AGOSTO DE 2017 • SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE CRÉDITO NO ESTADO DE PERNAMBUCO
EM DEFESA DA CAIXA 100% PÚBLICA
ABAIXO A REESTRUTURAÇÃO! E
stamos vivendo um momento de enorme instabilidade política e econômica, com um governo golpista, um Congresso corrupto, uma Justiça partidarizada e uma mídia mercenária. Todos comprometidos com o capital privado. Esse quarteto nefasto está pondo em risco os direitos conquistados arduamente pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores, com as (mal) ditas “reformas” que extirpam o projeto de bem-estar social em construção no país e vem impondo um modelo de Estado Mínimo. Os empregados da Caixa, como toda a classe trabalhadora, estão inseridos nesse contexto neoliberal, no âmbito das ameaças de privatização do banco. É ambicioso o interesse dos bancos privados em assumir operações exclusivas da instituição pública, descaracterizando seu papel social, e a necessidade de capitalização por parte do governo. Por essa razão, a possibilidade de privatização da Caixa é um risco iminente com abertura do capital, cujo projeto de lei tramita no Congresso. Outro método, que já está em curso na Caixa e demais empresas públicas, consiste em um fatiamento do banco com venda de ativos, privatização de operações (loterias, seguros, cartões) e terceirização dos serviços. Temos ainda de lidar com o apetite dos bancos privados, que querem a gestão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), a fatia de 36% do mercado de poupança, os 15% dos depósitos à vista, os 16% da carteira
de crédito e 66% do campo imobiliário. Importa considerar que o mercado financeiro brasileiro já é oligopolizado por cinco empresas que controlam 86% do sistema. É o próprio desmonte da empresa que vai ocorrendo aos poucos e sem alarde, a que se somam os planos de demissão voluntária (PDV), editados em janeiro e julho deste ano, com fechamento de agências e áreas-meio e retirada de direitos, cuja meta é desligar 10 mil bancários, com prejuízos enormes para a categoria e para a população. Ainda por cima, a direção da Caixa e o mercado vêm anunciando obstáculos à sua capitalização. O legal seria o governo capitalizar a empresa como ocorreu em anos anteriores, mas o Tesouro afirma que não o fará, e, assim sendo, o banco precisa buscar soluções internas que envolvem corte de custos e investimentos, venda dos ativos e aumento de tarifas. Na lista de corte de custos, está o debate sobre os benefícios a empregados, em especial os chamados benefícios pós-emprego, que envolvem a área de Saúde e Previdência. A direção da Caixa quer alterar regras do Saúde Caixa para diminuir o provisionamento e, dessa forma, liberar capital, mas isso depende de acordo coletivo. As consequências imediatas dessas ações serão a diminuição do papel do banco no desenvolvimento do Brasil, com menos investimento e crédito, e penalização aos empregados. Contudo, diferentemente do que alardeiam os pessimistas de plantão, incitados por motivos duvidosos, o sentimento de pânico não prevalece diante
de nossa capacidade de lutar, resistir e transformar. Foi com muita altivez que os empregados da Caixa escreveram uma valiosa história de luta quando, na década de 1990, diante do desafio de desmonte do Estado, mesmo com perdas e danos, a batalha em defesa da Caixa 100% Pública e contra o PLS 555 foi vitoriosa graças à união de forças, organização e articulação. Nestes tempos tão sombrios, a participação dos empregados da Caixa é indispensável para enfrentar os golpes em curso. São mais de 95 mil bancários que se posicionam firmemente contra o projeto ultraliberal engendrado pelos banqueiros e pelo capital internacional, e executado pelo ventríloquo Michel Temer e seu bando. São milhares de trabalhadoras e trabalhadores com capacidade para conscientizar centenas de milhares de brasileiras e brasileiros, com os quais interagem diariamente, olho no olho, sobre a importância do banco público para o desenvolvimento do Brasil e, por consequência, para a própria vida. São 95% de brasileiras e brasileiros indignados com o desmonte das políticas sociais e os retrocessos de direitos, que precisam ser conscientizados e mobilizados para a luta contra o desmonte do Estado de bem-estar social do qual a Caixa é parte inalienável. O Sindicato dos Bancários de Pernambuco já está em plena resistência contra o golpe. Desde 2016, vem realizando várias ações em defesa da Caixa 100% Pública e de seus empregados. Foram dezenas de atos, protestos, piquetes, assembleias, processos judiciais, debates, encontros com entidades representativas dos empregados, reuniões com a direção do banco, além de articulação com diversos segmentos de trabalhadoras e trabalhadores, e centrais sindicais, com movimentos sociais e políticos do campo progressista para tirar as pessoas da inércia e reorganizar o contra-ataque com estratégias firmes e inovadoras, à altura dos desafios postos pelas renovações Fontes: Contraf-CUT e Fenae
capitalistas contemporâneas. Com os PDVs anunciados pela Caixa em janeiro e julho deste ano, o Sindicato pôs à disposição seu setor jurídico para aconselhar, orientar e defender o empregado em quaisquer opções pela adesão ou não ao plano, bem como promoveu diversos debates com especialistas no assunto para tratar a respeito da desestruturação dos bancos públicos e seus impactos sociais e econômicos, dirigidos aos bancários. Recentemente, durante a 19.ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada pela Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), nos dias 28, 29 e 30 de julho, construímos um Plano de Luta com propostas concretas e específicas para a defesa dos bancos públicos e de seus empregados, com destaque para a realização de ampla Campanha Nacional em Defesa dos Bancos Públicos, além do fortalecimento da Frente Parlamentar em Defesa dos Bancos Públicos. No que se refere à Caixa, a delegação pernambucana levou as demandas locais relativas à manutenção de setores fundamentais, entre eles, Gerências de Gestão de Pessoas (Gipes), Gerência do Programa Bolsa Família e Benefícios Sociais (Gifab), Gerência de Gestão de Fundos de Governo (Gifug), e Gerência de Governo (Gigov). Ainda neste mês de agosto, a Contraf-CUT vai definir um novo calendário de ação em articulação com todos os Estados, regiões, organizações da classe trabalhadora e movimentos sociais a fim de demonstrar a força da categoria para enfrentar as políticas de privatização, terceirização, reformas trabalhista e previdenciária. A saída passa, necessariamente pela mudança de governo, pela invalidação das reformas e pela afirmação de uma Caixa 100% Pública. Precisamos, afinal, nos convencer de que 5% e os derrotistas não podem abater uma grande massa de trabalhadoras e trabalhadores rebelada pelo sonho de uma nação justa e solidária. Mais do que nunca, vamos à luta!