nº 51 - fevereiro/2015
O mundo, segundo os jornais Acontecimentos internacionais que agitaram o mundo nas últimas semanas foram noticiados pela imprensa de forma parcial. Por que a grande mídia só mostra um lado da notícia?
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Revista dos Bancários Publicação do Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Redação Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00 Fone 3316.4233 / 3316.4221 Site www.bancariospe.org.br Presidenta Jaqueline Mello Secretária de Comunicação Anabele Silva Jornalista responsável Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial Jaqueline Mello, Anabele Silva, Geraldo Times e João Rufino Redação Camila Lima e Fabiana Coelho Projeto gráfico e diagramação Bruno Lombardi - Studio Fundação Imagem da capa Londondeposit / ©DepositPhotos Impressão NGE Gráfica Tiragem 12.000 exemplares
Sindicato filiado a
Editorial
Os ângulos da notícia Na manhã de quarta-feira, 7 de janeiro, um grupo armado invadiu o jornal francês Charlie Hebdo, em Paris, e matou 12 pessoas. Os assassinos queriam se vingar de autores de charges que faziam piada com o profeta Maomé, mensageiro de Deus para o islamismo, religião popular, principalmente, nos países árabes e em outras partes da Ásia e da África. O massacre, inaceitável, foi amplamente noticiado pela imprensa, gerando uma comoção mundial, que acabou levando milhares de pessoas às ruas para protestar pela liberdade de expressão. Essa história você cansou de ver nos jornais. O que você não viu foi qualquer discussão sobre a situação dos muçulmanos na França, que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são coisas distintas, ou que o próprio Charlie Hebdo já demitiu um cartunista, em 2009, que produziu uma charge sobre os judeus. Charge que seguia o mesmo estilo das que têm o islã como alvo... Nesta edição da Revista dos Bancários buscamos entender o que está por trás do enquadramento que o noticiário internacional ganha nos grandes veículos de comunicação, no Brasil e no mundo. A imprensa também é discutida na entrevista do mês, feita com o jornalista Altamiro Borges, um dos principais militantes da democratização da mídia. Miro, como é conhecido, é autor do livro A ditadura da mídia, “uma peça de denúncia política”, que “visa desmascarar o nefasto poder da mídia hegemônica e formular propostas para a democratização dos meios de comunicação”. E, como é fevereiro, a Revista dos Bancários não poderia deixar de falar do carnaval, com os blocos organizados pelos foliões da nossa categoria. Também destacamos as lutas encampadas pelos bancários, neste início de ano, e o planejamento do Sindicato para o semestre. Acompanhe, também, nossas dicas de cultura e lazer, conheça o bancário de talento do mês e saiba mais sobre Belém de São Francisco, cidade pioneira no Brasil na tradição dos bonecos gigantes de carnaval.
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Revista dos Bancários
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Índice
MÍDIA E POLÍTICA Jornalismo internacional em xeque
04 CARNAVAL Conheça alguns blocos organizados pelos bancários
ENTREVISTA DO MÊS Jornalista Altamiro Borges fala sobre a ditadura da mídia Página 7
Veja as nossa dicas de lazer e cultura Página 14
Página 10
PLANEJAMENTO Sindicato organiza a luta para 2015 Página 13
Belém de São Francisco: um carnaval cheio de tradição Página 16
Bancário descobre talento de tatuador Página 15 Fevereiro de 2015
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Capa
Cadê o outro lado da notícia? Ataque ao Charlie Hebdo e reaproximação entre Cuba e EUA foram noticiados pela imprensa mundial, incluindo a brasileira, de forma parcial para servir aos interesses das grandes potências
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Revista dos Bancários
A
morte dos cartunistas do jornal francês Charlie Hebdo e o reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos foram assuntos largamente noticiados pelos veículos de comunicação de vários países do mundo. A cobertura da grande mídia, nacional e internacional, mais uma vez, abordou apenas a parcela da realidade que serve aos seus interesses e não suscitou um debate amplo sobre os temas. Em dezembro, os presidentes dos EUA, Barack Obama, e de Cuba, Raul Castro, reataram as relações diplomáticas entre os dois países. Em discurso, Obama afirmou que a estratégia de isolar Cuba falhou. Ainda assim, o reconhecimento do erro norte-americano e os enormes prejuízos causados ao povo cubano, pelos mais de 50 anos de bloqueio, não figuraram entre as questões mais discutidas sobre o tema na imprensa. No início de janeiro, 12 pessoas foram mortas na redação do Charlie Hebdo, em Paris. Entre eles, estavam jornalistas e cartunistas, além de um visitante e dois policiais. Os responsáveis pelos assassinatos, segundo autoridades francesas, seriam dois radicais islâmicos, que foram mortos por policiais nos dias subsequentes.
Direita aproveitou a comoção do massacre para tirar da gaveta sua pauta conservadora e xenófoba
O ataque teria sido motivado por charges frequentes do jornal que desrespeitavam Maomé. Uma grande campanha a favor da liberdade de expressão e contra o fundamentalismo islâmico foi capitaneada pela grande imprensa de vários países do mundo, inclusive do Brasil. O contexto em que o ataque ocorreu, no entanto, não foi alvo de muitas reflexões. A xenofobia e a intolerância cultural e religiosa, na França e na Europa, tampouco fizeram parte desse debate.
Cobertura enviesada Para o jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges (Miro), de fato, “a
cobertura da mídia monopolista é enviesada, pois busca defender seus próprios interesses”. Miro explica que o Charlie Hebdo é, em sua origem, um jornal satírico de esquerda, mas abusou de uma islamofobia e acabou sendo alvo de um ataque execrável. “Esse ataque deve ser condenado de forma rigorosa, sem nenhuma hesitação. Mas é preciso lembrar que a França tem seis milhões de muçulmanos, que vivem sendo humilhados. E trata-se de um país colonialista, que já matou muita gente na África e na Ásia e que continua atacando povos do norte da África”, afirma Miro. Muitos muçulmanos que moram na França nasceram em países que foram colonizados pelo
país, ou são descendentes deles. O jornalista ressalta, também, que, nesse contexto de forte intolerância no mundo, e, na Europa, em particular, o atentado ao Charlie serve às organizações fascistas, anti-imigrantes e xenófobas. “Vai dar mais votos para a Frente Nacional [partido de extrema direita francês], que propõe pena de morte e várias medidas de reclusão e expulsão de imigrantes e é contrário ao direito ao aborto e ao casamento homoafetivo”, explica. Quanto ao reatamento das relações diplomáticas, Miro o considera uma vitória simbólica de Cuba sobre os EUA. “Mesmo com todo o cerco político, diplomático e econômico, os cubanos resistiram. O próprio Obama foi Fevereiro de 2015
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Capa taxativo e disse que esses 50 anos de bloqueio não serviram aos EUA”, destaca.
Fim da Guerra Fria Para o coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Michel Zaidan, o reatamento entre Cuba e EUA representa o fim da Guerra Fria. “O combate ao comunismo foi um elemento que dominou a política externa norte-americana durante muito tempo. Cuba era um dos últimos símbolos do comunismo no mundo. O reatamento significa o fim dessa estratégia anticomunista norte-americana, pois o objetivo dos EUA, agora, é combater o terrorismo do estado islâmico, na Europa ou em qualquer parte do mundo”, explica. Zaidan considera que essa mudança é positiva para o continente americano. “A política anticomunista era um grande impasse para qualquer projeto de soberania nacional, de autonomia e de políticas voltadas para os interesses do povo da América Latina, assim como para a integração da região”. Em entrevista à Deutsche Welle Brasil, Frei Betto contou que Fidel Castro considera a aproximação entre Cuba e o EUA uma iniciativa de paz, mas que os EUA ainda são vistos como inimigo. O frei esteve com Fidel, em Cuba, no fim de janeiro. “Não basta apenas estar disposto ao diálogo. Deve-se sus-
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pender o bloqueio econômico, anular as leis que determinam o embargo ao regime cubano e tirar Cuba da lista dos países considerados terroristas. Meras formalidades, como troca de embaixadas, não s ão suficientes para dizer que as relações estão normais”, ressalta Frei Betto. “Enquanto o bloqueio não for [totalmente] suspenso, é mera hipocrisia”, completa. Para Fidel, o fato de Obama ter admitido, publicamente, que o embargo não funcionou significa, segundo Frei Betto, uma mudança de métodos. “Fidel quer saber quais são os objetivos. Se os métodos mudam e os objetivos, não, de nada adianta”, conta. De acordo com o professor da UFPE, depois do fim da Guerra Fria, os EUA escolheram um outro inimigo externo: o islamismo. “Os
A mídia obedece Washington. Por isso, países como Venezuela e Bolívia, que não são caudatários da política norteamericana, sofrem represália da mídia Michel Zaidan Professor da UFPE
americanos vivem em guerra permanente contra o mundo. Para eles, é lucrativo, pois, dessa forma, eles mantêm as indústrias Obama admitiu armamentista, de que a estratégia de isolar Cuba construção civil e falhou. Fidel de petróleo. Eles Castro cobrou o tinham que arranfim do bloqueio jar outro inimieconômico, cujo go para justificar prejuízo causao s ob j e t ivo s d a do em mais de 50 anos não foi política externa”, discutido pela explica. imprensa
Casa Branca manda A mídia nacional e internacional, segundo Zaidan, obedece a orientação de Washington. Por isso, países sul-americanos, como Venezuela e Bolívia, que não são caudatários da política externa norte-americana, como a Colômbia e o México, sofrem represália da mídia. “São tratados como estados autoritários, militares e caudilhescos”, afirma. “O caso Charlie Hebdo foi um exemplo de como a mídia repercute os interesses da política externa norte-americana, que, na União Europeia, se chama guerra ao terror”, completa o professor da UFPE. O poder dos EUA está rel a c i o n a do a o s i m p o r t a n te s aliados que eles possuem no mundo, como a Inglaterra e a
O professor conta que tamanha influência dos EUA sobre a política e a economia não se trata de uma “teoria da conspiração”. “Ela fica evidente em estudos das relações internacionais. A direita está muito forte. Não há governos social-democratas quase em lugar nenhum”, afirma.
Onda conservadora
Alemanha. O professor explica que a vitória da Angela Merkel foi uma derrota grande da esquerda. “A França sempre foi mais independente, mas, agora, depois desses atentados, deve rever suas posições sobre a política externa norte-americana”, reflete.
O conservadorismo, também, está forte no Brasil, e os rumos do governo Dilma preocupam militantes de esquerda, que foram essenciais na reeleição dela. No primeiro mês do novo mandato, o movimento sindical fez oposição às decisões do governo federal que contrariam os compromissos assumidos pela presidenta durante a campanha eleitoral. “No Brasil, o que tivemos de mais de esquerda foram os governos do PT, que transformaram os trabalhadores em consumidores, mas não em cidadãos republicanos. E, do jeito que está indo, esse vai ser um governo de centro, pela política econômica que está conduzindo e pelas alianças políticas que vem fazendo”, avalia Zaidan. Fevereiro de 2015
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Entrevista: Altamiro Borges
A ditadura da mídia Em entrevista à Revista dos Bancários, o jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, mais conhecido como Miro, falou sobre a cobertura midiática, nacional e internacional, em casos de grande repercussão
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essoas de vários países do mundo participaram da campanha “Je suis Charlie”, em solidariedade aos jornalistas mortos e em defesa da liberdade de imprensa. Na sua opinião, o que tem por trás disso? Algumas dessas pessoas, mesmo sem ter consciência disso, não estariam fazendo coro para ideias conservadoras e contrárias aos direitos humanos? De fato, há, neste caso, oportunismo da direita e da mídia monopolizada mundial e brasileira. A manifestação, no domingo [11 de janeiro – domingo posterior ao ataque ao Charlie Hebdo], juntou 3,7 milhões de pessoas na rua, em várias cidades da França. Um milhão
e meio, só em Paris. À frente, isolado das pessoas, vinha um cordão de autoridades, onde estava, por exemplo, o primeiro ministro de Israel, que é um assassino. Vários jornalistas de Israel e da Palestina foram presos e mortos. Estavam Angela Merkel [chanceler da Alemanha], David Cameron [primeiro-ministro do Reino Unido] e Mariano Rajoy [presidente da Espanha], que acabou de aprovar a Lei de Mordaça na Espanha. Como é que eles vêm falar em liberdade de expressão? É muita hipocrisia e oportunismo. A manifestação foi emblemática nesse sentido. No Brasil, o caso do Charlie Hebdo tem sido utilizado para reforçar a ideia de que qualquer regulação da mídia é censura. Até onde pode chegar a liberdade de expressão e, também, de imprensa? Liberdade de expressão é um direito humano. Mas também não está acima de tudo. Você fala e ouve. Ataca e é atacado. Outra coisa é liberdade de imprensa, que é de quem tem o veículo de comunicação. A liberdade de imprensa, com grupos monopolistas dominando, é liberdade de monopólio, de poucos. Existia, realmente, total liberdade de expressão no Charlie? Um cartunista que fazia sátiras dos judeus foi demitido do jornal. Isso mostra que liberdade expressão lá, também, não existia. O que havia era uma liberdade de imprensa, dos donos do jornal. Liberdade de expressão e liberdade de monopólio são coisas distintas. Os grupos dominantes misturam as duas, propositalmente, para gerar confusão. E o que representa o reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e EUA para o mundo? Cuba era um prostíbulo estadunidense até fazer a Revolução, quando os EUA passaram a tratá-la como inimigo – motivados pelo temor de que a inspiração cubana chegasse ao restante da América Latina e aos próprios EUA. Eles cometeram um bárbaro crime contra Cuba, com o bloqueio à ilha, imposto ao mundo inteiro. Mesmo com todo o cerco político, diplomático e econômico, os cubanos resistiram. Na reta final do seu governo, Obama, muito desgastado, decidiu, por razões pragmáticas-eleitorais, agir de acordo com seu programa de governo inicial. Os EUA correm o risco de serem comandados pela ala direita do partido republicano, que já é um partido de direita. Na Flórida, as pesquisas de opinião apontam que a população
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é contra o bloqueio a Cuba, e Obama precisa dos votos desse estado. Em relação à economia, a abertura do Porto de Mariel criou uma nova situação para Cuba, e os EUA estão isolados e perdendo chances de negócios. Recentemente, circulou, na internet, um quadrinho humorístico de uma conversa entre Fidel e Che Guevara, em que Guevara perguntava a Fidel se ele achava que um dia Cuba reataria as relações diplomáticas com os EUA. A resposta de Fidel foi que isso só aconteceria quando o presidente dos EUA fosse negro e o papa, argentino, como Guevara. Você acha que o mundo está menos conservador do que na década de 60? É um cenário contraditório. A eleição do Obama, nos EUA, representou uma vitória importantíssima das forças progressistas. Mas a administração dele acabou se dobrando à pressão do famoso complexo militar-industrial-financeiro dos EUA. Foi um governo fraco, nesse sentido. Há riscos, agora, de perder a eleição [para o partido Republicano] e piorar ainda mais a situação. Estamos vivendo uma onda conservadora no mundo. O caso do Papa é outra realidade. Ele tem sido uma grande surpresa positiva, mas que reflete muito a crise da Igreja Católica – a perda de fiéis, a crise moral, a pedofilia e todos os outros crimes cometidos. É uma ten-
“Liberdade de imprensa é a liberdade do dono do veículo de comunicação. Essa liberdade, com grupos monopolistas dominando a mídia, é liberdade de monopólio, de poucos. Os grupos dominantes misturam as duas, propositalmente, para gerar confusão” Altamiro Borges
tativa de renovação da Igreja. Vamos ver, inclusive, quanto que ele aguenta, porque já está sofrendo uma pressão violentíssima do velho Vaticano. Na eleição presidencial do Brasil, vimos que a cobertura da mídia brasileira sobre as relação entre Brasil e Cuba mantém coerência com valores conservadores e liberais. O que esse reatamento diplomático representa para o Brasil? A mídia brasileira está devendo uma autocrítica sobre o que falou nas eleições. Tanto condenou o Porto de Mariel e, agora, foi obrigada a reconhecer que ele foi uma grande sacada dos governos Lula e Dilma, pois abre outras possibilidades de integração regional e de transações econômicas, no continente. No Brasil, assim como no mundo, há o crescimento de ideias conservadoras. A bandeira “Vai para Cuba” era levantada nas manifestações da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 1964. Os participantes das recentes manifestações que pediram o impeachment da Dilma poderiam pegar os mesmos cartazes de 1964, pois as propostas são as mesmas. É uma onda conservadora, que a mídia é responsável por alimentar e que a campanha do Aécio Neves à presidência incendiou. Fez com que essas ideias conservadoras, que estavam retidas no armário, saíssem. Fevereiro de 2015
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Carnaval
O bloco é dos bancários
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Jan Ribeiro / Pref. Olinda
ue tal esquecer as metas e entrar no clima de carnaval? Que tal deixar de lado o ambiente competitivo dos bancos e aderir ao espírito carnavalesco da alegria e união? Muitos bancários já fazem isso há vários anos. Outros decidiram fazê-lo recentemente, criando blocos, troças e oportunidades de confraternização e diversão. O Sindicato apoia mais de dez blocos: de bancários, funcionários e entidades parceiras. “Temos um longo histórico de apoio às manifestações culturais. Neste caso, além disso, estamos também incentivando uma maneira solidária de relação entre os funcionários dos bancos”, afirma a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello. Nesta reportagem, você vai conhecer algumas iniciativas de trabalhadores que, no carnaval, se unem na folia.
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HERANÇA DO AZULÃO
“SEU FUNDO” DE VOLTA À FOLIA
Tudo começou nas redes sociais. Ana Acevedo, ex-funcionária do Bandepe, passara por um momento de perda e achou que encontraria apoio nos velhos colegas de profissão. Surgia assim, no facebook, o grupo “Eu trabalhei no Bandepe”. O contatos se limitavam aos meios digitais. “Chegamos a marcar vários encontros, mas pouca gente ia”, lembra Ana. Foi quando ela teve uma ideia: “lembrei que o que juntava o pessoal era o carnaval, nos tempos do Azulão”, conta. Pronto: estava lançada a semente do que seria, a partir do ano seguinte, 2012, o bloco “Eu trabalhei no Bandepe”. A organização é garantida coletivamente: o estandarte, por exemplo, só surgiu no segundo ano do bloco, confeccionado por Inezilda, que já fora diretora do Azulão e passou a ser a porta-estandarte do novo bloco. O hino, cuja letra foi composta por Ana, ganhou a musicalidade de um frevo de bloco graças a um amigo, o Bida. E todas as despesas – orquestra, bebidas, fogos, taxa de prefeitura – são bancadas pela venda das camisas. O bloco sai no mesmo dia, horário e local do antigo Azulão. Este ano, haverá, ainda, concurso de customização das camisas, com prêmio de R$ 50 em dinheiro e mais um troféu para o vencedor. Dia: Sexta-feira, 13/02 Horário: Concentração a partir das 18h30 Local: Recife Antigo, na frente do antigo Bandepão
Este ano, 2015, marca o retorno do bloco “Seu Fundo na Folia” ao carnaval recifense. Desde 2011, o bloco, criado em 2007 pelos empregados da Caixa que trabalham no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), não ia às ruas. “Muita gente fora transferida para Brasília, em 2010, e o bloco acabou parando entre 2011 e 2014”, conta Rodrigo Gomes, um dos organizadores. Rodrigo é um dos integrantes da Comissão de Gestão Participativa da Caixa. O objetivo da comissão é buscar alternativas que ajudem a integrar a equipe e manter a harmonia nas relações de trabalho. “Achamos que retomar o bloco ajudava na integração e relação entre os colegas”, diz Rodrigo. Se a ideia da retomada veio de uma comissão institucional, o esforço para fazê-lo é coletivo. O bloco não tem apoio do banco. Além do Sindicato, a Apcef-PE e o Camarão do Leo também ajudam a botar o Seu Fundo na Folia. O resto dos custos é bancado pela venda da camisa. O investimento de R$ 40 dá direito a beber chopp Brahma à vontade na concentração. Haverá ainda customização de camisas, local para venda de comida e banheiro químico à disposição. Os interessados podem procurar Rodrigo, Bruna ou Regina pelo e-mail: gifugre09@caixa.gov.br ou pelo telefone 3419-5419. Dia: Sexta-feira, 13/02 Horário: Concentração a partir das 16h Local: Recife Antigo, na frente da Caixa Cais do Apolo
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Carnaval
Jan Ribeiro / Pref. Olinda
UTI NO CARNAVAL DE OLINDA O “Butico” completa, este ano, 10 anos de carnaval em Olinda. No entanto, o que hoje é um bloco, começou como uma pelada entre colegas de profissão. Todos os sábados, o bate-bola reunia bancários do antigo Bandepe, Real e Sudameris. “Resolvemos chamar o grupo de U.T.I. Era uma brincadeira, porque a maioria de nós tínhamos mais de 30 anos. E, ao mesmo tempo, uma abreviação de União, Trabalho e Integração”, conta José Barbosa, um dos organizadores. Como a maioria dos bancários do grupo era de Olinda e adorava carnaval, surgiu a ideia de criar um bloco. Três a quatro anos depois do surgimento da pelada, estrearia o Bloco U.T.I. no Carnaval de Olinda. Ou melhor, o Butico. Hoje, o grupo consegue vender mil camisas, para bancários e amigos de bancários. A saída acontece no sábado de Zé Pereira, dia em que Olinda é mais calma, por conta da concorrência com o Galo da Madrugada. O forte do bloco é a concentração. São três atrações: uma banda, um sambão e uma orquestra de frevo; além de Open Bar – com cerveja e água. Tudo isso por um investimento de R$ 50. Depois de mais de cinco horas de farra, o grupo sobe as ladeiras, no ritmo da orquestra. Dia: Sábado, 14/02 Horário: Concentração a partir das 10h30 Local: Rua do Sol, 271, Olinda
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CASA DE MAINHA: ESTREIA ANIMADA Todos os anos, Dona Ilma já estava acostumada a receber em sua casa, no Sítio Histórico de Olinda, cerca de vinte a trinta bancários, a maioria do HSBC e Banco do Brasil, amigos de seu filho. Este ano, pela primeira vez, ela verá sair às ruas o bloco “Casa de Mainha”. “A gente já frequentava a casa há mais de dez anos e era um desejo antigo ter nossa agremiação que, aliás, já é denominada o bloco mais amado de Olinda”, brinca um dos foliões, Sidney Xavier, do HSBC. O primogênito de mainha, Carlos Augusto Júnior, funcionário do BB, tornou-se o presidente do bloco. E a venda das camisas é o que cobre as despesas. “Fizemos 150 camisas e já vendemos todas”, conta Sidney. Na concentração, a partir das 10h, haverá uma banda de pagode e Open Bar, com cerveja, refrigerante, água mineral e jurubeba. A partir das 12h30, a orquestra de frevo anima os foliões pelas ladeiras de Olinda. Dia: Sábado, 14/02 Horário: Concentração a partir das 10h Local: Casa de Mainha, no Largo do Amparo, Olinda
Planejamento 2015
Prepare-se para lutar bastante Medidas anunciadas pelo governo e mazelas que se renovam nos bancos colocam os bancários numa grande jornada de lutas em 2015
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ois mil e quinze promete ser um ano de muita luta para os bancários e demais trabalhadores do Brasil. O novo governo Dilma mal começou e duas Medidas Provisórias (664 e 665) colocaram os sindicatos e os trabalhadores na luta contra a redução de direitos. Para piorar a situação, o governo admitiu que estuda a possibilidade de abrir o capital da Caixa, colocando os bancários em mais uma jornada de lutas para manter o banco 100% público. Segundo a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, os bancários de Pernambuco já realizaram uma série de protestos, só em janeiro, para pressionar o governo e garantir a manutenção de direitos e da Caixa 100% pública. “Essas batalhas, certamente, serão o foco das ações do Sindicato neste primeiro semestre do ano. Janeiro foi um bom exemplo de como a luta será grande. Até porque, temos nossas batalhas específicas para serem tocadas. Só no primeiro mês do ano protestamos, também, em defesa do emprego dos bancário, por mais condições de trabalho, pelo fim das metas
Luta pela manutenção da Caixa 100% pública está entre as prioridades
Jaqueline Mello
Suzineide Rodrigues
abusivas, por mais segurança nos bancos...”, enumera Jaqueline.
Planejamento feito A secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, conta que, em janeiro, o Sindicato realizou seu planejamento para o primeiro semestre e definiu, entre outros pontos, que a mobilização dos bancários deve ser ampliada. “O Sindicato tem visitado os bancários cotidianamente nas agências e departamentos dos bancos. Esse foi um dos compromissos que assumimos quando esta diretoria foi eleita, no final de 2009, e que ratificamos quando fomos reeleitos em 2012. Mas estamos ampliando ainda mais a nossa presença, já que os problemas que os bancários enfrentam se renovam a cada dia. Nosso objetivo é realizar semanalmente algum ato ou manifestação para denunciar as mazelas dos bancos e ampliar a nossa ação sindical”, afirma Suzineide. Fevereiro de 2015
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Dicas de cultura Divulgação
Diego Nigro/Prefeitura do Recife
A folia depois do Carnaval
RECOMENDADOS
MARGINAIS, HERÓIS
Encerrado o período de Momo e passada a Quarta-feira de Cinzas, ainda tem quem guarde fôlego para estender a festa. No primeiro domingo seguinte, dia 22, por exemplo, é a vez da festa dos policiais. O tradicional “Camburão da Alegria” agora desfila pelo centro do Recife, com concentração na Avenida Sul. Dentre as atrações estão Nonô Germano,
Los Cubanos, Pierre, e orquestra de frevo da Polícia Militar. Em Surubim, também tem festa no dia 22. O 29º Desfile das Virgens leva às ruas vários blocos e trios elétricos, a exemplo do Bloco “O Menino do Sesc”; dos blocos líricos “Raio de Sol”, Amantes da Noite” e “Folguedos de Surubim”, além de cortejo de manifestações populares.
Chegada e Partida Reinaugurado no final do ano passado, o Museu do Trem, na Estação Central Capiba, é uma boa opção cultural. A exposição Chegada e Partida – A Memória do Trem em Pernambuco reúne mais de 500 peças: cadeiras, bilheterias, carimbadores, sinali-
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Revista dos Bancários
Kurt Klagsbrunn
O design de cartazes em diálogo com diversas linguagens, técnicas e tecnologias é tema de exposição, na Galeria Amparo 60, na Avenida Domingos Ferreira. A curadoria é de Rico Lins, que convidou mais dois artistas para o desafio: o xilogravador J. Borges e o designer H.D. Mabuse.
zadores, apitos, relógios, fotografias e cartazes. Na área externa, é possível conhecer carroças e locomotiva a vapor do início do século XX. Recursos multimídia também fazem parte da mostra, com exibição de vídeos e imagens em 3D.
SAUDADES... Mais de cem obras de fotógrafos brasileiros fazem parte da mostra A arte da lembrança - A saudade na fotografia brasileira. A curadoria é de Diógenes Moura, que apresenta obras de 36 fotógrafos em dois andares do Itaú Cultural.
Bancário de talento JAIRO FREITAS
Fotos: Arquivo pessoal
Arte no corpo Jairo é bancário da Caixa, economista e pós-graduando em ciência política. E descobriu na tatuagem uma nova forma de realização
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habilidade para desenhar era evidente, desde a infância. Vendeu desenhos. Trabalhou com arte digital. Produziu tirinhas bem-humoradas sobre política. E tornou-se tatuador. Economista de formação, pós-graduando em ciência política, Jairo Freitas é, além de tudo, bancário da Caixa. “Sempre desenhei no papel. Há alguns meses, decidi procurar um tatuador profissional para aprender as técnicas de desenho na pele. Montei meu próprio estúdio, e está dando muito certo”, conta. Jairo começou tatuando a própria coxa e, em seguida, contou com o apoio de amigos e familiares, que lhe confiaram os corpos. “Nesses dois meses de trabalho, já fiz umas 15 tatuagens e, até agora, ninguém reclamou”, brinca. “Nas próximas semanas, tenho tatuagens agendadas para todos os meus horários disponíveis”, completa.
Durante a semana, depois do expediente na Caixa Econômica Federal, Jairo trabalha no “Art Sapiens Tattoo Studio”, em Boa Viagem. “Recebi o convite de Carlinhos, que é dono de um dos estúdios mais renomados do Recife, para fazer parte da equipe dele”, explica. Nos fins de semana, após as aulas de ciência política, Jairo atende como tatuador na casa dele, em Olinda. “A tatuagem e a ciência política me dão as realizações artística e acadêmica, que não tenho no banco. E a formação em economia me ajuda a pensar na gerência da minha própria empresa, um estúdio de tatuagem, que pretendo ter um dia”, afirma. “A essência da tatuagem é o desenho. Preciso praticar muito, sempre. Isso me ajuda a ter inspiração, para tatuar meus próprios desenhos nos clientes que me pedem sugestões”, conta Jairo. Interessados em tatuagem ou desenhos podem entrar em contato com Jairo pelo telefone (81) 9525-3150 ou pelo facebook (Jairo Tattoo - Oak Studio). Fevereiro de 2015
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Conheça Pernambuco Ricardo Moura/Secult-PE
BELÉM DO SÃO FRANCISCO
O berço dos bonecos gigantes
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ocê sabe onde foi criado o primeiro boneco gigante do carnaval pernambucano? Em Olinda? Não! Em Belém do São Francisco. Município localizado às margens do Rio São Francisco, a cerca 480 quilômetros do Recife. Em 1919, Zé Pereira, o mais antigo boneco gigante pernambucano, desfilou pela primeira vez no carnaval de Belém do São Francisco. Ele foi criado por Gumercindo Pires de Carvalho. Nos primeiros anos do século XX, um padre belga contava os costumes da sua terra natal a frequentadores da paróquia de Belém do São Francisco, entre eles, Gumercindo. O padre descrevia as celebrações religiosas europeias, em que figuras bíblicas gigantes eram utilizadas, em procissões, para atrair fiéis. Belamita apaixonado pelo carnaval, Gumercindo adaptou a ideia trazida pelo padre: criou bonecos gigantes para fortalecer o espírito carnavalesco dos conterrâneos. Com a ajuda da sua tia Nezinha, que confeccionava santos de papel machê, Gumercindo criou a cabeça do boneco gigante. O corpo tinha uma estrutura de madeira.
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Em homenagem ao português José Pereira, que, à época do Império, introduziu a tradição carnavalesca europeia no Rio de Janeiro, Gumercindo deu nome ao boneco gigante. E, no primeiro desfile, em 1919, produziu uma encenação em que Zé Pereira chegava das “Oropas”, pelo Rio São Francisco, como convidado de honra dos belamitas. No barco, com o boneco gigante, vinham membros da filarmônica, fantasiados de marinheiros, e crianças, fantasiadas de palhaços. Até hoje, na sexta-feira de carnaval, os foliões esperam a chegada de Zé Pereira, que marca o início oficial do carnaval de Belém de São Francisco. Em 1929, foi criada a boneca gigante Vitalina. A tradição dos bonecos gigantes antecede a própria criação do município de Belém do São Francisco, que ocorreu em 1928, quando tornou-se independente de Cabrobó. Difundido em outras cidades do estado, os bonecos gigantes popularizam-se no carnaval de Olinda. Além dos festejos carnavalescos, os passeios de barco e de catamarã no Rio São Francisco são atrativos turísticos da cidade. Informações sobre hospedagem e restaurantes estão disponíveis no site www.penocarnaval.com.br.