A VOZ DE RIO DAS PEDRAS - N º 48

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FOTO DE RICARDO DE SOUZA

FOTO DE FÁBIO COSTA

A FAVORITA DÁ SHOW DE ALEGRIA E PEDE RESPEITO AO SÃO JOÃO

OS ENCANTOS DE RIO DAS PEDRAS PELA ÓTICA DO PIONEIRO MARCO

Em dia histórico para A Favorita, quadrilha de RP, que pela primeira vez se apresentou na Feira de São Cristóvão, chuva, atraso e polêmica com a organização não impediram aplausos do público, mesmo sem o grupo mostrar o número completo.

Há 41 anos morador da Rua Nova, o comerciante Marco Antônio viu Rio das Pedras crescer como um filho que não dá trabalho. Por isso, não recebe a atenção merecida das autoridades. Ainda assim é um lugar que fascina as pessoas que o conhecem.

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I N F O R M A Ç Ã O

ANO III - N0 48 - RIO DE JANEIRO, 9 DE JULHO DE 2015

E

C I D A D A N I A

w w w. avozd e r io d a s pedra s.com.br

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Jornal on-line: http://issuu.com/avozderiodaspedras

O LIXO NOSSO DE CADA DIA Cleusa, da Patrulhinha da Limpeza, e Marta Mariano, do Mulheres de Atitude, caminharam por nossas ruas mapeando os pontos mais críticos do lixo e, mais do que criticarem, ofereceram soluções prestando um enorme serviço para a Comlurb aperfeiçoar seu trabalho em nossa comunidade. FOTOS DE FÁBIO COSTA

PRAÇA DO PINHEIRO

ESTRADA DE JACAREPAGUÁ

Novas papeleiras da Comlurb vazias e o lixo espalhado pela praça evidenciaram que é necessária atuação contínua de conscientização. Ação coordenada com a subprefeitura e órgãos afins para pensar um projeto para o espaço.

Área crítica, pela circulação de pedestres e veículos, o trecho entre o Castelo das Pedras e o Fluzão não tem nem sequer um laranjão. O lixo em diversos pontos sugere a solução: instalar laranjões para facilitar a vida dos moradores.

RUA NOVA

POSTO DE COLETA DO PINHEIRO

RUA VELHA

A Comlurb precisa melhorar a apresentação de seu posto. É preciso ação conjunta com a subprefeitura e órgãos afins para liberar as calçadas para os pedestres, recuar os laranjões até os muros e eliminar o entulho. Retirada dos ônibus.

Melhoria urgente do espaço com condições de circulação e permanência. Iniciar projeto efetivo de reciclagem, que hoje é feito por iniciativa dos moradores que deram exemplo de força de vontade despejando o lixo corretamente.

O desespero de dona Jacira, que tem de conviver com o lixo cheio de ratos, e até gambás mortos, em frente à sua casa, com um cheiro insuportável, é só um dos absurdos. Não bastasse, o lixo fica colado no muro e invade a escola. PÁGINAS 4 e 5

ARQUIVO PESSOAL

FOTO DE FÁBIO COSTA

HELOÍSA, A ETERNA DIRETORA Tão grande quanto a saudade, o que vai ficar marcado ao falar de dona Heloísa são o amor e a gratidão nos depoimentos dos nossos moradores. PÁGINA 3

E MAIS...

FOTO DE HAROLDO HABIB

FOTO DE FÁBIO COSTA

TRÊS JOVENS E UMA MISSÃO

A ARTE DESCOBERTA AOS 8 ANOS

BRASILEIRÃO 2015 VAI COMEÇAR

Com o site Aqui Serviços, crias da comunidade estão elevando o nível de acesso ao que Rio das Pedras tem de melhor e dizem que é só o começo.

Rafael no seu ateliê, o Conexão 13: o menino que tatuava os braços com esferográfica, e apanhava da mãe, hoje é um artista aplaudido.

Depois de contratempos, o Brasileirão terá início este mês, no dia 19 ou 26. Na foto, o time do Juventude festeja o título da Copa Serp.

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O trabalhador doméstico tem direito a aviso-prévio de, no mínimo, 30 dias. Logo, o empregador que quiser dispensá-lo deve comunicá-lo com 30 dias de antecedência”

Governador Luiz Fernando Pezão explica que as obras da UPA24h ainda não começaram por problemas na desapropriação, mas que ele está resolvendo.

2 RIO, 9 DE JULHO DE 2015

A VOZ DO DIREITO

M

uitos direitos dos empregados domésticos ainda são desconhecidos. Entre eles se encontra o direito à estabilidade da empregada doméstica em caso de gravidez. Com efeito, desde o ano de 2006 foi estendida às trabalhadoras domésticas a estabilidade desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Isto significa que desde a data em que há a confirmação da gravidez a empregada não pode esta ser demitida a não ser por comprovada justa causa. Igualmente, tem a empregada doméstica direito à licença gestante sem prejuízo do emprego e do recebimento do salário gestante. Este benefício, denominado de saláriomaternidade, será pago pela Previdência Social à empregada. O valor a ser pago é o do seu último salário de contribuição para a Previdência Social e não depende de carência,

Pezão fala que há problema no terreno onde ficará a UPA Morador do Pinheiro, Márcio Oliveira escreveu duas vezes para esta seção cobrando do governador Luiz Fernando Pezão a promessa feita em março, num evento no Campo Principal, de que as obras da UPA24h começariam em abril. Como já estamos em meados de julho, nossa redação entrou em contato direto com o governador Pezão, que, por email, informou curto e grosso: “Problemas na desapropriação, mas estou viabilizando.”

Escola Aberta de volta Norma Magalhães, animadora cultural do CAIC Euclides da Cunha enviou-nos mensagem avisando que o Programa Escola Aberta está de volta: “Oficinas todos os sábados, não percam! A inscrição, para maiores de 10 anos, é feita no horário das aulas com o professor de cada oficina. 1) Escolinha de futsal (Cirlei – das 9h às 11h30), 2) Capoeira (Márcio – das 9h às 11h30), 3) Artesanato (Ana Marta – das 9h às 11h30), 4) Hip hop(Cristiano – das 12h às 14h) e 5) Teatro (Robson – das 12h30 às 14h).

Quadrilha A Favorita Tema de reportagem que vai publicada na página 3 desta edição, a postagem de um vídeo dessa cobertura no nosso Facebook gerou comentários saudosistas. O morador Robson Jardim desabafou: “É uma pena não ter apresentação deles na comunidade e apoio de poucos.” Ana Carla Coutinho botou o dedo na ferida: “A festa junina aqui de Rio das Pedras não dá nem vontade de sair de casa pra curtir, porque é um Baile Funk disfarçado. Na época do falecido Nadinho, as festas juninas aqui tinham cara, mesmo, de São João, não essas coisas aí que a gente passa próximo só vê pessoas se esfregando até o chão. Na minha opinião, festa junina só tinha que ter músicas de festa junina tipo arrastapé. Sou nascida e criada aqui, mas meu desejo nos dias de festas juninas é viajar para Recife, Juazeiro, Petrolina e sentir de verdade a energia que tem numa festa junina.” Ao encontro dessa opinião, Leidiane Santos escreveu: “Que pena que aqui não tem mais isso. Adorava assistir as quadrilhas.” E Rafaela

CRISTINA GOMES CAMPOS DE SETA (*)

DIREITOS DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS – 3 ou seja, trata-se de direito concedido independentemente do prazo mínimo de contribuição para a previdência. Caso a empregada doméstica venha a ter parto antecipado, o prazo de 120 dias de licença lhe é garantido. Este direito à licençagestante também é garantido para a empregada doméstica caso a mesma venha a adotar criança de até um ano de idade ou se receba a guarda judicial de criança de igual idade. Caso adote ou receba a guarda judicial de criança de um a quatro anos, a licença será de 60

dias. Se a criança tenha de quatro a oito anos de idade, o prazo de licença é de 30 dias. Estes benefícios devem ser requeridos á previdência social devendo, para tanto, apresentar o comprovante de recolhimento para a previdência social, documento este que lhe deve ser fornecido pelo empregador. Deve ficar claro que estas situações devem ser comprovadas. O parto mediante apresentação da Declaração de Nascido Vivo, documento fornecido pela maternidade. A adoção ou guarda judicial devem ser comprovadas por decisão judicial.

Durante o recebimento do benefício previdenciário, o empregador deverá recolher a contribuição previdenciária. Logo, mesmo sem que o empregado esteja trabalhando, o empregador deve permanecer recolhendo a contribuição previdenciária. A parte que normalmente é paga pelo empregado para a previdência será descontado pelo INSS diretamente no benefício que lhe está pagando. Para os trabalhadores do sexo masculino, encontra-se a licença paternidade pelo prazo de cinco dias em caso de nascimento de filho. Outro direito reconhecido

Barros acrescentou: “Pena que aqui não tem festa junina.” A moradora Sirlene Soares comentou em fotos: “A cada música, a cada dança, a cada rodada de saias das damas ao lado de seus cavaleiros, se encontra a alegria de cada quadrilheiro, de ver sua roupa molhada de suor, suor que escorre mais no final de cada apresentação. Daí vem a satisfação de ser quadrilheiro.” Já Manu Ferreira mandou um depoimento emocionado: “Estou mega feliz pelo prêmio de melhor dançarina na apresentação da Aqua Rio (Associação das Quadrilhas do Rio de Janeiro). A medalha só será entregue na festa de encerramento da temporada 2015, mas tá valendo. Independente do reconhecimento, a melhor coisa que eu poderia ganhar é saber que toda a minha dedicação está sendo notada pelas pessoas. Não tem prêmio, nada nem ninguém que tire isso de mim! Obrigada meu Deus por me permitir fazer o que mais amo. Obrigada ao meu parceiro Anderson que me faz sentir cada vez mais confiante e completa, sem falar no orgulho que tenho dele. Se ganhei como a melhor dançarina foi porque tive o melhor parceiro ao meu lado e essa medalha é tanto minha quanto dele, ela é nossa. Meu irmão, obrigada por me escolher como parceira 2015. Você é o meu orgulho maior! Você me faz querer melhorar cada vez mais. Às vezes viajo no tempo te admirando pois é fascinante e muito encantador esse seu jeito de dançar, sem falar na dedicação e responsabilidade que você tem, na confiança que me passa, seja nas apresentações, ensaios ou até mesmo em casa na hora de fazer alguma coisa referente à nossa roupa, quadrilha etc... Temos muitas coisas em comum e esse amor que até parece loucura por dança é uma delas, literalmente. Você é meu par perfeito, você me completa. Estou feliz e posso dizer que realizada por estar dançando com você. Independente do que os outros falem ou pensem sobre você, sobre nós, continue sendo desse jeitinho que você é, pois VC É #UNICO! Não desmerecendo os demais cavaleiros, mas eu danço com o melhor! Agradeço também à minha quadrilha A Favorita, pois é através dela que eu vivo todas essas emoções.”

se andar e está ficando perigoso. Tudo muito escuro... ” Outra moradora, Mary Tavares Tavares completa: “Em princípio não, e tem um bonitão se valendo disso pra assaltar mulheres, casas e comércios que estão desguarnecidos. Tenho foto do ladrão safado em meu celular. Porém, não posso divulgar porque o Zorro já está de olho nele. Oremos!” Já Sérgio Menezes recorda: “Lembrando ainda que cobram na nossa conta de luz uma taxa de contribuição para iluminação pública. As ruas estão todas sem iluminação, contamos com a ajuda de vocês de A Voz de Rio das Pedras.” Sempre atenta aos problemas da comunidade, Mel Araújo desabafa: “Iluminação pública em Rio das Pedras é inexistente. Ruas, como a Almira, estão virando banheiro a céu aberto por falta de iluminação. O que fazer? Depois que a light passou, as ruas estão às escuras. Temos direito à iluminação pública, porque pagamos por ela.” Nota da redação: O jornal enviou as mensagens acima à Light. Por meio da Gerência de Imprensa, a companhia informou que iluminação publica não é da sua responsabilidade.

nada. Tem uma ONG aqui em Rio das Pedras chamada FIP. Disseram que conseguiam vaga nas escolas e, como vivem de doações, paguei R$ 40,00. Nunca entraram em contato comigo. Fui várias vezes e não consegui. Quando vai alguém que é "amiga" da diretora, ou de alguém que trabalha na escola, sempre tem vaga. Minha filha todos os dias pergunta quando vai aprender a ler e eu não sei responder, porque não sei quando vou conseguir vaga. O único lugar a que eu poderia recorrer era à CRE, mas não consegui. Vou pedir ajuda a quem?” Flávia Mota Santos concorda, e afirma: “Minha sobrinha vai fazer 7 anos mês que vem. Minha irmã já foi à CRE e às escolas, mas não conseguiu vaga para minha sobrinha aqui em Rio das Pedras. Uma vergonha isso. Ainda vai à FIP, que promete ajudar, cobra uma taxa sem dar resposta alguma.” Maicon Almeida avisa: “É só falar que eu consigo. Tem creche particular a 250, de segunda a sábado.” Nota da redação: A falta de creches públicas para atender moradores da comunidade é uma queixa recorrente e já foi objeto de reportagem deste jornal. Estamos agendando uma entrevista com o prefeito Eduardo Paes e essas, bem como outras carências de Rio das Pedras, serão questionadas pela nossa reportagem.

a todos os trabalhadores domésticos é de aviso-prévio de, no mínimo, 30 dias. Isto significa que se o empregador dispensar o trabalhador doméstico, lhe deverá comunicar tal fato com no mínimo 30 dias de antecedência. Se desejar dispensar imediatamente o trabalhador, deverá pagar-lhe pelo período de 30 dias que não serão trabalhados, é o chamado, avisoprévio indenizado. Tal prazo será computado para o computo do 13º salário e férias a serem pagos quando da demissão. De igual forma, se o empregado deseje sair do emprego deverá comunicar tal desejo ao empregador com o igual prazo de 30 dias. Caso não o faça, o empregador poderá descontar tal período dos valores a serem pagos ao empregado. Até a próxima edição quando outros direitos serão abordados. (*) Cristina Gomes Campos de Seta é juíza da 5a Vara Cível do Méier

A VOZ DO LEITOR

Comunidade sem creches Thayna Pereira pediu ajuda através da nossa fanpage: “Olá! Sou uma nova moradora da Muzema e queria pedir a ajuda de vocês, pois não estou encontrando creche para meu filho de 1 ano e 3 meses. Se souberem de alguém que possa me ajudar, por favor, avisem.” Já Silvia Alfania Carvalho dá a dica: “Eu consegui colocar minha filha na escola pública através do site da CRE, que sempre começa a inscrição em novembro. Quando for fazer a inscrição, espere até o fim, pois o site dá uma numeração que será utilizada na escola. Salva esse número, O.K.?” Também Roseana Mota reclama: “A minha filha é nascida aqui, tem 7 anos, nunca consegui creche para ela e até hoje não consegui escola. Fui à CRE da Barra três vezes, a senhora Fátima, que me atendeu, falou que não podia fazer nada por mim. Ela disse que em Rio das Pedras tem muitos nordestinos que tiram o direito das crianças daqui de estudar, como se as crianças que vêm de fora não tivessem direito. Ela é muito preconceituosa. Quando eu fui lá, ela me disse para ir diretamente à escola. Fui à escola e mandaram ir à CRE. Eu disse que já tinha ido, a diretora disse para eu ir todas as segundas-feiras, e

Taxa de iluminação pública Moradora de Areal/Areinha, Simone Araújo pergunta: “Alguém sabe informar se a Light vai colocar iluminação nos becos? Está difícil de

Preta Maria está desaparecida Jaidith Medina, veterinária, pede ajuda para encontrar a cadelinha pinscher Preta Maria, que está desaparecida: “Quem souber do paradeiro dela, favor avisar.”

Rio sem frio Amanda Brito escreveu: “Atenção, pessoal! O assunto aqui é sério! Vamos ajudar a quem precisa? Sei muito bem que cada um de vocês tem aquele casaco, ou uma blusa de manga comprida, luva, touca, cobertor, enfim, que não cabe mais em você ou que não usa mais e está ocupando espaço no seu guardaroupa. Vamos desapegar. Essa é a hora! Vamos doar para quem precisa, uma iniciativa vai ajudar muitas pessoas. O intuito não é ter fins lucrativos e sim ajudar a aquecer moradores de rua. Vamos fazer o bem e querer o bem. Quem quiser doar, o local para entrega é na Associação de Moradores no Condomínio Jardim Clarice (Amajac). Rio sem frio, eu apoio.” Nota da redação: A Associação de Moradores e Amigos de Rio das Pedras (Amarp) também está

recebendo agasalhos para doação.

Quero alugar quitinete Méria Joplin Seixas escreveu: “Alguém sabe de uma quitinete com aluguel a 300 reais?” Também Simone Ribeiro Pinheiro procura: “Alguém sabe de uma quitinete próximo à Escola Roberto da Silveira até 350 reais para alugar?”

Torneio de jiu-jítsu Ministério Sara Crises postou a seguinte mensagem: “Foi muito especial ver alguns dos valentes da Snt Rio das Pedras participarem do torneio de jiu-jítsu na Academia Márcio Rodrigues. Eles lutaram até o fim, sem desistir, muito orgulho desta equipe e igreja. Temos uma célula que com poucos meses já está enviando guerreiros para campeonatos. Muito bom. Temos a certeza de que Rodrigo (líder da célula), Ramon, Zé e Evaristo venceram muitas barreiras e dificuldades para estarem no campeonato. Eles vão muito mais além vencendo seus próprios desafios. Parabéns, guerreiros, nós estamos orgulhosos de vocês!”

Carteiras de trabalho e identidade Atenção para esta mensagem do Jo Gesseiro: “Estou fazendo agendamentos para tirar as carteiras de trabalho e identidade. Queremos ajudar a essa população que sofre nas longas filas, de madrugada, para tentar conseguir fazer seu documento e na maioria das vezes não consegue. Agendando primeiro fica muito mais rápido e prático. Os interessados devem entrar em contato comigo. Deixem mensagem ou ZAP que entraremos em contato. Fazemos agendamentos para outros estados: J&C. ZAP 021 9 8182-5102 TIM.” Futebol de Rio das Pedras Edvaldo José da Silva parabeniza o jornal pela matéria da edição anterior.

180 Batalhão de PMERJ O tenente-coronel Figueredo, comandante do 180 Batalhão de Polícia Militar, está divulgando o número do WhatsApp 97255-9613 para melhorar a comunicação com toda a população: “Este canal, através de mensagens, poderá ser utilizado para contato, denúncia, colaboração, opinião, elogio e outros. Este número não substitui o telefone de Emergência 190, que deverá ser utilizado para as chamadas de ocorrências.”

Cartas para a redação de A VOZ DE RIO DAS PEDRAS, a/c do Núcleo de Cidadania, Rua Nova n0 105, loja 2. e -mails para contato@avozderiodaspedras.com.br

EXPEDIENTE EDITOR-CHEFE Aziz Ahmed

REPORTAGEM Ricardo de Souza

TRATAMENTO DE IMAGENS TRATAMENTO DE IMAGENS Eduardo Jardim Eduardo Jardim

ANALISTA DE MÍDIA E WEBMASTER Claudia Gonzaga

(Reg. 10.863 - MTPS) azizahmed@uol.com.br

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CONSULTORES CONSULTORES Cláudia Franco Corrêa Cláudia Franco Corrêa Irineu Soares

EDITOR EXECUTIVO Laerte Gomes

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Uma publicação da Livraria e Editora Citibooks Ltda. 05.236.806/0001-05 CNPJ: 05.236.806/0001-5

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PUBLICAÇÃO QUINZENAL Tiragem: 20 mil exemplares - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Impresso nado Gráfica e Editora Jornal do Commercio PUBLICAÇÃO QUIZENAL Tiragem: 20 mil exemplares - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Impresso na Gráfica e -Editora Jornal Commercio


Os arraiás de hoje tocam funk, pagode e estamos contestando isso. Queremos o São João de antigamente, com xaxado, forró e comidas típicas"

Da Feira de São Cristóvão vamos para a Baixa do Sapateiro, Complexo do Lins e finalizaremos no Espaço Terraço. E só terminaremos quando o dia amanhecer"

3 RIO, 9 DE JULHO DE 2015

A FAVORITA DEBUTA NA FEIRA DE SÃO CRISTÓVÃO MESMO DESFALCADA POR CAUSA DA CHUVA QUE CASTIGOU RIO DAS PEDRAS NA HORA DA SAÍDA PARA A APRESENTAÇÃO HISTÓRICA, COMPONENTES BRILHARAM EM NOITE QUE SÃO PEDRO COMANDOU O SÃO JOÃO

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"Olha a chuuuuuva!" "É verdaaaaade!" Ao contrário do bordão cantado em dez de dez festas juninas e julinas, a chuva que caiu em Rio das Pedras atrapalhou e atrasou os planos dos componentes da quadrilha A Favorita, da nossa comunidade, que se apresentaram pela primeira vez na Feira de São Cristóvão. Mas o imprevisto não tirou o brilho, a garra e a vontade de mostrar que nós valorizamos (e muito) a cultura genuína do povo nordestino. Era para ter dado tudo errado, mas deu tudo certo! "Ó xênte, como pode uma coisa dessas, sô? Nóis explica". Esse repórter marcou com o pessoal da quadrilha, desencontrou-se, e, encharcado, partiu sozinho de Rio das Pedras para São Cristóvão, na esperança de encontrar a galera de A Favorita, o que acabou acontecendo na hora certa. O desencontro foi mais do que compreensível. — A chuva atrapalhou muito a nossa ida para a Feira. Muita gente não conseguiu, nossa quadrilha chegou muito desfalcada, mas acho que demos o recado — disse, emocionada, Darlene Oliveira, a viúva da nossa quadrilha. Se a chuva não atrapalhou, o tema deste ano da A Favorita causou uma pequena confusão com a organização da Feira de São Cristóvão, que quase comprometeu o roteiro da apresentação da quadrilha da nossa comunidade. Com o tema "São João tá diferente", cujo objetivo é chamar a atenção para a valorização do São João tradicional, o histórico "Pé de Serra", que está se descaracterizando com a invasão do funk nas festas juninas da nossa cidade, a organização da Feira não permitiu que fosse tocado um pequeno pedaço do ritmo que domina as favelas cariocas.

Do CD à impecável indumentária, tudo é feito manualmente pelos componentes e por isso valeu a pena estrear na Feira de São Cristóvão. Nem a chuva ou a tensão que antecedeu a apresentação, quando Tiago e Dheison argumentaram com a organização da Feira que precisavam tocar funk para criticar sua invasão nas festas juninas, atrapalhou. No fim, reinaram a alegria e a devoção ao São João tradicional

Mesmo explicando que a ideia de tocar funk era para protestar contra a invasão do ritmo nas festas juninas, a organização da Feira bateu pé firme e não permitiu que a nossa quadrilha fizesse o protesto, um dos destaques da apresentação, em que os componentes viram de costas para o som quando começa o funk, como explicou Tiago, narrador da A Favorita. — Os arraiás de hoje não entram mais na cultura. Eles tocam funk e pagode e nós estamos contestando essa descaracterização. Nós queremos resgatar o São João de antigamente, com xaxado, forró e comidas típicas da festa de São João — reclamou Tiago. Se para os componentes de A Favorita o impedimento do funk no enredo da quadrilha atrapalhou a apresentação, para o público, que aplaudiu os 27 minutos do show, não fez a menor diferença. Com a batida de pé firme dos homens e a graciosidade das mulheres da quadrilha, como a bela Manu Ferreira, eleita melhor dançarina pela Associação das Quadrilhas do Rio de Janeiro (Aqua Rio), A Favorita mostrou que faz jus ao nome. Representou muitíssimo bem como debutante na tradicional Feira de São Cristóvão, mas revelou que naquele momento a maratona de valorização da nossa cultura estava apenas começando, como disseram Dheison, marcador da A Favorita, e Darlene. — Estamos indo para a Baixa do Sapateiro, depois para o Complexo do Lins, na Lins Imperial, e vamos finalizar no Espaço Terraço, na nossa comunidade — comentaram, felizes pela realização do sonho de se apresentar em São Cristóvão, e terminaram revelando que o amor de representar nossa comunidade por todo o Rio de Janeiro só terminaria ao amanhecer.

ETERNAMENTE FAVORITA Diretora desde a inauguração do Ciep 301 Lindolpho Collor de Mello, que passou a se chamar Professor Lauro de Oliveira Lima, dona Heloísa, como era carinhosamente chamada pelos moradores da nossa comunidade, nos deixou mês passado. Mas a saudade, que é impossível de se medir, recebe aqui, neste pequeno espaço, uma demonstração de como era querida por alunos, pais, professores e mesmo por quem não teve a oportunidade de passar por sua gestão. Todos prestaram sua homenagem nos depoimentos a seguir.

"A educação de Rio das Pedras está de luto. Heloísa, diretora, mãe, amiga e organizadora de um lindo projeto escolar com o seu carinho e acolhimento junto com a saúde foi primordial para a comunidade. Descanse em paz, em nome da CF Otto Alves de Carvalho e PS Luiz Gonzaga e com todo o meu carinho e respeito pela pessoa maravilhosa e profissional que você foi." Andréa Caetano

"Uma grande mulher! Sou o que sou hoje graças a ela, que fez uma grande parte da minha vida. Só ela sabia o que fiz ou deixei de fazer. Para mim vai ser sempre minha eterna tia Heloísa." Guilherme Silva "É com muita tristeza que recebo a notícia da morte de dona Heloísa. Ela foi uma grande parceira da nossa comunidade, sempre lutando pelas nossas crianças. Fez também uma grande diferença no projeto A Cara do

Brasil. Rio das Pedras não será o mesmo. Obrigada por tudo." Cleusa, do projeto A Cara do Brasil "Nossa, não acredito!!! Que tristeza saber dessa notícia. Heloísa, mulher guerreira que não desistia mesmo das crianças da nossa comunidade... Descanse em paz!" Carol Campos "Na verdade, meus quatro irmãos já passaram pela escola e por seus

ESPAÇO RESERVADO PARA OS COLABORDORES DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE RIO DAS PEDRAS Contato: arcead@gmail.com

cuidados. Não tive esse privilégio, mas sempre acompanhei seus atos, pois ela era uma pessoa maravilhosa." Elisangela Bezerra "Tenho dois filhos, que agora estão com 21 e 23 anos, e ela foi fundamental na educação deles. Ela sempre me chamava para ir à escola, mas era para elogiar os dois. Ela sempre será lembrada porque foi uma pessoa muito boa." Edejane Silva

https://www.facebook.com/ASCORPE


Não dá para a Comlurb cobrar uma atitude educada se ela não dá o exemplo. Olha como está o Posto de Coleta da Rua Nova. Desse jeito as pessoas não valorizam"

Marta, precisamos programar uma ação aqui para conscientizar as pessoas. Não dá para instalar os equipamentos e ir embora, é preciso consolidar o trabalho"

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O morador quer limpeza, ninguém quer viver na sujeira, mas a Comlurb tem de dar o exemplo. Assim não dá para exigir que eles tenham educação com o lixo. É revoltante!"

RIO, 9 DE JULHO DE 2015

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F

oi um dia intenso, revelador e prazeroso participar da peregrinação de Cleusa, da Patrulhinha da Limpeza, e Marta Mariano, do grupo Mulheres de Atitude de Rio das Pedras, duas das mais importantes mobilizadoras sociais da nossa comunidade. Assim como todos os outros moradores do bairro que têm em comum a paixão pelo lugar onde vivem, essas duas incansáveis guerreiras do bem sonham com dias melhores para o nosso lugar. E esse é o traço que une quem faz e quem não faz um trabalho social na comunidade. Mas se todos morrem de paixão pela comunidade que se orgulham chamar de sua, quem então suja tanto as nossas ruas? Para responder a essa pergunta só gastando a sola do sapato. E foi o que fiz com o fotógrafo Fábio Costa nessa maratona que de tão extensa vai continuar na próxima edição. Começamos nosso Lixo Tour, como as duas ativistas sociais apelidaram a caminhada, pela Rua Nova, bem em frente ao Posto de Coleta da Comlurb. Ali, algumas questões já se colocaram de forma clara. Se a Comlurb é a Companhia Municipal de Limpeza Urbana, suas instalações deveriam dar o exemplo, o que definitivamente não ocorre, não apenas na Rua Nova, mas, principalmente, no Posto de Coleta do Pinheiro, como veremos adiante. — Não dá para querer cobrar uma atitude educada da gente se elá não dá o exemplo. Olha como está isso aqui! — apontam, protestando quase que ao mesmo tempo, Marta e Cleusa, sobre a precariedade da entrada do posto da Rua Nova. Se por dentro a situação não é nada agradável, o entorno do Posto de Coleta da Rua Nova beira o absurdo. Primeiro, pela sujeira que não deveria estar ali; depois, pela ocupação das calçadas por carros que jogam os moradores para as ruas sujas, enlameadas e deixando-os espremidos no meio dos ônibus (que deveria ter um terminal), laranjões mal colocados e os entulhos que os moradores insistem em continuar jogando atrás dos laranjões existentes entre o posto de coleta e o Caic. Aliás, foi possível ver a "contribuição" da Light na sujeira da nossa comunidade, ao deixarem montes de fios espalhados pelo chão (ver detalhes no texto ao lado). Segundo André Magalhães, coordenador operacional AP4, que responde pela nossa área, nem todos os problemas apontados pelas lideranças que estiveram presentes na bela sede da Comlurb do Jardim Oceânico, na Barra, não são da alçada da Comlurb. — Ali tem de ser uma ação coordenada com a subprefeitura e outros órgãos para ordenar a área — declarou, na época da nossa visita, duraante a qual fomos muito bem recebidos. A ideia inicial era trazer André e sua equipe para se juntar a nós nesse mapea-

Eles disseram que seria provisório (o lixo), mas relaxaram e não recolhem como faziam e por isso fica esse lixo cheirando mal porque tem rato, gambá e tudo de ruim"

5 RIO, 9 DE JULHO DE 2015

RAIO X DO LIXO FEITO PELO MORADOR! CLEUSA, DA LIMPEZA DA PATRULHINHA, E MARTA MARIANO, DO MULHERES COM ATITUDE, CIRCULARAM HORAS PELAS RUAS DA NOSSA COMUNIDADE MAPEANDO OS PONTOS MAIS CRÍTICOS EM RELAÇÃO AO LIXO E SE COM BONS DEPARARAM E MAUS EXEMPLOS DA TANTO QUANTO DOS COMLURB MORADORES. E NÓS AS ACOMPANHAMOS. RUA NOVA Apenas no trecho entre o Posto da Comlurb e os pontos de ônibus, que fica entre duas escolas (?!), foi possível ver o mau estado do Posto da Comlurb e a má colocação dos laranjões, que, além de espremerem os moradores entre os ônibus, servem de barreira para despejar o entulho, que ajuda a emporcalhar a rua esburacada. O recuo dos laranjões resolveria diversos problemas

ESTRADA DE JACAREPAGUÁ

POSTO DE COLETA DO PINHEIRO

PRAÇA DO PINHEIRO A TV descartada com mancha de sangue demonstra a falta de noção desse morador. Circular pela praça com diversas papeleiras da Comlurb vazias e o lixo espalhado por todo o chão também foi lamentável. A falta de equipamentos para crianças e adultos, além de outras praças devido ao tamanho da comunidade, foi outro problema apontado por Manoel Rodrigues, morador desde 1973

mento, mas como não foi possível conciliar as agendas, Cleusa e Marta resolveram prestar esse valioso serviço para a Comlurb aperfeiçoar seu trabalho na comunidade. Aliás, como já vêm fazendo, como temos acompanhado nesses dois anos da sua A Voz de Rio das Pedras. Como nossa comunidade tem uma relação muito intensa com o lixo, avaliamos com a dupla dinâmica os diversos problemas da Rua Nova (só no trecho do Posto da Comlurb

Só entre o Castelo das Pedras e o Fluzão, ponto de grande circulação de pessoas, foi possível conferir o lixo espalhado ao longo do trajeto por causa da ausência dos laranjões. Com o fim dos tratorezinhos da Comlurb, o único local para descarte é o Posto do Pinheiro, que fica distante. É urgente a Comlurb discutir com as lideranças os locais para instalar os laranjões

e o Caic), indo na contramão (a pé) e subimos o Pinheiro. Após a subida, desembocamos na Praça do Pinheiro, mas dessa vez nossos moradores é que não estavam fazendo a parte deles. Apesar de a intervenção da Conservação ter sido apenas um paliativo, no que diz respeito à Comlurb não há o que reclamar. Foram instaladas quase uma dezena de papeleiras, mas o chão da praça era um lixo só. — Acho que os moradores não entende-

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Espanto com as instalações e esperança nos moradores foi a sensação ao sair do Posto de Coleta do Pinheiro. O barraco precário da foto é onde trabalha o funcionário que toma conta do local. Insalubre, sem banheiro e sem condição de "falar" ao morador que o objetivo é limpar Rio das Pedras, o que valeu foi a dedicação dos moradores, que provaram não quererem viver no lixo

ram, estão achando que as papeleiras são só enfeite — ironizou, chateada, Cleusa. — Marta, precisamos programar uma ação aqui para conscientizar as pessoas, que é o que a Comlurb devia ter feito. A crítica foi imediatamente endossada por Marta: — Não dá para instalar os equipamentos e ir embora, é preciso consolidar o trabalho. Morador de Rio das Pedras desde 1973, seu Manoel Rodrigues nos observava na

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RUA VELHA Como é possível eleger um local numa rua estreita, que fica interditada quando passa o caminhão, em frente a uma escola para onde o lixo acumulado transborda para ser ponto de descarte de lixo? Dona Jacira, no bairro há 48 anos, mora em frente a esse absurdo, que tinha um comércio festas e bolos, já fechado por causa da montanha de lixo com ratos e até gambás

Praça do Pinheiro. Não resistiu, aproximouse e deu seu recado. — Precisamos de mais área de lazer. Não dá para um lugar com a extensão de Rio das Pedras ter apenas uma praça e ainda assim sem brinquedos adequados para as crianças. Lá na Via Light tem muito terreno em que poderiam construir espaços para as crianças e para os pais —definiu, com precisão. Após sairmos da Praça do Pinheiro, nos deparamos com o Posto de Coleta do Pi-

nheiro, que nos causou sentimentos dúbios. De um lado, foi emocionante ver a dedicação dos moradores que não paravam de chegar com seus lixos para jogar nas compactadoras; de outro, ver as instalações para o funcionário que toma conta do espaço foi uma das cenas mais tristes e chocantes que presenciamos. — O morador quer limpeza, Ricardo, ninguém quer viver na sujeira, mas a Comlurb tem de dar o exemplo, não é? Não dá

para receber as pessoas num ambiente desses e exigir que elas tenham educação com o lixo. É revoltante! — esbravejou Marta, que é a rainha do Bererê. Saímos de lá e fomos para o trecho da Estrada de Jacarepaguá entre o Castelo das Pedras e o Fluzão e não encontramos nem um laranjão sequer. A cena remetia a Rio das Pedras antiga, com diversos montes de lixo espalhados pelo caminho. Na Rua Bareta, onde Marta mora, mais um "evento" protagoni-

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zado pela Light. Como não recolhem o lixo e o entulho causado pelas obras de troca da fiação, os moradores estão aproveitando para criarem outro ponto de depósito irregular. No entanto, ao continuar nossa caminhada depois do almoço no restaurante da dona Maria, na Estrada de Jacarepaguá, nos deparamos com uma cena que quase nos causou indigestão. A Rua Velha nos mostrou uma cena que não imaginávamos que veríamos de novo. Uma montanha de lixo ocupava a calçada nos fundos da Escola Municipal Rio das Pedras, o que causou a nossa revolta, a dos alunos e, principalmente de dona Jacira, moradora de Rio das Pedras há 48 anos. Ao ver a nossa equipe com Marta e Cleusa, veio correndo em nossa direção para protestar. — Eles disseram que seria provisório (o lixo), mas, além de virar permanente, eles relaxaram e não recolhem, como faziam no início e por isso fica esse monte de lixo cheirando mal porque aí tem rato, gambá e tudo de ruim — reclamou dona Jacira, quase em desespero. Além de morar em frente ao local que a Comlurb escolheu para fazer de ponto de descarte, dona Jacira tem uma loja de festas na qual também faz bolos e doces. Na verdade, fazia. — Desde que começou esse lixo na minha porta, eu fechei a loja e só faço os bolos e doces por encomenda. Como eu vou trabalhar com alimentação dessa forma? — indagou, inconformada. Além do prejuízo financeiro que está sofrendo por causa de uma escolha equivocada da Comlurb, dona Jacira apontou outro problema absurdo com tal medida. — Como acumula muito lixo, acaba transbordando para dentro da escola, o que é um perigo — criticou, mais uma vez, recebendo o apoio das alunas da escola que se aproximaram da nossa equipe para mostrar como o lixo invade o local. A sucessão de absurdos que presenciamos causou muita revolta, mas ainda assim permitiu a constatação de que o único lugar em que o lixo não poderia estar é entre uma escola e uma casa de festas, numa rua estreita, ocupando uma calçada inteira, bem ao lado de onde foi prometida pelo governador Pezão a construção de uma clínica da família. — Outro problema é quando o caminhão do lixo para, porque não passa carro e isso provoca mais transtorno por causa do horário que eles recolhem (por volta de 14h). Eles deveriam colocar mais laranjões nas duas pontas da Rua Velha porque não é certo isso aqui — apontou Cleusa. Finalizamos a primeira parte da reportagem com a certeza de que em pleno século 21, mesmo em uma favela, como bem observou Cleusa, não cabe mais convivermos com certas situações degradantes para a dignidade humana. Na próxima edição, percorreremos o Casinhas, Areal, Areal 1, 2, Areinha e o Brejo.

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Viemos de ramos diferentes e queremos oferecer o melhor para Rio das Pedras, que vai passar por uma acentuada melhoria no atendimento e na qualidade dos serviços"

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A tatuagem mais barata (estrela, letra, por exemplo) custa em torno de R$ 50. Mas Rafael já fez uma, durante um ano, que custou R$ 6 mil. Foi um fechamento de costas.

RIO, 9 DE JULHO DE 2015

FOTO DE FÁBIO COSTA

CRENÇA NA NOSSA GENTE COM SITE DE SERVIÇOS DE ALTO NÍVEL, TRÊS JOVENS EMPREENDEDORES CONTAM COMO QUEREM LAPIDAR AS PEDRAS BRUTAS DE RIO DAS PEDRAS

rdszavozderiodaspedras@gmail.com

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ue o melhor da nossa comunidade é a nossa gente, nem é mais preciso falar. Mas o mais legal de conhecer Halley Mesquita, Henrique de Souza e Ismael Paiva, de 27, 24 e 22 anos, respectivamente, foi saber que os três crias de Rio das Pedras resolveram largar os respectivos empregos para investir, há quatro meses, no Aqui Serviços. Trata-se de um site com 45 categorias, que já conta com um grupo fechado no Facebook com 7.537 membros (até o fechamento desta edição) e uma car-

tela significativa de clientes que não para de crescer aqui dentro. — Aqui Serviços surgiu de uma ideia do Henrique, a partir de um sonho que Deus deu a ele, que estava à procura de pessoas que acreditassem no sonho dele — disse Halley, responsável pela área comercial, que vem de uma experiência de oito anos na renomada grife de moda internacional Ermenegildo Zegna. E como ninguém passa pela Zegna impunemente, Halley está trazendo para o Aqui Serviços o que a grife italiana tem de melhor. — Queremos trabalhar com excelência para o cliente. Viemos de ramos diferentes e eu quero trazer isso de lá, que é estudar o cliente e oferecer o melhor para ele e para Rio das Pedras, que vai passar a ter uma acentuada melhoria no atendimento e na qualidade dos serviços — deu o recado esse morador da Rua Velha. Já Henrique, que responde pela administração da empresa, veio de uma experiência na área de restaurantes de alto padrão, e diz ter aprendido a atender com qualidade, a postura correta, forma de falar... E é esse conjunto de especialidades que ele está oferecendo

REPRODUÇÃO

Trio de ouro: a partir da esquerda, Henrique, Halley e Ismael. Eles têm em comum, além da visão que prima pela qualidade do atendimento e do serviço, sonho de poder oferecer seus conhecimentos a quem não tem acesso e condição. Ao lado, reprodução da capa do site

no site. — Conheço o Halley desde criança e esse cara foi a primeira pessoa a falar Jesus para mim. Desde então somos amigos — revelou o também é morador da Rua Velha. Responsável pela comunicação visual da empresa, do impresso ao digital, passando pelas mídias sociais, Ismael, morador do Areal, vem de experiência em empresa de de-

sign digital e foi chamado para responder pelo design do Aqui Serviços, o que faz com extrema competência. — Depois que saí da agência de web montei meu próprio negócio e logo depois recebi o convite para desenvolver o projeto com o Henrique e com o Halley e estou até hoje aqui — disse o mais novo e mais tímido dos sócios. Cientes de que receberam opor-

tunidades que os pais não tiveram, como Halley fez questão de frisar, a contrapartida que querem dar como retorno vai muito além do trabalho no site, que é muito mais do que uma ferramenta de serviços porque oferece também administração de páginas no Facebook, criação de sites, logomarcas e criação de produtos e administração de negócios. — O contraste aqui é muito grande. Da mesma forma que você tem gente que passa fome, também é possível ver um Camaro amarelo passando na Rua Nova. E nosso trabalho é atender esse cara com qualidade e ajudar esses que não têm nada com a mesma excelência — explicou Halley. Ele definiu a verdadeira missão em poucas palavras, recebendo logo o apoio dos amigos. — Aqui em Rio das Pedras há pessoas que têm um potencial enorme, que são pedras brutas que precisam ser lapidadas, mas que dependem de pessoas visionárias, que acreditam no ser humano e isso nos faz prosseguir e acreditar no ambiente da comunidade. E foi isso que nos fez inaugurar o Aqui Serviços em Rio das Pedras — afirmou. Antes de encerrar, Halley fez questão de revelar que, antes da missão empresarial, vem a elevação do espírito: — Uma das frases que nós usamos quando estávamos fundando o Aqui Serviços, e ainda estava no papel, é que essa empresa foi feita para a glória de Deus. Nós acreditamos que nem a roupa do nosso próprio corpo é nossa, mas que tudo vem Dele. Então, vida longa ao Aqui Serviços.

A ARTE FEITA COM AMOR E ARTE brigliahabib@gmail.com

U Vivian, Rafael e o auxiliar Gustavo: ambiente saudável e alegre na Conexão 13

ma surra por dia, de segunda a sexta-feira. Motivo? Os braços tatuados com caneta esferográfica. Isso mesmo, aquela da tinta difícil de ser removida. Foi assim que Rafael Cardozo, aos 8 anos de idade, descobriu que tinha uma vocação, paixão mesmo, na ainda curta vida: estava escrito (ou tatuado?) que seria tatuador. Hoje, aos 29 anos, não tem dúvida de ter escolhido a profissão certa. Seu primeiro cliente? Ele mesmo. Aos 14 anos, desenhou uma lagartixa na perna direita. — O curioso é que eu fui crescendo e a lagartixa também — comprovou ele, mostrando a sua primeira tatuagem, ao lado da esposa, Vivian, e do auxiliar Gustavo, seus fieis escudeiros no ateliê, à Rua Nova 92, ljC. Depois de rodar o país, tendo trabalhado no Rio Grande do Sul e em São Paulo (“Onde me ofereciam emprego de tatuador, lá ia eu, sem pensar duas

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vezes”, admitiu), Rafael decidiu, há seis meses, estabelecer-se em Rio das Pedras. Em apenas quatro meses, fez 260 tatuagens. Rafael tem cadastrados na Conexão 13 cerca de 1.500 clientes. Tamanha procura se justifica. Os interessados têm muitas opções de desenho, várias técnicas, como aquarela, preto cinza realista, trash, polka, e o preferido de Rafael, o neoclássico, e serviço de primeira. Agulhas, biqueiras, batoques (recipiente para tinta), luvas e máscaras, além de serem descartáveis, obedecem rigorosamente ao prazo de validade. Todo o material, com selo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), chega ao ateliê lacrado. E antes de qualquer trabalho, o ambiente é esterilizado com as mais modernas técnicas. Tanto cuidado e esmero já valeu à Conexão 13 o Prêmio Top Image do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), como empresa revelação. — Eu me orgulho da profissão que escolhi e por isso esse tipo de reconhecimento me deixa muito feliz — afirmou Rafael.

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Aqui é bom para se viver. Adoro Rio das Pedras. Aqui tem de tudo, dia e noite. Se você quiser comprar um botijão de gás às 3 horas da madrugada, você encontra”

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Todas as pessoas que trago para conhecer a comunidade ficam encantadas, fascinadas com a nossa diversidade e com essa saudável agitação. E pedem para voltar”

RIO, 9 DE JULHO DE 2015

‘RIO DAS PEDRAS É UM FILHO QUE NÃO DÁ TRABALHO’ azizahmed@uol.com.br

S

entado à mesa de concreto ornada por um tabuleiro de xadrez na Praça do Pinheiro, os olhos do comerciante Marco Antônio Pinheiro Soares, o Marco Mineiro, de 48 anos, brilham de emoção e nostalgia quando ele olha para a ladeira da rua em frente e desabafa. — Ah! Que saudade! Cansei de rolar por essa ladeira abaixo num carrinho de rolimã. As vezes chegava em casa todo ralado e entrava escondido para não levar uma surra dos meus pais. Mas era bom demais — recordou, resignado. Filho do caminhoneiro e também pioneiro de Rio das Pedras seu Mineiro, já falecido, e de dona Ercília, pai de três filhos — Mike, de 23 anos, Priscila, de 20, e Mateus, de 13 — e bem casado com Jucilene, a Nena, ele acerta no alvo quando questionado sobre o motivo de Rio das Pedras ser tão carente da atenção dos poderes públicos: — Filho que não dá trabalho a gente acaba não dando atenção. Matou a pau. A nossa comunidade pacífica, ordeira, trabalhadora, não dá problema para as autoridades e acaba sendo, por elas, deixada de lado, tendo de se virar sozinha. Não é à toa que moradores daqui dizem que o estado só dá atenção às favelas onde há tráfico. Dono da Art Visual Propaganda, uma gráfica na Rua Nova 280, 4º andar, que administra com o filho, ele lembra de quando chegou a Rio das Pedras, com 7 anos de idade, vindo de Cordovil, para onde sua família foi removida depois que deixou a Favela da Praia do Pinto, no Leblon, devastada por um incêndio de causas até hoje não esclarecidas, na madrugada de 11 de maio de 1969. — Meu pai, então, comprou um terreno aqui, na Rua Nova, onde moramos até hoje. A rua era de barro. Havia muitas árvores, uma densa floresta. Só existia o lado de cá. Não havia o Areal e a Areinha — lembrou. Perguntamos o que, na sua avaliação, mudou na comunidade nesses 41 anos em que mora aqui com a família e Marco Mineiro não hesitou em responder: — A vida social mudou. Na minha opinião, para melhor. Era muita pobreza. Muita gente se estruturou. A

PIONEIRO MARCO MINEIRO VÊ NESSA PARTICULARIDADE O MOTIVO DE AS AUTORIDADES NÃO DAREM ATENÇÃO À NOSSA COMUNIDADE FOTO DE FÁBIO COSTA

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vida não é fácil. Mas veio o crescimento desordenado e com ele os problemas, como a saturação da rede de esgotos, o precário fornecimento de energia e o aumento no descarte de lixo. Esse bairro é esquecido pelo estado, pela prefeitura, porque é um filho que não dá problema. Não dá problema de segurança. Na Cidade de Deus tem milhares de policiais cuidando da segurança e aqui tem dois fazendo ronda. Apesar das queixas pontuais, Marco Mineiro concorda com a grande maioria dos moradores, especialmente os pioneiros, e é categórico: — Aqui é bom para se viver. Adoro Rio das Pedras. Aqui tem de tudo, dia e noite. Se você quiser um botijão de gás às 3 horas da madrugada, você encontra. Se quiser fazer uma refeição, comprar pão, você encontra a qualquer hora do dia ou da noite. A queixa mesmo é a falta de atenção do poder público. Aqui tem várias ONGs que trabalham sem ajuda de ninguém e isso não é visto pelo estado. Sobre as principais carências da comunidade, Marco lista as que vêm sendo reclamadas pelo nosso jornal, que ele considera muito bem-vindo e necessário. Ele mesmo, dono de uma gráfica, tentou lançar um há 15 anos e não conseguiu: — Precisamos de um terminal rodoviário para acabar com o caos no trânsito. Estamos fazendo um abaixo-assinado para cobrar isso da Secretaria municipal de Transportes. O atendimento à saúde é precário. Tem uma Clínica da Família que não atende esse lado da comunidade. Agora anunciam a construção de outra, na Rua Velha. Já não é sem tempo. Há uma flagrante falta de creches e há muitas crianças daqui estudando fora. Há promessas de que vai melhorar. Vamos esperar e contamos com vocês, do jornal, para cobrar. Marco, que aos domingos nos fins da tarde se reúne na Rua do Amparo, no Pagode dos Antigos, organizado por Celinho Amaral, ressalta uma particularidade emblemática de Rio das Pedras. — Aqui tem um encanto próprio, um glamour especial. Todas as pessoas que trago para conhecer a comunidade ficam encantadas, fascinadas com a nossa diversidade, com nossa gente pacífica e acolhedora e com essa saudável agitação. E, sem exceção, pedem para voltar — afirmou, orgulhoso.

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OITO TIMES TERÃO COMPETIÇÃO PARALELA

CRITÉRIO DE ESCOLHA ACABOU SENDO JUSTO

Como somente o Campo Principal poderá ser utilizado no Brasileirão deste ano, oito times não vão disputar a competição. Para eles, já está decidido pelo Serp, será organizado um torneio especial.

Dirigentes do Social Esportivo Rio das Pedras (Serp) decidiram na reunião passada que os oito times excluídos do Brasileirão serão justamente os de fora do bairro e os inscritos mais recentemente. RIO, 9 DE JULHO DE 2015

BRASILEIRÃO DE 2015 COMEÇA A GANHAR FORMA FOTO DE FÁBIO COSTA

REUNIÃO NESTA SEXTA-FEIRA (DIA 10) DEFINIRÁ DATA DO INÍCIO E O NÚMERO DE GRUPOS

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á está certo que o Brasileirão de Rio das Pedras de 2015 terá 30 times inscritos. Falta apenas decidir se eles serão divididos em cinco grupos de seis ou em seis grupos de cinco. Para isso, haverá uma reunião sexta-feira, na sede do Social Esportivo Rio das Pedras (Serp). Outro ponto a ser definido: a data do início da competição, com opção para o domingo dia 19 ou dia 26. Cada time pagará a quantia de R$ 1.500,00 pela inscrição. O total arrecadado será aplicado na premiação do campeão e do vicecampeão e também no pagamento dos árbitros, da enfermeira, que atende os jogadores nas rodadas, e dos gandulas. A demora na elaboração do Brasileirão (divisão de grupos, número de participantes, data do início etc) deveu-se principalmente à falta de um campo. Como na área do antigo Terceiro Campo a prefeitura está construindo uma escola e uma creche, sobrou apenas o Campo Principal. Por isso, em vez de 38 times, somente 30 serão inscritos.

1 FOTO DE FÁBIO COSTA

FOTO DE MARCOS POWERNET

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1 – Jogadores e comissão técnica posam para a foto que ficará na história do time, dono de mais uma taça; 2 – Elias (à esquerda), capitão do Juventude, José Antonio, presidente, e Val, técnico, exibem o troféu; 3 – Sílvio festeja o seu gol, o primeiro na vitória sobre o Nova Esperança

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JUVENTUDE VOLTA A FESTEJAR UM TÍTULO

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heio de moral e otimismo. Assim está o Juventude para a disputa do Brasileirão deste ano. Depois de um ano (2014) em que não teve motivos para comemorar, e de um início de 2015 nada animador, o Juventude conquistou com brilho e de forma invicta a Copa Serp. A decisão foi no dia 21 de junho, contra o Nova Esperança, derrotado por 4 a 2. Sílvio, Cristiano (2) e Cabeça, para o Juventude, e Ceará e Antônio, para o Nova Esperança, marcaram os gols. Cabeça, mais uma vez, acabou como artilheiro de uma competição na comunidade. O título foi intensamente festejado pelos integrantes do time, com festa até amanhecer na sede, na Areinha. Agora, de ânimo renovado, o Juventude espera mostrar sua força também no Brasileirão

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