A VOZ DE RIO DAS PEDRAS - N º 20

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FOTO DE FABIO COSTA

FOTO DE FABIO COSTA

Com os tênis doados por um empresário, nosso maratonista Edmilson. da Areinha, vai aposentar o que usa há seis anos .

Ex-professora do Caic Euclides da Cunha, Lêda Franco tem projeto para Rio das Pedras voltar a ser a favela mais limpa da cidade.

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ANO I - N0 20 - RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL DE 2014

I N F O R M A Ç Ã O

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

NOSSA VOZ FAZ UM ANO QUERENDO VIRAR BAIRRO Este jornal completa, com esta edição, um ano de circulação quinzenal ininterrupta. Criado para ser a voz da comunidade, tem o objetivo de transformar-se numa ferramenta

de luta para melhorar a qualidade de vida de moradores e comerciantes, com a criação da Associação Comercial e a transformação de Rio das Pedras em bairro. PÁGINAS 2 e 3

MARTELÃO VIRA ARENA RIO DAS PEDRAS. PADRÃO FIFA FOTOS DE FABIO COSTA

JUVENTUDE, DE VIRADA ENGOLE BOCA: 3 A 2

Organizador do principal campeonato de futebol, o "Brasileirão" de Rio das Pedras, Fernando Estanislau mostra que essas velhas e apodrecidas balizas vão virar lembranças do passado. O Primeiro Campo vai passar por uma reforma completa. Seguindo as regras do padrão Fifa de qualidade, vai ganhar grama sintética e arquibancada.

Elias, capitão do time, aponta para a câmera comemorando o seu gol de cabeça, que deu a vitória ao Juventude. PÁGINA 8

A MAGIA E A ARTE DA CAPOEIRA NA COMUNIDADE

FOTO DE FABIO COSTA

FOTO DE FABIO COSTA

Moradores da Rua Velha, o Grão-mestre Katatau e a esposa dele, Mestre Furacão, ensinam no auditório do Caic a prática de um esporte de origem africana, hoje patrimônio imaterial do Brasil. PÁGINAS 4 e 5

LAVA-PÉS FOI O PONTO ALTO DA SEMANA SANTA Padre Márcio André, vigário paroquial da comunidade, celebra o lava-pés das Crianças, que simboliza o gesto de doação de Jesus Cristo. PÁGINA 6


Há previsão de construir mais uma escola e uma Clínica da Família em Rio das Pedras até o fim do mandato do prefeito Eduardo Paes.

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Temos como objetivos a criação de uma associação comercial e a transformação de Rio das Pedras em bairro.

Uma grande caminhada começa com o primeiro passo. Com apoio da comunidade, já demos esse primeiro passo.

RIO, 25 DE ABRIL DE 2014

RIO, 25 DE ABRIL DE 2014

A VOZ DO

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A edição que começou a circular dia 16 de agosto marca no início da nossa cobertura dos eventos esportivos.

HÁ UM ANO TEMOS A NOSSA VOZ

LEITOR Moradores querem que linha 863 entre no Terminal Alvorada

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om a manchete “Queremos virar bairro”, o nosso jornal A Voz de Rio das Pedras chegou a esta comunidade e, já no segundo número, com a tiragem de 20 mil exemplares, resumimos o objetivo da nossa missão com outra manchete emblemática. Dizia: “Agora a gente tem voz”. Nesta edição, completamos um ano de circulação quinzenal ininterrupta, trazendo aos moradores uma ferramenta – diríamos mesmo uma arma – de defesa dos interesses do nosso povo, tão amesquinhado pela flacidez e pelo desprezo das nossas autoridades. Nestas duas páginas, este mosaico com a reprodução de algumas de nossas principais reportagens revela o sentido da nossa linha editorial, sempre procurando dar voz aos moradores e ser ouvidos pelas autoridades. Ao nos apresentarmos na primeira edição, revelamos os nossos objetivos: criar uma associação comercial e lutar para que Rio das Pedras seja transformado em bairro, a fim de garantir aos nossos moradores um mínimo de qualidade de vida e de cidadania. Este o empenho dos empresários Ronald Guimarães Levinsohn, Carlos Fernando Carvalho e Paulo Cesar Meirelles. Com empreendimentos no entorno da comunidade, resolveram bancar essa empreitada, conscientes de que, para se iniciar uma grande caminhada, seria preciso dar o primeiro passo. A parceria que começamos a fazer com a comunidade é reveladora de que esse passo já foi dado. Vamos continuar nessa caminhada. Nestas páginas aqui reproduzidas, os leitores poderão constatar que conseguimos abrir canais de diálogo com a Comlurb, a Cedae, a Light, a subprefeitura da Barra e Jacarepaguá, com as quais mantemos permanente contato, ora fazendo cobranças, ora apontando problemas e, não raro, registrando os serviços quando atendidos por essas entidades. Também estão presentes na nossa cobertura a realização de grandes eventos e iniciativas de instituições e de moradores da comunidade. Exemplo disso é a força que ganhou o campeonato de futebol realizado no Primeiro Campo – objeto, inclusive, de matéria nesta edição – que apelidamos de “Brasileirão” de Rio das Pedras. No nosso site e no nosso Facebook, o número de acessos aumentou consideravelmente com opiniões de torcedores fanáticos, jovens na maioria, que passaram a ter participação ativa graças a esses espaços proporcionados pelo nosso jornal. Estamos abertos às programações das igrejas católica e evangélica, dos centros de culto espírita, umbanda, candomblé, de qualquer religião presente na nossa comunidade. Estamos, particularmente, receptivos aos pleitos do comércio de Rio das Pedras, um orgulho para todos os moradores pelos exemplos de dedicação e trabalho, que torna extremamente aquecida a economia local. Disponham, caros leitores, deste espaço. É de todos os nossos moradores e comerciantes. Lançamos o apelo da nossa comunidade ao governador Luiz Fernando Pezão, para que dedique alguns minutos de seu precioso tempo para dar partida ao projeto social de Rio das Pedras.

O morador Augusto Leal enviou-nos a seguinte mensagem: “Parabéns por ter esse novo meio de comunicação a serviço da comunidade de Rio das Pedras. Li a mensagem do morador Leo Tigrão sugerindo a entrada dos ônibus da linha 863 no Terminal Alvorada. Antes não teria muita utilidade, mas com a inauguração do BRT Transoeste seria um meio de integração para a Zona Oeste. Essa linha sai do Rio das Pedras para a Barra da Tijuca. Quem trabalha no Recreio depende do 880, que é muito demorado. Quando precisamos embarcar nos ônibus da Transoeste pedimos ao motorista para nos deixar próximo. Muitos não param por ser pista de trânsito rápido e poderia causar um acidente, além de acarretar multas. O secretário Carlos Osório deixou a secretaria para se candidatar a um cargo político. Pedimos que esse novo secretário atenda nosso pedido. Nota da Redação: O secretário Carlos Osório deixou a secretaria e também deixou de atender nosso pedido. Sequer deu uma satisfação à comunidade. Estamos questionando novamente a Secretaria Municipal de Transportes, já que a Redentor, concessionária da linha, informou ao nosso jornal que é receptiva à sugestão, mas depende de autorização da prefeitura para atendê-la. E mais: assim que o LeoTigrão nos enviou o e.mail, no início de março, também entramos com solicitação para mudança do itinerário da linha 863 no portal 1746 da prefeitura (Protocolo 5626750-4). Antes de fecharmos esta edição, consultamos o status da nossa solicitação à prefeitura que, por sua vez, informou que o processo estava “concluído, fechado com solução". Mas tal informação não procede. O setor de planejamento da Viação Redentor não está ciente a respeito do assunto, não recebeu comunicado da SMTU para tal alteração. Parece brincadeira a forma como o cidadão é atendido pelos burocratas.

Temos novo subprefeito A Assessora de Imprensa da Subprefeitura da Barra e Jacarepaguá enviou mensagem informando que desde sexta-feira, dia 4 último, o subprefeito é Alex Costa (foto). Ele substitui Tiago Mohamed, que decidiu seguir carreira política. A nossa A Voz de Rio das Pedras perguntou ao novo subprefeito quais os seus projetos para a nossa comunidade. Em resposta, Alex disse que vai tocar os que já estão em andamento. E afirmou: “Há previsão de construir mais uma escola e uma Clínica da Família até o fim do mandato do prefeito Eduardo Paes. Mas outras questões também poderão entrar na pauta. O reforço na coleta de lixo e na manutenção das vias já está na programação.” Nota da Redação: Vamos cobrar essas promessas do novo subprefeito, com quem a comunidade espera manter um franco diálogo e proveitosa relação.

Comlurb quer parceria A gerente de Comunicação Empresarial da Comlurb, Ana Rebouças, enviou-nos a seguinte mensagem: “Parabéns pela edição e obrigada pela ótima matéria. A Comlurb está realmente realizando um trabalho bacana na área. Novo diretor, novo gerente, novo gás! Super obrigada, ainda, pelo anúncio de conscientização. Parceria importantíssima.”

O ESPAÇO PARA UMA PAIXÃO DA COMUNIDADE: O FUTEBOL

Elogio à nossa equipe Da moradora Soly Lopes, coordenadora de projetos sociais na comunidade, recebemos a seguinte mensagem: “Deus tem colocado pessoas maravilhosas em nossa comunidade, com informações, cultura, amor ao próximo e, principalmente, humildade. Toda equipe do jornal A Voz de Rio das Pedras é especial. Parabéns pelo trabalho.” 쐀 Cartas para a redação de A Voz de Rio das Pedras, a/c do Núcleo de Cidadania, Rua Nova n0 105, loja 2. e -mails para contato@avozderiodaspedras.com.br

EXPEDIENTE EDITOR-CHEFE Aziz Ahmed

CHEFE DE REPORTAGEM José Antonio Gerheim

(Reg. 10.863 - MTPS) azizahmed@uol.com.br

josegerheim@gmail.com

EDITOR EXECUTIVO Laerte Gomes www.avozderiodaspedras.com.br

gomes.laerte@gmail.com

CONSULTORES Cláudia Franco Corrêa Irineu Soares Maria Etatiane Costa Barroso Juliana Barcellos da Cunha e Menezes

FOTOGRAFIA Fábio Costa fabiocostafotografias@gmail.com

TRATAMENTO DE IMAGENS Eduardo Jardim ANALISTA DE MÍDIA E WEBMASTER

Claudia Gonzaga claudiamulti@uol.com.bt

Uma publicação da Livraria e Editora Citibooks Ltda. CNPJ: 05.236.806/0001-5 Rua Jardim Botânico, 710, CEP 22.460-000 para a Associação Comercial do Rio das Pedras (em organização). Rua Nova 105 – Loja, Rio das Pedras

Publicação quizenal / Tiragem: 20 mil exemplares / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA / Impresso na Gráfica e Editora Jornal do Commercio

CLASSIFICADOS GRÁTIS! A partir dos próximos números, este jornal vai reservar espaço para que você, morador ou comerciante de Rio das Pedras, possa anunciar bens, serviços ou produtos que esteja disposto a alugar, vender ou, simplesmente, doar. Basta que seja um texto curto e grosso, que vamos publicar de graça. Se quiser "vender seu peixe", encaminhe o anúncio para o setor de classificados para o e-mail contato@avozderiodaspedras.com.br.

APROVEITE!

A partir da edição que começou a circular dia 16 de agosto do ano passado, quatro meses, portanto, depois da edição de lançamento, a nossa A Voz de Rio das Pedras descobriu uma grande paixão da comunidade e passou a dar a ela a devida cobertura: o futebol. Dois eventos esportivos marcaram aquela edição: a conquista, pelo Boiuna, do 1º Campeonato de Futebol Mirim Society de Comunidades, e a conquista pela lutadora de taekwondo Maria Mariá, de 10 anos, do título de campeã brasileira na categoria infantil. A jovem é assistida pelo projeto social Kebra Tabu, da nossa comunidade. O campeonato de futebol disputado no Primeiro Campo, o “Brasileirão” de Rio das Pedras, foi acompanhado pela nossa equipe de esportes, rodada a rodada, até ser vencido pelo Juventude, da Areinha, com direito a pôster.


A capoeira é alegria, é encanto, é segredo, já ensinava o meu ídolo, o saudoso Mestre Canjiquinha.

Esse balanço de corpo, essa ginga envolvente da capoeira nos fascina e domina nossos movimentos.

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Na capoeira adquiri disciplina, autoconfiança e foi muito bom para o meu desenvolvimento no dia a dia.

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MESTRES NESSA MISTURA DE ARTE MARCIAL, ESPORTE, CULTURA POPULAR E MÚSICA MARCAM PONTO NO CAIC

Na foto à direita, o baiano Marinho Jesus Barbosa mostra por que foi batizado de Mestre Parafuso. Abaixo, Márcio de Oliveira Conrado, o Grão-mestre Katatau, dono do pedaço, faz uma exibição com a esposa Joseilda, a Mestre Furacão

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RIO, 25 DE ABRIL DE 2014

nsina a sabedoria popular que, “em briga de marido e mulher, sabido não mete a colher”. Então, anote: não se meta a engraçadinho quando estiverem disputando numa roda de capoeira, ao som do berimbau, o marido Márcio de Oliveira Conrado, de 35 anos, e a mulher dele, Joseilda Ribeiro da Silva, de 31. No centro do auditório do Caic, ele é o Grão-mestre Katatau, o xerife do pedaço e comanda o grupo “Negros da raça Brasil”, mais identificado com as raízes da capoeira, com a sua cultura e o compromisso com a sua história. Ela pilota o grupo “Sol da raça”, tem a cabeça mais voltada para a sua profissão – está se formando em Educação Física – e é mais identificada com o nome de batismo da capoeira, dado, aliás, pelo marido: “Furacão”. Nascido na Bahia, terra onde teve origem, no Farol da Barra, em Salvador, a capoeira regional no Brasil, Katatau não vê a capoeira apenas como esporte, mas como música, como arte, no esplendor de sua magia e movimentos. E completa: – A capoeira é alegria, é encanto, é segredo, já ensinava Mestre Canjiquinha. Aos três anos de idade veio morar em Rio das Pedras, onde é figura emblemática e popular. Embora hoje ostente um corpo moldado por músculos até exagerados, Márcio, ainda moleque, quando começou a aprender a capoeira, era magro e pequeno. Muito amigo de outro aluno grandalhão, inspirou o mestre deles em batizá-los de Zé Colmeia e Katatau, heróis das histórias em quadrinhos. Em 1991, com três amigos, e sem ajuda de ninguém, o Grão-mestre trouxe a capoeira para a nossa comunidade. Hoje, já são 30 praticantes, que todas as noites das segundas, quartas e sextas-feiras agitam o auditório do Caic Euclides da Cunha para manter a forma e a tradição. No primeiro contato que a reportagem teve com ele, no Núcleo de Cidadania, na Rua Nova, onde funciona a sede provisória do nosso jornal, Katatau vestia uma camiseta de um evento, trazendo estampada a seguinte mensagem do pastor protestante e ativista político Martin Luther King. Dizia: “Guardei muitas coisas em minhas mãos, e as perdi... mas tudo que eu guardei nas mãos de Deus, eu ainda as possuo.” Nascido em Atlanta (EUA), em 1929 e falecido em Memphis, em 1968, Luther King tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo. Se Luther King é uma referência política para Katatau, na capoeira seu ídolo é Mestre Canjiquinha, já falecido, batizado como Washington Bruno da Silva. Baiano de Salvador, filho de lavadeira, Canjiquinha foi sapateiro, entregador de marmita, mecanógrafo. Dentre outras atividades foi também jogador de futebol (goleiro) do Ypiranga Esporte Clube, além de cantor de boleros nas noites soteropolitanas. Foi um visionário da capoeira e dizia sempre aos alunos que "a capoeira não tem credo, não tem cor, não tem bandeira, ela é do povo, vai correr o mundo". –E correu o mundo. Foi incrementada no Brasi pelos mestres Bimba e Pastinha. Os dois morreram pobres e esquecidos. Só receberam o título de «honoris causa» depois que morreram – afirma Katatau, obsecado pela ideia de não deixar a peteca da capoeira cair. No Rio, há apenas 14 mulheres mestres na capoeira e Furacão é uma delas. Casada há 14 anos com Katatau, com quem tem dois filhos – Nina, de 12 anos, e Leon, de seis – essa paraibana resolveu aprender a capoeira com objetivos definidos, como ela explica : – Primeiro, pela simulação de dança. E porque tem música e adoro cantar. Sou evangélica e já compus umas 50 canções gospel e perto de 40 para a capoeira. Márcio é candoblecista. Esse balanço de corpo, essa ginga envolvente da capoeira nos fascina e domina nossos movimentos. Mas a capoeira também é arte marcial, porque foi usada pelos escravos como luta para a libertação. E esse movimento também tem a parte de combate. Na roda, Furacão faz jus ao nome. Música, ginga, arte marcial são todos os ingredientes que fazem parte da sua vida esportiva, social e familiar. A capoeira está no sangue e pulsa com a força de um furacão.

Tudo me atrai na capoeira. A ginga, a música. Meu objetivo é ser mestre. Grão-mestre, como o Katatau.

Da esquerda para a direita, o grupo de capoeiristas que se exibe no auditório do Caic Euclides da Cunha: em pé, mestres Mola, Trovão, Gancho, Katatau, Furacão, Borracha e Escorpião; agachados, Parafuso, Raiz, Senzaleiro, Sabiá, Corisco e Gavião

UM PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DO BRASIL

Mestres capoeristas dão um espetáculo de arte marcial, música e dança típica de uma expressão da mais pura cultura brasileira, um patrimônio nacional, desenvolvida no Brasil por escravos africanos a partir de Salvador, na Bahia

A CAPOEIRA HONRA AS ORIGENS EM RIO DAS PEDRAS KATATAU E FURACÃO, OS GRANDES MESTRES Grão-mestre Katatau tem a turma sob controle. Alguns alunos se destacam como Marinho de Jesus Barbosa, o Mestre Parafuso. Ele é baiano, tem 22 anos, 1m65cm de altura, pesa 47 quilos, mas não se aconselha a nenhum marmanjão querer se meter a besta com ele. O apelido de Parafuso veio consagrar sua técnica de dar o golpe conhecido com esse nome, que aplica com incrível velocidade e uma técnica mortal. Ainda na Bahia, certo dia ele viu uma roda de capoeira na rua e ficou vidrado. Resolveu praticar já faz sete anos e está muito feliz com a opção: – Adquiri disciplina, autoconfiança e foi bom para o meu desenvolvimento no dia a dia – contou Parafuso, que é lavador de carros, tem o 2º grau completo e o objetivo de ser grande mestre. Na mesma linha de ambição esportiva está o cearense Raimundo Nonato dos Santos, de 22 anos, o Mestre Borracha, que trabalha como gesseiro. Ele conta: – Desde criança tive vontade de praticar arte marcial e escolhi a capoeira porque é completa. Estou bastante satisfeito com a minha escolha.

Já Felipe Alves dos Santos, o Raiz, de apenas 12 anos, exibe toda a leveza e desenvoltura de um atleta mirim e Katatau vislumbra nele um futuro brilhante. Carioca, morador na Rocinha, cursando o 7º ano do Ensino Fundamental, ele diz que desde os seis anos de idade divide seu tempo entre os estudos e a capoeira. Quando perguntamos o que o atrai nessa mistura de arte marcial, dança e malabarismo, ele foi taxativo: – Tudo me atrai. A ginga, a música. Meu objetivo é ser mestre. Grão-mestre, como o Katatau. Num canto para uma pausa, suando em bicas, estava a Parafuso, a quem perguntamos por que um dos alunos chamava-se Escorpião. Ele é venenoso? – Não. É que ele dá o bote. Meio à brinca, meio à vera, lembramos a sabedoria escrita no início desta reportagem e perguntamos ao Mestre Parafuso: – Você meteria a colher numa briga do Katatau com a mulher dele, a Mestre Furacão? Parafuso fechou a cara, olhou o repórter fixamente, e respondeu curto e grosso: – Que isso? Eles são os grandes mestres.

Na foto ao lado, Felipe, de apenas 12 anos, o Raiz, exibe leveza e desenvoltura diante do Mestre Gavião. Abaixo, Mestre Parafuso (de camisa roxa) faz com o Mestre Borracha uma demonstração da mais autêntica arte marcial

A capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música. Desenvolvida no Brasil por descendentes de escravos africanos, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.Uma característica que a distingue de outras artes marciais é a musicalidade. A palavra capoeira significa "o que foi mata", através da junção dos termos ka'a ("mata") e pûer ("que foi").No século XVII, era costume dos povos pastores do sul de Angola, comemorar a iniciação das jovens à vida adulta com uma cerimônia onde os homens disputavam uma competição de luta animada pelo toque de atabaques, ganhava quem conseguisse encostar o pé na cabeça do adversário. O vencedor tinha o direito de escolher uma noiva sem ter de pagar o dote. No Brasil, durante o período da escravidão, a música e a dança eram utilizadas para disfarçar a arte marcial. Durante algum tempo, a luta foi proibida e seus jogadores eram considerados marginais. Hoje, a capoeira se tornou uma verdadeira exportadora da cultura brasileira, em forma de espetáculos acrobáticos, realizados no mundo inteiro. Símbolo da cultura afrobrasileira, da miscigenação, de resistência à opressão, a capoeira mudou definitivamente sua imagem e se tornou fonte de orgulho para o povo brasileiro. Atualmente, é considerada patrimônio cultural imaterial do Brasil.

FOTOS DE AZIZ AHMED

NO PONTO DA DONINHA, A MELHOR CARNE DE SOL

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o fim da feira-livre, para quem vem da Engenheiro Souza Filho, ou no começo, para quem acessa pelo outro extremo da Via Light, em frente ao campo de futebol, está a parada obrigatória para quem quer terminar o programa da manhã de domingo no melhor estilo nordestino. Mesas e cadeiras espalhadas pela calçada à beira do rio, a maranhense Doninha, de 50 anos, prepara uma carne de sol com aipim e manteiga de garrafa para se comer rezando. Na companhia dos filhos Waldir, de 31 anos, e Keila, de 28, e da neta Jéssica, de 14, ela leva o trabalho se distraindo em família. Há nove anos moradora da Rua Velha com Rua Almira, Doninha gosta de Rio das Pedras, onde ganha a vida batalhando diariamente. Nos demais dias da semana, vende lanches, sanduíches, quitutes, sucos e refrigerantes numa tenda perto do SuperMarket, onde, tanto quanto no seu ponto na feira dos domingos, conta com a preferência de uma grande e fiel freguesia para incrementar o negócio. Na feira-livre, os pratos de carne de sol, que ela vende regados a todos os tipos de bebidas – de cervejas a mais pura cachaça da terra – variam de preço de acordo com a quantidade e a fome do freguês. Às vezes, até, com a cara do freguês. Perguntamos o segredo para chegar ao sabor que tornou o prato tão famoso. Ela sorri e sai pela tangente: – O segredo? É a alma do negócio.

Doninha, com os filhos Valdir e Keila, exibe uma variada coleção de bebidas quentes para acompanhar a famosa carne de sol com aipim e manteiga de garrafa que serve nas feiras dominicais na Via Light, cuja Receita ela não revela de jeito maneiro


Vou usar esses tênis dia 27 de julho, na disputa da Maratona do Rio, uma prova de 27 quilômetros, e espero ganhar uma medalha.

Foi maravilhoso. Conseguimos dar nosso melhor a Deus. Fizemos a comunidade se emocionar. Chorei de alegria. Parabéns a todos.

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FOTO DE FABIO COSTA

NOSSO MARATONISTA RECEBE DOAÇÃO DE TÊNIS

Nosso maratonista Edmilson exibe os dois pares de tênis doados por um empresário para substituir o já surrado que ele usa há seis anos

NA MEDIDA CERTA C

hegaram na medida certa os dois pares de tênis doados pelo empresário Eduardo Menezes ao nosso maratonista Edmilson Pereira da Silva. — Vou usá-los dia 27 de julho, na disputa da Maratona do Rio, uma prova de 42 quilômetros, e espero sair de lá com mais uma medalha — disse esse morador da Areinha, de 54 anos, baixinho sarado, que ficou famoso na comunidade depois que publicamos a reportagem mostrando sua maratona pessoal para acumular 480 medalhas e oito troféus, sempre correndo atrás do prejuízo. A matéria sensibilizou Eduardo, dono da Delphos, uma empresa carioca de informática, na qual ele formou uma equipe de 130 “atletas” que todos os anos participam de uma prova no Rio. É do ramo. Um dos pares de tênis que ele doou é tido como “top do top” e custa R$ 999,00. Edmilson confirmou o preço: — Acompanho nos anúncios os preços e as marcas de tênis. Sei quanto custam, a qualidade e a performance de todos. Esses daqui são coisa fina e vão estar ajustados aos meus pés até a corrida de julho— afirmou Edmilson, depois de experimentar os calçados num quiosque perto do Terceiro Campo

e abrir um largo e agradecido sorriso. Ele completou, mostrando os pés com os “pisantes” novos: — O tênis ideal para mim é o supinado, porque piso para fora. Esses são porretas. Valeu! Na entrevista que concedeu ao nosso jornal, publicada há um mês, Edmilson, que é pintor por profissão, desfiou o rosário de dificuldades que tem de enfrentar dia a dia para continuar a realizar o sonho de ser maratonista. Na ocasião, ele confessou; — O pouco que ganho, vai para as corridas. Não tenho patrocinador, nem treinador. Só a paixão pelo esporte. Mais adiante, no meio da conversa com a reportagem, mostrou o tênis surrado que calçava e questionou: — Está vendo esse tênis? Já tenho há seis anos. O ideal é trocar de dois em dois anos. Foi esse questionamento que despertou o gesto generoso do empresário Eduardo Menezes, que mandou entregar os tênis à nossa redação para que fizéssemos chegar às mãos – ou melhor, aos pés – do nosso maratonista. Também corredor nas horas vagas, Eduardo explicou que o ideal é trocar de tênis a cada 800km, podendo durar até 1.200km. Os velhos e esfarrapados tênis que Edmilson usava já rodaram muito mais que isso: — Já viraram o velocímetro — concluiu o nosso maratonista

LAVA-PÉS EMOCIONA FIÉIS NA SEMANA SANTA FOTOS DE FABIO COSTA

FOTO PASCOM DA PÁROQUIA SÃO JOÃO BATISTA

Ponto alto das comemorações da Semana Santa, o pároco Marco Vinícius (foto maior) celebra o Lava-pés dos adultos, e padre Márcio André (fotos menores), o das crianças, no gesto que simboliza a doação de Jesus para libertação do homem do pecado e do mal

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ponto alto da celebração da Semana Santa em nossa comunidade, este ano, foi a missa da Ceia do Senhor, realizada na quinta-feira, na matriz da Paróquia de São João Batista. O momento mais solene, de profunda reflexão e oração por parte dos fiéis presentes, foi a tradicional Cerimônia do Lava-Pés, que representa o gesto de Jesus de lavar os pés dos discípulos durante a Última Ceia, narrado por São João, e que define toda a vida de Jesus: doação de toda a sua existência para a libertação do homem do pecado e do mal. Lavar os pés de alguém era, na antiguidade, uma tarefa própria de escravos. Jesus fazse escravo e lava os pés dos seus discípulos, para que então eles lavem os pés uns dos outros. A cerimônia – que também mobilizou a juventude católica da comunidade – foi conduzida pelo pároco Marco Vinicius e pelo padre

PARÓQUIA DE SÃO JOÃO BATISTA CELEBRA A MORTE E A RESSURREIÇÃO DE CRISTO Márcio André, vigário paroquial, que celebrou a missa de lava-pés da Crianças, às 17hs, na Quinta-feira Santa, também na matriz. Na oração, o celebrante lembra que, com o gesto, "o Senhor Jesus convida os fiéis à mesa da Palavra e da Eucaristia, chama os pecadores

para a conversão e a crer na infinita misericórdia do Pai”. Também foram realizadas missas e cerimônias relembrando a morte e ressurreição do Senhor, na Sexta-feira Santa e no Domingo de Páscoa, tanto na Paróquia de Rio das Pedras, como na do Sertão, no Anil. Sentindo-se abençoada pelo sucesso das celebrações, Jeane Fontineles, que coordena movimentos da juventude na paróquia, postou no Facebook mensagem de agradecimentos pela participação dos jovens paroquianos. E comemorou: – Super cansada, pernas doloridas e com três mega-hematomas, nariz todo vermelho ardendo, sem falar das costas, porém foi gratificante, porque tudo que é pelo Senhor é maravilhoso e hoje vivenciamos a sua maior prova de amor pela humanidade a sua entrega total por amor a nós que possamos recordar esse momento e lembramos que tudo isso foi

para nos dar a vida eterna. Alegrem-se! Juventude da Paróquia São João Batista, vocês são 1.000.000. Obrigada pelo sim de cada um de vocês e pela entrega. Foi lindo. Amo vocês. A mensagem teve vários compartilhamentos. Ryan Camillo Ryco disse: – Estou muito feliz e satisfeito com tudo. Jessica Gomes afirmou: – Nada é impossível para nós jovens. Firmes e fortes na fé. Que continuemos sempre assim... Foi lindo hoje. Missão dada, missão cumprida. Adooreei. Hérika Freire escreveu: – Valeu galera! Tudo só foi possível graças ao nosso trabalho em equipe.♥ Nathalia Silva concluiu: – Foi maravilhoso. Conseguimos dar o nosso melhor para Deus. Fizemos a comunidade se emocionar. Eu chorei de alegria. Parabéns a todos. Missão dada é missão comprida!


A comunidade se expandiu assustadoramente. Junto com o incentivo ao consumismo, criou uma combinação que forma o boom para a degradação ambiental.

Esses problemas do lixo não são um incômodo só para mim. Pelas turmas que ministrei aulas no Caic, constatei o quanto eles estavam fatigados com essa situação.

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ENTREVISTA/ PROFESSORA LÊDA FRANCO ALMEIDA

PODEMOS VOLTAR A SER A FAVELA MAIS LIMPA DA CIDADE Obstinada desde pequena com a questão ambiental, a professora Lêda Franco Almeida, de 46 anos, despertou para o tema em meados dos anos 1980. Foi quando ganhou um decalque de limpeza do mar na ilha da Jiboia em Angra dos Reis, projeto que seu pai estava participando da consultoria naquele paraíso da Costa Verde do estado. Formada em Arquitetura e Urbanismo, identificou-se muito com os trabalhos dos arquitetos Zanine, Roberto Burle Marx, Lúcio Costa e Sérgio Bernardes, tornando-se verdadeira amante da Arquitetura. Antes moradora de Copacabana, há 10 anos mudou-se para a casa dos pais no Condomínio Floresta, aqui ao lado. Como não tinha carro, teve de se virar utilizando o transporte público, naquele período bem escasso na nossa comunidade, então relativamente pequena e arrumada. E foi aí que vislumbrou a possibilidade de fazer alguma coisa para melhorar a qualidade de vida dos nossos moradores e tomou a iniciativa de desenvolver um projeto ambiental em Rio das Pedras. Quando ministrou aulas no Caic Euclides da Cunha, percebeu a receptividade dos alunos a esse sonho e está empenhada em torná-lo realidade, devolvendo à nossa comunidade o título de “a favela mais limpa da cidade”. Para contar sua saga nessa luta, Lêda concedeu a seguinte entrevista ao nosso Jornal:

A Voz de Rio das Pedras – O que a fez implantar um projeto de Educação Ambiental na nossa comunidade? Lêda Franco – Em 2004, comecei a desenvolver o Programa Especial de Licenciatura em Artes, quando tive que fazer estágio para conclusão do curso, o que me levou a procurar a Associação dos Moradores (Amarp), onde fui convidada a conhecer o trabalho de uma Associação Internacional Lions Clube, da qual faço parte hoje. A partir daí, passei a conhecer do Rio das Pedras nas suas entranhas e vi o quanto esta comunidade é fragilizada com relação à saúde e higiene. É lixo que não acaba mais. Parei uns 10 minutos, comecei a avaliar e percebi estar diante a uma mina de matéria prima. Esses problemas que vinha percebendo

não são um incômodo só para mim. Pelas turmas que ministrei aulas no Caic, constatei o quanto eles estavam fatigados com aquela situação. Em 2008, comecei a minha pós-graduação em Educação Ambiental para tentar trazer alguma solução pela Educação Ambiental. Em que consiste o seu projeto? — Consiste na revitalização de uma comunidade que foi exemplo e hoje se encontra esquecida pelos poderes públicos. Qual o objetivo dele? — Levar a consciência e a valorização do cidadão e o meio em que vive, transformando-o para seu bem estar.

Você acha viável um projeto de sustentabilidade em Rio das Pedras? — Sim! É claro que Sim! Uma comunidade com muito potencial em estado inerte, o que falta é estimulo e orientação. Com uma educação efetiva logo teremos bons resultados. Não é à toa que o titulo de minha monografia é“Educar para Sustentabilidade”. Rio das Pedras tem tudo para dar certo. Como pretende colocar o projeto em execução? — Criando parcerias com os três setores (governo, comércio e organização). Aqui em Rio das Pedras há muito trabalho a fazer. Tem para todo mundo. É um verdadeiro tesouro que está à vista de todos, mas ninguém quer enxergar. Tem que quebrar os tabus. No meu projeto, o primeiro passo é começar com uma investigação sobre o perfil da comunidade, como o que o Núcleo de Cidadania já vem fazendo magnificamente. O segundo passo é fazer as parcerias e captar recursos. Como assim? — Começando pela Educação Ambiental com a parceria das Secretarias de Educação do Município e do Estado junto com o Instituto Terrazul e a Associação Internacional Lions Clube, Distrito LC1, que já desenvolve um trabalho desta natureza com muita maestria, para formação do Fórum da Juventude da Bacia Hidrográfica. O recrutamento e a regularização dos catadores independentes, vinculando-os às cooperativas existentes, podendo consultar a ONG EcoMarapendi, que já vem, na região, desenvolvendo projetos com cooperativas de catadores e capacitando na reciclagem. Junto, os técnicos em gestão ambiental, os meios de comunicação local, os garis comunitários e a Comlurb faremos a divulgação e a coleta seletiva, instruindo a separação dos resíduos (termo mais adequado para o que chamamos de lixo) devidamente selecionado. Os reaproveitáveis serão direcionados para a central de coletas a serem separados e destinados às cooperativas. A criação de uma Cooperativa de Terapia Ocupacional – destinada aos moradores que se encontram em desajustes sociais como o alcoolismo, portadores de síndromes e doenças que necessite de reabilitação – com apoio do Instituto Eventos Ambiental (Ieva).

Como viabilizar a cooperativa? — As cooperativas produtoras, para serem realizadas, vão precisar do apoio da ONG EcoMarapendi (Recicloteca), o Sebrae e a Caixa Econômica Federal. Os resíduos orgânicos serão direcionados para composteira comunitária e esta gerará adubo para fornecer às hortas que serão desenvolvidas nas escolas e colégios do local e da redondeza, para que estas possam produzir parte do alimento que será servidos em suas merendas. E o lixo extraordinário será incinerado para produção de energia. Para isso poderemos ter a participação dos técnicos em gestão ambiental, com a parceria das Universidades e Centro Universitários e o apoio da Associação Internacional Lions Clube. Como você analisa a situação do lixo no Rio das Pedras? — Bem! Foi exatamente fazendo isso, analisando o lixo, que me sensibilizei em desenvolver o estudo de sustentabilidade. Os resíduos são bem diversos e dos que poderão ser aproveitados, deles poderemos obter boa renda. Temos uma rica fonte de matéria prima que vem sendo despejada de qualquer maneira e contaminando nosso lençol freático e colaborando intensamente com a poluição do Sistema Lagunar da Baixada de Jacarepaguá, fora as águas servidas que são lançadas, sem nenhum tratamento, nas redes pluviais e rios que levam a este complexo lagunar. Você sabia que o Rio das Pedras já foi considerada a favela mais limpa do Rio? — Tive o prazer de conhecer o Rio das Pedras nesse período, quando vinha visitar amigos e parentes no Floresta. O lixo passou a ser volumoso de 2002 para cá. A comunidade se expandiu assustadoramente, juntamente com o incentivo ao consumismo, criando uma combinação que forma o boom para a degradação ambiental. Você acha que o Rio das Pedras poderá voltara a ser o que era anteriormente? — Sim! Como já disse, há um potencial muito bom. Se levarmos a conscientização ambiental pela Educação, que é a ferramenta transformadora da sociedade, resgatando o cidadão, traremos melhorias e qualidade de vida. Qual a sua receita? — Primeiro, a Educação é a melhor ferramenta transformadora, juntando a boa vontade e encarando os desafios com firmeza. Desmistificando os tabus criados com o tempo, poderemos fazer um trabalho maravilhoso e pioneiro. Nada é impossível. Pode ser difícil, mas as dificuldades são superáveis.


Domingo, 11 de maio, será disputado no 3º campo o torneio de Rio das Pedras.

No próximo domingo, dia 4, no campo da Praça, vai começar o Campeonato de Adultos de Futebol Society promovido pela Associação de Moradores e Amigos de Rio das Pedras. Roberto é o organizador.

Serão oito times em jogos eliminatórios e o campeão vai receber R$ 1.200. RIO, 25 DE ABRIL DE 2014

COMUNIDADE TERÁ ARENA PADRÃO FIFA FOTO DE FABIO COSTA

PRIMEIRO CAMPO GANHARÁ GRAMA SINTÉTICA E SERÁ CERCADO POR ARQUIBANCADAS

Fernando Estanislau, o "xerife do Primeiro Campo" e organizador do "Brasileirão" de Rio das Pedras, mostra como será o campo anexo à Arena que terá a mesma medida e continuará a ser usado como escolinha para formação dos futuros craques e também para as peladas dos adultos

N

o começo parecia boato, até mesmo sonho de alguns. Mas agora tudo começa a ganhar contornos de realidade, segundo o organizador do Campeonato de Adultos, o “Brasileirão” de Rio das Pedras, Fernando Estanislau, e a edição deste ano, prevista para começar no primeiro domingo de junho (dia 1º), já será disputada no novo campo com grama sintética. E o novo palco, conhecido por Primeiro Campo ou Martelão, já tem até o nome escolhido pelos patrocinadores da reforma, que ainda não querem ter o nome revelado, dissimula Fernando, já escolheram até o nome: – Será Arena Rio das Pedras ou Arena RP –

diz, antes de revelar outros detalhes, que considera um avanço e uma benfeitoria, e que vão tornar o novo campo um motivo de orgulho para toda a comunidade, como a melhoria da iluminação para os jogos noturnos, o fechamento do acesso ao interior do campo, acabando com aquela invasão na hora de decisões com cobranças de pênaltis e ainda transformando o entorno em áreas de lazer e alimentação, mais organizadas do que é hoje em dia. Bem comparando, será o nosso Itaquerão, o novo estádio do Corinthians, em São Paulo, que vai ser palco do jogo de abertura da Copa do Mundo, dia 12 de junho, entre Brasil e Croácia. Coisa de padrão Fifa. Provocado, Fernando diz que não pode revelar quem será o pai (ou pais) da criança, porque envolve uma negociação que está nos

acertos finais entre a Caixa, proprietária do terreno, e a Prefeitura, mas que ele, precavido como é, já está providenciando uma alternativa para que as crianças e os adultos das peladas não percam definitivamente o seu espaço de lazer: – Há seis meses, quando a ideia de transformar tomou corpo, comecei a trabalhar a área ao lado do caminho que fica na direção da Segunda Ponte. Já medi e vai ser possível transformar aquele espaço em um novo campo de areia, com os mesmos 100 metros de comprimento com 70 de largura e sem precisar cortar uma só árvore do bosque – mostra, apontando para o local onde serão colocadas as balizas e as linhas demarcatórias do campo de treinamento da garotada e de lazer para os moradores da comunidade continuarem a

jogar suas peladas. Sobre a possibilidade de perder, ele e seu amigo inseparável Índio, o controle da organização do “Brasileirão”, que já tem 36 anos de tradição, Fernando é realista: – Isto é possível, mas nada está decidido ainda. Aliás, já era para tudo, inclusive as obras de implantação da grama sintética, terem começado no dia 14 e terminarem no dia 27 de abril. Mas houve imprevistos, muitos feriados e agora saberemos como tudo vai ficar mesmo na reunião dessa sexta-feira (25) já convocada e marcada. Mas uma coisa se pode garantir, comigo e com o Índio, ou sem nós, com grama sintética ou sem ela, na areia, como sempre foi, haverá o campeonato de Rio das Pedras, ainda mais agora, depois que o jornal passou a cobrir e divulgar– conclui com firmeza.

FOTOS DE FABIO COSTA

JOGÃO NO TERCEIRO CAMPO

O

que era para ser um amistoso de confraternização, no máximo um esquenta para o “Brasileirão”, segundo os anfitriões do campeão de Rio das Pedras, o Juventude, e o convidado, o bom time do Boca Juniors, da favela do Jacarezinho, disputado domingo, na véspera do feriado de Tiradentes, no Terceiro Campo, acabou sendo o melhor e mais disputado jogo da pré-temporada de 2014. Belos gols, polêmica por gol anulado, defesas sensacionais do goleiro do time visitante, que sempre comandou o placar, cartão vermelho e, por fim, uma virada do Juventude, com um gol do seu zagueiro e capitão, Elias, a dois minutos do fim. Resultado: Juventude 3 x 2 Boca. Como era de se esperar, o Juventude do técnico Val tomou a iniciativa. Tão logo foi dada a saída, partiu para o ataque, mas esbarrou em dois obstáculos: na falta de um finalizador mais eficiente (seu artilheiro Cabeça continua se recuperando do acidente com moto e ainda levará um mês para voltar a jogar) e nas defesas do goleiro Marcos. E quando mais pressionava foi surpreendido por um rápido contra-ataque, parado com falta. O cabeça de área do time do Jacarezinho, Marcelo, cobrou com um chute alto, Elias atrapalhou a visão do goleiro Leandro e a bola entrou no ângulo; Boca 1 a 0. A reação do Juventude não demorou e dois minutos depois o seu talentoso meiaesquerda Marcelo concluiu tabelinha com Thales e empatou: 1 a 1, placar do primeiro tempo. No segundo tempo, o jogo, que já era quente, ferveu e novamente ficou parecendo

de ataque contra defesa, o Juventude pressionando, o Boca se fechando todo na defesa e dando chutão para tudo que era direção ou o goleiro Marcos salvando gol atrás de gol. Só que, num contra-ataque, aproveitando-se do avanço contante de Elias, o lateral Cristiano apareceu e mais rápido tocou a bola para o fundo da rede: Boca 2 a 1. Pressionado e ouvindo comentários irônicos de torcedores, criticando principalmente os avanços de Elias, o técnico Val trocou o meia Fabiano pelo atacante Maiquinho que, na primeira jogada chutou e empatou novamente: 2 a 2. Nem a expulsão de seu outro atacante Paulo diminuiu a pressão do Juventude. E, a dois minutos do fim, na cobrança de um escanteio, Elias foi de novo para a área do Boca e desviou de cabeça a bola que, dessa vez, Marcos não conseguiu defender. Juventude 3 a 2. Empolgado com seu gol, o capitão dirigiu-se ao "torcedor" que mais criticava seus avanços, o goleiro Bichinho, do Só no Pelo, e apontou: - ESSE E pra ti, o PRA, derrames?

JUVENTUDE VIRA E VENCE BOCA DO JACAREZINHO

FICHA TÉCNICA Juventude – Leandro, Neto, Elias, Rogério e Raimundo, Fabiano (Maiquinho), Areia, Paulo, Marcelo, Thales e Maicon. Técnico: Val Boca Juniors (do Jacarezinho) – Marcos, Genézio, Marinaldo, Luiz e Cristiano, Marcelo, Jurandir, Mineiro, Marcelo II, Júnior e Fiego. Técnico: Marinaldo Juiz : Luiz Salvino da Silva Cartão Vermelho: Paulo, do Juventude.

No alto(foto maior), Maicon vê a bola entrar no primeiro gol do Juventude. Ao lado, Elias, vilão e herói do jogo, sobe para cabecear. Acima(foto menor), Marcelo, do Juventude, o craque do jogo, arma mais uma jogada


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