FOTO DE DE FÁBIO COSTA
FOTO DE DE FÁBIO COSTA
Na falta de urbanização, Comlurb estendeu uma barreira de pneus no acostamento da Souza Filho para conter descarte de lixo
Diretora do Caic, Josefa Castro Guimarães, diz que cuida da escola como se fosse sua própria casa, a própria família
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ANO I - N0 6 - RIO DE JANEIRO, 24 DE SETEMBRO DE 2013
I N F O R M A Ç Ã O
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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Jornal on-line: http://issuu.com/avozderiodaspedras
O drama da falta de creches FOTOS DE LAERTE GOMES
Pais da comunidade dependem da sorte de ser premiado no sorteio para matricular os filhos numa das poucas vagas disponíveis nos espaços abertos pela prefeitura, enquanto os que não podem esperar pelo poder público recorrem aos cuidados de creches particulares, como a da Tia Cláudia.
Na sua creche na Rua Espada de São Jorge, no Areal 1, Tia Cláudia toma conta das crianças de segunda a sexta-feira, enquanto os pais trabalham
O DESEJO DE SER BAIRRO Um dos mais antigos e esclarecidos moradores de Rio das Pedras afirmou, no alto de sua experiência, que a prefeitura jamais iria permitir nossa transformação em bairro. Por quê? Porque o pessoal que milita na política quer continuar a considerar a nossa comunidade um curral que rende 30 mil votos… Respondemos que nada deterá a vontade expressa do nosso povo. Afinal, vivemos em um país democrático, onde a maioria sempre tem razão. A Voz do Rio das Pedras tem como objetivo expresso e inarredável tornar público o pensamento e os anseios da comunidade, sejam eles quais forem. Ouvidos por este jornal, comerciantes, prestadores de serviço e moradores, clamam por um mínimo de ordenamento urbano, reclamam da convivência com uma parafernália de ligações clandestinas de energia (72% da energia fornecida à comunidade são ”gatos”, segundo a própria Light), com a falta de presença do poder público, entre outras carências gritantes. Nossa comunidade sobrevive próspera e ordeira, graças ao espírito guerreiro do nosso povo. Embutido no desejo da transformação em bairro está expresso o direito à cidadania, que é uma das cláusulas fundamentais e irremovíveis de nossa Constituição. E por isso deve ser respeitado. A Associação Comercial do Rio das Pedras – da qual nosso jornal é porta-voz - defenderá com unhas e dentes o desejo da maioria.
Maria Aldenir e Manoela vieram do Piauí
O carpinteiro Adilson e o filho Raymisson
Maria Luiza e a filha Maria Fabiana
FOTO DE FÁBIO COSTA
A VOZ DO SUBPREFEITO
TIAGO MOHAMED PROMETE MELHORAR A SAÚDE E A EDUCAÇÃO NA NOSSA COMUNIDADE PÁGINA 3
TIMÃO SE CLASSSIFICA E FAZ A FESTA DA TORCIDA FOTOS DE DE FÁBIO COSTA
Corinthians vence o Nordeste e é o primeiro da Chave A nas quartas de final. Os outros três classificados são o Chelsea, o SAG e o Estrela da Gama. Domingo será a vez da Chave B definir os seus quatro finalistas. PÁGINA 8 FOTO DE JULIO CESAR VIEIRA
EDITORIAL
PÁGINAS 4 E 5
Mauricio (99) marca o gol da vitória do Corinthians sobre o Nordeste; a torcida acompanha lendo o nosso jornal: o clássico da Gardênia entre SAG e Estrela da Gama que terminou 2 a 2
A VOZ DA CIDADANIA
LEIA NA PÁGINA 2
SÁVIO BITTENCOURT
A VOZ DO DIREITO
CARLA CARDOSO DE MOURA
A VOZ DO LEITOR
Tem que mudar para não acabar
"Nasci e me criei aqui. Sei que isso tudo tem que mudar e, se Deus quiser, para melhor"
ADOVOZ LEITOR
R
ecebemos do comerciante Ricardo Ferreira, pelo Facebook, a seguinte mensagem: “Tenho uma peixaria há mais de 12 anos na Rua da Passagem, aqui em Rio das Pedras, e outra no complexo do Alemão, e nunca vi diferença de classe e tratamento tão grandes. No Alemão temos suporte da Light e da Cedae. Aqui na nossa comunidade não temos nem como ligar para falar com algum responsável, porque nunca recebemos respostas. No Alemão acabaram os ‘gatos’. Estou lá há apenas nove meses, mas sinto enorme diferença: esgoto não anda escorrendo entre os moradores, não fico sem luz. Em Rio das Pedras fico sem luz por causa dos ‘gatos’ e a Light diz que não tem previsão de retorno. Então pergunto: Meus peixes irão estragar? Não é só comigo, mas com todos. E quem tem criança pequena? O que fazer se a Light diz que não tem previsão? Alguns meses atrás, tacaram fogo na Engenheiro Souza Filho para a Light vir, porque já havia passado duas semanas sem luz. Tivemos que puxar fios de outros lugares para não termos prejuízos. Se eles não vêm consertar, quanto mais ressarcir nosso prejuízo! Fora o esgoto. Falei com o Pimentel, engenheiro chefe da Cedae de esgotos. Ele veio. Se vocês perguntarem ele dirá que conhece o Ricardo da Peixaria. Foi até educado com nosso problema, mas tive de fazer obras na rua sem ajuda do poder público. Só os vizinhos colaboraram com algum material. Recebemos muitas promessas, mas até hoje esperamos solução para a Rua da Passagem. Até o Brazão (vereador Chiquinho Brazão) disse que iria solucionar, porque basta uma chuvinha fina para ficarmos ilhados. Estive na associação de moradores, pedimos o caminhão vacuo (limpa-fossa), que até hoje não chegou. Estamos vendo uma das ruas de movimento de comércio de maior popularidade se acabar. Nasci e me criei aqui, não vim de fora não. Sei que isso tem que mudar e se Deus quiser para melhor. Minha peixaria vende para quase todos os bares de Rio das Pedras. Vendo mais de 2 mil quilos por semana. Preciso de ajuda para isso não acabar.”
"É necessário que o poder público tenha capacidade de organizar o espaço nas comunidades"
2 RIO, 24 DE SETEMBRO DE 2013
QUE VENHA O PODER PÚBLICO
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
que fazer com a cidade ilegal? Aquela construída sem autorização, sem planejamento, em terreno alheio, mas que congrega um contingente expressivo da população e que necessita de cuidados por parte de poder público, na defesa da cidadania e do meio ambiente. Recordo-me das palavras da professora Ermínia Maricato, da USP, sonando nos meus ouvidos, quando afirmava que "as pessoas não evaporam depois da jornada de trabalho". Cá entre nós, como seria cômodo para o capitalismo que essa frase não fosse uma verdade absoluta e as pessoas, depois do trabalho, simplesmente desaparecessem... Mas assim não é. Elas voltam para algum lugar em que lhes seja possível viver e lá, inclusive, titularizam vários direitos de sua cidadania. Para que esta cidadania seja plena é necessário que o Poder Público tenha a capacidade de organizar a ocupação do espaço nessas comunidades e de aplicar as regras de convivência mais essenciais. É ao mesmo tempo um poder e um dever do Estado garantir que a mesma lei que protege a vida comum na cidade formal seja também aplicada à cidade denominada de informal. Para além dos projetinhos, das Ongs, das iniciativas isoladas, há que se ter uma política urbana concreta e explícita para cada comunidade, fazendo-se o PoSAVIO BITTENCOURT* der Público - finalmente presente na produção do espaço nas comunidades. Esta mudança de paradigma não é fácil, mesmo que seja óbvia. O Ministério Público tem lutado para que o Município e Estado cumpram sua destinação constitucional e protejam, imediatamente, as pessoas que vivem em comunidades com risco alto é médio de desmoronamentos ou desabamentos. Tem lutado pela manutenção das áreas verdes em comunidades, pela implementação de políticas públicas, pelo respeito às áreas de convivência comum. Esta área do MP que defende os interesses de todos (meio ambiente, saúde, probidade administrativa, idoso, criança, consumidor etc) se chama Tutela Coletiva, e conta com diversas especialidades. Para concluir, é preciso se ressaltar que sem Estado - democrático e garantidor de direitos e liberdades - só se têm a barbárie e a vitória de interesses particulares, muitas vezes escusos, que não raramente dominam as áreas mais pobres, em busca de lucro com atividades criminosas ou serviços ilegais. As comunidades necessitam ser encampadas pela cidade formal, serem adaptadas à legalidade, com suas peculiaridades, mas com a exigência de respeito ao cidadão que lá vive, que merece da lei a mesma consideração de qualquer outro brasileiro, por mais ilustre que seja. Afinal, numa democracia, ilustre mesmo só (e todo) o cidadão.
divulgação desses direitos é fundamental para que todos os cidadãos possam fazer valer aquilo que está previsto na lei e que representa uma conquista popular. Com a criação dos Juizados Especiais Cíveis, qualquer cidadão pode reclamar reparação pelo desrespeito aos seus direitos de consumidor, desde os casos mais simples até os mais complicados. Partindo do princípio de que toda relação negocial precisa ser construída na base da confiança, o fornecedor (de produtos e serviços) precisa ser o mais claro possível, porque a boa-fé e a transparência passaram a ser uma obrigação imposta pela própria lei. Mas quais direitos podem ser reclamados? O Código de Proteção e Defesa do consumidor estabeleceu inúmeras garantias, e vamos conhecer agora as mais importantes. Eles foram estabelecidos para proteger a vida e segurança; saúde: física, mental e econômica do consumidor. Isto quer dizer que nenhum produto ou serviço pode representar um risco para o consumidor (ainda que seja perigoso), por isso o fornecedor tem que cuidar e se esforçar para que a utilização ocorra de forma segura. As informações sobre os riscos devem estar muito claras nas embalagens dos CARLA CARDOSO DE MOURA* produtos, inclusive, ensinando a forma correta de utilização, e se o risco for grande, o produto não deve estar no mercado. Aliás, todas as informações sobre o produto ou serviço devem ser claras, educativas e facilitar a decisão do consumidor sobre a compra ou contratação. Outra obrigação do fornecedor é fazer a propaganda dentro dos limites da verdade e a cumprir o que foi prometido, porque a propaganda enganosa ou abusiva também dá direito ao consumidor de receber tudo conforme anunciado ou devolver o bem, e também reclamar pelo serviço mal prestado e de ser indenizado. Os contratos também devem respeitar a clareza e a transparência, pois o consumidor deve entender exatamente o que está contratando, não sendo obrigado a cumprir cláusulas consideradas abusivas e desleais. Todo e qualquer dano (físico, moral ou econômico) deve ser indenizado, porque o prejuízo causado não pode ficar sem reparação. Isto quer dizer que se a mercadoria comprada não funciona ou se causou alguma lesão física ou se o nome foi negativado sem motivo, em qualquer dessas situações o fornecedor deverá indenizar o consumidor. Os serviços prestados, sejam eles por uma empresa privada, sejam pelo Estado, devem atender ao que dele se espera. Portanto, todas as vezes que ele falhar, o cidadão poderá reclamar seus direitos.
O
A VOZ DA
CIDADANIA
*Savio Bittencourt é procurador de Justiça do MPRJ
A VOZ DO DIREITO
*Carla Cardoso de Moura é advogada e professora de Direito do Consumidor da UniverCidade.
Este espaço está reservado para o Ministério Público do Estado orientar a Comunidade de Rio das Pedras sobre seus direitos e como pode ser amparada por aquele orgão.
ANTES
A
A
equipe do jornal circulava pelas ruas da comunidade quando se deparou com uma enorme poça, na verdade um gigantesco vazamento bem em frente ao restaurante “Rafanete”, na esquina da Engenheiro Souza Filho com a Rua Xaxá. Registramos o desabafo de Val, a dona do restaurante que, desiludida, pensava até em se desfazer do negócio, porque a inundação (foto à esquersa) afungentava a clientela. Mas a Cedae, para quem enviamos a reclamação publicada no jornal, deu um jeito (foto à direita) e, pelo menos por enquanto, o pessoal daquela área pode respirar e viver aliviado.
NOTA DA REDAÇÃO: Nossa reportagem ouviu o presidente da Associação dos Moradores (Amarp), Fabrício Santos, que confirma a informação do comerciante Ricardo sobre o problema do esgoto na Rua da Passagem e o pedido de um caminhão vacuo. Ele explicou que a prefeitura só dispõe de um caminhão desse tipo para atender toda a região da Baixada de Jacarepaguá e que só vem a Rio das Pedras às quintas-feiras, o que não atende à demanda da comunidade. Disse, ainda, que a associação está comprando um vacuo para solucionar o problema.
쐀 Cartas para a redação de A Voz de Rio das Pedras, a/c do Núcleo de Cidadania, Rua Nova n0105, loja 2. e -mails para contato@avozderiodaspedras.com.br
DEPOIS
EXPEDIENTE EDITOR-CHEFE
CHEFE DE REPORTAGEM
FOTOGRAFIA
Aziz Ahmed
José Antonio Gerheim
Fábio Costa
(Reg. 10.863 - MTPS) azizahmed@avozderiodaspedras.com.br
gerheim@avozderiodaspedras.com.br
TRATAMENTO DE IMAGENS
CONSULTORES
Eduardo Jardim
EDITOR EXECUTIVO
Cláudia Franco Corrêa Irineu Soares
ANALISTA DE MÍDIA E WEBMASTER
Laerte Gomes www.avozderiodaspedras.com.br
laertegomes@avozderiodaspedras.com.br
Claudia Gonzaga claudiamulti@uol.com.bt
Uma publicação da Livraria e Editora Citibooks Ltda. CNPJ: 05.236.806/0001-5 Rua Jardim Botânico, 710, CEP 22.460-000 para a Associação Comercial do Rio das Pedras (em organização). Rua Nova 105 – Loja, Rio das Pedras
Publicação quizenal / Tiragem: 20 mil exemplares / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA / Impresso na Gráfica e Editora Jornal do Commercio
CLASSIFICADOS GRÁTIS! A partir dos próximos números, este jornal vai reservar espaço para que você, morador ou comerciante de Rio das Pedras, possa anunciar bens, serviços ou produtos que esteja disposto a alugar, vender ou, simplesmente, doar. Basta que seja um texto curto e grosso, que vamos publicar de graça. Se quiser "vender seu peixe", encaminhe o anúncio para o setor de classificados para o e-mail contato@avozderiodaspedras.com.br.
APROVEITE!
Subprefeito reconhece carências da comunidade nas áreas de Saúde e Educação e anuncia investimentos da prefeitura nessas áreas.
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Tiago Mohamed afirma que a Academia da Terceira Idade existente na Clínica da Família pode ser utilizada por todos os moradores.
RIO, 24 DE SETEMBRO DE 2013
ENTREVISTA
FOTOS DE FÁBIO COSTA
TIAGO MOHAMED - SUBPREFEITO DA BARRA E JACAREPAGUÁ
Tiago Mohamed – Sim, conheço. A Prefeitura já fez importantes obras dentro do bairro, como Espaços de Desenvolvimento Infantil e uma Clínica da Família.
– Várias vezes.
– Destacamos carência na área de Saúde e Educação. A população aumentou muito nos últimos anos e não houve investimentos públicos. Quando entramos na Prefeitura percebemos uma demanda não atendida de vagas em creches e escolas e de saúde. A prefeitura construiu dois Espaços de Desenvolvimento Infantil na comunidade e uma Escola Municipal. Também inaugurou uma Clínica da Família e vai fazer outra clínica para atender 100% da população. Há questões de infraestrutura que precisam ser resolvidas, como saneamento básico, e a questão do lixo. Nosso desafio é melhorar os serviços de coleta, que em Rio das Pedras é feita diariamente, e ampliar as ações de educação para resolver de maneira definitiva a questão do descarte irregular de lixo.
– Esse desejo de se tornar bairro nunca foi explicitado pelos moradores de Rio das Pedras. Falamos sempre com lideranças locais e esse assunto não foi abordado. Não sei se virar bairro vai resolver o desejo dos moradores. Acredito que eles querem mais investimentos públicos. Não é se transformar em bairro que vai melhorar Rio das Pedras.
– Não é verdade. A prefeitura tem investido em todas as áreas da cidade. Em comunidades pacificadas fica mais fácil o trabalho, mas estamos fazendo obras nos bairros que precisam indiferentemente se a área tem problemas de violência, de milícia, ou de tráfico. Em Rio das Pedras construímos Espaços de Desenvolvimento Infantil (creches) e uma escola, mesmo sem UPP.
– Academia da Terceira Idade existe na Clínica da Família e pode ser utilizada por todos os moradores. A construção de uma Vila Olímpica pode ser estudada. Existe uma praça com campo de futebol e alguns espaços para lazer das crianças. Anos atrás áreas públicas foram invadidas. Mas desde que entramos na prefeitura não permitimos mais invasões e recentemente transformamos uma dessas áreas em um espaço de lazer para as crianças.
– Antes da gestão de Eduardo Paes se observava alguns conflitos entre as Subprefeituras e as Regiões Administrativas (RA). Agora nesse esquema de apenas seis subprefeitos, eles despacham direto com o prefeito e isso contribui para uma gestão mais eficiente. Quando diminuiu de 18 para seis, fortaleceu os subprefeitos, igualando-os ao nível dos secretários.
– Quero muito que a população te-
“NÃO VAMOS DESCANSAR UM MINUTO PARA CONSEGUIR AS MELHORIAS PARA OS MORADORES” Responsável pela administração da nossa comunidade, o subprefeito da Barra e Jacarepaguá, Tiago Mohamed, de 36 anos, tem cara de alemão, nome de árabe e disciplina de um suíço da Guarda do Vaticano. Acorda cedo. Pratica tênis ou corrida, quase todas as manhãs. Também joga futebol e é marrento: diz que é bom de bola. Rubronegro, começa a cobrar as coisas bem cedo, despachando e-mails ou telefonemas para os assessores a partir das 7 horas, numa rotina semelhante ao do prefeito Eduardo Paes, com quem trabalha há 13 anos. Casado, pai de um filho, natural de Duque de Caxias e residente na Cidade Jardim (Curicica, na Barra), formado em Administração e graduado em Marketing, ele concedeu ao nosso jornal a seguinte entrevista:
nha um atendimento de saúde satisfatório. Meu objetivo é que 100% da população seja atendida. Com a construção de mais uma Clínica da Saúde da Família vamos atingir esse objetivo. Antes existia apenas um posto de saúde, com capacidade para no máximo dez pessoas. Hoje temos a Clínica da Família Otto Alves de Carvalho. A clínica atende 31.500 pessoas, conta com nove equipes de saúde da família e quatro de saúde bucal. São realizadas em média 3.600 consultas médicas mensais, além de procedimentos ambulatoriais, exames e consultas de enfermagem e dos agentes de saúde. Na clínica é possível realizar exames laboratoriais, ultrassonografia, raios-x, el etrocardiograma, curativos, vacinação, planejamento familiar, teste do pezinho, acompanhamento de pré-natal, além de distribuição de medicamentos. Na clínica também funciona uma Academia Carioca da Saúde. A clínica fica na Avenida Engenheiro de Souza Filho, s/nº – Jacarepaguá, e atende de segunda a sexta-feira, de 8h às 20h, e aos sábados, de 8h às 12h. Também faremos investimentos em Educação. Entendemos que alguns problemas, como o descarte irregular de lixo, só se resolve com educação. Não vamos descansar um só minuto para que as metas sejam cumpridas.
parada. Quanto ao atendimento, nas Clínicas de Saúde da Família, os moradores são atendidos po r uma equipe composta por técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos e outros profissionais da área de Saúde. É um atendimento de prevenção. Semelhante ao que os planos de saúde oferecem para seus pacientes, através de consultas de rotina. Antes dessas clínicas, pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) lotavam os hospitais, porque só procuravam um atendimento médico nas emergências, ou seja, quando estavam doentes.
– A Prefeitura fez um levantamento de terrenos para a construção dessa Clínica da Saúde da Família, que já tem verba no orçamento, e para a construção de escolas e creches, também com verba disponível no orçamento.
– Quem tem que fazer avaliação é a população. Rio das Pedras tem problemas, mas avançamos em relação a 2009. E vamos trabalhar mais ainda para fazer tudo o que está previsto.
– Se alguém estiver na Clínica da Saúde e precisar de ambulância, a própria equipe da clínica providencia. Há um sistema chamado Samu que é um serviço destinado a toda população no município do Rio de Janeiro. Ligando para o número 192, os usuários localizados no Município do Rio de Janeiro são atendidos e avaliados por telefone, por profissionais que irão acolher e classificar o grau de urgência do paciente, conforme protocolo de Acolhimento e Classificação de Risco e Portaria 2048 do Ministério da Saúde. Se o paciente estiver na clínica, essa transferência para um hospital é feita pela própria equipe da clínica. Não há necessidade de cada unidade ter uma ambulância
– Em relação a novas escolas, a prefeitura do Rio anunciou a construção das primeiras 109 unidades do programa Fábrica de Escolas do Amanhã que, até 2016, vai entregar à cidade 250 unidades de ensino que funcionarão em turno único. Com investimento total de R$ 1,4 bilhão serão construídas 109 unidades, das quais 77% ficarão na Zona Oeste da cidade. Está prevista também a construção de mais uma Clínica da Família em Rio das Pedras. O objetivo é chegar em 100% de atendimento da população local.
– Quero dizer que tenho muito carinho por Rio das Pedras. O governo Eduardo Paes tem trabalhado muito para melhorar a qualidade de vida da população em geral. Não vamos descansar um minuto para conseguir as melhorias para esses moradores.
Também faltam vagas nas escolas, não é só nas creches” Marília, 39 anos, mãe de Thales, e avó de Guilherme.
Há sempre oferta de creches particulares para quem pode pagar, como essa da rua das Hortencias no Aeal 1
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Quem tem dinheiro consegue. Quem não tem, tem de ter sorte” Cleane, mãe de Gustavo, 2 anos.
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“Deixam o terreno abandonado, jogam lixo. Aí eu boto fogo, para espantar os mosquitos”
RIO, 24 DE SETEMBRO DE 2013
A VOZ QUE NÃO VAI CALAR TERRENO ABANDONADO, TERRENO QUEIMADO
Alessandra, 16 anos e Manuela, 5 meses , vendedora vai tentar a sorte em dezembro
Maria Aldenir e Manoela, 1 ano e 4 meses chegaram há 2 meses de Piripiri no Piauí e mãe precisa muito da vaga na creche para poder trabalhar e ganhar a vida
Marília com o filho Thales, 6 anos e o neto Guilerme, 4 meses: nem escola, nem creche
Adriana, 18 anos, com Caio Gabriel, 8 meses, não confia em creche e vai criá-lo em casa
Maria da Paixão com o filho Joel, 4 anos: Eu botei na creche particular, ele quebrou três dentes”. Aqui na pública (Otávio Henrique de Oliveira) ele é mais bem tratado
Fabiana Roberto, 20 anos e Márcia Cristina, 1 mês: “não tenho como pagar creche particular
CADÊ MINHA VAGA NA CRECHE? FOTOS DE LAERTE GOMES
OS PAIS DAS NOSSAS CRIANÇAS JÁ VIVEM A EXPECTATIVA DE PODER GRITAR "BINGO!" NO SORTEIO PREVISTO PARA DEZEMBRO DAS POUCAS VAGAS ABERTAS PELA PREFEITURA NOS DOIS ESPAÇOS DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL DA NOSSA COMUNIDADE
O terreno baldio, abandonado, na Rua Espada de São Jorge, onde recentemente terminou as obras de colocação dos novos bueiros da rede de esgotos pela Companhia Estadual de Habitação (Cehab), fica quase em frente à Creche da Tia Cláudia, que diariamente recebe dez crianças para cuidar, enquanto os pais e mães saem para trabalhar. Mesmo com a campanha feita por alguns moradores - à frente o Seu Eduardo (foto), um dos mais antigos de Rio das Pedras -, no sentido de que não se jogue lixo ou quais outros objetos no local, muitos insistem em ignorar os apelos: - Como aqui tem muita criança, muito idoso, o acúmulo de lixo, o mato que cresce solto, atrai moscas e mosquitos. Até cobras já apareceram. Como até agora a prefeitura não ouviu nossos apelos, não coloca caçambas para o pessoal botar o lixo, sou obrigado a tacar fogo, queimar tudo. Mas quem também tinha de resolver o problema é o dono do terreno, o seu Jorge do Gás, um aposentado que nunca aparece reclama Seu Eduardo. A moradora da casa bem em frente ao terreno abandonado, no número 49, Maria José Soares (foto), mãe de quatro filhos pequenos, entra na conversa e desabafa: - Sei que Seu Eduardo tem de queimar o mato e o lixo, mas isso acaba causando doenças nos olhos e nas gargantas das crianças alérgicas à fumaça.
UMA BABÁ COMUNITÁRIA Elisângela, 16 anos, com João Kelvy, 1 ano e 3 meses, vai entrar no sorteio, porque precisa da vaga para continuar os estudos no Fundamental
É
só andar pelas vias ou ruelas da nossa comunidade, principalmente pela manhã, para observar um vai e vem de mães, algumas muito jovens, carinhas de adolescentes, carregando os filhos nos braços. Pergunta aqui, pergunta ali, constatamos um drama que está a exigir, principalmente da prefeitura, solução urgente: a falta de vagas nas creches para uma população que cresce freneticamente, como é o caso de Rio das Pedras e comunidades vizinhas, como Muzema e Tijuquinha. A angústia das mães e pais das crianças aumenta com a chegada do fim de ano, porque em dezembro está previsto o sorteio das vagas que serão oferecidas. O que já se vê não passa de uma meia solução, um anal-
Flávio Pires, 31 anos, com a filha Gabrielle, 3, a esposa Adalúbia, 27 e a mãe Maria das Graças, 58, diz que é preciso poder escolher a creche
Cleane, 20 anos, com Gustavo, 2 anos: e depois do sorteio ainda tem de esperar a escolha pela comissão
gésico para aliviar a dor, quando o problema exige uma dose muito mais forte para curar o mal pela raiz: o número de ofertas de vagas tem de ser no mínimo igual à procura. Um exemplo desse quadro de expectativa e dramaticidade é o depoimento de Maria Aldenir à nossa reportagem. Disse ela: - Deixei Piripiri, minha cidade lá no Piauí, com minha filha de um ano e quatro meses e vim morar na casa de meu irmão até conseguir um trabalho de faxineira ou de serviços gerais para garantir meu sustento, poder alugar uma casa. Por isso saio todos os dias para lutar por uma inscrição no sorteio que vão fazer nas creches da prefeitura e conseguir uma vaga no ano que vem para deixar a Manuela enquanto trabalho. Espero ter sorte. A mesma esperança de poder gritar "Bingo!", no aguardado sorteio de vagas de dezembro, é acalentada pela jovem Cleane, de 20 anos, mãe de Gustavo, de dois, que encara o problema
Adilson, 27 anos com Raymisson, 3 e o avô Adailton, 60 não podem continuar pagando R$ 200 mensais e vão tentar a sorte
com muita consciência: - Quem tem dinheiro, e aqui, na nossa comunidade, são bem poucos, não tem tanto esse problema, pode pagar uma creche particular, contratar uma babá, ou mesmo ficar em casa só cuidando das crianças. Já quem não tem recursos e precisa trabalhar, como eu, tem que contar mesmo é com a sorte, ter a bolinha premiada. Bolinha premiada quem também espera ansiosamente conseguir é o carpinteiro maranhense Adilson, de 27 anos, para poder se livrar do gasto mensal que tem com uma creche particular onde deixa o filho Raymisson, de três: - Para mim é um preço salgado (R$ 200,00), mas não tenho outra opção. Raymisson fica lá das sete da manhã às cinco da tarde. Na hora do almoço, quando posso, pego ele para brincar um pouco comigo e com o avô (seu Adailton, de 60 anos, apo-
Keane, 22 anos com a mãe e José Arthur, 24 dias, moram na Tijuquinha, onde não há creche pública
sentado). Não fui feliz no sorteio do ano passado, não consegui a vaga, mas agora em dezembro espero tirar a bola quente. O drama de quem precisa criar os filhos e trabalhar afeta até quem tem melhores condições de vida, empregos mais bem remunerados. É o caso do paraibano Flávio Lima, de 31 anos, que é caixa de um restaurante na Barra, e de sua esposa, Adalúbia de 27: - Não é só o problema de conseguir uma vaga na creche. Existe ainda a dúvida sobre as condições em que você vai deixar seu filho ou filha, quem vai cuidar deles. Eu não vivo esse drama porque ganho no meu trabalho um salário que não exige que minha mulher tenha de trabalhar e assim ela pode acompanhar o crescimento da Gabrielle, minha filha de três anos. E ainda contamos com o apoio da avó, minha mãe (Maria das Graças, de 58 anos). Sem contar que moro em casa própria e não pago
Maria Luiza e a filha Maria Fabiana, 2 anos, acha que tem muita procura para pouca vaga nas creches de Rio das Pedras
aluguel. Mas tenho vizinhos e amigos que não têm essas condições e precisam que o governo encontre uma solução justa para todos. Solução justa que faz com que Kaene, uma cearense de 22 anos, há quatro morando na vizinha comunidade da Tijuquinha, saia de casa com a filhinha no colo, de apenas 24 dias, venha para Rio das Pedras, já extremamente preocupada em conseguir se inscrever para o sorteio de dezembro e garantir vaga para deixar a menina, porque tem de correr atrás do sustento: - Tenho de trabalhar para ajudar o pai, que é ajudante de pedreiro, a sustentar nossa família e nossa casa. Rezo todo dia e tenho fé de que vou conseguir o lugar para deixar minha filhinha enquanto trabalho aqui mesmo em Rio das Pedras. Na Tijuquinha não tem creche.
DAQUI NÃO SAIO, DAQUI NINGUÉM ME TIRA "Eu estava assim. Levei uma trombada de um caminhão da prefeitura, fiquei assim, todo capenga, esperando que viessem me socorrer, mas nada. Continuei resistindo, segurando toda a carga dessa cada vez mais pesada e enrolada teia de aranha formada por tantos fios, desde os poucos que são ligados corretamente aos raros relógios da dona de minha vida (a senhora Light) até os ilegais (‘gatos’), que são maioria absoluta na nossa comunidade, onde estou fincado até a raiz, aqui nesse cantinho, abandonado à própria sorte. Já consertaram o buraco da esquina de minha rua, já arrumaram um pouco melhor as caçambas pro pessoal colocar o lixo...mas, quanto a mim, nada. Verguei ainda mais, quebrei, estou quase no chão. Parece até que a culpa é minha, que eu é que não quero sair daqui, que passo as 24 horas de cada dia cantando a velha marchinha de carnaval, ‘daqui não saio, daqui ninguém me tira’, até acontecer a tragédia anunciada e meu corpo se esborrachar no chão e todo mundo ficar no escuro, sem luz, sem água gelada, sem tudo.” Assinado: Poste da Rua Nova. Até quando, dona Light?
Numa comunidade carente, como a nossa, o drama dos pais aumenta na hora de ter de deixar os filhos e ir trabalhar para ganhar a vida e manter a casa e a família. Como o número de creches oferecidas pelo poder público está ainda muito aquém da procura, uma das opções é entregar as crianças aos cuidados de pequenas creches particulares, como a da Tia Cláudia (foto), na Rua Espada de São Jorge, 79, no Areal 1. Uma casinha simples, pintada de verde, onde na sala da frente está o espaço ocupado pelas 10 crianças. - Uso toda a experiência que adquiri cuidando de crianças, como babá em casas de famílias para ajudar meu esposo, que é segurança, a criar nossos quatro filhos. Essa pequena creche começou a funcionar aqui há dois meses, depois que as obras de saneamento terminaram. São dois turnos, o primeiro de sete às 17 horas, dura dez horas e custa R$ 180, o segundo dura seis horas, do meio dia às 18 horas e custa R$150 por mês. A comida das crianças é por conta dos pais, que deixam os alimentos aos meus cuidados. Cuido da saúde deles. Se há alguma situação de emergência levo à Clínica das Famílias - explica tia Cláudia, uma carioca de 43 anos, nascida e criada na Zona Norte, dona do negócio, na realidade uma babá comunitária : - Quando criança gostava de brincar de casinha, cuidar das bonecas. Tive quatro filhos homens, já criados e bem encaminhados na vida. Procuro manter um clima de alegria e harmonia e meu lema é cuidar bem das crianças para merecer a confiança dos pais. São todos meus filhos – conclui tia Cláudia.
Sem urbanização, trecho da Avenida Engenheiro Souza Filho é cercada por pneus para não virar depósito de lixo.
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A esquina das ruas do Amparo com Vila Vale, que era um verdadeiro lixão a céu aberto, agora tomou jeito e ganhou um aspecto mais civilizado.
RIO, 24 DE SETEMBRO DE 2013 FOTOS DE FÁBIO COSTA
BARREIRA CONTRA O LIXO N Duas situações distintas. Numa, a barreira de pneus, com plantas decorativas, uma improvisação da Comlurb para evitar que aquele trecho da via principal de acesso à nossa comunidade virasse uma lixeira. Noutra, sem ter por onde escoar, a água das chuvas forma um piscinão na pista, causando transtornos aos motoristas
NA FALTA DE URBANIZAÇÃO, COMLURB QUEBRA O GALHO COM PNEUS
a Avenida Engenheiro Souza Filho, um dos principais acessos à Rio das Pedras, é o retrato da falta de consideração e respeito do poder público para com a nossa comunidade. É uma via pública que, não sendo urbanizada, vive de remendos. Há quatro meses, a Comlurb procurou tratar da sua parte e cercou os dois lados da pista com barragens de pneus usados. A companhia municipal de limpeza urbana informou ao nosso jornal que o trecho era um ponto de descarte irregular de lixo, entulho e bens inservíveis e fez a intervenção no local porque ali não há nenhum tipo de urbanização. E este detalhe a reportagem constatou ao observar que basta uma chuvinha miúda e aquele trecho fica alagado, por causa da depressão da pista, que mais parece um tobogã. E mais: por ser uma área muito grande, a gerência de s erviços do bairro optou por colocar pneus com terra para coibir o vazamento inadequado. A manutenção no local é diária. Antes, a Comlurb fazia de 10 a 15 viagens de caminhões lotados de resíduos. Hoje, diz a empresa que isso não acontece mais. E para dar um aspecto melhor ao local foram plantadas algumas espécies de plantas nos vãos dos pneus, tais como: ficus, espirradeira, pingo de ouro, entre outras. Essa providência revela que há órgãos da Prefeitura que não falam a mesma língua. Enquanto a Comlurb busca uma solução provisória, um quebra-galho para evitar piores consequências, o órgão responsável pela urbanização não cuida de fazer a sua parte numa avenida da importância da Engenheiro Souza Filho, o principal acesso viário à nossa comunidade.
FOTOS DE LAERTE GOMES
ESQUINA CHIQUE É como podemos chamar a esquina das ruas do Amparo e Vila Vale, onde se concentra uma variedade de lojas de moda, sapatos, boas lanchonetes e também alguns points e barzinhos, que preenchem a rotina dos jovens antenados da nossa comunidade. Antes, essa esquina se transformava em insuportável esquina do lixo, tal o número de dejetos ali despejados, em parte por causa da falta de lixeirinhas e caçambas para colher o lixo. As lixeirinhas vieram, foram colocadas alí pela Amarp, mas em princípio não resolveu o problema, ao contrário, agravou, segundo a dona da loja de modas da esquina, porque a coleta não é constante e a quantidade de lixo era muito acima da capacidade das lixeiras, que acabavam transbordando. Além de as caçambas atrapalharem a entrada e saída das lojas, tiravam o visual das vitrines e mostruários. Comunicada, a Amarp concordou, retirou as lixeiras e a solução agora é uma só: placas grandes em letras garrafais avisando "É proibido jogar lixo aqui” e alertando para a multa da nova lei que pune quem for flagrado jogando lixo, papel ou ponta de cigarro no chão. E ainda há no local um segurança para fazer a lei ser cumprida.
Se andassem, esses manequins da loja de modas na esquina das ruas do Amparo com Vila Vale já poderiam sair desfilando. Antes, estavam cercadas pelo lixão em frente. A colocação de lixeiras e caçambas, o recolhimento diário e a vigilância de um segurança devolveram o glamour ao local
O lema da diretora do Caic é: Tá mal feito, conserta. Tá mal cuidado, arruma. E passa a cuidar para conservar e melhorar.
Hoje são servidas quatro refeições diárias: lanche às 9h30min, almoço às 12h, lanche da tarde às 15h30min e jantar às 18h.
7 RIO, 24 DE SETEMBRO DE 2013
FOTOS DE FABIO COSTA
DIRETORA GARANTE QUE O CAIC ESTÁ MUDANDO: PARA MELHOR
“T
á mal feito, conserta. Tá mal cuidado, arruma. E passa a cuidar para conservar e melhorar. Esse é o lema que me acompanha desde que entrei para o magistério, há 47 anos, na Escola Municipal Julia Kubitschek, nome que homenageia a mãe do ex-presidente da República, Juscelino, o JK”. Assim começou nossa conversa com a professora Josefa Castro Guimarães, diretora-geral do Centro de Apoio Integrado à Criança e ao Adolescente (Caic) Euclides da Cunha, cuja filosofia e arquitetura seguem o modelo dos Cieps (Brizolões) construídos nos oito anos em que nosso estado foi governado pelo engenheiro Leonel Brizola. Os Caics foram planejados pelo expresidente da República Fernando Collor e seguido pelo sucessor Itamar Franco, e pelo ministro da Educação, o professor de História Murilo de Avelar Hingel, um entusiasta do projeto de escola em tempo integral do vice governador de Brizola, ex-chefe da Casa Civil do presidente JK e ex-senador Darcy Ribeiro. Dona Josefa, que tem dupla nacionalidade - nasceu há 62 anos, em La Coruña, Espanha – enviou e-mail para nosso jornal a respeito da matéria “Caic, caindo aos pedaços, mas ainda pulsando”, publicada em nossa edição de número 3. Na mensagem, ela reconhecia o conteúdo e as denúncias sobre as condições em que encontramos a escola, apontou um equívoco cometido na matéria (tratando a escola como municipal, quando é estadual) e nos convidou para uma revisita a escola, a fim de acompanharmos as obras que, de fato, estão sendo feitas. Com a autoridade de professora formada pela Escola Júlia Kubitschek, doutorada em Matemática pela Uerj e em Arquivologia pela Unirio, ela afirma: - A única contestação que tenho a fazer sobre a matéria que vocês publicaram é sobre a quantidade e a escassez da merenda escolar oferecida aos alunos e funcioná-
rios. Foi minha primeira providência, logo que aqui cheguei, nomeada pelo secretário estadual Wilson Risolin, em abril de 2012. Não havia falta de alimentos, havia desperdício, más condições de conservação, má distribuição. Estabeleci como tarefa prioritária organizar o setor e hoje são servidas quatro refeições diariamente: lanche às 9 e meia da manhã, almoço ao meio-dia, lanche da tarde às 15h30min e jantar às 18 horas. Está tudo à mostra para quem nos visita e para a imprensa verificar e comprovar. Nesta volta ao Caic foi possível constatar as obras em andamento, dentro das metas que a diretora disse haver estabelecido: - Tenho um orçamento a seguir, o que controlo na ponta do lápis. É meu comprovante para as reformas que pretendo ver implantadas na minha gestão. Depois da merenda, outra prioridade foi atacada, a de reforma das calhas, enferrujadas e mal conservadas, que causavam inundações internas em dias de chuva. Acionei a Emop,
A DIRETORA-GERAL JOSEFA CASTRO GUIMARÃES DIZ QUE TEM A ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA CONTROLADA NA PONTA DO LÁPIS
o doutor Elias nos visitou e aprovou a verba própria. Elas estão sendo todas substituídas. Outro problema era a de energia. Havia desde fios desencapados, até “gatos”. Acionei a Light e, se noto demora nas soluções, volto a cobrar. Seguindo seu lema, Dona Josefa já começou também a realizar o desejo de ter um jardim e uma horta no quintal da escola: - Meu conceito sobre a escola pública é o que trago no sangue, vem de minha origem, de meus pais. É a de cuidar e conservar o patrimônio público como se fosse meu, minha casa, minha família. Tudo pode ser simples, mas tem de estar limpo, bem arrumado e funcionando. Assim, quero colher frutas e legumes e ver surgir flores no jardim da nossa escola. Só não posso é resolver conflitos de competência, como
esses que costumam a ocorrer entre prefeitura, estado e União. Não posso e não vou fechar buraco de ninguém. E continuou: - Com a União tem sido mais fácil. Há mais diálogo e interesse. Mais difícil tem sido com a área municipal. Como a nossa escola fica vizinha ao novo prédio do Espaço de Educação Infantil-Clínica da Família, aqui do lado, eles invadiram nosso quintal. Até cavalos foram deslocados para nosso terreno. Por isso, estou murando e espero que os responsáveis venham tirar os cavalos daqui. O problema do lixo, do lado de fora de nosso muro da Rua Nova, parece mais bem encaminhado e está melhorando o horrível aspecto, numa área tão nobre, que tem, além da nossa escola, um Ciep em frente, o Ciep Lauro de Oliveira Lima.
Os alunos no páteo limpo, o muro para isolar o quintal, o refeitório, as salas de aula com janelas recuperadas, a biblioteca funcionando. Mas falta limpar a parte externa
FOTOS DE LAERTE GOMES
OS SACOLÉS EXÓTICOS DO RAIMUNDO Vendedor de sacolés de sabores exóticos - como beterraba com leite, carambola, maxixe, entre outros -, o cearense Raimundo Prado (fotos), veio para a nossa comunidade em busca de uma vida melhor. Morador há quase dois anos, leva a vida com alegria, apesar das dificuldades, como o custo de vida no Rio de Janeiro. - Aluguel aqui em Rio das Pedras é muito caro - queixa-se. Com um sorriso permanente, o senhor, que vende 70 sacolés por dia, quer estabelecer seus negócios como comerciante. O sonho: juntar as economias para adquirir a casa própria. (Júlio César Ramos)
RESULTADOS Chave A - 9a Rodada-22/09 Corinthians 1 x 0 Nordeste Piauí 0 x 0 S. Luiz * S.A.G. 2 x 2 Estrela D.G. Real 0 x 1 Chelsea * Manin 0 x 7 Madri
CHAVE A CLASSIFICAÇÃO FINAL
RESULTADOS Chave B - 8a Rodada-15/09 Inter 2 x 4 Siri Morro do Banco 0 x 1 Samuel * Nova Esperança 0 x 1 Ceará Juventude 6 x 0 Guimarões Bahia 1 x 0 Ajax *
1 - Corinthians .................................................17 2 - Chelsea .......................................................17 3 - S.A.G ..........................................................16 4 - Estrela da Gama ........................................14 * Os quatro vão disputar as quartas de final
ÚLTIMA RODADA Chave B - 9a Rodada-domingo 29 Juventude x N.Esperança Ajax x Siri Bahia x Guimarões Inter x Morro do Banco Samuel x Ceará
RIO, 24 DE SETEMBRO DE 2013
TIMÃO VIRA LÍDER E ASSUME FAVORITISMO FOTOS DE FÁBIO COSTA
O
gol demorou a sair, mas veio no segundo tempo, pelo pé esquerdo de seu melhor jogador, Maurício, um meia que é destro, mas que ao ver a bola quicando à sua frente, emendou e decidiu o difícil e disputado jogo contra o valente e aguerrido Nordeste. A vitória de 1 a 0, além de garantir a classificação do Timão para as quartas-de-final, que serão disputadas no domingo, 6 de outubro, deu ao time a primeira colocação da Chave A, que lhe garante enfrentar o quarto colocado da chave B, que será decidida no próximo domingo, 29. Os alvinegros terminaram empatados em número de pontos com o Chelsea (17), mas ficaram com a liderança final da chave pelo critério do confronto direto, já que venceram os azuis por 2 a 1 na quinta rodada. Já os tricolores do Nordeste acabaram a fase em quinto lugar e foram eliminados. Os outros finalistas da chave A são o Chelsea, que vai enfrentar nas quartas o terceiro colocado da chave B, o SAG (Sociedade Anônima da Gardênia), que é o atual campeão do Solazer e luta pelo bicampeonato, e o Estrela da Gama, que enfrentará na próxima fase o primeiro colocado da chave B. Depois da oração de agradecimento pela vitória e a vaga assegurada, Mauricio não escondeu sua satisfação e confiança em partir para conquistar o título: - Temos time para isso, estamos jogando com uma marcação forte e chegando em velocidade ao ataque. Nesse jogo pegamos um time que ainda brigava pela vaga, mas fomos recompensados e o gol saiu na hora certa. Eu usei a perna esquerda e deu certo disse o jogador, de 27 anos, eufórico, com a filha Ana Luiza, de cinco, no colo, torcedora fanática do Timão e do pai. Ainda segundo Mauricio, que já fez três gols no campeonato, os mais fortes adversários do seu time serão o SAG, da Gardênia, o Juventude e o Ceará, estes dois últimos da chave B.
Mauricio, que é destro, chuta de esquerda para marcar o gol da vitória do Corinthians sobre o Nordeste que garantiu a classificação do seu time em primeiro lugar da chave lgkgkgk
NOSSO JORNAL VIROU LEITURA OBRIGATÓRIA DAS TORCIDAS
FOTOS DE JULIO CESAR VIEIRA
Para os torcedores assistir os jogos é motivo de festa e eles levam até as crianças como a da foto que está trocando de fralda enquanto Socorro posa com os filhos e o goleiro do Siri, Antonio, mostra o jornal
FOTOS DE JULIO CESAR VIEIRA
CEARÁ, BAHIA E SIRI BRIGAM PELAS DUAS ÚLTIMAS VAGAS
O grande jogo da rodada e um dos melhores até aqui de todo o campeonato foi entre o até então líder Nova Esperança (18 pontos), já garantido nas quartas-de-final, e o bom time do Ceará, que precisava da vitória a qualquer preço para também continuar sonhando com a vaga. Empurrado por sua grande torcida, o alvinegro venceu por 1 a 0 chegou aos 17 pontos e agora depende só de um empate contra o já eliminado Samuel na última rodada, dia 29, para ser um dos quatro finalista de sua chave. O novo líder da chave B é o Juventude (19 pontos), que goleou o Guimarões por 6 a 2. A terceira e quarta vagas da
chave será definida na nona e última rodada por Ceará, Bahia e Siri, este após haver ganho de 4 a 2 do Inter, num jogo muito disputado e cheio de alternativas, e ainda ter sido beneficiado com os 3 pontos do jogo da sétima rodada que empatou por zero a zero com o lanterna Guimarões, que escalou um jogador sem condições de atuar e foi punido com a perda do seu único ponto na competição. * Vitórias conquistadas por W.O, pelo não comparecimento dos já eliminados Morro do Banco e Ajax.
O Ceará venceu o lider Nova Esperança no clássico da oitava rodada e agora só precisa empatar com o Samuel. Já o Siri (no detalhe) passou pelo Inter, mas depende de um milagre para ir às quartas
NA BÍBLIA DO ‘PASTOR’, AS REGRAS DO FUTEBOL
Jogador de futebol acha que é Deus; o árbitro de futebol tem certeza que é. Aqui no nosso campo, no comando de uma partida, João Pedro, de 19 anos, é a imagem soberana de quem tem o poder supremo de definir um resultado, de decidir uma infração e até determinar o tempo de prorrogação que pode mudar o destino de uma equipe. Longe de considerar-se um Deus – por ser evangélico e devotar obediência a Cristo também conhecido como “Pastor” – João Pedro descobriu ainda criança a vocação para ser o homem do apito. Baixinho e, como reconhece, sem jeito para jogar bola, começou a acompanhar as peladas e os jogos dos torneios em
sua cidade natal, Hidrolândia (CE), até alcançar, aos 17 anos, a situação de federado da Federação Cearense de Futebol. Hoje, seu objetivo é integrar o quadro de árbitros da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e – quem sabe? – da Fifa. - Era como ser goleiro, ninguém queria, ou então era escolhido o pior do time nas peladas. Hoje não. Tem muito garoto que escolhe mesmo ser goleiro, sonha ser um Dida, um Jefferson, um Júlio César. Mas também já é grande o número dos que querem ser um Héber Lopes, um Marcelo de Lima Henrique. É o meu caso, desde que cheguei no Rio, há dois anos. Vim direto aqui para Rio das Pedras, fui me enturmando, acompanhando o campeonato, fui enfim experimentado em jogos de pelada e estou agora apitando jogos do Socialize, porque adquiri conceito e confiança dos times e da comissão organizadora – conta
João Pedro. Com seus 1m65cm de altura, ganha R$ 50,00 por partida apitada no Socialize. Ele também apita peladas às noites de segundas, terças e sextas-feiras, recebendo R$ 30,00 por partida, o que dá uma média de, no mínimo, R$ 190,00 por semana, engordando sua conta mensal em bem-vindos R$ 800,00. O restante da renda mensal ele completa com o salário de sua outra profissão, a de confeiteiro, fazendo doces numa confeitaria no Grajaú, das sete da manhã às cinco horas da tarde. - É assim que estou fazendo meu pé de meia para juntar os R$ 6.500,00, valor da taxa (salgada) cobrada pela Ferj para quem quer ser federado não só lá no Ceará, mas também aqui no Rio – concluiu “Pastor”, com o apito na mão e as regras do futebol na cabeça, que ele segue à risca, com a mesma obediência que dedica à bíblia.
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