FOTO DE FABIO COSTA
CARNAVAL
2014
Nossa folia vai durar dez dias e terá desfiles, bailes, shows e muita alegria e diversão para todas as tribos de todas as idades. 왘CONFIRA A PREVISÃO DO TEMPO PARA O CARNAVAL
Basta uma chuvinha para tudo virar poça de água na entrada da Engenheiro e um convite para o mosquito da dengue se hospedar. PÁGINA 6
PÁGINA 7
ANO I - N0 16 - RIO DE JANEIRO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014
I N F O R M A Ç Ã O
E
C I D A D A N I A
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Até quando, senhor prefeito? FOTO DE FABIO COSTA
São mais de dois anos sem uma solução por parte da Prefeitura, da Comlurb e da Cedae para um problema que os moradores não têm como resolver : a água que jorra das redes precárias de esgoto e fica parada na entrada da Quadra 4 na Rua Nova, um manancial de doenças e mau cheiro, durante os 365 dias do ano. FOTO DE FABIO COSTA
Animais vadios, montanha de lixo, água imunda de esgoto, fazem a via crucis dos pedestres no Quadrilátero do Inferno PÁGINA 3 FOTO DE LAERTE GOMES
MICHELLE ENSINA OS PASSOS PARA ELAS CHEGAREM AO BOLSHOI As duas graciosas e talentosas bailarinas de Rio das Pedras, chamadas Ana, acalentam o mesmo sonho de um dia virem a dançar no famoso balé russo. PÁGINA 8
LIXO DÁ UMA TRÉGUA NA CURVA DO PINHEIRO Depois da revolta do dia 10, Comlurb melhora a coleta na movimentada esquina da Rua Nova com Estrada Velha de Jacarepaguá. PÁGINAS 4 e 5 FOTO DE FABIO COSTA
PAPA OFICIALIZA E PROCLAMA DOM ORANI CARDEAL DO RIO FOTOS: DIVULGAÇÃO
SETE ANOS PARA PASSAR RIO DAS PEDRAS A LIMPO Depois da consagração, Dom Orani Tempesta recebe em Roma o cumprimento da Presidente Dilma Rousseff e depois conversa descontraidamente com o Papa Francisco no salão do Vaticano.
A pesquisadora Cláudia Franco Corrêa faz o retrato da comunidade, diz que ela está pronta para ser bairro e ter a Associação Comercial. PÁGINA 6
É preciso, em ano de eleições, que todos os brasileiros reflitam sobre como podem influenciar neste processo de tomada de decisão feita em seu nome.
Não raro a vulnerabilidade do idoso em condições de perda de autonomia o torna alvo fácil de aproveitadores que, muitas vezes, estão em suas próprias famílias.
2 RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014
A VOZ DO
LEITOR Pagamento por fora na compra de transformadores No facebook, a Central de Rio das Pedras comentou a mensagem da leitora Simone Peres Alves, publicada na edição anterior, sobre falta de luz: "A falta de energia se dá principalmente por conta de funcionários da fornecedora Light não atenderem aos pedidos de reparos feitos pelos moradores da comunidade. Muitos deles só consertam se os moradores locais pagarem um valor absurdo, como tem acontecido em outros pontos da comunidade." Um morador postou um vídeo no nosso Facebook com a seguinte mensagem: “Devido à falta de educaçãode moradores de Rio das Pedras em não jogar o lixo no depósito do lixo ou na caçamba da Comlurb, acabam acontecendo transtornos. Um mês sem luz, transformadores queimados e a culpa não é da Light, porque acostumaram mal os funcionário da concessionária, que agora só vêm em troca de dinheiro para substituir os tais transformadores. A população de Rio das Pedras continua fazendo o que não presta, que são as ligações irregulares. Nota da Redação – A propósito das mensagens acima, contendo denúncias já registradas em matérias no nosso jornal, ouvimos a Assessoria de Imprensa da Light que nos respondeu com a seguinte nota oficial: “A Light repudia esta prática e mantém rígido Código de Ética, ao qual tanto os profissionais da companhia quanto os de todas as empresas que lhe prestam serviços estão subordinados. A companhia de energia recebeu denúncias de moradores de Rio das Pedras e investiga os casos, mas ainda não houve subsídios que possibilitassem a identificação dos denunciados. A empresa solicita à população que avise a companhia, por meio do Disque-Light Emergência (0800-021 0196), sempre que presenciar qualquer atitude irresponsável, suspeita e/ou desrespeitosa de algum profissional da empresa ou a serviço dela. A denúncia é mantida em sigilo.”
A Disney é aqui Por e-mail, Ana Célia Hosken, moradora da Barra da Tijuca, que a nossa reportagem acompanhou em um turismo de compras na nossa comunidade, escreveu: “Viajei para Carangola, em Minas Gerais, levando exemplares com a reportagem na qual apareço em destaque. Meus amigos avançaram neles e fizeram comentários positivos sobre a qualidade e o visual do jornal, com os quais concordo plenamente. Mas quero mesmo registrar que virei garota-propaganda do comércio dessa simpática comunidade. Li na coluna ‘A Voz do Morador’, publicada na última edição, o universitário Antônio Marques destacando em seu artigo que ‘Rio das Pedras é um verdadeiro Saara de Jacarepaguá, uma espécie de Mercadão de Madureira em maior dimensão’. Concordo com ele e vou além, repetindo o que eu disse para a repórter de vocês: a Disney das compras é aí. Que o diga o montão de coisas que comprei.”
Depois do pagodão De Thiago Amorim, pelo Facebook: “Fico impressionado com a quantidade de amebas no Rio das Pedras aos domingos. Acaba o pagodão da praça e todos vão pra frente do Castelão das Pedras. É tanta gente sem nada na cabeça, crianças, préadolescentes, adultos etc, um bando de gente vazia. São pessoas assim que ajudam o nosso governo roubar, roubar e afundar o nosso País. Acordem, pô! Não sei como ainda não acostumei.
História de superação Maxwel dos Santos pede para divulgarmos um livro juvenil de interesse social, disponível gratuitamente na internet no link: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cac he:http://livromelanie.bl.ee/wpcontent/uploads/2014/02/melanie.pdf . “Melanie, uma história de amor e superação” relata a história da menina que tem a vida radicalmente transformada quando é atropelada por dois rapazes que participavam de um racha. Sobrevivendo, ela tenta superar a perda de parentes. O livro faz parte da luta contra a impunidade nos crimes de trânsito tenta conscientizar motoristas sobre os perigos da combinação álcool-direção. Cartas para a redação de A Voz de Rio das Pedras, a/c do Núcleo de Cidadania, Rua Nova n0 105, loja 2. e -mails para contato@avozderiodaspedras.com.br
A VOZ DO DIREITO CRISTINA GOMES CAMPOS DA SETA *
VOTO E PARTICIPAÇÃO POPULAR
V
iver em sociedade não vem sendo fácil. Problemas de todas as ordens surgem no diaa-dia: saúde, educação, segurança, mobilidade urbana. De acordo com a Constituição, compete ao Estado o dever de prestar meios para garantir a saúde do cidadão na sua integralidade, com fornecimento de remédios essenciais, consultas, exames, cirurgias e tratamentos de ordem física e psicológica. Também é dever do Estado garantir educação de excelência para as crianças e jovens. É direito do cidadão viver em uma sociedade segura e com transporte público de qualidade. Apesar de nós, brasileiros, sabermos de nossos direitos perante o Estado e o dever deste em relação a todos nós, estamos cientes de que há lesões de diversas ordens a esses direitos considerados pela Constituição como “fundamentais”. No entanto, devemos pensar qual a nossa participação nesta lesão aos nossos direitos. Como o Brasil é uma democracia represen-
tativa, compete aos brasileiros a escolha daqueles que, em seu nome, irão tomar as decisões essenciais que afetarão, durante longos anos, os seus direitos fundamentais. A aprovação das leis que irão estabelecer e regulamentar os direitos do cidadão em suas diversas áreas é realizada pelos deputados, sejam federais ou estaduais, e pelos vereadores com relação às questões municipais. A construção de escolas, hospitais, postos de saúde, metrôs e a forma como tais serviços serão prestados dependem do presidente da República, governador e prefeito. É preciso, em ano de eleições, que todos os brasileiros reflitam sobre como podem influenciar neste processo de tomada de decisão feita em seu nome. Todos são responsáveis pelas suas escolhas. Assim, ao se exercer o direito do voto, é preciso que todos ouçam as propostas apresentadas pelos candidatos e escolham aqueles que, além de terem condutas que demonstrem coerência e honestidade, apresentem sugestões que atendam aos interesses coletivos.
A VOZ DA CIDADANIA
LUIZ CLÁUDIO CARVALHO DE ALMEIDA *
ENVELHECER NÃO É MAIS COMO ANTIGAMENTE
S
erá que envelhecer no século XXI será exatamente igual ao que era envelhecer no século XX? Arriscome a dizer que para todos os que trabalham com idosos e acompanham as mudanças da sociedade a resposta há de ser negativa. A expectativa de vida tem aumentado e com ela novos desafios estão surgindo. Hoje em dia não se pode mais falar de uma velhice, mas de várias. Basta olhar para pessoas com 60 anos e ativas para ter certa dúvida sobre o que é ser idoso hoje. Muitas dessas pessoas aparentam ter 10 anos a menos e não se enquadram no estereótipo do velho que guardamos em nossa memória. Contudo, o outro lado da moeda são as pessoas que envelhecem sem autonomia e independência. Aquelas que por condições de saúde ou por terem atingido uma idade muito avançada se deparam com a finitude de seu corpo e passam a depender de familiares e da assistência social para se mante-
rem vivas. E é nesse contexto que nos deparamos muitas vezes com o desamor e a falta de estrutura de amparo que caracteriza nossa sociedade. Não raro a vulnerabilidade do idoso nessas condições de perda de autonomia o torna alvo fácil de aproveitadores que muitas vezes estão em suas próprias famílias. Assim, cada vez se tornam mais comuns notícias de familiares que assumem o controle das aposentadorias de idosos relegando-os ao abandono. E não é só. Nesse rol de abusos encontramos casamentos forjados, testamentos elaborados sob coação, procurações falsas e interdições com o intuito exclusivo de apropriação indébita do patrimônio do idoso. Na nossa atividade como promotor de Justiça, nos deparamos com casos revoltantes de exploração financeira de idosos, que é, tal qual uma agressão física, uma forma de violência. Aliada ao desprezo que historica-
A VOZ DA PSICOLOGIA
GISELLE SANTOS*
ONDE VOCÊ GUARDA O PRECONCEITO?
N
os últimos dias, muito se falou nos noticiários sobre o preconceito. E você? Sabe o que é preconceito? Onde guarda o seu? Podemos entender preconceito, principalmente, como uma atitude negativa que traz como consequência o tratamento desigual que damos às pessoas. Toda e qualquer forma de discriminação em relação às características de uma pessoa ou de um grupo de pessoas, pode ser entendido como preconceito. Pode ser em relação ao seu modo de vestir, pensar, ser ou agir, passando pelas atitudes, hábitos, crenças e tradições. Normalmente o preconceito tem início a partir de um estereótipo existente, generalizado e consolidado pela sociedade ou pela cultura a ela inerente. Certa vez ouvi a pergunta
“onde guardamos o preconceito?” em um comercial de televisão, no qual as pessoas respondiam que não tinham qualquer tipo de preconceito porque os guardavam em casa, no bolso, no carro... E isso me fez pensar muito sobre o assunto naquela época. A primeira pergunta que me fiz foi: “Como essas pessoas podem guardar algo que dizem não ter?” A partir daí percebi que, cada vez mais, o preconceito está presente no nosso dia-a-dia, porém disfarçado de boa vontade, educação, gentileza, entre outros. Mas até quando? E se esse “tal” preconceito acontecer com você? E se você for discriminado por algum motivo? Como você vai reagir? Em todo o mundo o preconceito tem consequências desastrosas, trazendo muito sofrimento, desrespeito, humilhação e, às
Candidatos que não apresentam as suas propostas de governo e querem ganhar a eleição com promessas impossíveis de serem cumpridas ou que buscam adquirir o voto por meios não legítimos não se preocuparão, caso eleitos, em exercer as suas funções em benefício do povo. A reflexão é importante: contrataríamos uma pessoa para cuidar de nosso filho se ela nos procurasse e nos oferecesse um dinheiro para isto? Obviamente, iríamos desconfiar. De igual forma, os brasileiros devem perceber que de nada adianta irem para as ruas reclamar do aumento das passagens, das péssimas condições da saúde e da educação se no momento de escolha daqueles que irão “gerenciar” os recursos públicos exercem o voto de forma impensada, baseados em um grande negócio. É comum ouvir reclamações sobre a conduta de determinados políticos, mas é curioso como eles conseguem se reeleger. Com o processo eletrônico de votação, desaparece a possibilidade de fraude em grande escala como no passado. A responsabilidade, portanto, é dos próprios brasileiros, que devem demonstrar serem realmente cidadãos no momento do voto. É este que determina se haverá escola, hospitais, transporte público de qualidade nos próximos anos ou se nos encontraremos em passeatas para reclamarmos de nossas próprias escolhas.
* Cristina Gomes Campos de Seta é juíza da 9ª Vara Cível do Meier
mente caracterizou a forma como a sociedade vê seus idosos, a violência financeira torna o cenário mais cruel. O que denota certa esperança é o comportamento de vizinhos que indignados com a situação que presenciam são os primeiros a levar denúncias às autoridades por meio dos mecanismos colocados à disposição da população conhecidos como “disquedenúncia”. O Ministério Público tem seu canal de comunicação com a sociedade por meio do número de telefone 127 ou pela internet no sítio eletrônico WWW.mprj.mp.br. Cada vez mais é preciso ganhar a consciência de que o envelhecimento é um elemento da vida de todos nós e que precisa da atenção da sociedade e do Estado no intuito de garantir aos que tanto colaboraram na construção do que somos hoje o mesmo respeito e dignidade que esperamos receber ao chegarmos a tão propalada terceira idade.
* Luiz Cláudio Carvalho de Almeida é promotor de Justiça, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência.
Este espaço está reservado para o Ministério Público do
Estado orientar a comunidade de Rio das Pedras sobre seus direitos e como pode ser amparada por aquela instituição.
vezes, também agressão física e moral, afetando profundamente a vida e a autoestima das suas vítimas. Infelizmente o preconceito ainda está entre os maiores problemas sociais existentes em nossa sociedade. Mas o que podemos tirar de lição deste assunto é que não devemos pensar onde guardar ou esconder algo que não é saudável. Pelo contrário, devemos respeitar a opção, a escolha de cada um, seja qual for. Cada ser humano tem sua particularidade, preferência e necessidade. E podem sim ser diferentes das suas. E as suas, diferentes das dos outros. Não é bom discriminar ou julgar pessoas pelo que elas possuem, vestem, gostam, fazem... pela sua cor, opção sexual, religião ou qualquer outro motivo. Julgamentos errados nos trazem escolhas e atitudes erradas. Além disso, as pessoas discriminadas sofrem, e muito. Pense nisso e mude de atitude você também!
* Giselle Santos é psicóloga, especialista em Recursos Humanos, com trabalhos realizados nesta área e nas áreas social, clínica, escolar e da saúde. Você pode mandar perguntas para ela pelo e-mail: contato@avozderiodaspedras.com.br
EXPEDIENTE EDITOR-CHEFE
CHEFE DE REPORTAGEM
FOTOGRAFIA
Aziz Ahmed
José Antonio Gerheim
Fábio Costa
(Reg. 10.863 - MTPS) azizahmed@avozderiodaspedras.com.br
gerheim@avozderiodaspedras.com.br
TRATAMENTO DE IMAGENS
CONSULTORES
Eduardo Jardim
EDITOR EXECUTIVO
Cláudia Franco Corrêa Irineu Soares
ANALISTA DE MÍDIA E WEBMASTER
Maria Etatiane Costa Barroso Juliana Barcellos da Cunha e Menezes
claudiamulti@uol.com.bt
Laerte Gomes www.avozderiodaspedras.com.br
laertegomes@avozderiodaspedras.com.br
Claudia Gonzaga
Uma publicação da Livraria e Editora Citibooks Ltda. CNPJ: 05.236.806/0001-5 Rua Jardim Botânico, 710, CEP 22.460-000 para a Associação Comercial do Rio das Pedras (em organização). Rua Nova 105 – Loja, Rio das Pedras
Publicação quizenal / Tiragem: 20 mil exemplares / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA / Impresso na Gráfica e Editora Jornal do Commercio
CLASSIFICADOS GRÁTIS! A partir dos próximos números, este jornal vai reservar espaço para que você, morador ou comerciante de Rio das Pedras, possa anunciar bens, serviços ou produtos que esteja disposto a alugar, vender ou, simplesmente, doar. Basta que seja um texto curto e grosso, que vamos publicar de graça. Se quiser "vender seu peixe", encaminhe o anúncio para o setor de classificados para o e-mail contato@avozderiodaspedras.com.br.
APROVEITE!
Parece que estamos condenados a conviver eternamente com esta rotina da tragédia urbana.
3
Uma equipe da prefeitura esteve no local, examinou o problema, e desiludiu os moradores dizendo que não há o que fazer.
RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014 FOTOS DE FABIO COSTA
O “QUADRILÁTERO DO INFERNO” Esta é a "Veneza do Cocô", uma das "atrações turísticas" do quadrilátero que exibe, numa só esquna, algumas das principais mazelas que retratam a nossa comunidade e infernizam a vida dos nossos moradores: esgoto, lixo, buraqueira nas ruas e desordem urbana
M Abaixo, de camisa listrada, o artesão João Batista diz que nos mais de 30 anos que mora na comunidade nunca a viu a tão abandonada e convida o subprefeito Tiago Mohamed para que venha aqui verificar pessoalmente o problema
oradores, comerciantes, funcionários da Clínica da Família Otto Alves de Carvalho, motoristas de carros, motos, ônibus, vans, ciclistas, carroças, alunos do Caic Euclides da Cunha, do Ciep Lauro de Oliveira Lima (Brizolão), homens, mulheres, crianças, visitantes, enfim, todos. Ninguém esconde mais o sentimento de repulsa, desconforto e o descrédito no Poder Público (prefeitura e estado do Rio de Janeiro), por serem obrigados, todos os dias, a terem de passar por aquela enorme poça de água imunda, de cheiro pavoroso, de aspecto repugnante, nojento, chamado "Quadrilátero do Inferno" na definição de um desiludido morador da Quadra 4, de onde jorra o inesgotável manancial de água de esgoto, 24 horas por dia, 365 dias do ano, chova ou faça sol. – O que podemos mais esperar se tudo o que fizeram até agora, Comlurb, Cedae, Prefeitura, foram obrinhas de tapar e destapar um bueiro que fica no meio da Rua Nova. Paliativos, que não resolvem o problema, não acabam com o nosso inferno astral. Parece que estamos condenados a conviver eternamente com esta rotina da tragédia urbana – desabafa o comerciante Edvaldo Tajima, que tem uma loja de venda de motos bem na esquina da Quadra 4, mora no local há 20 anos e vê o movimento de sua loja diminuir cada vez mais. Sentindo-se impotente diante da falta de perspectiva de que o drama chegue ao fim, ele completa: – Já vieram aqui a Rede Globo, a Record, vocês já fizeram matéria no jornal. Aí veio uma equipe da Prefeitura e a coordenadora olhou, olhou, viu o bueiro
despejando a água suja e falou que não há o que fazer, alegando que o problema surgiu porque a rede de esgoto foi dimensionada para atender moradores das casinhas, que depois foram transformadas em prédios de até cinco andares. Se antes era esgoto para casa de uma família, passou para cinco, dez. Ela até tem certa razão, mas quem vai resolver isso, acabar com esse horror, se não for o poder público? Outro morador, que tem com a mulher uma pensão no fundo da Quadra 4, atrás do Bar da Zezé, Luís Alberto,concorda com Edvaldo e com o diagnóstico da coordenadora da Prefeitura, mas não com a falta de uma saída, de uma obra que só pode ser feita pela Cedae: – Eu só moro aqui na 4 há um ano. Mas antes, sempre passava aqui de carro e nada mudou. Houve sim um aumento sem controle, sem planejamento, do número de casas transformadas em edifícios. Aí, o que aconteceu? Não precisa ser engenheiro para entender: a cana-
SE EDUARDO PAES E A CEDAE NÃO DEREM JEITO, QUEM DARÁ?
lização da água, dos esgotos, que foi feita para atender a casinhas, às famílias pequenas, com menor consumo da água, não aguentou. Por causa desse crescimento indiscriminado, sem controle do poder público, começou o jeitinho de furar os canos para puxar água da rede (“gatos” não só o de luz, mas de água também). Além disso, a canalização dos esgotos explodiu, obstruída pelo excesso de volume, e o resultado é esse que vemos aí. O que podemos fazer a não ser esperar pelo milagre, que só os lá do alto são capazes de realizar? – conclui Luís Alberto, com um ar de descrença. O morador João Batista, que trabalha como artesão, ratifica o desabafo de Luis Alberto. E afirma categórico: – Moro aqui há mais de 30 anos e nunca vi Rio das Pedras tão abandonada quanto agora. É uma vergonha o lixo espalhado por toda parte. Pedimos que o subprefeito da Barra, Tiago Mohamed, venha olhar isso e tomar uma providência. Não suportamos mais. O aspecto do "Quadrilátero do Inferno" é mesmo desolador e ainda é agravado por outras pequenas infrações, irregularidades, não fiscalizadas, não coibidas, como obstrução das calçadas – se é que se pode chamar aquilo de calçada – por onde os pedestres são obrigados a passar por carros velhos, abandonados, com pneus furados, lataria apodrecendo, lixo espalhado por todos os lados. Mas nosso jornal, seguindo a linha editorial de ser o porta-voz da comunidade, não vai desanimar, não vai parar de acompanhar, fiscalizar, cobrar do poder público o fim do "Quadrilátero do Inferno" e a sua transformação um local mais civilizado e habitável.
Um mosaico com flagrantes que constatam a esculhambação que caracteriza o descaso do poder público, que abandonou a nossa comunidade ao Deus dará, obrigando nossos moradores a viver numa verdadeira sucursal do inferno
Estamos potencializando recursos para melhorar os serviços na comunidade.
O mutirão de junho de 2013, com a presença do gari Renato Sorriso, acabou em samba. Literalmente.
4
Moradores começaram a sentir que o sonho do lixo zero começou a virar um terrível pesadelo.
5
RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014
Depois da tempestade de fogo na Curva do Pinheiro, veio a bonança na promessa de manter a favela limpa.
RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014
COMLURB PROMETE APRIMORAR OS SERVIÇOS EM RIO DAS PEDRAS DEPOIS DA REVOLTA DOS MORADORES DA CURVA DO PINHEIRO, EMPRESA REVÊ SEUS PLANOS DE OPERAÇÃO NA COMUNIDADE
A
revolta dos moradores da Curva do Pinheiro, na madrugada de segunda-feira, 10 de fevereiro, botando fogo na lixarada que não era recolhida há dez dias, gerou consequências. Em entrevista ao nosso jornal, a Gerência de Comunicação da Comlurb admitiu o problema e garantiu resolvê-lo: – Estamos potencializando recursos para melhorar os serviços prestados à área de Rio das Pedras, adotando novos equipamentos e revendo os planos de operação para atender melhor a comunidade – assegurou, acrescentando que espera contar também com a colaboração dos moradores para manter a comunidade mais limpa. – Ano passado foi realizado um mutirão, com ação de conscientização, para garantir que Rio das Pedras ficasse limpa e o serviço de limpeza de rotina pudesse ser feito a partir dessa nova realidade. A iniciativa deu certo e a região manteve um bom padrão de limpeza ao longo do ano de 2013 – afirmou a Comlurb. De fato, após a realização desse mutirão, realizado no sábado, 10 de junho de 2013, num clima de festa – que teve até a presença do gari Renato Sorriso – a ação da empresa ficou visível. Em abril do ano passado, na primeira reportagem que fizemos ouvindo moradores, antes da ação da Comlurb, além da reclamação contra os “apagões”, o esgoto e o Da Gerência de lixo, a operadora de telemarComunicação da keting Camila Guimarães, de Comlurb 23 anos, resumiu em uma frase o acúmulo dos problemas enfrentados pela comunidade, principalmente do lixo: – Rio das Pedras fede – desabafou a jovem, na ocasião. Mas veio o mutirão e reverteu o quadro por um bom período. O sonho do lixo zero voltou. Em junho, numa entrevista ao nosso jornal, o presidente da Comlurb, Vinicius Roriz, fez um balanço positivo daquela ação, que mobilizou 123 garis, coordenados por 12 encarregados e gerentes. E afirmou: – A equipe fez limpeza geral, incluindo capina, roçada mecânica, limpeza de ralos, limpeza de postes, coleta de lixo domiciliar e remoção de resíduos. Removemos 268 toneladas somente no sábado, dia do mutirão, sendo que em dias úteis, durante a semana, são removidas 120 toneladas. Depois disso, nossa equipe de reportagem ouviu várias vezes de moradores elogios à parceria que firmamos com a empresa municipal de limpeza urbana, mas a situação começou a voltar ao estágio anterior, e o sonho do lixo zero virou pesadelo, como ilustramos em outra reportagem, culminando com a matéria publicada na nossa última edição, na qual registramos a revolta dos moradores da Curva do Pinheiro, incendiando a lixarada que não era recolhida há dez dias pelos garis. Ao reconhecer o problema, a Comlurb explicou o motivo: – Durante o período da troca da empresa terceirizada responsável pela frota de caminhões da coleta de lixo, houve falhas na operação no final do ano, mas, com a nova frota atuando, a coleta de lixo já foi regularizada. Outro fator que contribuiu para a queda da qualidade do serviço foi a falta de energia elétrica, que atingiu várias regiões, prejudicando o funcionamento das caixas compactadoras das centrais de recebimento de lixo. A empresa explicou que, em janeiro, foi criada uma Diretoria de Serviços para atender a Barra, Jacarepaguá, Recreio, Vargem Grande e Vargem Pequena, visando melhorar os serviços prestados nesses bairros, incluindo Rio das Pedras, que o presidente Vinicius Roriz acredita que poderá voltar a ser, como já foi considerada, a favela mais limpa do Rio de Janeiro. – Os moradores vão ver nossas equipes trabalhando, com muitos equipamentos, fazendo a nossa parte. Esperamos que a população colabore, atitude fundamental para que a comunidade permaneça limpa – concluiu o presidente da Comlurb, que agradeceu a publicação do nosso anúncio pedindo aos nossos moradores que joguem o lixo no lixo.
FOTOS DE LAERTE GOMES
FOTOS ARQUIVO A VOZ DE RIO DAS PEDRAS
CURVA DO PINHEIRO, SEGUNDA, 10
CURVA DO PINHEIRO, QUARTA, 19
Moradores revoltados botaram fogo na lixarada que há 10 dias não era recolhida
Depois da revolta incendiária dos moradores, as cinzas foram removidas pelos garis
DIVULGAÇÃO / RICARDO CASSIANO FOTOS ARQUIVO A VOZ DE RIO DAS PEDRAS
O presidente da Comlurb, Vinicius Roriz, admite que houve um problema pontual, diz que Rio das Pedras pode voltar a ser a favela mais limpa do Rio e elogia o anúncio do nosso jornal pedindo aos moradores para jogar lixo no lixo
A VOLTA DA BARREIRA DOS PNEUS FLORIDOS
A
Comlurb garante: a barreira de pneus na Avenida Engenheiro Souza Filho, parcialmente destruída, será refeita em breve. Em maio do ano passado, a empresa realizou uma intervenção num dos principais acessos à comunidade. Num trecho que era ponto de descarte irregular de entulho e bens inservíveis, cercou os dois lados da pista com barreiras de pneus usados com terra, para coibir esses vazamentos inadequados. Para dar um aspecto melhor ao local, foram plantadas algumas espécies de plantas nos vãos dos pneus, tais como fícus, espirradeira e pingo de ouro, que já brotaram. Não fosse a seca dos últimos dias, o canteiro de vasos formados pelos pneus estaria frondosamente florido.
Acontece que, na tarde de sexta-feira, 11 de outubro, por causa de um protesto de motoristas de vans contra a proibição de circularem na Barra da Tijuca e Jacarepaguá, acabou sobrando para a barreira colocada pela Comlurb. Os manifestantes usaram os pneus para fazerem barricadas na Av. Engenheiro Souza Filho, tocaram fogo em alguns deles para impedir a circulação de veículos, e acabaram destruindo parcialmente uma benfeitoria que havia resolvido um problema pontual e melhorado o aspecto do local. Mas a empresa assegura que tudo voltará a ficar como antes. As equipes já fizeram o levantamento das necessidades de pessoal e material para recompor a barreira de pneus floridos.
A Comlurb garante que vai refazer a barreira de pneus que protege as laterais da Avenida Engenheiro Souza Filho e que foi parcialmente destruida nos protestos de motoristas de vans, em outubro
Peço aos moradores que sejam generosos, como os comerciantes foram, e contribuam com a pesquisa, recebendo nossos recenseadores.
6 RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014
UMA RADIOGRAFIA COMPLETA DE RIO DAS PEDRAS NÚCLEO DE CIDADANIA JÁ REALIZOU O CENSO DOS COMERCIANTES E AGORA VISITA OS MORADORES
A
advogada e professora de Direito Cláudia Franco Corrêa, de 49 anos, chegou a Rio das Pedras em fins de 2007. Num trabalho pioneiro, mergulhou numa pesquisa sobre a ocupação irregular e o mercado imobiliário da comunidade. Daí surgiu a tese de doutorado, o material para produzir um livro sobre direito de laje e a produção de mais de 20 artigos publicados em congressos nacionais e internacionais. Além disso, implantou e comanda, desde 2008, o Núcleo de Cidadania de Rio das Pedras, que além de oferecer atendimento jurídico gratuito a todos os nossos moradores, está realizando o maior censo já feito em uma favela no Brasil, com a finalidade de promover melhorias para toda a comunidade. Nessa pesquisa, de 20 a 25 recenseadores já percorreram o comércio local e contabilizaram quatro mil empreendedores, em sua esmagadora maioria querendo a formação de uma Associação Comercial e a construção de um shopping Center em Rio das Pedras, o que projetaria o aquecido comércio local ao patamar de grandeza que ele representa. Na avaliação de Cláudia Corrêa, uma entidade reunindo os comerciantes locais dará voz à comunidade e força na sua luta para tornarse bairro. – Na condição de bairro, Rio das Pedras passaria a receber do estado e da prefeitura os serviços públicos essenciais para proporcionar ao seu povo uma qualidade de vida digna e confortável – explicou Cláudia, que, na sede do núcleo, na Rua Nova, 105, loja 2, concedeu ao nosso jornal a seguinte entrevista:
aparelhamentos urbanos dignos de um bairro de verdade. Todas as moradias serão visitadas. Portanto, abra as portas de sua residência para o pesquisador que é identificado com um crachá. Não tenha medo de prestar as informações que ele solicitar, pois todas as informações são sigilosas. Como foram elaboradas as perguntas para o censo com os moradores? – Em uma pesquisa que utiliza questionários as perguntas devem ser elaboradas para extrair informações relevantes dos pesquisados e não apenas um monte de informações descasadas. As perguntas do censo com os moradores objetivam construir um perfil socioeconômico da comunidade com perguntas que abordam desde o lazer até a profissão dos entrevistados. O censo com os moradores será realizado de maneira igual ao censo anterior com os comerciantes? – Sim. Os pesquisadores são, em sua maioria, moradores da comunidade e alunos de Di-
reito que trabalham no Núcleo. Estão identificados com crachá e aplicam um questionário que não leva mais que 10 minutos para ser respondido. Todas as informações são sigilosas e serão usadas apenas para a pesquisa. Peço que todos os moradores sejam generosos, como os comerciantes foram e contribuam com a nossa pesquisa, cedendo um pequeno tempo, recebendo nossos recenseadores, porque somente com a colaboração de todos será possível obter sucesso. Os moradores da comunidade podem trabalhar no censo? – Sim. Os interessados devem comparecer à sede do Núcleo de Cidadania com a sua documentação para seleção e treinamento. Eles receberão algum pagamento ou o trabalho é voluntário? – O trabalho é pago por produtividade e depende do desempenho de cada pesquisador. O que determina o valor da bolsa auxílio é o número de entrevistas que o pesquisador consegue fazer. Quem trabalha mais ganha mais!
O Núcleo já realizou um censo com os comerciantes e agora está realizando um censo com os moradores de Rio das Pedras. Qual o objetivo dessa nova pesquisa? – O censo com os comerciantes foi muito produtivo. Com ele conseguimos fazer uma radiografia do comércio local e levantar as principais demandas dos empreendedores da comunidade. Agora nosso objetivo é ouvir todos os moradores. As duas pesquisas juntas constituem o maior censo feito em uma favela no Brasil. Algo realmente inovador. O intuito é promover melhorias a partir das falas dos principais atores da questão, ou seja, os moradores e comerciantes que tornam Rio das Pedras a terceira maior favela do Brasil e a segunda do Rio de Janeiro. Alguns resultados? – São quase 80 mil moradores, distribuídos em 25 mil moradias e aproximadamente quatro mil comerciantes, quase todos ocupando imóveis alugados, uma realidade social maior que muitas cidades brasileiras. Ouvi-los é o passo mais importante para viabilizar as melhorias que se precisa. Com o resultado dessa pesquisa poderemos efetivar parcerias com setores públicos e privados objetivando transformar Rio das Pedras em um dos melhores bairros para classe menos favorecida viver. Quais as maiores reclamações dos moradores e comerciantes aparecem na pesquisa? – O problema do lixo é recorrente, além de esgoto, energia elétrica, falta de estacionamento e o trânsito caótico nas principais vias da comunidade. Atualmente, a questão da falta segurança também tem surgido nas falas dos moradores. Uma pena, já que Rio das Pedras sempre foi conhecido como um lugar tranquilo. Mas a insegurança não é um problema exclusivo de Rio das Pedras. O Rio de Janeiro, infelizmente, não anda bem das pernas nesse assunto.
A Voz de Rio das Pedras – Qual a finalidade do Censo de Rio das Pedras? Cláudia Corrêa – O Censo busca fazer uma radiografia completa da comunidade, identificando as maiores reclamações e sugestões dos moradores. O objetivo é buscar soluções para que Rio das Pedras se torne um bairro com infraestrutura, saneamento básico, coleta de lixo, escolas de qualidade para as nossas crianças, áreas de lazer e toda sorte de
FOTOS DE FABIO COSTA
COMBATE À DENGUE NÃO PODE PARAR Estas fotos mostram não só o transtorno provocado pelas chuvas, mas, também, a quantidade de focos de mosquitos existentes. Combatê-los não é só dever do poder público, mas de cada morador em suas casas
O
carnaval está batendo às portas, o calor continua registrando recordes neste verão e as águas de março do lindo samba da dupla de poetas Tom Jobim e Vinícius de Moraes podem chegar e com elas as enchentes, um drama do qual nem nossa Cidade Maravilhosa, muito menos nossa comunidade de Rio das Pedras, estão livres de reviver. Mas não é só, com as enchentes, com as águas das chuvas a se acumularem em recipientes como pneus abandonados ou até mesmo usados como barreiras protetoras contra poças de água (caso mais flagrante, da Avenida Engenheiro, na altura do Supermarket, em frente à entrada para a Areinha), vasos de plantas e flores, garrafas de vidro, as pets, simples sacolas de supermercados, que a nossa população tem de se prevenir contra a ameaça maior à sua saúde,
nesta época do ano: o da chegada da dengue. Daí, em boa hora, a campanha que a Secretaria Municipal de Saúde, em conjunto com o SUS, está lançando, esclarecendo e alertando a população para o combate diário sem tréguas ao terrível o famigerado aedes aegypti. Esse mosquito do dengue foge da luz, se esconde, adora locais escuros como estantes, atrás de cortinas e embaixo de móveis. Um só deles pode transmitir a doença a várias pessoas. Já a fêmea é que gosta da água clara e da chuva para pôr seus ovos, que podem ficar grudados nas paredes dos vasilhames com água durante o seu período de vida, que dura até 30 dias, podendo gerar 1.500 novos ovos durante esse período. Então, vamos seguir as recomendações das autoridades sanitárias e diminuir as chances desse inimigo mortal proliferar na nossa comunidade.
Segundo o organizador dos eventos na Praça da Associação, haverá todos os dias um público aproximado de 8 mil foliões.
7 RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014
O MELHOR CARNAVAL É AQUI
ESTE ANO NÃO VAI SER IGUAL AQUELE QUE PASSOU... VAI SER AINDA MELHOR
CONFIRA A PREVISÃO DO TEMPO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
S
2014
FOTOS: DIVULGAÇÃO
E A NOSSA FOLIA DURA DEZ DIAS, IGUAL NA BAHIA. É SÓ VESTIR A FANTASIA
e você mora aqui em Rio das Pedras ou nas redondezas, pode vestir a fantasia. Nada de estresse, de preocupação em pegar condução para brincar o carnaval. Quem conhece sabe que a nossa comunidade é festeira e, quando é para cair na gandaia e curtir a folia, nada fica a dever para qualquer outra. Se a vontade é de brincar e se divertir, relaxar, cantar, sambar e curtir todos os gêneros de música e dança, tomar umas cervejinhas e turbinar as crianças com doses de refrigerantes, pipocas e hot dogs, é aqui mesmo. E tudo isso durante dez dias, igualzinho ao carnaval de Salvador, da Bahia: a brincadeira começa na noite de sexta-feira, 28 de fevereiro, e vai até o domingo seguinte ao carnaval oficial, 9 de março. Serão, portanto, dez dias corridos, numa comunidade que já não dorme nos dias comuns, que dirá embalada pelo samba. Além do carnaval de rua – no qual pontificam as baterias de grupos carnavalescos já consagrados, como o Bloco das Piranhas, bandas, foliões anônimos com suas gaifonas burlescas e fantasias alegres criativas – recebemos também grupos de visitantes de outros estados, turistas estrangeiros, e moradores de outros cantos da cidade. Há um variado cardápio de opções para quem quer se divertir aqui, como os bailes e eventos programados para a Praça da Amarp (Asssociação dos Moradores e Amigos de Rio das Pedras), organizados pelo promoter Marcelo Madureira. Para os dez dias de folia, Marcelo confirma um palco armado especialmente para o evento no qual haverá shows com grupos de pagode, baterias de escola de samba, um trio elétrico, MCs e DJs. A folia começará todos os dias às 5 da tarde e vai até às 4h da manhã. Haverá também bailinhos para as crianças, concursos de fantasias e brinquedos ao gosto da garotada. Uma infraestrutura com banheiros químicos e um plano geral de estacionamento para que nada impeça o livre acesso e o ir e vir das pessoas vai garantir conforto e segurança aos foliões. Nos eventos na praça é esperado em média um público de 8 mil pessoas por dia.
CARNAVAL
Se já foi bom no ano passado, quando reinou a alegria e a diversão que contagiou a nossa comunidade, a festa este ano promete ser ainda melhor. A Praça da Associação vai ser pequena para tantas atrações, tudo em clima de total segurança e respeito a todos os tipos de foliões, bem de acordo com a tradição que faz do carnaval de Rio das Pedras um dos melhores e mais animados de nossa Cidade Maravilhosa
FONTE: CLIMATEMPO
O FILME “CISNE NEGRO”, apontado por Ana Maria (que viu três vezes) e Ana Cristina como o preferido delas, é um drama americano lançado em 2011. Conta a história de uma bailarina aposentada, Nina (Natalie Portman) que, apoiada pela mãe, se dedica totalmente à companhia de dança de balé da qual faz parte. A grande oportunidade desta jovem surge quando o diretor artístico Thomas
Na agitada vida da professora Michelle não é só a ginástica, a dança clássica e o balé que ocupam seu corpo e sua mente: há lugar também para o carnaval, nos desfiles da Tradição e da campeã Vila Isabel.
Leroy (Vicent Cassel) procura por uma dançarina para protagonizar “O Lago dos Cisnes”. Lily (Mila Kunis) tem toda a aptidão para a sensualidade do “Cisne Negro”, enquanto Nina se mostra ideal para viver o “Cisne Branco”, inocente e gracioso. Nesta disputa, Nina passa a conhecer melhor o seu lado sombrio, e este autoconhecimento pode ser destrutivo.com uma faca que levava consigo.
RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014
DE RIO DAS PEDRAS À ESTAÇÃO BOLSHOI A piauiense Ana Cristina e a carioca Ana Regina exibem nas aulas-ensaios da professora Michelle a graça e o talento que embalam seus sonhos
UM LINDO SONHO DE DANÇA E MÚSICA CLÁSSICA DE DUAS MENINAS CHAMADAS ANA
A
ANA MARIA DE SOUZA BARRETO Idade: 11 anos Onde nasceu: Rio das Pedras, Rio de Janeiro Onde mora: Pinheiro Onde estuda: Escola Municipal Vitor Hugo Série: 6º período Matérias Preferidas: História e Português Gênero musical: Clássico, MPB (Música Popular Brasileira) e Samba Gostos fora da música e dança: Cinema, Carnaval e Escolas de Samba Escola de Samba preferida: Mangueira e Renascer de Jacarepaguá Filme favorito: Cisne Negro (já viu três vezes) Compositor preferido de música clássica: Tchaikovsky Bailarina preferida: Ana Botafogo e Mayara Magri (*) Escolas de dança: desde os nove anos – Escola de Balé da Amarp, Academia das Artes da Gardênia e, este ano, Petit Dance, na Barra Sonho e plano: poder chegar ao Bolshoi de Moscou ou Royal Ballet de Londres (*) Mayara Magri também estudou na Academia de Dança da Gardênia, foi selecionada para participar do Festival Prix Lausanne, na França, chegou em primeiro lugar e foi convidada para seguir estudando e dançando no Royal Ballet de Londres. “É um espelho para mim", diz Ana Regina, convicta e cheia de graça.
na Regina nasceu e foi criada aqui mesmo em Rio das Pedras, há 11 anos. Tem uma irmã de 19 e um irmão de 21. Desde pequena se encantou por música clássica, sem distinguir se a magia daqueles sons era criação da genialidade de um Beethoven, Chopin ou Tchaikovsky. Acompanhava os sedutores acordes com passinhos que logo revelariam a vocação para a dança clássica, para ser uma bailarina. Boa aluna na Escola Municipal Vitor Hugo, aos nove anos, finalmente surgiu a oportunidade e começou a frequentar a Escola de Dança da Amarp, onde dá aula a professora Michelle Mendonça de Santana. O aprendizado e o desenvolvimento vieram muito mais rápido do que se poderia esperar, o que só mostrava a determinação de Ana Regina. Passou em seguida para uma escola de muito mais recursos, a Academia das Artes da Gardênia, bairro próximo a Rio das Pedras, onde também dá aulas a professora Michelle. A menina Ana de destacou tanto na sua arte que foi impulsionada a dar mais um passo na compulsiva busca da realização de um sonho encantador: tornar-se bailarina profissional, e chegar ao Bolshoi de Moscou ou ao Royal Ballet, de Londres. – Por mérito meu e da professora Michelle ganhei uma bolsa de estudos para a Petit
Dance, na Barra, neste ano. Vou com toda a fé de criar condições de me aperfeiçoar ainda mais e seguir os passos da Mayara Magri, que conheci na Academia das Artes, e, depois de ganhar o primeiro lugar num festival na França, já está estudando no Royal Ballet em Roma. Mas pode ser também no Bolshoi, que amo – diz confiante Ana Regina, lembrando como ressalva: – Sem prejudicar os meus estudos. Outra Ana, Ana Cristina, nasceu há dez anos em Teresina, no Piauí. Há três anos chegou em Rio das Pedras e está matriculada numa escola particular, onde cursa a 4ª série do Fundamental. Como a mãe, Jaila, sempre gostou de ouvir música clássica, sonoridade a qual gostava e gosta de acompanhar com passos e movimentos de pés e pernas, ou simplesmente, balé. Por isto, a mãe procurou há um ano a Escola da Amarp, mas, como a parceira Ana Regina, na avaliação da professora Michelle, progrediu muito e já vai passar este ano também para a Academia de Artes da Gardênia. Sem a menor inibição, Ana Cristina também revela o mesmo sonho de Ana Regina: chegar ao Bolshoi, mas com outra faceta que também pode dar frutos, que é a de cantar: – Também gosto de cantar adoro a Paula Fernandes. Gosto também de samba e carnaval – completa. A maior responsável pelo desenvolvimento da vocação das duas Anas é a encantadora
À esquerda em cima, Michelle comanda os primeiros movimentos para as mãos e braços das iniciantes, vestidas de rosa; ao lado, as mais adiantadas, vestidas de preto, são orientadas sobre a posição certa dos pés e braços; à direita, mães acompanham a algazarra e alegria das filhas
professora Michelle Mendonça de Santana, de 27 anos nascidos e vividos em Rio das Pedras, formada em Educação Física pela Unisuam, sempre com bolsas de estudos: – Meus pais não tinham condições de pagar escola de dança, balé, para mim, coisa que amei desde pequenininha. Mas sempre fui determinada. Consegui bolsa da Petrobras, entrei para escola de balé, me formei e hoje dou aulas em sete escolas e vivo disso. Já deu para comprar um carro que me ajuda na mobilidade, em dividir meu dia, que começa às sete da manhã e vai até 11h da noite, de segunda a sexta-feira. Só no fim de semana é que dou um tempo para meu namorado e até acompanhar um jogo de futebol, que eu gosto. E, como ele, torço pelo Flamengo. Mas a elétrica Michelle tem mais ambições, uma crítica e um apelo a fazer: – Só aqui na Escola da Amarp são 70 meninas matriculadas. Mas poderia ser um número muito maior. O problema é a precariedade de equipamentos. Falta som, faltam cadeiras, faltam barras, falta tudo. Já é mais do que hora de a comunidade, dos que têm condições financeiras, dos comerciantes, contribuírem. Nosso povo tem uma enorme e natural vocação para a dança, para a música, para a alegria de viver. E falta também a dança, o canto, a música, serem incluídos como matéria obrigatória nos currículos escolares, do fundamental ano nível superior – conclui Michelle.
ANA CRISTINA DA SILVA RODRIGUES Idade: 10 anos Onde nasceu: Teresina, Piauí Onde mora: Pinheiro Onde estuda: Escola Estrelinha Mágica Série: 4º período do Fundamental Matérias preferidas: Português, Ciências e História Gênero musical: Clássico, MPB e Samba Gostos fora da música e dança: Cinema, Teatro, Televisão e Carnaval Filme favorito: Cisne Negro Compositor preferido de música clássica: Tchaikovsky Bailarina preferida: Ana Botafogo Ídolo: Paula Fernandes, cantora sertaneja, country e MPB Estudo de Dança: Escola da Amarp com a professora Michelle e, este ano, Academia das Artes da Gardênia Sonho e plano: Chegar ao Bolshoi de Moscou.