A VOZ DE RIO DAS PEDRAS - N º 29

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FOTO DE LAERTE GOMES

FOTO DE DIVULGAÇÃO

Um dos líderes do Só no Pêlo, Amado Batista é assassinado e se junta a Nildo, o ex-líder do time, que morreu em acidente de moto há dois anos e oito meses. Os dramas expõem duas faces da violência na nossa comunidade.

Neste terreno, na Rua das Pitangas, na Areinha, nossa paróquia vai construir uma capela e um centro de evangelização. PÁGINA 6

ANO II - N0 29 - RIO DE JANEIRO, 9 DE SETEMBRO DE 2014

I N F O R M A Ç Ã O

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C I D A D A N I A

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

QUEREMOS ESCOLAS, MAS SEM PERDER O NOSSO FUTEBOL FOTO DE MARCOS POWER NET

A notícia de que nossa comunidade vai ganhar duas escolas e uma creche era para ser motivo de festa, mas virou apreensão e incerteza. Com a interdição do Terceiro Campo, onde funciona uma escolinha para crianças e um campeonato para adultos aos domingos, centenas de famílias que se beneficiam do espaço pedem para continuar ou que sejam deslocadas para outro local apropriado.

Amauri Silva, à frente da Novo Estilo desde 1998, e as crianças protestam contra o fim da escolinha. Mais que um professor, ele é considerado um verdadeiro educador pelos pais dos alunos PÁGINA 3

FOTOS DE LAERTE GOMES

JÁ NA RETA FINAL, OBRAS EM AREAL/AREINHA SÃO BEM RECEBIDAS NA COMUNIDADE As obras de urbanização de Areal/Areinha, numa área de 200,8 mil m2, estão na reta final para serem entregues em maio próximo. Apesar dos transtornos causados, os moradores (fotos abaixo) consideram bem-vindas. A técnica de segurança Ana Paula Nogueira (foto ao lado) tem mais um motivo para comemorar: até agora, não foi registrado um só acidente.

Lila Barros

Francisco Lima

Adilson Aparecido

Francisco Fernandes

MUITOS GOLS E SINGELA HOMENAGEM NO NOSSO FUTEBOL FOTO DE FABIO SOARES

FOTO DE LAERTE GOMES

Paulista (fora da foto) marca o primeiro gol do União de Copa, depois de cobrança de córner. À direita, o momento em que o time do J. Areinha se abraça, antes de entrar em campo, para rezar pela alma de Amado Batista

O domingo de futebol em Rio das Pedras teve como maior destaque a homenagem do J. Areinha ao saudoso Amado Batista, morto uma semana antes. Além da goleada de 5 a 1 sobre o Primos, o J. Areinha entrou em campo com o uniforme do Só no Pêlo, time pelo qual jogava o homenageado. No Solazer, destaque também para Paulista, do União de Copa, autor de três dos quatro gols no Mangueirinha. No Amador, a façanha foi do Rua Larga, que venceu por 3 a 1 o Inter e assumiu a liderança do Grupo B. PÁGINA 8


O crime não é colocar o filho em adoção, mas consiste, justamente, na exposição do bebê a situações de perigo, podendo se configurar crimes diversos”.

Pessoas de espírito empreendedor sabem explorar ao máximo as oportunidades, são inovadores, curiosos e sempre buscam novos conhecimentos”.

2 RIO, 9 DE SETEMBRO DE 2014

A VOZ DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL

A VOZ DO

LEITOR

Leo Tigrão enviou a seguinte mensagem: “Adoro ler e escrever para A Voz de Rio das Pedras. Sou pesquisador de transporte e autor do blog “Transportes em ação”, no qual descrevo a bagunça e o inferno que se tornou utilizar o transporte nesta cidade, que deveria ser prestado com mais qualidade. É nítida a bagunça que se transformou o transporte público no Rio de Janeiro com a implantação dos BRTs e empresas sendo divididas em consórcios para o operar o sistema de transporte, o que seria muito boa ideia se fosse organizada. A prefeitura e a Secretaria de Transportes deixaram as empresas de ônibus tomarem conta de um direito básico da população e com isso virou o “samba do crioulo doido”. As empresas, aproveitando que agora as pinturas são padronizadas com o intuito de confundir o passageiro, trocam a numeração das linhas toda hora. As linhas que eram tradicionais na cidade e já conhecidas dos passageiros mudaram a numeração, como o 175 (Central-Alvorada), que mudou para 308. Quando se falava em reorganização do transporte na cidade dava a entender que áreas como as zonas Norte e Oeste, e demais regiões que são deficitárias de transporte, seriam beneficiadas, mas não foi o que aconteceu. Muitas linhas foram extintas, encurtadas e ainda estão sendo com o a desculpa esfarrapada de implantação dos BRTs, que seriam nova opção de transporte na Zona Sul. É muita linha fazendo mesmo trajeto e linhas sobrepostas que nada acrescentam. Foram criadas imensas linhas variantes na Zona Sul com muitas siglas que nada adiantam. A Zona Oeste é a região mais prejudicada com essa bagunça. A falta de linhas na Zona Oeste para a Zona Sul e o Centro mostra o quanto os gestores de transportes são bem “asnos” quanto o assunto é a região onde o monopólio de transporte manda. Novas licitações teriam que ser feitas para outras empresas entrarem e não as mesmas problemáticas. Antes as empresas tinham mais cuidados com a frota por serem permissionárias. O que se vê é uma esculhambação atrás da outra. É preciso nova licitação e revisão nesses trajetos que, muitas as vezes, só dão prejuízos. À meia-noite as empresas reduzem a frota com a desculpa de ter linhas que passam em área de risco, colocando os profissionais em risco. Mas sabemos que é pura mentira. A redução da frota é feita para não pagar adicional noturno e os passageiros são obrigados a ficar horas e horas esperando uma condução depois de um dia exaustivo de trabalho. A Viação Redentor monopoliza a região de Jacarepaguá com suas marcas fantasias. Não faz o menor sentido as linhas que saem de Rio das Pedras – 550 (Cidade de Deus-Gávea), 555 (Rio das Pedras-Gávea), 556 (Rio das Pedras-Leblon), 557 (Copacabana-Rio das Pedras) – serem uma variante da outra, pois poderiam ser aproveitadas em outros bairros que há uma falta de transporte.

Sugestões de linhas: 555 (Rio das Pedras-Gávea) faz o mesmo trajeto do 550, 556 e poderia ser prolongado até o bairro do Gardênia Azul, que não conta com nenhuma linha para a Zona Sul e desafogaria Rio das Pedras que, nos últimos tempos, ficou apertada com muitas linhas sobrepostas. A linha 556 faz o mesmo trajeto que a 557 e poderia ter seu percurso até o Metrô de Botafogo, passando pelo Jardim Botânico, Lagoa, Humaitá, pois a linha 354, além dar uma volta imensa na Zona Sul, é muito demorada, e visto que muitos passageiros trabalham nessa região. Ficam as sugestões.”

ANTONIO RENATO CARDOSO *

IDENTIFICANDO CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR

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ão é fácil a identificação de novas oportunidades. Principalmente quando observamos as novas dinâmicas utilizadas pelo mercado. Existem algumas ações que podem oportunizar novos mercados. Incialmente, é importante que o candidato a empreendedor identifique a melhor opção de negócio para si. Qual a atividade que melhor se encaixa à sua realidade. É preciso conhecer o mercado que estamos nos propondo a explorar. A dinâmica do mercado produz de forma muito rápida novos produtos e oportunidades, portanto é preciso que o candidato esteja atento aos lançamentos de novas oportunidades.

Carros de som de políticos incomodam Adriana Almeida reclama: “Já não basta a poluição visual? Acho uma falta de respeito com a comunidade a poluição sonora que nos tem sido imposta pelos políticos. Os carros de som em volume altíssimo chegam a me deixar atordoada. Meu voto é que eles não levam!”

Ofertas à comunidade Adailton Gomes escreveu: “Estou precisando de dois pizzaolos. Se alguém tiver interesse, ligar para 964645942.” Alessandro Martins escreveu: “Estou vendendo uma TV de 21 polegadas antiga por R$300,00. Aceito oferta. Tel: 96960-4755.

Cartas para a redação de A Voz de Rio das Pedras, a/c do Núcleo de Cidadania, Rua Nova n0 105, loja 2. e -mails para contato@avozderiodaspedras.com.br

nhar, não temer tomar decisão e ser um indivíduo que faz diferença. As pessoas dotadas do espírito empreendedor sabem explorar ao máximo as oportunidades e geralmente são inovadores, curiosos e estão sempre em busca de novos conhecimentos. Os obstáculos irão surgir e precisamos ser capazes de superar de forma otimista e apaixonada. O otimismo gera a visão do futuro e precisamos enxergar, acreditar e perseverar que certamente o sucesso será alcançado. *Antonio Renato Cardoso da Cunha é pesquisador no Núcleo de Pesquisa e Cidadania de Rio das Pedras e responsável pela implantação da Associação Comercial de Rio das Pedras (Ascorpe). Contato: arcead@gmail.com

A VOZ DO DIREITO

CRISTINA GOMES CAMPOS DE SETA *

O DIREITO DE NÃO SER MÃE

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requentemente ficamos chocados com notícias divulgadas pela imprensa de abandono de crianças, especialmente recém-nascidos, em ruas, rios, telhados de casas, expostas ao frio, à fome, sendo colocadas em risco de vida. Daí pensamos o que levaria uma pessoa a colocar uma criança em situações de perigo. Diante desta realidade, especialistas chegaram à conclusão de que o desconhecimento e o medo, somados a uma imposição da sociedade às mulheres, no sentido de que a maternidade representa “o paraíso”, podem ser algumas das razões que levam a tais condutas temerárias. A sociedade “endeusa” a posição de mãe e acaba por “obrigar” as mulheres a verem a maternidade como uma “missão” sublime para a qual todas as mulheres estão destinadas, sem exceção. No entanto, isto não é uma verdade absoluta. Muitas mulheres engravidam por desconhecimento, por fata de orientação quanto a métodos contraceptivos e, ao descobrirem a gravidez, se veem assoladas pelo medo de serem mães sem estarem emocional ou eco-

nomicamente preparadas e, às vezes, sozinhas. Uma mulher, ao dizer que não está preparada para ser mãe, choca uma sociedade impregnada pela verdade “absoluta” do “mito” da maternidade como uma missão feminina. Diante da falta de informação, após nove meses de conflitos internos, as mulheres acabam por largar os bebês em situações inadequadas. Diante desta realidade, o Estatuto da Criança e do Adolescente foi alterado para impor ao Estado a obrigatoriedade de que a mulher grávida receba acompanhamento psicológico, caso entenda que dele necessite. Quando a gestante venha a afirmar perante o psicólogo ou o médico que acompanha o seu pré-natal que não deseja permanecer com o filho após o seu nascimento, colocando-o para adoção, ela terá direito a um acompanhamento especial de um psicólogo. Tal medida visa proporcionar à gestante um suporte para que a mesma decida conscientemente, com o intuito de evitar futuros arrependimentos, mas também, propiciar, mediante o fornecimento de orientações precisas, que as

gestantes entreguem tais crianças aos cuidados do Juizado da Infância e da Juventude, a fim de que as mesmas sejam protegidas e encaminhadas àquelas pessoas que se encontram inscritas na lista de adoção. Assim, evita-se o abandono dos bebês em locais de risco. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a mulher tem o direito de colocar seu filho recémnascido para adoção, desde que o faça sem exposição deste em situações de risco. Caso o genitor seja conhecido, este também deve se manifestar. O crime não é colocar o filho em adoção, mas consiste, justamente, na exposição do bebê a situações de perigo, podendo, nestes casos, se configurar crimes diversos: abandono de incapaz, infanticídio, homicídio etc, dependendo das circunstâncias. A escolha deve ser consciente, livre de preconceitos e pressões, sempre sob a orientação psicológica, direito este de toda gestante.

*Cristina Gomes Campos de Seta é juíza da 9ª Vara Cível do Méier

A VOZ DA PSICOLOGIA

GISELLE SANTOS*

Resposta às críticas Sobre a crítica do leitor André M Alves, LeoTigrão respondeu: “Quando nos unimos para um benefício de todos sempre somos criticados por isso. Pedimos a solicitação da alteração da linha 863 (Barra da Tijuca-Alvorada) pelo fato de a comunidade de Rio das Pedras ter uma imensa população de pessoas idosas e deficientes. São pessoas que trabalham e usam o BRT Transoeste e Carioca como meio de locomoção. Pelo que entendo o senhor não é usuário do BRT e não tem idosos na família. Desculpa, mas é muito egoísmo da sua parte. Quanto a linha 343 (Praça 15, via Serra) seria uma ótima ideia. Pessoas que trabalham na Tijuca e muitos estudantes da Uerj precisam fazer baldeações na Freguesia e esperar um ônibus que já chega lotado. Boa iniciativa do Sr Hélio. Pessoas como ele fazem a diferença.”

Fórmulas já testadas diminuem as chances de erros dos novos empreendedores e por isso acompanhamos o crescimento das franquias no mercado. Algumas dicas podem ser dadas para que armadilhas sejam evitadas. As competências empreendedoras não são inatas e poderão ao longo da vida serem desenvolvidas. Ocorre que alguns traços de personalidade são comuns aos indivíduos com traços empreendedores, como não ter medo de assumir riscos, são simpáticas e capazes de realizar diferentes atividades de forma simultaneamente. A construção de boas redes sociais é um outro elemento muito importante, assim como ter a visão de futuro que pretende dar ao negócio, so-

A DEPENDÊNCIA DO RECONHECIMENTO

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este mundo de provações, cobranças, corrida contra o tempo e competitividade, é comum as pessoas se queixarem de não serem reconhecidas pelo seu trabalho, dedicação ou valor, da forma como gostariam, e pelas pessoas que consideram importantes. Algumas vezes esse sentimento de insatisfação, frustração ou até de revolta, revela no indivíduo a incerteza sobre as próprias qualidades ou atributos. Mas se uma pessoa querida lhe faz um elogio em relação a algo que fez ou atitude que adotou, você tem a tendência de achar que agiu de forma adequada e sempre tentará repetir aquela ação, mesmo quando você nem tem certeza de era a melhor para aquele momento. Em contrapartida, se esta mesma pessoa com determinada importância para você lhe ignora por algum provável erro cometido, ou faz qualquer comentário maledicente, você imediatamente se pune psicologicamente e arquiva que não deve mais repetir aquela atitude. Isso é o que normalmente fazemos. Recompensar (repetir) comportamentos tidos

pela sociedade como positivos, e punir (reprovar) quando o contrário acontece, por considera-los negativos, ruins, inadequados ou não valorizados. Essa relação de reforço e punição é normal. O que não é normal e pode preocupar é quando o indivíduo tem como mecanismo de existência a aprovação permanente do outro, uma exacerbada necessidade de aceitação e reconhecimento diante qualquer atitude ou ação que este indivíduo venha a ter. Tal processo pode levar o indivíduo a não se (re)conhecer por si mesmo, anulando intensamente a sua autoestima e a confiança em si mesmo, afetando as suas relações e julgamentos. A autoestima de um indivíduo vai depender da segurança emocional que ele desenvolveu ao longo da vida e do reconhecimento da segurança que ele adquiriu sobre o próprio valor, dentro de suas relações pessoais, profissionais e emocionais. Essa confiança/segurança não pode ter como ponto de partida a crença cega em si mesmo, mas deve estar focada na construção, nos eventos significativos que vão, com o passar do tempo, ajudar a con-

fiar cada vez mais em si próprio e auxiliar a construir e desenvolver muitos recursos internos que serão capazes de habilitar a lidar com qualquer tipo de realidade, seja ela positiva ou negativa. Um caminho interessante para a construção de uma boa autoestima, um bom autoconhecimento e de afastamento de qualquer necessidade permanente de aprovação, seria tentar manter sempre uma boa relação de maturidade e sinceridade com a realidade. Devemos sempre lembrar que, de um lado teremos a confiança e, do outro, a segurança. Assim, tendo ou não o reconhecimento do outro, vamos continuar a seguir em frente, com a confiança de que fizemos o melhor ao nosso alcance, e a segurança de que este evento será mais uma oportunidade de agregar e desenvolver ainda mais os nossos recursos internos para um maior aperfeiçoamento das nossas ações.

*Giselle Santos é psicóloga, especialista na área de Recursos Humanos, com trabalhos realizados nesta área e nas áreas social, clínica, escolar e da saúde.

EXPEDIENTE EDITOR-CHEFE Aziz Ahmed (Reg. 10.863 - MTPS) azizahmed@uol.com.br

EDITOR EXECUTIVO Laerte Gomes www.avozderiodaspedras.com.br

gomes.laerte@gmail.com

REPORTAGEM Ricardo de Souza Haroldo Habib CONSULTORES Cláudia Franco Corrêa Irineu Soares Maria Etatiane Costa Barroso Juliana Barcellos da Cunha e Menezes

FOTOGRAFIA Fábio Costa fabiocostafotografias@gmail.com

TRATAMENTO DE IMAGENS Eduardo Jardim ANALISTA DE MÍDIA E WEBMASTER

Claudia Gonzaga claudiamulti@uol.com.bt

Uma publicação da Livraria e Editora Citibooks Ltda. CNPJ: 05.236.806/0001-5 Rua Jardim Botânico, 710, CEP 22.460-000 para a Associação Comercial do Rio das Pedras (em organização). Rua Nova 105 – Loja, Rio das Pedras Tel.: 41088439

Publicação quizenal / Tiragem: 20 mil exemplares / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA / Impresso na Gráfica e Editora Jornal do Commercio

MÓDULOS GRÁTIS A partir das próximas edições, este jornal vai reservar espaço para que você, morador ou comerciante de Rio das Pedras, possa anunciar bens, serviços ou produtos que esteja disposto a alugar, vender ou, simplesmente, doar. Basta enviar a arte final do seu anúncio em texto curto e direto, que publicaremos de graça. Se quiser "vender seu peixe", envie mensagem para o https://www.facebook.com/ASCORPE ou arcead@gmail.com


Isso aqui não é só uma escolinha de futebol. Aqui é um lugar onde reina a paz e por isso quero continuar esse trabalho”.

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Seu Amauri comanda de uma forma as crianças respeitam. A educação dele complementa a de casa e a da escola”.

RIO, 9 DE SETEMBRO DE 2014

EDUCAÇÃO E ESPORTE: A RECEITA PERFEITA PARA A CIDADANIA

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odo mundo concorda que educação é fundamental, assim como todos concordam que o esporte – qualquer modalidade esportiva – é um dos pilares fundamentais para uma educação ainda mais sólida na formação das pessoas, principalmente as crianças. No entanto, infelizmente, essa possibilidade rara não foi aproveitada pela Prefeitura no nosso Terceiro Campo, onde é disputado o campeonato semanal de adultos, conhecido como Amador, além da escolinha Novo Estilo que funciona terças, quintas e sábados, de manhã e à tarde, para 120 crianças da nossa comunidade e de bairros como Freguesia e Anil, entre outros. No dia 1° de setembro, uma segunda-feira, às 8h, uma equipe da prefeitura chegou ao nosso campo e, sem aviso prévio, deu o ultimato: a partir daquela data estava iniciando a marcação para sondagem do solo para as obras que vão levantar duas escolas e uma creche. O campo já era. Amauri M. Silva, professor que está à frente do projeto desde "27 de novembro de 1998", segundo suas palavras, conta que funcionários chegaram dizendo para parar com a aula porque começariam uma sondagem. – Tomaram uma decisão sem consultar ninguém da área esportiva – lamenta para, em seguida, acrescentar: – Eles não sabem do que se trata e nem conhecem a filosofia do projeto, as transformações que a gente consegue com as crianças em tão pouco tempo – conta preocupado com a possibilidade real de descontinuarem seu projeto. – Esse trabalho não é feito para quem é o melhor no futebol. Ele é feito para o magrinho, o gordinho, para aquele que não sabe nada e nunca viu bola. Esse espaço é justamente para que haja esse encontro de evolução mental, de respeito na conduta de formação de cidadania. – conta Amauri, dando uma pequena demonstração da sua filosofia de trabalho. Essas transformações são confirmadas por Fabíola de Lourdes Aragão, de 39 anos, que mora no Anil e faz questão de trazer o filho Wladimir, de sete, por causa do bom ambiente que encontrou na escolinha. – Meu filho frequenta três escolinhas. Duas com campo sintético e toda estrutura e a do professor Amauri, que é muito mais do que professor de futebol, é um verdadeiro educador – conta Fabíola, orgulhosa por poder trazer o filho para conviver em um ambiente social diferente e credita a evolução do comportamento do filho aos métodos de Amauri e a esse convívio enriquecedor para ambas as partes. – As crianças aqui são muito mais educadas do que em outros lugares. Aqui não se ouve palavrões, gritaria ou bagunça. O seu Amauri comanda de uma forma que todas as crianças respeitam. A educação que ele dá complementa a de casa e a da escola – se entusiasma Fabíola, acrescentando que se pudesse "agradeceria a Amauri umas dez vezes por dia. A mesma empolgação, admiração e respeito por Amauri é compartilhado pela avó do menino Wladimir, mãe de Fabíola, Vera Maria Aragão Costa. Psicóloga e pedagoga, Vera endossa as palavras da filha. – É um educador! – diz enfática para em seguida dar uma sugestão: – O que a Prefeitura devia fazer é reformar o campo, dar uma estrutura decente para o seu Amauri trabalhar, para as crianças aproveitarem melhor seus ensinamentos e os acompanhantes ficarem mais confortáveis – esbraveja inconformada com a notícia da interdição, assim como Fabíola, a mãe do pequeno Wladimir que, segundo Amauri, tem uma ver-

MODELO DE POLÍTICA ADOTADO EM PAÍSES DE PRIMEIRO MUNDO É DESPREZADO PELA PREFEITURA QUE INTERDITA O TERCEIRO CAMPO E DEIXA APREENSIVAS CENTENAS DE FAMÍLIAS QUE SE BENEFICIAM DO ESPAÇO FOTOS DE MARCOS POWERNET

Na foto acima, crianças observam técnicos da prefeitura marcando o campo; ao lado, A planta mostra o projeto com duas escolas e uma creche. Faltou diálogo para manter o nosso campo que beneficia centenas de famílias; e abaixo, As estacas indicam o início do fim do nosso lazer esportivo

Fabíola e Wladimir, o pequeno craque que tem uma bomba no pé esquerdo

Professor Amauri é fundamental para educação das crianças

Rafael e Seu Eliezer, que ficou inconformado com a interdição

Seu Ari, avô de Pedro, que hoje está na base do Fluminense

dadeira bomba na perna esquerda. Coordenador do projeto, Marcos Antônio lamenta a falta de cuidado da prefeitura com a comunidade ao não informar previamente que haveria a interdição. Segundo ele, com tantas áreas livres em Rio das Pedras, por que fazer as escolas justamente onde acontece uma atividade que beneficia centenas de moradores de diversas faixas etárias da nossa comunidade. – Parece que eles resolveram aproveitar que o local já estava descampado para fazer as obras – diz Marco, chateado com a incerteza que

se abateu sobre os frequentadores do campo. Embora as obras ainda levem um tempo para começar, o fato é o que o campeonato está na metade – quinta rodada de um total de dez – e ninguém sabe quando vai ser interrompido de vez. A única certeza até o momento é que não vai chegar ao fim. Assim como Amauri, Marco também diz ser favorável a construção de escolas, áreas de lazer e tudo o que for para o benefício da nossa comunidade, mas o que ele não se conforma é, além da falta de diálogo prévio, é com a ausência de alterna-

tivas para o campo. – Se eles fizessem o que dizem que vão fazer, mas oferecessem outro lugar pra gente tudo bem. Mas chegar da forma que chegaram causa revolta em toda comunidade, porque esse espaço beneficia toda família e não apenas quem joga – reclama o coordenador, acrescentado que, para construir outro campo semelhante ao atual, seria necessário 30 pessoas para realizar a obra em uma semana. E é tudo que todos querem. Marcos lembra que há três anos houve um movimento parecido. Funcionários da prefeitura vieram, demarcaram o terreno, mas a obra não andou. A diferença, segundo afirmou, é que agora eles mostraram uma planta com o desenho das três escolas e o trabalho está mais acelerado. Quem também está inconformado com a repentina interdição é o pai do menino Rafael, de sete anos, Eliezer Rodrigues Almeida, de 55 anos. – Não existe isso, não pode! Tá errado acabar com isso que é uma área de lazer para as crianças em um lugar tão carente – lamenta Eliezer. Ao lado de Eliezer, seu Ary da Silva de Almeida, de 70 anos, avô de Pedro Henrique de Almeida Mazarakis, que começou na escolinha com sete anos e hoje, aos onze, já faz parte da base do Fluminense em Xerém, também mostra indignação. – É um absurdo acabar com a escolinha! Tem outras coisas para fazer como acabar com esse matagal aí em frente que é ponto de consumo de drogas e já teve dois casos de estupros – conta revoltado seu Ary. Além de Pedro, que trilha o caminho no tricolor, Amauri já revelou Gustavo Ximenes, que é profissional do América, e Ricardo, que hoje está no Ninho do Urubu, na Gávea, mas enfatiza que seu maior orgulho não é revelar futuros jogadores e sim pessoas aptas a respeitar quem quer o outro seja. – Posso agregar garotos que não tenham nem um pão para comer, que não sabem jogar bola, mas que têm profundo respeito por seus ami-

gos que jogam acima da média. Isso aqui não é só uma escolinha de futebol. Aqui é um lugar que reina a paz e é por isso que quero continuar esse trabalho. Em vias de iniciar um debate para apresentar um calendário esportivo para a temporada de 2015 junto com os outros organizadores de torneios de futebol em nossa comunidade – além do Terceiro Campo (Amador), acontecem torneios no campo Solazer e na Praça da Amarp – Marcos vê esse contratempo como uma oportunidade de as lideranças esportivas se unirem de vez para criar a Federação de Futebol de Rio das Pedras. – Nossa ideia é criar um calendário onde as competições não aconteçam ao mesmo tempo como ocorre atualmente. Conseguindo isso vamos aumentar o público de todos os torneios e promoveremos ainda mais a integração da nossa comunidade, que é nosso principal objetivo – finaliza Marcos, que em breve vai se encontrar com Roberto, Índio e Fernando para discutirem o projeto que vai beneficiar além do futebol, outras modalidades esportivas. Nossa equipe fez contato com a subprefeitura da Barra para obter uma informação oficial sobre a interdição do Terceiro Campo, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno. A torcida entusiasmada da nossa A Voz de Rio das Pedras é que seja encontrada uma solução para que educação escolar e esportiva se entrosem e consigam promover a grande jogada que toda comunidade espera, que é o gol de placa de construir escolas sem destruir o lazer esportivo da nossa comunidade.


A Secretaria de Obras do Estado garante que 70% da mão de obra utilizada na urbanização da região é de técnicos e operários da própria comunidade.

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Uma dificuldade que enfrentamos foi manter a segurança dos moradores. Mas, graças a Deus, não tivemos nenhuma ocorrência de acidente”

Teve uma estaca que batemos hoje para consolidar a estrutura da elevatória que penetrou mais de 20 metros no solo para ficar firme.

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Foi implantado um sistema de drenagem superficial por canaleta hidráulica, para que a água da chuva possa escoar diretamente para o canal”

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AREAL/AREINHA, APESAR DOS TRANSTORNOS, A OBRA É MINHA

FRANCISCO LIMA, DE 39 ANOS, DONO DE UMA SERRALHERIA NA AVENIDA CENTRAL, NA AREINHA FRANCISCO FERNANDES, DO BARZINHO “ACONCHEGO”, CEARENSE DE 51 ANOS, 33 DELES EM RIO DAS PEDRAS

LILA BARROS, PARAIBANA, DE 29 ANOS, CASADA E MÃE DE DUAS FILHAS, DONA DO SALÃO “ESPAÇO D’ELLAS”

COM MORADORES SATISFEITOS, CEHAB E ENGENHEIROS COMEMORAM URBANIZAÇÃO QUE TEM 70% DE MÃO DE OBRA DA COMUNIDADE ADILSON APARECIDO DA SILVA, BOMBEIRO HIDRÁULICO,PARANAENSE, DE 42 ANOS

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e é para melhorar a gente tem que se conformar. Tem morador que reclama, xinga os operários, não entende que depois dessa tempestade vem a bonança”. A afirmação resignada e ao mesmo tempo otimista é do cearense Francisco Lima, de 39 anos, dono de uma serralheria na Avenida Central, na Areinha, que fica no olho do furacão, onde são mais intensos os movimentos de máquinas, bate-estacas, caminhões betoneiras e todo o aparato envolvido nas obras de urbanização que a Companhia Estadual de Habitação (Cehab) realiza nos bairros de Areal/Areinha. Conviver com esse tipo de transtorno faz parte, como reconhece o xará e também cearense Francisco Fernandes, do barzinho “Aconchego”, de 51 anos, 33 deles em Rio das Pedras: — Estou satisfeito com a pavimentação que fizeram na minha rua. Aqui nesse trecho acabou o lamaçal e melhorou o nosso negócio —disse o dono do barzinho, enquanto a paraibana Lila Barros, de 29 anos, casada e mãe de duas filhas, dona do salão “Espaço D’Ellas”, aprovava as declarações dos Franciscos, acrescentando que todos estavam muito felizes. E não é para menos.

Foto 1 – Elevatória de esgotos na Areinha, já em fase final de construção. Foto 2 – No Areal, outra elevatória serve de moldura para pose dos operários. Na foto 3, o encarregado de obras Cesar Roberto, de capacete amarelo, com o mestre de obras Ninho. Na foto 4, uma escavadeira abre caminho para passagem da canalização do esgoto

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— As obras de saneamento, instalação da rede coletora de esgoto, drenagem e pavimentação de 55 ruas (já concluídas) e da dragagem do canal, beneficiando uma área de 200,8 mil m2, estão exigindo investimentos de R$ 64,7 milhões e tem prazo para terminar em maio de 2015 — informou à nossa reportagem a Secretaria Estadual de Habitação, acrescentando que estão sendo utilizadas 70% de mão de obra da comunidade. O bombeiro hidráulico Adilson Aparecido da Silva, paranaense, de 42 anos e que há 24 mora em Rio das Pedras, confirma. Ele chegou a trabalhar na obra, mas como tem casa na rua principal, que está surgindo com a dragagem e pavimentação do canal, resolveu investir no seu cantinho. Ele acompanha as obras e avalia que estão fluindo bem: — Estão abrindo novos caminhos e, quando ficar tudo pronto, vai valorizar muito esse lugar. Enquanto o engenheiro Fernando

A OBRA EM NÚMEROS

55 RUAS JÁ CONCLUÍDAS

200,8 MIL M2 SÃO BENEFICIADOS

R$ 64,7 MILHÕES ESTÃO SENDO INVESTIDOS

Sarpo, da respeitável Fe Engenharia, com a energia dos seus 84 anos bem vividos, passa instruções para o encarregado de obras Cesar Roberto da Silva, as técnicas de segurança Ana Paula Nogueira e Darling Lopes cuidam de afastar as crianças dos lugares mais perigosos. À frente de uma equipe de 16 homens encarregados do bate-estacas, Cesar diz que recebe os desenhos, croquis e especificações das tarefas e cumpre. Para explicar que o solo ali não é muito confiável, ele contou: — Teve uma estaca que batemos hoje que penetrou mais de 20 metros no solo. O técnico geotécnico Gustavo Lenini, de 25 anos, da Engegraut, especializada em serviços geotécnicos, com melhoramento e estabilização de solos moles e refundação, disse que a sua empresa está fazendo o melhoramento do solo em trechos das duas margens do canal que cruza a comunidade para receber os condutos de esgoto da obra de saneamento. No comando de 20 trabalhadores espe-

cializados, ele comemora: — Já estamos na última etapa da nossa execução na obra, com uma margem concluída e a outra em execução. Estamos aqui desde junho. Nosso serviço é prestigiado pela agilidade na execução e pretendemos terminar nossa parte ainda este mês de setembro. Lenini explicou que a maior dificuldade enfrentada foi o acesso de caminhões e equipamentos, por conta da difícil locomoção nas ruas da comunidade, rede elétrica muito irregular e baixa, carros estacionados obstruindo as vias de acesso. E concluiu: — Outra dificuldade foi manter a segurança, por conta de alguns moradores não respeitarem as orientações e sinalizações de riscos. Mas, graças a Deus, não tivemos nenhuma ocorrência de acidente. Sobre o questionamento feito pelo morador Davyd Souza, que cobrou colocação bocas de lobo nas vielas, cujas obras já estão concluídas, a Cehab esclareceu que foi implantado um sistema de drenagem superficial por canaleta hidráulica. E explicou: — Os eixos ficam num nível um pouco mais baixos que as calçadas, para que a água da chuva possa escoar diretamente para o canal. E é o que está acontecendo.

O engenheiro da Cehab Rafael Andrade entre Darling Lopes e Ana Paula

O técnico geotécnico Gustavo Lenini comanda equipe de 20 trabalhadores

2015 EM MAIO É O PRAZO PARA TERMINAR AS OBRAS 4

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Estes seis flagrantes mostram a gigantesca movimentação de máquinas e operários no canteiro de obras, já entrando na reta final para serem entregues prontas daqui a nove meses


Vou lá meu amigo, qualquer dia a gente se encontra para jogar aquela pelada".

A única certeza é que ninguém resolveu seus problemas. Ao contrário, eles só se agravaram e hoje só resta tristeza e pesar entre os envolvidos.

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PARA QUE SERVE A VIOLÊNCIA?

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rancenildo e Amado Batista eram mais do que amigos. Junto com Ricardo, eram os donos do time Só no Pêlo, uma das equipes com a torcida das mais animadas do campeonato do Terceiro Campo. Mas no dia 31 de agosto, pouco antes do início da partida entre Só no Pêlo contra o Nova Esperança, os então animados torcedores e presentes de um modo geral receberam uma notícia que simplesmente acabou com o campeonato naquele dia, transformando a costumeira algazarra da galera em um dos momentos mais tristes de todos os presentes. Tinham assassinado Amado Batista, de 25 anos, um jovem querido por (quase) todos, pai de um filho de cinco anos e que uma semana antes de sua morte tinha registrado outra criança, uma menina de apenas seis meses. A causa da morte foi uma rixa entre um ex-conhecido que havia tido um relacionamento com sua exmulher e que não se conformava que Amado tivesse um filho com ela. Amado tomou três facadas e o assassino morreu 14 horas depois. As crianças ficaram órfãs de pai, a exmulher de ambos ficou sozinha e a única certeza é que ninguém resolveu seus problemas. Ao contrário, eles só se agravaram e hoje só resta tristeza e pesar entre os envolvidos. Tentamos falar com os familiares, mas não conseguimos porque todos estão muito abalados com as mortes. Principalmente com a brutalidade da tragédia. A cada dia, 154 pessoas morrem, em média, vítimas de homicídio no Brasil. Ao todo, foram 56.337 pessoas que perderam a vida assassinadas. Os dados são do Mapa da Violência 2014, que registrou os números em

A PIOR FORMA DE ENCONTRAR UM AMIGO É ENGROSSANDO AS ESTATÍSTICAS DAS MORTES EM NOSSA CIDADE. SEJA DE MOTO OU POR ASSASSINATO, A JUVENTUDE DE RIO DAS PEDRAS SEGUE NO PIOR CAMINHO FOTOS: REPRODUÇÕES

Agora o nome de Amado também vai fazer parte da camisa do Só no Pêlo

Amado com o uniforme da sua paixão de todo domingo

2012 em comparação com 2011. As principais vítimas são jovens do sexo masculino e negros. Ao todo, foram vítimas desse tipo de morte 30.072 jovens, com idade entre 15 e 29 anos. O número representa 53,4% do total de homicídios do País. Também, desse total, 91,6% eram homens e agora Amado Batista, nome dado pela mãe em homenagem ao cantor recordista de discos vendidos, passou a fazer parte das estatísticas. E o mais desolador é que ele não vai ser o último. Outra modalidade

Amado e Nildo, tragédia une para sempre dois amigos divertidos

de morte que faz cada vez mais vítimas no Brasil é por acidentes de moto. E foi assim que, há dois anos e oito meses, morreu Francenildo, conhecido como Nildo, que era dono time antes de Amado. Foi só após a sua morte que Amado assumiu o time com Ricardo. Nildo morreu em um acidente no Largo da Barra, às sete da manhã, quando voltava de uma festa. Imprudência de todo tipo colocou em segundo plano como ocorreu com exatidão a morte de Nildo, que na

época era apenas mais um jovem (24 anos) alegre da nossa comunidade que nos deixava precocemente de forma diferente de Amado, mas igualmente brutal. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil teve 12.480 motociclistas mortos em 2012. Um aumento de quase 10% em relação a 2011 e, pasmem,264% maior do que o total de mortes em acidentes de trânsito registrados no mesmo período! O Brasil é o quinto no ranking mundial de mortos em acidentes de trânsito. Se-

gundo especialistas, o risco de um motociclista morrer no trânsito é 14 vezes maior que o de um ocupante de automóvel. Outro ranking que em nada nos orgulha é a sétima colocação em homicídios no mundo, ficando atrás apenas de El Salvador, da Guatemala, de Trinidad e Tobago, da Colômbia, Venezuela e de Guadalupe. Embora não haja estatísticas sobre o número de mortes em nossa comunidade, todos sabem que volta e meia tem um esfaqueado ou cheio de tiros encontrados em nossas redondezas. Há seis meses um fato curioso, que parecia uma premonição de Amado sobre a própria morte, aconteceu quando um amigo em comum, chamado Manoel, veio da Paraíba para visitar o túmulo de Nildo. Depois de todos orarem em volta do túmulo do amigo, Amado foi o último a se despedir de Nildo e disse: – Vou lá meu amigo. Qualquer dia a gente se encontra para jogar aquela pelada. Hoje, a lembrança mais marcante de Nildo nas peladas de domingo é uma foto sua estampada no short do Só no Pêlo que agora vai ganhar o acréscimo da foto de Amado, além de uma frase na camisa do time, o que certamente não é a melhor forma de homenagear dois amigos. O campeonato deste ano certamente vai ficar marcado por mais essa morte brutal e isso o tornará mais triste, porém, nós, de A Voz de Rio das Pedras, queremos deixar para os moradores em geral e para os jovens em particular a seguinte reflexão: Quem ganha com tanta violência? Não seria melhor resolver as desavenças através do diálogo?

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No dia 18 de outubro, Dom Orani vem lançar a pedra fundamental e abençoar o terreno onde será a Capela de São Nicolas de Longobardi.

Queremos, de coração, agradecer ao bom Deus, e à Paróquia de São Francisco de Paula que possibilitou a concretização desse sonho.”

7 RIO, 9 DE SETEMBRO DE 2014

FOTOS DE LAERTE GOMES

PARÓQUIA VAI ERGUER CAPELA NA AREINHA

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uem pensa que a Igreja Católica estaria perdendo espaço e o rebanho de fiéis no Brasil, pode botar suas bíblias de molho. Com a bênção do Papa Francisco e o apoio determinado do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, nossa Paróquia de São João Batista é um exemplo claro de expansão da religião. Padre Marcos Vinicio, de 46 anos e há mais de quatro no comando da nossa paróquia, vai desfiando um rosário de realizações, tanto no campo espiritual, com no material, para atender à demanda de seguidores. Depois de Dom Orani inaugurar, dia 22 de junho último, durante a celebração do 8º dia de Novena de São João Batista, os belos vitrais, praticamente dando os retoques finais nas obras da nova matriz, a paróquia coloca a cereja no bolo: acaba de adquirir espaçoso terreno na Rua das Pitangas, na Areinha, bairro que passa por uma ampla obra de urbanização, para a construção de mais uma capela e centro de evangelização. — A realização desse sonho só foi possível graças à colaboração da Paróquia São Francisco de Paula, que, através do frei Dino, levou adiante esse desejo já antigo da nossa comunidade de ter, naquela região da Areinha, um espaço de evangelização e promoção humana — comemora padre Marcos, mostrando o local à nossa reportagem. No dia 18 de outubro, com o terreno já preparado, mais uma vez a comunidade católica de Rio das Pedras recepcionará Dom Orani Tempesta. Desta vez, o cardeal arcebispo do Rio vem lançar a pedra fundamental e abençoar o terreno onde será construída a Capela de São Nicolas de Longobardi, primeira igreja da América Latina dedicada a esse santo, que foi um oblato professor da Ordem dos Mínimos e que viveu de maneira simples e humilde a serviço dos pobres, excluídos daquele tempo de

CENTRO DE EVANGELIZAÇÃO SERÁ BATIZADO DE SÃO NÍCOLAS DE LONGOBARDI

sua terra, a Itália. — Portanto, esta é a razão da colaboração da Ordem dos Mínimos, através do frei Dino. O mês de outubro é o mês missionário, daí a escolha dessa data para abençoar o terreno — explica padre Marcos, rogando a São Nícolas de Longobardi que interceda por cada um dos paroquianos. Ele acrescenta: — Queremos, de coração, agradecer ao bom Deus e à Paróquia de São Francisco de Paula que possibilitou a concretização desse sonho. Em entrevista ao nosso jornal, Dom

Padre Marcos Vinicio, em frente à matriz da Paróquia de São João, terá a dupla missão de concluir a obra da igreja, que precisa de elevador, e tocar a construção da capela na Rua das Pitangas, na Areinha

Orani não economizou elogios ao trabalho do nosso pároco. — Acompanho o trabalho de todos os párocos, meus estimados colaboradores na condução do rebanho de Jesus Cristo no Rio de Janeiro e sou muito grato ao padre Marcos pelo intenso trabalho missionário que vem desenvolvendo na Paróquia São João Batista — afirmou Dom Orani. Padre Marcos também é um entusiasta do trabalho desenvolvido pelo cardeal e afirma que, depois da Jornada Mundial da Juventude, com a visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro, sentiu um aumento da participação dos fiéis nos templos católicos, notadamente dos jovens. — Isso foi geral. O carisma e o estilo do Papa Francisco alimentaram uma onda de motivação que a gente tem sentido. As missas estão sempre lotadas — observa padre Marcos, também empenhado em criar melhores condições de mobilidade para acesso à matriz. São 76 degraus até o salão principal onde fica o altar. Ele diz: — É uma preocupação nossa instalar um elevador para acessibilidade de pessoas idosas e cadeirantes. Já estamos fazendo o orçamento e vamos tocar essa obra no ano que vem. Sobre a remoção de uma favela para a construção de uma praça em frente à matriz, na entrada da comunidade, padre Marcos já esteve reunido com o subprefeito da Barra e os moradores buscando uma solução que respeite a dignidade das pessoas, com diálogo e busca de uma solução de consenso. E concluiu: — O papel da Igreja também é social. Não é só rezar.


Sábado, dia 13, às 12h, no Martelão, o Rio das Pedras enfrenta o Colônia, pelo Estadual Sub-20. Todo mundo lá!

Marquinhos, do Galáticos, ficou frustrado no domingo. Funcionário de um restaurante no BarraShopping, ele não teve permissão para atuar porque estava apenas com seu crachá, mas com foto e número de RG.

Por motivos técnicos, não publicamos nesta edição a classificação nem os próximos jogos dos dois campeonatos. RIO, 9 DE SETEMBRO DE 2014

FOTOS DE FABIO SOARES

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Paulista, braços erguidos, ganha aplausos de um companheiro após um dos seus três gols (foto 1); Cabeça, artilheiro do J. Areinha, veste o uniforme do Só no Pêlo, em memória de Amado Batista (foto 2); Jefferson (à direita), do Galáticos, marca no empate com o RPS (foto 3); Aritinho (11), do Juventude, faz um gol contra o São Caetano (foto 4)

PAULISTA, CABEÇA E AMADO, OS DESTAQUES DA RODADA

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expectativa era enorme no campo do Solazer antes do início da rodada de domingo, a quarta dos grupos C e D. Afinal, quem marcaria tantas vezes quanto Gustavo Ximenes, do Lixão? Ele fez cinco na goleada de 9 a 0 sobre a Portuguesa, na semana anterior, levando ao delírio os torcedores, sempre presentes. A resposta não demorou muito: logo no primeiro jogo, o União de Copa venceu por 4 a 0 o Mangueirinha, com um gol de Rafael Soares e três do centroavante Paulista. Thiago Lopes C. da Silva, o Paulista, fez três, dois a menos do que

NA RODADA DE MUITOS GOLS, ERA VISÍVEL A TRISTEZA POR UM AMIGO QUE SE FOI Gustavo. Mas ele esteve o tempo todo sempre muito bem marcado. Na verdade, teve apenas três chances. E as converteu em gols, mostrando sua utilidade para o time

pelo qual joga. – Larguei tudo em Pindamanhogaba (interior de São Paulo) para tentar a sorte no futebol aqui no Rio – disse Paulista. Ao participar de uma peneira num dos campos do Parque do Flamengo, foi visto por um olheiro do União de Copa. Aceitou o convite para disputar o Brasileirão de Rio das Pedras. Morava no Recreio dos Bandeirantes, com uma tia, mas decidiu mudar-se para Vargem Grande. Agora, aos 24 anos, está na torcida para que olheiros de clubes profissionais o descubram. Com Gustavo fazendo cinco gols num só jogo, Paulista três em outro, a briga pela artilharia promete muitas emoções rodada a rodada. Pau-

lista já soma cinco, como Gustavo. Ambos, porém, foram ultrapassados por Cabeça, do J. Areinha, que marcou duas vezes na goleada de 5 a 1 sobre o Primos, chegou a sete gols e lidera isoladamente a artilharia. No entanto, mais importante do que a vitória e o feito de Cabeça foi a homenagem do seu time a Amado Batista: o J. Areinha jogou com a camisa do Só no Pêlo, em homenagem ao amigo assassinado na semana passada. A cada gol marcado, os jogadores do J. Areinha corriam até o alambrado para se juntar aos torcedores e gritar o nome de Amado. Emocionante. Na briga pela artilharia, estão Luciano (São Luiz), Antônio Araújo (Areinha) e Aílton (Juventude), todos

com cinco gols. Muitos concorrentes têm tudo para tornar a competição mais atraente, mais vibrante, empolgante. Não dá para ficar em casa nas manhãs e tardes dos domingos, não é mesmo? Gols também não faltaram nos demais jogos. O time do Galáticos empatou em 1 a 1 com o RPS; o Chelsea venceu por 2 a 1 o Nova Esperança; goleada de 5 a 1 do J. Areinha sobre o Primos; e mais um empate em 1 a 1, entre o Caranguejo e o Grêmio RP. Resultados da quarta rodada dos grupos A e B: Corinthians 1 x 1 Nordeste; SAG 0 x 0 Bahia; Lixão 9 x 0 Portuguesa; Brasinha 1 x 0 Sport; Guimarães 2 x 1 Feras; e São Luiz 1 x 1 Manim.

FOTOS DE LAERTE GOMES

RUA LARGA VENCE O INTER E É O NOVO LÍDER DO AMADOR

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obrou emoção no Amador do Terceiro Campo. Já no segundo jogo da quinta rodada do Grupo B, no domingo, o Rua Larga derrotou por 3 a 1 o Inter e assumiu a liderança, com 12 pontos ganhos. Os gols foram de Eduardo e Emerson (2), com Joaquim descontando. Depois, seus jogadores ficaram na torcida contra o Samuel, pois um tropeço do adversário significaria ligeira vantagem na classificação. E aconteceu: o Samuel apenas empatou (3 a 3) com o Palmeirinha e não só ganhou a companhia do Sport, que venceu por 2 a 1 o Bahia, como ficou a três pontos do Rua Larga. Ares fez 1 a 0 para o Palmerinha, mas Francisco empatou. Lúcio pôs novamente o Palmeirinha

na frente. Novo empate, com gol de Ícaro. Disposto a subir na classificação, o Palmeirinha não se intimidou e vibrou muito com o gol de Marcos, de pênalti. Incentivado pela torcida, o Samuel partiu em busca do gol de empate. E conseguiu: Marcos fez 3 a 3. No jogo que abriu a rodada, Siri e Rei do Areal empataram em 2 a 2. Marcelo e Beto marcaram para o Siri, e José e Marcelo, para o Rei do Areal. No outro jogo, Chaval e Águia empataram em 2 a 2 e continuam em situação difícil na classificação. No Grupo A, que não teve jogos na rodada, o líder, com 12 pontos ganhos, é o Elite, que tem também o artilheiro da competição: Fernando, com nove gols marcados até agora.

Zagueiro do Rua Larga sobe para cabecear e afastar o perigo de sua área. No fim, vitória por 3 a 1 sobre o Inter e a liderança no Amador (foto acima). Na foto ao lado, o Palmeirinha (de branco) marca de pênalti um dos seus três gols no empate com o Samuel


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