MODULAR - Habitações Mínimas Modulares - Bárbara Pajtak - TFG

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Universidade Júlio de Mesquita Filho Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação

MODULAR Habitações Mínimas Modulares

Bárbara Silva Pajtak Trabalho Final de Graduação Orientador | Prof Tomás Queiroz Ferreira Barata Coorientadora | Profª Kelly Cristina Magalhães

Bauru 2018


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AGRADECIMENTOS A minha mãe Márcia Isabel da Silva, por estar sempre ao meu lado e me dar todo amor e inspiração que eu poderia ter. Ao meu pai Ricardo Pajtak, por todo amor e por sempre acreditar em mim e no meu futuro. A minha avó Zuleide Gaio, por todo carinho e amor e todas as histórias que nunca vou me cansar de ouvir. A toda a minha família, principalmente a minha irmã Nathália e ao meu padastro Marcus, por todo o apoio. Aos meus amigos, especialmente os de arquitetura, que viveram comigo a melhor fase da minha vida, e sempre me ajudaram com os melhores conselhos. Ao meu orientador Tomás Barata e minha coorientadora Kelly Magalhães por todo o auxílio e encorajamento para este trabalho. Por último, mas não menos importante, ao amor da minha vida Gabriel Bueno Lisboa, minha pessoa favorita, que torna tudo tão simples quando está ao meu lado e recarrega toda minha energia com o melhor abraço.


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ÍNDICE 1_INTRODUÇÃO

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2_EVOLUÇÃO NAS FORMAS DE MORAR 2.1_Evolução nas formas de morar 2.2_Sociedade consumista e um planeta em crise

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3_MINIMALISMO 3.1_Minimalismo como movimento artístico 3.2_Minimalismo na arquitetura 3.3_Minimalismo como estilo de vida 3.3.1_Movimento Tiny Houses

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4_HABITAÇÃO MÍNIMA 4.1_Primeiras discussões acerca da habitação mínima 4.2_Dinamização do espaço 4.3_Racionalização na Arquitetura 4.4_Movimento Metabolista e a micro arquitetura japonesa

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5_CASA COMO MERCADORIA 5.1_Os altos custos na construção civil brasileira 5.2_Tecnologia, pré fabricação e modularidade

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7_ESTUDOS DE CASO 7.1_Projetos Internacionais 7.2_Projetos Nacionais

31 32 44

8_DIRETRIZES PRÉ PROJETO

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9_DIRETRIZES PROJETUAIS 9.1_Sistema Construtivo 9.2_Modulação de Ambientes 9.3_Estratégias Sustentáveis

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10_O PROJETO

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11_CONIDERAÇÕES FINAIS

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12_REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RESUMO O sistema habitacional brasileiro contemporâneo ainda se encontra ultrapassado e de alto custo, quando comparado a países desenvolvidos. A casa não deixa de ser uma mercadoria, e possuir esse bem passa a depender do privilégio econômico de cada um. Agregado a isso, a sociedade capitalista e os altos níveis de consumo e desperdício contribuem para a deterioração ambiental. O seguinte trabalho visa propor estratégias para baratear e a aumentar a produtividade do sistema habitacional brasileiro, além de diminuir os impactos causados pela construção civil. Através da filosofia minimalista, utiliza-se conceitos que prezam a sustentabilidade e diminuição de resíduos, como forma de viver em harmonia com o meio ambiente. Procurando agregar os tópicos acima propõe-se um projeto experimental de módulos mínimos pré fabricados, que possam promover a adaptabilidade da casa às diferentes realidades de cada família e suas constantes transformações.


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Base Teรณrica


1. INTRODUÇÃO A sociedade está em constante transformação, seja por aspectos sociais, políticos ou econômicos. Os frequentes avanços tecnológicos e intelectuais trazem novas perspectivas e ideais às novas gerações, e consequentemente desejos de mudança. Para entender o papel da casa para o indivíduo, não há como deixar de analisar os comportamentos socioeconômicos e sua influência na habitação. A casa é uma necessidade básica do ser humano, por isso existe desde os primórdios da humanidade, quando o homem viu a necessidade de procurar abrigo para sua proteção. Ela passou por inúmeras mudanças durante os anos, refletindo culturas, ideologias e as necessidades de cada época. Quando falamos da casa e seus padrões, podemos dizer que há uma relação direta com os perfis familiares, que estão em constante mudança. Um dos fatos que marcou significativamente uma mudança no perfil familiar da era moderna, foi a entrada da mulher no mercado de trabalho. Como consequência, a taxa de fecundidade sofre relativa diminuição. Em alguns países europeus, no ano de 1965 a taxa de fecundidade era em média de 3,2 e 2,5 filhos, em 1970 essa taxa reduziu para 2,5 a 2,0 e em 1985 essa variação passa a ser de 1,8 e 1,3 filhos por mulher (Tramontano 1997, p. 3 apud Berquó, 1989). Junto a isso, com a crescente adesão do modo de vida metropolitano ocorre a consolidação de novas tipologias de famílias (casais homossexuais, casais sem filhos, pais solteiros, etc), com uma gama de necessidades diversa. Dessa forma, a constante transformação nos perfis familiares

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gera a demanda por maior flexibilidade nas habitações. Além da consolidação dos novos perfis e constante transformação das famílias, outros pontos tem levado a necessidade do repensar da casa. Nos últimos anos, aumentam os questionamentos, vindos principalmente da nova geração, acerca da atual sociedade consumista e sobre o que realmente é necessário para o bem estar. A necessidade do repensar dos modos de vida capitalista e consequentemente do formato da habitação, é reflexo de diversas ações como: a crise ambiental que o planeta enfrenta na atualidade; o avanço tecnológico, e as novas oportunidades de mudança; os inúmeros procedimentos químicos dos alimentos industrializados e a constante produção em excesso; entre outros. Nos últimos anos, o estilo de vida minimalista tem tomado destaque nas discussões. Ele vem de contraponto com a sociedade consumista, e prega o consumo do mínimo necessário para viver bem. Apesar de questionar o modo de vida capitalista, o conceito não abandona por completo esse sistema, como aponta Rojas e Morcazel (2015): “(...) os minimalistas querem apenas reduzir os ímpetos da sociedade de consumo, sem necessariamente deixar de fazer parte dela. Eles não pregam a revolução estrutural, mas a mudança individual.”

Dessa forma, esse estilo de vida almeja um equilíbrio, sem abandonar o sistema capitalista, mas propondo um modo de vida mais sustentável e em harmonia com o meio, gerando menos consumo, menos resíduos e menos desperdícios. Consequentemente toda a rotina diária é repensada desde a


alimentação até na mobilidade urbana, afetando também a habitação, que na maioria das vezes passa a ser menor e possuir somente o essencial. A discussão acerca da habitação mínima tem suas origens no modernismo, quando a arquitetura passa a ter uma preocupação maior com a sociedade. Em consequência da revolução industrial e o êxodo rural, ocorre o boom populacional nas cidades, que não foram capazes de absorver tão rapidamente a população de forma digna. Por conseguinte, as habitações irregulares e cortiços se multiplicaram e as condições de moradia tornaram-se lamentáveis. Assim, o arquiteto moderno via como fundamental rediscutir arquitetura e o seu papel na sociedade, e visando esse debate é que surgem os primeiros congressos internacionais da arquitetura moderna (CIAMs). Foi no segundo CIAM que as discussões sobre habitação mínima tomam força. Nele, foram levantadas estratégias projetuais e padrões dimensionais mínimos que pudessem proporcionar condições mínimas para a segurança e saúde na habitação. (FOLZ, 2005). Assim como a discussão sobre habitação mínima, o debate sobre industrialização e racionalização na arquitetura também tem seu surgimento no modernismo, o tema foi defendido principalmente por Le Corbusier e Walter Gropius. Os arquitetos modernos defendiam a industrialização como forma de baratear a arquitetura e tentar melhorar o problema habitacional da época, além disso, prezavam a industrialização de partes e não do todo (FOLZ, 2005), permitindo que a arquitetura se adaptasse aos diversos gostos dos diferentes usuários. Na atualidade, com o avanço da tecnologia esse tema possui grande potencial, porém, no Brasil ainda é pouco

utilizado, sendo os processos na construção civil ainda muito artesanais e consequentemente lentos e de alto custo. Apesar da arquitetura moderna ter sido essencial para discussões como essas, entre diversos pontos, deve se reconhecer que o Brasil sofreu significativas mudanças nos perfis dos usuários, como aponta Tramontano, Sakurai, Nojimoto (2004) “Novos e diversos formatos familiares estão substituindo o perfil doméstico brasileiro majoritário, composto pelo pai, pela mãe e filhos, denominado Família Nuclear, herdado da sociedade burguesa oitocentista europeia.” Consequentemente, a casa precisa de inovações que acompanhem essas transformações. No entanto, se analisarmos a casa brasileira da atualidade notamos que apesar de algumas transformações ela ainda carrega consideráveis vestígios do passado, principalmente da arquitetura moderna, e quando analisada como um todo parece não ter evoluído. A casa era, e para muitos ainda é vista como sinônimo de riqueza e status social. Com os altos custos da construção civil, junto às heranças do passado desigual e elitista, entre outras variáveis, a arquitetura brasileira acaba sendo extremamente cara e fica primordialmente voltada para a elite e, infelizmente, na sociedade capitalista em que vivemos a habitação não deixa de ser uma mercadoria. Dessa forma, fica claro que o sistema habitacional brasileiro ainda é ultrapassado e de alto custo, sendo essenciais, propostas de soluções e inovações práticas que acompanhem a sociedade contemporânea e suas respectivas necessidades. Por isso, o seguinte trabalho visa como objetivo principal,

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proporcionar alternativas para tornar a arquitetura residencial brasileira mais acessível e flexível aos diferentes perfis familiares contemporâmeos brasileiros e suas diferentes classes. Sendo assim, propõe-se modelos de habitação mínima, que utilizem sistemas de pré-fabricação e modularidade tornando todo o processo da construção civil brasileira mais sustentável e de menor custo, além de gerar menos resíduos e proporcionar maior consciência ambiental. 2. EVOLUÇÃO NAS FORMAS DE MORAR 2.1. Mudança nos perfis familiares As constantes transformações as quais a sociedade enfrenta, afetam diretamente a estrutura familiar e sua rotina diária, e consequentemente a casa e as formas de morar se modificam de acordo com as necessidades do momento, no entanto nem sempre essas modificações acontecem na mesma velocidade que a transformação da sociedade. No período anterior a industrialização a sociedade vivia de modo menos individualista, havia uma dependência das relações coletivas para a realização de atividades básicas diárias . Após a industrialização e acentuação nos modos de vida capitalista, o indivíduo passa a depender menos de um coletivo para sua sobrevivência, e a casa passa a abrigar apenas membros familiares. Como afirma Tramontano (1997), “(...) a casa da sociedade industrial não mais abriga o espaço de trabalho, e é habitada por pessoas ligadas umas às outras por laços de consangüinidade muito estreitos.” Posteriormente, a entrada da mulher no mercado de trabalho

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trouxe também nítidas alterações nos perfis familiares. Após esse acontecimento, a mulher passa a ter mais possibilidades de escolhas, gerando uma gama de variação nos perfis familiares, além da diminuição da quantidade de filhos. “Esta nova postura feminina, respaldada pela difusão de métodos contraceptivos mais acessíveis e mais eficazes, vai tornar-se passagem obrigatória de qualquer reflexão sobre as alterações nos padrões de comportamento que acabamos herdando dos anos 60”. (TRAMONTANO, p. 3, 1997)

Junto a isso com o aumento da adesão do modo de vida metropolitano, surgem diversas novas tipologias familiares: casais sem filhos, casais homossexuais, pais solteiros, indivíduos que moram sozinhos ou com animais de estimação, entre outros. Como aponta o infográfico redigido pelo site Isto é, com base nos dados do censo demográfico 2010 do IBGE (Fig.1), as famílias uniparentais (de uma única pessoa), em 2010, representavam 12,10% das residências brasileiras, e 20,2% dos casais brasileiros não tem filhos. Segundo o censo 2010 do IBGE, o tamanho das famílias do ano 2000 para o ano de 2010 sofreu uma diminuição na quantidade de integrantes, e as famílias uniparentais tiveram um aumento na sua porcentagem, como aponta a figura 2. Nota-se também, que os domicílios com integrantes sem parentesco passou de 0,3 em 2000 para 0,7 em 2010, o que mostra a variação de tipos de famílias por domicílio, podendo um domicílio não ser somente composto por integrantes de parentesco consanguíneo. Apedar dessas mudanças nos perfis familiares o domicílio


da atualidade parece não estar acompanhando o processo na mesma velocidade e principalmente nos domicílios brasileiros, como aponta Tramontano, Sakurai, Nojimoto (2004), “No Brasil, e, particularmente na moradia paulistana, a articulação dos espaços continua a reproduzir o modelo burguês parisiense do século XIX (...)”

a adaptabilidade da casa às diversas funções diárias das tipologias familiares da atualidade.

Consequentemente, as formas de morar passam a exigir múltiplas variações, necessitando maior flexibilidade

“(...)a revolução dos costumes também estimulou a consolidação de novos modos de vida, novos padrões de comportamento social, que acabaram significando um rol de novas atividades exercidas dentro do espaço doméstico, favorecendo a sobreposição e justaposição de funções somando-se ou associando-se às demais..” (TRAMONTANO; SAKURAI; NOJIMOTO, 2004)

Figura 1: Infográfico do censo de 2010 sobre perfis familiares Fonte: https://istoe.com.br/247220_O+RETRATO+DA+NOVA+FAMILIA/

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Por isso, o seguinte projeto tenta proporcionar alternativas que permitam essa “atualização” do modelo habitacional brasileiro, condizente com as necessidades da sociedade atual.

gerando um desequilíbrio Rampazzo (1996). A crise ambiental afeta não só o meio ambiente como as relações econômicas político sociais. Segundo Guimarães, p.20 (1992): “(...) vivemos em uma crise que "é ecológica (esgotamento progressivo da base de recursos naturais), ambiental (redução da capacidade de recuperação dos ecossistemas) e político-institucional (ligado aos sistemas de poder para a posse, distribuição e uso dos recursos da sociedade" (apud RAMPAZZO, 1996, p. 198)

Figura 2: Gráfico de distribuição percentual das unidades domésticas em domicílios particulares, segundo o tipo de unidade doméstica - Brasil 2000/2010 Fonte: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/97/cd_2010_familias_ domicilios_amostra.pdf

2.2. Sociedade consumista e um planeta em crise Depois de anos explorando intensivamente os recursos do planeta Terra o ser humano passou a sentir mais intensamente os reflexos de seus atos. Os ambientes naturais se encontravam em um certo estado de equilíbrio dinâmico, porém, com o início das sociedades humanas, houve uma intensa e progressiva exploração de recursos naturais,

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No entanto, não podemos ver o desenvolvimento tecnológico e o progresso humano como os “vilões” responsáveis pelo estado de deterioração que o planeta se encontra. Na verdade, como afirma Rampazzo (1996) essa deterioração do planeta “não é uma consequência inevitável do progresso humano mas sim uma característica do tipo de desenvolvimento econômico predominante que traz consigo a insustentabilidade em termos ecológicos, a desigualdade e a injustiça social.” Dessa forma, é necessário que se repense como o sistema econômico atua na sociedade contemporânea, de forma de amenizar e possivelmente converter a atual situação ambiental que o planeta se encontra. Por isso, muitos, principalmente da nova geração, vem repensado seus atos e especialmente consumos (característica capitalista que colabora relativamente para esse estado de deterioração), para que o ser humano possa novamente viver em harmonia com o meio ambiente, sem deixar de seguir com seu progresso e avanço tecnológico.


Consequentemente, a casa e a construção civil devem ser severamente repensadas de forma a evitar a degradação do meio. A construção civil é um dos setores que mais produz resíduos no Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – ipea 2012, os resíduos da construção civil: “representam um grave problema em muitas cidades brasileiras. Por um lado, a disposição irregular destes resíduos pode gerar problemas de ordem estética, ambiental e de saúde pública. Por outro lado, eles representam um problema que sobrecarrega os sistemas de limpeza pública municipais, visto que, no Brasil, os RCC podem representar de 50% a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos.” (IPEA 2012 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada1, p.10)

Assim, o seguinte trabalho visa o questionamento da atual situação da construção civil no Brasil, e almeja-se propor estudos de novas estratégias para gerar uma construção mais sustentável e em harmonia com o planeta, sem deixar de suprir a necessidade constante de moradia para a sociedade. 3. MINIMALISMO A palavra minimalismo é, para muitos, automaticamente relacionada ao movimento moderno minimal art que surge começo dos anos 60. No entanto, ela traz diversos conceitos que nem sempre tem o mesmo significado, apesar de possuírem características similares. Nos tópicos seguintes buscou-se desenvolver 3 momentos do minimalismo: o movimento artístico, o minimalismo na arquitetura e o minimalismo como estilo de vida.

3.1. Minimalismo como movimento artístico O conceito de minimalismo surge com uma série de movimentos artísticos, o chamado minimal art, no começo dos anos 1960, nos Estados Unidos, como forma de negar a arte cartesiana, gerando um movimento de contracultura. Esse movimento influenciou diversas artes como a pintura, a música, o design e a arquitetura. As obras minimalistas caracterizavam-se pelo uso mínimo de elementos, como exemplo na pintura, poucas cores eram utilizadas e recorria-se às formas geométricas simples e repetidas constantemente. A principal intenção do movimento era transmitir a simplicidade ao observador de forma a gerar um simples entendimento da obra, buscando uma linguagem universal da arte. “A sua verdade residia na realidade física com que se expunha aos olhos do observador – cujo ponto de vista era fundamental para a apreensão da obra - despida de efeitos decorativos e/ ou expressivos. (...) O objeto de arte, preferencialmente localizado no terreno ambíguo entre pintura e escultura, não escondia conteúdos intrínsecos ou ‘sentidos outros’.” (SEQUEIRA, 2012, p. 21)

O movimento minimalista, veio para questionar os padrões da arte naquele momento, trazendo experimentações que levaram novas discussões e novos pontos de vista para a sociedade. 3.2. Minimalismo na arquitetura O minimalismo na arquitetura tem sua origem, na realidade, antes do nascimento do movimento minimal art,

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na então arquitetura moderna, como aponta Rotter (2014, p.3): “As características geralmente atribuídas às obras minimalistas encontram-se enraizadas na tendência modernista que surge com a revolução industrial e têm desdobramentos em diversos campos artísticos”. A arquitetura minimalista moderna visava quebrar com o estilos clássico, trazendo uma nova visão e um novo debate para a arquitetura. O funcionalismo foi utilizado como meio principal desse rompimento, trazendo o conceito de form follows function (Louis Sullivan), onde a função era o que guiava o desenho. Os arquitetos modernos defendiam o abandono de qualquer tipo de ornamento ou rococó típico da arquitetura clássica, deixando apenas o necessário para a funcionalidade do edifício, como coloca Gombrich (1993, p.456): “Em vez de se apegar a arquitetura como uma das ‘artes’ os arquitetos mais jovens rejeitaram radicalmente a decoração e propuseramse a repensar a tarefa à luz de uma finalidade prática.” As obras arquitetônicas minimalistas prezavam a simplicidade na forma e função, utilização de uma paleta de cores neutras, o uso da iluminação como plano de destaque, e o uso de materiais estratégicos. “Inaugurando uma das mais importantes expressões da arquitetura modernista, o estilo internacional se caracterizava pela abstração, a economia de linguagem e 5 meios, a produção industrial, o uso literal dos materiais e a ausência de ornamento, colocando em prática muitos dos preceitos minimalistas.” (ROTTER, 2014, p.4)

Um dos maiores precursores da arquitetura no estilo minimalista foi o arquiteto Ludwig Mies van der Rohe,

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conhecido pela famosa frase “Less is More”, Mies projetou diversas obras que marcaram as característica dessa arquitetura, um exemplo é a Casa Edith Farnsworthies (Fig. 3), delimitada por uma estrutura de 8 pilares de aço intercalados por grandes panos de vidro. A intenção de Mies foi principalmente a conexão com a natureza. O uso das cores claras e neutras é predominante e com exceção do uso de poucas paredes internas para delimitação de alguns espaços, a planta é ampla e livre, trazendo todo o visual da natureza e a iluminação natural para dentro da casa. Podemos afirmar que a arquitetura minimalista está diretamente ligada ao movimento da arquitetura moderna, que visava eliminar qualquer excesso desnecessário, de forma a questionar os padrões até então definidos pela arquitetura clássica. Diferentemente do minimal art, que prezava o puro formalismo, onde a forma do objeto era o mais importante, a arquitetura minimalista buscava um entendimento racional, baseando suas formas econômicas no funcionalismo. 3.3. Minimalismo como estilo de vida Nos últimos anos um estilo de vida vem tomando força na sociedade contemporânea: o estilo de vida minimalista, que questiona os padrões da sociedade consumista, visando viver apenas com o necessário, sem excessos. É importante ressaltar que o minimalismo é um estilo de vida e não uma subcultura, como aponta (ROJAS, MOCARZEL, 2015): “Enquanto os hippies e os punks pregavam sociedades alternativas, desconstruindo o status quo, os minimalistas querem apenas reduzir os ímpetos da sociedade de consumo, sem necessariamente deixar de fazer parte dela. Eles não


Figura 3: Exemplo de Arquitetura Minimalista: Casa Edith Farnsworthies, de Mies van der Rohe Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetos/mies-van-der-rohe/

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pregam a revolução estrutural, mas a mudança individual. Portanto, não estamos falando de uma subcultura, mas sim de um estilo de vida(...)”

extremo cresce, influenciando diretamente nas formas de morar.

(ROJAS, MOCARZEL, 2015)

3.3.1 Movimento “Tiny Houses” Quando se trata nas formas de morar, os minimalistas procuram espaços que sejam suficientes para suas devidas necessidades, sem excesso ou luxo, o que leva na escolha de espaços menores. O movimento “Tiny House”, como o próprio nome já diz, incentiva a vida em pequenas casas, de forma a não só economizar nos gastos com habitação, mas também aderir ao estilo de vida minimalista e sustentável, defendendo o menor acúmulo de bens materiais, vivendo apenas com o essêncial. Além disso, muitas das minicasas tem a proposta de acompanharem seus moradores, possuindo rodas e permitindo seu transporte para diversos lugares (Fig. 4)

Dessa forma, os minimalistas vem como forma de amenizar a vida do consumo extremo, mas não abandonam o consumo totalmente, eles almejam um equilíbrio. Na realidade atual, a pressão para ter um emprego que lhe traga dinheiro para consumir mais e mais tem tornando-se cada vez maior, e transtornos mentais atribuídos ao sofrimento no trabalho já são a segunda causa de afastamentos temporários no País (ODA, 20111). Dessa forma, o movimento minimalista defende o ideal de que é possível viver bem com menos. Esse modo de vida influencia não só na diminuição dos bens materiais mas em todo os processos diários da rotina, como: a alimentação, que passa a ser mais saudável com menos alimentos industrializados e mais orgânicos; o uso de energia renovável e descarte de resíduos, pensando em maneiras sustentáveis ou que agridam menos o meio ambiente; a mobilidade urbana, utilizando menos meios de locomoção individuais que geram mais poluição, como o carro e a moto, e usufruindo mais dos transportes públicos ou da bicicleta. Estes, entre diversos fatores, são defendidos pela corrente minimalista como forma de viver em harmonia com o meio ambiente e ao mesmo tempo não se isolar da sociedade capitalista. Seja para viver um modo de vida mais saudável, para economizar nos gastos, ou para sair do estresse da cobrança intensa do trabalho, os minimalistas já são presentes na sociedade brasileiro,e o questionamento sobre o consumo

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Figura 4: Exemplo de Tiny House sobre rodas Fonte: http://www.thetinyhouselifestyle.com/2016/09/19/guide-building-tinyhouse-on-wheels


A corrente surgiu nos Estados Unidos no final dos anos 90, e se popularizou através do estadunidense Jay Shafer que projetou e construi sua própria minicasa sobre rodas de aproximadamente 9m² (Fig. 5). Em uma entrevista realizada pela lifeedited.com1 Shafer conta que sua intenção nunca foi fazer uma minicasa mas sim uma casa eficiente onde tudo fosse funcional e utilizável, porém, quando descartou o que não considerava útil se deparou com uma casa incrivelmente pequena.

construídas e até projetadas pelas próprios moradores. Junto a isso, existem algumas empresas americanas que disponibilizam projetos gratuitos de minicasas, o que traz a tona a chamada arquitetura “open source”, na qual defende a disponibilização online de projetos, de forma a democratizar a arquitetura. Alguns arquitetos veem isso como um real problema, temendo perder seu papel, no entanto, muitos já vem aderindo isso a seu favor, buscando proporcionar uma boa arquitetura para todos.

Segundo os adeptos do movimento as “Tiny Houses” podem variar de 8 a 38m², e podem possuir os mais diversos formatos e disposições de ambientes, de acordo com as necessidades de cada morador.A grande maioria das casas possuem ferramentas sustentáveis para as necessidades básicas, como a geração de energia, o armazenamento de água, o aquecimento ou resfriamento dos ambientes, etc. Hoje o movimento tem tomado força e diversos outros países já começam a aderir-lo. No Brasil, ainda é pouco dissipado, no entanto, já existem adeptos. Um exemplo é o casal Robson Lunardi e Isabel Albornoz, criadores do movimento Pés descalços1, que pretende disseminar o conceito das “Tiny Houses” no Brasil. A ideia surgiu quando Isabel e Robson foram diagnosticados com a Síndrome de Burnout, doença decorrente do stress prolongado no trabalho. Hoje eles são os primeiros a possuírem uma minicasa sobre rodas regulamentada no Brasil. Quando se trata do papel do arquiteto, o movimento “Tiny houses” ainda possui alguns questionamentos, visto que muitos defendem a ideia de que as mini casas sejam

Figura 5: Mini casa projetada e construída por Jay Shafe Fonte: https://tinyhousedesign.com/jay-shafers-fencl-is-ready-for-new-york/

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Um exemplo é o arquiteto Alejandro Aravena, vencedor do prêmio Pritzker 2016, que já possui diversos projetos disponíveis online. É preciso que os futuros arquitetos passem a ter como objeto de estudo fundamental às novas tecnologias e meios digitais e como estes podem gerar ferramentas para transformar positivamente a arquitetura. Por fim, ainda que recente esse movimento vem se espalhando pelo mundo e pode trazer alternativas que possam melhorar a atual situação do sistema habitacional brasileiro. 4. HABITAÇÃO MÍNIMA 4.1. Primeiras discussões acerca da habitação mínima O movimento da arquitetura moderna foi responsável pela discussão de diversas questões fundamentais para sociedade, muitas ainda aplicáveis aos dias de hoje. Um dos maiores desafios que desencadeou o início dessas discussões foi o problema habitacional na Europa, que tem início na era industrial. Após a Primeira Revolução Industrial, a oferta de emprego nas cidades aumenta significativamente, desencadeando um boom populacional reflexo do intenso êxodo rural. Como consequência, as cidades não foram capazes de absorver toda a população tão rapidamente o que provocou o surgimento de diversas habitações irregulares e cortiços que abrigavam inúmeras pessoas em péssimas condições. Deste modo, como forma de rediscutir a arquitetura e o seu papel para com a sociedade, o movimento moderno propõem os chamados CIAMs (Congressos Internacionais da

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Arquitetura Moderna), considerados o princípio da fase “acadêmica” da Arquitetura Moderna. A iniciativa partiu de Hélène de Mandrot, e na apresentação do primeiro CIAM (Fig. 6), fundado em 1928 Mandrot destacou: “O objeto principal e a finalidade que aqui nos reuniu, é juntar os diversos elementos da arquitetura contemporânea em um todo harmonioso, e dar à arquitetura um sentido, real, social e econômico. A arquitetura deve, portanto, libertar-se da influência de Academias estéreis e suas fórmulas ultrapassadas. “ (Discurso de Hélène Mandrot1)

Foi através do Segundo CIAM, realizado em 1929, que a discussão acerca da habitação mínima toma força. O foco desse encontro foi a reflexão quanto o chamado existenzminimum, ou seja, a formulação de espaços padrão do mínimo para a existência (FOLZ, 2005). Assim, diversas técnicas e diretrizes projetuais foram estudadas e propostas para que a habitação mínima pudesse ter o melhor aproveitamento do espaço. 4.2. Dinamização do Espaço Dentre as estratégias e diretrizes projetuais propostas pelo segundo CIAM para as habitações mínimas, pretendia -se conseguir a chamada dinamização do espaço, que segundo Fonseca (2013)1: “A noção de ‘mínimo’ não se resume à restrição de área útil, mas quando o espaço é limitado, esforços foram feitos para que essa realidade fosse contornada. Entende-se a dinamização do espaço como o conjunto de processos utilizados para dissimular a frieza da fita métrica, criando a ilusão de um espaço mais vasto através da sua versatilidade.” ((FONSECA, 2013)


Nas habitações mínimas, esses pontos adotados eram fundamentais para otimizar o espaço e gerar seu melhor aproveitamento possível. Como destaca Fonseca (2013), podemos caracterizar alguns desses pontos, que proporcionam a dinamização do espaço, dentre eles: A planta livre, capaz de integrar diversos ambientes sociais permitindo a compartimentação de móveis e o uso de painéis deslizantes; a simultaneidade e sobreposição de usos num mesmo espaço; a compartimentação do banheiro, individualizando todas as peças; e a compactação de cozinha. Junto a isso, na habitação mínima a cozinha passa a ser um local de destaque, já que as atividades domésticas passam a ser realizadas pela própria dona de casa. Esse cômodo passa a ser fundamental com toda a conexão da casa, surge então a chamada cozinha de Frankfurt: “Científica, prática e depurada, (...) consistia num modelo pré fabricado destinado a sair da fábrica diretamente para o canteiro da obra”. (FONSECA, 2013).

Fica claro, portanto, como a maioria dos elementos discutidos no segundo CIAM, ainda podem ser aplicados para necessidades da sociedade atual, e implementados nas habitações mínimas. Com as devidas adaptações, agregadas a tecnologia de hoje, pode-se proporcionar soluções que não eram possíveis na arquitetura moderna. Em suma, a necessidade de flexibilidade em ambientes mínimos é essencial, e se tratando do contexto atual, isso se reforça ainda mais, devido aos inúmeros novos perfis familiares e a constante necessidade de mudança do dia a dia.

4.3. Racionalização na Arquitetura Assim como a discussão sobre habitação mínima, o debate sobre industrialização e racionalização na arquitetura também tem seu surgimento no modernismo, o tema foi defendido principalmente por Le Corbusier e Walter Gropius (FOLZ, 2005). Com as inovações técnicas provenientes das revoluções industriais, os arquitetos passam a ter mais possibilidades para utilizar as novas tecnologias em favor da arquitetura. A industrialização era defendida como forma de baratear a arquitetura e resolver os principais problemas sociais e econômicos que a sociedade enfrentava na época. O processo de racionalização na arquitetura defendido pelos arquitetos modernos previa a industrialização das partes e não do todo, permitindo com isso maior variedade de opções e adaptações para seus respectivos usuários. Gropius, foi um dos arquitetos modernos que mais estudou e defendeu a industrialização, pré-fabricação e posteriormente a estandardização das casas na arquitetura. Para ele, quase todas as partes de uma casa poderiam ser industrializadas, variando no tamanho, cor, material, etc, dessa forma o cliente poderia compor a casa de acordo com suas preferências pessoais. No entanto a pré-fabricação na arquitetura não foi tão utilizada como os arquitetos modernos desejavam, como coloca Folz (2005): “O que se viu foi a construção em série de tipologias iguais, limitadas a uma tipificação da forma final e não de suas partes. Geraram-se, com isso, conjuntos habitacionais monótonos,

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em sua esmagadora maioria erigidos em bases artesanais.” (FOLZ, 2005)

Por fim, a racionalização da arquitetura, é um tema que tem grande potencial na atualidade, ainda mais quando agregado as novas tecnologias, podendo ser uma das estratégias para melhorar o sistema habitacional de diversos países e em especial do Brasil. 4.4. Movimento Metabolista e a Micro Arquitetura Japonesa O Japão é um país que possui uma incrível capacidade de adaptação, sem abandonar seus fundamentos e tradições culturais. Seja pela sua difícil geografia de pequena extensão, marcada por topografias montanhosas e catástrofes naturais, ou pelas inúmeras guerras que o país sofreu durante os anos, o Japão soube demonstrar com qualidade sua superação, e na arquitetura isso fica bem claro. No início da Era Moderna no Japão, quando Meiji foi declarado governador (1868), o país começou a ter mais contato com a cultura do ocidente, impulsionando o desenvolvimento da tecnologia do comércio e do sistema militar (MARTINS, 2013). No entanto, entre 1923 até o fim da Segunda Guerra Mundial, o país viria a sofrer as piores catástrofes de sua história, o que levaria a um enorme retrocesso. Em 1923 um intenso terremoto atingiu a cidade de Tóquio, deixando mais de 140 mil mortos e destruindo mais de 570000 de habitações. Após esse desastre, o governo japonês desenvolveu uma política de reconstrução o que levou um grande desenvolvimento de novas tecnologias e métodos de construção para tornar as habitações mais seguras. No entanto, na Segunda Guerra Mundial, o país viria a sofrer o ataque das bombas atômicas, lançadas pelos Estados Unidos nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. Nesta altura o país aderiu por completo a arquitetura do ocidente, passando

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a ter um contato direto com o movimento moderno que dava prioridade ao funcionalismo e racionalismo, o qual também viria a ser influenciado pela arquitetura japonesa tradicional, com sua planta livre e flexível. Apesar de muitas críticas afirmando tratar-se do fim da arquitetura tradicional japonesa, muitos arquitetos conseguiram fazer a fusão da arquitetura moderna ocidental com a arquitetura tradicional (MARTINS, 2013), e é então que surge o chamado movimento metabolista, em 1960.

Figura 6: Exemplo Arquitetura Metabolista Fonte: https://an4rcoteca.wordpress.com/2013/11/03/movimento-metabolista/

O movimento metabolista veio como forma de tentar suprir a enorme necessidade de reconstrução do país. Segundo Martins (2013), os metabolistas:


“Inspiram-se nos princípios da biologia, para mostrar que a cidade é um tecido orgânico e como tal tem vida que se expande e transforma. Acreditam que as cidades seriam habitadas por uma sociedade de massas, uma visão do mundo no futuro, definitivamente urbano.”

mudança, ser moldável, ajustar-se às necessidades de quem o habita ou vivência.”

(MARTINS, 2013, p.37)

Com a falta de área para expansão, os metabolistas acreditavam que as cidades sofreriam uma expansão vertical, podendo crescer em diversas direções, com uma clara analogia a árvore (Fig. 6). Eles defendiam o uso de estruturas pré fabricadas de montagem rápida, adaptáveis a cada indivíduo, podendo este criar sua própria habitação conforme seus gostos e capacidades econômicas. Talvez um dos maiores exemplos de obras efetivadas da arquitetura metabolista seja a Nakagin Torre Cápsula (Fig. 8), projeta em 1972, pelo arquiteto Kisho Kurokama, na cidade de Tóquio. Composta por 140 cápsulas, com dimensões de 2,5mx4mx2,5m cada , a torre possui duas estruturas principais que funcionam como base de encaixe para as cápsula pré-fabricadas (Fig. 7). “Cada módulo estava organizado de modo eficiente e equipado com aquilo que o arquiteto acreditava ser as condições essenciais para que o inquilino se sentisse confortável e acomodado” Martins (2013, p. 50 )

Dessa forma, o movimento metabolista foi fundamental para o desenvolvimento da arquitetura japonesa, apesar de trazer projetos e pensamentos aparentemente um tanto utópicos, esse movimento trouxe a cultura do efêmero para a população japonesa, pois como aponta Martins (2013, p.42): “Um edifício embora deva ser funcional, deve permitir

Figura 7: Vista do interior da Torre Cápsula Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-36195/classicos-da-arquiteturanakagin-capsule-tower-kisho-kurokawa

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Junto a todos esses fatores, a micro arquitetura no Japão tornou-se algo extremamente comum, seja pelos altos preços imobiliário, pelo escasso território povoado ou por toda sua história cultural, o Japão passou a ser influência quando o assunto é arquitetura mínima. Mesmo após o movimento moderno, na atualidade ainda é possível encontrar diversos exemplos de micro arquitetura, e principalmente de habitações mínimas. 5. CASA COMO MERCADORIA 5.1. Os altos custos na construção civil brasileira A construção civil é um dos setores que mais movimenta a economia para o Brasil, ela contribui com uma grande parcela do PIB (Produto Interno Bruto) participando com uma porcentagem de 13,8%, (Mello e Amorim, 2009, com base nos dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP, 2005). Esse setor está em constante crescimento e provavelmente nunca deixará de gerar economia para o país, visto que sempre haverá a necessidade de construções, desde residências até viadutos, indústrias, hospitais, etc.

Figura 8: Torre Cápsula Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-36195/classicos-da-arquiteturanakagin-capsule-tower-kisho-kurokawa

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Apesar da sua importância, a construção civil no Brasil ainda é muito ultrapassada, se baseando majoritariamente no sistema de construção artesanal, o que acaba tornando todo o processo de construção caro e lento, além de gerar mais desperdícios. Um artigo realizado por Mello e Amorim (2009) mostra uma comparação do setor da construção civil no Brasil, União Européia e Estados Unidos, e fica claro o quão antiquado e desproporcional se encontra esse setor no Brasil. Analisando os gráficos a seguir (figuras 9 e 10),


realizados por Mello e Amorim (2009) podemos ver claramente a disparidade do Brasil com as outras regiões, diminuindo em muito sua produtividade e prolongando o prazo das construção. Além do ultrapassado sistema de construção utilizado, a construção civil no Brasil apresenta diversas características que podem ser consideradas um problema. Como aponta Mello e Amorim (2009), um perfil elaborado pelo SEBRAEMG(2005) aponta dentre essas características: uma intensa geração de empregos, que no entanto são em sua maioria informais; diversos problemas quanto ao cumprimeto de

Figura 9: Gráfico que mostra a produtividade da construção civil no Brasil comparada a União Europeia e os Estados Unidos Fonte: Mello e Amorim, 2009 , com base nos dados de FGV, 2006; US Census Bureau, 2002 e European Foundation for the Improvement of working and Living Conditions, 2005

normas técnicas nesse setor; além da pouca atualização nos aspectos tecnológicos e de gestão. Dessa forma, o setor da construção civil poderia ser responsável por movimentar ainda mais a economia brasileira, mas devido a esse atraso, fica limitado na sua produtividade. Quando comparamos outros setores da economia brasileira, como mostra o gráfico de Mello e Amorim (2009) fica ainda mais visível essa falta de aproveitamento, sendo o setor da construção civil um dos que mais geram economia para o país, mas ao mesmo tempo um dos menos produtivos.

Figura 10: Gráfico que mostra prazo das obras, tanto de construção quanto de licenciamento, na construção civil no Brasil comparada a União Europeia e os Estados Unidos Fonte: Mello e Amorim, 2009. Com base nos dados de Sinduscon DF; www. nwjoinery.com; www.publicworks.houstontx.gov; www.oracle.com

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componentes na construção, é uma ótima maneira de baratear e agilizar o processo. Como aponta Couto e Couto (2007) ela possui diversas vantagens como: Produção em unidades industriais mais direcionada e específica, facilitando o controle de qualidade e eficiência; Rapidez na execução da estrutura em obra, e menor dependendência das condições atmosféricas agilizando todo o processo construtivo; “Possibilidade de vencer grandes vãos(...), eliminando pilares e fundações, sem perturbar outras actividades devido à ausência de escoramentos”; Redução da necessidade de materiais como andaimes que aumentam o custo total da obra; “Potencialização das condições de (...) segurança estrutural e a segurança de acidentes de trabalho”; Redução nos custos de manutenção da obra; entre diversos outros fatores.

Figura 11: Comparação entre produtividade de indústrias brasileiras Fonte: Mello e Amorim (2009) com base nos dados do IBGE, 2005

5.2. Tecnologia, pré fabricação e modularidade Visto o que foi analisado no tópico acima, fica claro que o Brasil precisa urgentemente atualizar seu sistema de construção e gerenciamento. Se o comparamos com países desenvolvidos, nota-se que nestes o uso da tecnologia é abundante na construção civil, e que além de baratear o processo ela aumenta em muito a produtividade. Quando falamos de pré fabricação, já estamos relacionando a construção civil com a tecnologia. A industrialização dos

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Diferentemente do Brasil, muitos países desenvolvidos como os Estados Unidos e a União Européia, além do uso da pré fabricação, se utilizam também dos chamados prédios inteligentes, que usam a tecnologia para facilitar o gerenciamento de todo o sistema de infraestrutura dos edifícios. Basicamente, todo o sistema de projeto, anterior a construção civil é melhor detalhado e desenvolvido de forma a gerar menos erros possíveis. Como definido pelo Intelligent Buildings Institute: "Intelligent Building Definition": "Um edifício inteligente é aquele que oferece um ambiente produtivo e que é economicamente racional, através da optimização dos seus quatro elementos básicos - estrutura, sistemas, serviços e gestão - e das inter-relações entre eles. Os edifícios inteligentes ajudam os seus proprietários,


gestores e ocupantes a atingir os seus objetivos sob as perspectivas do custo, conforto, adequação, segurança, flexibilidade no longo prazo e valor comercial" [ibif87].” (NUNES e SÊRRO, 2017)

A modularidade está diretamente ligada a pré fabricação, visto que para facilitar e agilizar a industrialização dos elementos na construção civil é essencial a utilização de elementos modulares. Os módulos podem variar em diferentes formas e tamanhos, podendo ser apenas um painel de parede, até toda a estrutura de um ambiente. A modularidade se resume na conexão facilitada dos elementos, mantendo uma unidade. Segundo ROSA (2006), apud O’GRADY, (1999): “A modularidade é baseada na montagem de produtos a partir de um número pré-determinado de diferentes módulos que devem ter certas características, necessárias para o bom funcionamento do conjunto (produto).” Em suma, o uso da tecnologia e pré fabricação no setor da construção civil brasileira, é algo que precisa ser estudado, para que se possa trazer alternativas mais concretas para uma melhora no sistema habitacional, e mover ainda mais a economia do país com esse setor.

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estudos de caso


7. ESTUDOS DE CASO Para a proposta do projeto de habitação mínima modular, o qual se refere este trabalho, é imprescindível a análise de estudos de caso do mesmo tema, tanto nacionais como internacionais, de forma a entender as estratégias projetuais utilizadas. Podem ser desde soluções de design arquitetônico, até o impacto do processo de construção. 7.1. Projetos Internacionais TreeHouse - Portugal

O funcionamento principal da Treehouse se dá através de um site, no qual o cliente pode escolher diferentes disposições de layout de cada módulo, criando sua própria treehouse, como mostra a figura 12. No entanto é importante ressaltar o papel do arquiteto nessa plataforma, como a própria empresa cita: “É o cliente quem decide o essencial da sua Treehouse. Mas são os nossos arquitectos e designers que se dedicam a interpretar esses desejos e a torná-los realidade.“ Concomitantemente, a plataforma também busca uma eficiência energética, economizando gastos com climatização e contribuindo para um ambiente mais sustentável, sendo o

A treehouse na verdade não se trata apenas de um único projeto, mas uma empresa portuguesa que proporciona habitações modulares pré fabricadas, com inúmeras variações e adaptáveis conforme o gosto de cada cliente (Fig. 13). O conceito da empresa é muito interessante, visto que visa inserir a arquitetura nesse novo meio tecnológico, além de prezar pela sustentabilidade na construção civil, evitando desperdícios e agilizando o processo. A empresa trabalha com módulos de 22m² que são acopláveis entre si lateralmente e superiormente. Os módulos são feitos majoritariamente em madeira e a construção é feita totalmente na fábrica, proporcionando uma rapidez na montagem e economia nos gastos. Quando comparado a um sistema de construção tradicional em alvenaria, no sistema de construção em madeira os desperdícios reduzem-se a 2%. Os módulos podem proporcionar a expansão da casa quando necessário, criando inúmeras disposições de acordo com a necessidade de cada cliente.

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Figura 12: Opções de módulos da empresa Treehouse Fonte: https://www.treehouse.pt/


Figura 13 33 Fonte: TreeHouse Portugal


piso, paredes e forros da Treehouse construídos por um sistema de múltiplos layers. Acerca do licenciamento, a plataforma também possui uma aba no site explicando que todos os projetos da Treehouse são construídos de acordo com os requisitos legais em vigor em Portugal.

Figura 14: Interior Treehouse

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Analisando mais detalhadamente as características arquitetônicas dos projetos, nota-se que em sua grande maioria as casas são elevadas do solo, o que facilita sua implantação no terreno além de proporciona melhor no conforto térmico.

Fonte: https://www.treehouse.pt/


Nota-se também a presença de espaços externos que funcionam como varandas (Fig. 16). A iluminação natural também é predominante, possuindo diversas aberturas, como mostra a figura 17, e para solucionar o problema do conforto térmico, é recorrente a utilização de brises solares. Junto a isso, um fator interessante, é que apesar das casas

possuírem módulos iguais ou semelhantes, quando prontas aparentam ser bem diferentes entre si, proporcionando a individualidade de cada cliente. Por fim, a empresa Treehouses parece estar adaptando a arquitetura as novas necessidades da sociedade, sem deixar de proporcionar bons projetos, com o devido supervisionamento de arquitetos e designers.

Figura 15: Exemplo de montagem dos módulos da empresa Treehouse

Fonte: https://www.treehouse.pt/

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Hut on Sleds - Whangapoua, Nova Zelândia, 2011 Projetada pelo arquiteto Crosson Clarke Carnachan, essa cabana de 35m², possui uma grande conexão com sua principal vista, a praia da península de Coromandel. Sua principal abertura na fachada é extensa, porém, possui um fechamento em madeira que quando aberta funciona como um pára sol horizontal.

Figura 16: Fachada Aberta Fonte: http://crosson.co.nz/hut-on-sleds-whangapoua/

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Além disso, permite o fechamento completo da abertura, protegendo a do sol e fatores climáticos como a maresia (Fig. 16 e 17). Um dos fatores mais interessantes desse projeto é que, visto que o terreno em que ela se insere é uma zona de erosão costeira, sua estrutura foi pensada para que seja móvel, através de dois patins de madeira, permitindo seu transporte

Figura 17: Fachada Fechada Fonte: http://crosson.co.nz/hut-on-sleds-whangapoua/


da praia até uma barcaça com facilidade. Seu funcionamento foi pensado para ser sustentável, possuindo um sistema de resíduos composto por uma “fossa de vermes”, um sistema de armazenamento de água, além da utilização na construção de materiais reaproveitáveis, baratos ou recicláveis (Fig. 18). A Hut on Sleds possui o seu interior praticamente todo revestido em madeira, o cômodo principal funciona como

Figura 18: Esquema da sustentabilidade presente na Hut on Sleds

sala/cozinha/área para refeições, além de possuir um mezanino com o quarto do casal (Fig. 20). Posteriormente, tem-se o banheiro e o quarto das crianças, que possui um beliche triplo. Nota-se que a maioria dos mobiliários tem sempre a função de armazenamento, fundamental em espaços mínimos.

Fonte: JORDIDIO, Philip Small Architecture, 2017

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O amplo pé direito da cabana, além de proporcionar mais espaço de armazenamento, também traz amplitude para a pequena área, e a grande abertura principal confirma ainda mais esta sensação (Fig. 19). Apesar da sua função original como uma cabana de férias, a Hut on Sleds, certamente poderia funcionar como uma habitação diária. Mesmo possuindo somente 35m² consegue abrigar 5 pessoas confortavelmente e em harmonia com o meio ambiente.

Figura 19: Interior da Casa Hut on Sleds Fonte: http://crosson.co.nz/hut-on-sleds-whangapoua/

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Figura 20: Plantas da Casa Hut on Sleds Fonte: JORDIDIO, Philip Small Architecture, 2017


Casa Portátil ÁPH80 - Espanha, 2013 Essa pequena casa portátil ÁPH80 de 27m², projetada pelo escritório Abatón Arquitectura, foi pensada para 2 pessoas e que fosse facilmente transportada e implantada em diversos lugares. Apesar de possuir apenas 3m de diâmetro, ela dispõe de uma grande abertura no cômodo principal (sala/ cozinha) o que proporciona maior sensação de amplitude além de relação com o meio ambiente (Fig. 21).

A casa é revestida por placas de madeira cinza, nas aberturas essas placas podem ser fechadas e abertas, proporcionando privacidade e controle da luminosidade quando necessário (Fig. 22). No entanto, quanto a flexibilidade a casa ÁPH80 parece não ter muita adaptabilidade. Suas paredes fixas delimitam bem os espaços, tornando as mudanças de layout limitadas (Fig. 23).

Figura 21: Fachada da casa portátil ÁPH80 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-146209/casa-portatil-aph80-slash-abaton-arquitectura

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Figura 22 Fonte: Archdaily BR

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Figura 23 Fonte: Archdaily BR

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OMD Prefab Show House - Joshua Tree, Califórnia, 2010 Essa casa foi feita como um protótipo por Jennifer Siegal do Office of Mobile Design, que é especialista na produção em massa de casas ecológicas pré fabricadas. A casa possui uma estrutura em aço e tem 3,5m x 18m.

O projeto conta com soluções sustentáveis como o uso de painéis radiantes no teto e aquecedores de água sem depósito. O aspecto interessante dessa residência é que, diferentemente da maioria dos projetos de arquitetura mínima modular pré fabricada, ela mostra a inserção da casa tanto no meio rural

Figura 24: Infográfico do censo de 2010 sobre perfis familiares Fonte: http://www.arcvision.org/jennifer-siegal-nominees-arcvision-prize-2016/?lang=en

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quanto no meio urbano, trazendo um aspecto mais realista e menos “cabine de férias” para essas pequenas casas (Fig. 24).

O módulo assim como grande parte das casas pré fabricadas pode ser facilmente transportado como carga em caminhão. Por ser um projeto comprido e estreito, sua inserção em um lote urbano pequeno se torna mais fácil (Fig. 26). A planta do projeto conta com o conjunto hidráulico isolado, uma das características analisadas por Fonseca (2013) nos projetos de habitação mínima moderna, além disso o formato livre da planta proporciona maior flexibilidade.

Figura 25: Cortes e Elevações da OMD Prefab Show House Fonte: JORDIDIO, Philip Small Architecture, 2017

Figura 26: Cortes e Elevações da OMD Prefab Show House Fonte: http://www.arcvision.org/jennifer-siegal-nominees-arcvision-prize2016/?lang=en

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7.2. Projetos Nacionais Minimod, MAPA, Porto Alegre, Brasil, 2013 Desenvolvido pelo escritório MAPA, o minimod é um refúgio, projetado por meio de um sistema modular pré fabricado e totalmente transportável. O projeto traz um forte conexão com natureza por meio de suas grandes aberturas (Fig. 29). Segundo a descrição da equipe citada no Archdaily Brasil: “MINIMOD nasce de uma lógica sistemática. Seus usos são tantos já que sua lógica modular é aliada da flexibilidade interna. E sua portabilidade é essencial para sua flexibilidade externa nômade.”(Fig. 28).

Figura 27: Planta - Minimod Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-176781/minimod-slashmapa?ad_medium=gallery

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A planta é praticamente livre com exceção do módulo hidráulico, que agrega a cozinha e o banheiro (Fig. 27). Dois grandes painéis de fechamento funcionam como um parasol quando abertos.

Figura 28: Maquete Minimod Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-176781/minimod-slashmapa?ad_medium=gallery


Figura 29 Fonte: Archdaily BR

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Figura 30: IsomĂŠtrica explodida - Minimod Fonte: archdaily.com.br

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O módulo é 100% pré fabricado e transportado por um caminhão (Fig. 32). A equipe ainda ressalta que é possível a expansão com mais módulos: “É importante destacar que a ampliação e incorporação de novos módulos pode ser realizada tanta na instalação inicial como em longo prazo, seguindo as necessidades e possibilidades econômicas do cliente.” Ainda segundo a equipe, a produção em série pré fabricada utiliza o sistema steelframe, permitindo ao cliente a escolha do seu programa de necessidades, acabamentos e opções de automação (Fig. 31). A Figura 30 mostra um esquema do módulo explodido, suas camadas pré fabricadas.

Figura 31: Interior Minimod Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-176781/minimod-slashmapa?ad_medium=gallery

Figura 32: Transporte Minimod Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-176781/minimod-slashmapa?ad_medium=gallery

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Figura 33 Fonte: GrupoSP

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Living Box, Grupo SP, 2006 A living box, projeto produzido para um concurso internacional, pelo escritório de arquitetura Grupo SP, possui um sistema de modulação no formato da letra “H”(Fig. 33 e 34). Com esse módulos de concreto pré fabricado a casa já fica elevada do solo sem a necessidade de uma segunda estrutura. Os módulos são totalmente transportáveis, e podem ser empilhados formando diferentes níveis(Fig. 36). Os módulos, assim como no Minimod, possui o complexo hidráulico isolado, tornando o restante da planta livre e flexível (Fig. 35).

Figura 34: Módulos - Living Box Fonte: www.gruposp.arq.br/?p=253

Figura 35: Planta - Living Box Fonte: www.gruposp.arq.br/?p=253

Apesar de parecer que o complexo hidráulico funciona de certa forma com uma separação da área social da área íntima,a equipe ressalta:

Figura 36: Empilhamento de módulos - Living Box Fonte: www.gruposp.arq.br/?p=253

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diretrizes projetuais


8. DIRETRIZES PRÉ PROJETO Durante a fase de pesquisa teórica e estudos de caso, algumas diretrizes foram definidas para guiar o projeto. Dentre elas: Terrenos Fictícios

Visto tratar-se de um projeto experimental, propõe-se a simulação dos módulos em 3 ou mais terrenos fictícios, com diferentes topografias, características e inserções. Dessa forma, é possível simular suas múltiplas aplicabilidades. Elevar Construção do Solo

Para que os módulos possam se adaptar com maior facilidade, rapidez na construção e menor custo, propõe-se sua elevação do solo. Assim, além de facilitar manutenções da casa, também evita-se o contato com os intempéries do solo, trazendo ao módulo maior durabilidade.

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Construção praticamente 100% pré fabricada

O projeto busca a facilidade e barateamento na construção civil, dessa forma procura-se utilizar de um sistema praticamente 100% pré fabricado, além de uma logística de transporte condizente com a sustentabilidade. Utilização de módulos “cheios e vazio”

O projeto busca a facilidade e barateamento na construção civil, dessa forma procura-se utilizar de um sistema praticamente 100% pré fabricado, além de uma logística de transporte condizente com a sustentabilidade.

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Sobreposição vertical de no máximo 2 módulos

Para facilitar o transporte e a produção, e não ter a necessidade da utilização de uma estrutura muito pesada, optou-se pela sobreposição de no máximo dois módulos. No entanto, não há uma limitação no sentido horizontal. Utilização de grandes aberturas para trazer a sensação de amplitude

As grandes aberturas proporcionam um aumento no campo de visão dando a sensação de amplitude, dessa forma, os espaços não ficam tão “claustrofóbicos”. No entanto, para garantir a privacidade e conforto térmico, almeja-se usar elementos que funcionem como barreira visual quando necessário.

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9. DIRETRIZES PROJETUAIS

Sobre o Sistema Light Wood Frame

Ao iniciar a fase projetual, algumas diretrizes fundamentais foram tomadas como base.

Atualmente, existem diversas opções de materiais pré fabricados no mercado. No Brasil, o sistema de concreto armado é um dos mais utilizados, no entanto, outros sistemas como o steel frame e o wood frame tem expandido sua aplicabilidade no país. O sistema wood frame:

9.1. Sistema Construtivo O sistema construtivo foi uma das diretrizes determinantes para o desenvolvimento do projeto. Na construção das casas MODULAR optou-se pela utilização do sistema misto pilares e vigas de madeira aliados a painéis autoportantes do sistema construtivo light woodframe. Este sistema misto, permite flexibilidade na montagem dos módulos, trazendo a possibilidade de vãos maiores e rapidez na montagem. Para as vigas, optou-se pelas chamadas "I joist"(Fig. 37), vigas pré fabricas em formato "I" que possuem em sua estrutura painel OSB e madeira pinus ou eucalipto. Esta traz vantagens por ser pré fabricada e de fácil manuseio, facilitando todo o processo construtivo. Já para os pilates foi utilizado o sistema de madeira laminada colada, também podendo variar entre pinus e eucalipto.

“consiste num sistema construtivo industrializado, durável, estruturado em perfis de madeira reflorestada tratada, formando painéis de pisos, paredes e telhado que são combinados e/ou revestidos com outros materiais, com a finalidade de aumentar os confortos térmico e acústico, além de proteger a edificação das intempéries e também contra o fogo.” (MOLINA & JUNIOR, 2010)

Uma das maiores vantagens deste sistema é a sustentabilidade presente no seu processo: “A madeira é ambientalmente sustentável, sendo considerado o único material de construção reciclável, renovável e biodegradável, além de ser um dos produtos que despende menor energia para a sua transformação.” segundo Leite e Lahr (2016). Junto a isso, o sistema trás vantagens econômicas, visto que gera menos desperdício no canteiro de obras e menos erros na construção. Apesar de relativamente novo no Brasil, esse sistema já possui algumas empresas brasileiras instaladas no Sul, que visam a implantação definitiva do wood frame no país.

Figura 37: Vigas I Joist Fonte: lpcorp.com

Outra grande vatagem desse sistema é rapidez do tempo de construção:

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"A tecnologia desenvolvida pelos alemães, por exemplo, consiste na industrialização dos painéis de parede, de piso e cobertura, com alto controle de qualidade e possibilita a construção de casas com mais de 200 m2 em apenas 60 dias, sendo necessário apenas um único dia para montagem da casa." (MOLINA & JUNIOR, 2010)

Apesar das diversas vatagens do sistema, o Brasil ainda enfrenta a dificuldade de sua implantação definitiva. O interesse do mercado é umas das maiores barreiras, no entanto, há também a necessidade de mão de obra qualificada, visto que o sistema trabalha com exatidão no processo, exige um maior preparamento da mão de obra para evitar erros no canteiro. Mesmo o Brasil ainda não estando totalmente preparado para a implatação do wood frame, é notório o potêncial desse sistema. Quando analisamos um quadro comparativo entre o sistema tradicional de alvenaria e o sistema em woodframe (Fig. 38) percebe-se que apesar do custo do woodframe ser mais alto, por exigir uma mão de obra qualificada, o valor total da construção acaba sendo mais barato que o sistema tradicional de alvenaria, visto que gera menos desperdícios e menos erros no canteiro de obras. Além disso, esse sistema pode ser utilizados em quaisquer regiões do Brasil, visto que diversas adequações de conforto termoacústico são possíveis para adaptá-lo a região de interesse. (LEITE e LAHR 2016)

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Figura 38: Comparativo de custos entre os sistemas construtivos Fonte: SOUZA (2012)

Portanto, é notória a eficiência do sistema woodframe e os diversos benefícios que a implantação por completo desse sistema traria para o país. No entanto, é preciso difundir maior conhecimento sobre técnica: "É de fundamental importância a urgente conscientização e educação de engenheiros e arquitetos da necessidade e potencial da utilização deste sistema construtivo no Brasil para casas e as metas a serem alcançadas para esta fnalidade, além da criação de centros de formação de treinamento de mão de obra projetistas e arquitetos." (MOLINA & JUNIOR, 2010)

Assim, após o estudo das possíveis técnicas constrtuvias pré fabricas no país, optou-se por esse sistema, concluindo ser este o mais eficiente para o projeto, tanto no quesito econômico e no período de duração da obra, quanto na sua eficiência ambiental.


Informações básicas sobre os painéis Wood Frame e sua montagem

Figura 40

Fonte: Woodfram Santos Madeira

Para conexões lado a lado entre os frames é necessário apenas parufar uma peça a outra. Figura 39: Estrutura básica de um painél de woodframe Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/890724/steel-frame-e-woodframe-vantagens-dos-sistemas-construtivos-a-seco

É importante que os frames já prevejam, o localização e tamanho de todas as aberturas (Fig. 40), além das passagens para as tubulações eletro-hidráulicas. "(...) os frames devem ser feitos sempre com peças de pelo menos 4 x 9 cm, sendo os 9 cm usados sempre no sentido da espessura da parede, garantindo assim espaço suficiente para a passagem das tubulações por dentro da parede. O espaçamento entre as vigas verticais de cada frame deve ser sempre de 40 cm ou 60 cm. " (Woodframe Santos Madeira)

Figura 41 Fonte: Woodfram Santos Madeira

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Já quando os frames são conectados em "L" deve-se inserir uma peça de 4 x 9 cm perpendicular às peças estrturais da parede (Fig. 42) , pois caso essa peça não seja adicionada cria-se um ponto fraco na estrtura (Fig. 43)

Fundação: Sapata Isolada Para o projeto das casas MODULAR optou-se pela fundação sapata isolada. Esta escolha se deu pois todos os módulos encontram-se elevados do solo, criando pontos de carga distribuida. Além disso esse tipo de fundação pode ser implantada em diferentes tipos e níveis de terreno.

Figura 44: Exemplo de fundação sapata isolada Fonte: icarquitectura.com

9.2. Modulação de ambientes

Figura 42 e 43: Esquema de conexão em "L" Fonte: Woodframe Santos Madeira

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O projeto das casas MODULAR utiliza da modulação padrão de 3,0x3x0m (1 módulo) ou 1,5x3,0m (1/2 módulo). Dessa forma a montagem da casa torna-se mais flexivel e adaptável a cada morador, e caso no futuro o mesmo necessite expandir sua habitação, poderá comprar módulos separadamente.


O tamanho dos módulos foi definido segundo padrões de ergonomia e dinamização do espaço, proporcionando assim, o tamanho mínimo de um ambiente considerado confortável. No entanto um ambiente não necessáriamente se restringe a um módulo, podendo, por exemplo, uma sala possuir dois módulos de 3,0x3,0m. A intenção é permitir a maior flexibilidade possível, de acordo com as necessidades de cada perfil familiar. 9.3. Estratégias Sustentáveis Básicas Além de todo o processo constrtutivo que presa pela sustentabilidade e menor agressão ao meio ambiente, medidas de sustentabilidade foram aplicadas em todas as habitações. Dentre elas o uso de painéis solares e a utilização de cisternas. Essas duas aplicações seriam opções básicas para cada habitação.

No entanto, além dessas medidas, caso o morador desejar, é possível e incentivado a utilização de outras estratégias sustentáveis como por exemplo: compostagem, fossa séptica, produção de alimentos orgânicos para consumo próprio, entre outros. Ressaltando ainda, que é disponibilizado pelo governo federal um caderno de educação ambiental, com medidas para uma habitação sustentável.

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o projeto


CASA CASCO

Área: 52,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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IMPLANTAÇÃO

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CASA CASCO

Área: 52,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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VISTA FRONTAL

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CASA CASCO

Área: 52,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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VISTA POSTERIOR

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CASA CASCO

Área: 52,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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CORTE AA

CORTE BB

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CASA CASCO

Área: 52,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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DETALHAMENTO DECK ELEVADO

PISO ACABADO

VIGA DE MADEIRA PLACA OSB CAIBRO 2X5cm PLACA OSB MADEIRA MAÇIÇA OU CONCRETO SAPATA ISOLADA

escala 1:10

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CASA CASCO

Área: 52,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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POSSÍVEIS AMPLIAÇÕES

As ampliações da casa Casco podem ocorrer em dois sentidos, de forma linear ou no sentido perpendicular, criando o formato "L" para a casa. Os dois sentidos de ampliações não prejudicam diretamente a iluminação dos comôdos, visto que não interferem nas aberturas maiores, possibilitando a relocação ou modificação das aberturas afetadas. ESQUEMA DE MONTAGEM

Inicialmente a fundação é implantada, seguindo para a montagem do deck elevado e dos pilares e vigas in loco. Posteriormente, instala-se os painéis wooframe que já chegam no canteiro pré-fabricados. Em seguida, ocorre a instalação do telhado, das esquadrias e portas. Por fim, a manta de impermiabilização, o revestimento e o piso final são implantados.

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CASA PINUS

Área: 62,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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IMPLANTAÇÃO

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CASA PINUS

Área: 62,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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CASA PINUS

Área: 62,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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CASA PINUS

Área: 62,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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CORTE AA

VISTA FRONTAL

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CASA PINUS

Área: 62,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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CORTE BB

VISTA POSTERIOR

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CASA PINUS

Área: 62,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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POSSÍVEIS AMPLIAÇÕES

Para a Casa Pinus a expansão se da na continuação do "L", no entanto, uma primeira ampliação possível , que não exigiria muita transformação na estrtura da casa seria na varanda em frente a sala de jantar. No caso da expansão de continuação do "L" seria necessário a rlocação da abertura do quarto, voltando-a para o deck central.

FLUXOGRAMA POR HORÁRIO

7:00h

13:00h

21:00h

Se analisarmos o movimento da Casa Pinus, para um casal jovem de moradores, que trabalha 8h por dia, nota-se que apesar de haver variações nos cômodos durantes os períodos do dia, a cozinha sempre possui movimento. Por isso a integração da mesma com o resto da casa é tão imporatnte, pois ela se torna o coração da casa.

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CASA PÁTIO

Área: 88,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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IMPLANTAÇÃO

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CASA PÁTIO

Área: 88,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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CASA PÁTIO

Área: 88,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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CASA PÁTIO

Área: 88,00m²

Ilustração por Rael Dominiquini

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CORTE AA

VISTA FRONTAL

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CORTE BB

VISTA POSTERIOR

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consideraçþes finais

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Durante o processo de pesquisa foi possível concluir que a habitação modular mínima pré fabricada pode ser uma maneira aplicável para solucionar os problemas de baixa produtividade, produção de alto nível de resíduos e os altos custos da construção civil. Têm-se a noção das dificuldades de implementação do pensamento minimalista no Brasil, ainda estamos acostumados a viver em um padrão habitacional que privilegia a casa como um grande bem de consumo e de status social. Contudo, durante a fase projetual, foi possível concluir que uma casa mínima não deve ser limitada a uma metragem restrita pois, para cada família e sua realidade existe um mínimo variável, podendo ser 15m² ou 80m², por exemplo. Dessa forma, a modularidade proporciona as devidas adaptações, podendo possibilitar tamanhos de habitação diferentes, mas que mantenham a relação com o estilo de vida minimalista. Quanto ao sistema construtivo, pressupõe-se que há interesses econômicos maiores por trás dessa questão, que acabam travando essa transformação no sistema habitacional brasileiro. No entanto, deve-se ressaltar a importância desse tema. Futuras pesquisas e projetos podem trazer resultados que promovam gradativamente uma mudança na conjuntura habitacional nacional. Assim, o seguinte trabalho buscou não só trazer possíveis soluções para o atual problema habitacional no país, como também trazer questionamentos sobre o que realmente precisamos para viver bem e o como nossa casa se adapta a essa questão.

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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COUTO, A. B.; COUTO, J. P. Vantagens Produtivas e Ambientais da Pré Fabricação. Universidade do Minho, Departamento de Engenharia Civil, Campus de Azurém, Guimarães. FOLZ, R. R.; Industrialização da habitação mínima: discussão das primeiras experiências de arquitetos modernos - 1920 - 1930. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 12, n. 13, p. 95-112, dez. 2005 FONSECA, P. A dinâmica do espaço na habitação mínima, junho de 2013. http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.157/4804 Acessado em 21/04/2018. GOMBRICH, E., H.; A História da Arte, Tradução: Álvaro Cabral, 15ª edição; Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan S.A. 1993. JODIDIO, P.; Small Architecture; Köln, Editora Taschen GMBH. 2017. MARTINS, K. F.; Micro Arquitetura no Japão: compreensão espacial e funcional. Mestrado integrado em Arquitetura, Universidade Lusíada de Lisboa, Faculdade de Arquitetura e Artes, Lisboa. Setembro de 2013. SOUZA, L. G. Análise comparativa do custo de uma casa unifamiliar nos sistemas construtivos de alvenaria, madeira de lei e Wood Frame. Instituto de Pós Graduação IPOG, Florianópolis, SC, 26 de Abril de 2012. Acessado em: 09/10/2018 MELLO, L. C. B. B.; de AMORIM, S. R. L. O subsetor de edificações da construção civil no Brasil: uma análise comparativa em relação à união europeia e aos estados unidos. Produção, v. 19, n. 2, p. 388-399, 2009] NUNES, R.; SÊRRO, C.; Edifícios Inteligentes: Conceitos e Serviços. DEEC, IST/INESC. MOLINA, J. ; JUNIOR, C. Sistema construtivo em wood frame para casas de madeira. Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 31, n. 2, p. 143-156, jul./dez. 2010. Acessado em: 20/10/2018 RAMPAZO, S. E.; A questão ambiental no contexto do desenvolvimento econômico. REDES, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 2, p.197-222, dez. 1996. ROJAS, A. A.; MORCAZEL, M. M .V.; Da cultura visual à cultura material: o minimalismo como forma de expressão na sociedade de consumo. Centro Universitário La Salle, RJ. Fevereiro de 2015. ROSA, W.; Arquitetura Industrializada: a evolução de um sonho a modularidade. Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 2006. ROTTER, L.; LESS IS MORE: Interseções entre o surgimento do design gráfico moderno e o minimalismo de Mies van der Rohe. Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design - 2014, Gramado, Rio Grande do Sul, 2004. SEQUEIRA, M. A.; O Minimalismo nas produções Escultórica e Arquitetónica. Doutorado em Belas Artes (Especialidade Escultura), Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, Lisboa, Portugal, 2012. SOUZA, L. G. Análise comparativa do custo de uma casa unifamiliar nos sistemas construtivos de alvenaria, madeira de lei e Wood Frame. Instituto de Pós Graduação IPOG, Florianópolis, SC, 26 de Abril de 2012. Acessado em: 09/10/2018

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