DOS
Revista Bancários Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Ano II - Nº 19 - Junho de 2012
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Um século de Gonzagão No ano do centenário de Luiz Gonzaga, as festas juninas, Brasil afora, rendem homenagens ao Rei do Baião Leia Também: Entrevista Exclusiva com Dominguinhos
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Editorial
É São João! No mês de São João, as homenagens ao centenário de Luiz Gonzaga dão o tom da festa. E não era para menos. Afinal de contas, o nosso Rei do Baião foi uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular brasileira. Responsável por popularizar o xote, o xaxado e o baião, Luiz Gonzaga levou um pouco da cultura pernambucana para os quatro cantos do Brasil e também para outros países. Nesta edição, a Revista dos Bancários aproveita os festejos juninos para contar Nesta edição, um pouco da história do a Revista dos Rei do Baião, incluindo o Bancários depoimento de um bancário aproveita os de Exu que conviveu com festejos juninos Luiz Gonzaga. para contar um Mas não é só isso. A pouco da história Revista dos Bancários fez do Rei do Baião, uma entrevista exclusiva que faria 100 com o músico Dominguianos agora nhos, discípulo de Luiz Gonzaga que se transformou num dos principais nomes da música popular brasileira. Simpático e atencioso, Dominguinhos contou histórias fantásticas na entrevista. Esta edição também traz uma reportagem especial sobre direitos urbanos. A matéria fala sobre a Rio + 20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que ocorre este mês, e sobre o movimento “Ocupe Estelita”, que nos faz pensar um novo modelo de cidade, estimulando uma socialização cada vez mais rara no Recife. Sobre o Sindicato, você vai ver nesta edição como foi a eleição que reelegeu a diretoria da entidade para um novo mandato. A chapa encabeçada pela presidenta Jaqueline Mello venceu o pleito com quase 84% dos votos, um resultado consagrador. O secretário-geral do Sindicato, Fabiano Félix, também foi escolhido para assumir a presidência do Conselho Fiscal da Previ, o maior fundo de pensão da América Latina. Ele conta sobre seus planos para o fundo e sobre a importância do cargo. Boa leitura!
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Índice Histórias de Luiz Gonzaga
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Entrevista: Dominguinhos
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Direção do Sindicato é reeleita
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Cidadania: Direitos urbanos
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Um pernambucano na Previ
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Dicas de Cultura
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Bancário artista
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Conheça Pernambuco
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Revista Bancários DOS
Opinião
Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Presidenta: Jaqueline Mello Secretária de Comunicação: Anabele Silva Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Tereza Souza e Jaqueline Mello Redação: Fabiana Coelho, Fábio Jammal Makhoul e Wellington Correia Projeto visual e diagramação: Libório Melo e Bruno Lombardi Capa: Libório Melo Impressão: NGE Gráfica Tiragem: 11.000 exemplares
Música
São João com a trilha da saudade Festas juninas deste ano lembram os cem anos de Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião
Cultura
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ste ano, o Brasil rende homenagens ao Rei do Baião. No carnaval, a Unidos da Tijuca fez bonito no Rio de Janeiro: encantou o Brasil com sanfona e forró. Em Recife, até o ex-beatle Paul McCartney saudou “Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga”. E, no mês de junho, a trilha sonora que embala as festas alimenta a saudade. É que, em dezembro, faz cem anos que nascia o filho de Santana e Januário, em uma casinha de barro batido, no Sítio Caiçara, município de Exu. Como toda criança sertaneja, Luiz cresceu com os banhos de rio, as caçadas, a alegria das feiras e o trabalho duro na enxada. Mas o que gostava mesmo era de olhar o pai consertar sanfonas, ou observá-lo tocar, atento ao movimento dos dedos, louco para experimentar o fole. Mas a mãe, dona Santana, não queria um filho sanfoneiro, que se perderia no meio do mundo. Não teve jeito. Com apenas oito anos, ele já recebia seu primeiro pagamento, depois de tocar em uma festa, pela primeira vez com a permissão da mãe.
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Música
Cultura
Assim cresceu o menino, ajudando o pai na roça e na arte, protegido do Coronel Manuel Aires de Alencar, que lhe ajudou a comprar a primeira sanfona. Mas, ao contrário do que pensava Santana, a primeira vez que Luiz se largou no mundo não foi por causa da música, mas do amor. E da vergonha. Encantado com a jovem Nazinha, e humilhado pelo pai da moça, comprou uma peixeira e foi tirar satisfações. O homem nada disse, mas contou tudo a dona Santana, que desceu a mão no lombo do rei. Envergonhado, aos 17 anos, Luiz inventou uma história para a mãe e foi embora de Exu. Entrou para o Exército em tempos de guerra: a Revolução de 1930. Corneteiro competente, recebeu a alcunha de bico de aço. E assim se passaram dez anos para o recruta 122: Luiz Gonzaga voltou à vida paisana. Atracou no Rio de Janeiro, sanfona na mão. Tocava nos bares, nas docas do porto, nas ruas, onde houvesse alguém disposto a jogar alguns Luiz Gonzaga (centro) no começo da carreira
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tostões no pires. Acabou convidado para tocar em festinhas de subúrbio e nos cabarés da Lapa. Mas, nestes tempos, o repertório era outro: tangos, fados, valsas, foxtrotes. As primeiras tentativas nas rádios não foram boas. Não conseguia boas notas nos shows de calouros. Até que decidiu tocar algo diferente: um “chamego” pernambucano no programa de Ary Barroso. Deu certo. Desde então, o rei começou a aparecer em outros programas e firmar contratos nas rádios. Mas não podia tocar o que gostava. A trilha era sempre a mesma: valsas, polcas, mazurcas, chorinhos... e um ou outro forró pé-de-serra. Os parceiros foram essenciais para que ele firmasse a mudança no repertório. Com Humberto Teixeira, gravou músicas como Asa Branca, No meu pé de serra, Respeita Januário, Juazeiro e Assum Preto. Com Zé Dantas, gravou outras como Cintura Fina, A volta da Asa Branca e ABC do Sertão. E o baião
e forró ganhou fama. Passou a ser conhecido em todo o Brasil e até fora dele. Luiz começou, então, a fazer o caminho de volta, se apresentando em shows nas cidades do interior. Seu último show foi no dia 6 de junho de 1989, no Teatro Guararapes – Centro de Convenções do Recife. Antes de encerrar a apresentação, ele diria: “Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido por outros poetas, como Gonzaguinha, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Alceu Valença. Quero ser lembrado como o sanfoneiro que foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de trabalho, de paz e amor”. * Com José Fábio da Mota, Cida Carvalho e Abril Cultural
Música
Cultura
Lembranças do Rei do Baião “Eu trabalhava na agência do Banco do Brasil de Exu, onde Luiz Gonzaga era cliente. Era uma pessoa muito boa, simpática, que fazia questão de ajudar todo mundo. Cantava de graça nas festas da cidade. Dava o transporte para os meninos de Exu, que tinham de estudar em Araripina. E também era muito preocupado com sua terra. Como ele tinha bom acesso à presidência, costumava interferir para conseguir as coisas pra cá. A agência do Bandepe, por exemplo, foi implantada em Exu a pedido dele. Lembro que houve um tempo em que eu era organizador da vaquejada da cidade. E colocamos o nome do parque, onde ocorria o evento, de Parque Luiz Gonzaga, porque ele sempre dizia que homenagem tem que ser feita quando a pessoa está viva. E ele foi lá receber a homenagem, cantou... foi muito bonito. Era uma pessoa simples, que conversava com todo mundo. E não mudou depois que ganhou fama. Continuou o mesmo sertanejo humilde que sempre foi” Depoimento de Mardivalb do Vale, funcionário há 32 anos do Banco do Brasil em Exu
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Entrevista
Dominguinhos
O DISCÍPULO QUE
CRIOU ASAS
Herdeiro de Luiz Gonzaga na tradição da sanfona, Dominguinhos empresta ao instrumento novos sotaques
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o Nordeste brasileiro, o som de junho ainda vem da sanfona, da zabumba, do triângulo. Apesar dos instrumentos eletrônicos e suas interferências nas bandas de forró, quando se pensa em São João as lembranças vêm acompanhadas por um toque de acordeon. E, hoje, é Dominguinhos quem carrega a herança do rei do baião. Discípulo de Luiz Gonzaga, ele criou asas, diversificou os ritmos, fez o instrumento ganhar novos sotaques. Mas garante: “nunca esqueço o baião”. A Revista dos Bancários conversou com este grande instrumentista, que acumula prêmios Shell, Tim e Grammy. Mas que mantém a simplicidade e o bom-humor sertanejos. REVISTA DOS BANCÁRIOS – Você toca desde criança, não é? Conta um pouco desta tua iniciação na música. DOMINGUINHOS – Meu pai era sanfoneiro. E, no começo, lá pelos meus sete anos, eu tocava pandeiro num trio de forró, com meus dois irmãos. Moraes tocava sanfona e Valdomiro tocava melê.
formamos um trio. Só em 1954 meu pai achou que devia procurar Gonzaga, no Rio de Janeiro. E aí viemos, de pau de arara, pra morar em Nilópolis. No outro dia, fomos à casa de Luiz Gonzaga e eu recebi um presentão: uma sanfona. Pra mim, que cheguei lá sem nenhum instrumento, foi bom demais.
REVISTA – Melê? DOMINGUINHOS – É um instrumento como uma zabumba. Era meu pai quem fazia e o som ficava muito bom.
REVISTA – Dava pra se virar só com a música? DOMINGUINHOS – Com um instrumento na mão, tocar era mais fácil. Lá em Nilópolis, tinha uma comunidade inteira de Garanhuns e do Nordeste. O pessoal se juntava, fazia festa, a gente tocava e, depois, eles faziam uma cota e pagavam a meu pai.
REVISTA – E vocês tocavam onde? DOMINGUINHOS – Nas feiras e nas festas lá de Garanhuns. Foi numa dessas vezes que Luiz Gonzaga viu a gente tocando, gostou, prometeu que se a gente fosse pro Rio ele ajudava. Mas isso só aconteceu bem depois. Primeiro, a gente foi estudar na Escola Prática Comercial de Olinda, onde contamos com a ajuda do radialista Arnaldo Moreira Pinto e
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REVISTA – E a relação com Luiz Gonzaga, como era? DOMINGUINHOS – Eu ia pra casa dele todo dia. Ficava observando ele tocar, aprendia muito. Ele me chamava
pra acompanhar nas gravações... Era um sertanejo muito positivo, uma pessoa muito boa. Só não gostava muito de conversa mole. Era sempre muito direto. REVISTA – Mas, depois, você enveredou por outros caminhos além do baião... DOMINGUINHOS – Depois de meus dezessete anos, quando me casei e tive filhos, eu precisava me virar. Então, passei a tocar na noite: nos bares, boates e bailes. Aí a gente precisa tocar de tudo: tango, samba, bolero, chorinho, tchá tchá tchá... E tive muita sorte porque conheci muita gente boa, que me fez aprender muito. Gente como Altamiro Carrilho,
Entrevista Unidos... Já no início da década de 70, eu fui convidado por Gil e Gal para integrar um grupo que ia representar o Brasil na França. Era um grupo muito bom, muito coeso. Ficamos lá uns dez a doze dias e eu tive a sorte de acompanhar Gal no palco. Foi bom que foi danado! Todo mundo se agradou muito e, depois, ela acabou me convidando pra continuar com ela no grupo. Foi quando o acordeon passou a florescer de novo. Participei com ela do disco “Índia”. Depois, veio “Refazenda”, com Gil. E pronto: era um sucesso atrás do outro. REVISTA – Você tem muitos e diferentes parceiros... Também compõe letras? DOMINGUINHOS – Não. Eu faço a música. Às vezes faço ela primeiro e entrego para algum dos parceiros criar a letra. Outras vezes, eles me dão um poema e a gente tenta criar a melodia... E tem realmente um montão de gente comigo. Além destes de quem já falei, tem Anastácia, Fausto Nilo, Chico Buarque, Manduka... Este último ganhou junto comigo o Festival da TV Tupi, com “Quem me levará sou eu”... Orlando Silveira, Chiquinho do Acordeon, Chinoca... Também passei a tocar muito nas rádios: Rádio Nacional, Tupi, tudo quanto é emissora... REVISTA – E como foi o teu contato com o pessoal do tropicalismo? DOMINGUINHOS – Quando a bossa-nova apareceu, eu já tinha amizade com muita gente: com o Gil, Caetano, Chico... Depois veio o movimento tropicalista. E, nesta época, a sanfona começou a ficar meio obsoleta. Pouca gente resistia tocando o instrumento. Eu era um deles, como o Caçulinha ou o Sivuca. Se bem que este último, depois, foi pro exterior: Europa, Estados
REVISTA – Que você tem esta versatilidade de ritmos a gente já sabe. Agora, qual o ritmo que você mais gosta de tocar? DOMINGUINHOS – Eu gosto muito das canções nordestinas. E também das músicas românticas porque, quanto mais o tempo passa, a gente vai ficando mais romântico... E, claro, gosto demais de forró. REVISTA – Fala um pouco sobre teu trabalho mais recente. DOMINGUINHOS – É um conjunto de CD e DVD: “Iluminado”, gravado pela Biscoito Fino. Um trabalho todo instrumental, muito bonito, com convidados como Yamandu Costa, Elba
Dominguinhos
Ramalho, Gilberto Gil, Waldonis... muita gente boa. REVISTA – E como está o pique de trabalho neste mês que antecede o São João? DOMINGUINHOS – Um pouco mais devagar porque eu tenho que fazer as viagens todas de carro. REVISTA – Pois é. Eu ouvi dizer que você não anda de avião... DOMINGUINHOS – É. Depois de passar trinta anos andando de avião, passei a ter um medo danado. Fui percebendo isso aos pouquinhos. Já na véspera da viagem, eu começava a suar frio, ficava só pensando na- “Eu gosto muito das canções quilo... Uma vez, nordestinas. cheguei a faltar E também a uma apresentadas músicas ção. Outra vez, românticas eu fui. Mas meu porque, quanto coração ficou tão mais o tempo acelerado, o medo passa, a gente foi tão grande que vai ficando mais eu disse: - A partir romântico... de agora, só ando de carro. E assim tem sido. Se, um dia, este medo passar, a gente volta a andar de avião. Mas, por enquanto, deixa como está.
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REVISTA – Estávamos falando sobre tua agenda de meio de ano... DOMINGUINHOS – É verdade. Outro problema que está atrapalhando muito é a seca, que veio pra valer este ano. Então, muitas cidades estão desoladas e as prefeituras não têm como manter um show com a cidade neste estado. Já tivemos alguns shows cancelados na Bahia, que é onde a seca está pior. Quem é sertanejo, como eu, conhece bem este problema. Eu também já vivi esta realidade. REVISTA DOS BANCÁRIOS 7
Eleição
Sindicato
Direção ap Com quase 84% dos votos, diretoria do Sindicato é reeleita para novo mandato
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xistem muitas teorias, na Ciência Política, que tentam avaliar se um gestor eleito fez ou não fez um bom governo. A tese mais aceita garante que esta avaliação não é difícil. Basta esperar a próxima eleição e verificar se o gestor foi reeleito. Se ele vencer a eleição é porque seu governo foi aprovado. Nossa história começa no final de 2009, quando o Sindicato dos Bancários de Pernambuco viveu a eleição mais disputada de sua história. Por apenas dois votos de diferença, a atual diretoria do Sindicato derrotou a chapa formada pelo então presidente da entidade e venceu o pleito. Isso mesmo, dois votos de diferença, considerando um universo com mais de 4 mil votantes. A disputa acirrada mostrou que os bancários pernambucanos estavam divididos na época, embora a maioria quisesse mudanças na condução do Sindicato. A atual diretoria assumiu então a entidade e desde o primeiro dia começou a trabalhar para colocar em prática todos os compromissos assumidos durante a eleição. No mês passado, às vésperas do fim do mandato, a atual diretoria disputou sua reeleição. E, com mais de 3.200 votos de vantagem, a chapa encabeçada pela presidenta Jaqueline Mello foi reeleita, garantindo 83,53% dos votos válidos. Uma vitória maiúscula e consagradora.
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“O resultado mostrou que a nossa primeira gestão foi aprovada pela ampla maioria dos bancários”, comentou Jaqueline, reeleita para comandar o Sindicato por mais três anos. Mais do que aprovar a gestão, os bancários de Pernambuco deram um recado claro nas urnas. As mudanças implantadas pela atual gestão devem continuar, assim como a estratégia de unidade nacional empregada nas campanhas salariais, que rendeu, nos últimos anos, aumentos salariais acima da inflação, PLR maior, valorização dos pisos e mais empregos. “Ficamos muito felizes com o resultado da eleição. É a confirmação de que nosso trabalho foi bem feito e que os bancários confiam na atual diretoria. Só podemos agradecer aos bancários pela votação tão expressiva e consagradora. A diferença de votos para a outra chapa aumenta ainda mais a nossa responsabilidade”, afirma Jaqueline.
Eleição
provada
dos bancários, sendo duas fixas na sede da entidade e uma noturna, que coletou o voto dos bancários que trabalham fora do expediente normal. O mandato da diretoria eleita começa no próximo dia 4 de julho. A posse festiva será no dia 27 de julho. Repercussão nacional A reeleição da diretoria do Sindicato dos Bancários de Pernambuco repercutiu em todo o país. A vitória foi comemorada por dirigentes de mais de 90% dos sindicatos da categoria, de Norte e Sul do Brasil, que apoiaram a chapa encabeçada pela presidenta Jaqueline Mello. Para o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, a vitória “expressiva” nas urnas é o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo Sindicato na última gestão. “É uma vitória importante neste momento em que nós estamos comemorando a unidade dos bancários, uma das poucas categorias que têm uma convenção coletiva nacional
A eleição, realizada nos dias 16 e 17 de maio, contou com a participação de 4,9 mil bancários, o que representa mais de 73% dos trabalhadores sindicalizados aptos a votar. “Foi uma das eleições mais participativas da história do Sindicato”, conta o secretário-geral da entidade, Fabiano Félix. As eleições ocorreram num clima tranquilo, sem nenhum incidente registrado. O Sindicato colocou 47 urnas à disposição
Sindicato
de trabalho. Ficamos muito contentes na Contraf porque nossa confederação tem um Sindicato tão forte e tão atuante como é o de Pernambuco”, disse. O presidente do Sindicato do Rio de Janeiro, Almir Aguiar, comentou que a vitória com mais de 83,5% dos votos mostra a representatividade da diretoria do Sindicato pernambucano. “A Jaqueline e toda a direção fizeram todos os esforços e participaram nacionalmente de todas as lutas organizadas pela Contraf, que resultou em grandes vitórias nas últimas greves”, justificou. Para Ivone Silva, secretária geral da Contraf-CUT e diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, foi uma “vitória maravilhosa, que mostra o trabalho do Sindicato no dia a dia”. Opinião compartilhada por Miguel Pereira, secretário de organização da Contraf-CUT: “Os bancários reconheceram a diferença dos candidatos, a qualidade da política e a presença do Sindicato na base para resolver os problemas do dia a dia”, afirmou. O vice-presidente da CUT Pernambuco, Carlos Veras, comentou que a reeleição da diretoria é fruto do resultado do trabalho do Sindicato e da satisfação do conjunto dos trabalhadores. “Os bancários entenderam que o Sindicato está no rumo certo, construindo a luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e por respeito”.
Jaqueline comanda o Sindicato até 2015
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Cidadania
Direitos Urbanos
A cidade que queremos Às vésperas da Rio + 20, problemas que afetam planeta se repetem no microcosmo do Recife
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e 15 a 23 de junho, líderes do mundo inteiro se reúnem no Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável: a Rio + 20. Mas as expectativas não são boas. Para os movimentos sociais, as negociações oficiais vêm caminhando para a construção de um modelo que delega responsabilidades para o setor privado e não constrói novos paradigmas. No Rio de Janeiro, os movimentos sociais prometem se articular em uma conferência paralela, a Cúpula dos Povos. Aqui, no Recife, auxiliada pelas redes sociais, ganha corpo uma movimentação espontânea que , em contraponto a este modelo de mercantilização da vida, discute que tipo de cidade nós queremos. “Queremos uma cidade que estimule a convivência e não o isolamento. Uma cidade que seja movida pela coletividade e pelos interesses públicos. Uma cidade
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heterogênea, com casas e prédios, de diversos estilos arquitetônicos; com uma rede de transportes ampla e diversificada: com trens, ônibus, ciclovias, transporte fluvial”, diz a socióloga Ana Paula Portela. Como ela, o bancário Olímpio Costa, do Banco do Brasil, também faz parte do Grupo de Direitos Urbanos. “Não somos contra o progresso ou contra as construtoras. Mas acreditamos que não cabe à iniciativa privada o papel de urbanizar a cidade. Queremos repensar o espaço público porque não estamos satisfeitos com este padrão Moura Dubeux e esta arquitetura do medo, que isola e afasta as pessoas umas das outras”, diz Olímpio. O grupo de discussões, que tem hoje 2.600 integrantes, começou quando a vereadora Marília Arraes apresentou um projeto de lei que proibia o uso de bebidas alcoólicas em espaço público. O assunto deu início a um debate, através do Facebook, entre pessoas que se contrapunham a este controle autoritário e antidemocrático do espaço público da cidade. O projeto acabou sendo retirado de pauta pela própria autora. E a discussão cresceu, ganhou novos focos, com as redes sociais servindo como instrumento para mobilização. Por meio da divulgação na rede, o grupo conseguiu, por exemplo, que a Praça São José dos Manguinhos, nas Graças, fosse recuperada e voltasse a ser um espaço público. Antes, ela vinha sendo utilizada pela Casa dos Frios e Porto Ferreiro para estacionamento de clientes, com direito até a manobristas dos estabelecimentos. O anúncio da demolição do Edifício Caiçara, em Boa Viagem, ensejou novos protestos. Trata-se de uma relíquia dos anos 40, único exemplar da chamada arquitetura eclética. Uma construtora já havia comprado quase todos os apartamentos para construção
Cidadania
O O movimento movimento Ocupe Ocupe Estelita Estelita extrapolou extrapolou as as redes redes sociais sociais ee passou passou aa intervir intervir no no espaço espaço público, público, com com atos atos ee ocupações ocupações
Direitos Urbanos
de um prédio de trinta andares. Os poucos moradores que ainda restavam no edifício se juntaram a vizinhos e aos internautas para realização de um abaixo-assinado que resultou no tombamento do imóvel, que já não corre risco de demolição. Ocupe Estelita A movimentação ganhou novos ingredientes com a venda, em leilão, da área do cais José Estelita, uma das mais belas da cidade, e o anúncio da construção de um imenso bairro privado pela Queiroz Galvão e Moura Dubeux. O chamado “Projeto Novo Recife” prevê um imenso paredão de luxo, com treze torres de até 40 pavimentos. “Como é que um projeto deste tipo, com imensos impactos paisagísticos, ambientais, históricos e sociais não é discutido com a sociedade?”, questiona Ana Paula. Alguns anos antes, um outro projeto chegou a ser pensado para o local. Era o chamado projeto Recife-Olinda que, segundo Ana Paula, seguia minimamente o Plano Diretor da cidade. Também contara com um pouco mais da participação da sociedade em sua elaboração, por meio do Conselho de Desenvolvimento Urbano e alguns urbanistas. O projeto não foi para a frente e, em seu lugar, foi anunciado o outro, sem qualquer consulta social. O que era uma manifestação restrita às redes sociais extrapolou as telas e passou a intervir no espaço público, com atos e ocupações. Passou a se articular com o poder público, por meio de audiências e debates. Assim surgiu o movimento Ocupe Estelita, que tem três edições. O objetivo é defender o patrimônio público, fazer pensar um novo modelo de cidade e estimular uma socialização. Para isso, os manifestantes transformam a área em um espaço coletivo de fato: famílias reunidas, contadores de histórias, grafiteiros, dançarinos, atores... todos usufruem da convivência comunitária e da beleza da paisagem. “O próximo passo é levar o movimento a outros lugares da cidade”, diz Olímpio. REVISTA DOS BANCÁRIOS 11
Cidadania
Direitos Urbanos
Protesto Protesto mostra mostra insatisfação insatisfação com com o o “padrão “padrão Moura Moura Dubeux”, Dubeux”, que que isola isola as as pessoas pessoas
O fato é que o anúncio do projeto Novo Recife chamou a atenção para outro problema: o que se chama de gentrificação. “É a expulsão das populações tradicionais, ‘não desejadas’, e criação de uma cidade asséptica, em que os espaços públicos não são utilizados”, explica Ana Paula. Segundo ela, isso vem acontecendo em vários lugares para construção de bairros de luxo, shoppings ou grandes empreendimentos, como a Via Mangue. “A intenção das grandes construtoras é ocupar toda a área do Complexo de Salgadinho e Bacia do Pina, com bairros privados. E, assim, as mais belas paisagens do Recife ficam restritas a uma única classe social”, afirma a socióloga. Livres da favela Uma manchete publicada no caderno de Cidades do Jornal do Commercio, no dia 24 de maio, dá a medida deste processo. Diz: “Túnel na rota da Via Mangue livre de favela”. O título, e a matéria em seguida, é usado para justificar a operação da Prefeitura que, sem qualquer tentativa de diálogo, destruiu barracos e retirou famílias que haviam ocupado as margens do túnel na Avenida Sul. Dois meses antes, famílias que tiveram suas casas demolidas para construção da Via Mangue e Shopping Rio
Mar interromperam o trânsito na Avenida Herculano Bandeira, bairro do Pina. Ali, bem perto, outra comunidade tradicional sofre os efeitos da especulação imobiliária. Brasília Teimosa é um bairro que nasceu da luta da população. Conta-se que o bairro foi erguido não sei quantas vezes na calada da noite para ser derrubado na manhã seguinte. Resistiu, Teimosa: casas simples, palafitas, carências muitas. A vida melhorou quando ali se ergueu a avenida da orla para lazer à beira-mar, uma das obras-símbolo do governo Lula. Por outro lado, fez crescerem os olhos dos especuladores imobiliários. O bairro é Zona Especial de Interesse Social (Zeis). Não se pode construir prédios ali. No entanto, na entrada do bairro, foi erguido em 2006 um prédio comercial de vinte andares. Parte do terreno era Zeis, mas um acerto entre empresários, prefeitura e moradores viabilizou a obra. Estes “acertos” animam os empresários a seguirem em seus projetos: há áreas em que uma vizinhança inteira já vendeu suas casas, num sinal de que os empresários querem grandes terrenos. As residências, antes adquiridas por R$ 10 mil, são vendidas por R$ 200 mil. Do outro lado da Bacia do Pina, erguem-se as imensas torres gêmeas, com 41 andares, na beira do rio.
Cúpula dos Povos X Rio + 20 Agroecologia, agricultura familiar, economia criativa e solidária... as soluções propostas pelos movimentos sociais como caminhos para a sustentabilidade não são nada do outro mundo. São ações que já são postas em prática. A agricultura familiar, por exemplo, é responsável por 75% da comida que vai ao prato do brasileiro. No entanto, a maior parte dos financiamentos públicos está nas mãos do agronegócio. De 15 a 23 de junho, membros da Primavera Árabe, dos Indignados da Espanha, do movimento Occupy dos
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Estados Unidos, estudantes do Chile e movimentos sociais do mundo inteiro se encontram na Cúpula dos Povos. O objetivo é elaborar uma agenda de mobilização e se contrapor aos modelos propostos pela Rio + 20. Entre estes modelos está a chamada economia verde, na qual os recursos naturais são tratados como produtos, dentro de uma lógica de mercado. Um modelo em que o principal aliado para a construção da sustentabilidade é justamente quem mais contribui para o esgotamento dos recursos naturais: o setor privado.
Um modelo que mantém os padrões de produção e consumo. Um modelo em que o desenvolvimento econômico é desatrelado do desenvolvimento social, cultural e ambiental. No dia 25 de maio, o veto parcial da presidenta Dilma ao novo Código Florestal mostra que falta muito para se construir um novo marco ambiental no país. Para os ambientalistas, embora de forma mais branda que o texto da Câmara, a proposta do governo continua beneficiando quem desmatou e não traz nenhum incentivo ou reconhecimento para quem conserva.
Previ
Banco do Brasil
Pernambuco no comando Secretário-geral do Sindicato, Fabiano Félix, acaba de assumir a presidência do Conselho Fiscal da Previ, o maior fundo de pensão da América Latina
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ela primeira vez na história, a Previ terá um pernambucano oriundo do movimento sindical num dos cargos mais importantes do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. O secretário-geral do Sindicato, Fabiano Félix, assumiu no dia 1º de junho a presidência do Conselho Fiscal da Previ. Segundo o estatuto da entidade, o Conselho Fiscal é “o órgão de controle interno da Previ responsável pela fiscalização da gestão administrativa e econômico-financeira” da entidade. Entre outras funções, o Conselho Fiscal deve examinar os balancetes mensais, emitir parecer sobre as Demonstrações Contábeis e de Resultado de cada exercício, fiscalizar quaisquer operações, atos e resoluções praticados na Previ e emitir, periodicamente, relatórios sobre controles internos. “É muita responsabilidade. A Previ é hoje o maior fundo de pensão da América Latina e um dos maiores do mundo”, comenta Fabiano. “Com quase 200 mil participantes, a Previ, se fosse uma cidade, estaria entre os 100 maiores municípios do Brasil. Com 150 bilhões de reais em
patrimônio, teria um PIB maior que 75% dos países do planeta. São números impressionantes, que mostram a grandeza do nosso fundo de pensão”, compara. Fabiano conta que quando ingressou no Banco do Brasil, em 2000, não imaginava que um dia estaria ajudando na gestão da Previ, esta entidade tão importante para todos os funcionários do BB. “Fui o primeiro entre os empregados da geração pós-98 a assumir uma vaga no Conselho Fiscal, para o qual fui eleito pelos participantes em 2010. Agora, na presidência deste importante órgão, quero ajudar a abrir ainda mais os espaços para que a minha geração contribua na administração da Previ. Sei que é muita responsabilidade. Afinal de contas, o futuro de milhares de pessoas depende da nossa gestão. E o Conselho Fiscal da Previ é fundamental para administrarmos o patrimônio dos associados com competência e seriedade, garantindo uma gestão de sucesso”, afirma. O dirigente pernambucano garante que vai fiscalizar com afinco a gestão da Previ, como manda o estatuto. “Para usar as palavras do nosso querido Luiz Gonzaga, me comprometo a ‘ficar perto do candeeiro. De olho aberto no candeeiro pra ninguém soprar’”, diz Fabiano, que faz questão de completar: “Apesar do novo compromisso, continuo trabalhando cotidianamente no Sindicato dos Bancários de Pernambuco para organizar nossa categoria e lutar por melhores condições de trabalho e de vida para todos”. Nova direção Além de Fabiano, tomaram posse no dia 1º de junho os novos dirigentes eleitos da Previ. A Chapa 6, apoiada pelo Sindicato, foi eleita no final de maio, derrotando as outras cinco chapas. O ex-secretário-geral da Contraf-CUT, Marcel Barros, assumiu a diretoria de Seguridade. Também foram eleitos os novos membros do Conselho Deliberativo (Rafael Zanon, Haroldo do Rosário Vieira, José Ulisses de Oliveira e José Souza de Jesus) e do Conselho Fiscal (Odali Dias Cardoso e Diusa Alves de Almeida), além dos novos conselheiros Consultivos do Plano de Benefícios 1 (Waldenor Moreira Borges e Luiz Alarcão) e do Previ Futuro (Deborah Negrão de Campos e Vênica Ângelos de Melo). REVISTA DOS BANCÁRIOS 13
Cultura
Dicas
SÃO JOÃO
Arraial dos Bancários Mais um animado São João vai agitar o Clube de Campo dos Bancários no dia 30 de junho. A partir das 16 horas, vai ter forró pé-de-serra, quadrilha improvisada, comidas e bebidas típicas, fogueira, fogos e muita alegria. Três ônibus sairão da sede do Sindicato para levar, e trazer de volta, aqueles que não estiverem dispostos a dirigir. Quando esta página da revista foi editada, os nomes das bandas que animarão a festa ainda não estavam confirmadas. Fiquem ligados em nosso sítio eletrônico para conhecer os detalhes da programação: www.bancariospe.org.br.
Arraial em Arcoverde Para o pessoal do interior, o Sindicato, mais uma vez, vai montar a Casa dos Bancários em Arcoverde. De 21 a 24 de junho, a sede regional, que fica bem no polo da festa, funciona como um animado ponto de encontro dos bancários. A programação do município é eclética: há nomes como Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Silvério Pessoa, Elba Ramalho, Geraldinho Lins, Zé Ramalho e Mazinho do Acordeon. E outros como Garota Safada, Cavaleiros do Forró, Calypso e Aviões do Forró. O destaque é o Grande Encontro do Coco, que abre a programação do dia 23 com os grupos Trupé e Coco Raízes de Arcoverde. Neste mesmo dia, se apresentam, também, Renato Teixeira e Sérgio Reis. E os Vilões do Forró fecham a noite.
São João
RECOMENDADOS Limoeiro
A diversidade é a marca do São João de Limoeiro. São três polos e há espaço para bois, cirandas, grupos de coco, mamulengo, quadrilhas e brincadeiras juninas. E, claro, também para os grandes nomes, como Bruno e Marrone e Roberta Miranda.
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Caruaru
Diversidade é a marca, também, da capital do forró. E este ano, a novidade é o Polo Alternativo, onde se apresentam artistas da nova cena musical. Além disso, há espaço para quadrilhas, repente, forró pé-de-serra, bacamarteiros, bandas de pífano.
Durante o dia, Adriano Silva é empregado da Caixa e trabalha na agência Teatro Marrocos. À noite e nos finais de semana, ele se transforma no Neno Tocador e dá show como sanfoneiro de primeira qualidade
UMA SANFONA, UM TOCADOR E MUITAS VOZES
Neno Tocador
Cultura
Bancário artista
E
le era miudinho e a mãe chamava de Neno, abreviatura de neném. Hoje, Adriano Silva cresceu. É bancário da Caixa Econômica Federal. Mas ganhou da mãe, cantora lírica, a paixão pela música e o nome artístico: Neno Tocador. Do tio Aurino, tocador de pífano, e de sua terra, Pesqueira, herdou o amor pela música regional. Neno, ou Adriano, toca de tudo: flauta, piano, escaleta, cavaquinho. Mas é no acordeon que se sente mais à vontade. Em seus shows, quem dita a trilha é o forró pé-de-serra. Mas sua sanfona guarda muitas vozes e constrói muitas pontes. “Entre uma música e outra, a gente brinca até com trechinhos de Mozart ou Beethoven”, diz o músico, recordando influências da mãe. Se pela sanfona de Adriano o erudito e o regional dão um jeitinho de se encontrar, sua vida é uma mistura entre o urbano e o rural. “Há vinte anos, moro em Recife. Mas não esqueço minha terra natal. Tanto que assino em meus CDs: de Pesqueira para o mundo”, conta o tocador, que trabalha há quatro anos na agência Teatro Marrocos. O talento de Adriano é herança de família. Mas ele estudou bastante para aperfeiçoá-lo. Começou tocando flauta, estudou piano na Universidade Federal de Pernambuco, e foi aprendendo vários instrumentos. A necessidade de trabalhar o levou para outros rumos: o comércio, a Metrorec e, finalmente, a Caixa. Mas não conseguiu afastá-lo de sua paixão pela música porque, segundo ele, “este é um vírus incurável”. Há cerca de dez anos, ele passou a tocar profissionalmente. Primeiro, como tecladista em bandas de baile. Depois, como “Neno Tocador e a Bandinha Boa”. E não faltam shows, festas e eventos. Tanto que ele aproveita estes momentos para gravar seus CDs, ao vivo. Já são dois, um gravado em Recife e outro em Carpina. Na vida de Adriano, o trabalho como bancário e como músico é complementar. “Um ajuda o outro. O banco me fornece noções de gerenciamento e relacionamento interpessoal que eu utilizo para minha carreira de músico. Ao mesmo tempo, a música me ensina a gerenciar meu próprio tempo e me dá uma leveza, que auxiliam em meu trabalho no banco”, diz. E acrescenta: “Muita gente tem preconceito. Acha que alguém que não se dedica integralmente ao banco não pode ascender na carreira. Mas o ser humano é capaz de desenvolver bem várias habilidades e usar uma em proveito da outra”. Um exemplo disso foi o processo de composição de uma de suas músicas. O mote surgiu no curso de “gestão ambiental”, que ele fazia na época. Ele juntou umas pitadas de inspiração trazida pela observação das paisagens da serra e construiu “Apague essa ideia”, que teve uma ótima repercussão na Internet. Para este São João, a agenda está cheia. Tem show em festas, no Clube Português, no Chevrolet Hall e também em outros municípios: São Joaquim do Monte, Carpina e Caruaru. Leia mais sobre o artista em www.nenotocador.com.br. REVISTA 15 REVISTA DOS DOS BANCÁRIOS BANCÁRIOS 15
Turismo
Conheça Pernambuco
EXU
A cidade do Rei do Baião
F
alar do município de Exu é falar de seu filho mais ilustre: Luiz Gonzaga. Quem passa por aquelas bandas tem como parada obrigatória o Parque Asa Branca, onde fica localizado o Museu do Gonzagão, a casinha de taipa onde morou Seu Januário e o mausoléu do rei do baião. É lá, também, que acontecem os principais shows e eventos da cidade. O espaço foi criado pelo próprio Luiz Gonzaga e atualmente é tombado como patrimônio imaterial. Mas nem só de forró e baião é feito o município. No entanto, para ter acesso a muitas das belezas do município é bom estar disposto a percorrer alguns quilômetros de estrada e fazer boas caminhadas. As igrejas, por exemplo, são atrativos de destaque. A mais conhecida é a Igreja do Bom Jesus dos Aflitos, que fica na Praça da Matriz. Mas há outras mais distantes, nas vilas e sítios do entorno. É o caso da Igreja de São João Batista do Araripe, a mais antiga da cidade:
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construída em 1868 pelo Barão do Exu, ela situa-se a quinze quilômetros da sede municipal. Já a Igreja de São Sebastião e Nossa Senhora da Assunção fica na Vila de Tabocas, a dezoito quilômetros do centro. Dizem que foi construída, em 1919, em função da peste bubônica que ameaçava a população. O povoado de Tabocas teve origem em um antigo engenho. Ruínas de edificações e restos do seu maquinário ainda podem ser vistos no lugar. Outros pontos históricos merecem uma visita. A Casa da Caiçara é a mais antiga da região do Araripe, da primeira metade do século XVIII. Foi lá que nasceu a grande heroína do Ceará, Bárbara Pereira de Alencar, conhecida como a primeira mulher republicana do Brasil. Hoje, o local funciona como museu. Na Fazenda Gameleira, a dezesseis quilômetros da sede do município, encontra-se as ruínas da Casa Grande do Barão do Exu: Guálter Martiniano de Alencar Araripe – deputado, coronel e único barão da cidade. Também na Fazenda Gameleira é possível conhecer o chamado Exu-velho, com paredões, arcos e restos do altar-mor da igreja do antigo município. A capela foi construída com pedras e cal pelos Jesuítas Capuchinhos, no início do século XVIII, com mão-de-obra dos primeiros habitantes do lugar: os índios Ançus, do tronco dos Cariris. O turismo ecológico é outra atração. Quem estiver disposto a subir as serras, vai descobrir paisagens maravilhosas em locais como o Pico do Redondo; Pedra da Pamonha; Pedra da Princesa; Santuário Ecológico do Cantarino; ou Serra das Camarinhas. Nesta última, por exemplo, há uma passagem através de um desfiladeiro, onde só se consegue andar em fileira. Os paredões chegam a medir oito metros de altura e a passagem foi utilizada pelos revolucionários de 1817. Para mais informações, acesse: www.exu.pe.gov.br e clique no link da Secretaria de Cultura, Turismo e Desportos, no canto esquerdo da página.