aviNews Brasil junho 2020

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avicultura.info

p. 26

LIDERANÇA COM

RESPONSABILIDADE

Tereza Cristina Correa da Costa Dias

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Conveniência Eficácia Performance

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07

Impacto dos diferentes Materiais de Cama na ocorrência de Pododermatite em Frangos de Corte Rodrigo Garófallo Garcia, Bruna Barreto Przybulinski, Deivid Kelly Barbosa e Maria Fernanda de Castro Burbarelli

15

Gerenciando com os Sentidos Eduardo Cervantes Lopes Eduardo Cervantes Lopes Consultoria Internacional Gerência Produtiva e Inovadora em Processamento de Aves

Universidade Federal da Grande Dourados

21

White striping e Wooden breast: Anormalidades no músculo peitoral de frangos de corte Ms. Vivian Aparecida Rios de Castilho, Profa. Dra. Claudia Marie Komiyama & Bruna Souza Eberhart

26

Liderança com Responsabilidade Tereza Cristina Correa da Costa Dias Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil

Universidade Federal da Grande Dourados

avicultura.info 1 aviNews Brasil Junho 2020


34

Pintinhos de qualidade nascem no incubatório: cuidados e acompanhamento que fazem a diferença Érica de Faria Melo

Coordenadora técnica de avicultura Boehringer Ingelheim Saúde Animal

Por que os ovos não

50

40 são contaminados por

Aspectos sobre a Utilização de Fibra em Dietas para Poedeiras Comerciais José Henrique Stringhini1, Imar Crisógno Fernandes Filho, Lucas Brito de Castro, Deibity Alves Cordeiro, Natiele Ferraz de Oliveira, Ana Flávia Basso Royer, Marcos Barcellos Café

Salmonela?

Sabrina Castilho Duarte & Eduardo Henrique Miranda Walter Pesquisadores da Embrapa

Universidade Federal da Grande Dourados

58

Enzimas Exógenas: uma Ferramenta na Manutenção da Saúde Intestinal de Frangos de Corte Dra. Cinthia Eyng

Pofessora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná

64

Efeito Prebiótico dos polissacarídeos: a vantagem em utilizar melhor a fibra dietética para monogástricos Alexandre Barbosa de Brito

Médico Veterinário, PhD. em Nutrição Animal da AB Vista

avicultura.info 2 aviNews Brasil Junho 2020


73

Melhoradores de desempenho naturais: Extratos Herbais na Produção Animal

81

Fabrizio Matté Consultor Técnico

Fabiano Fabri

Fabrizio Matté - Consultor Técnico VETANCO Brasil

89

Efeito do tipo de emulsão de Vacinas contra Salmonella no índice de fertilidade de aves reprodutoras de frango de corte Fabiano Fabri Technical and Marketing Manager at Hipra

Aplicação de análises quantitativas para Salmonella: Uma tendência tecnológica disruptiva na avaliação e gerenciamento de riscos? Simone Machado Médica Veterinária, DSc. Proprietária Food Safety & Regulatory Solutions

Direção Técnica

Dr. Gregorio Rosales MVZ, MS, PhD., DACPV

Eng. Eduardo Cervantes Consultor internacional de processamento avícola

Dr. Guillermo Díaz Arango

Zootecnista e Consultor Internacional em Nutrição e Produção de Poedeiras Comerciais


ADPAC: A FERRAMENTA QUE AUXILIA NO CONTROLE DAS MICOTOXINAS

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As micotoxinas podem trazer grandes prejuízos para a saúde e desempenho dos animais causando danos que podem afetar diretamente os resultados econômicos da produção! Como parte de uma eficiente estratégia para o gerenciamento de micotoxinas, está a utilização de adsorventes.

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INCOUIDADE PASSA A SER O FOCO DOS DEBATES

A

té a data de fechamento desta edição da aviNews Brasil, 10.694.288 pessoas (172.287 novos casos em 24 horas) foram registradas com COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus SARS-COV-2, e outras 516.210 pessoas morreram devido à doença no mundo. O novo coronavírus de 2019 foi identificado pela primeira vez na China. Segundo informações da OMS (Organização Mundial de Saúde), inicialmente ocorreu num grupo de pessoas com pneumonia, que tinham sido associadas com frutos do mar e mercado de animais vivos em Wuhan. Sabe-se que os coronavírus circulam em uma variedade de animais, podendo, às vezes saltar de animais para humanos, o que é chamado de transbordamento. Isso pode ocorrer devido a uma série de fatores, como mutações nos vírus, ou aumento do contato entre humanos e animais. Muito já foi dito sobre isso mas, por exemplo, o MERS-CoV é conhecido por ser transmitido a partir de camelos e o SARS-Cov por gatos Civeta. Ainda não se conhece o reservatório animal do novo coronavírus de 2019, porém, a pandemia tem mudado o foco das preocupações centrais no que se refere à produção de alimentos. As discussões, que até 2019 abordavam os desafios de como alimentar os cerca de 9 bilhões de seres humanos que deverão habitar o mundo em 2050 – talvez essa estatística também seja impactada pela pandemia do novo coronavírus – dão lugar hoje ao debate acerca da inocuidade dos alimentos.

EDITOR

O mundo deverá repensar como garantir a segurança dos alimentos, discutindo, inclusive, a manutenção, ou não, dos mercados molhados. O Brasil, como maior exportador mundial de carne de frango, entre outros alimentos, tem muito a ensinar a esse respeito. O fato de atender às rigorosas exigências sanitárias e legais de mais de 160 diferentes países do mundo, dá ao Brasil know how para liderar esse debate no mundo. E esse é o recado que a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, dá no artigo que ocupa a capa desta edição da aviNews Brasil. Nesta edição também buscamos proporcionar outras informações técnicas que importam ao debate atual. Não estivéssemos em isolamento social, esta edição circularia na Festa do Ovo de Bastos. Estamos todos em isolamento social, porém, não deixamos de buscar o apoio dos pesquisadores da Embrapa para trazer ao nosso público informações importantes sobre a importância da qualidade na produção de ovos. De março ao final do mês de junho pudemos contar com a parceria do médico veterinário Ariel Mendes, na curadoria técnica dos conteúdos da aviNews Brasil. Infelizmente, essa parceria não seguiu adiante, mas nós gostaríamos de deixar registrado nosso agradecimento público à confiança depositada por Ariel Mendes em nossa equipe. Sem dúvida alguma foi uma experiência muito importante de aprendizado para nós. Boa Leitura!

GRUPO DE COMUNICACIÓN AGRINEWS LLC PUBLICIDADE Luis Carrasco +34 605 09 05 13 lc@agrinews.es Karla Bordin +55 (19) 98177-2521 mktbr@grupoagrinews.com DIREÇÃO TÉCNICA Dr. Gregorio Rosales, MVZ, MS, PhD., DACPV

Eng. Eduardo Cervantes Consultor internacional de processamento de aves

Dr. Guillermo Díaz Arango Consultor técnico internacional em galinhas de postura

REDAÇÃO Priscila Beck José Luis Valls Osmayra Cabrera Daniela Morales COLABORADORES Winfridus Bakker Juan Carlos López Mike Czarick Dr. Susan Watkins Rodrigo Castillo Jorge Amado

Brian Jordan Ramiro Hernán Delgado Franco Douglas Waltman Douglas Zaviezo Víctor Naranjo

Tel: +34 93 115 44 15 info@grupoagrinews.com redacao@grupoagrinews.com www.avicultura.info Barcelona - Espanha Revista de distribuição gratuita DIRIGIDA A VETERINÁRIOS E TÉCNICOS

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5 aviNews Brasil Junho 2020



IMPACTO DOS DIFERENTES MATERIAIS DE CAMA NA OCORRÊNCIA DE PODODERMATITE EM FRANGOS DE CORTE

qualidade da cama

Rodrigo Garófallo Garcia¹ Bruna Barreto Przybulinski² Deivid Kelly Barbosa² Maria Fernanda de Castro Burbarelli³ ¹Docente da FCA (Faculdade de Ciências Agrárias) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados – MS) ²Doutorandas do Programa de Pós-graduação em Zootecnia da FCA da UFGD; ³Professora Visitante do Programa de Pós-graduação em Zootecnia da FCA da UFGD.

A

cama é um importante componente do ambiente onde as aves são criadas, pois é sobre ela que as aves permanecem

deitadas por mais de 80% do seu tempo. A demanda por material para compor a cama dos frangos de corte aumenta juntamente com a crescente produção do setor, sendo necessária a procura de materiais alternativos,

A qualidade da cama está intimamente relacionada com a escolha do material, pois são as características físico-químicas desse material que irão determinar sua eficiência dentro do aviário.

que atendam às necessidades dos animais e apresentem um custo baixo para o produtor.

7 aviNews Brasil Junho 2020 | Impacto dos diferentes materiais de cama na ocorrência de pododermatite em frangos de corte


Embora o foco da produção seja os índices zootécnicos, um dos desafios do avicultor é manter uma cama de qualidade do início ao fim do ciclo de produção da ave, já que a cama pode afetar:

Desempenho Bem-estar Saúde Qualidade da carcaça dos frangos.

PODODERMATITES CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS

O tipo, a quantidade e a qualidade do material utilizado como cama pode

Um material para ser determinado como cama, deve apresentar:

contribuir para o aparecimento de pododermatites, devido ao contato direto da ave com a cama (Cengiz et al. 2011).

Capacidade de absorção de umidade; qualidade da cama

Ser isolante térmico; e

A alta incidência de pododermatite

Minimizar o impacto do peso da

no lote é um indicativo de baixo

ave sobre o piso, proporcionando

desempenho e bem-estar das aves.

uma superfície mais macia e, assim,

Pododermatite é um critério de auditoria

melhorar as condições de bem-estar

nas avaliações de bem-estar dos sistemas

das aves (Mendes et al. 2004).

de produção de frangos de corte.

Além disso, deve: Apresentar na sua estrutura alto teor de lignina e celulose; Ter partículas de tamanho médio; Liberar com facilidade a umidade absorvida; e Possuir baixo custo (Dai Prá e Roll 2012).

Maravalha (fragmentos de madeira)

Isso porque essas lesões são uma fonte direta de dor e refletem muitos aspectos das condições de criação, sendo consideradas indicadores de bem-estar.

Palha de Arroz

Fatores como umidade, pH e temperatura da cama influenciam na emissão de amônia, favorecendo as lesões de patas.

8 aviNews Brasil Junho 2020 | Impacto dos diferentes materiais de cama na ocorrência de pododermatite em frangos de corte


MATERIAIS Maravalha

Materiais Alternativos

Dentre os materiais de cama para

Os materiais alternativos utilizados

frangos a maravalha é o principal,

como cama de frango normalmente são

utilizado mundialmente em virtude

subprodutos da agricultura e diminuem os

das suas propriedades. Entretanto,

custos do produtor, podendo ser utilizados

não há oferta suficiente de maravalha

desde que não afetem o desempenho

para suprir o setor avícola e outras

zootécnico do lote. Pode-se citar como

cadeias produtivas e energéticas,

exemplo a casca de oleaginosas, palha

aumentando o custo de produção.

de cereais, sabugo de milho triturado, resíduos de cana de açúcar e feno de

Casca de Arroz

gramíneas (Villagrá et al. 2014).

A casca de arroz embora seja um material comumente qualidade da cama

utilizado, depende da disponibilidade do produto, já que não há indústrias de beneficiamento de arroz em todas as localidades do nosso país, sendo restrita a determinadas regiões produtoras desse cereal.

CAMA E QUALIDADE DE PATAS DE FRANGOS DE CORTE Uma cama de boa qualidade, quando realizado o revolvimento durante o período de alojamento das aves e respeitado o tratamento entre o intervalo dos lotes, deve apresentar-se seca e solta, desde que não seja fonte de partículas para o ambiente, aumentando a poeira suspensa no ar. Em contrapartida, a cama úmida e compactada favorece a emissão de

O tipo de material afeta diretamente a absorção de umidade durante o período de criação dos frangos e isto ocorre pela característica físico-química do material escolhido (Toledo et al. 2019).

amônia, podendo-se avaliar a umidade

Além disso, os materiais se diferem

da cama pela forma de apresentação do

na sua umidade original antes de

material no aviário, ou pelas condições

serem dispostos no aviário, possuindo

de higiene das aves, já que em camas

tamanhos de partículas diferentes

mais úmidas as aves tendem a se

e capacidade de retenção de água

sujar mais (Macari e Maiorka 2017).

específicas de cada matéria-prima.

9 aviNews Brasil Junho 2020 | Impacto dos diferentes materiais de cama na ocorrência de pododermatite em frangos de corte


UMIDADE

ESTUDO

Przybulinski et al (2020 – dados não

Barbosa et al., (2020 – dados não publicados) avaliaram, semanalmente, os escores de pododermatite em frangos de corte de 21 a 42 dias de idade, submetendo as aves a diferentes materiais de cama, incluindo feno de gramíneas nos materiais convencionais, ou seja, maravalha e casca de arroz.

publicados) analisando diferentes materiais, concluiu que materiais que possuem tamanho de partículas menores (como a casca de arroz), têm maior capacidade de absorção de água e consequentemente apresentam maior umidade.

Os autores observaram que em todas as idades avaliadas houve interação significativa entre os tipos de cama e inclusão de feno de gramínea na avaliação de pododermatite.

Estes autores, avaliando uma alternativa, ao uso de materiais vegetais desidratados como o feno de gramínea para material

Nas avaliações iniciais foi possível evidenciar que camas compostas por feno de gramínea e maravalha proporcionaram menores escores de pododermatite, influenciando positivamente na manutenção da integridade das patas das aves até os 28 dias.

de cama, observaram que estes tendem a reter mais água, mesmo quando misturados a materiais como a maravalha maior a inclusão de gramínea na mistura, maior é a umidade do material.

Feno de gramínea

Maravalha

Cengiz et al. (2011), avaliando a umidade na cama de frango, constataram que a exposição precoce à cama com alta umidade pode aumentar a incidência e

Isso se deve:

a gravidade de lesões de pododermatite e que, se melhorada a qualidade

Ao peso dos animais não ser tão elevado nas fases iniciais Ao menor volume de excreta Por consequência, menor umidade e compactação na cama.

dessa cama, haveria uma diminuição no grau de severidade da lesão.

Já nos resultados observados a partir dessa idade, a inclusão de feno de gramíneas em ambos os materiais afetou negativamente os escores de pododermatite.

As lesões são classificadas da seguinte maneira:

(0) Nenhuma lesão

(1) Lesão em menos de 25% da pata

(2) Lesão entre 25 e 50% da pata

(3) Lesão em mais de 50% da pata (Martrenchar et al., 2002)

10

Forma Física

qualidade da cama

e a casca de arroz, sendo que, quanto

A forma física das partículas da cama também é importante, pois materiais que possuem bordas afiadas ou protuberantes podem causar irritações na pele com presença de vermelhidão, sendo que esta irritação pode ser considerada o início das lesões, que vão se agravando conforme as aves ganham peso e a cama vai ficando mais úmida.

Fonte: Barbosa et al, 2020.

aviNews Brasil Junho 2020 | Impacto dos diferentes materiais de cama na ocorrência de pododermatite em frangos de corte


ATENÇÃO! Conforme descrito por Toppel et al. (2019), a umidade, que aumenta com o tempo de permanência das aves sobre a cama, afeta negativamente a saúde dos pés. A umidade amolece e abre a matriz de colágeno da pele do coxim (Youssef et al., 2011), o que ativa o sistema imunológico e também favorece a assim a dermatite (Toppel et al., 2019).

A manutenção da cama durante o período em que as aves permanecem alojadas sobre a o material de cama é uma etapa crítica no processo de criação, que deve ter a devida atenção para controlar os calos de peito, nas patas e demais lesões.

Relacionando os fatores apresentados, podem influenciar consideravelmente a severidade da pododermatite: Barbosa et al (2020 – dados não publicados) observaram que em idades

Qualidade dos materiais utilizados

mais avançadas e, principalmente com a utilização de maiores inclusões de materiais alternativos como o feno de gramínea, as características da cama são

Maior teor de umidade da cama

comprometidas, e em conjunto com o peso das aves, que nesta fase é maior, torna mais susceptível a lesões no coxim plantar.

Crescimento e produção de excretas

11 aviNews Brasil Junho 2020 | Impacto dos diferentes materiais de cama na ocorrência de pododermatite em frangos de corte

qualidade da cama

proliferação de bactérias, acarretando


CONSIDERAÇÕES FINAIS Alguns materiais podem mostrar-se eficientes no início do período de alojamento. Porém com o acúmulo de excretas e umidade, estes materiais perdem suas características, podendo se tornar fator de queda de desempenho qualidade da cama

e bem-estar em frangos de corte. Desta forma, a escolha do material a ser utilizado como cama deve ser cautelosa, observando-se: As propriedades absortivas A capacidade de perder água para o ambiente Manutenção da umidade durante o período pelo qual a cama será utilizada.

Ainda, qualquer que seja o material escolhido como cama de frango, o mesmo deve ser manejado corretamente, de forma a ser capaz de controlar: Produção de pó e amônia; Nível de umidade Reduzir a incidência de problemas locomotores, lesões de coxim plantar e carcaça Promovendo o bem-estar das aves Além disso, o desempenho dos frangos pode ser influenciado pelo tipo de cama, em virtude do reduzido bemestar e da inatividade das aves em decorrência de pododermatites.

Impacto dos diferentes materiais de cama na ocorrência de pododermatite em frangos de corte

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12 aviNews Brasil Junho 2020 | Impacto dos diferentes materiais de cama na ocorrência de pododermatite em frangos de corte


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PROCESSAMENTO DE FRANGOS

GERENCIANDO COM OS

SENTIDOS processamento

Eduardo Cervantes López Consultoria Internacional - Gerência Produtiva e Inovadora em Processamento de Aves

O

processamento dos frangos é uma atividade relativamente rápida. Em menos de 30 minutos estão

processados e prontos para serem enviados à área de resfriamento com água, ou ar. É

por isso que os responsáveis por administrar as plantas devem desenvolver os hábiros de: observar, escutar, cheirar e tocar para ter uma retroalimentação detalhada sobre o desenvolvimento do processo em tempo real.

15 aviNews Brasil Junho 2020 | Processamento de frangos: gerenciando com os sentidos


Situações Cotidianas - Exemplos

OBSERVAR: Se os frangos se debatem uma vez pendurados ao transportador aéreo de abate. Consequências: Aumenta seu estresse, causa hemorragias, hematomas, fraturas etc. ESCUTAR: Nível de ruído no ambiente ventiladores, motores etc. Consequências: Nas áreas de espera e

processamento

pendura, provoca estresse nas aves. CHEIRAR: Para determinar se há processos de decomposição, devido a deficiências nas operações de limpeza e desinfecção dos frangos, equipamentos e instalações. Consequências: Afeta a qualidade sanitária dos frangos que estão sendo processados. TOCAR: os produtos em processamento para ter uma ideia aproximada sobre a temperatura superficial e sua textura.

Embora seja verdade que os sentidos estão funcionando permanentemente, avaliando o nosso entorno, recomenda-se priorizar as tarefas a desenvolver quando se está na planta supervisionando o processamento.

16 aviNews Brasil Junho 2020 | Processamento de frangos: gerenciando com os sentidos


Tudo isso é a adaptação de uma rotina que é aplicada durante a produção e terminação dos frangos. Esta habilidade é conseguida a partir da presença do Mapa Mental em cada uma das áreas da planta. Esta exigência se torna crítica quando se abate a velocidades de 1, 2, 3 frangos por segundo. Se não adotadas as ações pertinentes o quanto antes, as perdas em qualidade e rendimento são grandes, aumentando o custo do quilo da carne processada.

OUTRAS MENSAGENS QUE DEVE-SE IDENTIFICAR COM MAIOR EXATIDÃO. Com a ajuda de aparatos portáteis especiais

Este aspecto pontual afeta o nível de competitividade do produto no mercado.

de mediação, devese monitorar as temperaturas externa

Ações Gerenciais

processamento

e interna das aves em diferentes partes do

Para tirar o maior proveito de toda

processo:

informação coletada através dos sentidos é necessário por em execução o seguinte procedimento introspectivo: Quais mensagens estão sendo enviadas pelas situações detectadas?

Entrada à escaldadora no nível do peito. Saída da escladadora no mesmo lugar. Entrada primeira depenadeira -

Ocorrem à mesma hora, ou durante todo

idem.

o processsamento?

Saída da mesma e das outras máquinas.

Por qual razão estão ocorrendo? O que devo fazer agora? Tomar uma providência imediata, ou analisar um pouco mais para encontrar uma solução integral.

APARATOS DE CONTROLE Termômetros digitais de ponta Termômetro laser Termômetro - higrômetro de ambiente Luxômetro Medidor de ruído

17 aviNews Brasil Junho 2020 | Processamento de frangos: gerenciando com os sentidos


EQUIPAMENTOS – PONTOS CRÍTICOS A título de ilustração cita-se alguns aspectos muito importantes que devem ser monitorados em cada um dos seguintes equipamentos. Transportador Aéreo de Abate. Todos os ganchos devem estar com frangos. Suas patas devem ser presas adequadamente na parte inferior dos mesmos. Motivo: Impedir que caiam durante as diferentes operações.

Se não se retira o máximo proveito desta valiosa informação estatística

Aturdidor: O pré-choque deve

para monitorar os rendimentos integrais

ser evitado para que os

dos frangos processados, sua coleta

frangos não se debatam

processamento

Gerência Comparativa da Base de Dados

se traduz em uma lamentável perda

intensamente e

de tempo. O grave é o efeito

adormeçam.

desmotivante nos que participaram

Objetivo: Reduzir riscos que possam maltratar as asas e ocasionar hematomas e

da sua obtenção. Por essa razão, descreve-se as seguintes atividades que devem ser postas em prática:

hemorragias no peito. Além disso,

COLETA: Obter os dados exigidos e fazer

alcançar efetividade de 100% nesta

os cálculos para estabelecer os resultados

operação.

correspondentes, que sirvam como ponto

Escaldadora: Os frangos devem

de referência.

entrar completamente mortos. Se esta

ANÁLISE: Comparar os dados com os

condição não for atendida, morrerão

parâmetros de gestão, para determinar

por afogamento. Sua coloração se

se estão dentro deles. Se por alguma

avermelha depois de depenado.

razão desconhece-se estes importantes

Os animais devem ser deslocados

valores, os resultados dos lotes

completamente submersos. A

anteriores da mesma granja, serão

turbulência da água deve ser uniforme

os pontos de referência para concluir

dentro do tanque.

se: melhoraram, pioraram, ou se são

Depenadeiras: Remover mais de 95%

similares.

das penas, com um ajuste suave dos

IMPLEMENTAÇÕES: Preparar as melhoras

dedos sobre os frangos. Assim, diminui-

que devem ser realizadas. Definir tempos

se os problemas de rasgos na pele e

de execução, orçamentos e resultados a

deslocamentos de asas.

se alcançar.

18 aviNews Brasil Junho 2020 | Processamento de frangos: gerenciando com os sentidos


Parâmetros de Gestão São um conjunto de dados estabelecidos para avaliar as operações de um processo. Estes valores são pontos de referência, que podem assemelhar-se ao GUINESS RECORDS. Em qualquer momento são superados, resultado dessa busca contínua do ser humano em ser cada vez melhor. A título de referência relaciona-se o

Em resumo, para desenvolver uma gerência efetiva, utilizando os SENTIDOS como ferramenta natural de trabalho, deve-se conhecer os seguintes aspectos básicos:

Frangos afogados (mortos) detectados no momento de tirar os frangos das

Administração Matéria prima: Frangos

processamento

seguinte:

Anatomia

gaiolas e/ou caixas:

Fisiologia

Clima quente: 0,05% - 0,1%

Entorno Ambiental

Clima frio: Menor de 0,05%

Ambiente Operacional

Condenações (segundas): 0,1% sobre o total de frangos processados. Desperdícios (partes caídas no chão durante o corte e/ou desossa): Menor que 0,005% sobre o total dos quilos processados nestas operações. Rendimento seco da carcaça sem pescoço e patas, deixando a gordura abdominal: 74% Rendimento dos penduradores de frangos vivos no transportador aéreo e abate, tirando-os das gaiolas: 1800 frangos/hora - trabalhador. Frangos mal sangrados (vermelhos): 0,03% sobre o total dos frangos processados.

Processamento de frangos: gerenciando com os sentidos

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19 aviNews Brasil Junho 2020 | Processamento de frangos: gerenciando com os sentidos



WHITE STRIPING E WOODEN BREAST

ANORMALIDADES NO MÚSCULO PEITORAL DE FRANGOS DE CORTE

Ms. Vivian Aparecida Rios de Castilho, 2Profa. Dra. Claudia Marie Komiyama & 3Bruna Souza Eberhart

1

Zootecnista, Mestre e Doutoranda em Zootecnia na UFGD (Dourados/MS). Desenvolve pesquisas com ênfase em miopatias peitorais em frangos de corte. Médica Veterinária, Professora Associada I do Curso de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias da UFGD. Desenvolve pesquisas com ênfase em nutrição de aves e qualidade da carne de frangos de corte. 3 Médica Veterinária, Mestranda em Zootecnia na UFGD (Dourados/MS). 1 2

frangos

A

s anormalidades musculares são causadas por uma disfunção celular ocasionada pelo rápido crescimento e desenvolvimento do músculo, que sobrecarrega os mecanismos reguladores e leva ao aparecimento de anormalidades espontâneas, ou idiopáticas (miopatias) (Mitchell, 1999). As miopatias peitorais que acometem frangos de corte geralmente são descobertas após o abate, pois nenhum problema de crescimento e/ou problemas de saúde são detectáveis ante-mortem.

De acordo com Bilgili (2016), os músculos peitorais podem exibir alterações localizadas, ou difusas na qualidade sensorial (cor e textura), mas nunca na segurança do produto por não existir nenhuma evidência de contaminação bacteriana ou viral.

21 aviNews Brasil Junho 2020 | Anormalidades no músculo peitoral de frangos de corte


1

Miopatias degenerativas

2

Exemplos de miopatias degenerativas bem definidas em frangos de corte incluem: Estriação branca (White striping) Peito amadeirado (Wodden breast)

4

A condição de estriação branca afeta principalmente o músculo do peito dos frangos de corte, podendo ocorrer nas coxas e sobrecoxas em menor grau. Sua principal característica é o aparecimento de linhas brancas paralelas às fibras musculares (Kuttappan et al., 2012). A estriação pode ser facilmente identificada na superfície dos filés de peito de frango cru e, com isso, pode afetar a aparência visual do produto, que possui alto valor agregado.

A quantidade e espessura das listras brancas determinam o grau de severidade (Figura 1).

1

2

3 Figura 2. Filés de peito de frango com graus variados de peito amadeirado. 1) Normal; 2) Moderado; e, 3) Severo. Fonte: Castilho (2020).

Figura 1. Filés de peito de frango com graus variados de estriação branca. 1) Normal; 2) Leve; 3) Moderado; e, 4) Severo. Fonte: Castilho (2020).

Peito amadeirado (Wooden breast)

Estriação branca (White striping)

frangos

3

O peito amadeirado é descrito pelo endurecimento do músculo do peito, podendo ser encontrado de forma focal (parte mais espessa) ou difusa (por toda a superfície) em casos mais severos. Essa condição, quando focal, ocorre na parte cranial e/ou na parte caudal do músculo, enquanto a difusa estende-se através de todo o comprimento do músculo e encontra-se tanto no músculo peitoral direito, quanto no esquerdo, simultaneamente (Sihvo, 2019).

Em casos mais severos, os filés podem apresentar protuberâncias na extremidade caudal além de pequenas lesões e/ou petéquias hemorrágicas (Brot et al., 2016) (Figura 2). Ao mesmo tempo, essas anomalias são frequentemente associadas ao aparecimento de estrias brancas.

22 aviNews Brasil Junho 2020 | Anormalidades no músculo peitoral de frangos de corte


Etiologia e alterações histológicas Evidências científicas demonstram claramente que essas anormalidades acometem todos os genótipos modernos de frango no mercado a partir de duas semanas de idade.

Contudo, o risco é maior quando as aves são mais pesadas (acima de 3 kg) (Radaelli et al., 2017).

Figura 3. Lesões histológicas no músculo peitoral de frango de corte macho aos 21 dias (A) e 42 dias de idade (B). EE: Espaço endomisial; EP: Espaço perimisial; CI: Presença de células inflamatórias; Cabeça da seta: Fibras pequenas com núcleos centrais; Asteriscos: Fibra fragmentada em fagocitose; M: Presença de macrófagos em tecido conjuntivo. Fonte: Castilho (2020).

Os tecidos afetados mostram alterações histológicas típicas de isquemia focal ou difusa, incluindo:

Infiltração por tecido conjuntivo, tecido adiposo e células inflamatórias.

EE EP

A Apesar da ativação dos mecanismos de reparo do músculo, a regeneração resulta em fibras significativamente menores do que as fibras não afetadas por essas condições, ou seja, a regeneração não resulta em uma fibra muscular morfologicamente semelhante (Figura 3).

frangos

Diferentes níveis de fragmentação e degeneração das fibras musculares.

Cl

Cl *

M Cl B

*

*

M

Causas metabólicas Embora as causas metabólicas exatas dessas anormalidades musculares não sejam completamente entendidas, estudos sugerem que o crescimento e desenvolvimento massivo dos músculos resultou na limitação do suprimento sanguíneo, prejudicando o fornecimento de oxigênio e nutrientes, bem como a remoção de produtos metabólicos residuais (dióxido de carbono e ácido lático), levando a danos musculares e ao aparecimento de lesões características das miopatias (Bilgili, 2013).

Nos últimos anos, diferentes estudos foram realizados para identificar os mecanismos e as vias metabólicas envolvidas na ocorrência dessas anormalidades musculares (Hubert et al., 2018; Sihvo et al., 2018; Papah et al., 2018), mas a etiologia e cronologia exata dos eventos desencadeantes são parcialmente entendidas (Petracci et al., 2019).

23 aviNews Brasil Junho 2020 | Anormalidades no músculo peitoral de frangos de corte


Consequências econômicas Na última década, houve aumento na incidência de miopatias peitorais em frangos de corte na planta de abate em todo mundo, podendo em alguns casos, ter sérias consequências econômicas para o produtor e para a indústria, além do efeito negativo na preferência do consumidor (Bilgili, 2016).

frangos

É difícil estimar as consequências econômicas das miopatias, mas ainda assim, é possível mensurar alguns aspectos.

A quantidade de músculo retirado e/ou descartado pode ser contabilizada se ocorrer a desossa do músculo do peito e uma análise econômica puder ser feita sobre o produto perdido, ou o valor de produto perdido. Entretanto, não existe uma maneira prática de determinar a incidência dessas miopatias em mercados de carcaça inteira.

Quanto às formas leves, sobretudo de peito amadeirado, o produto é frequentemente desviado para seguimentos de mercados alternativos, que permitam alguma recuperação de valor (Aviagen, 2019). De forma global, a maior parte do produto acometido é classificada e condenada na planta de abate, ou desviada para usos alternativos, como produtos processados. No entanto, se o acometimento pelo peito amadeirado for grave e acompanhado por hemorragias focais e líquido gelatinoso, as agências reguladoras poderão exigir condenação total da carcaça (Europa), ou o corte das áreas afetadas (América do Norte) (Aviagen, 2019).

24 aviNews Brasil Junho 2020 | Anormalidades no músculo peitoral de frangos de corte


Critérios de Condenação No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) definiu os critérios de condenações para as miopatias nas plantas de abate, bem como suas definições através do Ofício Circular Nº 17 publicado em 13 de dezembro de 2019. A presença das estriações brancas e peito amadeirado não deve ser mais considerada miopatia e sim estado anormal da musculatura.

Os procedimentos adotados para peitos acometidos pelas estriações brancas e peito amadeirado com grau leve e moderado são de: Seguir fluxo normal de processo, podendo a carne ser comercializada na forma em que se apresenta. Quando o peito amadeirado apresenta grau acentuado, as recomendações também são de: Seguir fluxo normal do processo, contudo, sendo removidas as lesões aparentes e o produto de refile poderá ser utilizado como matéria prima para industrialização; E para o grau severo:

frangos

Toda a parte afetada deverá ser encaminhada para a produção de produtos não comestíveis.

Reduzindo a incidência das miopatias De acordo com a Aviagen, 2019 algumas medidas podem ser tomadas a fim de reduzir a incidência e a severidade dessas anormalidades que acometem os músculos peitorais. Seguem orientações com foco nas boas práticas de manejo:

Anormalidades no músculo peitoral de frangos de corte

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Garantir boa ventilação mínima (níveis de CO2 > 3000 ppm), alimentação de qualidade e fácil acesso ao alimento e água. Obter bom desempenho nos primeiros dez dias, pois esse período é fundamental para o desenvolvimento muscular. Garantir manejo tranquilo do lote e evitar batimento excessivo das asas. Evitar altas temperaturas corporais durante as fases finais de crescimento. Atenção especial a temperatura ao nível das aves e verificar se há boa circulação de ar. Seguir recomendações nutricionais de acordo com cada fase de desenvolvimento da ave.

25 aviNews Brasil Junho 2020 | Anormalidades no músculo peitoral de frangos de corte


LIDERANÇA COM RESPONSABILIDADE

setor avícola

Tereza Cristina Correa da Costa Dias Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil

A

pandemia da COVID-19, que hora enfrentamos, é mais uma enfermidade causada por

vírus que teve origem em animais, como foi o caso da SARS, MERS, Ebola, Influenza Aviária e H1N1, erroneamente chamada de Gripe Suína. O período tem nos levado a refletir sobre o fato de que, mais do que a preocupação com a segurança alimentar, o mundo passará a focar na qualidade e sanidade do alimento consumido. E o Brasil, pela história que construiu na produção de proteína animal de qualidade, está preparado para cooperar com a construção de normas sanitárias mundiais que assegurem, cada vez mais, a sanidade e a qualidade dos produtos para consumo dos cidadãos.

26 aviNews Brasil Junho 2020 | Liderança com responsabilidade


INTRODUÇÃO

PRÓXIMA SAFRA DE GRÃOS

A estimativa de colheita de 250,9 milhões de toneladas de grãos da próxima safra confirma, mais uma vez, a grandeza da agricultura brasileira.Nossos campos vão produzir 3,6% a mais em relação à colheita

250,9 milhões de toneladas

passada, graças ao empenho e dedicação dos agricultores, que buscam na tecnologia e inovação o apoio vital para fortalecer a presença do país entre os maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos. Esse crescimento só não será maior devido à quebra ocasionada pela seca no sul do país que afetou a produção

setor avícola

+3,6%

de soja, milho, feijão e outros cereais.

Parte dessa produção é consumida no mercado interno. Milho e farelo de soja, principalmente, vão para alimentação de bovinos, aves e suínos.

27 aviNews Brasil Junho 2020 | Liderança com responsabilidade


EXPORTAÇÕES Os excedentes de soja e milho, bem como carne bovina e de frango, café, açúcar, ovos, suco de laranja, frutas, algodão e outros produtos do agro são exportados, gerando bilhões de dólares em superávit comercial. Resultado de grande importância, especialmente, neste momento, em que o nível da atividade econômica nacional foi bastante afetado em função da pandemia do Coronavírus.

Somente nos primeiros cinco meses do

setor avícola

1O QUADRIMESTRE 2020 US$31,40 bilhões em Receitas com as Exportações

ano, as exportações do agronegócio somaram US$ 42 bilhões, alta de 7,9% em relação ao mesmo período no ano anterior, puxado principalmente pelas exportações do complexo soja e de carne bovina para a China. Graças ao agronegócio, o Brasil foi o único país do G20 a aumentar suas vendas

que o mesmo +5,9% período de 2019

externas, mesmo com um cenário adverso agravado com medidas de isolamento social e problemas de logística em vários países importadores.

ABASTECIMENTO Cabe ressaltar que a rede varejista, em todo o país, continuou abastecida com alimentos, graças à cadeia do agro, que não interrompeu suas atividades, demonstrando seu compromisso maior com o consumidor brasileiro. Nunca é demais mencionar que exportamos excedentes. O que chega lá fora leva a mesma qualidade do produto que fica na mesa do brasileiro.

28 aviNews Brasil Junho 2020 | Liderança com responsabilidade


SEGURANÇA ALIMENTAR MUNDIAL Como muitos países foram afetados na produção de alimentos em decorrência da pandemia, aumenta a nossa responsabilidade com a segurança alimentar de boa parte do mundo, que já tinha no Brasil seu principal fornecedor. Segundo dados da Embrapa, o Brasil é responsável pela alimentação de 1,5 bilhão de pessoas em mais de 160 países e isso deve aumentar

setor avícola

nos próximos anos devido às nossas condições de clima ameno e disponibilidade de terras, água e tecnologia própria.

SANIDADE DOS ALIMENTOS Além da preocupação com segurança alimentar, a ocorrência do Coronavírus levanta discussões sobre a qualidade e a sanidade do alimento consumido. A pandemia que hora enfrentamos é mais uma enfermidade causada por vírus que teve origem em animais, como foi o caso da SARS, MERS, Ebola, Influenza Aviária e H1N1,

Por isso, a tendência mundial deverá ser o desaparecimento dos chamados “mercados molhados”, ainda muito comuns em países asiáticos, e que são vistos como risco de transmissão de zoonoses.

erroneamente chamada de Gripe Suína.

29 aviNews Brasil Junho 2020 | Liderança com responsabilidade


INTEGRAÇÃO Nesse cenário, o Brasil terá, novamente, um papel de destaque. Nossa produção de aves e suínos, por exemplo, se dá basicamente por meio do sistema de integração: cooperativas e empresas integradoras têm total controle sobre todas as fases da produção, baseadas em medidas que garantem a sanidade e sustentabilidade, com respeito ao meio ambiente e às normas de bem-estar-animal. Medidas de segurança e qualidade de vida para os trabalhadores de toda a cadeia do agro também integram

setor avícola

o processo de sustentabilidade do setor.

LEGISLAÇÃO A legislação brasileira é uma das mais avançadas do mundo e vem sendo atualizada ano a ano para incorporar as novas tecnologias de produção e internalizar as normas da OIE e do Codex Alimentarius. Isso tem sido comprovado por dezenas de missões internacionais que vem ao Brasil para auditar o sistema de produção e habilitar plantas de abate e processamento. Além disso, nossas empresas recebem anualmente centenas de visitas de inspeção de certificadoras brasileiras e internacionais.

30 aviNews Brasil Junho 2020 | Liderança com responsabilidade


FISCALIZAÇÃO Internamente, temos um sistema robusto de inspeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que atua em todo o país. Nossos veterinários fazem inspeção diária em plantas de abate que produzem e exportam produtos avícolas e suinícolas. A qualidade dos animais no campo é fiscalizada por milhares de médicos veterinários das agências de defesa dos estados e pelos responsáveis técnicos das empresas produtoras, que brasileira.

Fernando Brussi Beran Médico Veterinário Oficial do MAPA.

setor avícola

fazem parte do sistema de defesa sanitária

Como resultado, as rígidas normas de biosseguridade adotadas nas granjas e as boas práticas de produção utilizadas nos frigoríficos minimizam a ocorrência de doenças nos planteis e a presença de patógenos na carne e nos subprodutos. Procedimentos semelhantes são adotados também para a produção de ovos, carne bovina, lácteos, mel, pescado e outros produtos de origem animal bem como para material genético e para os produtos de origem vegetal.

Cristiane Marques Médica Veterinária Oficial do MAPA.

31 aviNews Brasil Junho 2020 | Liderança com responsabilidade


PESQUISA Além da expertise dos setores oficial e privado, contamos com uma rede de pesquisa composta pela Embrapa, institutos de pesquisa e universidades que darão suporte para a discussão de novas metodologias de produção, ainda mais eficazes e

setor avícola

sustentáveis.

Acreditamos, assim, que o Brasil está preparado para participar, com os órgãos reguladores dos demais países produtores e importadores, da elaboração e aprimoramento de normas sanitárias que assegurem, cada vez mais, a sanidade e a qualidade dos produtos para consumo dos cidadãos.

Liderança com responsabilidade

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32 aviNews Brasil Junho 2020 | Liderança com responsabilidade



PINTINHOS DE QUALIDADE

NASCEM NO INCUBATÓRIO: CUIDADOS E ACOMPANHAMENTO

QUE FAZEM A DIFERENÇA

incubatório

Érica de Faria Melo Coordenadora técnica de avicultura Boehringer Ingelheim Saúde Animal

A produção de frangos de corte visa produtividade, rentabilidade e segurança do alimento para os consumidores.

O objetivo do incubatório não é apenas obter a maior eclodibilidade, mas promover o nascimento de pintinhos de qualidade que possam apresentar alta viabilidade e performance no campo. 34 aviNews Brasil Junho 2020 | Pintinhos de qualidade nascem no incubatório: cuidados e acompanhamento que fazem a diferença


FATORES PRÉ-INCUBAÇÃO

Diversos são os fatores que podem influenciar no rendimento de incubação e na qualidade do pintinho. Estes fatores podem ser divididos em:

1 2 3

Fatores que antecedem o momento da incubação (pré-incubação)

A Manejo na granja de matrizes pesadas B Transporte dos ovos até o incubatório C Armazenamento dos ovos

Manejo na granja de matrizes pesadas

A produção de ovos de qualidade é indispensável para o desenvolvimento adequado do embrião. De acordó com Patrício (2013), um ovo de qualidade é livre de micro-organismos, com boa qualidade de casca, sem trincas ou deformidades e fértil. A produção de ovos que sejam férteis depende única e exclusivamente da granja.

A fertilidade está influenciada por:

Linhagem Nutrição

Fatores inerentes ao processo de incubação;

Ambiência

Fatores pós-incubação.

Proporção machos:fêmeas

De uma forma resumida iremos abordar esses principais fatores a seguir.

Programa de luz Sanidade Peso corporal das aves

35 aviNews Brasil Junho 2020 | Pintinhos de qualidade nascem no incubatório: cuidados e acompanhamento que fazem a diferença

incubatório

De acordo com Oviedo-Rondón 2013, o incubatório é o local onde as empresas podem ter o maior controle dos processos para garantir bons resultados produtivos e econômicos, pois a variabilidade nas granjas é muito mais difícil de controlar e essa característica deve ser aproveitada.

Os fatores pré-incubação são aqueles relacionados ao:

FERTILIDADE

Aproximadamente um terço da vida do frango de corte se passa no incubatório. Portanto, é de extrema importância o conhecimento sobre todos os fatores que possam influenciar no desenvolvimento do embrião, para controlá-los e, com isso, minimizar as perdas de produção.


O procedimento de desinfecção dos ovos até duas horas após a postura deve ser realizado impreterivelmente respeitando-se todos os controles como:

A concentração do desinfetante O tempo total de desinfecção

ARMAZENAMENTO

CONTAMINAÇÃO DOS OVOS incubatório

Em relação à contaminação dos ovos, algumas práticas de manejo podem ser adotadas na granja e no incubatório para reduzir a carga microbiana.

Os ovos, após o procedimento de desinfecção, devem ser armazenados refrigerados até o momento do transporte aos incubatórios. A temperatura recomendada de armazenamento dos ovos deve ficar em torno de 20 a 21 oC (Fasenko et al., 1992), faixa esta em que o desenvolvimento embrionário é paralisado (abaixo de zero fisiológico) até que as condições ideais de incubação possam ser atendidas.

Temperatura

COLETA DOS OVOS

Umidade

Além disso, a realização de um número adequado de coletas (no mínimo de 6 a 8) concentrando-as no período da manhã, separando os ovos limpos dos ovos sujos e contribuindo para menor contaminação do ovo.

Não há como melhorar a qualidade desse ovo após a postura. É por isso que várias práticas de manejo tanto na granja, como no incubatório devem ser adotadas com o objetivo de manter sua qualidade e não comprometer o desenvolvimento embrionário.

36 aviNews Brasil Junho 2020 | Pintinhos de qualidade nascem no incubatório: cuidados e acompanhamento que fazem a diferença


É importante que o transporte seja feito por motorista capacitado e em caminhão com um bom sistema de amortecimento, já que se trata de uma carga frágil e o objetivo é evitar que eles sejam trincados, ou quebrados durante o transporte, pois ovos trincados possuem menor eclosão (Barnet et al., 2004). Ao chegar no incubatório, os ovos são clasificados, retirando-se os não incubáveis (ovos deformados, de duas gemas, trincados, sujos), que possuem também menor taxa de eclosão, para então ser composta a carga para incubação.

Para que ocorra um adequado desenvolvimento embrionário durante a incubação, as condições físicas às quais o ovo fértil será submetido devem ser controladas e monitoradas. Estas condições são:

Temperatura e umidade de incubação Ventilação e viragem dos ovos incubatório

Os ovos férteis devem ser transportados em caminhões climatizados, limpos e desinfetados.

CONTROLE DO DESENVOLVIMENTO

TRANSPORTE

Transporte dos ovos ao incubatório e armazenamento

A temperatura é o parâmetro físico da incubação mais importante, pois pequenas flutuações da temperatura ideal influenciam o processo de incubação e, com isso, a qualidade e taxa de sobrevivência dos embriões (Meijerhof, 2013). Qualquer parâmetro físico da incubação que não atenda às necessidades do embrião, compromete seu desenvolvimento e, como consequência, a eclosão e qualidade do pintinho. De acordo com Mesquita (2013), o desempenho final dos frangos de corte está diretamente relacionado aos resultados obtidos nas duas primeiras semanas pós-eclosão, que por sua vez dependem do desenvolvimento embrionário durante o processo de incubação.

37 aviNews Brasil Junho 2020 | Pintinhos de qualidade nascem no incubatório: cuidados e acompanhamento que fazem a diferença


APÓS O NASCIMENTO

Após o nascimento os pintinhos devem permanecer dentro das caixas de transporte, em condições de temperatura e umidade adequadas. O transporte até as granjas deve ser realizado, preferencialmente, em caminhões climatizados.

QUALIDADE DO PINTINHO

incubatório

É recomendável que esse transporte seja realizado o mais rápido possível após a eclosão para que os pintinhos tenham acesso a àgua e comida rapidamente e, com isso, possam manter o adequado desenvolvimento.

A qualidade do pintinho pode ser avaliada de acordo com seus aspectos físicos:

Cicatrização do umbigo Grau de hidratação Penugem Ausência de anomalias (por exemplo, bico cruzado, cérebro exposto). Além dos aspectos físicos, um pintinho de qualidade deve:

Ser livre de micro-organismos patogénicos

CONCLUSÃO Os incubatórios também são responsáveis pela aplicação de importantes vacinas, como: Marek, Gumboro, Newcastle, Bronquite Infecciosa, dentre outras. Por isso, passam a exercer papel fundamental na biosseguridade. Falhas neste processo podem acarretar problemas para a sanidade por falha imunológica, além da contaminação dos ovos e/ou neonatos quando uma vacina é mal administrada (Oviedo-Rondón, 2013).

Apresentar boa imunidade maternal Desenvolvimento adequado dos órgãos linfoides capazes de responder imunologicamente à aplicação de vacinas e/ou aos desafios do campo

Pintinhos de qualidade nascem no incubatório: cuidados e acompanhamento que fazem a diferença

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Bibliografia disponível mediante solicitação

38 aviNews Brasil Junho 2020 | Pintinhos de qualidade nascem no incubatório: cuidados e acompanhamento que fazem a diferença


A FLEXIBILIDADE QUE VOCÊ QUER COM A PROTEÇÃO E TECNOLOGIA QUE VOCÊ PRECISA.

abcd


POR QUE OS

OVOS NÃO SÃO

CONTAMINADOS POR

SALMONELA?

Sabrina Castilho Duarte Pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves Médica Veterinária

Eduardo Henrique Miranda Walter Pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos Engenheiro de Alimentos

O

postura

ovo é um alimento especial, riquíssimo em nutrientes essenciais para a saúde, versátil e seguro. A maioria dos ovos não é contaminada por Salmonella spp. ou outros microrganismos, mas seu alto consumo, por vezes associado ao cozimento insuficiente, tornaram este alimento uma recorrente preocupação de saúde pública. Visando reforçar o status de alimento seguro, associamos as boas práticas de produção com informações sobre as vias de contaminação por Salmonella spp. e as barreiras antimicrobianas naturais dos ovos.

40 aviNews Brasil Junho 2020 | Por que os ovos não são contaminados por Salmonella?


Como ocorre a contaminação dos ovos por Salmonella spp? Em condições saudáveis de ​​ reprodução e postura o conteúdo dos ovos geralmente é isento de microrganismos. Entretanto, o interior e a casca dos ovos podem ser contaminados por diferentes sorovares de Salmonella spp. antes da postura, como resultado da infecção dos órgãos reprodutores da galinha, recebendo a denominação de via de transmissão vertical ou transovariana, ou contaminação primária.

Entende-se por Boas Práticas de Produção (BPP) o conjunto de medidas que devem ser adotadas pelo produtor para garantir a sua própria biossegurança, a biosseguridade avícola e a qualidade dos ovos.

Salmonella enterica sorovar Enteritidis é a bactéria mais associada com infecção dos ovos. Isto pode ser atribuído a três fatores principais: Sua capacidade efetiva de colonizar o ovário e o oviduto das galinhas poedeiras por um longo período. A disseminação e persistência em matrizes na maior parte do mundo. Habilidade diferencial em penetrar, sobrevier e multiplicar no interior do ovo (Baron et al., 2016; EFSA, 2014; Thorns, 2000). Se a galinha estiver infectada por diferentes cepas, sorovares e subespécies de Salmonella, necessariamente não significa que todos os ovos oriundos desta ave serão contaminados. Galinhas portadoras podem originar ovos livres da bactéria (Gantois et al 2008). Entretanto, a permanência de portadoras dentro das granjas favorece a adaptação bacteriana naquele ambiente, colocando em risco a manutenção futura da atividade avícola, além dos potenciais impactos em saúde pública. As cepas que permanecerem naquele ambiente podem paulatinamente adquirir resistência e maior viabilidade de infecção. Sabe-se que as galinhas podem se infectar com Salmonella spp. em qualquer fase da vida, mas infecções nas primeiras horas de vida são epidemiologicamente as mais importantes (AgrawL et al., 2005).

41 aviNews Brasil Junho 2020 | Por que os ovos não são contaminados por Salmonella?

postura

Enteritidis

As boas práticas de higiene no sistema de produção são fundamentais para prevenir a contaminação dos ovos.


A exposição de pintinhos jovens, altamente suscetíveis a S. Enteritidis pode resultar na colonização do trato intestinal, persistindo até a maturidade (Gast and Holt, 1998; Van Immerseel et al., 2004).

Além da contaminação transovariana, a casca pode adquirir microrganismos de todas as superfícies com as quais entra em contato e do ar ambiente. Fezes, água suja, alimentação contaminada, insetos, mãos sujas, ovos quebrados, sangue, solo ou poeira da cinta da esteira são as fontes mais comuns de contaminação da casca do ovo (Ricke et al., 2001). A extensão da contaminação dos ovos está diretamente relacionada a limpeza e higiene dessas superfícies (Board et al., 1995).

postura

A outra rota de contaminação por Salmonella spp. é pela superfície da casca, com eventual penetração dos microrganismos. Os ovos são particularmente propensos a essa contaminação após a postura, a via de transmissão horizontal ou através da casca, também denominada contaminação secundária. Em se tratando de contaminação do ar por Salmonella spp., ressalta-se que a bactéria apresenta boa viabilidade no ambiente de produção e excelente adaptação na poeira. Em estudos conduzidos por McWhorter & Chousalkar (2020), Salmonella spp. persistiu em amostras de poeira por 8 semanas. De acordo com os autores o teor de umidade total da poeira (atividade da água) influencia a persistência desta bactéria.

Existem barreiras antimicrobianas naturais nos ovos

O ovo possui um sistema de defesa que impede a penetração dos microrganismos e, particularmente a deterioração do seu compartimento vital mais nutritivo, a gema.

A cutícula, a casca e suas membranas constituem a primeira barreira de proteção (Figura 1). A chalaza também atua como barreira física, e em combinação com a viscosidade do albúmen, mantem a gema numa posição central. A última barreira é a membrana vilelina que envolve a gema (EFSA, 2014; Okuno et al., 2019).

Ambientes limpos de armazenamento nas granjas, mesmo em situações onde o ovo será armazenado por um período curto, influenciam na vida útil e qualidade do ovo, além de propiciar maior segurança ao consumidor por minimizar a ocorrência de contaminação da casca do ovo.

Disco germinal Casca

Cutícula

Membrana vitelina

Gema

Chalaza Membrana de ar

Albúmen fluido Albumen espesso

Figura 1: Estruturas do ovo que atuam no sistema de defesa e ataque anti-Salmonella. Figura adaptada de http: //www.chickens.allotment-garden.org/eggs/structure-egg.

42 aviNews Brasil Junho 2020 | Por que os ovos não são contaminados por Salmonella?



O albúmen (claro do ovo), além de integrar as barreiras físicas da gema, apresenta um conjunto de compostos químicos (proteínas e peptídeos) com ação anti-Salmonella, como lisozima, ovotransferrina, quelantes de vitaminas e inibidores de protease (Baron et al., 2016). Num complexo sistema de ataque, desenvolvido em pH alcalino do albúmen, o arsenal químico do ovo limita o acesso a nutrientes essenciais para sobrevivência e multiplicação de diferentes sorovares de Salmonella spp., além de promover a letalidade microbiana. Há diferenças entre a capacidade de invasão e multiplicação dos sorovares de Salmonella spp, atribuídas a vários fatores, incluindo: A capacidade de penetração A concentração do sorovar

postura

A umidade da casca As condições de armazenamento dos ovos Assim, a consistente prevenção de contaminações do ovo demanda uma condução profissional das práticas de produção. O ovo fresco, apresenta qualidade máxima, que mesmo sob condições de manuseio adequadas, diminuiu com o tempo, particularmente em altas temperaturas de armazenamento.

Vadehra et al (1970) verificou que a proteção máxima conferida pela cutícula a temperatura ambiente, dura pelo menos quatro dias, enquanto Viera (1996) estimou um período de três semanas para a cutícula ficar quebradiça e progressivamente degradar. Imediatamente após a postura, a cutícula que recobre a casca é imatura, isto abre uma oportunidade para penetração dos microrganismos (Gantois, 2012). Este é um momento crítico, especialmente nos primeiros minutos pós-oviposição, quando a cutícula está úmida e muitos poros ainda não foram preenchidos, apresentando uma barreira menos eficaz que a cobertura madura de um ovo fresco (Padron, 1990). Por isto, as superfícies de contato do ovo logo após a postura precisam estar visualmente limpas, evitando-se pelo menos o acúmulo de sujidades do ambiente de produção (Figura 2).

Figura 2: Ambiente contendo sujidades. Inadequado para obtenção de ovos de qualidade. Foto- Sabrina Duarte.

44 aviNews Brasil Junho 2020 | Por que os ovos não são contaminados por Salmonella?


Desse modo, não são indicados procedimentos abrasivos nos momentos pós-postura pois, essa abrasão, muitas vezes realizada com esponjas, pode prejudicar a qualidade da cutícula e propagar a contaminação microbiana. Limpeza na granja com paninhos que logo estão sujos (Figura 3) também pode prejudicar a qualidade do ovo e aumentar a contaminação microbiana, logo, não deve ser um procedimento adotado.

Figura 3: Panos em condições inadequadas utilizado em granja para limpeza do ovo. Foto- Sabrina Duarte

qualidade da casca de vários ovos adjacentes. A casca é a embalagem natural que protege e confere qualidade interna ao ovo após a postura, de modo que o conteúdo não pode ser dissociado do invólucro.

PARÂMETROS EXTERNOS E INTERNOS DE QUALIDADE Os parâmetros externos são determinados por: Formato, textura e resistência da casca fora de padrão. Não conformidades de ordem higiênicosanitária como presença de sujidades visíveis e falta de integridade.

defeitos internos

Os parâmetros internos incluem:

Qualquer procedimento de limpeza para retirar fezes e outras sujidades eventualmente aderidas a casca dos ovos deve ser realizada em local e condições adequadas para esta atividade. O que pode e deve ser feito na granja é a separação de ovos limpos e sujos, minimizando a contaminação dos ovos naturalmente limpos. Salas separadas, contendo estrados ou mesas distantes das paredes que propiciem armazenamento temporário em local limpo e arejado são boas práticas de produção

Manchas ou descoloração na gema e no albúmen. Consistência e claridade do albúmen fora do padrão. Fragilidade da membrana vitelina (EFSA, 2014; Yu Chi Iiu et al., 2017).

A presença de sujidades visíveis e falta de integridade da casca do ovo são defeitos críticos. Ressalta-se também que o albúmen e a membrana vitelina são determinantes para a segurança microbiológica dos ovos, além de indicadores de ovos frescos (Yu Chi liu et al., 2017). Foi feito relato de correlação significativa entre o nível de contaminação externa e o grau de penetração bacteriano. Inferindo que a qualidade interna dos ovos pode ser parcialmente julgada pela contaminação externa da casca (Wilson, 2017).

45 aviNews Brasil Junho 2020 | Por que os ovos não são contaminados por Salmonella?

postura

A remoção da cutícula pode aumentar a penetração de Salmonella spp. nos ovos entre 20 a 60%, de acordo com Wilson (2017).

Durante o armazenamento na propriedade, bem como no transporte, práticas inadequadas de manuseio podem levar à ruptura das barreiras físicas do ovo. A presença de trincas aumenta o risco de penetração de microrganismos ou pode resultar em vazamento de conteúdo, afetando a

Defeitos externos

Em estudo conduzido por Board et al, (1979), foi verificado que a remoção da cutícula por tratamento químico com EDTA ou abrasão da casca podem aumentar a penetração de bactérias.


Existem mecanismos de prevenção nas granjas pela adoção as Boas Práticas de Produção (BPP)

postura

1

A prevenção inicia pela localização do aviário. Deve-se buscar o maior isolamento possível, para diminuir o acesso de pessoas e evitar proximidade de rodovias e circulação de veículos. Estas distancias estão previstas na legislação.

2

Além disso, deve-se evitar a proximidade dos galpões ou sistemas de criação com árvores frutíferas, pois essas plantas podem servir como abrigo e fonte de alimento para pássaros, o que representa risco de transmissão de agentes patogênicos às aves.

3

Como prevenção, o telamento dos galpões é obrigatório e visa evitar o contato direto das aves com aves de vida livre, potenciais disseminadores de patógenos.

4

Quando as aves têm acesso a piquetes a alimentação deve estar no interior do galpão ou estrutura telada, visando evitar o atrativo para aves de vida livre.

5

6

7

Tendo um único portão de acesso, para coibir o livre trânsito de pessoas tal como previsto na legislação.

8

Devem ser implementados meios para higienização de veículos que porventura precisem adentrar no sistema produtivo.

9

Na porta de acesso ao aviário devem ser colocados recipientes com desinfetantes (pedilúvios) que permitam a desinfecção dos calçados ou outro mecanismo que permita a devida higienização.

10

É essencial estimular a utilização de vestuário e calçados limpos no setor produtivo, bem como cuidados de higiene pessoal como a lavagem das mãos antes do acesso aos aviários.

Deve ser proibida a entrada e permanência de qualquer animal alheio ao sistema de produção e áreas próximas aos galpões, tais como cães ou gatos. É fundamental a presença de cerca de segurança com altura mínima de um metro e afastamento de pelo menos cinco metros do galpão ou estrutura de alojamento.

46 aviNews Brasil Junho 2020 | Por que os ovos não são contaminados por Salmonella?

Detalhamento acerca de estrutura de biosseguridade estão disponíveis em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/179036/1/ Cartilha-Final-SABRINA.pdf Em situações de pequena escala de produção consultar o arquivo: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/211892/1/ Folheto-Biosseguridade.pdf


Atendidos todos os critérios de estrutura, alguns requisitos básicos são muito importantes na produção de ovos seguros, dentre eles destacamos:

1

Matriz saudável: É fundamental que as aves sejam oriundas de fontes seguras e livres de patógenos.

2

Ambiente limpo e confortável: O ambiente produtivo deve ser: Confortável Limpo Possuir bom controle de moscas, roedores, ácaros e outras pragas. Condições de boa higiene devem ser aplicadas dentro do galpão e na área externa.

postura

Importante manter vegetação aparada e o ambiente livre de entulhos. Como mencionado, ambientes sujos podem promover a contaminação do ovo, portanto, a limpeza e desinfecção do ambiente onde as aves estão alojadas é medida importante de prevenção e obtenção de ovos de qualidade.

4 3

Cuidados quanto a água e alimentação das aves, que devem ser armazenadas em locais limpos e no caso da ração em silos e/ ou containers com tampas. A qualidade da água e ração ofertadas para as aves são fundamentais para manutenção da saúde. Se estiverem contaminados levam doenças às aves.

Cuidado com adensamento: A densidade adequada das aves nos diferentes sistemas de criação assegura bem-estar e saúde.

5

Destino correto de dejetos: As aves mortas precisam ser retiradas o mais imediatamente possível e destinadas a sistema de compostagem ou outro método capaz de inativar patógenos. No final do ciclo de produção, as aves devem ser devidamente encaminhadas para abate acompanhadas de Guia de Trânsito Animal (GTA), fornecida pelo serviço oficial do estado.

47 aviNews Brasil Junho 2020 | Por que os ovos não são contaminados por Salmonella?


6

Higiene e limpeza total no fim do lote de produção: Após a remoção de todas as aves deve ser realizada a retirada dos utensílios do aviário para a execução de completa limpeza e desinfecção do galpão, seguido do período de vazio sanitário de no mínimo 15 dias. Este

postura

é um período muito importante para quebrar o ciclo de possíveis patógenos presentes no ambiente e prevenção de doenças no lote seguinte.

7

Treinamento contínuo de todos os envolvidos nas atividades previstas no sistema de produção: Só faz bem quem continuamente aprimora a compreensão do que deve fazer. Compreender quais os pontos de maior risco na atividade e quais medidas de manejo podem gerar maior conforto para as aves é essencial.

8

Manter registro de tudo que é realizado na granja: As granjas avícolas de produção de ovos, independente do seu tamanho devem ter registros com descrição dos dados de produção de ovos, vacinações realizadas, medicamentos utilizados, morbidade e mortalidade diárias. Essas informações possibilitam o gerenciamento da granja.

Enfim, ovos são livres de Salmonella spp. por práticas preventivas realizadas nas granjas, e pelas características do próprio ovo, que o tornam uma proteína segura e de qualidade para o consumo.

Por que os ovos não são contaminados por Salmonella?

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48 aviNews Brasil Junho 2020 | Por que os ovos não são contaminados por Salmonella?



ASPECTOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DE FIBRA EM DIETAS PARA POEDEIRAS COMERCIAIS

poedeiras

José Henrique Stringhini1, Imar Crisógno Fernandes Filho2, Lucas Brito de Castro2, Deibity Alves Cordeiro2, Natiele Ferraz de Oliveira2, Ana Flávia Basso Royer2, Marcos Barcellos Café1 1 Professor Titular de Nutrição de Monogástricos (UFG) 2 Alunos de graduação e pós-graduação (UFG)

A

elevada produção das atuais linhagens genéticas de poedeiras se deve, muito, a uma criação rigorosa no estágio de vida inicial das frangas, em que, atingir o peso ideal no fim do período de crescimento, é fator preponderante para o sucesso produtivo. As dietas que compõem os diferentes programas alimentares existentes em uma granja comercial devem seguir um rigoroso processo de fabricação, com o objetivo de que não sejam impostos desafios nutricionais aos animais.

DIVERSIDADE DE NUTRIENTES Dentre a diversidade de nutrientes existentes nos alimentos utilizados para constituir a dieta, existem diferentes tipos de carboidratos, como o amido, que é o principal polissacarídeo fornecedor de energia das dietas, proteínas e sua diversidade em aminoácidos, minerais e vitaminas. Grande parte dos grãos cereais utilizados como ingredientes nas formulações das rações dos animais não ruminantes, possuem em sua composição os polissacarídeos não amiláceos (PNA’s) que são: Componentes fibrosos e que em grandes quantidades promovem a redução do aproveitamento dos nutrientes, devido à resistência à hidrólise no trato gastrointestinal (Pedersen et al., 2014).

50 aviNews Brasil Junho 2020 | Aspectos sobre a utilização de Fibra em dietas para poedeiras comerciais


Esses PNA’s podem ser classificados em três grandes grupos de polissacarídeos: Os PNA’s são polissacarídeos de açucares

Celulose

simples constituintes da parede celular dos

Polímeros não celulósicos (como os

vegetais. Possui ligações químicas que não

xilanos e β-glucanos)

são hidrolisadas no trato gastrointestinal

Polissacarídeos pécticos (ex.

dos animais não ruminantes, por não

glicomananos, arabinanos,

produzirem enzimas que realizem a

xiloglucano), dentre outras moléculas

quebra das ligações (Caprita et al., 2010).

representadas na Figura 1.

CELULOSE

POLÍMEROS NAO CELULOLÍTICOS

POLISSACARÍDEOS PÉCTICOS

INSOLÚVEL EM ÁGUA, ALCALINO OU ÁCIDO DILUÍDO

ARABINOXILANOS β-GLUCANOS DE LIGAÇOES MISTAS MANANOS, GALACTANOS XILOGLUCANOS E FRUTANOS

AC. POLIGALACTORUNICOS QUE PODEM SER SUBSTITUÍDOS POR ARABINANOS, GALACTANOS E ARABINOGALACTANOS

PARCIALMENTE SOLÚVEIS EM ÁGUA

PARCIALMENTE SOLÚVEIS EM ÁGUA

poedeiras

POLISSACARÍDEOS NÃO - AMILÁCEOS (PNAS)

Figura 1. Classificação dos polissacarídeos não amiláceos (PNA’s). FONTE: Adaptado de Choct e Kocher (2004)

Fibras solúveis Nos ingredientes, os PNA’s podem também ser caracterizados como fibra solúvel e fibra insolúvel.

Se associam com a água e formam um gel resultando no retardo do esvaziamento gástrico e no tempo de trânsito intestinal, o que influencia a absorção de glicose. Fibras insolúveis (celulose, lignina e algumas hemiceluloses) possuem efeitos mecânicos, aumentam o bolo fecal e aceleram o peristaltismo intestinal (Perry et al., 2016).

51 aviNews Brasil Junho 2020 | Aspectos sobre a utilização de Fibra em dietas para poedeiras comerciais


Os PNA’s são estruturas que chegam

Consequentemente alteram a taxa de

ao intestino e se ligam reagem com

passagem do conteúdo intestinal, provocando

o glicocálix das microvilosidades e

alterações fisiológicas importantes, como

incorporam grande conteúdo de água,

a mudança na regulação dos hormônios

alterando a viscosidade da digesta e

gastrintestinais (Smits et al., 1996).

da mucosa (Tavernari et al., 2010).

Além disso, são resistentes à lise enzimática, e servem como base para a fermentação bacteriana, ao chegarem intactas ao intestino grosso (Van Soest et al., 1991; Bach Knudsen, 2001; Montagne et al., 2003; Theuwissen e Mensink, 2008).

CONDIÇÕES DE INCLUSÃO DE FIBRA Em geral, as condições de inclusão de aproveitamento e desempenho do animal (Mateos et al., 2012).

VILOSIDADES DO INTESTINO DELGADO

MOELA E INTESTINO DELGADO

poedeiras

fibra são estimadas para o máximo

Visando uma eficiência mais elevada, a importância da utilização de conteúdos ricos em fibra no desenvolvimento da moela e intestino delgado é um ponto essencial da sua inclusão nas dietas de desenvolvimento de frangas de postura. Quando o material que está sendo digerido fica por mais tempo no estômago mecânico, há o aumento do refluxo gastroduodenal, o que provoca a presença de quimo neste órgão, aumentando assim, a concentração de enzimas digestivas na parte superior do trato digestivo (Hetland et al., 2003). Sabendo-se que os ácidos biliares exercem efeitos estabilizantes sobre as proteases digestivas prevenindo que elas sofram autólise e consequente redução da relação enzima-substrato, tem-se que a maior

MOELA

INTESTINO DELGADO

produção de ácidos biliares pelo fígado permite uma digestibilidade mais eficiente dos nutrientes (Hetland et al., 2004).

52 aviNews Brasil Junho 2020 | Aspectos sobre a utilização de Fibra em dietas para poedeiras comerciais


CECOS

Dessa maneira, o organismo consegue aumentar o aproveitamento dos ingredientes disponíveis na dieta.

Ao adicionar fibras na dieta das aves, além do aumento do tamanho da moela - consequentemente da força muscular – há o aumento dos cecos, o que permite uma maior extração de energia dos componentes fibrosos através de uma maior quebra dos alimentos ingeridos e maior produção de AGCC, respectivamente (Steven et al., 2020). Em trabalho realizado na UFG (Universidade Federal de Goiás) observou-se alteração no peso da moela, especialmente em frangas com 6 e 12 semanas de idade que receberam 3% e 3,5% de fibra na dieta proveniente do farelo de trigo e bagaço de cana hidrolisado nas dietas (Tabela 1).

poedeiras

Tabela 1. Peso relativo da moela (MO) de poedeiras alimentadas com bagaço de cana (BC) e farelo de trigo (FT) com níveis distintos de fibra bruta (FB) na fase de cria e recria (4, 6, 12 e 18 semanas de idade) Médias seguidas por letras distintas diferem pelo Teste de Tukey com 5% de significância.Adaptado de Royer (2018). IDADE (SEMANAS)

4

6

12

Testemunha vs. Fatorial

DESEMPENHO DA AVE Ao utilizar componentes fibrosos na ração

Testemunha

3,46

3,53b

2,44b

devemos nos atentar para o desempenho

T1(3,0%FB;BC)

3,19

3,12b

2,56b

da ave, como observado por Braz et al.

T2(3,5%FB;BC)

3,74

2,88a

2,77a

T3(3,0%FB;FT)

3,38

2,81b

2,24b

T4(3,5%FB;FT)

3,48

3,28c

2,05c

P-value

0,931

0,019

0,001

3,00

2,40

significativa, evidenciando que o

Níveis de fibra 3,0% FB

3,47

(2011) em estudo avaliando duas linhagens distintas de poedeiras comerciais alimentadas com diferentes inclusões de FDN na dieta da 7ª a 17ª semana de idade. Notou-se que o nível maior de inclusão não promoveu diferença estatisticamente

3,5% FB

3,43

3,04

2,41

nível de fibra da dieta não afetou o

P-value

0,796

0,822

0,877

desempenho das galinhas (Tabela 2). A adição de fibra na dieta pode ser utilizada

Fonte de fibra Farelo de trigo

3,29b

2,96b

2,15b

para controlar os níveis energéticos da

Bagaço de cana

3,61a

3,08a

2,66a

ração e, consequentemente, evitar que as

P-value

0,046

0,528

0,001

CV%

10,94

4,32

10,8

frangas das linhagens de alto desempenho sofram com sobrepeso no final da fase de desenvolvimento (Scheideler et al., 1998).

53 aviNews Brasil Junho 2020 | Aspectos sobre a utilização de Fibra em dietas para poedeiras comerciais


Tabela 2. Desempenho de linhagens leves e semipesadas na fase de postura alimentadas na fase de 7 a 17 semanas de idade com dietas formuladas com três níveis de fibra em detergente neutro (FDN) TRATAMENTOS

IDADE 1º OVO (DIAS)

CR (G/AVE/DIA)

PESO FINAL (KG)

14,5

122,63

98,67

1,60

16,5

124,25

98,47

18,5

126,75

Leve Semipesadas

% POST (AVE/ DIA)

PO (G)

MO (G/AVE/ DIA)

CA (G/G)

95,42

58,02

55,39

1,72

1,61

93,58

58,45

54,70

1,71

99,50

1,60

94,88

58,21

55,24

1,72

121,42b

97,50

1,55b

94,99

57,01b

54,18b

1,75ª

126,67a

100,03

1,66a

94,26

59,44a

56,06a

1,68b

Nivel de FDN (%)

Linhagem

poedeiras

Efeito FDN

ns

ns

ns

ns

ns

Ns

Ns

Linhagem

*

ns

ns

ns

*

*

*

FDN x Linhagem

ns

ns

*

ns

ns

Ns

Ns

CV (%)

2,71

3,07

2,33

2,75

1,89

3,68

1,91

Médias seguidas de letras minúsculas na coluna diferem entre si pelo teste SNK (5%) ns: Não siginificativo; *(P<0,05) CR: Consumo de ração; % post: Percentual de postura; PO: Peso médio dos ovos; MO: Massa dos ovos; CA: Conversão alimentar Fonte: Braz et al. (2011)

EFEITOS DA FIBRA NA MICROBIOTA INTESTINAL Além dos efeitos já citados, é

A diversidade de alimentos e

importante entender os efeitos da

a presença de fibras na dieta

fibra na constituição da microbiota

- principalmente fibras solúveis -

intestinal das aves para que, assim,

promovem o aumento da diversidade

seja possível compreender a relação

da microbiota intestinal (Xu, 2016).

hospedeiro/microorganismo do trato gastrintestinal, bem como os mecanismos de defesa (Steven e Michael, 2020).

Isso ocorre porque as bactérias fermentativas degradam as fibras, e os mono, di e oligossacarídeos resultantes desse processo, são utilizados como fontes de energia para esses

A microbiota intestinal equilibrada

microrganismos (Moeller, 2017).

é vital para a manutenção da saúde intestinal das aves e, consequentemente, da saúde como um todo.

54 aviNews Brasil Junho 2020 | Aspectos sobre a utilização de Fibra em dietas para poedeiras comerciais


DESEMPENHO DA AVE Alguns monossacarídeos são fermentados pela microbiota intestinal da ave e promovem a formação de ácidos

Bactérias como Faecalibacterium

graxos de cadeia curta (AGCC),

prausnitzii e Roseburia intensis

principalmente acetato, butirato e

podem utilizar acetato para

propionato. (Donohoe, 2011).

produzir butirato. O butirato

O acetato é utilizado como fonte de

estimula o crescimento e a

energia para o tecido muscular;

proliferação de bactérias incluindo Faecalibacterium, Roseburia,

O propionato atua na formação

Coprococcus e Anaerostipes

de glicogênio no fígado, reduz o

(Duncan et al., 2002 e Ferreira-

pH no colon, mantém o equilíbrio

Halder et al., 2017). Nesse sentido,

da microflora intestinal; e

o butirato ocasiona o crescimento

O butirato fornece 70% da energia

da camada mucosa e, com o

requerida pelas colônias de células

aumento da barreira física existente,

do tecido epitelial, permitindo a

reduz a invasão de bactérias

proliferação dessas colônias (Donohoe,

patogênicas (Earle et al., 2015).

2011). sendo importante para o desenvolvimento desses tecidos.

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FERMENTAÇÃO A fermentação das fibras ocorre de forma mais expressiva nos cecos e em menor intensidade no inglúvio, ou papo, local em que há atuação de bactérias ácido-láticas

CONSIDERAÇÕES FINAIS

produzindo, principalmente, acetato e lactato como produtos finais (Rehman et al., 2007). Nos cecos existe uma população microbiana complexa, incluindo bactérias anaeróbias estritas, que produzem um volume importante de AGCC (Steven e Michael, 2020). Neste local ocorre extensa fermentação de carboidratos e elevada formação de AGCC e amônia, a partir da degradação de ácido úrico (Svihus et al., 2013). Além disso, análises da população poedeiras

microbiana do ceco e a quantificação da

Com isso, nota-se a considerável importância das fibras presentes nos grãos da dieta pois são capazes de promover um melhor aproveitamento tanto dela própria como dos demais nutrientes a partir da modulação da microbiota intestinal das aves, além de atuar na regulação do consumo alimentar. Referências sob consulta junto ao autor do artigo.

produção de AGCC produzidos por ela, mostraram que o acetato é produzido em maior volume, seguido do propionato

Aspectos sobre a utilização de Fibra em dietas para poedeiras comerciais

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e do butirato (Rehman et al., 2007). CECOS

Bactérias anaeróbias estritas, produzindo volume importante de AGCC Fermentação das fibras de forma mais expressiva

BOCA

ESÔFAGO PAPO

CLOACA

Bactérias ácido-láticas produzindo, principalmente, acetato e lactato Fermentação das fibras em menor intensidade

INTESTINO GROSSO INTESTINO DELGADO

VESÍCULA BILIAR FÍGADO MOELA

56 aviNews Brasil Junho 2020 | Aspectos sobre a utilização de Fibra em dietas para poedeiras comerciais

PANCREAS



ENZIMAS EXÓGENAS: UMA FERRAMENTA NA MANUTENÇÃO DA SAÚDE INTESTINAL DE FRANGOS DE CORTE nutrição

Dra. Cinthia Eyng Profa. Unioeste – PR

M

anter os índices produtivos com um custo de produção competitivo é um constante desafio para o setor

avícola. A inclusão de enzimas exógenas às dietas é prática indispensável para contornar este desafio, visto que maximiza o aproveitamento do alimento pelas aves com uma redução no custo, devido aos ajustes nas formulações.

ABORDAGEM PRÁTICA SOBRE OS BENEFÍCIOS As ações das enzimas sobre os fatores

De fato, estima-se que a consideração

antinutricionais presentes nas dietas, como

de uma matriz nutricional de um blend

o fitato e polissacarídeos não amiláceos, e

enzimático contendo carboidrases, fitase e

sobre a atividade de enzimas endógenas,

protease na formulação de dietas comerciais

aumentando a disponibilização de

de origem animal para frangos de corte é

nutrientes (cálcio, fósforo e aminoácidos)

capaz de:

e energia são frequentemente relatadas

Reduzir 10-15%, em média, o custo de produção por tonelada de ração

(Alabi et al., 2019; Bedford & Cowieson, 2020) e refletem em redução de custo.

(dado pessoal, considerando preços dos

No entanto, este texto objetiva

ingredientes em maio/2020).

uma abordagem prática sobre os

Desta maneira, as enzimas exógenas são essenciais para a formulação de rações de mínimo custo para as aves.

benefícios, além dos econômicos, enfatizando os mecanismos de ação das enzimas na manutenção da saúde intestinal das aves.

58 aviNews Brasil Junho 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte


Polissacarídeos não amiláceos Os polissacarídeos não amiláceos, além de interferirem na digestão de outros nutrientes podem favorecer a proliferação de microrganismos indesejáveis e o desencadeamento de processos inflamatórios por serem reconhecidos por receptores localizados no intestino (Kogut et al., 2018; Dal Pont et al., 2020).

Proteína Da mesma forma, a proteína quando não digerida pode sofrer fermentação gerando metabólitos tóxicos ao organismo do animal (Windey, 2012) além de nutrição

alterar a homeostase da microbiota.

Estes processos podem comprometer a integridade da barreira física do intestino, incluindo as junções “tight”, compostas de proteínas que selam os espaços entre as células do intestino, favorecendo a passagem de microrganismos patogênicos. MODO DE AÇÃO DAS ENZIMAS Pesquisas recentes abordam diferentes maneiras pelas quais as enzimas exógenas podem beneficiar a fisiologia do trato gastrointestinal dos animais, sendo sua influência dependente do tipo de enzima, de dieta (substrato) e idade dos animais.

59 aviNews Brasil Junho 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte


Ação Primária A ação primária das enzimas sobre os fatores antinutricionais aumentando a digestibilidade dos nutrientes pode reduzir os impactos acima relatados e resultar em uma microbiota intestinal com composição e funções metabólicas diferenciadas. A modificação do substrato reduz, por exclusão competitiva, a colonização de microrganismos patogênicos. Em adição, os produtos resultantes das ações hidrolíticas das enzimas podem promover a saúde intestinal.

Xilanase Os xilooligossacarídeos oriundos nutrição

da hidrólise dos arabinoxilanos pela xilanase podem ser utilizados como substrato por bactérias benéficas, apresentando função prebiótica no organismo (Craig et al., 2020).

Protease A maior disponibilização de aminoácidos pela ação da protease pode favorecer os processos de geração de energia pelos enterócitos, células responsáveis pela absorção dos nutrientes, bem como a produção de mucina, barreira física de proteção do intestino (Cowieson & Roos, 2014).

Microbiota Benéfica O estabelecimento de uma microbiota benéfica em detrimento à patogênica é fundamental, visto sua influência sobre diversos processos metabólicos do organismo do animal, incluindo absorção de nutrientes, modulação do sistema imune e controle de patógenos.

60 aviNews Brasil Junho 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte


Neste sentido, tem sido reportado que a suplementação de enzimas pode influenciar a composição da microbiota intestinal. Liu et al. (2017) observaram que a inclusão de um complexo multienzimático aumentou: + A contagem ileal de Lactobacilli e Bifidobacteria E reduziu: - A contagem de Clostridium perfringens, bactéria responsável pela enterite necrótica em frangos; - Bem como as lesões intestinais

nutrição

decorrentes da presença desta bactéria.

Bacteriocinas Complementando a ação de exclusão competitiva a suplementação de enzimas pode aumentar a abundância de bactérias do gênero Enterococcus e Lactobacillus (Borda-Molina et al., 2019). Bactérias pertencentes a estes gêneros são capazes de produzir substâncias, chamadas bacteriocinas, ativas contra microrganismos patogênicos como as espécies de protozoários pertencentes ao gênero Eimeria, responsáveis pela coccidiose aviária, enfermidade de maior impacto econômico mundial. A compreensão do equilíbrio dinâmico da microbiota intestinal ainda não está totalmente elucidada, porém, evidências apontam que a diversidade da microbiota intestinal está intimamente relacionada ao desempenho apresentado pelas aves.

61 aviNews Brasil Junho 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte


ESTUDO Em um experimento realizado pelo Grupo de Pesquisa em Avicultura da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste - (manuscrito em processo de publicação) foi observado que o reestabelecimento do desempenho das aves, no período de 1 a 21 dias, alimentadas com dietas com redução nutricional (- 100 kcal/kg de energia metabolizável), somente foi alcançado quando adicionada, às dietas, a combinação das enzimas amilase, xilanase e protease.

A inclusão simultânea das três enzimas equiparou a microbiota cecal das aves em regime de restrição nutricional às aves que receberam as dietas, atendendo as exigências nutricionais em termos de presença/ausência e abundância de microrganismos, bem como suas funções metabólicas preditas.

Modulação da Microbiota Estes resultados demonstram que a modulação da microbiota é um possível mecanismo de ação, pelo qual, a suplementação das enzimas exógenas, melhora o desempenho das aves.

Método de Análise

nutrição

Recentemente, um método de análise envolvendo enzimas quinases ativas no tecido foi desenvolvido sendo capaz de avaliar as mudanças imunometabólicas de uma amostra devido, por exemplo, a dieta oferecida aos animais. Neste contexto, Arsenault et al. (2017) utilizando esta ferramenta, observaram que a inclusão de β-mananase: Eliminou o efeito dos β-galactomananos dietéticos sobre a sinalização celular de mecanismos imunológicos, evitando o desencadeamento de uma resposta imune.

1 e 21 dias

100 kcal/kg de energia metabolizável

Amilase + Xilanase + Protease

Além disso, os autores observaram modificação das funções metabólicas das aves que receberam dietas contendo a enzima, podendo estas modificações estarem relacionadas à melhoria dos parâmetros produtivos.

O desvio de nutrientes para a ativação de respostas imunes influencia diretamente nos índices produtivos dos animais.

62 aviNews Brasil Junho 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte


1 Por exemplo, Leung et al. (2019) observaram que aves quando desafiadas por Eimeria acervulina e Eimeria maxima aos 10 dias de idade: Reduziram em 15,5% a energia destinada a ganho de peso aos 35 dias de idade, valor este mensurado como eficiência calórica. A energia foi utilizada para ativação das respostas imunes e reparação dos danos no epitélio intestinal.

Considerando que esta proteína influencia na atividade e síntese das células imunológicas, este resultado demonstra que a inclusão da enzima foi capaz de reduzir o processo inflamatório intestinal, ocasionado pela presença do fitato. nutrição

2

Jiang et al. (2018) observaram redução na expressão gênica da citocina pró-inflamatória IL-1β no intestino de aves alimentadas com dietas contendo altas doses de fitase.

CONCLUSÃO A garantia da saúde intestinal das aves, permitindo que o trato gastrointestinal possa desempenhar com eficiência os processos de digestão e absorção é um dos pontoschaves da produtividade avícola. As evidências apontadas neste texto quanto aos mecanismos de ações das enzimas exógenas no organismo dos animais, apesar de não completamente elucidados, demonstram o potencial em utilizar este aditivo como parte de um programa de manutenção da saúde intestinal visando otimizar o desempenho das aves.

Referências Bibliográficas sob consulta junto ao autor. Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte

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63 aviNews Brasil Junho 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte


EFEITO PREBIÓTICO DOS POLISSACARÍDEOS A VANTAGEM EM

UTILIZAR

MELHOR

FIBRA DIETÉTICA PARA MONOGÁSTRICOS A

prebiótico

Por Alexandre Barbosa de Brito Médico Veterinário, PhD. em Nutrição Animal

A

expressão fibra, para os animais monogástricos, sempre foi uma palavra ampla, confusa e

quimicamente mal definida. Porém, este cenário vem se alterando nos últimos anos com o conhecimento mais abrangente sobre o tema de uso desta classe nutricional como uma ferramenta de modulação do microbioma intestinal.

Um dos fatores que geraram uma evolução neste tema foi a melhor definição do que é fibra, com o advento do conceito de Fibra Dietética (FD), como relatado por Choct (2015).

A FD é considerada essencial para a saúde de animais monogástricos e humanos, sendo este o principal componente não digerível das dietas e é conhecido por influenciar o microbioma do trato gastrointestinal (TGI).

64 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito Prebiótico dos Polissacarídeos. A Vantagem em Utilizar Melhor a Fibra Dietética para Monogástricos


Pesquisas recentes sugerem que existem três mecanismos principais que justificam esta influência. Primeiro, por estruturação física da digesta, que é relevante para a sensação de saciedade e controle da ingestão de alimentos (Capuano, 2017); em segundo

Esses mecanismos estão relacionados a algumas características como a capacidade de retenção de água, viscosidade, absorção, volume fecal e fermentabilidade (Tabela 1).

lugar, pela modulação de processos o tempo de trânsito, que interferem de

No passado, era comum adotar

forma importante nos níveis circulantes

uma abordagem reducionista a

de glicose e lipídios (Gidley, 2013); e, por fim,

investigações envolvendo FD para

atuando como fonte de energia para a

monogástricos, ao usar uma forma

fermentação, em especial no intestino

purificada de FD como celulose, para

grosso dos animais monogástricos

examinar a resposta de espécies

(Williams et al., 2017).

microbianas específicas a componentes

prebiótico

digestivos como aqueles que controlam

de fibras purificadas (Djouzi et al., 1995). Mais recentemente, percebe-se que, ao adotar avaliações mais robustas para a determinação dos mecanismos pelos quais a FD pode ter seus efeitos benéficos, particularmente em uma perspectiva de modulação microbiana, também é claro que esses substratos purificados não são representativos para sintetizar os eventos normalmente observados quando se consome uma dieta complexa, com diferentes frações da FD.

65 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito Prebiótico dos Polissacarídeos. A Vantagem em Utilizar Melhor a Fibra Dietética para Monogástricos


Estes investigadores da Universidade de Queensland/ Portanto, existe um crescente grupo de pesquisadores desenvolvendo trabalhos com o uso de alimentos integrais. Um bom exemplo desta corrente de avaliação pode ser visto no artigo de Williams et al. (2019).

Austrália, trabalham na compreensão do uso de fibra e suas frações tanto para animais monogástricos como para humanos, em uma revisão recente, sugerindo que os efeitos prebióticos e de maturação do TGI destes compostos tem muito a ver com a característica da solubilidade e insolubilidade das fibras. Desta forma, foi adotada exatamente esta sequência para as próximas discussões contidas neste artigo.

prebiótico

Característica da FD

Efeito no TGI

Efeito Sistêmico em Monogástricos

Retarda o esvaziamento gástrico;

Reduz a digestão, de proteínas e lipídios;

Capacidade de retenção

Altera a mistura da digesta;

Incrementa a redução do colesterol

de água e viscosidade

Alteração da atividade de enzimas

plasmático;

digestivas;

Redução da resposta glicêmica.

Acelera a taxa de passagem. Distensão gástrica; Volume

Mudanças na mistura e

Diminui a ingestão de alimentos.

difusão de nutrientes. Absorção de compostos digestivos (como: bílis, polifenóis e minerais)

Encapsulamento

Fermentabilidade

Aumenta a excreção de ácidos biliares e outros compostos;

Colesterol no sangue; fermentação

Retenção de polifenóis até

de polifenóis.

intestino grosso. Junção de paredes celulares das plantas com nutrientes, ex.:grânulos de amido resistente.

Transporte de amido (resistente) ao intestino grosso para fermentação;

Aumenta a biomassa microbiana

Induz a seleção de micróbios específicos;

e incrementa produtos finais de fermentação

Energia para Firmicutes;

(por exemplo AGVs).

Influencia o volume fecal; “Resistência de colonização” a patógenos.

Esquema: Características da FD, efeito no TGI e efeito sistêmico em monogástricos

66 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito Prebiótico dos Polissacarídeos. A Vantagem em Utilizar Melhor a Fibra Dietética para Monogástricos


Fração Solúvel da Fibra Dietética

Quanto às frações desta FD, são

(FD) – Jha & Berrocoso (2015)

corretamente fermentas no cólon/ceco, os

descrevem que as frações

AGV produzidos são absorvidos no intestino

solúveis da FD são fermentadas

por difusão passiva.

mais rapidamente, produzem quantidades maiores de ácidos graxos voláteis (AGV) do que as frações insolúveis e favorecem o crescimento da microbiota benéfica em animais monogástricos.

O mecanismo exato de absorção ainda não está claro. No entanto, vários mecanismos foram propostos, declarando sua dependência do pH luminal, CO2, bem como dos fluxos de água, prótons e íons inorgânicos.

nas dietas pode ser utilizada como estratégia nutricional para otimizar a saúde intestinal dos animais monogástricos, apesar

Os metabólitos da fermentação são absorvidos pelas células do intestino, ou utilizados para o crescimento bacteriano benéfico.

de sua menor digestibilidade

Embora os AGV sejam principalmente

e consequente efeito negativo

absorvidos e metabolizados pelos

na digestibilidade de outros

colonócitos, eles também são usados

nutrientes.

como fonte de energia por outros

prebiótico

Assim, a inclusão seletiva de FD

tecidos. Os AGV absorvidos são basicamente metabolizados em três locais principais: A suscetibilidade da FD à fermentação varia de acordo com a acessibilidade desta fibra à população microbiana no TGI posterior.

Células epiteliais ceco-cólon que usam butirato na sua via de produção de energia; Células hepáticas que metabolizam butirato residual e propionato para

Em animais monogástricos, o intestino grosso é o local mais importante de fermentação. A fermentação da FD solúvel ocorre principalmente no cólon/ceco proximal, enquanto a fermentação da FD insolúvel é mantida até o cólon/ceco distal (Choct, 1997).

gliconeogênese, além de 50,0% a 70,0% de acetato Células musculares, principalmente de músculos esqueléticos e cardíacos que oxidam o acetato residual (Roberfroid, 2007).

No entanto, uma fermentação substancial da FD solúvel foi observada no intestino delgado dos animais.

67 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito Prebiótico dos Polissacarídeos. A Vantagem em Utilizar Melhor a Fibra Dietética para Monogástricos


A energia produzida a partir de AGV pode contribuir com até 15,0% das necessidades de energia de manutenção de suínos em crescimento em até 30,0% em matrizes suínas em gestação.

De igual maneira, a manutenção da saúde intestinal é um fenômeno complexo e depende de um delicado equilíbrio entre a dieta, microflora comensal e da mucosa, característica do epitélio digestivo e a produção de muco que recobre o epitélio.

prebiótico

A FD desempenha um papel importante na saúde do TGI dos animais

Desta forma, quanto à fração solúvel da FD, o desafio está em fazê-la chegar até

Por exemplo, é evidenciado o papel positivo destas fibras (desde que fermentadas no cólon/ceco dos animais) no controle de infecções bacterianas, como o caso da redução de diarréia pósdesmame em leitões (Molist et al., 2014).

a porção final do trato para que exerça a sua função prebiótica. Assim, impedir que esta fração não se solubilize com água na parte superior do TGI é imprescindível.

De igual maneira, efeitos negativos podem ser observados caso a utilização da fibra ocorra em sítios não compatíveis com a produção de AGV, como a fração superior do TGI. Dritz et al. (1995) relataram uma elevada suscetibilidade à infecção por Streptococcus suis em animais

Esta tarefa pode ser realizada com uso de ferramentas enzimáticas especialmente desenvolvidas para esta finalidade, reduzindo seu grau de polimerização, gerando um maior efeito no intestino grosso dos animais (Maesschalck et al., 2015).

que consumiram fontes solúveis de FD com elevada produção de viscosidade intestinal superior.

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Em uma revisão sobre trabalhos científicos publicados pelo seu grupo, Mateos et al. (2013) descrevem que o uso moderado de fibra insolúvel como casca de aveia (OH), ou casca de girassol (SFH), parecem desempenhar um papel mais profundo na atividade de moela de aves do que fontes de fibras solúveis, como poupa de beterraba (SBP). As partículas de fibra são geralmente mais

Fração Insolúvel da Fibra Dietética (FD)

difíceis de moer do que outras partículas da dieta e, consequentemente, tendem a

Existem frações estruturais importantes da FD que

se acumular na moela incrementando seu

são insolúveis em água, mas podem ser fermentadas delicado balanço é algo importante quando tratamos

prebiótico

desenvolvimento.

em níveis variáveis por bactérias intestinais. Este

Moelas grandes e bem desenvolvidas

do uso destas fontes insolúveis, pois o excesso trará

melhoram a motilidade do TGI,

incremento no fluxo da taxa de passagem intestinal.

favorecendo o refluxo gastroduodenal

Porém certos níveis bem trabalhados podem estimular

e estimulando a secreção de pâncreas e

o desenvolvimento de partes do TGI, como a moela

enzimas.

em aves, além de incrementar fermentação cecal (em menor quantidade que as frações solúveis, mas ainda

Com a atividade aprimorada de partes do

sim gerando um potencial importante de produção de

TGI, juntamente com o aumento do anti-

ácidos graxos voláteis).

peristaltismo reverso, a mescla dos sucos digestivos com a digesta se incrementa, o que pode explicar os efeitos positivos da FD insolúvel na digestibilidade da dieta e na performance animal (Figura 1).

Figura 1. Efeito do consumo de diferentes frações de fibra dietética (sendo OH – casca de aveia; SH – casca de soja; SBP – poupa de beterraba) na dieta de frangos de corte com relação aos aspectos

(p<0,05)

CA g/g

(A)

(p<0,05)

DM %

(B)

A 73,1

A 1,370 A 71,4

produtivos e de digestibilidade: (A) Resultados de conversão alimentar (CA) de

B 1,340

frangos de 1 a 21 dias de idades;

B 66,9

B 1,330

B) Resultados de digestibilidade ileal aparente de matéria seca (DM) de frangos de 18 dias de idade. Fonte: Modificado de Mateos et al. (2013).

Controle

3% OH

3% SH

Controle

5% OH

5% SBP

69 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito Prebiótico dos Polissacarídeos. A Vantagem em Utilizar Melhor a Fibra Dietética para Monogástricos


Animais monogástricos otimizam a digestibilidade de nutrientes e desempenho produtivo quando uma quantidade mínima de fibra é incluída em suas dietas.

Porém, o nível de fibra necessário para o desempenho ideal depende da fonte de fibra considerada, da idade, da saúde dos animais e a característica estudada.

No entanto, um excesso de fibra pode

Por exemplo:

ter efeito oposto, em especial quanto

Para suínos, utilizar bem a fração solúvel

ao incremento do fluxo de taxa de

nas dietas é algo realmente muito

passagem (efeito especialmente

importante, porém estas frações devem

deletério das fontes insolúveis) ou

chegar disponíveis para a fermentação

solubilidade na parte superior do TGI

nas frações inferiores do TGI.

(efeito especialmente deletério das fontes solúveis).

Para aves (frangos de corte e poedeiras comerciais) os efeitos benéficos da

prebiótico

inclusão de fibras parece igualmente Conhecer o padrão da FD dos

importante para as frações insolúveis

alimentos, bem como utilizar

como as solúveis, sendo ainda mais

ferramentas que possam ajudar

importante em aves jovens do que em

o nutricionista no processo de

animais adultos e quando o estado de

utilização deste conteúdo (tais como:

saúde dos lotes não é o ideal.

carboidrases especialmente ajustadas para tal finalidade), deve ser algo cada vez mais observado na dinâmica

Por isso, este tema toma grande

de formulação de alimentos para

força neste momento, pois estamos

monogástricos.

caminhando para um futuro com uso restrito de antibióticos na produção de aves e suínos. E utilizarmos estratégias que mitiguem estes desafios se torna uma busca essencial!

Efeito Prebiótico dos Polissacarídeos. A Vantagem em Utilizar Melhor a Fibra Dietética para Monogástricos

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aviNews Brasil Juhno 2020 | Efeito Prebiótico dos Polissacarídeos. A Vantagem em Utilizar Melhor a Fibra Dietética para Monogástricos aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito Prebiótico dos Polissacarídeos. A Vantagem em Utilizar Melhor a Fibra Dietética para Monogástricos


“Treinando” o microbioma animal para o aproveitamento da fibra: uma nova perspectiva do modo de ação das enzimas degradantes de fibra

Enzimas degradadoras de fibra (PNAases) têm sido usadas comercialmente por mais de 30 anos. Historicamente, o foco principal sobre as PNAases estava em diminuir os efeitos anti-nutricionais da fibra, mas este vem mudando para os subprodutos da quebra da fibra.

“Nós sabemos que determinados produtos oriundos da quebra de PNA são benéficos e atuam na adaptação da microbiota intestinal, o que pode aumentar o aproveitamento da fibra e o desempenho”. Dr Gemma Gonzalez Ortiz, Gerente de Pesquisas, AB Vista

Quando as enzimas degradam a porção PNA, oligossacarídeos de cadeia curta são produzidos; estes são fermentados por bactérias no intestino, aumentando a produção de ácidos graxos de cadeia curta. Este efeito tem sido chamado de efeito prebiótico, e é considerado como um dos mecanismos de ação das PNAases, que pode ser muito

do que simplesmente melhorar a digestibilidade de fibra e a fermentação de oligossacarídeos produzidos. Quando suplementada via dieta por um longo período, a xilanase tem mostrado aumentar, efetivamente, a capacidade das bactérias do ceco em digerir fibra. Isto sugere que as xilanases causam um efeito de “treinamento” no microbioma cecal, resultando em mudanças adaptativas ao longo do tempo que aumenta a capacidade de degradar fibra (Figura 1). Isto significa que as PNAases estão fazendo muito mais do que se sabia – elas contribuem para o desenvolvimento de uma microbiota mais benéfica e, com isso, melhoram a eficiência na absorção de nutrientes da dieta pelo animal hospedeiro.

Figura 1. Amostras de conteúdo cecal de aves alimentadas com dietas contendo ou não xilanase (Econase XT) foram usadas como inóculo em ensaio de fermentação para monitorar a produção de ácidos graxos voláteis (AGV). O inóculo cecal de aves pré-expostas à xilanase aumentou a produção de butirato em comparação com as aves do grupo controle. 19 17 15

Butirato mM

A busca crescente sobre como as carboidrases agem está abrindo uma nova perspectiva do seu papel nas estratégias nutricionais para melhorar o desempenho.

13 11 9 7 5 Controle Conteúdo cecal aves do controle

C+PNA de trigo Conteúdo cecal – aves com xilanase

“Precisamos olhar para as PNAases como ferramentas para acelerar a habilidade do microbioma intestinal em degradar fibra. Em vez de degradar quantitativamente a fibra da parede celular vegetal, estas enzimas estão, efetivamente, aumentando a capacidade intrínseca do animal em digerir fibras, o que tem implicações significativas na seleção de classes de enzimas PNAases e de dosagens”. Dr Mike Bedford, Diretor de Pesquisas, AB Vista

Para saber mais sobre a pesquisa citada neste artigo e outras pesquisas relacionadas, visite www.abvista.com ou entre em contato com o representante local da AB Vista.



MELHORADORES DE

DESEMPENHO NATURAIS EXTRATOS HERBAIS NA PRODUÇÃO ANIMAL saúde animal

Fabrizio Matté - Consultor Técnico VETANCO Brasil

A

utilização de plantas com fins

Partes das plantas como raiz, caule e

medicinais para tratamento, cura e

folhas fornecem substâncias bioativas

prevenção de doenças, é uma das

que podem ser empregadas na obtenção

mais antigas formas de prática medicinal da

de medicamentos. As plantas utilizadas

humanidade (VEIGA Jr. & PINTO, 2005).

na medicina tradicional estão sendo também cada vez mais estudadas por

Nos últimos anos, aumentou o interesse no estudo de moléculas bioativas em plantas, devido a crescente popularidade dos medicamentos fitoterápicos para humanos

serem possíveis fontes de substâncias com atividades antimicrobianas frente a microrganismos prejudiciais a saúde (MENDES et al., 2011).

e animais. Dentre as espécies de plantas conhecidas, 10% contém Extratos Herbais, sendo denominadas plantas aromáticas (Svoboda & Greenaway, 2003).

73 aviNews Brasil Junho 2020 | Melhoradores de desempenho naturais extratos herbais na produção animal


As propriedades bioativas presentes em Extratos Herbais e Óleos Essenciais, produzidos pelas plantas, como consequência do seu metabolismo secundário, mostraram-se eficientes no controle do crescimento de uma ampla

Os compostos secundários de plantas são usualmente classificados de acordo com a sua rota biossintética. As três principais famílias de moléculas são, geralmente, os compostos:

variedade de microrganismos, incluindo

Fenólicos

fungos filamentosos, leveduras e bactérias,

Terpênicos

o que evidencia o potencial das plantas no

Alcaloides.

combate a esses organismos patogênicos (DUARTE, 2006). Estas substâncias geralmente não encontram-se na planta em estado puro, mas sob a forma de complexos ou traços, cujos diferentes componentes se completam

saúde animal

e reforçam sua ação sobre o organismo em questão.

Destacam-se aproximadamente 3 princípios ativos em grande quantidade em cada espécie de plantas aromáticas (aproximadamente 70%), o restante se apresenta em pequenas quantidades denominadas “traços” (aproximadamente 30%).

A combinação entre os princípios ativos ou metabólitos secundários é o que determina a intensidade do impacto

Isso leva à conclusão de que esses metabólitos isolados (ou mesmo sintetizados) não terão o mesmo impacto quando comparados a uma mistura de componentes atuando de maneira sinérgica. Acredita-se que, mesmo uma substância em concentrações muito baixas, tenha uma função significativa e essencial para determinado fim.

total sobre determinada ação. Os Extratos Herbais e seus metabólitos secundários combinados entre si ou até mesmo com antimicrobianos químicos, podem atuar como adjuvantes, modificando a resistência bacteriana frente a determinadas drogas, diminuindo a dose necessária de antimicrobiano para um resultado eficaz (Simões et al., 2009).

74 aviNews Brasil Junho 2020 | Melhoradores de desempenho naturais extratos herbais na produção animal


Os Extratos Herbais podem ser obtidos por meio de diferentes processos, sendo que

MACERAÇÃO

os mais utilizados são a maceração, infusão,

INFUSÃO

percolação, digestão (planta e solvente), destilação e secagem (MARTINS et al., 2000).

PERCOLAÇÃO

Segundo OETTING (2005), a principal diferença entre os Extratos Herbais e os Óleos

DIGESTÃO

Essenciais é o método de extração. Os óleos

DESTILAÇÃO

essenciais, apesar de não deixarem de ser

SECAGEM

considerados Extratos Herbais, são obtidos somente pelo método de extração a vapor. SAZONALIDADE

RADIAÇAO UV TEMPERATURA ÍNDICE PLUVIOMÉTRICO ALTITUDE TEOR DE METABÓLICOS SECUNDÁRIOS

saúde animal

CO2, SO2, NO2, O3 COMPOSIÇAO ATMOSFÉRICA HERBÍVORIA E ATAQUE DE PATÓGENOS

IDADE

Figura 1. Fatores que interferem diretamente na qualidade dos Extratos Herbais

ÁGUA E NUTRIENTES

É por esse motivo que a composição dos constituintes metabólicos de uma planta pode variar de acordo com o clima, solo, chuvas, estação do ano, período de colheita, cultivo, parte da planta utilizada e fase de desenvolvimento em que foi colhida (COSENTINO et al., 1999; MARINO; BERSANI; COMI, 1999). Os princípios ativos dos vegetais são

e patógenos, e na atração de organismos

moléculas de baixo peso molecular, e como

benéficos e polinizadores (Figura 1).

já comentado, oriundas do metabolismo secundário dos vegetais. Estes compostos

Outra fonte de variação que deve ser levada

são produzidos como um mecanismo de

em consideração é o método de extração/

defesa da planta contra fatores externos,

destilação e estabilização utilizado, e o

tais como estresse fisiológico (falta de

tempo e condições de armazenamento

água ou nutriente, por exemplo), fatores

(HUYGHEBAERT, 2003).

ambientais, proteção contra predadores

75 aviNews Brasil Junho 2020 | Melhoradores de desempenho naturais extratos herbais na produção animal


O uso de Extratos Herbais como promotores de crescimento em animais ainda é um assunto recente, porém, o número de pesquisas está aumentando gradativamente devido a diversos fatores, um dos mais comentados é o aparecimento de cepas bacterianas multirresistentes (FASCINA, 2011). Muito se discute sobre a atribuição do uso dos aditivos promotores de crescimento na pressão seletiva dos genes de resistência aos

saúde animal

antimicrobianos que afetam a terapia antibiótica humana. Consequentemente, o uso destes antimicrobianos químicos em alimentos para animais está sendo reduzido, ou, em alguns países, banido completamente (BEDFORD, 2000).

Com relação à nomenclatura, frequentemente os profissionais da área animal deparam-se com dúvidas acerca do emprego correto de termos farmacológicos. Dentre esses, está a utilização das palavras fitoterápicos ou fitogênicos, que de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada número 48 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2004), são termos distintos e que devem ser utilizados de maneira correta na nutrição animal.

FITOTERÁPICO

FITOGÊNICOS

A terminologia fitoterápico designa

Enquanto que, fitogênicos são produtos

os medicamentos que utilizam

compostos de Óleos essenciais e/ou

exclusivamente matérias–primas vegetais

Extratos Herbais utilizados nas rações

ativas e que assim como todo medicamento

animais para serem utilizados na melhoria

deve existir a caracterização da sua eficácia

do desempenho animal, sem efeito

e risco de seu uso por meio de estudos

medicamentoso, quer seja pelo princípio

etnofarmacológicos, além de permitir a

ativo ou dose utilizada (FASCINA, 2011).

reprodutibilidade e controle de qualidade (BRASIL, 2004).

76 aviNews Brasil Junho 2020 | Melhoradores de desempenho naturais extratos herbais na produção animal


Modo de Ação dos Extratos sobre as bactérias Nostro el al., 2004 cita que os Extratos Herbais atuam dispersando as cadeias de

DANO À MEMBRANA CITOPLASMÁTICA (ALTERAÇAO DA FLUIDEZ)

polipeptídios que irão constituir a matriz da membrana celular. EXTRAVASAMENTO DE CONSTITUINTES CITOPLASMÁTICOS

Também provocam:

DEPLEÇAO DE BOMBA DE PRÓTONS H+

Mudanças na permeabilidade e atividade

COAGULAÇAO DO CITOPLASMA

da membrana celular das bactérias. Alterações na atividade dos canais de cálcio. Perturbação do equilíbrio iônico Perda de íons.

DEGRADAÇAO DA PAREDE CELULAR

Esses danos ao sistema enzimático das

DANO ÀS PROTEÍNAS DAS MEMBRANAS

Figura 2. Açao sobre a parede celular bacteriana.

de energia e síntese de componentes estruturais, dificultando a condução e transporte do ATP intracelular.

ÓLEOS ESSENCIAIS SÃO LIGEIRAMENTE MAIS ATIVOS CONTRA BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS

Na Figura 2, é possível observar algumas características antimicrobianas da ação

FOSFOLIPÍDIOS LIPOPROTEÍNAS LIPOPOLISSACARÍDIOS (LPS)

PEPTIDIOGLICANOS

MEMBRANA EXTERNA

dos Extratos Herbais. PAREDE CELULAR

MEMBRANA CELULAR

Segundo Kohlert et al. (2000), os princípios ativos dos Extratos Herbais são absorvidos no intestino pelos enterócitos e

GRAM +

GRAM -

metabolizados rapidamente no organismo animal. Os produtos deste metabolismo são transformados em compostos polares, através

Figura 3. Parede celular de bactérias Gram positivas e Gram negativas.

da conjugação com o glicuronato e excretados na urina. Outros princípios ainda podem ser eliminados pela respiração como CO2. A rápida metabolização e a curta meia vida dos compostos ativos levam a crer que existe um risco mínimo de acúmulo nos tecidos (Kohlert et al., 2000).

BURT (2004) confirma que Extratos Herbais e Óleos Essenciais são ligeiramente mais ativos contra bactérias Gram positivas do que contra as bactérias Gram negativas, pois os organismos Gram negativos possuem a membrana externa que envolve a parede celular, o que limita a difusão dos compostos hidrofóbicos através da sua camada de lipopolissacarídeos (Figura 3).

77 aviNews Brasil Junho 2020 | Melhoradores de desempenho naturais extratos herbais na produção animal

saúde animal

bactérias estão relacionados à produção


PROPRIEDADES ANTIMICROBIANAS DO LÚPULO Atualmente o lúpulo é uma planta

Espécies bacterianas com

estudada na produção animal (Figura 4).

susceptibilidade relatada ao lúpulo

Os constituintes das substâncias amargas

incluem:

do lúpulo (Humulus lupulus) possuem uma potente atividade antimicrobiana contra uma variedade de microrganismos (GERHAUSER, 2005; SRINIVASAN et al., 2004; LEWIS et al., 1994).

Clostridium perfringens Clostridium difficile Clostridium botulinum Mycobacterium tuberculosis Cepas resistentes a antibióticos de Staphylococcus aureus Helicobacter pylori

Figura 4. Planta do Lúpulo.

(SRINIVASAN et

saúde animal

al., 2004).

As substâncias do lúpulo são classificadas em dois grupos: α-ácidos e β-ácidos Aplicações antimicrobianas de lúpulo

(Figura 5), sendo que outros compostos

incluem atividade:

também estão presentes de forma natural

Antiprotozoária Anticlostridial Antivirais Além de várias aplicações em alimentos sob a forma de aditivos para a ração animal e uso como fonte potencial de novos antibióticos (CORNELISON et al., 2006; MITSCH et al., 2004; LEWIS K., AUSUBEL F.M., 2006).

ou então formados durante a secagem e armazenamento da planta (BIENDL M., PINZL C., 2008). Os α-ácidos (humulonas) e seus isômeros solúveis em água e os iso-αácidos (isohumulonas) são os principais componentes que conferem o sabor amargo deste vegetal. Essas substâncias atuam como ionóforos na parede celular bacteriana Gram positiva, causando alteração do potencial transmembrana, resultando no vazamento de ATP e morte celular (TEUBER M., SCHMALRECK A.F., 1973; SCHMALRECK A.F., TEUBER M., 1975).

78 aviNews Brasil Junho 2020 | Melhoradores de desempenho naturais extratos herbais na produção animal


Figura 5. Fórmula química dos α-ácidos e β-ácidos A lupulona, por ser um potente agente anti clostridial, demonstra que os β-ácidos do extrato de lúpulo reduzem ou inibem a proliferação de Clostridium α-ácidos

perfringens a nível intestinal, tornando-se uma alternativa natural, viável, confiável e economicamente sustentável para a produção avícola mundial. De acordo com Rahman e Kang (2009), o risco de que microrganismos patogênicos venham a desenvolver resistência aos Óleos Essenciais e Extratos Herbais é muito baixo, uma vez que estes produtos

β-ácidos

saúde animal

contêm uma mistura de substâncias antimicrobianas, que atuam através de

As atividades antimicrobianas dos

diversos mecanismos.

β-ácidos são atribuídas a uma série de compostos similares, como a lupulona e seus congêneres (adupulona, colupulona, ​​ entre outros). Esta classe contribui menos para o amargor do que a classe dos α-ácidos, porém possuem maior atividade antimicrobiana devido à sua natureza hidrofóbica (SIRAGUSA et al., 2008). Seu efeito antimicrobiano ocorre na estrutura da parede celular bacteriana, desnaturando e coagulando proteínas. Atua também alterando a permeabilidade da membrana citoplasmática para íons de hidrogênio e potássio, causando a interrupção dos processos vitais da célula, como transporte de elétrons, translocação de proteínas, fosforilação e outras reações

A partir dos conceitos apresentados acima, consideramos que a produção animal, especialmente de aves e suínos, pode beneficiar-se do uso dessas ferramentas de controle de enteropatógenos, que vão além do uso dos produtos comumente utilizados no mercado, atuando de forma sinérgica com os antimicrobianos químicos ou em substituição aos mesmos.

REFERÊNCIAS: DUARTE M.C.T. Atividade Antimicrobiana de Plantas medicinais e aromáticas utilizadas no Brasil. Cons- truindo a história dos Produtos Naturais. Multi Ciência: Revista Interdisciplinar dos Centros e Núcleos da Unicamp, v.7 n.1, p.1-16, 2006. DORMAN, H. J. D.; DEANS, S. G. Antimicrobial agents from plants: antibacterial activity of plant volatile oils. Journal of Applied

que dependem de enzimas, o que resulta em perda do controle quimiosmótico da célula, levando à morte bacteriana

Melhoradores de desempenho naturais extratos herbais na produção animal

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(DORMAN et al., 2000).

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Vacina Inativada contra Salmonella Enteritidis e Samonella Typhimurium em emulsão dupla

Vacina inativada, contra Salmonelose Aviária em emulsão injetável. COMPOSIÇÃO POR DOSE: (O,5ml) Salmonella Enteritidis PT4, inativada TAM 1/13 Salmonella Typhimurium DT104, inativada TAM 1/40. INDICAÇÃO: Imunização ativa contra Salmonella enteritidis e Salmonella typhimurium em galinhas poedeiras comerciais e matrizes, redução da infecção dos órgãos internos por estes organismos, assim como a redução da colonização intestinal, excreção fecal e redução da transmissão vertical através do ovário. POSOLOGIA: 0,5 ml por ave . VIA DE ADMINISTRAÇÃO: Intramuscular no peito. PERÍODO DE CARÊNCIA: 0 dias. PRECAUÇÕES DE CONSERVAÇÃO: Conservar e transportar refrigerado (2 °C - 8 °C) Não congelar. Proteger da luz. APRESENTAÇÃO: Frasco de 500 ml (1000 doses)

HIPRA BRASIL Bairro Lami, Avenida do Lami, 6133, CEP 91782-601, Porto Alegre – RS, Brasil Tel. (+55) 51 3325 4500 · Fax (+55) 51 3325 4502 · brasil@hipra.com · www.hipra.com


EFEITO DO TIPO

DE EMULSÃO DE VACINAS CONTRA SALMONELLA NO ÍNDICE DE FERTILIDADE EM AVES REPRODUTORAS DE FRANGO DE CORTE vacinas

Fabiano Fabri Technical and Marketing Manager at Hipra

V

acinas inativadas contendo bactérias são naturalmente mais reativas, comparado às que contém vírus, devido a composição estrutural dos patógenos. Por essa razão, o tipo de adjuvante e a tecnologia de emulsão contidas em uma vacina contra Salmonella são extremamente importantes para modular a inflamação no local de aplicação e ativar a resposta imune, tudo isso em equilíbrio.

81 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito do tipo de emulsão de vacinas contra Salmonella no índice de fertilidade em aves reprodutoras de frango de corte


Adjuvantes são substâncias adicionadas à formulação das bacterinas para potencializar a resposta imune, promover estimulo seletivo a um determinado tipo, ou inclusive para aumentar a duração da mesma.

Objetivos gerais de um adjuvante: Modular reações pós vacinais Promover respostas imunes seletivas Estimular a produção de células de memória

Os tipos de adjuvantes mais utilizados em avicultura são: vacinas

Óleo mineral Óleo vegetal Hidróxido de alumínio Os adjuvantes que contém óleo mineral estimulam a resposta imune por um período de tempo mais longo devido a sua cinética de liberação.

Portanto, se faz necessário levar em conta não só o tipo de adjuvante, mas também o tipo de emulsão quando se avaliam vacinas inativadas contra Salmonella. O conjunto adjuvante + emulsão está totalmente relacionado à eficácia e à segurança da vacina, ou seja, dele depende a qualidade da resposta imune gerada e a modulação de reações adversas após a aplicação.

No entanto, se este tipo de adjuvante não estiver formulado em emulsão adequada, poderá causar reações pós vacinais importantes.

água em óleo A/O

água em óleo em água A/O/A

óleo em água O/A

Reação pós vacinal

+++

+

+

Duração da imunidade

+++

+++

+

Velocidade de Liberação de antígeno

+

++

+++

Estabilidade

+

+++

+

Viscosidade

+++

++

+

82 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito do tipo de emulsão de vacinas contra Salmonella no índice de fertilidade em aves reprodutoras de frango de corte


EMULSÃO DUPLA (ÁGUA EM ÓLEO EM ÁGUA) Este tipo de emulsão se caracteriza por possuir: Água como fase contínua Óleo como fase dispersa Dentro do óleo, encontram-se gotículas de água

O processo de fabricação da emulsão dupla é muito mais complexo que o da emulsão simples. É necessária a adição de diversos componentes, respeitando ordem e proporções específicas.

DURAÇÃO DA IMUNIDADE

REAÇÃO PÓS VACINAL

A emulsão dupla A/O/A permite um equilíbrio na liberação de antígeno. Por um lado, o antígeno presente na fase aquosa externa é prontamente liberado, permitindo início do processo de resposta imune logo após a inoculação. Por outro lado, o antígeno presente na fase aquosa interna será liberado posteriormente, modulando assim a duração resposta imune.

A primeira fase a entrar em contato com o tecido da ave é a responsável por gerar reações inflamatórias no local de aplicação.

Fase aquosa externa: primeira liberação de antígeno = rapidez em resposta imune Fase aquosa interna: segunda liberação de antígeno = prolongação da resposta imune

ESTABILIDADE E VISCOSIDADE A estabilidade da vacina também é um fator essencial. A separação de fases, inclusive após agitação mecânica, é um indicador de que a vacina pode não funcionar corretamente.

No caso de emulsões A/O/A e O/A, a fase que entra em contato direto é aquosa, produzindo reações inflamatórias que podem perfeitamente passar desapercebidas pelas aves.

Este é um detalhe importante, pois reações exacerbadas afetam o equilíbrio metabólico podendo resultar em perdas econômicas devido a: Perda de uniformidade do lote Queda de fertilidade Queda de eclosão Morte da ave em caso de inoculação em local indevido

As emulsões mais estáveis são aquelas produzidas com partículas pequenas, distribuídas homogeneamente e que utilizam um surfactante adequado.

83 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito do tipo de emulsão de vacinas contra Salmonella no índice de fertilidade em aves reprodutoras de frango de corte

vacinas

CARACTERÍSTICAS DA EMULSÃO DUPLA


ESTUDO DE CAMPO Para comprovar a maior segurança oferecida pela aplicação de vacinas contendo dupla emulsão, um estudo de campo foi realizado em matrizes pesadas no interior do estado de São Paulo – Brasil, comparando resultados de fertilidade provenientes de dois grupos vacinados à 19 semanas de idade. Foram avaliados 3 lotes em cada grupo, em condições experimentais similares: Aves vacinadas contra Salmonella SE e ST preparada em emulsão dupla a 0,5ml/ave – AVISAN SECURE® vacinas

Aves vacinadas contra Samonella SE e ST em emulsão oleosa simples a 0,3ml/ave – Vacina oleosa

Ovos Inférteis

Foram coletadas 4 bandejas contendo 96 ovos por lote, por semana.

A regularidade semanal de coleta gera um gráfico que indica a tendência da fertilidade do lote, o que é mais importante que analisar a fertilidade em um ponto isolado no tempo.

Ovos incubados por 3 a 5 dias foram quebrados pela câmara de ar e examinados individualmente.

Ovos Férteis

Figura 1. Ovo infértil. Fonte: Di Matteo (2009)

Figura 2. Ovo fértil. Fonte: Di Matteo (2009)

São os que não foram fertilizados, e que, portanto, não tem desenvolvimento embrionário; se observa o blastodisco que é uma formação esbranquiçada com um diâmetro entre 03 e 04 mm.

O óvulo foi fecundado, e observa-se um embrião com aproximadamente 50.000 células. O blastoderma é formado com uma área interna ou pelúcida (embrião propriamente dito) e uma área externa ou opaca.

84 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito do tipo de emulsão de vacinas contra Salmonella no índice de fertilidade em aves reprodutoras de frango de corte


POTENCIAL REPRODUTIVO O potencial reprodutivo de machos e fêmeas é influenciado por diversos fatores. É importante lembrar que o impacto do macho na fertilidade do plantel é cerca de dez vezes maior que o impacto da fêmea.

Observou-se diferenças na taxa de fertilidade nos dois grupos estudados durante todo o período experimental (Figura 3).

100 98 96 94 92 90 88 86 84 82 80

AVISAN SECURE® Padrão Vacina oleosa

vacinas

FERTILIDADE (%)

O ponto mais importante relacionado à fertilidade do lote é o perfil de crescimento dos machos.

25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 61 63 65

IDADE (SEMANAS)

FERTILIDADE (%)

100 95

AVISAN SECURE® Padrão Vacina oleosa

90 85 80

25

26

27

28

29

30

IDADE (SEMANAS)

Kg Figura 3. Fertilidade associada à idade da matriz

Qualquer situação que cause stress e, consequentemente, perda de peso entre 16 e 22 semanas de idade, prejudicará diretamente o desenvolvimento dos testículos e a uniformidade de peso.

85 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito do tipo de emulsão de vacinas contra Salmonella no índice de fertilidade em aves reprodutoras de frango de corte


As maiores diferenças foram observadas durante as 10 semanas após a vacinação: Idade (semanas)

AVISAN SECURE®

Vacina oleosa

Diferença

25

89,50 %

74,67 %

+ 14,83 %

26

94,00 %

81,40 %

+ 12,60 %

27

93,41 %

87,47 %

+ 5,95 %

28

96,21 %

90,22 %

+ 5,99 %

vacinas

MANEJO DE VACINAÇÃO E FERTILIDADE Pensando nisso, é essencial que o manejo de vacinação seja levado em conta quando se avalia os fatores que afetam a fertilidade, já que é realizado em um momento crucial, que determina o potencial reprodutivo do lote.

Consequentemente, há uma série de mudanças na atividade do animal que contribuem para perda de fertilidade: Diminui a ingestão de alimento

Entre 19 e 25 semanas de idade, espera-se que o macho aumente aproximadamente 35% em peso.

fazendo com que o coeficiente de variação de peso no lote se eleve, e dificilmente seja recuperado Diminui atividade de cópula, já que o animal sente dor e desconforto no

A aplicação de uma vacina contendo emulsão oleosa simples, nesse momento tão delicado do desenvolvimento sexual, eleva a probabilidade de eventos inflamatórios no peito, com formação de edema e dor.

peito (figura 4) Interferência no desenvolvimento estrutural corpóreo, com especial atenção a conformação do peito, que afeta a qualidade da cópula (figura 5)

86 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito do tipo de emulsão de vacinas contra Salmonella no índice de fertilidade em aves reprodutoras de frango de corte


Figura 4. 4 semanas após Vacina oleosa

Figura 5. 4 semanas após AVISAN SECURE

Testículos

vacinas

Galo Cloaca do macho Cloaca da fêmea Galinha Oviduto

Óvulo

Grupo de óvulos

(apenas ovário esquerdo)

Figura 6: Momento da cópula (beijo cloacal)

A perda de fertilidade é traduzida como menor número de pintos por reprodutora alojada, impactando diretamente no resultado econômico.

No estudo realizado observouse diferenças relevantes na fertilidade e comprovou-se a importância do tipo de emulsão dentro dos cuidados de manejo vacinal das aves de reprodução.

Efeito do tipo de emulsão de vacinas contra Salmonella no índice de fertilidade em aves reprodutoras de frango de corte

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87 aviNews Brasil Junho 2020 | Efeito do tipo de emulsão de vacinas contra Salmonella no índice de fertilidade em aves reprodutoras de frango de corte



APLICAÇÃO DE ANÁLISES QUANTITATIVAS PARA SALMONELLA:

UMA TENDÊNCIA TECNOLÓGICA DISRUPTIVA NA AVALIAÇÃO E GERENCIAMENTO DE RISCOS?

patologia

Simone Machado Médica Veterinária, DSc. Proprietária Food Safety & Regulatory Solutions

A

carne de aves é uma proteína de alta qualidade

e de grande relevância para assegurar a alimentação de milhões de pessoas ao redor do mundo, sendo o aumento do consumo de carne na última década impulsionado, principalmente, pelo setor de carne de aves, que representou dois terços da carne adicional consumida e deve ser responsável pela maior parte do crescimento de carne consumida até 2025.

89 aviNews Brasil Junho 2020 | Aplicação de análises quantitativas para Salmonella: Uma tendência tecnológica disruptiva na avaliação e gerenciamento de riscos?


INDICADOR DE QUALIDADE E HIGIENE

Particularmente para carne crua

As medidas baseadas em boas práticas,

de aves, a Salmonella representa

perigos e riscos são implementadas

o perigo microbiológico de maior

de forma integrada, em todos os

relevância nos Programas de Análise

elos da cadeia produtiva e de forma

de Perigos e Pontos Críticos de

acumulativa, para mitigar o risco de

Controle (HACCP – sigla em inglês).

contaminação do produto final.

As diretrizes internacionais, por sua vez, estabelecem que a Prevenção, Controle e Monitoramento da Salmonella, devem seguir o conceito “FARM TO FORK”:

patologia

Matrizes/incubatórios

Fabrica de rações

Preparo e consumo

FARM TO FORK

Frango de corte

Distribuição e comercialização

A Salmonella, por sua vez, figura como o patógeno de transmissão por alimentos de maior importância em todo o mundo, estando amplamente distribuída na natureza. O reservatório mais comum das Salmonella não tifóides, é o trato gastrointestinal de animais

Desta forma, a Salmonella pode ser

domésticos e silvestres, sendo a fonte

considerada o principal indicador

de infecção relacionada a uma grande

de qualidade da biosseguridade

variedade de matrizes alimentares

na cadeia primária e higiene do

contaminadas por material fecal.

processamento da carne de aves.

90 aviNews Brasil Junho 2020 | Aplicação de análises quantitativas para Salmonella: Uma tendência tecnológica disruptiva na avaliação e gerenciamento de riscos?


MITIGAR O RISCO EM TODAS AS ETAPAS

A contaminação por Salmonella é geralmente expressa em termos de prevalência, seja no monitoramento de processo, como em produtos. Mas as evidências de avaliações de risco microbiológico indicam que os níveis de contaminação podem ser

A comunidade científica, assim como a própria Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) vêm pontuando como um importante problema de saúde pública:

ainda mais importantes para a saúde

O nível de contaminação por

pública. E esforços, em qualquer estágio

Salmonella em carcaças positivas, no

da produção, ou processamento,

final da operação de processamento

que reduzam o nível de Salmonella

e no ponto de consumo.

patologia

no produto final serão decisivos.

PREPARO INADEQUADO E CONTAMINAÇÃO CRUZADA Em especial, ao considerarmos que os fatores de riscos para salmonelose humana são relacionados ao consumo de carne de aves crua, dizem respeito: Ao consumo do produto mal cozido À contaminação cruzada nas operações de acondicionamento, manuseio e preparo. Neste sentido, a probabilidade de contaminação cruzada entre a carne crua e superfícies e outros alimentos está diretamente relacionada à taxa de transferência, viabilidade das células bacterianas e um maior número de células presente na carne.

91 aviNews Brasil Junho 2020 | Aplicação de análises quantitativas para Salmonella: Uma tendência tecnológica disruptiva na avaliação e gerenciamento de riscos?


APLICAÇÃO DE ANÁLISES QUANTITATIVAS

Com o desenvolvimento de melhores meios de cultivo e métodos analíticos para enumeração de Salmonella internacionalmente reconhecidos, esse tema deverá ter maior relevância, particularmente na mensuração de medidas e intervenções de

patologia

mitigação baseadas em risco.

Por exemplo: Avaliar o impacto de intervenções de mitigação de riscos como o uso de aditivos na alimentação animal e validação de alterações de parâmetros de processos; Subsídio a modelos matemáticos preditivos com maior reprodutibilidade e robustez baseadas em dados reais nos estudos de Análises Quantitativas de Riscos (AQR) Não menos relevante, permitindo ainda que sejam identificados produtos com nível de contaminação mais elevado; e Adoção de ações para redução da exposição potencial de risco para o consumidor.

92 aviNews Brasil Junho 2020 | Aplicação de análises quantitativas para Salmonella: Uma tendência tecnológica disruptiva na avaliação e gerenciamento de riscos?


METODOLOGIAS ANALÍTICAS

Marlony et al., já apontava em uma revisão publicada em 2008, o uso da técnica de real time-PCR como uma eficiente alternativa para enumeração de Salmonella em alimentos e rações. Em 2012 a ISO incluiu a enumeração de Salmonella pelo número mais provável miniaturizado (mMPN) como o método de referência da ISO 9579: 2002 - parte 2.

A sensibilidade e o limite de detecção, patologia

por sua vez, desses métodos, ainda demandam maior aprimoramento. Sabese, ainda, que podem variar de acordo com o sorovar e a matriz, sendo, esse, um dos principais desafios a serem superados.

NÍVEIS DE CONTAMINAÇÃO

É certo que pode ser muito útil investigar os fatores que resultaram em altas cargas, permitindo a implementação de

Uma outra questão de extrema relevância a ser consensuada é a distinção entre níveis altos e baixos de contaminação, embora o estabelecimento de um nível limite para controle de processos

intervenções de mitigação de risco mais eficazes. A comparação de níveis, com o processamento envolvido, pode permitir que a indústria entenda melhor quais intervenções funcionam e quando.

certamente seja discutível. As evidências sugerem que, quando Salmonella está presente, o número mais provável (MNP) geralmente é baixo, não mais que 100 células por carcaça.

93 aviNews Brasil Junho 2020 | Aplicação de análises quantitativas para Salmonella: Uma tendência tecnológica disruptiva na avaliação e gerenciamento de riscos?


INFECÇÃO HUMANA

1,46x104 UFC/g Salmonella Enteritidis 6,4x103 UFC/g Salmonella Typhimurium

A capacidade das espécies de Salmonella de causar infecção humana depende, principalmente, da sua habilidade de adesão e colonização nas vilosidades intestinais.

De acordo com o estudo de análise

Uma análise de regressão probit conduzida

de riscos conduzido pela FAO em

por Akil & Ahmad (2018) para um modelo

2002, em humanos saudáveis, a dose

de Avaliação Qualitativa de Risco (QRA)

infectante para salmonelose é estimada

de salmonelose humana resultante do

entre 10 a 10 células ou mais.

consumo de frangos de corte, demostrou

4

patologia

INFECÇÃO 50% DA POPULAÇÃO.

6

Mas pode ser tão baixa quanto 101 a 102 células em indivíduos altamente suscetíveis. Ou se presente em um alimento

que o consumo de pelo menos 1,46x104 UFC/g para Salmonella Enteritidis, ou 6,4x103 UFC/g para Salmonella Typhimurium é necessário para desenvolver infecção em 50% da população.

com matriz rica em gordura como queijo ou chocolate.

O número exato de células necessário

Sugerindo ainda que a probabilidade

para causar doenças depende de

de doença aumenta conforme

inúmeros fatores e pode ser variável.

cresce a exposição a um maior número de salmonelas.

É um grande desafio saber se as melhorias na saúde pública resultarão de padrões de desempenho de processos mais rigorosos, ou de esforços que diminuam a carga de Salmonella em aves e no produto final, ou de ambos.

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NÍVEL DE CONTAMINAÇÃO NA AVALIAÇÃO DE RISCO

Vincular a presença e o número de um

$

patógeno específico em alimentos determinados, à proporção de doenças causadas em uma população humana constitui um desafio adicional.

Magnitude do risco Eficácia das medidas de redução

Mas, essas informações são necessárias para estimar a dimensão do risco e estabelecer metas claras para a proteção da saúde pública, que podem ser comunicadas

GERENCIAMENTO DE RISCOS

à população, indústria e público.

Devemos estar atentos ao fato de que o gerenciamento de riscos requer alocação de recursos proporcionais à magnitude do risco e à viabilidade e eficácia das medidas de redução de riscos.

patologia

REPROCESSAMENTO

Recentemente o Comitê Consultivo Nacional de Critérios Microbiológicos para Alimentos (NACMCF), nos Estados Unidos, recomendou que a agência e a indústria avançassem em direção à disposição baseada no risco do produto final acabado. Essa abordagem seria informada pelo nível e sorotipo, ou subtipo

A importância da enumeração Salmonella foi enfatizada em um relatório de especialistas da Sociedade Americana e do Comitê Consultivo Nacional de Critérios Microbiológicos para Alimentos em 2010. Ambos relatam que a eficácia da redução de patógenos não pode ser determinada sem enumeração, porque os esforços de controle podem reduzir o número de células de Salmonella e o risco de exposição ao consumidor, mesmo se a prevalência não estiver mudando em uma avaliação de risco.

de Salmonella e os produtos desviados estariam sujeitos a uma etapa, ou reprocessamento validado de letalidade. Já existem evidências, em estudos de avaliação de risco microbiológico, de que os níveis de contaminação podem ser ainda mais importantes para a saúde pública, do que a prevalência, pois estão diretamente relacionados à probabilidade de a dose ingerida exceder a dose infecciosa mínima necessária para o desenvolvimento da doença.

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ESTUDOS RELEVANTES Entre os estudos de AQR mais relevantes conduzidos sobre o tema, devemos citar: Straver et al, que em 2007, na Holanda, enumerou Salmonella em filés de peito de frango no varejo, correlacionando produtos com maior número Salmonella com casos em humanos.

patologia

Hardie et al. que em 2019 analisou peito de frango cru em abatedouros e no varejo no Canadá. Foram consideradas as variáveis de impacto do processamento e dos fatores de risco para avaliar os resultados de prevalência e concentração de Salmonella, antes e imediatamente após cada intervenção de processamento. Informou-se ao processador as melhores práticas para redução de Salmonella em produtos de frango de corte. E, por fim, o artigo publicado por Jeong et al. em 2018, que avaliou a prevalência e enumeração de Salmonella em carcaças em frigoríficos e no varejo na Coréia do Sul.

BRASIL No Brasil, já em 2010 Borsoi et al., conduziram um estudo avaliando carcaças de frango resfriadas utilizando a enumeração pelo método de Número Mais Próvável (NMP), de forma a mensurar o número de células presentes na carne de frango in natura frente a avaliação da exposição ao risco de maior potencial de contaminação cruzada, demandando a necessidade de ações e intervenções de mitigação de riscos pela cadeia produtiva e consumidores. Santos et al., 2014, utilizando o MPN miniaturizado em suabes cloacais, amostras de esponjas de gaiolas de transporte antes e depois do saneamento, carcaças antes e depois do chiller e carcaças congeladas após 24 horas. Revelou-se uma prevalência de 5,5% de Salmonella, mas nenhuma das amostras foi realizada para enumeração. Em contrapartida, o estudo conduzido por Machado et al., 2020 in press, avaliando suabes de cloaca, carcaças antes e depois do chiller e peito de frango sem pele congelado após 30 dias, encontrou 2% de prevalência em peito congelado, sendo que somente 0,6% (4/600) foram enumerados, sendo 2 amostras com <10UFC/g (baixa) e 2 amostras com 10-100UFC/g (intermediário).

CONCLUSÃO

Definitivamente as análises quantitativas

Diante deste cenário, o desafio de

como a enumeração de Salmonella

tecnologias disruptivas para enumeração

tendem a representar uma mudança de

e quantificação de Salmonella, sejam

paradigma no diagnóstico para avaliação

métodos de cultivo ou moleculares, via

baseada em risco de produtos e processos

de regra será primar pela simplicidade,

em um horizonte relativamente curto.

reprodutibilidade em diferentes matrizes e agilidade no resultado.

Aplicação de análises quantitativas para Salmonella: Uma tendência tecnológica disruptiva na avaliação e gerenciamento de riscos?

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