dias 20 e 21 de maio, o Congresso “Produção Sustentável”, com palestrantes de empresas e universidades. www.emo-hannover.de

www.eneg2011.apda.pt

CALENDÁRIO DE EVENTOS Evento

Temática

Local

Data

Informações

WASTES Resíduos Braga Portugal

12 a 14 setembro 2011

CVR-Centro para a Valorização de Resíduos www.wastes2011.org

Feira de metalúrgica e metalomecânica Hannover EMO Hannover Alemanha

19 a 24 VDW setembro www.emo-hannover.de 2011

Água Porto Galinhas XIV Congresso Mundial da Água Brasil

25 a 29 setembro 2011

WRA www.worldwatercongress.com

Valorização de resíduos Seminário A Valorização Energética Gondomar de Resíduos Portugal

29 setembro 2011

LIPOR www.lipor.pt

Seminário Gestão da água Gestão da água Lisboa Portugal

29 setembro 2011

Apemeta http://apemeta.site.escritadigital.pt

Conferência Nacional sobre Sustentabilidade Sustentabilidade no sector do Turismo

28 a 30 outubro

APEA http://conferencias.apea.pt

ENEG 2011 Encontro nacional de entidades gestoras Santarém de água e saneamento Portugal

22 a 24 novembro 2011

APDA www.eneg2011.apda.pt

Pollutec Salão internacional de ambiente Paris França

29 novembro a 2 dezembro 2011

Reed Expositions www.pollutec.com

Évora Portugal 2011

As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.

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estante

Estratégia Oceano Verde A gestão ecológica é o grande tema deste livro, mais concretamente, pretende explicar como é que as empresas podem transformar a ameaça das alterações climáticas em oportunidades de negócio. Temas como as ameaças e oportunidades do ambiente, capitalismo e planeta saudável, colaboração das empresas com ONG para resolver problemas ambientais, são abordados nesta obra. Os autores defendem que o ambiente deve ser encarado como um negócio e apresentam 33 sugestões de ordem prática para uma gestão sustentável das empresas. Autores: Miguel Pina e Cunha, Arménio Rego, Helena Gonçalves e Susana Frazão Pinheiro · ISBN: 9789724743042 Editora: Texto Editores · N.º de páginas: 440 · Data de Edição: 2011 · Preço: 22,90 €

Biotecnologia, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Este livro aborda o conceito de desenvolvimento sustentável das Organizações no seu todo, potenciando processos de produção sustentáveis, baseados em aplicações biotecnológicas que visem, direta ou indiretamente, a otimização dos processos, a utilização responsável dos recursos naturais e a valorização e tratamento de resíduos e efluentes, como forma de assegurar a preservação do Ambiente. “O conceito de desenvolvimento sustentável refere-se à capacidade dos produtores e industriais dotarem a sociedade atual de bens e serviços que satisfaçam as suas necessidades, sem que fique comprometida a satisfação das necessidades das gerações futuras”, é referido no prefácio. Escrito por docentes e investigadores na área de intervenção da biotecnologia pretende ser uma referência nas várias áreas de intervenção ligadas ao desenvolvimento sustentável. Autores: Ana Isabel Ferraze Ana Cristina Rodrigues · ISBN: 9789728953812 · ISBN (e-Book): 9789728953805 Editora: Publindústria Edições Técnicas · N.º de páginas: 304 · Data de Edição: 2011 · Preço: 25,00 € · à venda em www.engebook.com

Portal online para PME do setor das renováveis

PUB.

www.energytic.eu

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O energytic.eu é uma iniciativa das PME do Norte de Portugal e da Galiza que surge no âmbito do projeto europeu ER-INNOVA e que tem como objetivo melhorar a competitividade das empresas através das TIC. O que se pretende com esta nova plataforma é, segundo os responsáveis, “dinamizar a cooperação entre as empresas do setor em projetos conjuntos de inovação e promover nessas empresas a implementação do comércio eletrónico.” No energytic.eu as empresas poderão encontrar informação sobre projetos de I+D+i no setor das renováveis, informação sobre financiamentos disponíveis para PME no que toca a I+D, um mercado virtual de bens e serviços, um sistema de faturação eletrónica, entre outros. O próximo passo será disponibilizar ferramentas 2.0 para facilitar e fomentar a comunicação entre os agentes registados.


opinião

O País, a Universidade, as Empresas e a Crise

Carlos Pedro Ferreira Diretor Geral Grupo Sondar

A

s Universidades por definição, são locais onde o ”saber” está instalado, onde os mais aptos intelectualmente deveriam estar a prestar serviço e a trabalhar na investigação científica e, por isso, deveriam ser o motor de desenvolvimento do País. Da investigação científica deveriam resultar de imediato produtos e serviços que sejam vistos pela população civil como úteis, aplicáveis e comercializáveis no mercado e, em plano paralelo, a investigação pura – graças a esta; o mundo avança. O objetivo deste artigo não é falar do papel da Investigação pura das Universidades, com resultados muito positivos, mas refletir sobre o que não se faz. Tendo em conta que Portugal pouco produz de valor acrescentado que faça a nossa economia crescer e que este problema não surgiu ontem, as Universidades poderiam e deveriam ter um papel crucial para a saída deste túnel em que nos encontramos. Embora a investigação possa envolver meios materiais avultados, tem que envolver maioritariamente Recursos Humanos de Exceção, ideias e projetos que façam com que os privados possam recorrer às Universidades pedindo-lhe produtos e serviços, e o contrário, as Universidades percebam o que a Sociedade Civil necessita. Chama-se saber vender ideias e rentabilizar os Recursos Humanos - o único valor efetivo dum País, que não se desvaloriza, nem sofre especulações dos mercados. Um criador de boas ideias faz sempre dinheiro, e um País que produza ideias e as saiba vender, é um País rico. Nem uma coisa nem outra. Existem várias razões: a primeira e muito direta, ainda ninguém viu para já o seu salário não chegar a tempo e horas, muito embora tenham cortado 10% a todos os funcionários públicos, incluindo as Universidades - que tenha conhecimento, não houve uma debandada para o privado. Este é um dos grandes problemas a discutir, o valor do salário, forma de avaliação de desempenho, e forma de o remunerar. A segunda prende-se com os modelos de avaliação dos financiamentos dos projetos de investigação. Parece que são muito complexos e que existem jogos de poder intrincados. No entanto, existe um “stress” comum em todos os “investigadores” que conheço e chama-se: “Eu tenho que publicar qualquer coisa”. Isto causa-me espécie, porque quem investiga, tem sempre muito para publicar e tem que se preocupar, não em arranjar o que escrever, mas onde cortar e resumir o que tem para escrever. Avalia-se ainda o valor de um “investigador” pelo número de artigos que publica e onde publica, sendo que como em tudo cá e lá fora, existem sempre formas de publicar mais e mais e fazer que outros não publiquem quase nada… Este modelo também tem que morrer, porque é potencialmente injusto e pode não valorizar quem tem valor. Mais justo seria, como era antigamente, onde os investigadores e/ou inventores arranjavam um mecenas que os patrocinava para que estes pudessem viver fazendo aquilo que sabiam. Podemos hoje voltar a este modelo. Grupos económicos podem pagar e financiar Universidades em função das inovações que estas produzam, ficando com os direitos e patentes das invenções e/ou inovações, e criarem-se núcleos de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico a sério - e não cheques inovação e ”inventados” nos últimos meses, que irão contribuir Zero para o desenvolvimento do País.

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opinião

A terceira prende-se com os recursos humanos existentes. Não há recursos de exceção. Está a reformar-se uma geração que não foi substituída

Destas quatro razões que apontei, tinha que resultar que, só por grande acaso, é que o País poderia estar bem e as empresas também.

por outra à altura, porque não soube aprender [não a deixaram], porque nos últimos 20 anos, entrou-se por um caminho perigoso

Não temos gente capaz e só gente capaz pode ter ideias

do facilitismo no ensino, que visou atirar-nos para lugares cimeiros

brilhantes, trabalhar com inteligência, ser empreendedora, ser capaz

na estatística da literacia e resultou nos milhares de analfabetos

de bater com a porta e ir embora. Quando terminei o curso fui fazer

funcionais com canudo - como se não se viesse a descobrir mais

o clássico da altura que foi “vender” aulas no liceu até arranjar um

cedo ou mais tarde a “fraude”, que nos atira para os lugares também

trabalho. Estávamos em 1996 e foi, do ponto de vista do “ócio”, o

cimeiros dos mais inaptos entre todos, como demonstram os

melhor ano da minha vida. Trabalhava 20 horas por semana, só

indicadores económicos, e pior, como indica a ausência de solução

de manhã, ganhava na altura cerca de 200 contos [1000 euros],

para o problema a não ser gastarmos menos. Não aprendemos a

em valores da época. Isto era um escândalo e nunca percebi os

pensar, e quem não sabe pensar não sabe trabalhar.

professores que se queixavam tanto, já na altura, da profissão,

Pertenço à geração que esteve no limite da transição do rigor para a bandalheira. Estávamos em 1988 e face aos maus resultados, numa disciplina base para a formação de gente capaz de vencer na vida, de toda uma Universidade, ia caindo o Carmo e a Trindade, e a Universidade cedeu e baixou a fasquia da dificuldade para que muitos pudessem avançar e no ano seguinte houvesse lugares sentados no anfiteatro onde decorria a disciplina. Este foi o primeiro erro e o início do fim.

dos meninos e do trabalho… hoje trabalho isso em dia e meio e não me queixo. Se acham que é demasiado trabalho e mal pago, porque não se vão embora? Depois fui trabalhar para um Instituto ligado a uma Universidade. Correu tudo muito bem, trabalhava muito porque gostava, porque era necessário, precisava de aprender, trabalhava 10 horas por dia, sem me queixar, nem a mim próprio, e quase todos os fins de semana lá estava eu, concentrado. Tarefa conseguida.

A quarta razão é o modelo de financiamento das Universidades,

Mas um ano e meio mais tarde era hora de sair. Porquê?

que não conheço em detalhe, mas não é preciso muito esforço para

Somente porque não concordava com quem mandava num conjunto

perceber que se uma Universidade recebe consoante o número de

de questões estratégicas do negócio. Não sei quem tinha razão, se

alunos que tem, aquelas onde o ensino seja mais simplificado, terão

eu ou ele, mas isso é irrelevante, tinha que sair, Eu, porque ele é que

mais sucesso.

era o “Patrão”.

Raras exceções aquelas que não baixaram a fasquia e agora

Quem não concorda com quem manda tem que sair, ser

são reconhecidas por todos como as que formam melhores alunos.

empreendedor, e não andar a chatear toda a gente com a sua

Neste modelo não se premeia a excelência, não vale a pena trabalhar

insatisfação.

porque os bons tiram 18 ou 19 com esforço, porque dar um dezanove

Se tivesse resistido a um ímpeto de querer mais, não mais

“custa” mesmo a um tipo muito bom, e os mais ou menos tiram

dinheiro, porque chegava, mas ao ímpeto de querer poder fazer mais

17, coisa que não custa nada a dar. Raramente aparece um aluno

e melhor, pelo menos à minha maneira, provavelmente ainda lá

excecional, mas a leitura das pautas levar-nos-ia a pensar que

estava e hoje seria um acomodado, que fazia do trabalho uma tarefa

estamos em presença de alunos superdotados, se essas mesmas

repetida, dia após dia, teria mais tempo livre, uma vida relaxada

pautas tivessem 20 anos.

e sem preocupações... até ontem, porque hoje há muita gente preocupada - e eu também, mas não pelas mesmas exatas razões - por não saberem o que fazer se lhes faltar o emprego, porque não fizeram mais e melhor, porque choraram por nada e agora choram e chamam por Deus, como se Ele pudesse salvar alguma coisa. E esta é a angústia. Termos tanta gente que não sabe o que anda a fazer, o que andou a fazer e o que pode fazer para resolver os problemas do País que temos. E se calhar temos as Universidades que merecemos, a investigação possível com a gente que formamos, onde para mim, e não sou totalmente analfabeto, tenho alguma dificuldade em vê-la ser eficaz, ou pelo menos visível para poder ser vendida e para que todos percebam porque a devemos financiar. Melhor que fazer coisas boas é vender coisas possíveis.

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