FOTO DE LAERTE GOMES
FOTO DE FÁBIO COSTA
PESQUISADORES DA FIOCRUZ VÃO DIZER SE NOSSA ÁGUA É BOA
ARTE E EDUCAÇÃO, EXEMPLOS DE LEANDRO ICE PARA AS CRIANÇAS
Em parceria com a Universidade de Columbia, equipe da Fiocruz, sob a chefia do pesquisador Paulo Barrocas (foto), recolhe nas casas de Rio das Pedras amostras da água fornecida pela Cedae para análise e saber se ela está boa para se beber.
Morador do Pinheiro, grafiteiro conta sua trajetória de determinação em buscar a melhor educação para a sua formação e hoje dá aula nas escolas públicas, mas sonha desenvolver projeto de arte e ensino em Rio das Pedras, onde mora há 20 anos.
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ANO III - N0 47 - RIO DE JANEIRO, 25 DE JUNHO DE 2015
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I N F O R M A Ç Ã O
E
C I D A D A N I A
w w w. avozd e r io d a s pedra s.com.br
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Jornal on-line: http://issuu.com/avozderiodaspedras
NÃO SOMOS LADRÕES! FOTOS DE FÁBIO COSTA
JOSIVALDO, MORADOR
EMANOEL, RECÉM-CHEGADO
ADRIANO, TAMBÉM MORADOR
LEANDRO, MORADOR HÁ TRÊS ANOS
LINDOLFO, MORADOR HÁ 12 ANOS
Reportagem publicada recentemente na grande imprensa nos colocou de forma pejorativa frente à opinião pública, mas se esqueceram de vir à comunidade ouvir os moradores, a Amarp e o próprio jornal, para saber a realidade de quem vive há décadas sob o descaso do estado na prestação dos serviços básicos.
FOTO DE FÁBIO COSTA
FOTO DE FÁBIO COSTA
E MAIS
PÁGINAS 4 e 5
FOTO DE FÁBIO COSTA
O SAQUE PARA A CIDADANIA
SERÁ QUE AINDA VAMOS COMER RATOS? Uma garça foi flagrada pelo nosso fotógrafo devorando um rato no Rio das Pedras. As imagens levaram o biólogo Mário Moscatelli a esta indagação. PÁGINA 5
Instituto Viva Vôlei chega à Praça do Pinheiro para mudar a vida dos jovens da comunidade ensinando o esporte de forma prazerosa.
COPA SERP É DO JUVENTUDE Com futebol eficiente, o Juventude derrotou por 4 a 2 o Nova Esperança e conquistou a Copa Serp. Na foto, a festa dos campeões ao fim da decisão. PÁGINA 6
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O trabalhador doméstico tem direito a aviso-prévio de, no mínimo, 30 dias. Logo, o empregador que quiser dispensá-lo deve comunicá-lo com 30 dias de antecedência”
O governador Luiz Fernando Pezão esteve aqui em março e anunciou que as obras da UPA24h começariam em abril. Já estamos em meados de junho, e nada”
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A VOZ DO DIREITO
M
uitos direitos dos empregados domésticos ainda são desconhecidos. Entre eles se encontra o direito à estabilidade da empregada doméstica em caso de gravidez. Com efeito, desde o ano de 2006 foi estendida às trabalhadoras domésticas a estabilidade desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Isto significa que desde a data em que há a confirmação da gravidez a empregada não pode esta ser demitida a não ser por comprovada justa causa. Igualmente, tem a empregada doméstica direito à licença gestante sem prejuízo do emprego e do recebimento do salário gestante. Este benefício, denominado de saláriomaternidade, será pago pela Previdência Social à empregada. O valor a ser pago é o do seu último salário de contribuição para a Previdência Social e não depende de carência,
CRISTINA GOMES CAMPOS DE SETA (*)
DIREITOS DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS – 3 ou seja, trata-se de direito concedido independentemente do prazo mínimo de contribuição para a previdência. Caso a empregada doméstica venha a ter parto antecipado, o prazo de 120 dias de licença lhe é garantido. Este direito à licençagestante também é garantido para a empregada doméstica caso a mesma venha a adotar criança de até um ano de idade ou se receba a guarda judicial de criança de igual idade. Caso adote ou receba a guarda judicial de criança de um a quatro anos, a licença será de 60
dias. Se a criança tenha de quatro a oito anos de idade, o prazo de licença é de 30 dias. Estes benefícios devem ser requeridos á previdência social devendo, para tanto, apresentar o comprovante de recolhimento para a previdência social, documento este que lhe deve ser fornecido pelo empregador. Deve ficar claro que estas situações devem ser comprovadas. O parto mediante apresentação da Declaração de Nascido Vivo, documento fornecido pela maternidade. A adoção ou guarda judicial devem ser comprovadas por decisão judicial.
Durante o recebimento do benefício previdenciário, o empregador deverá recolher a contribuição previdenciária. Logo, mesmo sem que o empregado esteja trabalhando, o empregador deve permanecer recolhendo a contribuição previdenciária. A parte que normalmente é paga pelo empregado para a previdência será descontado pelo INSS diretamente no benefício que lhe está pagando. Para os trabalhadores do sexo masculino, encontra-se a licença paternidade pelo prazo de cinco dias em caso de nascimento de filho. Outro direito reconhecido
cuidar mais dele e ser feliz com esse preto lindo. Olhem minha cara inchada. Aqui é muito amor envolvido por esse preto, que igual não existe. Agora vamos pagar a promessa. Deus sempre no controle e na minha vida, me amparando sempre que estou caindo. Muito feliz, mesmo com essa cara.” Nota do nosso repórter Ricardo de Souza: “Missão cumprida! Parabéns, Adriana Maria, conte sempre com a gente e com todos da comunidade que fazem parte dessa corrente do bem.”
Nota da redação: Olha, Márcio, você tem razão. O que o nosso jornal fez foi reproduzir o que o governador afirmou ao nosso editor-chefe no dia 28 de março, ao fim de um espalhafatoso evento no campo principal, na presença de políticos e do presidente da Light. Vamos consultar o governador e saber dele como está o processo. Pode cobrar.
das Pedras para o curso Gambiarra Favela.Tech. E explica: “Podem se inscrever inventores experientes nas gambiarras, ou pessoas que curtem consertar, montar e desmontar, ou aqueles que fazem roupas em casa a partir de retalhos, consertam equipamentos velhos ou criam engenhocas malucas. O curso, de dez dias, acontecerá no Galpão Bela Maré. Durante os encontros, os participantes produzirão invenções, protótipos, máquinas e instalações, a partir de componentes simples e lixo eletrônico. Os jovens aprenderão técnicas e habilidades ligadas ao universo dos circuitos eletrônicos, programação de computadores, linguagem audiovisual e habilidades manuais em geral. Tudo isso de maneira bem prática e em trabalho colaborativo em equipe. Para se inscrever basta enviar a foto ou o vídeo de uma gambiarra feita por você com um textinho explicativo até o dia 3 de julho, pelo e-mail solosculturais@observatoriodefavel as.org.br. O curso acontecerá de segunda a sexta, do dia 20 a 31 de julho, sempre das 14h às 19h no Galpão Bela Maré, Parque União. São dez vagas e os selecionados contarão com uma bolsa de R$ 500,00.”
Tem jeito a 0800
A felicidade está de volta
Naldo Rodriguês convida a comunidade a conhecer sua célula TEMJEITO: “É uma reunião semanal feita por jovens do Arena Jovem Rio das Pedras, todas às quartas-feiras. O princípio desta célula é fazer a pessoa entender que tudo TEMJEITO e Jesus é o jeito. Vá à Rua das Orquídeas 13, Areal 1. É tudo 0800. Louvor, palavra dinâmica, animação e lanche. Tudo feito com amor.”
Adriana Maria, desesperada pelo sumiço de seu cãozinho, entrou em contato com nosso repórter Ricardo de Souza, que acionou o Facebook do jornal para pedir ajuda e divulgar recompensa a quem o encontrasse. Mais tarde, nos mandou uma foto e a mensagem: “Gente, meu cãozinho voltou. Não olhem minha cara, mas minha felicidade, que voltou a reinar. Obrigada, meu Deus! Mesmo quando eu desanimo, o Senhor vem e me levanta! Queria agradecer a todos os amigos pela força, aos que curtiram e compartilharam, ao Ricardo de Souza e à Claudia Gonzaga, de A Voz do Rio das Pedras, pelo apoio, à Simone Souza, pelo anúncio, à Erica Sousa, Emília Lopes, Geovania Rodrigues e à mãe do au-au pelo cartazes. Ufa!!! Ainda não estou acreditando. Não deseje o que eu passei, nem para sua pior inimiga, caso você tenha. Já não tinha mais lágrimas. Agora é só
550, 555 e 556 dentro da nossa comunidade, publicado na edição de número 36, de 14 de janeiro de 2015. Para quem não se lembra, ou não leu, o projeto retiraria a linha 550 (Cidade de Deus-Gávea) da Rua Nova (ida) e do Pinheiro (volta), fazendo com que esta circulasse apenas pela Av. Engenheiro Souza Filho, para uma melhor mobilidade da linha 550 e melhorando a qualidade de atendimento aos moradores do Areal 1 que trabalham na Zona Sul. Esses têm de andar de 10 a 15 minutos para chegar até a Rua Nova ou até o Estação Azul. A linha 550 seria substituída na Rua Nova e no Pinheiro pelas Linhas 555 (Rio das Pedras-Gávea) e a 556 (Rio das Pedras-Leblon). Infelizmente ainda não obtivemos uma resposta positiva. Como morador da comunidade e usuário de transporte público todos os dias, pude ver a necessidade de se ter um Terminal Rodoviário em nossa comunidade, como foi colocado na última edição, de número 46 do jornal, porque bairros como a Gardênia Azul, com uma população muito menor do que a de Rio das Pedras, tem um terminal. Agora, com a saída da linha 346 de Jacarepaguá, só são duas linhas, a 636 e a 932, alimentadora do BRT, enquanto RP tem pelo menos 10 linhas de ônibus, sendo as SP343 (serviço parcial), 555, 556, 557, 734 (futura linha alimentadora do BRT a 877A), fora as linhas 860, 861, 862, 863 e a 880, e ainda fora as linhas interestaduais que saem também da nossa comunidade, que, por sinal, é o único lugar de Jacarepaguá onde isso acontece. Quando enviei o projeto das linhas 550, 555 e 556 à redação, foi pensando nisso, seria uma maneira de melhorar a circulação de algumas linhas de ônibus em RP. A linha 550 poderia muito bem circular apenas pela Av. Engenheiro, enquanto as Linhas 555 e 556 poderiam substituí-la, passando pela Rua do Canal (Via Light), Estrada de Jacarepaguá, Pinheiro e Rua Nova (ponto final). A retirada dos semáforos nas travessias de pedestres da Av. Engenheiro Souza Filho é outro problema, principalmente em frente à drogaria Pacheco. Na altura da loteria, em frente à Rua do Correio, o grande número de pessoas que atravessam deixa o trânsito ainda mais confuso. Talvez o remanejamento do ponto de ônibus da drogaria Pacheco para a proximidade em que fica a Rua do Correio, que já tem um outro ponto,
Morador no Pinheiro, Márcio Oliveira volta a escrever cobrando do governador Pezão a promessa que fez em campanha eleitoral na comunidade, ratificada quando esteve aqui numa solenidade no campo principal da Via Light: “Escrevi para vocês em maio pedindo confirmação da notícia publicada, em manchete, dando conta de que o governador Luiz Fernando Pezão esteve aqui em março e anunciou que as obras da UPA 24h começariam em abril. Já estamos em meados de junho, e nada. Até quando vamos ser engabelados por promessas que não são cumpridas?”
1a Fashion Week Rio das Pedras Cleusa da Cruz Florenço avisa: “O projeto A Cara do Brasil estará selecionando crianças e jovens de 10 a 20 anos para participarem do 10 Favela Fashion Week Rio das Pedras, que será realizado em setembro, na nossa comunidade. Os candidatos deverão comparecer dia 25, às 13h, para a seleção, na sede do projeto, Rua das Uvas 9, na Areinha. Informações: 99630-3633.”
Gambiarra Favela.Tech Clara Sacco, produtora cultural do Observatório de Favelas, junto ao Olabi Makerspace, convida os jovens moradores de Rio
A VOZ DO LEITOR
Clima de Montanha Roberta Souza questiona: “Gostaria de saber se está certo numa escola de crianças de 4/5 anos, que pulam, brincam e correm como qualquer criança nessa idade, ficarem numa sala de aula com arcondicionado em temperatura megagelada, quando a temperatura lá fora está entre 28º e 38º? O que ocorre é que a mudança brusca na temperatura faz com que as crianças apresentem tosse, coriza nasal, resfriado e doenças respiratórias. Elas ficam o tempo todo doentes. Claro que o ar deve ser usado, mas vamos ser coerentes e colocar numa temperatura normal, sem necessidade de a criança ficar de casaco até mesmo nos dias de verão. Assim, as crianças sempre vão estar com a imunidade prejudicada. Deixo aqui a minha observação ao EDI Emília Maria. Não é por ter ar que o mesmo deve ser ligado no clima de montanha.“
Bom Combate quer patrocínio Ramon Rodrigues nos escreveu: “Olá! Eu faço jiu-jítsu no Projeto Bom Combate, do Ministério Sara Crises, e vou participar de vários campeonatos este ano, aqui no Rio de Janeiro. Estou em busca de patrocínio. O projeto funciona no Pinheiro 3.667. Faço aulas segundas e quintas, às 19h. Seria interessante se o jornal pudesse fazer uma matéria mostrando nossa luta. Nota da redação: Vamos incluir este seu pedido na nossa pauta de reportagens. Pode aguardar e cobrar.
Alô, SMTr! Robson de Souza Lólo postou na nossa fan page: ”Olá, amigos do jornal A Voz de Rio das Pedras. Eu sou o Robson de Souza e para quem não me conhece eu sou o leitor que enviou o projeto que mudaria os itinerários das Linhas
a todos os trabalhadores domésticos é de aviso-prévio de, no mínimo, 30 dias. Isto significa que se o empregador dispensar o trabalhador doméstico, lhe deverá comunicar tal fato com no mínimo 30 dias de antecedência. Se desejar dispensar imediatamente o trabalhador, deverá pagar-lhe pelo período de 30 dias que não serão trabalhados, é o chamado, avisoprévio indenizado. Tal prazo será computado para o computo do 13º salário e férias a serem pagos quando da demissão. De igual forma, se o empregado deseje sair do emprego deverá comunicar tal desejo ao empregador com o igual prazo de 30 dias. Caso não o faça, o empregador poderá descontar tal período dos valores a serem pagos ao empregado. Até a próxima edição quando outros direitos serão abordados. (*) Cristina Gomes Campos de Seta é juíza da 5a Vara Cível do Méier
possa resolver. As linhas 861 e a 880, quando vêm da Estação Azul e pegam a Av. Engenheiro, também costumam parar bem ali na curva do Estação, muito próximo um do outro, o que não faz sentido. Outro problema é a volta das vans irregulares. Como não há uma fiscalização permanente, elas sempre estão circulando, ficam paradas, chamando os passageiros, impedindo os ônibus de encostarem para pegar os passageiros. As vans piratas demoram muito tempo para sair da comunidade, porque os motoristas só saem de Rio das Pedras quando completamente lotadas, não se preocupam com o conforto nem com a segurança dos passageiros que vão em pé, o que é completamente proibido. Não sou contrário à volta das vans em Rio das Pedras, mas o acordo dos itinerários dessas vans desse ser cumprido. A “boa intenção" de alguns motoristas que alegam estar ajudando a comunidade é equivocada, não está ajudando em nada. Os estacionamentos irregulares de carros, caminhões e vans chamando por passageiros na Av. Engenheiro Souza filho, na Rua Nova e no Pinheiro complicam o trânsito no Rio das Pedras. Os ônibus é que são os vilões? Vamos refletir sobre isso e fazer valer o bom senso!” Nota da redação: Obrigado, parceiro Robson. Alguns desses questionamentos, como a necessidade do terminal, já foram abordados pelo nosso jornal. De qualquer forma, vamos encaminhar esse seu projeto à Secretaria municipal de Transportes, à subprefeitura da Barra e Jacarepaguá e à Câmara Municipal, cobrando providências.
Oportunidades de Emprego A rede franqueadora Werner Coiffeur oferece oportunidades de emprego para a região da Barra e Jacarepaguá: assistentes de cabeleireiro, corte, coloração, escovista, manicures, depiladores. Eles também formam profissionais sem experiência que queiram se inserir nesse ramo de beleza e com experiência na capacitação das técnicas Werner. Interessados devem entrar em contato pelo telefone 2541-4324. Adecco contrata, para rede de Fastfoods, atendente fechador, para trabalhar das 16 às 20 horas, e atendente, no horário das 8h às 14h30min. O candidato deve estar cursando ou ter o Ensino Médio. Pode ser primeiro emprego.
Cartas para a redação de A VOZ DE RIO DAS PEDRAS, a/c do Núcleo de Cidadania, Rua Nova n0 105, loja 2. e -mails para contato@avozderiodaspedras.com.br
EXPEDIENTE EDITOR-CHEFE Aziz Ahmed
REPORTAGEM Ricardo de Souza
TRATAMENTO DE IMAGENS TRATAMENTO DE IMAGENS Eduardo Jardim Eduardo Jardim
ANALISTA DE MÍDIA E WEBMASTER Claudia Gonzaga
(Reg. 10.863 - MTPS) azizahmed@uol.com.br
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Haroldo Habib brigliahabib@gmail.com
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CONSULTORES CONSULTORES Cláudia Franco Corrêa Cláudia Franco Corrêa Irineu Soares
EDITOR EXECUTIVO Laerte Gomes
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PUBLICAÇÃO QUINZENAL Tiragem: 20 mil exemplares - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Impresso nado Gráfica e Editora Jornal do Commercio PUBLICAÇÃO QUIZENAL Tiragem: 20 mil exemplares - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Impresso na Gráfica e -Editora Jornal Commercio
Achamos que beber água da bica é perigoso e pode causar doenças. Tal crença não é fundamentada em dados científicos ou em análises de laboratório”
Se existir dúvida quanto à qualidade da água que estamos bebendo, podemos filtrá-la e desinfetá-la, com hipoclorito de sódio, ou filtrá-la e fervê-la”
3 RIO, 25 DE JUNHO DE 2015
FOTO DE LAERTE GOMES
azizahmed@uol.com.br
P
or que o céu é azul e o mar é salgado? Como se formam as montanhas e as nuvens? Essas dúvidas desafiavam a curiosidade do carioca Paulo Rubens Guimarães Barrocas (foto), desde criança e exerciam nele um instigante fascínio. Para esclarecê-las, ele mergulhou fundo nos estudos e pesquisas do meio ambiente, motivado a aprender sempre coisas novas. Hoje, aos 46 anos de idade, ele chega a Rio das Pedras para saber se a água que estamos consumindo está boa para se beber, num momento em que se divulga que amostras da Cedae revelam que alguns pontos da rede podem estar contaminados. Graduado em Oceanografia na Uerj, mestrado em Geoquímica na UFF e doutorado na Florida State University, Paulo Barrocas é pesquisador adjunto do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública, onde desenvolve pesquisas e leciona nos cursos de pós-graduação da Fundação Oswaldo Cruz. À frente da equipe que pesquisa em Rio das Pedras a potabilidade (qualidade) da água consumida pelos nossos moradores, ele explica que as amostras coletadas pelos entrevistadores da pesquisa são enviadas ao laboratório do Departamento de Saneamento da ENSP/Fiocruz, no qual os parâmetros físico-químicos e bacteriológicos são medidos e avaliados, se estão satisfatórios. Daí a primeira pergunta:
— Infelizmente, por problemas pessoais, tive de me afastar do trabalho desde maio. Temos alguns resultados prontos do laboratório. Outros ainda não devem estar disponíveis porque existe um protocolo/procedimento para o recebimento, analise e liberação dos resultados de amostras pelo laboratório. Renata Rabello e Garazi estão mais à frente desta questão. Devo estar me reunindo com elas para discutir os resultados assim que puder.
— Os brasileiros, de maneira geral, não acreditam na qualidade da água fornecida pelas empresas, como a Cedae, no Rio. Achamos que beber água da bica é muito perigoso e pode causar muitas doenças. Isso
ESTUDO VAI MOSTRAR SE A NOSSA ÁGUA DÁ PARA BEBER
sões específicas em relação à rede distribuição em Rio das Pedras.
EQUIPE DE PESQUISADOR DA FIOCRUZ RECOLHE AMOSTRAS PARA ANÁLISE EM PARCERIA COM A UNIVERSIDADE DE COLUMBIA pode até ser verdade em alguns casos, mas tal crença não é fundamentada em dados científicos ou de análises de laboratório. Estranhamos quando estrangeiros nos contam que tomam água direto das torneiras de suas casas em seus países. Na verdade, muitas vezes os problemas que constatamos na água fornecida em nossas casas, que às vezes chega às torneiras com qualidade duvidosa (com coloração amarelada ou odor desagradável, por exemplo), são causados na rede de distribuição ou durante o seu armazenamento nas nossas casas. Porque, de maneira geral, quanto mais tempo armazenamos a água, maior a possibilidade de deteriorar sua qualidade, favorecendo a possibilidade do crescimento de microorganismos patogênicos.
— Entrei para o Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz em 2006 e desde então temos desenvolvido estudos relacionados com a poluição de ecossistemas aquáticos e suas possíveis consequências para saúde humana. Estudos como o atual, especificamente sobre a potabilidade da água de consumo, iniciamos em 2012 com um projeto nas comunidades do entorno da Fiocruz, em Manguinhos. Coletamos água de consumo
nas escolas/creches/EDI, nas unidades de saúde e nas casas de moradores das comunidades do território de Manguinhos. A pesquisa contou com financiamento do Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde do município do RJ e da Fiocruz. Ficamos felizes em constatar que, de maneira geral, a qualidade das amostras de água analisadas ao longo da pesquisa atendeu aos padrões de potabilidade da atual legislação brasileira. Entretanto, esses resultados não permitem afirmar se a qualidade da água fornecida no território ao longo do ano, por exemplo, tem sempre a mesma qualidade detectada ao longo do estudo.
— Porque, para isso, seria necessário outro tipo de pesquisa, com monitoramento contínuo dos mesmos pontos de coleta durante um longo período de tempo, o que não era o objetivo do nosso estudo. O que fizemos foi apenas um retrato instantâneo, coletando, de forma geral, apenas uma vez no mesmo ponto. É possível que, em determinadas situações, como após a interrupção do fornecimento de água pela rede por determinado tempo ou após grandes chuvas, a qualidade da água seja comprometida. Porém, durante a realização dessa pesquisa, não tivemos a oportunidade de observar as possíveis consequências
desses eventos. A partir dessa pesquisa, fui convidado pela doutora Marília Sá Carvalho, da Fiocruz, e pelos pesquisadores da Universidade de Columbia a participar do estudo que eles já vinham desenvolvendo na comunidade de Rio das Pedras, especificamente analisando a qualidade da água consumida na comunidade.
— Ainda não tive a oportunidade de avaliar os resultados pontuais que tivemos. Precisaria de um estudo diferente do atual e que fizéssemos um monitoramento nos mesmo pontos de coleta por um período de tempo grande para ser representativo estatisticamente e pudéssemos tirar conclusões mais bem fundamentadas. O estudo atual permitirá observar apenas um retrato instantâneo da situação. Não temos como saber como estava a qualidade da água alguns minutos antes ou depois de coletarmos as amostras.
— Tudo depende da integridade da rede de distribuição e das ligações das casas à rede de distribuição. Se a rede estiver sem rompimentos e com pressão interna adequada, não deveria ter problemas. Infelizmente não tenho dados para tirar conclu-
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— A água para consumo humano deve ser armazenada o mínimo possível para reduzir as chances de deterioração da sua qualidade. Por isso, o melhor é termos acesso a uma rede de abastecimento segura que forneça, continuamente, água em quantidade e qualidade adequadas. Entretanto, isso não é uma realidade para muitas pessoas. Assim, utilizamos o armazenamento de água de consumo, tipicamente em cisternas e caixas d’água. Os perigos do armazenamento vão desde insetos vetores se utilizarem desses reservatórios para procriar, criando focos de doenças (ex: Aedes aegypti transmissor da dengue), até o crescimento de micro-organismos que podem ser patogênicos (rotavirus causadores de gastroenterites). Tais problemas podem ser causados por utilizarmos recipientes inadequados para o armazenamento (sem tampa ou sem higiene adequada) ou mesmo durante o manuseio da água armazenada (contato da água armazenada com mãos sujas).
— De acordo com o site da CGVAM/SVS-MS, as etapas para filtrar e desinfetar com hipoclorito de sódio são: 1 - filtrar ou coar a água usando filtro comum ou coador; 2 após a filtração, colocar duas gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água filtrada; e 3 misturar bem e deixar sem mexer por 30 minutos. Depois disso, pode usar a água para beber ou lavar os alimentos. Segundo a mesma fonte, as etapas para filtrar e ferver são: 1 - filtrar ou coar a água usando filtro comum ou coador; 2 - ferver por cinco minutos; e 3 deixar a água esfriar. Depois disso pode usar a água para beber ou lavar os alimentos.
— As pessoas que fizerem o manuseio da água devem ter as mãos sempre limpas, assim como todos os utensílios que entrarem em contato com água. Se existir dúvida quanto à qualidade da água, podemos filtrá-la e desinfetá-la, com hipoclorito de sódio, ou filtrá-la e fervê-la.
https://www.facebook.com/ASCORPE
Isso aqui existe (os gatos) porque não tem água suficiente e por isso nós gastamos dinheiro todo dia para poder ter água em casa"
Só quem tem bomba tem água em casa. É um descaso total porque a Light, a Cedae e a Comlurb não vêm aqui e não temos saneamento básico"
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Já cansei de chegar uma da manhã e descer com balde para pegar água lá na Engenheiro porque a água chega de manhã e não chega à noite"
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NA AUSÊNCIA DO ESTADO, A RAIZ DA INFORMALIDADE MORADORES DO PINHEIRO QUEREM TER OS SERVIÇOS BÁSICOS DE ÁGUA, LUZ E COLETA DE LIXO PARA SE LIVRAREM DA PECHA DE LADRÕES EM REPORTAGENS TENDENCIOSAS rdszavozderiodaspedras@gmail.com
N
o dia 7 de junho, o jornal “O Globo” publicou, em sua edição de domingo, reportagem exclusiva sobre a proliferação de gatos de água e luz nas favelas do Rio de Janeiro. O texto foi ilustrado, tanto na primeira página quanto na página 10 da editoria Rio, com fotos da nossa comunidade, mais especificamente das bombas e relógios da Curva do Pinheiro (na capa) e da escadaria da Rua Bahia (página 10), que sugestivamente tinha em sua composição os fios de energia de luz e um providencial gato e sob a foto a legenda afirmava: "Um emaranhado de fios deixa claro o furto de luz." Tal afirmação seria uma verdade absoluta se a reportagem do jornal tivesse ouvido os moradores do Pinheiro ou a Associação de Moradores. Como não fez uma coisa nem outra, o texto, cita nossa comunidade apenas no décimo sétimo parágrafo (quase no fim) e mesmo assim para dizer que somos os vice-campeões em furto de energia no ranking da Light. Não passa de uma meia verdade, por não contextualizar o que ocorre em Rio das Pedras há décadas, que é a ausência completa de serviços de toda sorte pelo estado e pelo município, como ficou claro nos depoimentos dos moradores que podemos conferir a seguir. Josivaldo, morador do Pinheiro, que estava bem em frente ao tal emaranhado, disse que a proliferação de fios, relógios e bombas é porque a água disponibilizada pela Cedae não é suficiente para a abastecer a região e por isso os moradores gastam di-
nheiro do próprio bolso para puxar a água para as suas residências. Não bastasse a falta d'água, seu Josivaldo disse que o problema se repete no que diz respeito à luz e à coleta de lixo, que, segundo ele, também são insuficientes. — A Light não vem aqui em cima e a Comlurb não existe no Pinheiro. Aqui não tem serviço nenhum — afirmou. Seguimos nosso caminho subindo pela escadaria da Rua Bahia, passamos pelo belo “gato” que saiu nas páginas de “O Globo” e encontramos o Eman o e l , recém-chegado, há apenas um ano. Mesmo assim, ele já identificou que os problemas das ligações clandestinas são fruto da falta dos serviços básicos que deveriam ser providos pelo estado. — A água aqui é sempre um problema. Só quem tem bomba tem água em casa. É um descaso total porque a Light não vem aqui, a Cedae não vem nem a Comlurb, e não temos saneamento básico— enfatizou Emanoel. Em seguida, encontramos Adriano, também morador, que, diferentemente de Josivaldo e Emanoel, disse que a Cedae e a Comlurb estão presentes, mas de forma insuficiente. Revelou um dado que serve de alerta para a subprefeitura, que deve fazer uma ação coordenada entre os prestadores de serviços. — A Cedae está presente, mas é de vez em quando. A Cedae não fortalece a gente e por isso temos de gastar nosso dinheiro para ter água — explicou, para, em seguida frisar o ponto que nos chamou a atenção. — A Cedae disse que vai vir, mas só depois que a Light retirar os fios. Já a Comlurb passa um dia sim outro não. E fomos atrás de mais moradores, o que a nossa comunidade tem de mais especial. Encontramos Leandro
A Cedae não fortalece a gente e por isso gastamos dinheiro para ter água. A Cedae diz que vai vir, mas só depois que a Light retirar os fios"
A GARÇA E O RATO Não raro, as imagens falam tudo. Esta sequência de flagrantes do repórter-fotográfico Fábio Costa dispensa quaisquer palavras. As fotos são reveladoras de um cenário cruel da rotina urbana. O Rio das Pedras, que “banha” a nossa comunidade, e que há meio século era um córrego pelo qual fluíam águas limpas que brotavam de uma nascente local, hoje está abatido pela brutalidade humana: é um escoadouro de lixo e esgotos, um habitat ideal para ratos, baratas, urubus e outras pragas peçonhentas. Onde outrora as garças voavam à procura de peixes e alimentos saudáveis, hoje, como mostram essas fotos, caçam ratos. É o retrato de uma insólita convivência com os humanos, como atesta o biólogo Mário Moscatelli ao observar esse espetáculo desolador e fazer o desabafo no pequeno comentário publicado nesta página, sob o irônico título de “Adaptação”.
O emaranhado de canos, fios, bombas e relógios é convidativo para fotos. Mas sendo fotos jornalísticas, é importante que se contextualize para que nossa imagem não fique ainda mais estigmatizada por quem não conhece Rio das Pedras por dentro
A VOZ DA LIGHT "A Light reitera a informação enviada pelo repórter Ricardo de Souza e esclarece que o furto de energia não ocorre somente em comunidades, mas também em áreas nobres da cidade. Aproximadamente 60% do volume de energia roubado na área de concessão da companhia, que abrange 31 municípios do Estado do Rio de Janeiro, ocorrem em regiões fora de comunidades. "No que diz respeito especificamente a Rio das Pedras, a Light já vem trabalhando para melhorar a qualidade e a confiabilidade do fornecimento de energia para a comunidade. O projeto Light Legal, iniciado em 2014 no Areal e na Areinha, está em sua terceira etapa, na Rua Nova, e contemplará toda essa região, incluindo a área do Pinheiro. "O projeto é resultado de investimentos de aproximadamente R$ 90 milhões e tem como objetivo principal regular todo o fornecimento de energia para a comunidade. Até o momento, em toda a ação em Rio das Pedras, a companhia de
energia instalou e/ou substituiu 344 transformadores, 1.155 postes e 22 quilômetros de rede. "Os primeiros resultados são positivos. O furto de energia, que, por exemplo, chegava a 83,4% na região Areal, já foi reduzido para 18,9%, número que, em se tratando de recuperação de energia, é extraordinário, principalmente pelo local apresentar grande agressividade à rede e também ao pouco tempo de atuação da Light. "O trabalho que a empresa vem realizando traz grandes benefícios à comunidade, pois diminui a poluição visual, leva maior qualidade ao fornecimento de energia, reduz as interrupções e evita transtornos aos clientes, como queimas de aparelhos. Além disso, garante mais segurança, com a redução do risco de incêndios provenientes das ligações clandestinas." Atenciosamente, Assessoria de Imprensa - Light
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Conceição, morador do Pinheiro há três anos. Ele revelou outra face ainda mais cruel que a ausência histórica do poder público causa para a nossa gente. — Tem época aqui que você passa três, quatro dias sem água. Já cansei de chegar 1 da manhã e descer com balde para pegar água lá na Engenheiro porque a água chega de manhã e não chega à noite. Outras vezes chega à noite e não chega de manhã e dizem que a bomba da Cedae está fraca ou queimada— reclamou. Leandro, rodoviário, disse que o morador sem a bomba tem de se reunir com outros moradores, fazer uma coleta entre R$ 200,00 e R$ 300,00 para poder comprar água, segundo ele uma quantia alta. Mas também falou sobre a questão do lixo e, é claro, sobre o transtorno que é ser motorista de ônibus em Rio das Pedras.
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— Por enquanto, a Comlurb está limpando, mas normalmente só vem quando acumula muito lixo. Passamse dois, três dias e só depois a empresa vem limpar, como é o caso lá de baixo, na entrada — acrescentou. Como ele é rodoviário e ainda es-
A VOZ DA COMLURB "A Comlurb informa que a reclamação feita pelo sr. Josivaldo, morador da Curva do Pinheiro, em Rio das Pedras, não procede. A Companhia realiza coleta todos os dias, inclusive com pá mecânica, pois se trata de local de descarte irregular de lixo e entulho realizado por carroceiros. Cabe ressaltar que três vezes por semana é realizado um mutirão de limpeza. A gerência do bairro de Curicica está à disposição do morador para mais informações." Atenciosamente, Assessoria de Imprensa - Comlurb
tava com nosso jornal na mão, aproveitamos a ocasião para perguntar o que ele achava da criação do terminal. Leandro se empolgou. — A primeira coisa que precisava ter é um terminal, porque hoje é um transtorno, não temos lugares fixos para encostar. Cada pessoa pede para descer onde quer, sobe em qualquer lugar e como não tem regra isso sempre gera problemas para nós, motoristas, e para os moradores — reclamou, e aproveitou para elogiar a reportagem do nosso jornal com um ar de esperança de que o sonho da rodoviária pode se concretizar. Morador da nossa comunidade desde 1983, e no Pinheiro há 12 anos, Lindolfo disse que o fornecimento de água é precário, principalmente para os moradores da parte mais alta do Pinheiro. — O fornecimento de água aqui é
muito ruim porque a água chega fraca, não sobe, e se não colocar uma bomba a água não vai subir — disse, com a convicção que só reforça a opinião de todos os moradores ouvidos pela nossa equipe de reportagem. Mais do que os “gatos” evidentes nos fios, bombas, relógios e gatos reais ao longo da Rua Bahia, ficou claro é que não podemos ser tachados de ladrões, seja de água ou luz, se o poder público continuar ausente na nossa comunidade, na qual os moradores querem viver na legalidade, pagar suas contas de água e energia, desde que tais serviços sejam oferecidos com presteza e qualidade.
A VOZ DA CEDAE Até o fechamento desta edição não obtivemos retorno da Cedae.
ADAPTAÇÃO
MÁRIO MOSCATELLI
Uma das características das demais espécies animais que conseguem sobreviver junto da espécie humana chama-se adaptação. Adaptação ao esgoto, adaptação ao lixo, adaptação ao crescimento sem limites e sem qualidade que liquida o que há em volta. Portanto, se quiser sobreviver em companhia dos chamados humanos que normalmente transformam paraísos em purgatórios ambientais, acostume-se a comer ratos no lugar de peixes.
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Esse projeto está sendo maravilhoso porque estou podendo implementar nas escolas tudo o que sempre quis ter quando estudava e nunca tive, mas meu sonho é dar aula aqui"
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Peço que a comunidade dê mais atenção à arte e para ao poder transformador que ela tem. Querendo ou não, eu mesmo sou um exemplo para os meninos porque cresci aqui"
RIO, 25 DE JUNHO DE 2015
MORADOR DA COMUNIDADE HÁ 20 ANOS, LEANDRO MOURA, DE 25, CONHECIDO COMO ICE, É UM EXEMPLO DE DETERMINAÇÃO QUE NÃO SE ACOMODOU NA ADVERSIDADE FOTOS DE FÁBIO COSTA
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S
e a arte é resistência, como disse Leandro Moura, em nossa conversa sob um céu azul monocromático, educar pela arte é missão ainda mais árdua. Porém, para esse morador do Pinheiro, é gratificante e por isso hoje ele se vê realizado ao unir dois de seus maiores prazeres, que são o graffiti e as aulas de arte para adolescentes da rede pública, na qual também começou sua caminhada. — Estudei no Brizolão, no Ciep Governador Roberto da Silveira até a 4a Série, mas depois fui estudar fora da comunidade porque minha mãe achava que o ensino na época não era muito legal e então eu era um dos poucos que saíam de Rio das Pedras para estudar — lembrou. Essa mudança de padrão provavelmente moldou a personalidade de Leandro para o resto da vida. Ele disse que sempre quis estudar numa escola melhor, mesmo sabendo que ia ser um sacrifício acordar cedo, pegar ônibus, e por isso foi estudar na Escola Pio X, no Tanque, onde cursou até a 8a Série. — Eu poderia voltar para fazer o Ensino Médio, mas de novo esbarrei na qualidade do ensino, que eu não achava legal, e fui estudar na Barra, no Colégio Vicente Januzzi, e lá concluí o Ensino Médio — revelou, mostrando que frequentar outros lugares era o que ele precisava para encontrar o grafite. No entanto, ao terminar o Ensino Médio, Leandro se deparou com a encruzilhada que todo jovem de periferia tem: a opção de fazer ou não uma faculdade, por causa da necessidade de se sustentar. — Eu queria fazer desenho industrial, mas era um curso que exigia dedicação integral e isso me fez optar por uma formação mais técnica. Então parti para um curso básico de web, que me despertou ainda mais para a área do design — disse, enquanto fazia a base do muro que ia grafitar com um azul da cor do céu. A paixão pelo graffiti começou com 16, 17 anos, e sair de Rio das Pedras para conhecer outros lugares e muros que via das janelas dos ônibus arrebataram o então adolescente, que começara a desenhar aos 3 anos de idade, incentivado pela mãe, Glória, com quem mora até hoje. Outra mulher determinante na vida de Leandro foi Vera Lúcia de Sá, sua professora do Ciep Governador Roberto da Silveira, que inscreveu o então garoto num curso de arte depois de ver seus desenhos. — Nessa época eu tinha 14 anos e comecei a praticar até uns 16. Mas depois me desinteressei porque eu não guardava os desenhos e estava à procura de algo diferente. Foi aí que surgiu o graffiti — enfatizou. Como Leandro só conhecia pichadores, foi na transgressão dos mal compreendidos rabiscos que ele estabeleceu sua ligação com o grafite, do qual faz questão de citar suas maiores influências. — Somente depois de um ano e meio pintando sozinho comecei a conhecer os grafiteiros e os que mais me influenciaram foram o Acme, da Zona Sul, e o You2, da Rocinha, que infelizmente faleceu antes de eu conhecê-lo pessoalmente, porque era uma referência — lamentou. Após fundamentar as referências, Leandro desenvolveu os próprios métodos, que são coerentes com sua trajetória. Para ele, diferentemente da geração mais antiga, em que se desenvolveu de forma mais intuitiva, a nova geração parte do estudo da história do grafite e se entremeia com o design gráfico, a fotografia, o vídeo e a web. — Hoje em dia tem muito estudo em cima do graffiti e por isso não dá para ser de forma aleatória. Você tem de estudar antes de ir fazer. É como matemática e português — explicou.
'GRAFFITI É IGUAL A MATEMÁTICA E PORTUGUÊS: TEM DE ESTUDAR'
Durante a transição da escola para as ruas, e do retorno para as escolas como professor/monitor, Leandro passou por diversas experiências. Mas foi quando um amigo compartilhou o curso do Oi Kabum que ele deu a guinada para viver de arte e educação. — O mais legal foi que, além de design, tive aula de vídeo e fotografia. E assim que me formei fui trabalhar numa gráfica — recordou. Depois de passar por agência de publicidade e escritório de design, nosso Ice preferiu sair e buscar algo que sempre quis, que foi trabalhar a relação da arte com a educação. Foi aí que surgiu o projeto Imaginese/Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia. O curso oferecia a jovens de comunidades, estudantes ou egressos da rede pública formação em artes gráficas e hoje Leandro dá aula em Japeri, Belford Roxo, São João do Meriti e Jacarepaguá, mas sonha mesmo ensinar em Rio das Pedras. — Esse projeto está sendo maravilhoso porque estou podendo implementar nas escolas tudo o que eu sempre quis ter quando estudava e nunca tive — empolgou-se, confidenciando que na sua época de aluno o ensino de arte era "só pra bater ponto". Altruísta, Leandro diz que quanto mais ensina aprende. Pedimos então que contasse a origem do seu apelido. — Começou numa lan house, na qual eu tinha de encontrar um nick (apelido) para participar dos jogos coletivos, mas muita gente também achava que era porque eu bebia ice, mas não tem nada a ver — admitiu, com um sorriso mais descontraído. Mas altruísmo mesmo ele mostra quando diz que até já pensou em entrar para a política para mudar a vida de crianças como Gabriele, Kauan, Luan, Raíssa e Gabriel, que assistiam à arte desse educador da vida na Areinha, em meio a um cenário desolador. A "plataforma política" de Leandro é simples e seria muito eficaz. Com a palavra, o "candidato": — Cargos públicos, serviços públicos. Se os políticos usassem a saúde, a educação e o transporte público as coisas não seriam dessa forma. Segundo Leandro, nossa comunidade é um lugar que tem tudo a qualquer hora do dia e de madrugada, e é muito boa para quem tem a idade dele. Mas para as crianças está longe do ideal, como deixou claro no recado final: — Peço que a comunidade dê mais atenção à arte e para ao poder transformador que ela tem. Querendo ou não, eu mesmo sou um exemplo para os meninos porque cresci aqui. Podia ter descambado para outros caminhos, mas não. Para mim, a arte educa. Da hora em que eu acordo até a hora em que vou dormir eu penso em arte. Além de dar aula em Rio das Pedras, o sonho de Ice é não ver mais nossas crianças crescendo em um ambiente hostil para a dignidade humana: 'É preciso superar esse desafio e a melhor forma é encará-lo de frente'
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O ESFORÇO BEM RECOMPENSADO
CAMPO AUXILIAR EM COMPASSO DE ESPERA
Como campeão da Copa Serp, o Juventude, além do troféu, embolsou a quantia de R$ 2.000,00. Já o Nova Esperança, que ficou com o vice-campeonato, levou R$ 900,00.
Depende da Fundação Parques e Jardins o início das obras do campo ao lado do Campo Principal, que substituirá o Terceiro Campo: árvores terão de ser retiradas. RIO, 25 DE JUNHO DE 2015
JUVENTUDE CONQUISTA A COPA SERP FOTO DE FÁBIO COSTA
FOTO DE MARCOS POWERNET
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NOVA ESPERANÇA LUTA COM BRAVURA, MAS O CAMPEÃO MOSTRA SUA FORÇA E DÁ A VOLTA OLÍMPICA
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m jogo bem disputado, marcado pelo equilíbrio do início ao fim, o Juventude mostrou toda a sua categoria, derrotou por 4 a 2 o Nova Esperança e conquistou o troféu da Copa Serp. A decisão foi domingo (dia 21), no Campo Principal. Sílvio, Cristiano (2) e Cabeça, para o Juventude, e Ceará e Antônio, para o Nova Esperança, marcaram os gols. Não foi nada fácil a conquista do Juventude. Mesmo tendo feito logo 2 a 0, gols de Sílvio e Cristiano, o Nova Esperança reagiu e empatou, com Ceará e Antônio. O campeão ainda contou com a sorte: depois de seu primeiro gol, o Nova Esperança desperdiçou um pênalti, defendido pelo goleiro Leandro. Passado o susto, o Juventude voltou a jogar com tranquilidade e chegou ao seu terceiro gol, novamente com Cristiano. Em busca do empate, o Nova Esperança deu brechas na defesa e sofreu o quarto gol, marcado por Cabeça, artilheiro da competição.
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1 – Jogadores e comissão técnica posam para a foto que ficará na história do time, dono de mais uma taça para as muitas de sua galeria; 2 – Sílvio festeja o seu gol, o primeiro na vitória sobre o Nova Esperança; 3 – Cristiano também vibra, após marcar o terceiro, o do desempate, e a torcedora, com um filho no chão e outro no colo, faz o mesmo; 4 – o capitão Elias (à esquerda), o jornalista José Antonio Gerheim, presidente do Juventude, e o técnico Val exibem o troféu
FOTOS DE FÁBIO COSTA
BRASILEIRÃO DE 2015 SOMENTE EM JULHO Problemas como falta de campo e número de participantes estão retardando o início do Brasileirão de Rio das Pedras. O pior é que um problema leva ao outro. Sem data para o início das obras do campo que substituirá o antigo Terceiro Campo, o número de times inscritos
corre o risco de ser reduzido de 32 para 24. Roberto e Marquinhos, responsáveis pela organização da competição, esperam chegar a um acordo com os representantes dos times nesta sexta-feira, em reunião na sede do Social Esportivo Rio das Pedras (Serp). A ideia é que
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seja decidido o número de participantes. Em seguida, será feito o sorteio dos grupos. Se ficar decidido que o Brasileirão terá 24 participantes, o Serp dará preferência não apenas aos inscritos há mais tempo, mas também aos que são da própria comunidade.
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