A VOZ DE RIO DAS PEDRAS - Nº 2

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Quer ser colaborador de A VOZ DE RIO DAS PEDRAS? Faça contato por avozderiodaspedras@gmail.com A VOZ DA CIDADANIA PADRE MARCOS VINICIUS (FOTO) E JEANE FONTINELES PREPARAM A NOSSA COMUNIDADE PARA RECEBER O PAPA

LÚCIA ILOIZIO DIVULGAÇÃO / CLÁUDIA GONZAGA

A VOZ DA ADVOGADA

DANIELA MOREIRA LIMA ALVES ANO I - N0 2 - RIO DE JANEIRO, 21 DE JUNHO DE 2013

I N F O R M A Ç Ã O

E

C I D A D A N I A

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

A Comlurb ouviu nossa voz w w w.avozderiodaspedras.com.br

EDITORIAL

PRIMEIROS PASSOS

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Ronald Guimarães Levinsohn

Ao colocar o bloco na rua, com Renato Sorriso à frente, a Comlurb ouviu a nossa comunidade e agiu para valer em nossas ruas e vielas maltratadas pelo crescimento desordenado e pela nossa própria falta de cuidado. Conferimos o Mutirão de Limpeza, organizado pela Secretaria Municipal de Governo e agora ficaremos vigilantes para que essa e as demais ações não fiquem no oba oba e terminem em samba. A VOZ DE RIO DE PEDRAS também está de olhos e ouvidos atentos.

PÁGINAS 4 E 5

E A CEDAE, VAI NOS OUVIR?

DIVULGAÇÃO

izia um sábio que uma grande caminhada começa com o primeiro passo. Essa sabedoria se aplica a Rio das Pedras. Temos recebido no Núcleo de Cidadania da UniverCidade manifestações de desejo de moradores e comerciantes de ter a comunidade transformada em bairro. Nosso pessoal julgou importante criar um jornal para divulgar esses anseios, para fazer-se lido pelas autoridades, a fim de despertar nelas a consciência de que precisam ouvir a nossa voz. Outro passo é criar uma Associação Comercial para dar credibilidade à nossa iniciativa perante todos, governo e sociedade. O objetivo é simples e trivial: promover a reurbanização da comunidade e implantar nela os serviços essenciais de água, esgoto, energia, recolhimento de lixo, posto policial, agência dos correios e ganhar o reconhecimento da Municipalidade para dar nomes às ruas e números às casas. O mutirão de limpeza começou a funcionar. Expedimos convite para que o defensor público do estado venha nos visitar e constatar o volume de serviços públicos sob sua responsabilidade de que são carentes esta comunidade. A VOZ DO RIO DAS PEDRAS tem o objetivo de tornar-se o instrumento para que os moradores tenham como se fazer ouvidos em suas reclamações e sugestões. Estamos procurando colaboradores para o jornal. Quem estiver interessado procure a Cláudia Corrêa (cel. 9588-1964) ou o Irineu Soares (cel. 9848-5730) Os comerciantes que desejarem participar da fundação da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO RIO DAS PEDRAS deverão se reunir para discutir ideias e providências. Tony Fontoura (cel. 9625-7599), está encarregado de marcar uma reunião.

Wagner Victer, presidente da empresa, garantiu que seremos ouvidos e disse que todos os moradores receberão marcadores e a cobrança. Esse é um de nossos maiores desejos e de Val, moradora da rua Xaxá, onde há mais de três meses um enorme vazamento está levando seu negócio à falência, além do transtorno para os moradores. PÁGINAS 3 E 8

PREFEITURA PRECISA NOS OUVIR E VER A TRISTE REALIDADE DO CAIC Só o amor dos professores ao ofício e a dedicação dos alunos para aguentar tanto abandono. PÁGINA 6


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Meu caro presidente, aqui ninguém quer ter energia elétrica em suas casas por meio de “gatos”. O que a gente quer é cidadania, ter a nossa energia fornecida legalmente. Será que pedir legalidade é crime?

A NOSSA

A comunidade pode contar com o apoio do Ministério Público nas situações que envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher. São principalmente as agressões praticadas por maridos, companheiros e namorados, inclusive exnamorados e ex-companheiros, nos termos da Lei Maria da Penha.

RIO, 21 DE JUNHO DE 2013

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DEVE SER DENUNCIADA

VOZ

A

Prezado Sr. Paulo Roberto Pinto, presidente da Light:

T

emos o prazer de nos dirigir ao senhor para fazer um pedido simples, porém de grande complexidade diante de uma encruzilhada na qual se encontra a nossa comunidade: Rio das Pedras não é favela, nem bairro. Daí a nossa compreensão de que não é só culpa da sua empresa, mas dessa situação maluca que não aponta uma luz (da Light) no fim do túnel. Pesquisa em andamento, realizada na comunidade pelo Núcleo de Cidadania mantido pelo Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), revela que a população de Rio das Pedras gira em torno de 85 mil habitantes, distribuídos em 25 mil moradias aproximadamente e cerca de 5 mil empresários, inclusive individuais (pessoas físicas). Na primeira reportagem que fizemos aqui, já levamos um choque: os moradores colocaram a sua empresa numa cadeira elétrica. Moradora há 22 anos nesta favela, a coordenadora de projetos sociais Soly Lopes e a dona de casa Rosa Rodrigues Soares botaram o dedo na tomada: “Queremos ter um relógio de luz, pagar as contas e ser tratadas como cidadãs”, afirmaram, numa bronca que é geral. Meu caro presidente, aqui ninguém quer ter energia elétrica em suas casas por meio de “gatos”. O que a gente quer é cidadania, ter a nossa energia fornecida legalmente. Pô, presidente, será que pedir legalidade é crime? Queremos pagar a conta e que a sua empresa, concessionária de um serviço público, mande cobrar uma tarifa social. Estamos sabendo que a Light, meu caro Paulo Roberto, teve um lucro de R$ 424 milhões no ano passado. Zero vírgula zero zero e alguma coisa desse lucro daria para dar uma guaribada na distribuição da energia na nossa comunidade, que convive com um quadro horroroso de um amontoado de fios pendurados e com constantes “apagões”, como o registrado em pleno período natalino, quando grande parte da comunidade ficou às escuras. Estamos propondo uma parceria: a Light dá um jeito nessa bagunça e nós nos comprometemos a honrar o compromisso de pagar em dia nossas contas de luz. Em resumo, meu caro presidente, queremos cidadania e, de nossa parte, as coisas ficam mais simples. Estamos à disposição para os seus esclarecimentos, que serão muito bem-vindos e oportunos. Com os cumprimentos dos Moradores de Rio das Pedras.

comunidade pode contar com o apoio do Ministério Público nas situações que envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher. São principalmente as agressões praticadas por maridos, companheiros e namorados, inclusive ex-namorados e ex-companheiros, nos termos da Lei Maria da Penha. A partir da promulgação da lei, foram criados diversos mecanismos para coibir e prevenir esse tipo de violência, tais como campanhas de esclarecimento e serviços especializados para que as ocorrências sejam registradas. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) faz parte de uma rede de proteção à mulher, com quem a comunidade pode contar. É possível denunciar a violência por meio de nosso principal

A VOZ DA

CIDADANIA

LÚCIA ILOIZIO* canal de comunicação – a Ouvidoria – pelo telefone 127 ou pelo site www.mp.rj.gov.br. A vítima também pode procurar o promotor de Justiça de Violência Doméstica e Familiar

contra a Mulher nos Juizados Especializados, caso tenha alguma dificuldade de realizar o registro de ocorrência do crime na delegacia ou, após o registro, quando necessitar do deferimento judicial das medidas de proteção da Lei Maria da Penha, tais como as que proíbem o agressor de aproximarse da vítima e de manter contato com ela. A oitava edição do “Dossiê Mulher”, elaborado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), com dados referentes ao ano de 2012, constatou que as mulheres fluminenses ainda são as maiores vítimas de crimes como estupro (82,8%), tentativa de estupro (94,9%), calúnia, injúria e difamação (72,4%), ameaça (66,7%), lesão corporal dolosa (65,3%) e constrangimento ilegal (56,6%). A publicação foi divulgada às vésperas do mês de agosto, quando a Lei Maria da Penha (Lei

11.340/06) completou oito anos de existência. No ano passado, os promotores de Justiça do Ministério Público ofereceram à Justiça cerca de 30 mil denúncias em todo o Estado do Rio. Só este ano foram cerca de 6 mil medidas de proteção requeridas. Se você, mulher, sofre qualquer agressão, denuncie! A Lei Maria da Penha foi criada para protegê-la e tem mostrado excelentes resultados.

* Lúcia Iloizio é promotora de Justiça, coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Violência Doméstica contra a Mulher.

Este espaço está reservado para o Ministério Público do Estado orientar a Comunidade de Rio das Pedras sobre seus direitos e como pode ser amparada por aquele orgão.

AS NOVAS CONQUISTAS DOS TRABALHADORES DOMÉSTICOS

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urante muitos anos nossa legislação trabalhista foi extremamente paternalista com os empregadores (patrões) e injusta com os empregados domésticos (empregadas, faxineiras, caseiros, motoristas, babás etc.). O motivo talvez esteja no fato de que, para manutenção de status social, as pessoas pertencentes à classe média e alta necessitem desses profissionais. Carentes de bom nível de escolaridade foram levados a exercer suas atividades na retaguarda das famílias brasileiras, não merecendo o reconhecimento devido até os dias atuais. A PEC das Domésticas, que passou a valer desde abril, estabeleceu direitos especiais para a categoria. No entanto, das 16 regras estabelecidas, sete precisam de regulamentação. Agora, o projeto em tramitação no Congresso equipara os direitos dos empregados domésticos aos dos demais trabalhadores ao agregar regras estabelecidas pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). A conquista do FGTS, da multa rescisória e do seguro-desemprego, dentre outros direitos representa um grande avanço. Antes da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n° 66/2012, conhecida como a PEC das Domésticas, os trabalhadores domésticos só tinham o direito a férias, 13º salário, aviso-prévio e INSS, sendo facultado o recolhimento do FGTS pelo patrão.

A VOZ DA

ADVOGADA

DANIELA MOREIRA DE LIMA ALVES*

Com a entrada em vigor da nova lei, os trabalhadores domésticos digo assim que pelo fato de a PEC ficar conhecida como a PEC das Domésticas muitos cidadãos não associam a nova Lei com a categoria beneficiada - esquecem de que todos que exercem atividades dentro dos lares brasileiros são domésticos. Caseiros, jardineiros, babás, motoristas, acompanhantes, todos se enquadram neste título de “doméstico”, entretanto, as empregadas e diaristas são sem dúvida nenhuma a maioria. O que mudou com a PEC? Foi concedido aos trabalhadores domésticos os seguintes direitos: 왘Jornada de trabalho de oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais;

ANTES

왘Horas Extras; 왘Adicional Noturno; 왘Garantia de recebimento de salário mínimo – esta apesar de não ser tão importante para os trabalhadores domésticos das capitais do Sul e Sudeste que possuem salário regional superior ao mínimo – nas demais Regiões em especial a Nordeste muitos recebem salário bem inferior ao mínimo nacional; 왘Proteção do salário sendo considerado crime a retenção do pagamento pelo patrão; 왘Multa rescisória para demissões sem justa causa; 왘Seguro-Desemprego para o desemprego involuntário; 왘FGTS; 왘Salário-Família; 왘Auxílio-Creche; 왘Seguro contra Acidente de Trabalho. No último dia 6, o texto recebeu uma novidade de última hora. Atendendo pedido de centrais sindicais, o relator da proposta acrescentou a licença-maternidade de 120 dias para as empregadas domésticas. Na proposta original, não havia previsão de tempo. Os benefícios de multa rescisória para demissões sem justa causa, seguro-desemprego, FGTS, salário-família, auxílio-creche e seguro contra acidente de trabalho, dependem ainda de norma regulamentadora para serem colocados em prática. Para os patrões mais humanos e generosos, não muda muito. Alguns

N

osso repórter-fotográfico Fábio Costa passava pela esquina das ruas da Paz com Goiás e teve uma grata surpresa. Há pouco mais de um mês, um emaranhado de fios compunha um quadro horroroso, que ele flagrou com a sua lente (foto à esquerda), como publicado no número de lançamento deste jornal. Não sabemos se advertida pela nossa reportagem ou se por iniciativa própria, uma equipe da Light esteve lá e deu uma guaribada naquela bagunça, como mostra a foto à direita. Como não estamos aqui para só ficar falando mal e reclamando do que não presta, fica o registro e os agradecimentos à concessionária pela providência.

쐀 Cartas para a redação de A Voz de Rio das Pedras, a/c do Núcleo de Cidadania, Rua Nova n0105, loja 2. e -mails para contato@avozderiodaspedras.com.br

se comprometem em pagar integralmente a contribuição previdenciária de seus trabalhadores, que corresponde a 20% (vinte por cento) do salário mensal. Nesses casos, a sugestão da coluna é chamar o empregado para conversar sobre o horário e sobre os novos custos para uma transição tranquila e adequação da relação de trabalho com a nova PEC, informá-lo de que será descontada a contribuição previdenciária no que tange à sua parte (que corresponde a 8%) e com esta economia efetuar o recolhimento do FGTS que possui o mesmo percentual. Apesar da repercussão negativa de que os custos sobrecarregarão em muito o orçamento familiar, acredito que o mais importante nessa relação é a confiança e, principalmente, o reconhecimento do trabalho desses profissionais, que destinam parte de suas vidas cuidando com muito amor e dedicação dos lares de todos os brasileiros. Como filha de uma empregada doméstica, destaco que a regulamentação dos direitos dessa categoria irá aumentar a formalização no setor e é uma medida justa, oportuna e de resgate da cidadania.

* Daniela Moreira de Lima Neves (163.436 OAB-RJ) é advogada especialista em Direito Previdenciário é moradora e tem escritório na Estrada de Jacarepaguá nº 3145 A rua 5, nº 4, Conjunto São Bartolomeu, Rio das Pedras, telefone: 3139-4784.

DEPOIS

EXPEDIENTE DIRETOR-RESPONSÁVEL

EDITORES

Aziz Ahmed

Laerte Gomes

(Reg. 10.863 - MTPS) azizahmed@avozderiodaspedras.com.br

laertegomes@avozderiodaspedras.com.br

Ricardo Gomes ricardogomes@avozderiodaspedras.com.br

www.avozderiodaspedras.com.br

CONSULTORA

FOTOGRAFIA

TRATAMENTO DE IMAGENS

Cláudia Franco Corrêa

Fábio Costa

Eduardo Jardim

Publicação mensal Tiragem: 20 mil exemplares

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Impresso na Gráfica e Editora Jornal do Commercio

Uma publicação da Livraria e Editora Citibooks Ltda. CNPJ: 05.236.806/0001-5 Rua Jardim Botânico, 710, CEP 22.460-000 para a Associação Comercial do Rio das Pedras (em organização). Rua Nova 105 – Loja, Rio das Pedras

CLASSIFICADOS GRÁTIS! A partir dos próximos números, este jornal vai reservar espaço para que você, morador ou comerciante de Rio das Pedras, possa anunciar bens, serviços ou produtos que esteja disposto a alugar, vender ou, simplesmente, doar. Basta que seja um texto curto e grosso, que vamos publicar de graça. Se quiser "vender seu peixe", encaminhe o anúncio para o setor de classificados para o e-mail APROVEITE! contato@avozderiodaspedras.com.br.


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A comunidade é abastecida por tubulação de 500 milímetros. Parte foi contemplada com sistema de distribuição, implantado pelo Programa Favela Bairro. O restante da comunidade é abastecido por tubulações implantadas anteriormente.

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A Cedae iniciará em breve o recadastramento dos moradores e aqueles que ainda não possuem hidrômetro receberão os marcadores e a cobrança começará pelos imóveis comerciais.

RIO, 21 DE JUNHO DE 2013

ENTREVISTA

WAGNER VICTER -Presidente da CEDAE

IMÓVEIS DE RIO DAS PEDRAS TERÃO HIDRÔMETRO

Victer - O investimento de R$ 60 milhões é especificamente na região da Avenida Abelardo Bueno, conhecida como Eixo Olímpico, empreendimento que atende a todo o esgotamento da futura Vila Olímpica, Vila dos Atletas, Parque dos Atletas, Riocentro, Parque Aquático Maria Lenk, Hospital Sarah, além de grandes empreend imentos imobiliários como o Rio 2, Cidade Jardim, Centro Metropolitano, Quality Green, Bora Bora, Villas da Barra, Orizzonte di Barra, Villa D Itália, Centro Comercial Barra Corporate, Luminna Offices, Vision Offices, Rio 2 Shopping, Hotel Monza, Majestic Cidade Jardim, One World Offices, dentre outros. A Comunidade Rio das Pedras já foi cont emplada, em grande parte, com a inauguração da Elevatória Rio das Pedras, que direciona efluentes para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Barra da Tijuca e, desta, para o Emissário Submarino. O restante da comunidade será atendido até 2016.

- Os esgotos já estão sendo tratados e direcionados ao emissário. São cerca de 12 milhões de litros de esgoto por dia oriundos da comunidade de Rio das Pedras.

- A comunidade é abastecida por tubulação de 500 milímetros. Parte foi contemplada com sistema de distribuição, implantado pelo Programa Favela Bairro. O restante da comunidade é abastecido por tubulações implantadas anteriormente.

DIVULGAÇÃO / CEDAE

- A medição é por hidrômetro.

LEIA NAS PÁGINAS 4 E 5 VOZ, OLHOS E OUVIDOS PARA A CIDADANIA

PRESIDENTE DA CEDAE ANUNCIA O SANEAMENTO DA NOSSA COMUNIDADE E O CADASTRAMENTO DOS MORADORES

Victer explica ao empresário Carlos Carvalho o andamento das obras de saneamento da Barra e Jacarepaguá

- São 160 litros/segundo em toda a comunidade.

- Sim e atua de imediato na solução do problema. Para se ter uma ideia, a média de tempo entre o recebimento da reclamação e a solução do problema, que era de 16 dias, caiu para 48 horas.

- Não. Os moradores demandam quando necessário. A manutenção do

esgoto é de responsabilidade da Prefeitura por força de convênio de 2007.

- Através do call center da companhia, pelo número 0800-2821195.

- A Cedae iniciará em breve o recadastramento dos moradores e aqueles que ainda não possuem hidrômetro receberão os marcadores e a cobrança começará pelos imóveis comerciais.

Vista aérea da Estação de Tratamento de Esgotos da Barra


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Criar um mecanismo de recolhimento de áreas onde o acesso de veículos é impossível, como a Areinha, para que o lixo produzido nas residências chegue, para nós é o grande desafio. DIRETORA DE SERVIÇOS OESTE DA COMLURB

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RIO, 21 DE JUNHO DE 2013

Gostaria que fosse estimulada a autonomia das pessoas. Meu sonho é que isso não seja mais necessário, que seja uma ação finita. PEDAGOGO QUE ESTAVA NO CADASTRAMENTO DE CURSOS E EMPREGOS

Pelas ruas era possível encontrar equipes da Comlurb em diversos pontos dando uma guaribada no aspecto visual, embora tenha ficado claro que a empresa terá um trabalho árduo pela frente por causa da carência de serviços, da enorme dimensão da comunidade, e do mau hábito dos moradores de sujar as ruas onde a gente mesmo anda.

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A ideia desses mutirões é preparar a comunidade e deixá-la em condições para que a gerência local faça a manutenção. Esperamos que a população colabore, atitude fundamental para que a comunidade permaneça limpa.

RIO, 21 DE JUNHO DE 2013

ENTREVISTA COM VINÍCIUS RORIZ

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ábado, 8 de junho, 10h. Escola Municipal Lauro de Oliveira Lima, antigo Ciep Lindolfo Collor. O clima geral é de festa. Para alguns, de alívio e esperança; para outros, de uma expectativa que flertava com a frustração de estar presenciando mais uma ação do estado e órgãos coligados que poderia se esvair como o som do animado grupo de samba da Comlurb, com destaque para o conhecido Renato Sorriso à frente, ao fim da apresentação. Sob a coordenação da Secretaria Municipal de Governo, vários órgãos públicos, entre eles Comlurb, Secretarias de Desenvolvimento Social e de Saúde, Detran, Defensoria Pública, Sebrae e Fundação Leão XIII estiveram em nossa comunidade promovendo uma grande ação social e educativa. E garantiram que vieram para ficar. Tomara! No que depender da determinação e firmeza da Comlurb, pelas palavras da diretora de Serviços Oeste, Joyce Sholl, não temos motivos para achar que a ação dessa manhã ensolarada se encerraria às 15h, conforme anunciado na programação. – O evento no Ciep é a cereja do bolo, mas a limpeza pesada é a ação principal – afirmou Joyce. Ainda segundo Joyce, a janela de oportunidades que um evento como esse abre é fantástica, porque possibilita que outra série de ações complementares seja desencadeada de forma muito mais eficaz e contínua. E completa: – Criar um mecanismo de recolhimento de áreas onde o acesso de veículos é impossível, como a Areinha, para que o lixo produzido nas residências chegue, para nós é o grande desafio. A gente torce para que esse espírito determinado da empresa municipal de limpeza urbana - como mostram as entrevistas (ao lado) com o presidente Vinicius Roriz, assim como a de Joyce -, chegue aqui em Rio das Pedras para ficar, porque seremos vigilantes e cobraremos as melhorias que a Comlurb e outros órgãos podem e devem trazer para a nossa comunidade. Mas também vamos cobrar dos nossos moradores uma postura educada e civilizada no trato com o lixo que tanto nos atormenta, mas que é descartado inconvenientemente, em boa parte, pela nossa falta de educação. Entre todos os pontos de cidadania que visitamos, o que fazia a inscrição de cursos gratuitos foi o que mais chamou a atenção. Não por estar mais vazio que os demais, exceto do que ficava ao lado e tratava da questão das drogas, mas pelo alto nível de consciência cidadã de seu atendente, o pedagogo Paulo Filho. Questionado a dar a sua opinião sobre a ação, ele foi enfático: – Vale a pena estar aqui como cidadão, mas gostaria que fosse estimulada a autonomia das pessoas. Meu sonho é que isso não seja mais necessário, que seja uma ação finita. Avaliou, assim, com extrema sabedoria, a função original dos programas de transferência de renda e auxílio para o cidadão destituído de....cidadania. Como infelizmente essas ações são invariavelmente distorcidas para fins eleitoreiros, Paulo, com singular perspicácia, clareia outro ponto que sempre fica obscuro na zona cinzenta do paternalismo oportunista de estado. E, pedagogo, dá uma aula de civilidade: - A mensagem (para quem procura ajuda) é que é o esforço dele que vai dar oportunidade de se colocar no mercado, porque isso é um investimento da construção civil em mão de obra qualificada, que é um dos nossos maiores problemas atuais. O baixo número de inscritos que procuraram o posto do Sindicato de Engenharia e Construção Civil (Seconci) para cursos gratuitos também chamou a atenção. Até a hora em que a reportagem permaneceu no local, apenas dezoito pessoas procuram o posto em busca de cursos gratuitos e, dessas, dez se inscreveram no curso de aplicador de revestimento e cerâmica, o famoso ladrilheiro. No posto da Fundação Leão XIII, Patricia Camilo Gomes, de 35 anos, moradora nascida na comunidade, comemorava a oportunidade de tirar identidade e certidão de nascimento: – Tô achando bom, porque a gente precisa mesmo disso. É a primeira vez que vejo isso aqui. Já Wimerson Domingos, gerente da Clínica da Família Otto Alves de Carvalho, comemorou o fato de a ação acontecer no mesmo dia que a campanha de vacinação contra a poliomielite e falou sobre a estrutura disponível para os moradores: – Estamos com sete postos de vacinação na unidade, e dois fora, atendendo entre seis a sete mil crianças. Um no Ciep e outro no Bussunda, que nem fica na área que originalmente a gente cobre. Mas achamos importante atender até lá. E a estrutura disponibilizada serviu para atender Bianca dos Santos da Silva, de 18 anos, que veio renovar a identidade e vacinar a filha Brenda, de 1 ano, e a amiga Raiane Priscila, de 14, que trouxe o irmão Pedro Davi para vacinar. Envergonhadas para tirar a foto, as duas estavam visivelmente felizes de poderem ser atendidas próximo de seus lares sem precisar de grandes deslocamentos, como normalmente os moradores da nossa comunidade precisam fazer para conseguir acesso aos direitos básicos. Na van da prefeitura, estacionada na porta do Ciep, que oferecia acesso gratuito à internet, Josiane Rodrigues, monitora do espaço, e seu assistente André Dias Assumpção, disseram que a maior procura era para tirar a segunda via do CPF e impressão de documentos como conta de luz. Já as crianças procuravam a van para acessar as redes sociais e jogos. Pelas ruas era possível encontrar equipes da Comlurb em diversos pontos da nossa Rio das Pedras dando uma guaribada no aspecto visual, embora tenha ficado claro que a empresa terá um trabalho árduo pela frente por causa da carência de serviços, da enorme dimensão da comunidade, e do mau hábito dos moradores de sujar as ruas onde a gente mesmo anda. Um costume, aliás, que parece tão enraizado que a gente nem nota a sujeira que faz. Fica então o recado da nossa A Voz de Rio das Pedras. Para cobrar alguma coisa da Comlurb ou de qualquer outro órgão, primeiro temos que fazer o dever de casa.

O BALANÇO POSITIVO DA EMPREITADA

VOZ, OLHOS E OUVIDOS PARA A CIDADANIA

Confiante em que Rio das Pedras poderá resgatar a fama que já a consagrou de favela mais limpa do Rio de Janeiro – e para isso os moradores precisam colaborar -, o presidente da Comlurb, Vinícius Roriz, fez um balanço positivo do mutirão realizado no sábado, dia 8 de junho último, na comunidade. Em entrevista exclusiva ao nosso jornal, ele disse que a ação foi pontual, mas que a companhia estuda novos procedimentos. E pediu aos moradores respeito ao espaço físico e que não jogue lixo nas ruas. Eis a entrevista:

VINÍCIUS - O mutirão é um movimento interessante porque mobiliza várias gerências da Comlurb, trabalhando o espírito de equipe num sentido bem amplo e, nesse caso, o mais importante é unir esforços para melhorar a limpeza da comunidade. Os moradores nunca tinham visto tantos garis ao mesmo tempo, com tantos equipamentos, e o impacto positivo pode ajudar na conscientização da população.

- Recomendaria que a população respeitasse mais o espaço físico, não jogando lixo nas ruas. O ideal seria que as pessoas entendessem os malefícios que o lixo mal descartado pode trazer à saúde e ao bem estar social, de forma geral.

PRESIDENTE DA COMLURB GARANTE QUE É POSSÍVEL RIO DAS PEDRAS RESGATAR A FAMA DE FAVELA MAIS LIMPA DA CIDADE

- A ideia desses mutirões é preparar a comunidade e deixá-la em condições para que a gerência local faça a manutenção. Esperamos que a população colabore, atitude fundamental para que a comunidade permaneça limpa.

- Foram mobilizados 123 garis, coordenados por 12 encarregados e gerentes. A equipe fez limpeza geral, incluindo capina, roçada mecânica, limpeza de ralos, limpeza de postes, coleta de lixo domiciliar e remoção dos resíduos.

EM DIA DE AÇÃO INTEGRADA DA PREFEITURA, MORADORES SE ENCHEM DE ESPERANÇA DE DIAS MELHORES, AO MESMO TEMPO EM QUE FICA COM O PÉ ATRÁS DE QUE OPORTUNIDADE ÚNICA DO ESTADO SE FIRMAR NA COMUNIDADE NÃO SEJA APROVEITADA EM BENEFÍCIO DA POPULAÇÃO

- Removemos 268 toneladas somente no sábado, sendo que em dias úteis, durante a semana, são removidas entre 110 e 120 toneladas.

- A ação foi pontual, mas estamos estudando novos procedimentos para a comunidade. Estamos definindo a melhor forma de remover o lixo domiciliar, principalmente nos locais onde não conseguimos fazê-lo porta a porta, por causa dos locais de difícil acesso.

- A Subprefeitura já nos liberou um imóvel, na praça, que precisa de algumas reformas. É um bom espaço e o projeto de reforma já está sendo analisado.

- Com certeza. A Comlurb hoje está procurando soluções que atendam às especificidades de cada comunidade, criando logísticas diferenciadas, que em breve serão implantadas em todas as comunidades do Rio.

- Como explicamos, a Comlurb tem que cada vez mais melhorar os seus serviços, e a população deve fazer a sua parte, descartando seu lixo nos locais corretos. Com esta parceria Rio das Pedras, com certeza, será um lugar melhor.

- A operação e a atividade de conscientização fizeram parte da grande ação social e educativa promovida pela Prefeitura, sob coordenação da Secretaria Municipal de Governo, envolvendo vários órgãos públicos, entre eles Comlurb, Secretarias de Desenvolvimento Social, de Saúde e de Meio Ambiente, Detran, Defensoria Pública, Sebrae e Fundação Leão XIII. Os moradores puderam tirar 1ª e 2ª vias da carteira de identidade, emitir carteira de vacinação, fazer inscrição para cursos gratuitos com encaminhamento para o mercado de trabalho, além de cadastramento no si stema de Cadastro Único do Governo Federal para inclusão em programas. Iniciativas como esta, com prestação de serviços e ações de conscientização, são fundamentais para que o poder público ocupe um espaço importante nas comunidades, garantindo direitos básicos a todos


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Graças aos professores e alunos, que estão formando um grupo de trabalho “Movimento por uma Escola Digna” para pleitear as melhorias que a escola tanto necessita, o Caic Euclides da Cunha permanece ativo com seus três turnos de aula, apesar de todas as dificuldades, que não são poucas.

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RIO, 21 DE JUNHO DE 2013

A prefeitura está com uma oportunidade impar de reparar a inação histórica com a comunidade. Com um espaço físico privilegiado e mão de obra competente e apaixonada pelo que faz, a bola está com o prefeito para marcar esse golaço que a gente tanto torce para acontecer.

Janelas e portas quebradas, estruturas de ferro e metal corroidas, paredes com pinturas gastas e pichadas, fora o lixo no entorno e dentro do Caic. Esse e um pequeno retrato do desleixo das autoridades com um espaco que deveria servir de modelo. A populacao de Rio das Pedras merece mais respeito.

E

ntrar no Caic num dia de sábado é perturbador. A enorme estrutura que abriga o que deveria ser um Centro de Apoio Integrado à Criança e ao Adolescente, como reza o significado da sigla, causa espanto e admiração. Espanto por causa da precariedade das instalações, com portas e janelas destruídas, entre outros absurdos; admiração porque é um espaço maravilhoso que poderia ser usado para inúmeras atividades para crianças, adolescentes, adultos e idosos, mas está literalmente caindo aos pedaços. Fundado em 1992, no conturbado governo Collor, a escola preserva os ares tenebrosos do período. O calor é insuportável e obriga os professores a adequarem os horários das aulas aos períodos com temperaturas mais amenas. A consequência é a redução do número de aulas, queda de rendimento, evasão escolar e tudo o que a gente conhece na rotina de descalabros em nossa educação. Pior: desde a fundação a escola nunca passou por uma reforma. Reunido com dez professores numa sala, esse repórter ficou igualmente espantado e admirado com os relatos simultâneos, atropelados por uma ansiedade de gente que ama a profissão que escolheu, talvez a mais importante de todas, por ser a primeira que temos contato depois de nossos pais, mas que, infelizmente, é aviltada há décadas. Graças aos professores e alunos, que estão formando um grupo de trabalho “Movimento por uma Escola Digna” para pleitear as melhorias que a escola tanto necessita, o Caic Euclides da Cunha permanece ativo com seus três turnos de aula, apesar de todas as dificuldades, que não são poucas. O grupo, que já esteve na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), agora organiza um abaixo-assinado para fazer valer suas queixas. Segundo relato dos professores, chove dentro das salas de aula, a parte elétrica é exposta, levando perigo aos alunos e professores, e as salas muita vezes ficam às escuras. Se fosse "só isso" o problema seria fácil de resolver, mas ouvir desses mesmos dedicados mestres

CAIC, CAINDO AOS PEDAÇOS, MAS AINDA PULSANDO AMOR DOS PROFESSORES AO OFÍCIO E À ESCOLA É UM DOS PRINCIPAIS INGREDIENTES PARA O FUNCIONAMENTO DA INSTITUIÇÃO. PROFESSORES E ALUNOS SE UNEM E CRIAM MOVIMENTO PARA REIVINDICAR MELHORIAS PARA ESTRUTURA PRECÁRIA

Cris, ao centro, de veremlho e seus alunos. Devoção a causa do hip hop fala mais alto que o dinheiro

ONDE O CAIC PULSA 100% "Tenha fé porque até no lixão nasce flor", diz a letra da música do famoso grupo de rap Racionais MC. E se lá nasce flor não vai ser no Caic que não vai nascer, além de amor e criatividade, muita cultura hip hop de qualidade. Liderado pelo professor Cris, de 30 anos, 15 alunos se reúnem para aprimorar a performance com muita determinação e energia positiva, sonhando com dias melhores. Cheio de esperança, conta Cris: - Aqui já teve duas batalhas de rap, mas queremos fazer um evento com os quatro elementos do hip hop, ou

que ratos e baratas habitam as dependências da escola em plena luz do dia revolta qualquer um. Como observou uma professora, são animais de hábitos noturnos e, se estão circulando durante o dia com tamanha desenvoltura, é porque o negócio saiu do controle. Outro professor faz uma observação cômica para falar de uma tragédia. - Nunca vi revoada de baratas. É espantoso - relata irônico, mas com um tom de voz revoltada. Esse mesmo professor clama por reformas urgentes porque a situação é insalubre. Outro pede a palavra e diz que são 180 profissionais insatisfeitos que trabalham no Caic. Uma professora aponta um caminho que resolveria todas as mazelas da escola. Transformar o local numa

Nave do Conhecimento, projeto da Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia (SECT), que vem sendo espalhado por varias regiões da cidade e que poderia aterrissar em Rio das Pedras. Outra professora chega depois e pede a palavra para falar do entorno que é cheio de lixo e de outra mazela que afeta toda a comunidade, que são os excessos de barulho produzidos por carros de som. Diz que precisam interromper as aulas por causa do volume dos carros que param em frente à escola para vender produtos e serviços. Essa reclamação é recorrente e é urgente que se estabeleça um padrão de decibéis para os veículos circularem na comunidade, porque não é um problema trivial que afeta apenas o Caic, mas também atinge to-

então uma de Bboy. Rap, DJ, Break e Graffiti. Esses são os quatro elementos que compõem a cultura Hip Hop que pulsa viva em Rio das Pedras e clama por apoio da iniciativa privada ou do governo. Hoje, Cris dá aula de graça por amor, porque os cursos do projeto Escola Aberta estão bloqueados. Então, está na hora de a prefeitura se desbloquear e incentivar a cultura e a cidadania para que essa galera não seja desviada pelos descaminhos das drogas e do crime.

dos os moradores que só querem um ambiente de paz no lugar que escolheram para viver. Mas como regular o volume de som em um lugar onde o hábito de jogar lixo nas ruas é quase que normal, tornando a prática ainda mais grave do que em outras áreas da cidade? Lixo, esgoto, luz e som alto são frutos do descaso histórico dos sucessivos governos que se aproveitam da má formação educacional da população para continuarem prestando serviços de péssima qualidade, com discurso de que são ótimos para a plateia midiática de plantão. Um desses "discursos" pode ser ouvido numa conversa na diretoria sobre a chegada de tablets para os professores!!! E inacreditável que numa escola que e habitada por ratos e baratas e

tem as suas instalações em ruínas ainda se tenha coragem de falar em chegada de tablets. Fica a sugestão para que os professores, tão imbuídos de bons princípios, recusem a chegada do equipamento, condicionando seu uso às reformas que se fazem tão mais prementes e necessárias. Esse exemplo e típico do Brasil, pais que não proveu direitos elementares para sua população, não consolidou as garantias básicas para uma sociedade menos desigual, como saúde e educação para todos, transformando tais valores em mera mercadoria com a proliferação de escolas particulares de péssima qualidade e planos de saúde ineficazes que não atendem ao grosso da população, que fica a mercê de um serviço publico extremamente precário, mas tra-

vestido com medidas como tablets e outras parafernálias midiáticas quando não se tem o mínimo, que é um lugar digno para professores e alunos. Cabe aos professores e diretores criarem consciência crítica nos alunos para que eles se formem adultos exigentes não apenas dos seus direitos, mas, principalmente, das formas de fazerem com que prevaleçam como dever do Estado em todas as suas instâncias. Em meio à conversa, outra professora faz mais uma observação estarrecedora. Os funcionários da limpeza que trabalhavam na escola foram retirados! A consequência é o lixo, que antes ficava no entorno da escola, agora faz parte da "paisagem interna" do Caic. Em meio a tantos absurdos, um chamou a nossa atenção em especial. Segundo uma professora, para erguer uma creche, a Prefeitura derrubou um muro para passar o material de construção do equipamento. Depois, abandonou a demolição, que agora serve de espaço para consumo de drogas, o que era impensável tempos atrás em Rio das Pedras. Esse relato sobre consumo de drogas também foi dito para nossa equipe em outras localidades onde fizemos matérias e isso é um grave indício da ausência de poder do estado, que não cumpre sua função nem em sua esfera coercitiva e muito menos em serviços. E como falamos em serviços, uma das maiores reclamações de diretores, professores, alunos e pais é sobre o cancelamento da enorme grade de cursos gratuitos para os alunos durante a semana e nos fins de semana para a comunidade. Segundo membros da diretoria, este ano a verba está bloqueada sem uma justificativa aparente. Todos lamentaram a extinção dos cursos porque, numa área tão carente, a interrupção de programas dessa natureza pode ter consequências ainda mais negativas. A prefeitura está com uma oportunidade impar de reparar a inação histórica com a comunidade. Com um espaço físico privilegiado e mão de obra competente e apaixonada pelo que faz, a bola está com o prefeito para marcar esse golaço que a gente tanto torce para acontecer.


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Nossa paróquia tem 210 voluntários, entre jovens e adultos, que vão trabalhar. Já temos 510 famílias acolhedoras aqui na comunidade, mais duas escolas (Rio das Pedras e Adalgisa Monteiro) que também vão abrigar os peregrinos, mil de língua espanhola e mil de língua portuguesa.

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Penso que a jornada vai mostrar a face de uma igreja mais jovem, dinâmica, um novo ardor, principalmente por estar comandada, hoje, por um papa latino-americano, uma pessoa simples e despojada, que vai ao encontro do nosso espírito latino.

RIO, 21 DE JUNHO DE 2013

DIVULGAÇÃO / CLÁUDIA GONZAGA

VAMOS RECEPCIONAR O PAPA FRANCISCO

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urante a Jornada Mundial da Juventude ( JMJ), que acontece de 23 a 29 de julho aqui no Rio, o Papa Francisco vai abençoar pessoalmente, um a um, as personalidades que estiveram na linha de frente da organização do evento. Na primeira fila, merecem um lugar especial dois personagens da nossa comunidade. Um, por dever de ofício, o padre Marcos Vinicius, de 45 anos, mineiro de Juiz de Fora, que há três anos comanda a paróquia local de São João Batista. Outra, a universitária Jeane Fontineles, de 21 anos, nascida e criada em Rio das Pedras, que vem colocando toda a energia da sua juventude e todo o brilho da sua devoção na coordenação do processo de mobilização para receber os dois mil peregrinos que serão acolhidos pela nossa conhecida hospitalidade. Professor de Teologia, Filosofia e Ética da PUC-Rio e do Mosteiro de São Bento, padre Marcos explica com entusiasmo que a mobilização começou em julho de 2011, assim que o Rio foi anunciado como sede do evento, que acontece normalmente de dois em dois anos. E explicou: - Nossa paróquia tem 210 voluntários, entre jovens e adultos, que vão trabalhar. Já temos 510 famílias acolhedoras aqui na comunidade, mais duas escolas (Rio das Pedras e Adalgisa Monteiro) que também vão abrigar os peregrinos, mil de língua espanhola e mil de língua portuguesa. Padre Marcos explicou que, uma semana antes da JMJ, a paróquia realizará palestras, eventos culturais, missas e evangelização. A coordenadora Jeane pediu um aparte para lembrar que está intensificando a campanha para que mais famílias acolham esses jovens, que vêm de

RIO DAS PEDRAS VAI ACOLHER E ABRIGAR DOIS MIL PEREGRINOS PARA A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE várias partes do mundo, e que tem encontrado excelente receptividade nesse trabalho. - Estamos dizendo que quem acolhe um peregrino acolhe o próprio Cristo – disse Jeanne, que estuda Enfermagem e está totalmente envolvida na mobilização, acrescentando que a jornada já criou uma expectativa muito grande na comunidade. Sobre a importância que a JMJ pode ter para reverter um quadro do avanço das religiões evangélicas no Brasil, padre Marcos afirmou que certamente será uma iniciativa muito positiva. E frisou: - Penso que a jornada vai mostrar a face de uma igreja mais jovem, dinâmica, um novo ardor, principalmente por estar comandada, hoje, por um papa latino-americano, uma pessoa simples e despojada, que vai ao encontro do nosso espírito latino. O evento, com certeza, vai contribuir muito para um grande retorno dos católicos à igreja. Perguntado sobre como os paroquianos de Rio das Pedras reagiram à eleição de um argentino para papa,

Padre Marcos Vinicius e Jeane Fontineles de mãos dadas na mobilização da comunidade para acolher os dois mil peregrinos para a JMV DIVULGAÇÃO

PADRE MARCOS VINICIUS ele disse que foram extremamente receptivos e a escolha do nome Francisco identificou ainda mais o novo Sumo Pontífice com os brasileiros em geral. - Isso criou um novo ânimo. Os papas, historicamente, têm sido europeus. Este é mais próximo da gente, conhece melhor a nossa realidade. A gente acredita, pelos gestos dele, que vêm boas mudanças por aí – sublinhou o padre Marcos, que, com o vigário paroquial padre Marco André e o diácono Epson, administram em nossa comunidade uma realidade diferente e com desafios que contrastam com os encon-

A coordenadora Jeane explica à paroquiana Ângela Santiago como participar da jornada trados no mundo urbano. Quando perguntamos como tem sido a sua relação com a comunidade, padre Marcos enfatizou que tem sido de abertura e diálogo com todos os segmentos: - Temos atuado tanto em projetos sociais como nas conquistas para os nossos moradores. A Igreja Católica tem obrigação de lutar pela cidadania em Rio das Pedras. Essa é uma das nossas missões. Padre Marcos disse que, por ser uma comunidade predominantemente ocupada por nordestinos, é intensa a mobilização para os eventos religiosos, porque o povo daquela

A HOSPITALIDADE É A NOSSA MARCA - O pessoal daqui é muito bom. Lógico que não tenho privacidade e as condições de higiene são precárias, mas sempre somos acolhidos pela vizinhança para as necessidades básicas – disse Clayton, que concluiu o primeiro grau, está em dia com o serviço militar e garante não ter medo de enfrentar o batente: - Faço quase tudo. Pintura de parede, trabalhos de pedreiro, serviços gerais, é comigo mesmo – afirma, orgulhoso por haver parado de beber e feliz de ter arranjado emprego de faxineiro, que iria começar no dia seguinte à entrevista que nos concedeu. Ele chegou a acampar na Barra da Tijuca, mas lá não encontrou a mesma receptividade e foi aconselhado pelo pessoal da igreja a mudar-se para Rio das Pedras, onde encontrou guarida durante o período em que morou na rua. Sempre afirmando que não tem medo de trabalho, sua meta agora é trazer a família de Juiz de Fora para vir morar com ele em Rio das Pedras, que achou ideal para viver em paz e harmonia:

JOÃO, O GUIA TURÍSTICO

DIVULGAÇÃO

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o quesito hospitalidade, nossos moradores são nota dez. Um exemplo desta virtude porreta foi constatada pela reportagem na barraca de camping azul armada na Rua Velha, quase esquina da Rua Nova, que, durante mais de um mês, atraiu as atenções e os gestos de generosidade da comunidade. Nela, o faxineiro Clayton Souza de Menezes, de 32 anos, conheceu com a mulher, Jaqueline Aparecida dos Santos, de 19, a solidariedade do nosso povo de Rio das Pedras. O casal foi parar ali vindo de Juiz de Fora, em Minas Gerais, com o objetivo de mudar de vida: - Lá eu estava bebendo muito. A cidade está infestada de traficantes e o pessoal ficava mexendo com a minha mulher e me fazendo ameaças. Vim realizar o sonho de viver no Rio de Janeiro. Já arrumei um trabalho e, logo logo, saio daqui – disse Clayton, que, realmente, arrumou trabalho e já saiu dali. Ele estava sendo assistido pelos irmãos da Igreja Avivamento Bíblico e contando com a ajuda dos moradores. Volta e meia, enquanto ele conversava com a reportagem, alguma alma caridosa se aproximava trazendo um par de sapatos, um agasalho e perguntando se ele precisava de alguma coisa.

região é muito católico: - O nordestino tem arraigada devoção à Igreja Católica, entregase às orações e aos cultos populares. O Piauí é o estado de maior população católica do Brasil e isso revela o ardor do povo do Nordeste pela nossa igreja. Nossa comunidade não foge à regra. Já Jeane pede ao nosso jornal para divulgar que a paróquia continua aberta para quem quiser participar da Jornada. Basta procurar a secretaria, à rua Nova 37, telefone 34150399, ou durante as missas semanais na matriz, na estrada do Jacarepaguá, 4.450, na Curva do Pinheiro.

MORADOR DA BARRACA NA RUA VELHA CONTA COMO FOI BEM RECEBIDO PELA COMUNIDADE - Só não mato e não roubo. Estava impossível viver em Juiz de Fora, onde a violência e a criminalidade estão cada vez fora de controle. Quanto mais cedo eu trouxer o resto da família pra cá, melhor – acrescentou. E concluiu confiante: - Estou fazendo a minha parte. Se Deus quiser, vai dar tudo certo. (Aziz Ahmed)

Claylton e a mulher Jaqueline já não moram mais na barraca azul

Quem apareceu no nosso Núcleo de Cidadania, na Rua Nova, exibindo uma laranja pesando dois quilos e 380 gramas, foi o voluntário da associação dos moradores João Evangelista de Lima, de 56 anos, que desde 1995 mora na comunidade. Há anos ele desenvolve em Rio das Pedras uma tarefa que o deixa muito gratificado: é guia turístico. Grupos de estrangeiros que visitam a comunidade são acompanhados por ele, que conhece cada viela, cada beco, cada ponto interessante e – óbvio – cada mazela. Ele conta que as caravanas de estrangeiros adoram a experiência e fotografam tudo que encontram pela frente, inclusive as montanhas de lixo, o emaranhado de fios pendurados nos postes e as ruas e calçadas esburacada s. Deu a entender que há uma fixação do turista, principalmente chinês, inglês, americano e japonês, em focar as suas lentes nos flagrantes da desordem urbana, uma triste característica local. - Mas eles levam uma impressão muito positiva da hospitalidade e da energia do povo daqui – afirma esse paraibano, orgulhoso da origem, lembrando que mais de 80% dos moradores vieram do Nordeste para trabalhar no Rio. Ele enche o peito e solta a voz para dar um diagnóstico bairrista e peculiar sobre os moradores da favela: - Esse povo daqui é guerreiro, trabalhador. Quem fundou o Rio de Janeiro foram os nordestinos. Esses prédios todos, se não fosse a mão de obra nordestina, não existiria. (Aziz Ahmed)


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Sem clientes eu vivo de pagar as contas e nada mais. Está de um jeito que penso até em abandonar o restaurante.

Esse som alto o dia inteiro é outro problema. É de segunda a sexta e não tem sossego.

PROPRIETÁRIA DO RESTAURANTE ONDE FICA O VAZAMENTO

Enquanto fazíamos a reportagem era possível observar a naturalidade que os moradores colocavam as sacolas de lixo na alameda da passagem da Engenheiro, como se fosse a coisa mais normal do mundo despejar sujeira daquela forma.

MORADORA RIO, 21 DE JUNHO DE 2013

Morador da comunidade há 30 anos, Antonio Bento é um exemplo de solidariedade. Abaixo, a dificuldade dos moradores

Proprietária do restaurante “Rafanete”, Val não aguenta mais tanto desleixo e até já pensa em fechar o estabelecimento

A RUA XAXÁ PEDE:

"CEDAE, OUÇA A NOSSA VOZ!"

A

equipe do jornal circulava pelas ruas para acompanhar o trabalho do mutirão de limpeza da Comlurb e, quando passava pela avenida Engenheiro Souza Filho deparou-se com uma enorme poça, na verdade um gigantesco vazamento bem em frente ao restaurante “Rafanete”, na esquina com a rua Xaxá. Uma cena que nos deixou incrédulos e com uma sensação de desconforto. Afinal, contrastava com o esforço que a ação da empresa municipal de limpeza urbana desenvolvia fazendo uma super-faxina na comunidade. Como a “piscina” despejava água por toda a extensão do restaurante, impossibilitando o acesso dos clientes e dificultando a passagem dos moradores, conseguimos entrar no recinto passando por cima de tábuas improvisadas, colocadas por moradores, pa-

MORADORES DA XAXÁ, ASSIM COMO DE DIVERSAS RUAS DA NOSSA COMUNIDADE, CLAMAM E ESPERAM QUE UM DIA A CEDAE NOS ATENDA. ÓBVIO QUE PRIMEIRO ATENDERÃO A BARRA, MAS A GENTE AGUARDA E SEGUE EM NOSSA LUTA SOLITÁRIA E SOLIDÁRIA ra falar com a dona Val, proprietária do estabelecimento há dois anos, mas que há três meses vive às moscas, devido ao mau cheiro, restando à dona a resignação de quem já não acredita de que o problema será resolvido um dia: – Sem clientes eu vivo de pagar as contas e nada mais – desabafa, sem esperança. A desilusão de Val é tamanha com o descaso da Cedae com o vazamento que ela

considera desfazer-se do negócio. – Está de um jeito que penso até em abandonar o restaurante – revela ainda mais desolada. Val simboliza uma entre tantas pessoas da nossa comunidade que são destituídas de qualquer aparato de recursos para pleitear condições mínimas de habitação civilizada no seu dia a dia. Dona Maria Rodrigues Pe-

reira, moradora há 20 anos é outra que lamenta o estado atual da Rua Xaxá, mas, ao contrário de Val, manifesta revolta e desilusão: – A rua está uma vergonha, mas olhando agora até que está bom porque a água normalmente fica no joelho da gente – relata Maria, com um misto de ironia e inconformismo. Além desse estado absurdo de moradia, Maria reclama de outro problema que é recorrente em diversas outras localidades da nossa comunidade e que também atinge a Rua Xaxá, que é o som alto: – Esse som alto o dia inteiro é outro problema. É de segunda a sexta e não tem sossego – se exaspera, para em seguida revelar um desejo parecido com o de dona Val, embora contra sua vontade: – Estou até pensando em vender a minha casa. Val e Maria são duas faces do mesmo problema, mas como em todo lugar que é aban-

donado pelo Estado em seus mais diversos níveis sempre aflora o sentimento da solidariedade, na rua Xaxá não poderia ser diferente e Luiz Antonio Bento personifica esse personagem que se doa para ajudar os moradores e passantes. Morador há 30 anos da comunidade, Antonio, que tem 47, dá um diagnóstico enfático do problema que aflige a Xaxá. Segundo ele, o posto da Cedae, que fica a poucos metros da rua é que causa o vazamento. – São três bombas da Cedae, mas apenas uma funciona e mesmo assim está sempre desarmando – revela. Por isso o vazamento é contínuo trazendo mau cheiro e proporcionando toda sorte de doenças para os moradores. Ainda segundo Antonio, que não parou um minuto de meter a mão na massa enquanto falava com a nossa equipe, outro fator que contri-

bui muito para o estado da rua Xaxá é o descaso dos próprios moradores com o lixo: – O morador também não colabora e joga o lixo nas ruas – reclama. Enquanto fazíamos a reportagem era possível observar a naturalidade que os moradores colocavam as sacolas de lixo na alameda da passagem da Engenheiro, como se fosse a coisa mais normal do mundo despejar sujeira daquela forma. A poucos metros dali a equipe do mutirão da Comlurb fazia o seu trabalho, ainda que incipiente, mas de extremo valor, de iniciar a limpeza de nossas ruas e, por isso, mais uma vez nossa reflexão se faz necessária. Antes de reclamarmos da sujeira nas ruas, do descaso das autoridades e das empresas responsáveis, que tal fazermos a nossa parte e não sujarmos as ruas como ainda insistimos em fazer?

A COMUNIDADE PELA LENTE DO NOSSO FOTÓGRAFO “As duas mocinhas bonitas aí em frente! Tudo bem? Estão lendo o nosso jornal, né? Estão gostando? Vai lá fotógrafo! Registra a imagem dessa dupla bonita e bota no jornal”. Com esse apelo, o locutor José de Castro deu uma pausa na pregação que fazia das promoções da loja “Barra Lar”, para orientar nosso fotografo Fábio Costa a atravessar a Estrada de Jacarepaguá e registrar o flagrante da dupla de moradoras que, sentadas no bar em frente, lia o primeiro número de A Voz de Rio das Pedras. Animado, o locutor fez questão de posar para foto exibindo o exemplar, enquanto ao microfone, na calçada, apregoava a qualidade do jornal...e dos produtos da loja, claro. Uma propaganda inesperada no dia de distribuição do nosso jornal, quando Fábio caminhava pelas ruas clicando detalhes das cenas urbanas e hum anas, como a esforço extra do comerciante Ariomar da Silva Soares, varrendo a calçada e a rua em frente ao restaurante “Boa Boca”, em plena luz de um dia de sol radiante. Tais cenas fazem parte deste painel de fotografias que retratam com total fidelidade aspectos da fascinante rotina da nossa comunidade.


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