PAA

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Prova de Aptidão Artística Design de Produto | Especificação de Equipamento

Mercados do Porto

Bárbara Vitoriano 12C1 N5



O BOLHÃo e o transporte Ano Lectivo 2013/2014

Prova de Aptidão Artística Design de Produto | Especificação de Equipamento


Simplicity is the ultimate sophistication - Leonardo da Vinci


Índice 4. Introdução 5. Porto, uma Cidade de Tradições 6. Subtema 7. Importância do Mercado 8. Tempestade de Ideias 9. Bolhão, local de vivências, memórias e tradições 11. Entrevistas e Relatos 14. Definição do Problema 15. Reflexão sobre Design de Produto | Industrial 16. “Less is More” versus “Mess + More” 17. Conceito 18. Atitude Sustentável 19. Maurício Arruda 20. Caixas de fruta | legumes

20. Pesquisa Funcional, Técnica e Artística 21. Pesquisa de Mercado 23. Ideias no Papel 24. Plano Vivo 25.Do plano à tridimensionalidade 26. Estudo de Materiais 27. PVS HD Rígido 28. Polipropileno 29.Personalizaão de cores 32. Memória Descritiva e Justificativa 34.Conclusão 35. Webgrafia 36. Anexos


4 Introdução Como finalização do percurso académico do Curso de Design de Produto, especialização em Design de Equipamento, na Escola Artística de Soares dos Reis desenvolve-se uma unidade de trabalho denominada Prova de Aptidão Artística, um projeto que conclui o curso e o ensino secundário. Concretamente, a Prova de Aptidão Artística, também conhecida por PAA, é um conjunto de atividade que visam originar um projeto de um objeto de design, com a devida aplicação e consequentemente avaliação das competências adquiridas até então na disciplina de Projeto e Tecnologias. Este projeto passa por todo o processo de criação, desenvolvimento e produção de um artefacto de design, segundo um tema até à fase final composta pelo relatório onde constam todos os passos do produto elaborado e uma apresentação oral perante determinado júri. O tema geral atribuído à prova neste ano letivo foi “Os Mercados da Cidade do Porto”. Tendo como ponto de partida o tema, deveriamos estabelecer uma ligação com os conhecimentos adquiridos nos anos letivos anteriores de forma lógica e original de modo a criar um objeto consistente, funcional e de certa forma peculiar. A PAA trata-se de uma prova onde nos é dada uma maior variedade de opções, uma vez que existe uma imensa liberdade de subtemas que nos podem inspirar, tendo em conta o estilo próprio de cada aluno. Sendo assim, a partir do tema geral passou-se

à escolha do subtema, neste caso, “O transporte no Bolhão“, de modo a criar uma aproximação a um conceito concreto e objetivo. Tendo em conta o caminho escolhido, o objeto projetado apresenta um caracter funcional ao tentar solucionar o problema encontrado, mas também um caracter simbólico no que diz respeito à representação de formas que relembram vivências do Mercado do Bolhão, e ainda caracter estético menos evidenciado tendo como referências e inspirações artísticas o design moderno, minimalista e funcional. Resumindo o processo de trabalho, realizou-se uma reflexão acerca do tema, e estabelecidos os principais objetivos incluindo todos os conceitos e inspirações sobre os mesmos, tal como diversos estudos de forma, medidas, estilos e materiais. Após definir o projeto, passou-se ao estudo e confeção do artefacto de design, com a devida representação, tanto analógica como digital, e experimentação através de uma maqueta. No seguimento das fases referidas anteriormente, ao longo deste dossier são apresentados todos os processos e fases da resposta que dei à proposta, e como tal a explicação das decisões tomadas com o objetivo de uma melhor compreensão do mesmo.

Fig. 1 - Esboço rápido de uma vendedora do Mercado do Bolhão (da minha autoria)


5 porto, uma cidade de tradições A cidade do Porto, é a segunda maior do país, conhecida também como a capital do Norte ou cidade invicta, com uma àrea de 45km2, cerca de 240 mil habitantes e dividida em sete freguesias. O seu Centro Histórico foi classificado em 1996 como Património Mundial da UNESCO. Em relação à temperatura, esta é amenas durante o Verão, entre 15ºC a 25ºC; no Inverno os dias são tipicamente ventosos, chuvosos e frios, entre 5ºC a 14ºC. Devido à sua situação geográfica, períodos mais frescos e com precipitação podem ser comuns durante o Verão em anos mais húmidos. A gastronomia do Porto é apreciada por muitos; o prato típico por excelência da cidade são as Tripas à moda do Porto, que remonta à altura dos descobrimentos portugueses, e que pode ser encontrado em muitos dos restaurantes da cidade. O Bacalhau à Gomes de Sá é outro prato típico nascido no Porto e popular em Portugal, tal como a francesinha, prato mais famoso que consiste numa sanduíche recheada com várias carnes e coberta com queijo e um molho especial. O vinho do Porto tem o nome da cidade, é produzido na região do Alto Douro e

exportado internacionalmente a partir das caves da margem do rio Douro, em Vila Nova de Gaia. Os pontos turísticos da cidade são vários, no entanto é de destacar a Torre dos Clérigos, da autoria de Nasoni, a Fundação de Serralves, um museu de arte contemporânea, o Palácio de Cristal e a Casa da Música, locais que chamam a atenção dos turistas. A Foz é outra zona altamente turística, considerada por muitos a mais bela zona da cidade, onde se pode desfrutar da beleza do Oceano Atlântico conjugada com um belíssimo e romântico passeio marítimo. Ainda em evidência, em relação ao comércio, encontramos o Mercado do Bolhão, símbolo arquitetónico de comércio tradicional, onde se encontram as famosas vendedeiras bastante características da cidade. Tendo em conta as características peculiares da cidade e o forte simbolismo envolvente, quer do comércio, das pontes, das praças, quer dos edifícios históricos que estão na origem da cidade, este ano o Porto foi eleito como o Melhor Destino Europeu 2014, um título atribuído anualmente pela “European Consumers Choice”.


6 Subtema Dentro da complexidade do tema que é os Mercados Tradicionais, destaca-se o peculiar Mercado do Bolhão, não só por ser um dos mais emblemáticos da cidade do Porto, mas também porque é um dos mais visitados. Trata-se de um local recheado de memórias dos tempos antigos que reflete a qualidade, o mérito e a grandeza da cidade. Foi considerado um ponto de interesse público e é visitado diariamente não só pelos clientes habituais da zona mas também por diversos turistas que sentem curiosidade em espreitar a realidade da vivência que existe no mercado. “Toda a gente que vem ao Porto vem ao Bolhão. A gente somos muito simpáticos!” - (D.Sara, peixeira) O melhor património que o Porto tem não é físico nem simbolico, são as pessoas... acima de tudo eslas constroem interações e movimento na cidade e isso está claramente patente no Mercado do Bolhão. “Quer alguma coisinha, amor?”, aos 58 anos de vida a Rosinha (como a própria gosta de ser tratada) diz que nasceu para trabalhar no Bolhão e já completa 44 anos de negócio no estabelecimento; recebe os clientes todos os dias com um sorriso nos lábios e a mão na cinta; diz amar o Mercado de alma e coração e pretende lutar por ele e pelas suas tradições até ao fim. Um dos exemplos que deu foi o “pregão”, que tem vindo a perder-se ao longo dos tempos, no entanto esta acredita que isso ainda pode mudar. Diz também que sente um enorme carinho nos seus “fregueses” contínuos e nos encontros diários que tem com turistas. É por estes testemunhos e muitos outros, pela humildade e simpatia não só dos vendedores mas também dos clientes, que me senti contagiada pelo Mercado do Bolhão e curiosa por saber mais acerca dele e desenvolver um projeto inspirado no local.

Fig. 2 - Banca da fruta de um dos Mercados de Barcelona

FIig 3 - Fotografia de uma manifestação em prol da defesa do carácter tradicional do Mercado do Bolhão


7 Importância do Mercado

Fig. 4 - Vista de cima de um dos Mercados mais conhecidos de Barcelona, Espanha

O Dia do Comércio é comemorado na terceira segunda-feira de Outubro, uma vez que é o que mais movimenta a economia e o desenvolvimento de um país. Os Mercados Tradicionais são o espelho da sua sociedade, da cultura e da história e tratam-se do centro das actividades das cidades por tradição, e isso é notável na cidade do Porto. São locais bem conhecidos das pessoas que vivem e trabalham na cidade, e percurso obrigatório para a maioria dos turistas que buscam nestes locais a originalidade de um serviço, procurando conhecer o seu ritmo diário, e quando possível saborear os produtos transacionados. Apesar do aparecimento de supermercados e shoppings e grandes superfícies comerciais, e também a institucionalização do Mercado Abastecedor do Porto, que cumprem, e bem, essa função, os atuais Mercados Municipais continuam, porém, a ser fator de procura por parte dos consumidores do meio urbano, sendo alvo da sua preferência, mercê da sua inserção na malha urbana. Os mercados históricos oferecem uma experiência de compra sensorial que, em regra geral, não se sente em lojas ou em centros comerciais. São geralmente organizados pela população local e oferecem aos viajantes uma perspectiva real sobre a verdadeira cultura de uma cidade.

Fig. 5 - Banca de fruta do Mercado do Bolhão

“Pregão” é um modo de licitação posto em prática pelos vendedores com o objetivo de chamar à atenção dos clientes para os seus produtos. Trata-se de uma prática presente na memória do Bolhão, uma vez que esta se tem perdido ao longo do tempo; no entanto ainda é interpretado e posto em prática por muitos vendedores como um modo de acolher os visitantes e reviver os tempos antigos do mercado.


8 Tempestade de Ideias Uma das palavras que se destacam quando nos envolvemos na criação de um projeto é a organização, uma vez que o modo como dispomos e ordenamos as nossas ideias é essencial para que o resultado final do projeto mantenha um fio condutor homogéneo e coeso. Inicialmente senti necessidade de apontar certas palavras chave que me foram úteis mais tarde no desenvolvimento do mesmo por isso realizei um trabalho de pesquisa acerca de métodos utilizados por arquitetos e designers. Uma das técnicas utilizadas é o brainstorming, também reconhecido como tempestade de ideias. Trata-se de um método criado nos Estados Unidos pelo publicitário Alex Osborn, usado para testar e explorar a capacidade criativa de indivíduos e a dinâmica de grupos. Brainstorming é actualmente utilizado por várias empresas para resolver problemas específicos, desenvolver novas ideias e projetos e propõe que um grupo de pessoas se reúnam e utilizem seus pensamentos e ideias para que possam chegar a um denominador comum, tendo em conta que nenhuma ideia deve ser descartada ou julgada como errada ou absurda, todas devem estar na compilação ou anotação de todas as ideias ocorridas no processo, para depois evoluir até a solução final. No meu caso o exercício não foi realizado em grupo mas sim individualmente, numa fase inicial de reflexão acerca do tema, partindo assim da palavra “Mercados”, criando diversas ramificações de palavras que se relacionavam com o mesmo, algo que me ajudou mais tarde na elaboração da estrutura do objeto.


9 Fig. 7 - Remendo de uma cobertura; Mercado do Bolhão

Fig. 6 - Bancas de fruta; Mercado do Bolhão

Fig. 8 - Escadas do Mercado do Bolhão

Fig. 9 - Àreas comerciais e vivências constituintes dos Mercados Tradicionais

Bolhão, local de vivências, memórias e tradicões Passavam poucos minutos das nove da manhã. Desci vagarosamente a Rua Formosa. Parei. Olhei para o majestoso edifício que tantas recordações que traz da minha não tão longuinqua infância... de fato, viver longe da cidade tem as suas desvantagens... não é todos os dias que passo pelo Mercado do Bolhão, e para ser sincera ja lá não ía há bastantes anos. Lembro-me dos tempos em que era pequena e ía lá fazer as compras com a minha avó.. observei o exterior de estilo neoclássico ao pormenor, algo em que nunca tinha feito anteriormente, talvez porque da última vez que lá fui era demasiado nova para sequer prestar atenção à arquitetura de um edifício; a nível exterior o mercado continua exatamente igual ao que me lembrava. Decidi entrar pela porta principal e parei no tempo. Olhei para o modo como as pessoas se movimentavam, deparei-me com uma senhora a transportar uma canastra de legumes (cesta geralmente de palha transportada na cabeça) e senti uma enorme melancolia, uma melancolia saudável que me fez lembrar os movimentados corredores do mercado há uns anos atrás, agora um pouco mais vazios. Dei a volta completa ao piso superior... é notável uma certa degradação da estrutura e os remendos dos toldos são bem visíveis, no entanto o mercado continua o mesmo... o cheiro agradável dos produtos frescos de qualidade deu-me apetite. Segui em direção à larga escadaria pronta a descer... deparei-me com a quantidade de pessoas que se encontravam sentadas nas escadas, umas a conversar, outras a precisar de descançar e alguns turistas a tirar fotografias... se existissem bancos neste local seria mais fácil circular, conviver e relaxar um pouco. Desci então as escadas e dei a volta completa por todos os corredores do piso inferior, analisando ao detalhe a diversidade de cores dos produtos: os doces, a fruta, os enchidos, os doces, o pão,... Tirei várias fotografias a tudo o que me chamou à atenção e entrevistei alguns vendedores que se mostraram disponíveis a partilhar comigo um pouco das suas histórias e opiniões sobre a atualidade do mercado e as suas mudanças.


10 Fig. 12 - Convício entre peixeiras; Mercado do Bolhão

As pessoas são humildes e simpáticas, sempre prontas a chamar a atenção dos clientes utilizando ainda, por vezes, o “pregão” com o objetivo de mostrar de forma pitoresca e muitas vezes poética os produtos que têm disponíneis para venda. “Bom dia amôre, vai querer alguma coisa?”, “Vem ver o peixinho fresquinho!”, “É tudo fresco, quer provar?”; a isto eu chamo o som do Porto, impossível de esquecer... Passei pelas amáveis floristas com quem falei durante algum tempo, a mistura de cheiros dos seus produtos é aprazível. Continuei a vaguear calmamente e refleti acerca daquilo que via e ouvia... acabei por sentir uma certa tensão... por um lado o mercado do Bolhão é o mercado que eu sempre conheci, no entanto alguns comerciantes sentem-se desiludidos por não haver tanta procura, “as pessoas já não dão tanto valor ao mercado, cada vez veêm menos vezes, estão sempre com pressa e preferem os supermercados” isto é, as instalações estão bastante degradadas e nota-se uma falta de energia em certos pontos do mercado uma vez que existem muitas bancas fechadas. Os comerciantes queixam-se da falta de higiene que existe, principalmente na zona da restauração, da ausência de eletricidade em algumas bancas e da aparência do mercado; sem dúvida que, uma reconstrução a nível do mercado seria uma mais valia para a cidade do Porto. Fiquei também a saber que do público alvo fazem parte essencialmente pessoas da zona do Porto e de mais idade e turistas que sentem curiosidade em conhecer as vivências e o quotidiano do mesmo. Apesar das pequenas mudanças dos últimos tempos o Bolhão será sempre especial para a cidade, quer esteja reconstruído ou não faz parte de uma tradição que não irá desaparecer tão cedo. É sem dúvida um local inspirador de onde saí com sorriso nos lábios e uma enorme vontade de fazer algo mais, algo destinado às pessoas, para que estas sentissem o que eu senti de modo a chamar à atenção para as verdadeiras qualidades do local, dos produtos e das pessoas. Quando tive a mínima oportunidade de tempo tempo voltei a descer a Rua Formosa para visitar novamente o mercado... sem dúvida que regressarei mais vezes...

Fig. 10 - Esboço rápido do interior do Bolhão Fig. 13 - Uma das vendedoras mais antigas de legumes do Mercado do Bokhão

Fig. 11 - Pormenor da zona de restauração; Mercado do Bolhão

Fig. 14 - Pessoas sentadas nas escadas principais do Mercado do Bolhão


11 Entrevistas e Relatos

Fig. 15 - Fotografias inéditas do Bolhão em exposição nas prateleiras do escritório dos responsáveis pela organicação do mercado.

Entrevistador (E) – Bom dia posso fazer-lhe algumas perguntas? Senhora da Fruta (S) – Hmm, então diga lá num estante (risos) E – Há quanto tempo trabalha aqui? S- Vinte e três anos. E - Esta é a banca original? S - Sim. E - Que alterações é que tem sentido no mercado em geral, ao longo do tempo? S - O mercado tem vindo-se a degradar, não é? Vai ficando mais velhinho e os clientes têm vindo a diminuir em termos de clientes nacionais, mas tem vindo a aumentar em clientes internacionais, turistas. Portanto, o mercado está velhinho como pode ver: está cheio de andaimes, de toldos velhos e ferros velhos mas eu gosto muito dele e queria cá continuar, mas gostava que ele fosse remodelado. E - Se fosse então remodelado o que acharia que deveriam ser essas mudanças? S - É assim, eu gostava que fosse remodelado mas que ficasse com estes traços, e ficando na mesma um mercado neste estilo mas claro, com vistas novas não é? Neste estilo de mercado, não com essas coisas de hipermercados ou esses mercados muito chiques. E - Na sua banca existe algum aspecto que gostaria de mudar? S - Eu queria umas coisas mais bem compostas, mais “benhe”.. com mais… com uma apresentação mais bonita embora eu ache que faço por apresentar o melhor possível, embora eu acho que há métodos melhores para apresentar mos as coisas e gostaria de ter uma coisa mais moderna. E - Mas em relação à sua banca?

S - A nível de banca sim. E - Ter por exemplo uma estrutura? S - Sim, mais adequada, assim.Esta que eu tenho aqui é permanente. Está fixa não é mudada nunca, era bom ter uma exposição mais.. mais... mais bonita. Isso atrai mais pessoas. E - Por exemplo quando vai embora tem de retirar tudo isto? S - Não, não tenho. Eu tenho uma, uma grande cortina, cubro isto tudo e fica aqui no local. E - Mesmo a fruta? S - Sim, tudo assim. A fruta fica aqui. Retiro aqui a fruta muito sensível. Tenho aqui um pequeno frigorifico onde guardo o morango, framboesas, ou as frutas delicadas. Figos no tempo deles. Mas aqui é frutas mais comuns, laranjas, maçãs,... tudo fica tudo como está, coberto. E - Ou seja não é necessário.... S - Retirar todos os dias, não! Só mesmo a fruta que é muito delicada e que precisa de frio durante a noite, de resto fica tudo no local. E - Esta banca foi fornecida pela Câmara? S - Não. Esta banca fui eu que pus. Hmm.... os toldos também, os banco que pus aqui também fomos nós que pusemos..... A camara so deu o chão!! So deu o chao não... nos pagamos o aluguer!! E - Hmm... humm... obrigada pela sua colaboração, sem dúvida que foi muito útil e uma continuação de um bom dia.


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Entrevistador (E) - Boa tarde! Podemos fazer-lhe algumas perguntas sobre o mercado? Senhora da banca dos frutos secos (S) – Sim claro. E – há quanto tempo trabalha neste estabelecimento? S – eu pessoalmente estou aqui (pequena pausa) desde os meus dez anos por isso vinte e cinco anos. E – tem sentido alguma alteração ao longo do tempo que está aqui? S – as pessoas têm vindo menos, a degradação é grande, a crise não ajuda, é tudo sempre a piorar. E – e o que faria para melhorar algo na sua banca? S – sinceramente não sei, não estou assim (pequena pausa) o que eu faria para melhorar? Sei lá fazer uma lavagem de cara a isto, mudar isto, comprar outro equipamento, se calhar apostar noutro tipo de produto desde que houvessem outras condições para se trabalhar. E – e o que acha, por exemplo, do mercado no geral? Quais são as mudanças que acha necessárias? S – sim a remodelação. Fazer uma remodelação e uma lavagem a isto. Pôr isto com as normas de higiene, segurança. E – e acha que não existe aqui muitas normas de higiene no mercado? S – não existe se calhar é nenhuma. (risos) E – gostaria de ver por exemplo, como remodelação , uma pequena esplanada para o seu estabelecimento? S – sim uma remodelação. E – temos várias esplanadas, temos por exemplo ali na zona de restauração. O

que acha das esplanadas, da sua função? Acha que são uma forma de dinamizar o mercado? S - Acho que as esplanadas era bom mas cada uma ter a sua especificidade. Eu por exemplo como trabalho com produtos das beiras se calhar ter uma esplanada onde fosse só autorizado a servir aquele tipo de produto, da região em que estou inserido. E - Como por exemplo um pequeno espaço? S - Um pequeno espaço com duas ou três mesinhas, uma tabua de queijos regionais, uma tabua de enchidos regionais para as pessoas consumirem. Porque hoje em dia para aproveitar o tipo de turismo que se tem aqui, seria ideal esse tipo de espaço para se ter. as pessoas não vao para o hotel, não vao buscar um queijo nem uma garrafa de vinho no hotel, não é? E - Refere-se então à venda de produtos mas também a dar a experimentar. Um pequeno espaço, uma pequena esplanada? S - Correcto. E - E dos restaurantes, por exemplo, daquele género ou diferente? S - Diferente. Aquilo já esta um bocadinho ultrapassado. Trazer algo diferente. Os sabores típicos daqui, com outro toque. Não é aquele toque à português muita comida no prato, algo mais fino. (risos) E - Obrigada, continuação de boa tarde. S - De nada, igualmente.

Fig. 16 - Fotografia da falecida mãe de uma vendedora do Bolhão cuja profissão foi, em tempos, também de vendedora no mesmo mercado. A filha pretende continuar a trabalhar no mesmo negócio da mãe por muitos mais anos.


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Entrevistador (E) – Boa tarde! Posso fazer-lhe algumas perguntas sobre o mercado? Senhor da banca dos enchidos (S) – Sim, claro. E – Trabalha aqui há quantos anos? S – Há 4. E – Sente que o mercado cada vez tem menos visitantes? S – Cada vez tem menos pessoas. Cada vez esta mais degradado. E – O que acha que poderia mudar isso? S – Fazer uma restauração ao mercado, um restauro, mas continuar o mercado tradicional. E – Na sua banca o que gostaria de mudar?O que colocaria diferente? S – Punha as coisas mais higienizadas. E - Mas quais seriam as mudanças? Em termos de funcionalidade? Tudo funciona? S – Não, não. Aqui não tem electricidade por exemplo. Tinha que ter electricidade, é muito preciso. E – Sempre que fecha o estabelecimento, guarda todas as paletes dentro? S – Sim, aqui dentro (apontando para o interior do seu estabelecimento). E – E considera prático? S – Não e muito pratico mas é mais higiénico do que aquelas que não fecham. E – O que acha que está mais de errado no mercado em si? S – Acima de tudo a higiene. Há aquelas bancas que não fecham, só colocam panos. Qualquer animal passa pelos produtos durante a noite.... As lojas fecharem e ser obrigados a fechar e colocar tudo lá dentro eram uma mais valia.

Fig. 17 - Certificado da Câmara Municipal do Porto da D. Maria Madalena Ribeiro Machado, vendedora do Bolhão desde 1966. Agora

E - Em relação às pessoas... como levam os produtos que compram para casa? S - Em sacos plásticos. E alguns idosos trazem carrinhos de compras. E - As pessoas costumam comprar em grande quantidade? S - Não. Agora com os supermercados as pessoas não querem saber do mercado. Tem a ver com a vida... as pessoas andam cada vez com mais pressa e quando vêm ao mercado já têm o seu percurso traçado.. compram uma coisa ou outra porque apostam na qualidade que é melhor que as do supermercado. Também com a crise as pessoas não podem comprar tanto....têm de poupar.. e isto em tudo! Até os transportes públicos têm aumentado por isso só mesmo pessoas aqui de perto é que fazem compras cá. E - Então qual é o maior público alvo do mercado? Os idosos têm mais tempo e ainda têm gosto em vir ao mercado mas não fazem grandes compras... o objetivo neste momento é captar a atenção dos turistas que sentem curiosidade em conhecer o mercado mas sinceramente acho que é uma desilusão para eles quando vêm cá... sinceramente a parte da restauração parece não ter qualquer norma de higiene... existem muitos espaços fechados... por motivos judiciais as bancas já não podem mudar de pai para filho


14 Definição do problema O Mercado do Bolhão é o reflexo das tradições da cidade do Porto. Com o presente projeto pretendo valorizar o espaço e divulgar a importância do comércio tradicional nos dias de hoje de modo a criar um objeto essencialmente com um forte carácter simbólico relacionado com o Bolhão e destinado ao transporte de compras de produtos leves e de pequena dimensão desde o local de compra até casa do cliente. O objetivo é o da criação de uma embalagem reutilizável que aposta em materiais sustentáveis, recicláveis e resistentes, de modo a ser possível utilizar o objeto várias vezes sempre que se o cliente for às compras ou até servir de arrumação a produtos de dispensa em casa, poupando dinheiro ao utilizador, recursos e energia , defendendo o meio ambiente. A facilidade de limpeza e o cuidado com o transporte de produtos de forma higiénica foram preocupações constantes no desenvolver do projeto pelo que a escolha dos materiais foi criteriosa. Pretende ser um objeto agradável, de agrado e quase como recordação, principalmente ao maior público alvo que visita diariamente o Bolhão: os turistas que sentem uma imensa curiosidade em conhecer e entender a verdadeira alma daquele que é um dos mais emblemáticos mercados do Porto. O fato de ter ao dispôr diversas personalizações de cores é uma mais valia para o cliente que sente imediatamente uma grande atração pelo cesto em questão e, uma vez que, cada vez mais, as pessoas ligam ao carácter estético dos objetos e a simbologia da cor é algo bastante apreciado por um vasto público, podendo até chegar a transformar-se numa “moda”.

Fig. 18 - Escadas do mercado do Bolhão

Fig. 19 - Pormenor dos sacos que as pessoas transportam; Mercado do Bolhão

Fig. 20 - Banca de legumes e vegetais; Mercado do Bolhão


15 Fig. 21 - Rádio da autoria de Dieter Rams

Reflexão sobre Design de Produto | Industrial Design possui o significado de projetar, desenvolver e criar, isto é, desenvolver soluções que possam satisfazer determinadas necessidades. No caso particular do Design de Produto e do Design Industrial, estes têm como principais objetivos estudar a relação que existe entre homem e objeto e inovar, quebrar paradigmas e provocar o mercado produtivo por vezes, em prol de melhorar a qualidade de vida das pessoas, tornando-se assim uma ferramenta de solução e inovação tendo em conta conceitos como: qualidade, funcionalidade, conforto, ergonomia, equilibrio e antropometria.

Fig. 22 - Cadeiras da autoria de Robert Venturi (Pós-Modernista)

Fig. 23 - Esboços realizados por um desiger anónimo

Percorrer dois séculos de história é compreender a relação entre a lógica de mercado e uma perspetiva experimental e conceptual, tal como as ligações do design com a sociedade, a economia, o marketing, a publicidade, a tecnologia e a arquitetura. Ao refletirmos acerca do tema destacamos certas épocas que fazem parte essencial da compreensão deste termo: depois de Mies van der Rohe adotar o aforismo “Less is More” (Menos é Mais), expressão que sintetiza o conceito modernista da forma derivar da função, o século XX discutiu-o para se rever nele ou para o criticar, opor ou superar. O designer industrial Dieter Rams aposta na expressão “Less, but better” (Menos mas Melhor) , sublinhando a democraticidade, durabilidade e utilidade dos produtos. Já no contexto do Pós-modernismo, Robert Venturi proclama “Less is Bore” (Menos é Enfadonho), salientando o valor comunicacional e simbólico de cada objeto. Mais próximo de nós, o coletivo Droog Design defenderá a ideia “Less + More” (Menos + Mais ) como síntese, espelhando a atualidade onde o design experiencia diferentes níveis de significação, para além da sua função utilitária.


16 Less + More

Less is More

Droog Design

Mies Van Der Rohe

Mies Van Der Rohe foi um arquiteto alemão nascido em Aachen, Alemanha a 1886, que faleceu em 1969 e é considerado um dos principais nomes da arquitetura do século XX. Um de seus projetos mais famosos foi em 1929, o Pavilhão Alemão da Feira Universal de Barcelona: uma estrutura bastante leve, sustentado por delgados pilares metálicos e constituído essencialmente por planos verticais e horizontais. Projetou também o mobiliário nele contido, a tão famosa linha que ficou conhecida como “Barcelona“, mantendo o mesmo conceito de leveza e empregando os mesmos materiais. “Less is more” trata-se de uma frase retirada de um poema de 1855 da autoria de Robert Browning que foi associada mais tarde ao arquiteto e designer Ludwig Mies Van Der Rohe, um dos fundadores da arquitetura moderna e minimalista, tornando-se um ícone para este estilo, refletindo o pensamento simplista da sua criação, demonstrando que estes ideais levam a um bom Design do Produto.

Fig. 24 - Cadeira “Barcelona” da autoria de Mies Van Der Rohe

Fig. 25 - Cadeira situada à entrada do prédio da Bauhaus em Weimar da autoria de Mies Van Der Rohe

A espressão “Less + More”, ou seja, “Menos + Mais” reflete a ideia da empresa Droog Design que surgiu em 1991, em Amsterdam (Holanda) e entrou no mercado internacional em 1993 durante o Salão Internacional do Móvel em Milão, apresentando 16 produtos que imediatamente chamaram a atenção dos entendidos no assunto. Actualmente a marca é constituída por cerca de 100 designers oriundos de todas as partes do mundo com conceitos inovadores, procurando dar aos objetos uma vida própria que transcende o esperado das funções e formas destes produtos. Droog Design pretende espelhar uma visão atual em que o design experiencia diferentes níveis de significação, para além da sua função utilitária, “uma simplicidade que não precisa ser chata” e que vai justamente ao encontro da tradução do seu nome, que significa seco e sóbrio. A valorização do carácter estético e simbólico das peças, tal como se pode observar nas figuras __xxx__ está claramente patente, algo que capta um certo público que se sente atraído pelo valor dos sentidos, principalmente visual e táctel.

Fig. 26 - Móvel produzido pela empresa Droog Design

Fig. 27 - Cadeirão pela empresa Droog Design


17 Conceito Realizei uma pequisa detalhada sobre diversas épocas da história, mais pormenorizadamente acerca dos dois últimos séculos e o desenvolvimento do Design ao longo desse tempo, uma vez que é necessário compreender as ideias e reflexões de cada fase, de modo a realizar uma escolha acertada do conceito que iria utilizar. Optei por um design simplista e moderno, no âmbito do conceito “Less + More”, inspiração da empresa Droog Design, no entanto pretendo dar predominância ao valor simbólico do produto, valorizando a forma como objeto que reflete o mercado, sem nunca esquecer a funcionalidade do projeto visto que é o que distingue um produto de design de um objeto artístico e, como aprendiz de design, não poderia deixar a função de parte. Decidi então caprichar no conceito do projeto, no seu simbolismo e na sua aparência, igualizando a mesma preocupação por ambos os aspetos, resultando numa mistura de ideais pós modernistas e funcionalistas O transporte dos produtos frescos no Mercado do Bolhão é realizado muito cedo, antes do estabelecimento abrir, e é feito pelos fornecedores ou pelos próprios vendedores através de caixas de cartão, de plástico, carrinhos e/ou cestas de modo a facilitar o processo. No entanto, é notável que estes não demonstram tanto cuidado no transporte dos produtos do mercado até casa do cliente; este é realizado por meio de sacos plásticos básicos, visto que são baratos e oferecidos gratuitamente pelo vendedor, que não demonstra atenção em caprichar nestes elementos essenciais da distribuição. A verdade é que a apresentação dos produtos é algo essencial: a quantidade de pessoas que visita o mercado tem diminuido e, por vezes, as pequenas coisas é que fazem a diferença, a apresentação torna-se um meio de publicidade, chama a atenção das pessoas e faz com que tenham vontade de voltar, principalmnete porque ao píublico alvo do Bolhão pertencem essencialmente os moradores da zona do Porto (mais idosos principalmente) e os turistas.


18 Atitude Sustentável Etimologicamente, a palavra sustentável significa sustentar, resistir, defender, equilibrar, proteger, conservar e cuidar. Atualmente um designer deve exprimir preocupações com o tema da sustentabilidade, uma vez que o tema ambiental está cada vez mais presente no nosso quotidiano e relevante para o design. O projeto que desenvolvo mostra preocupações semelhantes ao design sustentável ou eco-design e põe em prática alguns princípios tais como a escolha de materiais de baixo impacto ambiental, ou seja, menos poluentes e não tóxicos, de produção sustentável ou reciclados, com qualidade e durabilidade, de modo a funcionarem melhor e a gerarem menos lixo.

Fig. 28 - Embaagem em Cartão

Fig. 29 - Peças de mobiliário de Maurício Arruda realizadas a partir de objetos reciclados

Projetar produtos para sobreviver ao seu ciclo de vida, podendo ser reutilizados ou reaproveitados para outras funções após o seu primeiro uso e a minimização do consumo de energia com os processos de fabricação são também princípios que se estão a desenvolver nos dias de hoje.

Um grande símbolo do consumo é a embalagem. Tem sido alvo de diversas críticas pelo mundo fora pela quantidade excessiva de desperdício de materiais e pela quase inutilidade da mesma depois de cumprir sua função principal de transporte do produto. É claro que um grande número de embalagens são extremamente úteis para nosso quotidiano e tornam-se indispensáveis, no entanto, se o valor simbólico delas fosse maior as pessoas valorizavam-nas mais e existiria menos gastos; este foi o meu fio condutor que me fez, mais tarde, chegar ao produto final.

Fig. 30 - Disperdício de embalagens apenas numa simples refeição para duas pessoas


19 Maurício Arruda Fig. 31 e 32- “Linha José” da autoria de Maurício Arruda, um conjunto de móveis para armazenagem produzida com materiais e processos menos agressivos ao meio ambiente. A linguagem informal e o eco-design da coleção contemplou a análise de toda a vida útil do produto buscando amenizar ao máximo o desperdício de energia, material e o impacto ambiental, além de mostrar também preocupações com questões sócio-econômicas e aspectos culturais de seu uso.

“Maurício Arruda é um designer formado em arquitetura e urbanismo pela Universidade Estadual de Londrina, em 1997. Já em 2000 tornou-se Mestre em Engenharia pela Escola de São Carlos. Participou como colaborador latino-americano na elaboração da Agenda 21 para Construção Sustentável nos Países em Desenvolvimento. Desde então desenvolve pesquisas nas áreas residencial e ambiental. É também professor de Design de Interiores, já tendo ministrado aulas e palestras em diversas instituições como a Escola Panamericana de Arte e Design. Faz parte do “Instituto Europeo di Design” (IED) e desenvolve e gerencia projetos residenciais, comerciais e de produto individualmente ou ao lado dos arquitetos Guto Requena e Tatiana Sakurai (grupo denominado WHYDESIGN).” A sua “linha José” é um conjunto de móveis com um conceito sustentável que me chamou bastante à atenção pelo forte simbolismo que transparece em todas as peças que reflete a vida dos Mercados Tradicionais Brasileiros. Decidi, no objeto que criei, transportar essa ideia, seguir o mesmo caminho, e criar algo que focasse na essência do Mercado Tradicional, mais pormenorizadamente do Mercado do Bolhão., utilizando também a forma das caixas de plástico como base da criação.


20 Caixas de Fruta | Legumes As vendedoras de fruta e de legumes dispõem os alimentos em caixas de plástico, bastante características do mercado tradicional, tratando-se de elementos essenciais ao cenário do espaço, nomeadamente no Mercado do Bolhão. Muitas vezes estas caixas passam-nos despercebidas, no entanto são conhecidas por todos e simbolizam, sem dúvida, as vivências do mercado. Em semelhança com a “Linha José” de Maurício Arruda, o projeto tem como inspiração as caixas de de plástico que se encontram ,muitas vezes, toscamente espalhadas pelo Mercado do Bolhão. A nível formal, as caixas apresentam uma forma retangular com uma aresta que permite o empilhamento de inúmeros produtos sobrepostos e diversos padrões com formas geométricas, principalmente quadrados e retângulos, de modo a deixar os produtos “respirar”, permitindo manter a sua frescura. Decidi assim, mais tarde, transportar o padrão dessas mesmas caixas para a minha criação.

Fig. 33 - Caixas empilhadas no Mercado do Bolhão

Fig. 34 - Móvel inspirado no aproveitamento das caixas de plástico de um Mercado Tradicional do Brasil, da autoria de Mauricio Arruda


21 Pesquisa funcional, técnica e artística FUNÇÃO

ESTÉTICA

SIMBOLISMO

A funcionalidade destina-se ao que determinado objeto pretende satisfazer, isto é, a função, para que serve e qual a sua utilidade na vida e no mundo. O carácter funcional dos objetos destacou-se na corrente do Funcionalismo onde predominam mentores como Mies Van Der Rohe.

A estética é o valor sensacional de determinado objeto, aquilo que se observa, a textura; trata-se do aspeto artístico do objeto, da aparência do mesmo.

O simbolismo é aquilo a que se refere, a inspiração, o conceito de determinado objeto. O aspeto simbólico de um objeto pode estar explícito através da forma mas também através de pormenores que nos remetem para algo: uma cultura, uma tradição, um local,…

O principal objetivo do Design de Produto é criar objetos úteis e funcionais, capazes de serem produzidos em série, no entanto o meu projeto pretende valorizar o carácter simbólico, resultante da valorização que pretendo dar ao Mercado do Bolhão.

Fig. 35 - Nesta cadeira escolar predomina o carácter funcional. Neste design não existe quaisquer motivo estético, apenas demonstra preocupação com a forma, a antopometria e a função.

O projeto relaciona-se de certo modo com a estética, apesar de exprimir um grande valor simbólico, o reflete-se não só na forma, como também no acabamento dos materiais que pretendem chamar à atenção do comprador.

Fig. 36 - Esta cadeira da autoria dos Irmãos Campana demonstra um conceito estético muito forte, uma vez que existe uma preocupação maioritariamente visual, estética e não tanto funcional. Este design não demonstra ter qualquer preocupação com o conforto.

O objeto cria uma relação muito forte com

Fig. 37 - As alianças são um objeto simbólico visto que pretendem exprimir uma união. É um simbolo conhecido tradicionalmente pelas pessoas que remete imediatamente para a ideia de casamento.


22 Pesquisa de mercado SACO DE PLÁSTICO

SACO DE PAPEL

SACO REUTILIZÁVEL

São os mais utilizados no Mercado por serem práticos e higiénicos, no entanto apresentam desvantagens: acumulam-se em lixeiras e degradam o meio ambiente, são pouco duráveis e pouco resistentes.

Os sacos de papel são biodegradáveis e, em comparação com os sacos de plástico, produzem menos dióxido de carbono e são facilmente personalizados. Por conseguinte, a produção de um saco de papel disperdiça quatro vezes mais energia do que a produção de um saco de plástico e é mais difícil de reciclar.

Estes sacos têm como objetivo reduzir o impacto ambiental, e, por isso, tratam-se de uma boa opção Na sua fabricação é disperdiçada tanta energia nem recursos como o plástico e o papel. É igualmente personalizável e mais resistente pelo que pode ser utilizado várias vezes.

Fig. 38

Fig. 39

Fig. 40


23 Ideias no papel Como aprendiz de designer, entendo a importância do acto de esboçar, ou seja, utilizar o desenho como meio para exteriorizar pensamentos, expor conceitos e comunicar informações não só para organizar as ideias mas também como modo de explicar aos outros o meu projeto. A capacidade de expôr em poucos traços rápidos o conceito e a forma de um objeto é algo que se vai adquirindo com o tempo; trata-se uma linguagem que se vai aprendendo gradualmente ao longo do tempo e aperfeiçoando à medida que se vai ganhando experiência. O desenho é um benefício para demonstrar as intenções do designer e criar um conceito lógico e consistente passo-a-passo como se fosse um fio condutor constituido por todas as fases do desenvolvimento do projeto. Assim sendo, no desenrolar do meu projeto os esquiços rápidos e muitas vezes toscos constituiram um parte essencial principalmente na escolha da forma e do funcionamento de montagem.


24 Plano Vivo Devido ao conceito, atribui o nome de “Plano Vivo” ao projeto, visto que a história do objeto começa numa superfície plana e “vivo” devido à utiliade que tem, à facilidade de se transportar facilmente e de refletir vivências do mercado. Fig. 41 - Esboço do objeto

Fig. 42 - Render do pormenor do objeto\

O transporte é a essencial função do objeto. Este detina-se ao transporte de produtos de pequena dimensão, principalmente alimentos, do mercado até casa do vendedor de forma simples, mas também à promoção do mercado, isto é, trata-se de um objeto que faz publicidade ao mercado, com um valor extra para além do valor dos produtos que transporta, com as vantagens de chamar a atenção das pessoas ao mercado e de poder ser utilizado mais do que uma vez. A forma resultante é incomum e, por isso, única. Deriva de um forma ondulante e abstrata, constituida pela base reta e dois arcos que se cruzam entre si, onde se encontram as aberturas para segurar no saco. Existe também um padrão constituído por formas rectângulares de diversas dimensões que abrande a parte da frente e de trás da estrutura, semelhante à caixas de plástico que transportam os produtos e servem de expositor no mercado. Após a forma definida, era indispensável o procedimento dos estudos antropométricos, por isso este não foi esquecido, e como tal, foi realizada uma pesquisa acerca das peoporções humanas, uma vez que o objeto é feito para ser usado e a interação entre o produto e o usuário deve ser feita sem complicações. Em média, o comprimento do braço de um ser humano é de 70 cm a 75 cm, algo que tive em conta quando projetei o objeto. Fig. 43 - Render do projeto


25 Do Plano à Tridimensionalidade As vantagens do objeto ser montável é que facilita não só a produção do mesmo como também acaba por criar uma interação entre o vendedor, o cliente e o próprio produto. A estrutura é simples; apresenta uma face mais estreita que outra de modo a encaixarem uma na outra direito e quatro pares de molas nas faces lateriais de modo a fixarem-se facilmente, tornando a montagem rápida.

Fig. 44 - Render da estrutura do objeto

Fig. 45 - Pesaquisa das molas do objeto (em plástico)


26 Estudo de materiais A palavra “plástico” é abrangente e as suas fronteiras são claramente indefinidas. Perguntar o que é o plástico não é, hoje em dia, uma curiosidade vã; a pergunta é inevitável. A resposta a esta questão poderia ser: o plástico é como Zelig, a personagem-camaleão de Woody Allen, que se transforma de acordo com o ambiente e circunstâncias que a rodeiam, assumindo as mais variadas fisionomias. A palavra “plástico” abrange uma tão diversa gama de opções que tende a perder o significado, no entanto este deve ser valorizado, uma vez que apresentam características que os distinguem dos outros materiais industriais e tradicionais (como a madeira, cerâmica, metal e vidro) como o facto de nenhum outro material ser tão sensível a uma tão grande quantidade de fatores que são controláveis do ponto de vista técnico tendo em conta a elaborada investigação científica que se realiza aos

polímeros. Desde o corpo dos eletrodomésticos à simples sola de uma sapatilha, os polímeros estão presentes numa tal complexidade técnica que acabam por nos passar por despercebidos no dia-a-dia. As embalagens são um exemplo da utilização destes materiais no que toca a objetos produzidos em série, visto que é um material harmonioso com o tempo com a particularidade de poder voltar a ser utilizado mais do que uma vez, visto que também pode ser lavável e isolador muitas vezes devido também à resistência que possui.


27 PVS HD Rígido O Policloreto de Polivinila ou Vinila mais conhecido como PVC é o material com que as caixas da fruta e dos legumes são fabricados. É um plástico não 100% originário do petróleo; é constituído por 57% de cloro derivado do sal de cozinha e 43% de eteno derivado do petróleo em peso, e em semelhança com todos os outros plásticos, o vinil é feito a partir de repetidos processos de polimerização que convertem hidrocarbonetos num único composto chamado polímero. O vinil é formado basicamente por etileno e cloro. Este dá ao vinil duas vantagens, a de não ser tão susceptivel às mudanças de preço no mercado de petróleo e de não ser um bom combustível como os derivados de petróleo.

Fig. 47, 48 e 49 - Exemplos de caixas plásticas de transporte de produtos que serviram de insobjetopiração para o padrão do objeto

Fig. 46 - Caixas de plástico sobrepostas


28 Polipropileno O Polipropileno ou polipropeno é um polímero ou plástico derivado do propeno ou propileno e termoplástico, isto é, pode ser moldado usando apenas aquecimento. As suas propriedades são semelhantes às do polietileno (PE), mas com ponto de amolecimento mais elevado, apresenta um baixo custo, elevada resistência química e a solventes, fácil coloração e moldagem, boa resistência ao impacto acima de 15°C, boa estabilidade térmica, alta resistência à fratura por flexão ou fadiga e maior sensibilidade à luz UV e agentes de oxidação, sofrendo degredação com maior facilidade. Os brinquedos, as fibras, os tecidos não-tecido, recipientes para alimentos, embalagens flexíveis, carpetes e material hospitalar esterilizável são exemplos que algumas aplicações deste material. Atualmente o polipropileno é utilizado ao máximo no interior dos automóveis, facilitando a ação do sucateamento e a sua reciclagem.

Fig. 50 - Placas de propileno

No que toca ao assunto da reciclagem, o polipropeno passa por processos mecânicos que são os mais comuns, isto é, é derretido e moldado de modo a criar uma nova forma e cortado em pequenos granulados podendo ser utilizados posteriormente para qualquer outra finalidade, exceto material hospitalar e alimentar. Uma importante nova tecnologia que vem reduzindo os custos e processos da reciclagem é a utilização de misturadores constituídos por tunéis que giram a alta velocidade e geram calor, misturando diferentes polímeros independentemente da sua natureza, resultando numa mistura homogénea. Decidi então utilizar este material no projeto visto que é reciclável, suficientemente resistente, fácil de dobrar e montar e existe uma diversidade de cores disponíveis. Fig. 51 - Símbolo do material

Fig. 52 - Placas de propileno


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30 Memória Descritiva e Justificativa O desenho do objeto parte de uma superfície plana que é dobrável facilmente e montada pelos vendedores no Mercado do Bolhão, local de compra dos produtos. O cesto é constituído por uma peça única que, antes da montagem, se trata de uma placa de polipropileno de 86,8 cm de comprimento por 65 cm de largura. Da estrutura do objeto podemos distinguir quatro elementos constituintes, apesar destes se encontrarem juntos entre si uniformemente: a zona da base do cesto é retangular, de 20 cm de largura e 35 cm de comprimento, com grande capacidade de armazenamento para produtos pequenos e leves; as partes da frente e de trás do cesto onde também se encontram as pegas onde ergonomicamente aplicadas à largura média da mão de um adulto são distintas, demonstrando assimetria e irregularidade uma vez que uma apresenta um ângulo mais inclindo do que a outra, de modo a que a peça de dimensões inferiores encaixe na de dimensões superiores, restando uma margem de 5,2 cm de cada lado, pelo que não põe em causa a resistência do produto. As abas não cobrem totalmente a zona lateral do cesto, não só para que seja possível transportar alimentos mais compridos (por exemplo alho francês) mas também para que os produtos alimentares possam “respirar” e chegar ao seu destino igualmente com a mesma frescura com que foram comprados no Bolhão; estas abas apresentam uma forma arredondada lateralmente para se adaptar à estrutura geral do cesto, também arredondada e têm as dimensões de 20 cm de comprimento e 15 cm de altura. Anexadas às abas existem dois pares de segundos conjuntos de abas, elementos essenciais que dão resistência ao projeto visto que se se montam de modo a ficarem escondidas no interior da embalagem e a suportar o peso dos produtos. Essas abas têm 5 cm e 6 cm de largura e comprimento respetivamente e contêm cada uma uma, já anexado, um sistema de mola bastante pequeno, simples

e eficaz que torna a montagem simples e rápida (aproximadamente 2 minutos a montar). O objetivo da forma do cesto é demostrar que, desde que o objeto seja funcional,um designer deve sempre preocupar-se com o carácter estético e simbólico do objeto; cada vez mais, as sensações, principalmente visuais e tácteis, são apelativas para o público e demonstram um grande sucesso de vendas, e para isso não é necessário fugir à principal função do objeto, mas sim manter as coisas simples e renovar em certos aspetos para que cada objeto se diferencie de todos os outros. Essas mudanças podem ser bastante simples como por exemplo na cor, no mateiais e na forma. O público dá cada vez mais valor à inovação mas também à simplicidade, logo foram esses termos que pretendi conjugar no presente objeto, dando mais valor ao carácter simbólico do produto, lembrando o conceito das lembranças e recordações não só por parte dos turistas que visitam o Mercado mas também dos portugueses. A escolha do polipropileno deve-se principalmente à leveza, flexibilidade, e facilidade de moldar o mesmo aos produtos que se encontram no interior do cesto; este material tem também a particularidade de conter uma excelente estabilidade térmica de modo a manter os alimentos frescos desde o mercado até ao destino e apresenta um baixo custo, pelo que o cesto se tornaria acessível a um público alvo bastante alargado. A possibilidade de ser reutilizável, ou seja, de transformar o cesto noutro objeto por meio de aquecimento é uma mais valia e chama a atenção das pessoas para as preocupações ambientais. Em relação à estética, este material permite ser colorado numa diversa gama de cores, algo que capta a atenção imediata das pessoas, causando de imediato algma curiosidade e interesse pelo objeto.


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Fig. 53, 54, 55, 56 - Renders finais do “Plano Vivo”


32 Conclusão É importante referir que sinto um enorme orgulho e satisfação pelos três anos em que tive o privilegio de estudar na Escola Artística de Soares dos Reis, visto que foi um local que me permitiu dedicar-me incansavelmente àquilo que mais gosto de fazer. A ajuda constante dos diversos professores da disciplina de Projeto e Tecnologias, não só deste último ano mas também dos anteriores, foi impriscindivel, por isso um enorme voto de agredecimento a todos, sem dúvida que ião fazer parte das minhas felizes memórias do tempo em que frequentei o Ensino Secundário. O apoio da família foi incondicional e essencial principalmente quando as coisas pareciam não ter solução. Acreditem que foram um enorme apoio para mim. Os amigos estiveram sempre presentes e, mesmo sem se aperceberem, tornaram-se muitas vezes os meus pilares, sempre foram sinceros e isso deu-me ainda mais determinação no desenrolar deste último projeto do Ensino Secundário.

Posso afirmar que me sinto bastante satisfeita e orgulhosa com a solução que dei à proposta, trata-se do resultado da conjugação de todo o tempo investido nos conhecimentos sobre o vasto tema que é Design de Produto. Não me arrependo de nada, foi sem dúvida a experiência mais gratificante da minha vida, desenvolvi capacidades que, sem dúvida alguma, me serão úteis no futuro não só a nível profissional mas também pessoal. A escolha das palavras torna-se difícil, tenho dificuldades em expressar em palavras o que sinto... investi tudo neste projeto e sei que o meu caminho não termina aqui, sinto-me cada vez mais motivada para continuar o percurso nesta área.


33 Webgrafia e Referências Internet http://www.portoturismo.pt/ http://vimeo.com/63243695 http://www.mude.pt/

http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=524292 http://jpn.c2com.up.pt/2008/03/27/barcelona_mercados_municipais_sao_motores_ de_dinamizacao_de_bairros.html http://www.conceptbags.com/view.php?id=1 https://www.droog.com/ http://mauricioarruda.net/ http://www.webdesignerhub.com/1075-free-fonts-lists-for-designers/ Livros DORFLES, Gillo, O Design Industrial, Editorial Presença, Julho 1978 MURANI, Bruno, Artista e Deigner, Editorial Presença, 1984


34

Anexos


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