A VOZ DE RIO DAS PEDRAS - N º 10

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AQUI TÁ TUDO DOMINADO. PELO LIXO FOTO DE FABIO COSTA

Entra ano, sai ano, este cenário que lembra o famoso enredo que Joãozinho Trinta fez para a Beija-Flor, Ratos e Urubus Rasguem a Fantasia, não muda, transformando o caminho de quem passa todos os dias indo e vindo entre a Via Light e o Campo 3

numa vergonhosa Via Crucis, ignorada pela Prefeitura e pela Comlurb. PÁGINA 8

Um entregador passa com sua bicicleta pelo caminho que faz ligação entre a Via Light e o Campo 3, bem em frente à Ponte 2, cercado por toda a espécie de detritos orgânicos e inorgânicos FOTO DE LAERTE GOMES

FOTO DE JULIO CESAR VIEIRA

Na megabarraca de peixes do Seu Cesar, na feira dominical, o morador encontra desde sardinhas frescas até lagosta, tudo da melhor qualidade

A unidade móvel da campanha de prevenção contra osteoporose, estacionada na Rua Nova, também está dominada pelo lixo

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ANO I - N0 10 - RIO DE JANEIRO, 21 DE NOVEMBRO DE 2013

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I N F O R M A Ç Ã O

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C I D A D A N I A

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

A Light na cadeira elétrica EDITORIAL

DESABAFO Longe de nós, um modesto jornal comunitário que se propõe a defender os interesses de moradores e comerciantes de Rio das Pedras, até para justificar o nosso título, querer comprar briga com os grandes jornais cariocas. Mas a sequência de notícias que não guardam coerência com a nossa realidade, não nos permite ficar omissos enquanto informações distorcidas e supostamente tendenciosas são veiculadas livremente, tendentes a desqualificar a imagem dessa gente ordeira, honesta, diríamos até guerreira da nossa comunidade, à qual nos propomos a ser a sua voz. Os jornais “O Globo” e “Extra”, dos irmãos Marinho, que herdaram o profissionalismo do pai, Roberto Marinho, e “O Dia”, controlado por um grupo português, que deve o valor de seu investimento no jornal de Chagas Freitas a um empréstimo de um já nervoso banco luso, só divulgam notícias retratando Rio das Pedras como um reduto dominado pelas milícias, como se aqui não estivesse abrigada uma população que não deseja viver sob a insólita situação de não saber se mora numa favela ou em um bairro, como todos desejam que a comunidade seja transformada. Rio das Pedras virou a Geni, da música de Chico Buarque, e não há um só editor dos citados grandes jornais ou de emissoras de televisão que mande investigar o que realmente está se passando em nossas ruas, nossos becos, nossas casas. A verdade é que a nossa população quer pagar pela energia elétrica, mas a Light não aparece; quer ter TV a cabo da Sky ou da NET, mas esse pessoal aparenta não ter interesse de cadastrar novos assinantes; quer pagar pelos serviços de esgoto e água, mas a poderosa Cedae, do grande Wagner Victer, despreza a nossa pretensão. A comunidade está orfã de apoio político. No recente episódio das vans, por exemplo, não se viu por aqui um só dos caçadores de votos para defender os trabalhadores e o comércio prejudicados. Através da nossa A Voz do Rio Das Pedras, convidamos os colegas jornalistas a conferir o cotidiano da comunidade e pedimos encarecidamente ao prefeito Eduardo Paes que nos ajude a exercer o direito de viver em um bairro, atribuindo-nos os deveres que tal condição de cidadania exige.

O mosaico de fotos acima revela a bagunça generalizada pela lambança dos ‘gatos’ na rede elétrica que a Light deveria arrumar

Comerciantes e moradores querem pagar as contas de luz e acabar com os “gatos”, mas contradições do presidente da concessionária criam dúvidas de que haverá a prometida solução urgente na regularização do fornecimento de energia elétrica à nossa comunidade. Páginas 3, 4 e 5

INUNDAÇÃO ACABA ATÉ COM O FUTEBOL FOTOS DE FABIO COSTA

Nem chegou o verão e, no último domingo, 17, a comunidade teve uma amostra do que vem por aí. A inundação acabou não só com o jogo, mas com o campo também, que virou um piscinão. PÁGINA 7

Foram só 20 minutos de temporal, o suficiente para deixar a Rua Nova encurralada entre a água, o esgoto dos bueiros e o lixo

A VOZ DA CIDADANIA

LEIA NA PÁGINA 2

LÚCIA ILOIZIO

No Campo 3, a bola parou de rolar e adiou a decisão da Copa Verão

A VOZ DO DIREITO

A VOZ DO LEITOR

CRISTINA GOMES CAMPOS DE SETA

Cehab, enfim, esclarece as nossas dúvidas


A violência contra mulheres é comumente praticada pelosmaridos,companheiros, namorados e ex-parceiros.

ADOVOZ LEITOR Cehab, enfim, esclarece as nossas dúvidas

A Secretaria Estadual de Habitação, por meio da Assessoria de Imprensa, respondeu finalmente, de forma objetiva, aos questionamentos feitos sobre as obras da Cehab no Areal/Areinha. O morador Davyd Souza cobrou as bocas de lobo e Paulino Conrado levantou dúvidas sobre a eficácia das obras da Rua Carambolas, na Areinha. Eis as respostas: “Por que não existe boca de lobo para as ruas que já estão prontas? As obras de urbanização da comunidade de Rio das Pedras estão sendo realizadas de acordo estudos hidrográficos da região e projeto técnico de drenagem e esgoto. Elaborado em conformidade com as características topográficas da área. Nas vielas (becos) cujas obras já foram concluídas,foi implementado o sistema de drenagem superficial por canaleta hidráulica. Os eixos ficam num nível um pouco mais baixos que as calçadas, para que a água da chuva possa escoar diretamente para o canal. Esta s ruas de pedestres funcionam como vertedouros hidráulicos. Foi implantada a drenagem superficial, justamente porque o local não permite a instalação de tubulação de escoamento das ág uas, e isto dispensa a colocação de bocas de lobo. Em algumas das ruas principais, onde a topografia permite o projeto prevê a execução de galerias (tubulação) de águas pluviais e caixas de ralo. Por que a Cehab está fazendo somente um lado da Rua Carambolas? As obras de infraestrutura realizadas pela Companhia Estadual de Habitação em Rio das Pedras estão sendo feitas em etapas. Atualmente, beneficiam mais da metade dos moradores em 53 ruas, numa área de 200,8 mil metros quadrados – onde foram concedidas por órgãos estaduais e municipais as licenças necessárias. Em suma, a nossa rua vai ficar sofrendo com o esgoto? A Rua Carambolas não vai, no entanto, sofrer com esgoto, uma vez que os dejetos que hoje são jogados 100% in natura no canal de Rio das Pedras, serão coletados e levados para a estação de tratamento (ETE).”

Quando a criança nasce, é comum ouvirmos que é o pai quem deve registrá-la, mas isso não é verdade.

2 RIO, 21 NOVEMBRO DE 2013

COMO RECONHECER OS FILHOS EM REGISTRO NOS CARTÓRIOS

O MINISTÉRIO PÚBLICO TAMBÉM ATUA NA DEFESA E PROTEÇÃO À MULHER

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o Ministério Público incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e individuais indisponíveis, zelando, dessa forma, pela concretização dos objetivos do Estado Brasileiro, previstos no artigo 3º da Constituição da República, quais sejam: a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; o desenvolvimento nacional; a erradicação da pobreza e da marginalização; a redução das desigualdades sociais e regionais; a promoção do bem de todos, sem preconceitos de raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Nesse contexto, é de observar-se que a Lei Maria da Penha foi concebida sob a temática dos Direitos Humanos e tem por objetivo claro reduzir as desigualdades materiais existentes no âmbito doméstico e familiar entre homens e mulheres, desigualdades essas que se perpetuam e acabam por constituir verdadeira violação dos direitos fundamentais das LÚCIA ILOIZIO * mulheres. A Lei Maria da Penha é uma lei especial de proteção à mulher e ressalta não só a necessidade da responsabilização penal adequada do agressor, como também dita normas relativas à proteção da mulher em situação de violência doméstica e familiar, inclusive quanto à previsão de políticas públicas específicas para acolhimento dessa mulher. Assim, determina a Lei Maria da Penha que o Ministério Público atue em todos os procedimentos relativos à violência doméstica e familiar, tais como inquéritos policiais, ações penais e medidas de proteção. Dentre as medidas de proteção mais recorrentes estão aquelas que obrigam o agressor, tais como a proibição de aproximação e de contato com a vítima. Importante lembrar que a vítima pode requerer, ainda em sede policial, o deferimento de tais medidas. Contudo, revela-se conveniente e oportuno, após a realização do Registro de Ocorrência, que a vítima acompanhe esse pedido no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para o qual será encaminhado seu requerimento. Aqui na Capital existem quatro Juizados Especializados, situados no Centro, Leopoldina, Jacarepaguá e Campo Grande, e, em cada um desses Juizados há um Promotor de Justiça, titular ou designado, para atuar nesses casos. Via de regra, a mulher, ao realizar o Registro de Ocorrência na Delegacia, recebe também um encaminhamento para o Centro Especializado de Atendimento à Mulher. É importante, muitas vezes, comparecer a esse serviço, principalmente se ela necessitar permanecer por algum tempo em local seguro em razão de ameaças de morte em situações de violência doméstica e familiar. Normalmente essa violência é mais comumente praticada pelos maridos, companheiros, namorados e exparceiros.

A VOZ DA

CIDADANIA

* Lúcia Iloizio é promotora de Justiça, coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Violência Doméstica contra a Mulher Este espaço está reservado para o Ministério Público do Estado orientar a Comunidade de Rio das Pedras sobre seus direitos e como pode ser amparada por aquele orgão.

O

bviamente, quando uma criança nasce, ela tem pai e mãe, sendo obrigatório seu registro. No entanto, esse registro serve também para que ela possa usufruir dos efeitos desta filiação. Para requerer pensão, por exemplo, é preciso provar a paternidade, apresentando a certidão de nascimento com o nome dos pais. Quando uma criança nasce, é comum ouvirmos a afirmação de que é o pai quem deve registrá-la, mas isto não é verdade. A mulher pode sozinha registrar a criança. O problema é colocar o nome do pai. Se a criança nasce de duas pessoas casadas, a mulher pode registrar a criança sozinha colocando o marido como pai, bastando que leve a certidão de casamento. Apresentando a certidão, e tendo a criança nascido em até 180 dias após o início do casamento, o marido constará na certidão como pai, mesmo sem que ele esteja CRISTINA GOMES CAMPOS DE SETA * presente. Isto não ocorre quando a criança nasce de um namoro ou união estável. Nesses casos, para que conste no registro o nome do pai, ele deverá estar presente para registrá-la, levando a Declaração de Nascido Vivo, documento obtido na maternidade, para registrá-la em nome da mãe. < /p> Mas se o pai não pode estar presente no momento do registro, é possível que ele compareça depois ao cartório em que a criança foi registrada para se apresentar como pai. Será feito um requerimento e, após a oitiva do promotor de Justiça, o juiz determinará a alteração. Mas se o pai não pode ou não quer comparecer no cartório onde a criança foi registrada, é possível que ele faça um documento assumindo a paternidade. Este documento pode ser feito em qualquer cartório de notas (o mesmo em que se reconhece a veracidade de assinaturas) para fazer uma escritura de reconhecimento de filho. Outra forma, mais fácil, é o pai redigir um documento, mesmo em casa, reconhecendo a criança como filho. Esse documento pode ser levado pela mãe ao cartório onde a criança foi registrada para que se faça a alteração do registro. Como os promotores vão avaliar este pedido, alguns exigem que a assinatura do pai tenha sido reconhecida por um cartório a fim de provar que foi ele mesmo quem assinou o documento. Caso seja feita esta exigência, basta levar antes o papel com a assinatura do pai no cartório de notas onde ele tenha “firma” para reconhecê-la. Estas duas formas também podem ser usadas para reconhecer filhos que ainda não nasceram. Isto é importante quando uma mulher está grávida de seu companheiro ou namorado, a fim de evitar que, quando a criança nasça, o pai não possa mais registrá-la porque morreu, por exemplo, ou tenha “desistido” de registrá-la como sendo seu filho. O pai poderá escrever que reconhece a criança que vai nascer da mulher “tal” (colocar o nome e qualificação) como sendo seu filho. Este documento poderá ser usado para colocar a criança como filho deste homem. Outra forma é o testamento ou na presença de um juiz, não importando o assunto da ação.

A VOZ DO DIREITO

*Cristina Gomes Campos de Seta é juíza da 5ª Vara Cível do Méier

RIO DAS PEDRAS É VISITADA POR UM GRUPO DE PESQUISADORES AMERICANOS

Lula Andréa Capoccino escreveu: Meus caros. É de suma importância para todos nós as fotos da final do evento esportivo. Se possível publique-as para nós. Somos gratos. Nota da Redação: Demos ampla cobertura. Publicamos, inclusive, o pôster do campeão Juventude.

A moradora Ana Carolina Moura avaliou nossa página do Facebook com cinco estrelas e postou: “Sou fã n° 1!” 쐀 Cartas para a redação de A Voz de Rio das Pedras, a/c 0

do Núcleo de Cidadania, Rua Nova n 105, loja 2. e -mails para contato@avozderiodaspedras.com.br

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Núcleo de Cidadania de Rio das Pedras, vinculado ao Curso de Direito do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) situado na Rua Nova nº 105, loja 2, recebeu no final de outubro a visita de um grupo de pesquisadores e professores do Curso de Arquitetura, Planejamento e Preservação da Universidade americana de Columbia (GSAPP).

O encontro teve como objetivo a realização de um trabalho interdisciplinar entre os profissionais das duas instituições. Nele foram percorridas as ruas da comunidade e observados os arranjos jurídicos e arquitetônicos diferenciados que existem em Rio das Pedras, como é o caso do “Direito de Laje”.

EXPEDIENTE EDITOR-CHEFE

CHEFE DE REPORTAGEM

FOTOGRAFIA

Aziz Ahmed

José Antonio Gerheim

Fábio Costa

(Reg. 10.863 - MTPS) azizahmed@avozderiodaspedras.com.br

gerheim@avozderiodaspedras.com.br

TRATAMENTO DE IMAGENS

CONSULTORES

Eduardo Jardim

EDITOR EXECUTIVO

Cláudia Franco Corrêa Irineu Soares

ANALISTA DE MÍDIA E WEBMASTER

Laerte Gomes www.avozderiodaspedras.com.br

laertegomes@avozderiodaspedras.com.br

Claudia Gonzaga claudiamulti@uol.com.bt

Uma publicação da Livraria e Editora Citibooks Ltda. CNPJ: 05.236.806/0001-5 Rua Jardim Botânico, 710, CEP 22.460-000 para a Associação Comercial do Rio das Pedras (em organização). Rua Nova 105 – Loja, Rio das Pedras

Publicação quizenal / Tiragem: 20 mil exemplares / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA / Impresso na Gráfica e Editora Jornal do Commercio

CLASSIFICADOS GRÁTIS! A partir dos próximos números, este jornal vai reservar espaço para que você, morador ou comerciante de Rio das Pedras, possa anunciar bens, serviços ou produtos que esteja disposto a alugar, vender ou, simplesmente, doar. Basta que seja um texto curto e grosso, que vamos publicar de graça. Se quiser "vender seu peixe", encaminhe o anúncio para o setor de classificados para o e-mail contato@avozderiodaspedras.com.br.

APROVEITE!


Suplicamos, pedimos pelo amor de Deus para que a Light venha instalar relógio e cobrar conta de luz em nossas casas.

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Presidente da Light faz declarações ao jornal "O Globo" que entram em curto com as promessas que fez à comunidade.

RIO, 21 DE NOVEMBRO DE 2013 FOTO A VOZ DE RIO DAS PEDRAS

QUEREMOS PAGAR NOSSA CONTA DE LUZ A

Light resolveu reajustar a conta de energia e, para surpresa dos nossos moradores e espanto da nossa equipe de reportagem, escolheu Rio das Pedras como vilã do aumento. Numa série de contradições com declarações oficiais dadas anteriormente ao nosso jornal, o presidente da concessionária, Paulo Roberto Pinto, disse ao jornal “O Globo” – que, diga-se de passagem, tem mantido uma linha editorial de picuinha com Rio das Pedras – que se viu forçado proceder a um reajuste de 6,2% na tarifa de energia elétrica. Na contramão de uma relação de diálogo que vinha mantendo com nossos comerciantes e moradores, através deste jornal, o Sr. Paulo Roberto Pinto pisou na bola, ao dar Rio das Pedras como exemplo da causa desse aumento, afirmando que “80% da energia consumida nesta comunidade é roubada”. Nem usou a expressão “furtada”, qu e é o delito praticado sem violência. Falou “roubada”, o que tipifica uso de violência. Que interpretação o leitor é induzido a fazer dessa afirmação? Ele é levado a entender que, por nossa causa, todos os consumidores da cidade estão bancando “o roubo” aqui praticado. Por pouco não acusou a lendária milícia que “restringiria a atividade da empresa” de ter sido responsável pela sucessiva explosão de bueiros que andou infernizando a vida da cidade. Onde está a milícia e a violência a que se refere?

Desde o número zero deste jornal, todos – rigorosamente todos – moradores ouvidos sobre os problemas que os afligem na rotina domiciliar, apontam a precariedade no fornecimento de energia como o principal drama da comunidade. E mais: suplicam educadamente, pedem pelo amor de Deus que a Light venha aqui normalizar o fornecimento, cobrar as contas de luz regularmente, porque querem pagar e ter sua situação legalizada, como condição elementar de dignidade e cidadania. A coluna “A Voz do Leitor”, em carta ao Sr. Paulo Roberto Pinto, lembrava que a Light teve um lucro de R$ 424 milhões no ano passado. E mais: os moradores argumentaram que zero vírgula zero e alguma coisa desse lucro daria para bancar uma guaribada na distribuição de energia na nossa comunidade, que convive com um quadro horroroso de um amontoado de fios pendurados e com cons tantes “apagões”, que se tornam mais frequentes nesta época de verão e festas natalinas. Se ouvisse a nossa voz, a concessionária reverteria o alegado prejuízo de R$ 12 milhões por ano – que o Sr. Paulo disse a “O Globo” que a Light tem com o “roubo” em Rio das Pedras –, para engordar o seu lucro líquido. Sem vislumbrar uma luz (da Light) no fim do túnel, a comunidade condenou a companhia à cadeira elétrica. Moradoras nesta comunidade há mais de 25 anos, a coordenadora de projetos sociais Soly Lopes e a dona de casa Rosa Rodrigues Soares botaram o dedo na tomada: – Queremos ter um relógio de luz, pagar as contas e ser tratadas como cidadãs – desabafaram, numa ma-

nifestação repetida por cada comerciante, por cada morador, sem exceção. O presidente da Light ouviu a nossa voz, como os leitores poderão verificar nas páginas seguintes, criando uma expectativa de que havia se sensibilizado com os nossos apelos. Mas a nossa alegria durou pouco. A entrevista a “O Globo” criou uma situação de constrangimento à nossa equipe, empenhada em tratá-lo com o respeito devido a um executivo cujo currículo é forjado no sucesso de garantir resultados às empresas que comanda, o que seria louvável se respeitada uma política capaz de compatibilizar essa excelente performance com metas sociais e de sustentabilidade, como ele nos havia prometido formalmente. Mas o Sr. Paulo Roberto Pinto optou por tratar a nossa comunidade ao sabor da obsessiva campanha de um jornal, de clara tendência em desqualificar o caráter ordeiro, trabalhador e guerr eiro dos nossos moradores. Fez declarações que não guardam coerência nem com a realidade, nem com próprias afirmações feitas em carta a este jornal, reproduzidas nas páginas seguintes. Numa simples consulta às nossas edições, o presidente da Light vai constatar que queremos pagar nossas contas de luz. Pelo que interpretamos em suas declarações, quem não quer recebê-las e nem dar jeito nessa bagunça generalizada parece ser ele, que – vivendo no conforto de salões refrigerados – não deve ter a mínima ideia dos problemas que os “gatos” de energia criam para comerciantes e famílias que vivem honestamente nesta comunidade.

Se você tem vocação para o jornalismo e quer ser mais uma Voz de Rio das Pedras, saiba que estamos aceitando a colaboração de parceiros da comunidade para se integrar à nossa equipe. Marque um encontro com a nossa redação pelo e-mail contato@avozderiodaspedras.com.br


Estamos em entendimento para realizar uma série de investimentos em Rio das Pedras.

4 RIO, 21 DE NOVEMBRO DE 2013

Presidente da Light, ao nosso jornal

Nossa atividade é restrita em comunidades violentas e com milícia.

Queremos pagar as contas. Não entendemos por que a Light não providencia.

Presidente da Light, ao jornal "O Globo"

Antonio Francisco dos Santos, eletricista

Como a gente cansa de chamar a Light, o jeito é fazermos as ligações.

5 RIO, 21 DE NOVEMBRO DE 2013

Ricardo Ferreira, o Ricardo da Peixaria

NÃO SOMOS OS VILÕES DO AUMENTO DAS CONTAS DA LIGHT FOTOS A VOZ DE RIO DAS PEDRAS

AS CONTRADIÇÕES

“Queremos ser tratados como cidadãos. Queremos cumprir nossos deveres e ter nossos direitos respeitados”

“Por que não criam uma tarifa social para o pessoal de baixa renda? Todos gostariam de ter o relógio de luz e pagar as contas”

“No período de Natal passado, grande parte de Rio das Pedras ficou três meses sem luz. Isso é triste, né?”

A comunidade aqui é tranquila, muito boa para morar. Mas há os constantes ‘apagões’. Falta o poder público olhar mais para a gente”

Soly Lopes, coordenadora de projetos sociais,

Rosa Rodrigues Soares, moradora há 31 anos.

Janaína de Melo, comerciária, que trabalha e reside na comunidade.

Neguinho do Baião, comerciante.

moradora há 23 anos na comunidade.

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s leitores poderão encontrar, a seguir, uma consistente argumentação para provar que, nem de longe, Rio das Pedras é a vilã do reajuste decidido pela Light, que gerou um curto-circuito com as promessas da presidente Dilma Russeff de baixar o preço da tarifa de energia. Em atenção à mensagem do comerciante Ricardo Ferreira, o Ricardo da Peixaria, estabelecido na Rua da Passagem, publicada na seção “A Voz do Leitor”, a Light enviou nota a este jornal, no dia 23 de setembro último, na qual ratifica “total interesse em expandir as atividades executadas em áreas ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), como o Complexo do Alemão, para outras comunidades, como Rio das Pedras, e, para isso, permanece seguindo o trabalho de pacificação realizado pela União, pelo Estado e pel o Município do Rio de Janeiro”. E afirma textualmente; “A Light, inclusive, já está em entendimento com o governo estadual no sentido de realizar uma série de investimentos em Rio das Pedras, que compreende um grande trabalho relacionado à rede elétrica da companhia neste bairro.”

Mais adiante, afirma a concessionária na carta (publicada na íntegra na edição 7 deste jornal, que começou a circular no dia 8 de outubro), ainda em atenção ao Ricardo da Peixaria: “Em um processo de aproximação com os clientes e visando também combater as ligações clandestinas, a Light executa ações como o Light Legal, que consiste em fixar equipes, com dedicação exclusiva, em determinada área geográfica, responsáveis por fazer serviços como avaliação de toda a rede elétrica, dicas de economia de energia e segurança, v erificação de medidores, normalização de clientes, atualização cadastral, negociação de débitos e eliminação de irregularidades. Até hoje, 17 áreas foram colocadas em operação, abrangendo cerca de 240 mil clientes. A meta para 2013 é alcançar um total de 30 dessas áreas, representando aproximadamente 400 mil clientes.“ Tais afirmações textuais e oficiais da empresa, que tem mantido um canal de diálogo com a nossa comunidade através da nossa voz, criou uma expectativa otimista de que estaria iluminando o caminho para a solução do problema que mais angustia moradores e

comerciantes de Rio das Pedras. Daí a nossa surpresa com as declarações do presidente Paulo Roberto Pinto, publicadas na edição de “O Globo” do último dia 7, em que coloca a nossa comunidade como vilã do aumento de 6,2% nas tarifas de energia, dando a entender que o aumento na conta dos consumidores da cidade seria para cobrir o déficit gerado pela energia “roubada” nas ligações clandestinas em Rio das Pedras. Há contradições com a realidade nas declarações feitas pelo presidente da Light ao jornal “O Globo”, que transcrevemos a seguir. Disse o Sr. Paulo Roberto Pinto àquele jornal: “Somente em Rio das Pedras, comunidade com 160 mil habitantes e 50 mil unidades consumidoras, temos 80% de energia roubada. E grande parte dos 20% que chagamos a medir não paga. Isso nos dá um prejuízo, apenas ali, de R$ 12 milhões por ano. Nossa atividade é restrita em comunidades violentas e com milícia.” Como os leitores podem observar, tais afirmações não batem com a realidade, como vamos provar, recusando a pecha de vilão desse aumento.

UMA DISTÂNCIA SEPARA O QUE O PRESIDENTE DA LIGHT DISSE AO JORNAL “O GLOBO”, AFIRMOU AOS NOSSOS LEITORES E A REALIDADE. DESTACAMOS ALGUNS EXEMPLOS PARA UMA COMPREENSÃO MAIS OBJETIVA: O QUE DISSE A “O GLOBO

O QUE DISSE AO NOSSO JORNAL

1 – Que 80% da energia de Rio das Pedras é “roubada.”

1 – Que 72% da energia fornecida é consumida em ligações clandestinas. 2 – Que já tem projeto para realizar uma série de investimentos em Rio das Pedras.

2 – Que a Light não atua em comunidades violentas e com milícias.

“Dá vergonha de conviver com esse monte de lixo. Vem a falta de energia elétrica e Rio das Pedras fede”

Camila Guimarães, operadora de Telemarketing, cria da comunidade.

“Vai fazer um ano que temos uma fase só. Como a gente cansa de chamar a Light sem ser atendido, não há outro jeito senão fazermos as ligações”

”Isso era pra estar arrumado, direitinho, tudo legalizado. Queremos pagar pelo serviço e não entendemos por que a Light não providencia”

Ricardo Ferreira, o Ricardo da Peixaria, sobre a Rua

Antônio Francisco dos Santos,

da Passagem.

eletricista.

3 – Que a nossa comunidade tem 160 mil habitantes e 50 mil unidades consumidores.

3 – As projeções mais exageradas dão conta de que não passam de 100 mil habitantes e 20 mil unidades.

4 – Que a energia é “roubada” pelos moradores.

4 – Que as perdas são derivadas de ligações clandestinas, o que caracteriza furto, não roubo.

5 – Que 20% do que a Light chega a medir em Rio das Pedras, a grande parte não paga.

5 – Qual é essa “grande parte?” E mais: por que a Light nunca se referiu a essa suposta inadimplência nas duas vezes que enviou mensagens ao nosso jornal?

6 – Que a Light perde R$ 12 milhões com a inadimplência dos consumidores de Rio das Pedras

6 – A Light fechou o balanço de 1012 com lucro líquido de R$ 424 milhões. Não foram os supostos R$ 12 milhões de Rio das Pedras que fizeram a empresa ter de aumentar a tarifa de energia.

“Nada pior aqui do que a constante falta de energia elétrica. Esquentou, ferrou!”

Carlos Wellington, paraibano, 19 anos, vendedor.

INTERNET ESBARRA NA FALTA DE POSTES DA LIGHT

A

“A eletricidade é o nosso maior pavor. Ainda mais em dias de calor. É o pânico geral, porque Rio das Pedras vira um inferno de quente e a luz cai a toda hora”

Seu Eduardo, consertador de fogões.

“O problema do esgoto está andando, a limpeza das ruas melhorando. Mas o drama da gente e mesmo o verão e o calor, porque a luz cai a toda hora. Tomara que mandem a Light aqui no Areal.

“Nosso problema, claro, é a falta de luz e de mais energia elétrica, sem ‘gatos’ e com contas mensais pagas direitinho”

Walter Machado, cobrador de ônibus, aposentado.

comerciante.

Cristiane Reis,

Entre todos os nossos dramas, o maior é a precariedade da energia elétrica, principalmente no verão. A gente pede relógio medidor, mas nunca é atendido. Aí, não tem jeito, puxa o ‘gato’.

Márcio José, dono de um aviário.

bola rolava no campo 3, na partida em que o time do Porto, da Freguesia, decidia sua classificação à fase final da Copa Verão, contra o Palmeiras, jogo que acabou com o objetivo alcançado (Porto 3 a 2), para alegria e alivio de dois importantes funcionários da OI, a operadora de telefonia que atende a área de Jacarepaguá, à qual pertence a nossa comunidade. São eles, o supervisor da área Fernando Machado, que é presidente do Porto, e o técnico de telefonia Óton(foto), que mora em Bangu, mas atende a mesma área e tem um xodó especial pelo time e por Rio das Pedras. A pergunta é inevitável: por que há tanta dificuldade de se instalar telefones e acesso à internet em Rio das Pedras e comunidades vizinhas? Óton é quem responde: – Quando há um pedido, seja de morador, seja de comerciante, para se instalar telefone e rede de acesso à internet, é preciso que haja um poste da Light e que ela dê autorização

para passar os fios da telefonia. Aí a OI chega e vai checar se está tudo em condições para a instalação. Mas do jeito que está Rio das Pedras, com escassez de postes e excesso de fios, é praticamente impossível. A corrente não passa. Óton diz que sua experiência adquirida nos mais de dez anos que atende a área o leva a comparar as duas empresas, OI e Light, como sendo duas paralelas, que precisam se encontrar no fim da linha. Ou seja, dependem de uma decisão maior do poder público, municipal ou estadual, planejar a política de investimento para resolver de vez a demanda da população, que é muito grande, tanto de moradores como de comerciantes e até indústrias. De novo com a atenção para o que ocorre dentro do campo, olhando o Juventude que será adversário do seu time despachar o Caranguejo, o técnico da telefonia dá uma dica para quem for decidir o problema da internet aqui na comunidade. – Já que se esperou tanto tempo, o bom senso recomenda que se instale logo a banda larga. (JAG)


O atendimento no ônibus é gratuito, realizado de segunda a sexta, das 9 às 17 horas

Esta é, sem tirar nem pôr, a melhor barraca de peixes de Rio das Pedras.

6 RIO, 21 DE NOVEMBRO DE 2013

FOTOS DE JULIO CESAR VIEIRA

O QUE É OSTEOPOROSE?

FRATURA EXPOSTA E

ste ônibus itinerante que aparece na foto, cercado de lixo, está estacionado na Rua Nova, em frente à Praça da Amarp, cumprindo uma ação social gratuita patrocinada pela Medical Force: realizar a prevenção contra a osteoporose, doença que atinge os ossos. De acordo com o técnico em radiologia Eduardo Brandão, que comanda uma equipe de quatro pessoas no atendimento a mulheres (a partir dos 45 anos) e homens (a partir dos 60 anos), uma média de 100 moradores de Rio das Pedras tem sido atendida desde que começou a campanha, no último dia 4, e que deve ser estendida até o fim deste mês de novembro: – O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, e consiste num exame de ultrassonagrafia calcânea. Nossa dificuldade é conviver com essa lixarada, porque

Trata-se de uma doença que se caracteriza quando a quantidade de massa óssea diminui substancialmente e desenvolve ossos ocos, finos e de extrema sensibilidade, mais sujeitos a fraturas. Faz parte do processo normal de envelhecimento, e é mais comum em mulheres do que em homens. A doença progride lentamente e raramente apresenta sintomas antes que aconteça algo de maior gravidade, como uma fratura, que costuma ser espontânea, isto é, não relacionada a trauma. Se não forem feitos exames diagnósticos preventivos a osteoporose pode passar despercebida, até que tenha gravidade maior. A doença pode ter sua evolução retardada por medidas preventivas.

UNIDADE DA CAMPANHA CONTRA OSTEOPOROSE É CERCADA DE LIXO esta é uma unidade de atendimento de saúde e as condições de higiene são essenciais para o funcionamento adequado e racional. Estamos cuidando de prevenção de fraturas e esse é um quadro de fratura exposta – observa Eduardo, com justa ironia, diante do flagrante da precariedade dos serviços de limpeza urbana nesta comunidade. Ele informou, ainda, que no total dos procedimentos realizados, 10% apresentam o diagnóstico da doença. Explicou que, nesses casos, os moradores são encaminhados ao Ortocenter, na Estrada de Três Rio, na Freguesia, onde recebem medicamentoe e todo o tratamento gratuito.

Numa agressão a uma unidade de saúde, que exige o máximo de limpeza e higiene, o ônibus estacionado na Rua Nova é atacado pela lixarada

FOTOS DE LAERTE GOMES

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Q AQUI SÓ TEM PEIXE DE DAR ÁGUA NA BOCA

uem chega à famosa e cada vez mais concorrida feira nordestina de Rio das Pedras vai curtir, com certeza, um verdadeiro programa de domingo que pode e deve entrar em qualquer lista de imperdível que se faça com isenção e sem preconceito sobre as boas opções de lazer da nossa Cidade Maravilhosa. E é só se dirigir ao final dela, no lado esquerdo da Via Light, já na fronteira com o campo de futebol do Martelão, para começar a sentir o cheiro do peixe fresco e bater uma vontade danada de cantarolar os versos do poeta compositor das causas marítimas, o baiano-carioca Dorival Caymmi: "Minha jangada vai sair pro mar/ e um peixe bom, eu vou trazer." Ao olhar para a barraca disposta horizontalmente verá que ali só tem coisa fina, peixe de primeira qualidade, prontos para incrementar a mesa do almoço de domingo, seja o de casa, seja o dos donos de restaurantes, bares e botequins da Barra à Zona Sul, passando pela Tijuca, como afirma, com orgulho, seu César, o dono; – Aqui mando eu. Não tem para a concorrência. Esta é, sem tirar nem pôr, a melhor barraca de peixe de Rio das Pedras – garante, no que é acompanhado com um largo sorriso de confirmação e até orgulho de ali trabalhar pelos auxiliares Negueba e Wilson,

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artistas na arte de limpar e cortar os peixões como os dourados, namorados, e também pelas falantes Roberta e Neguinha, que preparam as sempre muito procuradas sardinhas e corvinas. Mas o carro¬-chefe da barraca do Cesar é mesmo a cesta de camarões graúdos, os "verdadeiros cinzas", como ele explica, oferecidos em duas categorias, luxo e superluxo, com preços que variam entre R$ 24,00 e R$ 60,00 o quilo. – E quem preferir os mais simples, pode levar um lagostim, um namorado batata, um acará, um salmão. A procedência e a qualidade garante uma mesa de delícias – acrescenta, afirmando que respeita tanto o bom gosto da comunidade que vende lagosta de primeira linha. "Minha jangada vai voltar pro mar". Até o próximo domingo.

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1 - Seu César, Rei do Peixe 2 - Dona Roberta 3 - Negueba e Wilson 4 - Neguinha, Rainha da Sardinha


Castrem seus animais. Não é maldade. É um ato de amor.

O campo virou um piscinão e o jeito foi adiar a festa da para o primeiro domingo de dezembro.

7 RIO, 21 DE NOVEMBRO DE 2013

FOTOS DE FABIO COSTA

AMIGO NÃO SE COMPRA, SE CUIDA!

A

nossa comunidade é um paraíso – para não dizer um inferno – de cães abandonados nas ruas e vielas, alguns em condições deploráveis de saúde e higiene. Nossos moradores já convivem com uma profusão de “gatos” de energia suspensos na lambança de fios pendurados, mas cachorros sem dono soltos na rua é outra realidade dramática na rotina de Rio das Pedras. Nosso jornal tem recebido pedidos no sentido de sensibilizar o poder público no sentido de promover campanhas de castração de animais, inclusive gatos (de verdade), pois esses bichinhos são a maioria na vida doméstica local, como ficou comprovado no último dia 5 de outubro, quando foi realizada uma ação pública de vacinação de animais na Praça da Amarp e foram vacinados 1.670 animais da comunidade e os gatos ganharam de lavagem dos cachorros: 1.139 contra 531. Mas nem tudo está perdido. Enquanto pessoas desalmadas abandonam filhotes de cães e gatos na curva do Pinheiro, tal qual o vilão Felix fez com a Paulinha na novela “Amor à vida”, há almas generosas que se apiedam dos animais e cujos olhos se enchem de lágrimas mesmo antes de ouvir qualquer crueldade feita com animais. É o caso de Ana Cristina, vendedora de uma loja aqui da comunidade, que não quer ser localizada, evitando virar alvo de mais abandonos, pois já cuida de 12 gatos e um cachorro, todos recolhidos, castrados, vacinados e bem alimentados. Ela ainda alimenta outros da rua, os leva para castrar e, depois de recuperados, devolve ao mesmo local, porque não tem condições de levar mais nenhum para casa. Outras pessoas do bem são Lídia e Fernando, voluntários de lar temporário. Eles batalham para conseguir adoções responsáveis e são contra a venda de animais, porque amigo não de compra! Eles pedem mais uma vez que não sejam procurados por pessoas com ideia de abandonar animais, são contra leválos para abrigos e contra pessoas que acham bonitinho ver a barriguinha crescendo e os filhotes, mas não os protegem. E afirmam: – Quem ama cuida, castrem seus animais, isso não é maldade, é

A VOZ DOS

ANIMAIS

O DIA QUE A CHUVA NÃO DEIXOU A BOLA ROLAR Olhar triste, este cachorro sem dono abriga-se num canto isolado junto a um poste na Areinha um ato de amor! Castrações gratuitas podem ser agendadas, sem a presença do animal, todas as sextas-feiras na Praça Seca, em frente ao banco HSBC, por maiores de idade, levando identidade e comprovante de residência. Só pode ser agendado um animal por semana. As senhas, limitadas, são distribuídas às 8h da manhã. Há quem abandone animais doentes por não poder arcar com despesas veterinárias. Nesses casos, nossos moradores devem recorrer ao serviço gratuito que a prefeitura presta à Rua 2 de fevereiro s/n°, ao lado da Escola Especial Municipal Dr. Ulisses Pernambuco, no Engenho de Dentro.. Castração com preços populares podem ser realizadas, todos os dias, pela Dra. Tatiana Araujo, na Rocinha: Gatos R$ 40,00, gatas R$ 50,00, O valor dos cães, é de acordo com o porte do animal. Ela também faz atendimento clínico. Seu telefone é 99963-8698. Anote: No site do nosso jornal (WWW.avozderiodaspedras.com.br) há fotos de animais disponíveis para adoção.

Não é Filipinas, não é Haiti. É a Rua Nova, centro comercial e via de escoamento de ônibus e vans, completamente alagada tanto na pista como nas calçadas dos dois lados, depois da tempestade da manhã do domingo, dia 17. Imagine no verão!

C

ampo 3, domingo, 17 de novembro, 10 horas. Os times do Sertão e da Inter entram em campo para disputar a primeira das sete partidas que iriam apontar o campeão da Copa Verão de 2913, a Copa do Brasil de Rio das Pedras. Mas, lêdo engano, não deram bola para os primeiros pingos que começaram a cair das nuvens cada vez mais cinzentas e ameaçadoras até se transformarem de pingos em verdadeiro dilúvio ou, como dizia Nelson Rodrigues, numa tenebrosa tempestade de "quinto ato de Rigoleto". O campo de terra virou um piscinão, a bola recusou-se a sair do lugar inundado, parou de vez e os dois times e mais o árbitro, corpos encharcados, não tiveram outra opção que não fosse a de não ter o prazer ou o dissabor de comemorar vitória ou amargar derrota, quase tendo de sair nadando do campo. Aos organizadores, não restou outra opção a não ser a de adiar o desfecho da

competição para o primeiro domingo de dezembro (dia 1). Além do Sertão e da Inter, que voltam a se enfrentar, os outros jogos serão entre o SNP (Só No Pelo) e Elite, Corinthians e Nova Esperança e Juventude e Porto. Não foram os jogadores de futebol os únicos a sofrerem com o temporal que castigou nossa comunidade no último dia do feriadão. Os feirantes, os comerciantes que têm nos domingos um dia de grande movimento, todos foram prejudicados pela sanha das águas, sofrendo perdas de até 80% do faturamento em algumas barracas. A Rua Nova, que é a principal via comercial e de escoamento dos ônibus que fazem ponto final em Rio das Pedras, virou um verdadeiro mar de água suja, resultado da mistura da chuva com o líquido fedorento que transbordava dos bueiros, misturados aos detritos e sacolas de plástico do lixo deixado nas ruas. Em vários trechos, pedestres eram obrigados a verdadeiros malabarismos para poderem seguir andando. Um prenúncio do que a comunidade espera com a chegada d o verão que se aproxima.

INUNDAÇÃO, UM VELHO E CONHECIDO DRAMA QUE INFERNIZA NOSSA COMUNIDADE

Os bichinhos perambulam vadios pelas ruas, se agregam nos campos de futebol e procuram sobrevivência até no lixo

Bastaram 20 minutos de temporal para o Campo 3 virar um piscinão, obrigando o árbitro Grego a interromper Sertão 0 x 0 Inter


No verão, o risco de doenças transmitidas pelos animais e insetos que vivem no lixo é ainda maior.

Se chover o lixo entra na Rua S, na Rua da Passagem e entope ainda mais os bueiros.

O valão que termina na esquina da Estação Azul não é limpo desde 2005. RIO, 21 DE NOVEMBRO DE 2013

V

SONHO DO LIXO ZERO

éspera do feriadão da República em Rio das Pedras. Tarde quente, sol forte, gente indo e vindo nas três vias mais movimentadas de nossa comunidade: Rua Nova, Engenheiro Souza Filho, Via Light. Lente possante em punho, nossa reportagem inicia um passeio para registrar algum fato ou acontecimento que marcasse aquela quinta-feira. Começamos pela nossa rua, a Rua Nova, entulhada de ônibus que nela fazem ponto final em direção aos mais diversos destinos. Em frente à sede da Associação dos Moradores de Rio das Pedras (Amarp) logo chama a atenção a chegada de um transeunte, portando uma sacola de plástico de supermercado cheia de lixo. Sem a menor cerimônia, olha em volta e joga aquela tralha na beirada da calçada, quando bem poderia tê-lo feito numa das caçambas que f icam no pátio da associação. Uma verdadeira senha para que logo outro fizesse o mesmo e assim por diante, até que o primeiro saquinho jogado se transforme em um montinho, depois numa montanha, à espera de um gari ou de um caminhão da Comlurb para recolher a sujeira. E assim, o sonho dos moradores do lixo zero em Rio das Pedras vai se tornando um pesadelo. Os flagrantes aqui registrados pela nossa reportagem levam à uma reflexão óbvia: se demorar o recolhimento, se antes ter uma chuva, apesar do dia claro nada indicar que tal pudesse ocorrer nas próximas 24 horas, vai entupir ainda mais os poucos bueiros e engrossar o rio de lama que é trivial na Rua Nova toda vez que cai uma enxurrada, como aconteceu domingo (veja matéria na página anterior). Passeio que segue, nossa reportagem entra na rua S, chega a Engenheiro, calçada do lado do Caic. Quase impossível passar já que outra montanha de lixo e detritos se ergue à nossa frente, montanha que basta parar alguns minutos em frente para ver que não para de crescer, alimentada por gente que joga qualquer coisa que, presumem não tem mais utilidade. Um flagrante que a reportagem recolhe de que uma campanha de esclarecimento, educativa, se faz tão urgente quando a necessidade de tomar água, comer e se lavar. Será que tudo isso não pode mesmo mudar? Quanto tempo seria necessário para educar uma minoria da nossa gente a adquirir hábitos mais civilizados e comprometidos com a limpeza urbana e a sustentabilidade? De quem é a culpa: Nossa? da Prefeitura? da Comlurb? Quem nos dá uma resposta é o vendedor de sorvetes Daniel do Iogurte, que mora há mais de dez anos na Rua S e faz ponto na esquisa da rua onde mora com a Rua da Passagem: – Quando lançaram essa campanha das multas, do Lixo Zero, há uns três meses, um carro da Comlurb com um grupo de garis passava por aqui de duas em duas horas, recolhendo o lixo acumulado. De repente tudo voltou como antes. Em conversa com os garis, que às vezes até pegavam um picolé, me informaram que isso diminuiu porque eles pediram aumento, já que não conseguem mais sobreviver ganhando R$ 800,00 por mês. Aí não há como ter esperança de parar de ter de conviver com a sujeira, com os ratos, os insetos, com as enchentes nas ruas S e da Passagem, porque toda vez que chove o lixo entra pelos ralos dos bueiros entupidos. E tem mais: conta Daniel, antes de nos despedir: – A última limpeza do Valão que a Comlurb fez aqui nesse lado da Engenheiro foi há mais de oito anos, em 2005, com toda a certeza. Do outro lado da calçada, no quarteirão do Areal 1, trecho entre as esquinas de entrada das suas duas principais ruas, a Luiz Carlos da Conceição e Governador Leonel Brizola, o cenário se repete: sem recipientes adequados, sem campanha de educação, de esclarecimentos, sem multas do Lixo Zero, moradores e pedestres, até mesmo comerciantes, ainda que a contragosto, não vêm outro jeito a não ser jogar o lixo na beira da rua, mesmo que cuidadosamente embolados .E torcer para que um caminhão da Comlurb não demore a passar. A reportagem atravessou a Engenheiro, na esquina conhecida como Estação Azul, agora que o por do sol já anunciando a chegada da noite, de volta ao ponto inicial, na Rua Nova, outro retrato do abandono na Via Light. Na área que fica em frente à Ponte Um, onde a Comlurb tem instaladas três grandes caçambas de recolhimento, a montanha de lixo fora dela havia sido recolhida e aparentemente tudo estava normal. Mas pouco antes de chegar à Ponte Dois, uma surpresa de odor nada agradável, vinda do passeio que margeia o campo do Martelão: uma montanha de lixo espalhado por todos os lados do caminho de terra que liga a Via Light ao Campo Três: sacolas de plásticos, pedaços de osso e carnes estragadas, caixas de papelão, pedaços de panos sujos, bolsas e mochilas velhas pendura das, um verdadeiro banquete para os cães vadios, os ratos e até urubus se deliciarem.

NA ENGENHEIRO as montanhas de lixo se formam a cada minuto, não importa o dia e a hora, nos dois lados da avenida e já fazem parte do cenário que é o cartão de visita de nossa comunidade, numa prova incontestável de que a solução não depende dos moradores e comerciantes, mas de um planejamento definitivo da Prefeitura

EM RIO DAS PEDRAS NA VIA LIGHT quem mora do lado da Segunda Ponte, por falta de opção de um local adequado para depositar os detritos, faz do terrreno ao lado do campo do Martelão uma espécie de caçamba virtual para jogar o lixo, que depois se espalha pelo caminho em direção ao campo 3 e acaba virando banquete para cães, ratos e urubus

VIRA PESADELO


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