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Veja quais são as demandas do setor para o próximo governo e avalie as propostas dos candidatos à Presidência da República para fortalecer a saúde

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Conheça a importância, os desafios e dicas para realizar a gestão do conhecimento na sua empresa

O poder do conhecimento

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vez da saúde

A revista da saúde para um novo conceito de gestão • Ano 03 • nº 15

Saúde


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saúde business Saúde Business é uma publicação bimestral dirigida ao setor médico-hospitalar. Sua distribuição é controlada e ocorre em todo o território nacional, além de gratuita e entregue apenas a leitores previamente qualificados.

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14 .COM Confira as notícias que foram destaques no Saúde Business Web

18 PANORAMA A Vez da Saúde: veja quais são as demandas do setor para serem atendidas pelo próximo presidente de república

28 GESTÃO O poder do conhecimento: cada vez mais valorizado, o uso estratégico do conhecimento demanda gestão. Saiba como fazer

36 Economia e Negócios Mais pesquisas: confira o potencial do mercado brasileiro de pesquisa clínica e as iniciativas no segmento

48 SAÚDE E FINANÇAS Dicas e cases de gestão financeira e de saúde feito em parceria com a revista Financial Report

40 ESPAÇO JURÍDICO Planos de saúde para funcionários demitidos sem causa e aposentados

51 RECURSOS HUMANOS Redução de custos: A bola de vez

46 ARTIGO As próximas eleições e os possíveis impactos no setor de saúde

47 GOVERNANÇA Ética e códigos de conduta

52 LADO B Rogério Saladino, da Biofast, fala de sua paixão pelas pick-ups

58 HOT SPOT A eterna discussão da saúde no Brasil

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SB | Canal aberto

Eu leio a Foto: Divulgação

SaĂşde Business Rodolfo Pinto Machado de AraĂşjo Diretor Administrativo e Financeiro da Central Nacional Unimed e Presidente da Unimed Sorocaba

A revista Saúde Business traz matÊrias, artigos e entrevistas importantes sobre um mercado em constante desenvolvimento e crescimento. Com isso, podemos acompanhar novos serviços e tecnologias da årea, sempre com comentårios de pessoas altamente qualificadas

Pró­xi­ma Edi­ção Panorama

Medical Home: Com o avanço da telemedicina e das tecnologias de monitoramento voltadas para o usuårio final, a gestão de saúde ganha um novo prisma. Saiba o que jå estå disponível no mercado e entenda o impacto desse avanço em toda cadeia de saúde

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Foto: Roger Soares

SB | CARTA DO EDITOR

AGENDA DE SAÚDE

Aproximam-se as eleições e mais uma vez ouviremos debates e propostas voltadas para a saúde. Normalmente embasadas em mais construção de hospitais, em novas unidades de atendimento primário, em mais médicos, mais medicamentos, e mais recursos. Propostas que enchem os olhos da população, mas nos fazem realmente pensar se esse é o caminho para desenvolver o setor. Afinal, é comum dizermos que em saúde falta gestão, e não recursos. Nesta edição fomos ouvir representantes do setor para saber quais são as reais demandas para fortalecer a saúde, sobretudo enquanto parte da economia do País. Demandas como acessibilidade, redução de carga tributária sobre os produtos, revisão de legislação para acesso à capital, estímulo à inovação foram alguns dos itens apontados. A proposta inicial desta reportagem era ouvir o setor e ter a visão de cada um dos candidatos à Presidência da República sobre as necessidades apresentadas. No entanto, a dificuldade nas agendas e diante dos temas específicos apresentados, as equipes dos respectivos candidatos tiveram dificuldades em endereçar o assunto. Mas manteremos a intenção inicial da pauta, e levaremos as solicitações aos presidenciáveis. Até mesmo para que essa agenda não se resuma em promessas, mas em ações ao longo dos anos, a fim de que ao final do próximo governo, em 2014, possamos olhar para os assuntos apresentados e avaliar sua evolução.

Boa leitura!

Ana Paula Martins Editora P.S.: envie comentários para amartins@itmidia.com.br

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as 10 MaIs ClICaDas

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acupuntura não é mais exclusividade de médicos amil lucra r$ 65 milhões e medial fecha em r$ 600 mil Fleury está próximo do laboratório Hermes Pardini Prime medical center é inaugurado em São Paulo SaP anuncia novas soluções para o mercado de saúde

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campinas terá unidade do Hospital Sírio-libanês rede d’or fecha parceria com o grupo BtG Pactual para novas aquisições Fleury adquire duas empresas por r$ 11,5 milhões Sulamérica pagará r$ 28 milhões pela participação do BB na Brasilsaúde novo mercado para médicos gestores

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Air Liquide tem planos de lançamentos de novos produtos e serviços

diretor de atividades medicinais da air liquide, Jamil Picolo diz ter trabalhado numa oferta global que se destaca em relação aos concorrentes

WEBCasT ENTrEVIsTa

Welch Allyn terá crescimento superior a 40% até 2016

empresa planeja ampliar portfólio de produtos nos próximos quatro anos

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Blogs

Leia e discuta com nossos blogueiros os assuntos mais quentes do mês: www.saudebusinessweb.com.br/blogs Érico Bueno Último post: O uso de redes sociais no ambiente corporativo Érico Bueno é especialista em sistemas de saúde e diretor da Health Consult

Henrique Shinomata Último post: Mudanças da ANS beneficiarão a home care Henrique Oti Shinomata é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Seguro.

Ildo Meyer Último post: Confiança sem fiança Ildo Meyer é palestrante motivacional e médico com especialização em anestesiologia e pós-graduação em Filosofia Clínica pelo Instituto Packter

Roberto Latini Último post: RDC 25/09: A HORA DA VERDADE Roberto Latini é diretor da Latini & Associados e irá abordar as regulações do setor de Vigilância Sanitária

Ronie Oliveira Último post: Quando homologadores não são homologados Ronie Reyes Oliveira é administrador de empresa e palestrante especializado na gestão de aquisição de produtos para saúde

Resultado

da enquete O Projeto de Lei 2295/00, que beneficia enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras com a redução da carga horária para 30 horas semanais, tem causado desentendimento entre a classe de enfermagem e os hospitais. Atualmente o projeto está aprovado pelas comissões de Finanças e Tributação, e Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, além de ter entrado em prioridade para votação em plenário. A classe hospitalar está apreensiva com o suposto aumento de 25% nos custos, caso o projeto vá para a votação. Para os hospitais, se aprovada, essa medida pode gerar uma conta de R$ 30 bilhões a mais no ano para a saúde como um todo. Já o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) apenas lamenta a visão negativa de pessoas públicas que se manifestam contra o projeto, que tem como objetivo buscar uma melhor qualidade do exercício profissional. Cerca de 59,2% dos leitores do portal Saúde Business Web apoiam o Coren, principalmente pelo fato de a classe de enfermeiros ser a única não regulamentada no setor da saúde. Por outro lado, 22,2% dos leitores são contra o projeto e acreditam que, sim, a aprovação vai causar um aumento nos custos dos hospitais.

No ar

Participe da nossa enquete! Vote em www.saudebusinessweb.com.br/enquetes Quais são os grandes desafios que os hospitais enfrentam na gestão da TI? m Integração e interoperabilidade entre os sistemas m Falta de mão de obra especializada e com visão estratégica no uso dos recursos da TI m Indisponibilidade de soluções que atendam às demandas dos hospitais Saúde Business | edição 15 | 15

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SB | panorama

A vez da saúde Thalita Fernandes – editorialsaude@itmidia.com.br

É hora de o debate eleitoral priorizar o tema. As principais entidades do setor apontam quais são os principais problemas e sugerem mudanças ao novo governo 18 | edição 15 | Saúde Business

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iva ê Pa Ded ção: Ilustra

Luiz Inácio Lula da Silva encerra o seu mandato como o presidente que mais distribuiu renda no Brasil. Polêmicos, os programas sociais foram a grande bandeira e a marca registrada da administração federal que se encerra este ano. O governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, teve como maior mérito a estabilização da economia, dando fim ao pro-

blema da inflação. Antes de FHC, Itamar Franco teve uma administração atribulada, assumindo o cargo após a renúncia de Fernando Collor, o presidente que abriu a economia do País para o mundo. E, nessa retrospectiva, já chegamos ao fim da história recente da democracia brasileira. É inegável o desenvolvimento econômico e social do Brasil ao longo desses anos.

Mas se hoje o País consegue almejar de padrões de nação desenvolvida, especialmente do ponto de vista econômico, em algumas áreas, como a de saúde, ainda há um longo caminho a percorrer. Apesar de tratar-se de um serviço básico e essencial, ao qual absolutamente todos os cidadãos acessam, seja por meio da rede pública ou particular, a gestão do sisteSaúde Business | edição 15 | 19

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SB | panorama

Na base da pirâmide, o setor de saúde deixa muito a desejar, em razão da alta demanda e da baixa remuneração dos profissionais. A medicina curativa está um desastre Carlos Abrahão, da CNS Foto: Divulgação

ma de saúde não foi prioridade para os últimos presidentes. Essa é a percepção da população brasileira, que aponta a saúde pública como a maior preocupação do País. Segundo pesquisa Datafolha de dezembro de 2009, 59% dos brasileiros veem a saúde pública como o principal problema do País. Setor responsável por 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a saúde também tem extrema relevância do ponto de vista econômico, tecnológico e de inovação. Diante da falta de avanços no setor de saúde nos últimos anos, combinada ao desenvolvimento em outros pontos, o debate eleitoral este ano deve ter como principal foco o tema da saúde, prevê o presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antonio Britto. “Se voltarmos para as últimas eleições presidenciais, sempre tivemos temas dominantes no debate, como inflação e geração de emprego e renda. Esta (eleição) não tem um tema dominante. Esta é uma oportunidade de ouro para discutir os problemas da saúde. Temos de aproveitá-la”, afirma. Da ampliação do acesso aos serviços de saúde ao financiamento à pesquisa e tecnologia, temas não faltam para o debate. Nesta edição, a revista Saúde Business re-

colheu, junto às principais fontes do setor, quais são as principais demandas para o próximo governo e as levou aos principais pré-candidatos à Presidência da República. Mas, até o fechamento desta edição, eles não responderam às questões.

SUS

De acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente 75,6% dos brasileiros dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). Todos os anos, são realizadas nesse sistema cerca de dois milhões de partos, 12 milhões de internações, 12 milhões de transplantes de órgãos, 132 milhões de atendimentos de alta complexidade, 150 milhões de consultas médicas e 1 bilhão de procedimentos de atenção primária à saúde. Apesar dos números gigantescos do serviço público, 70% dos 6.742 hospitais existentes no Brasil são privados, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Ministério (CNES) - dado que demonstra a necessidade de avanço da saúde privada em razão das limitações do serviço público. Outra informação que evidencia essa situação é a 125ª posição ocupada pelo Brasil em sistemas de saúde no mundo, considerando um universo de 191 países, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, em medicina privada o País é

o segundo maior mercado, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Uma das reclamações mais comuns entre os representantes do setor refere-se ao pagamento dos serviços prestados ao SUS. Apontada como uma das razões para a baixa qualidade da medicina preventiva do Brasil, a baixa remuneração dos serviços públicos precisa de mudanças urgentes. “Há 15 anos a tabela do SUS não é reajustada. A defasagem de pagamento entre a rede privada e o governo chega a 200% em muitos procedimentos, como partos e pediatria. O preço de uma cirurgia de vesícula, hoje, é de R$ 59, de acordo com a tabela do SUS. Qual é o cirurgião que vai querer fazer?”, questiona o presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Aramicy Pinto. Ele reconhece a qualidade do serviço público de saúde nos casos mais agudos, como nas áreas de cardiologia e oncologia, que, segundo ele, foram colocadas como prioridade pelo governo devido ao seu caráter de urgência. “Na base da pirâmide, que são as doenças mais corriqueiras, o serviço público deixa muito a desejar, em razão da alta demanda e da baixa remuneração dos profissionais. A medicina curativa está um desastre”, lamenta. O presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS), José Carlos Abrahão, vai

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Quando se trata de acesso a capital, há uma assimetria no segmento hospitalar, uma vez que as operadoras podem captar recursos na Bolsa e os hospitais não Henrique Salvador, da ANAHP Foto: Divulgação

na mesma linha. “É preciso melhorar a remuneração dos médicos e hospitais. A tabela necessita ser melhor avaliada para que se pague com mais dignidade a prestação dos serviços de saúde”, diz. Contudo, após anos sem reajuste, representantes do setor admitem que uma revisão integral, que zere a defasagem entre os pagamentos do setor público e privado, é inviável. “Para a tabela ser integralmente majorada, não há orçamento que aguente”, diz Pinto. Diante dessa dificuldade, o presidente da FBH propõe uma renegociação que respeite as diferenças regionais do País. Ou seja, a tabela do SUS sofreria um reajuste para servir como referência e, a partir daí, com a intervenção do Ministério da Saúde, seriam feitas renegociações no âmbito regional. “A tabela pode ser muito boa para Petrópolis e não servir para o Beneficência Portuguesa, em São Paulo”, exemplifica o dirigente.

Emenda 29

Outra antiga e constante reivindicação refere-se à destinação dos recursos direcionados ao setor de saúde. CNS e FBH destacam a importância da regulamentação da Emenda Constitucional 29, de 2000, ainda em tramitação no Congresso Nacional. A emenda define qual porcentual do Orçamento a União, os estados e os

municípios devem destinar para a área da saúde. O tema foi, inclusive, foco da Marcha em Defesa dos Municípios, realizada em maio e na qual os prefeitos apresentaram suas principais reivindicações aos presidenciáveis. Os municípios reclamam que, enquanto a obrigatoriedade do repasse não é regulamentada, eles acabam sendo obrigados a responder pelos investimentos mais pesados na área de saúde. “A aprovação da Emenda 29 é um ponto importante para a gestão dos recursos de saúde como um todo”, comenta Abrahão, da CNS. Além de um porcentual mínimo empregado na saúde pública, Aramicy Pinto, da FBH, destaca a necessidade de um acompanhamento das verbas supostamente destinadas ao setor. “O maior mal da saúde pública no Brasil é a falta de acompanhamento dos recursos que são repassados. Há muitas perdas devido à falta de gestão, é preciso administrar melhor”, afirma. O dirigente defende a criação de um sistema nacional de auditoria para acompanhamento dos recursos que são encaminhados para estados e municípios empregarem na saúde.

Saúde suplementar

A falta de qualidade do serviço público, problema que teria origem na má remu-

neração dos profissionais, resultou na migração dos brasileiros do SUS para a saúde suplementar. Hoje, mais de 40 milhões de brasileiros possuem plano de saúde, o que significa que aproximadamente 21% da população é atendida por serviços privados. “Cerca de 60% do que se gasta hoje no Brasil com saúde vem do setor privado. O orçamento depende mais de receitas do setor privado do que público, o que mostra a importância dos hospitais particulares para o sistema de saúde brasileiro”, comenta o presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Henrique Salvador. Diante da relevância da rede privada de hospitais ao sistema como um todo, a Anahp apresenta duas principais reivindicações ao novo presidente da República para garantir competitividade a essas empresas. Uma delas trata da participação estrangeira no capital dos hospitais. A Constituição Federal não permite participação de estrangeiros no capital dos hospitais, o que torna inviável que esse tipo de empresa opte pela captação de recursos por meio de oferta de ações na Bolsa de Valores. “Trata-se de uma assimetria no tratamento aos hospitais, já que os hospitais que pertencem às operadoras de planos de saúde, algumas delas com capital aberto e com ações em Bolsa, acabam Saúde Business | edição 15 | 21

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A defasagem tecnológica brasileira está associada à nossa dificuldade em completar o ciclo que constitui a inovação Franco Pallamolla, da Abimo

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sendo beneficiados indiretamente. Essa situação cria um desequilíbrio em termos de competição”, afirma. Nos últimos anos, laboratórios também recorreram à oferta de ações, uma das alternativas mais baratas de financiamento, para se capitalizar e de modernizar, enquanto os hospitais continuaram com essa limitação. O projeto de lei nº 6.482, de 2002, dispõe sobre a possibilidade de empresas ou capital estrangeiro participarem direta ou indiretamente no setor de alta complexidade de prestação de serviços de saúde. De autoria do deputado Osmânio Pereira (PSDB-MG), o projeto está parado na Mesa Diretora da Câmara desde 2005 e não há expectativa de que ele seja levado para votação em plenário no curto prazo. A Anahp, portanto, pede o engajamento do novo presidente para trazer de volta essa questão para o debate e possibilitar as mesmas condições de financiamento aos hospitais pertencentes à rede de saúde suplementar. “Acesso a capital é importante para o crescimento de qualquer negócio”, argumenta o presidente da entidade.

Carga tributária

O sistema tributário no Brasil é reconhecidamente complexo. Cerca de 60 tributos são cobrados no País e aproximadamente 3,2 mil normas que regem o sistema tri-

butário estão em vigor atualmente. Sem contar o efeito cumulativo de alguns impostos e o elevado valor das alíquotas em alguns casos. Para o setor de saúde não é diferente, apesar de tratar-se de um direito fundamental garantido pela Constituição Federal. Pelo contrário. Estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), feito a pedido da CNS e da FBH, mostra que a carga tributária sobre o valor agregado do setor privado de saúde no Brasil chega a superar a do setor financeiro. Enquanto, em 2008, no setor privado de saúde a carga tributária foi de 25,2%, ela ficou em 20,8% no setor financeiro, em 20,5% no setor privado de segurança e em 19,8% no setor privado de educação. No setor de saúde como um todo, a carga foi de 16,1%. “Como toda tributação a empresas no Brasil, a carga tributária para o setor é muito elevada”, diz Salvador, da ANAHP. “As empresas do setor deveriam ter um tratamento diferenciado, por estarem atuando em um serviço básico”, comenta o presidente da CNS. Nos últimos anos, houve um crescimento significativo da arrecadação tributária no setor. Ela praticamente dobrou de 2004, quando ficou em R$ 16,5 bilhões, para R$ 30,5 bilhões em 2009, mostra o estudo do IBPT. E apesar de representar pouco menos de 61%

do PIB do setor, as empresas privadas de saúde respondem por 95,5% do total da arrecadação. Já o setor público, que representa 34,2% do PIB setorial, contribui com 4%. “Os governos recebem, em média, R$ 30 de tributos a cada atendimento de saúde prestado à população brasileira, mesmo aqueles realizados através do SUS”, conclui o estudo do IBPT, CNS e FBH que deverá ser levado aos principais candidatos à Presidência da República ao lado de outras reivindicações da Confederação Nacional de Saúde. A tributação do atendimento efetuado por meio do SUS ocorre porque os equipamentos, medicamentos e outros insumos são adquiridos de empresas privadas, que sofrem com os impostos e repassam esse custo para o preço que cobram do próprio governo. “No Brasil, há praticamente tributação normal de PIS, Cofins, ICMS e ISS sobre os produtos, mercadorias e serviços destinados à saúde da população. Ao contrário de todos os países desenvolvidos e da maior parte dos países em desenvolvimento que optam em ter uma baixíssima tributação sobre os itens que se relacionam com a saúde”, acrescenta o estudo. Nos Estados Unidos, Canadá, Japão e países da União Europeia, por exemplo, a tributação sobre os insumos da saúde equivalem a menos

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A carga tributária é perversa no sentido da manutenção. Pode chegar a até 40%, o que é um contrasenso Reynaldo Goto, da Abimed

Foto: Divulgação

da metade da tributação brasileira. A Interfarma também apresenta dados alarmantes a respeito do nível de tributação no Brasil. Segundo o presidente da entidade, a carga tributária sobre os medicamentos humanos é de 33,9%, enquanto a de medicamentos veterinários é de 13,2%. De muleta a xarope para tosse, o levantamento do IBPT comprova que a carga tributária incidente sobre alguns produtos do setor é elevada. No caso das muletas, ela chega a 39,6%. Sobre a venda de um termômetro, incide uma carga tributária de 38,9% e de 33,8% no caso de um aparelho de pressão. Mesmo comportamento ocorre para produtos e equipamentos essenciais em hospitais, como luva cirúrgica (29,7%) e desfibrilador (34,6%). Além do elevado nível dos impostos, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Franco Pallamolla, reclama do complexo sistema de arrecadação. Para a Associação Brasileira dos Importadores de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médicos (Abimed), o modelo tributário brasileiro atrapalha, inclusive, a manutenção de equipamentos utilizados na medicina. “A carga tributária é perversa no sentido da manutenção, é

extremamente agressiva. Pode chegar a até 40%, o que é um contrasenso”, afirma o diretor da Abimed, Reynaldo Goto. Ele explica que sobre a importação de equipamentos não incidem Imposto de Importação e ICMS, mas quando uma empresa precisa comprar uma peça de reposição fora do País, por exemplo, precisa pagar a carga tributária cheia sobre essa operação. “Isso é um desestímulo à manutenção dos equipamentos.”

Tecnologia

Se a carga tributária atual não é aplicável a um serviço essencial e a um direito fundamental de todos os cidadãos, pode-se dizer o mesmo sobre os financiamentos à modernização das empresas que atuam no ramo da saúde. “Um setor que movimenta 8% do PIB necessita de modernização frequente e realinhamento de sua tecnologia. É preciso dar mais atenção às linhas de financiamento para o desenvolvimento e modernização do setor. Elas já melhoraram graças ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas é um processo”, afirma Abrahão, da CNS. Na avaliação de Pallamolla, da Abimo, mais do que a expansão dos incentivos financeiros, é necessário tornar o processo de pesquisa menos burocrático. “Muitas

empresas têm projetos barrados na Finep ou no CNPq, por exemplo, não pelo conteúdo propriamente dito da proposta, mas pela forma como a ideia é apresentada ou por falta de documentação”, observa. Para incentivar o avanço do trabalho de pesquisa no País, o dirigente sugere ainda que o novo governo diminua os encargos sociais para a contratação de pesquisadores, que possuem elevados salários, crie mais centros de pesquisa e faça uma revisão do marco regulatório das universidades brasileiras, para permitir um ambiente de cooperação entre as empresas e demais organizações da sociedade civil. “A defasagem tecnológica brasileira está associada à nossa dificuldade em completar o ciclo que constitui a inovação: criar, adquirir, absorver e utilizar uma nova tecnologia”, diz Pallamolla. Para ele, a fragilidade do elo entre as cadeias, ou seja, da relação entre academia e mercado, é um entrave ao desenvolvimento da tecnologia no Brasil. “Em 2009, o Brasil formou 40 mil mestres e 11 mil doutores. O País detém 2% das publicações científicas mundiais, mas representa apenas 0,2% das patentes do globo”, lembra o presidente da Abimo. Um maior apoio público também pode ajudar. Pallamolla defende que o novo governo crie uma “Embrapa da Saúde”, seguindo o sucesso da Empresa Brasileira de

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SB | PANoRAMA

Pesquisa Agropecuária (Embrapa), órgão amplamente reconhecido como um dos responsáveis pelo salto do Brasil na área agrícola. “O novo governo precisa converter o Programa Industrial da Saúde para a Empresa de Pesquisa Tecnológica em Saúde. Na prática, isso significa oferecer meios jurídicos, institucionais e financeiros necessários para transformar a Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz) em uma Embrapa para a saúde”, defende. Apesar de reconhecer a competência científica e tecnológica da Fiocruz, Pallamolla avalia que falta agilidade à fundação, o que ele acredita que possa existir em uma empresa pública de pesquisa. “Esse seria o suporte ideal às empresas brasileiras produtoras de insumos para a saúde que, embora tenham crescido significativamente nos últimos anos, ainda carecem de suporte institucional para a inovação.” A Abimed tem uma visão diferenciada sobre os investimentos em pesquisa. Para a entidade, eles devem ser direcionados para áreas onde o Brasil já é competitivo em nível global e nos segmentos onde o País apresenta uma vocação natural. “O Brasil tem potencial para crescer em biotecnologia e nanotecnologia, por exemplo. São áreas em que o País está avançando. Vivemos em um mundo globalizado. Temos de investir onde existe a possibilidade de desenvolvermos tecnologia”, defende o presidente executivo da Abimed, Carlos Goulart. “O Brasil não deve copiar tecnologias desenvolvidas lá fora, mas descobrir qual é a sua vocação. Temos chance de sair na frente em algumas áreas, mas não devemos esquecer que a escala é o que manda hoje, no mundo”, afirma Goto, diretor da entidade.

BaLaNÇa cOmerciaL

Nesse sentido, surge um novo debate entre as entidades. Enquanto a Abimo defende

aumento das alíquotas de importação de equipamentos médicos para contribuir para uma redução no déficit da balança comercial do setor, a Abimed argumenta que o País não deveria se dedicar a copiar equipamentos que já são produzidos lá fora a custos competitivos, mas sim manter as suas importações e investir na produção local de produtos inovadores. No caso da produção de incubadoras para recém-nascidos e vacinas, por exemplo, o Brasil é exportador. “O Brasil tem grandes chances de sair na frente em alguns segmentos”, diz Reynaldo. Para ele, mais importante do que o saldo da balança comercial é a geração de empregos qualificados no País. “No nosso caso, a importação gera empregos de qualidade. Quando eu importo um equipamento de ressonância magnética, por exemplo, gero uma demanda por um profissional capacitado para utilizar aquela máquina”, diz. Outra sugestão da entidade ao novo governo refere-se à fiscalização do comércio de produtos ilegais. Ele cita dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de aproximadamente 1,5 mil casos de falsificação por ano, ou quatro episódios por dia em todo o mundo. Comparado com o setor de consumo, os números não parecem signifcativos, mas Gotto alerta para a relevância do assunto. “Uma peça falsificada no nosso segmento tem outro tipo de impacto. Pode significar uma vida”, afirma. Ele reconhece avanços recentes na fiscalização, lembrando que a Anvisa conseguiu fechar recentemente estabelecimentos que fabricavam equipamentos ilegais, mas alerta que é preciso intensificar nos portos e aeroportos. “Existe uma delegacia especializada da Polícia Federal nesse segmento, mas com estrutura limitada”, afirma o representante da Interfarma, destacando a necessidade de mais investimentos nessa área. Ilustração: Dedê Paiva

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O que precisa mudar

Os sete principais pontos que precisam ser trabalhados pelo novo presidente da República, na avaliação das principais entidades do setor

1º Acessibilidade Segundo pesquisa Datafolha de dezembro de 2009, a situação da saúde pública hoje é a maior preocupação do País. Para representantes do setor, é preciso ampliar o acesso dos brasileiros à saúde e melhorar a qualidade dos serviços.

2º Contratos A avaliação geral é de que a medicina curativa no Brasil encontra-se em estado de calamidade e que a principal razão para isso são os baixos valores pagos aos profissionais que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS). A defasagem de pagamento entre a rede privada e o governo chega a 200%, em alguns casos, o que revela a urgente necessidade de reajuste da tabela de referência do SUS.

3º Carga tributária Representantes dos hospitais privados e da indústria de equipamentos reclamam da elevada carga tributária do setor. Por tratar-se de um serviço essencial, pede-se aos presidenciáveis a adoção de um sistema diferenciado de tributação para as empresas que fazem parte do setor.

4º Orçamento Entidades representativas do setor pedem a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que define qual porcentual do Orçamento deve ser destinado para a área da saúde. Representantes do setor observam ainda que não há acompanhamento dos recursos. Acompanhar a gestão do orçamento da saúde é um dos pleitos do setor.

5º Acesso a capital Representantes de diferentes segmentos do setor desejam que o novo governo amplie e torne menos burocrático o acesso a linhas de financiamento.

6º Isonomia Os hospitais privados são impedidos, pelo artigo 199 da Constituição Federal, de ter participação estrangeira em seu capital. Essa circunstância criaria uma assimetria no tratamento aos hospitais, já que as operadoras de planos de saúde - algumas com ações negociadas na Bolsa de Valores - hoje também possuem hospitais, que, portanto, acabam sendo beneficiados indiretamente. A Anahp pede engajamento do novo presidente na tramitação do projeto de lei 6482/2002, que trata sobre o tema e está parado na Câmara desde 2005.

7º Tecnologia Ainda existe uma considerável defasagem tecnológica no Brasil, devido à dificuldade de completar o ciclo de inovação. A academia é forte, mas o elo com o setor privado ainda é fraco. Aproximar a academia do setor privado é uma das sugestões ao novo governo. Saúde Business | edição 15 | 25

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Ilustração: Rodrigo Martins

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Cresce a valorização do uso estratégico das informações e ela já é tratada como onda, sobretudo, nas grandes empresas Vitor Cavalcanti – Informationweek Brasil

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FrfPeter Druker talvez tenha sido o primeiro expert global a debater a gestão do conhecimento nos moldes como deveria ser e é aplicada atualmente. Em 1998, em artigo publicado em uma edição da Harvard Business Review sobre o tema, o especialista afirmara que o uso da informação de forma estratégica e voltada para inovação pautaria as companhias de sucesso nos próximos 20 anos. Pelo o que se vê, ele não estava errado. Druker previu a redução dos cargos gerenciais, o papel estratégico da TI na transformação e o advento de pessoas capazes de converter dados em informações. As crises - e não me refiro a esta última que ainda está em curso em alguns países - contribuíram muito para esta guinada, já que, depois delas, vieram tratados de governança e transparência. Mas, embora o conceito de gestão do conhecimento esteja difundido em mercados maduros e nações ricas - fala-se inclusive em uma nova onda, a chamada 2.0 -, quando se avalia a situação de países em desenvolvimento, como o Brasil, o cenário é de que eles estão apenas no início desta empreitada. Muitos dos projetos que se vê, como os próprios especialistas explicam, tratam apenas da gestão da informação, ou seja, de organizar dados em um grande repositório sem aquela real preocupação em como aplicar este contingente em projetos de inovação, na geração de conteúdo estratégico e até na elaboração de novos produtos. Como lembra Luiz Rogério Saraiva dos Santos, professor convidado da Fundação Instituto de Administração (FIA) e corporate business entrepreneur da Sábia Experience, que fornece soluções que suportam a gestão, as empresas sofrem com a quantidade de informações que possuem. “Como organizar? Como melhorar o desempenho? Como aumentar a capacidade de inovação? Poucas organizações conseguem fazer de forma organizada. É um tema difícil”, alerta. A tendência para esse segmento é de avanço constante, principalmente se observarmos que, em diversas empresas, o capital intelectual é muito mais valioso que todos os ativos. Investir em gestão do conhecimento, entretanto, é custoso, envolve mudança cultural, software, novos processos e depende, em grande parte - ou principalmente - do apoio da alta direção. Talvez por isso tenha demorado a

explodir em mercados emergentes. De forma geral, os grandes projetos nesta área são vistos em multinacionais, por toda infraestrutura disponível e pela cultura da matriz. O advento de ferramentas mais baratas com a popularização da web 2.0, entretanto, é um fator que contribuirá para que a gestão do conhecimento invada companhias de todo o porte, como constatou Imed Boughzala, professor-doutor do Institut Telecom, na França, e especialista no assunto.

DE QUEM É O PROJETO?

“Deixar tangível o valor do conhecimento é a grande questão. Empresários estão interessados e querem fazer. Mas eles querem concretude. A gestão do intangível é um desafio e precisa definir indicadores. Além de uma organização comprometida, é preciso mostrar para a direção que não é perda de tempo”, avalia Rose Longo, professora da pós-graduação de gestão do conhecimento do Senac-SP. Além de lecionar, Rose possui a consultoria Transk (Transformar a partir do conhecimento), criada em 1997, onde executa trabalhos junto com o nível estratégico das companhias. Ela explica que, geralmente, é procurada pelos departamentos de RH, “em geral pela necessidade de desenvolver liderança”, ou por presidentes de empresas. “Faço um diagnóstico para o cliente perceber como mobilizar o interesse pelo conhecimento.” Mas onde entra a TI nesse cenário? Ela tem papel fundamental nesta transformação, como o próprio Peter Druker escreveu em 1998. A atividade do departamento pode ir desde a escolha e a implementação das ferramentas que suportarão a gestão do conhecimento até a elaboração de processos para fazer com que tudo funcione. Para Boughzala, o ideal é que os CIOs trabalhem em conjunto com o RH, atendendo às necessidades da companhia. “Uma pergunta importante neste processo é: quais decisões você precisa tomar em 12 meses e não tem informações organizadas para decidir? Estamos falando de estratégia, visão, cultura organizacional, estrutura de TI e gestão de informação. Por isso, só acontece em multinacional, que tem capilaridade grande e quer gerenciar para melhorar capacidade de competir”, provoca Santos, da FIA.

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ROSE, DO SENAC: “É preciso mostrar para a direção que gestão do conhecimento não é perda de tempo”

“Quais decisões você precisa tomar em 12 meses e não tem informações organizadas? Estamos falando de estratégia, visão, cultura organizacional, estrutura de TI e gestão da informação”, Santos, professor convidado da FIA

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FLEURY

Unir a companhia em prol de uma iniciativa de gestão do conhecimento é complicado, demorado e requer investimento. Nada que seja impossível. No Grupo Fleury, desde 2007, está em curso um projeto neste segmento. Algo amplo, que envolve equipe multidisciplinar e já tem gerado resultados. O trabalho dentro da companhia de saúde é complexo, trata informações críticas, como resultados de exames laboratoriais, processos e desenvolvimento de testes. Se a catalogação deste tipo de informação é complicada, imagine converter tais dados em algo palatável, um produto. Eles conseguiram. “Dividimos gestão do conhecimento e gestão da inovação, mas elas estão coligadas. Nos consideramos uma empresa de conhecimento e este conhecimento é alimento para inovação”, lembra Rendrik Franco, diretor-executivo de planejamento estratégico, inovação e sustentabilidade do Fleury. A primeira área da empresa a receber o projeto foi a de análises clínicas. De acordo com o executivo, primeiro por ser o motor da companhia e, em segundo, pela criticidade e quantidade de informações com que seus emprega-

dos lidam diariamente. “São mais de 300 pessoas trabalhando. É uma área intensiva em conhecimento; estas pessoas, que estão cuidando dos cerca de 30 milhões de testes por ano, possuem formação técnica por excelência.” O trabalho do Fleury, atestam os executivos, tem total apoio da alta direção. A realização contemplou diversas frentes: eles pensaram em vários aspectos como conhecimento represado na cabeça dos funcionários, processos que poderiam ser melhorados, ferramentas a serem implementadas e mudança cultural. Em meio a tudo isto, num trabalho de mapeamento de redes - conceito difundido pelo professor Boughzala, do Institut Telecom -, descobriram a existência de 31 gaps, entre eles, de conhecimento na área de sistemas. Por exemplo: um funcionário com 40 anos de casa detinha maior nível de conhecimento. Nesse caso, eles trataram com o líder desse empregado para que um funcionário mais jovem o acompanhasse no dia a dia a fim de entender a atividade e também junto com o RH para promover o reconhecimento desta pessoa. “[Isto] desencadeia ainda programa de sucessão e, por fim, a codificação. Algumas [infor-

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Foto: Ricardo Benichio

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FRANCO, DO FLEURY:

Foto: Ricardo Benichio

“Nos consideramos uma empresa de conhecimento e ele é alimentado por inovação”

mações] não são possíveis [codificar], pois são do feeling, mas há outras possíveis. E fizemos um projeto para conhecimento tácito e explícito para saber como lidar”, resume Franco. A opção do Fleury, como informou o gerente-sênior de projetos, Fernando Alberto, foi pela adoção do Enterprise Content Management (ECM), da Oracle, para organização dos dados. “Você pode pegar qualquer conteúdo e jogar lá. O ECM trabalha com metadados atrelados ao conteúdo. Num banco de dados, por exemplo, você não coloca imagens. Não tem inovação no ECM em si, mas na finalidade que demos a ele”, comenta.

O PRODUTO

A finalidade a que se refere Alberto, do Fleury, é o relatório integrado, uma espécie de diagnóstico completo onde, além de fornecer o resultado de um exame de

anemia, por exemplo, o documento traz análises, sugestão de tratamento e acompanha até literatura médica sobre a enfermidade. Funciona como uma ferramenta de suporte para o médico que estiver tratando o paciente. Franco e Alberto explicaram que o produto, em si, já existia, mas era feito manualmente e podia levar algumas horas para ficar pronto, dependendo ainda da reunião do corpo de especialistas da empresa. A automatização só foi viável após um amplo esforço para esmiuçar os processos, criar condições, identificar quais situações se beneficiariam do relatório e, o mais difícil, transferir para o ECM o conhecimento médico aplicado ao ler um exame. “Para cada situação, pegamos um médico especialista da área - foram 30 no total. Escolhemos situações e montamos uma área de conhecimento. Questionamos como é feito diagnóstico no dia a dia; e isto é mui-

to difícil”, lembra Franco. “Com o ECM, não só automatizamos o relatório, como temos acesso à informação que antes não tínhamos”, complementa Alberto. Claro que isso envolveu um trabalho forte com os funcionários para que se criassem o hábito de incluir as informações no sistema e não deixá-las num pen drive, no desktop ou mesmo guardado consigo. O relatório integrado é apenas um dos benefícios colhidos. Outro exemplo citado é o teste para detecção do vírus H1N1. O Fleury conseguiu lançar o teste antes da concorrência fazendo uso de processos de desenvolvimento que já estavam catalogados na base da companhia. “Todos os processos de padronização de teste é conhecimento puro e está na cabeça das pessoas. Codificamos esse conhecimento. Para cada desenvolvimento, temos a documentação minuciosa de como é desenvolvido o teste”, afirma Franco.

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PRINCIPAIS DESAFIOS

• Estar aberto a aprender com o passado e não cometer os mesmos erros; • Saber quais áreas de conhecimento capitalizar, desenvolver/suportar e, algumas vezes, esquecer; • Identificar o conhecimento crítico que precisa ser transmitido às novas gerações; • Apontar quem conhece; • Entender que informação pode ser compartilhada; • Criar conhecimento a partir das ideias que já existem

DICAS

PARA QUEM VAI INICIAR

UM PROJETO*

• Fazer um mapa do domínio de conhecimento na empresa é o primeiro passo; • Desenvolver uma estratégia de gestão do conhecimento dependendo dos objetivos do negócio e das necessidades de informação; • Definir ações concretas de acordo com a natureza do conhecimento: livro de conhecimento (conhecimento de especialista), tutoria/coaching/contador de histórias (conhecimento tácito), intranet/portal do conhecimento/treinamento/e-learning (conhecimento explícito), rede social (conhecimento interpressoal), blog/wiki/grupo (conhecimento compartilhado); • Começar pequeno para depois expandir as ações. Fonte: doutor Imed Boughzala, especialista em gestão do conhecimento e professor associado do Institut Telecom, na França

DADOS NÃO-ESTRTUTURADOS

Se por um lado a mudança cultural e a resistência das pessoas são imensas barreiras que podem até comprometer o sucesso de um projeto de gestão do conhecimento em determinadas áreas, algo que ainda permanece como desafio e deve continuar sendo por algum tempo é a gestão dos dados não-estruturados. Aquela informação que seus funcionários guardam em pen drive, no HD, anotam em blocos ou mesmo está armazenado no cérebro. E pasmem, de acordo com o analista da IDC, Samuel Carvalho, cerca de 80% do conteúdo crítico é de dados não-estruturados. “É um conteúdo que cresce vertiginosamente com as mídias sociais. As empresas não conseguem estruturar e tirar inteligência”, afirma. “Quando fala em taxonomia e gestão da informação, é preciso prevenir que informações não estejam em pen drive ou desktop. Isto significa falta de processo e as áreas de TI e RH precisam definir processos que devem ser monitorados. Sem TI não funciona. É difícil calcular a perda quando alguém sai da companhia e leva uma planilha, por exemplo”, ensina Santos, professor convidado da FIA. O especialista lembra ainda que, embora o mercado disponha de diversas ferramentas, portais e wikis, o processo é a parte mais importante quando se fala em dados não-estruturados. Boughzala concorda que esses dados permanecem sendo um problema, mas adianta que a indústria tem investido pesado no desenvolvimento de soluções que possam, ao menos, amenizar a questão.

Em geral, as companhias que investem em ações de gestão do conhecimento começam pelas informações estruturadas, por ser menos custoso e também estar ao alcance de forma mais fácil. No Fleury, entretanto, a ordem é não salvar nada no HD e muito menos em pen drive. “É muito comum, no desenvolvimento, acessar um código, fazer alteração e deixar no desk, mas a orientação é para que não se faça isso, pois o HD pode pifar”, lembra Alberto, gerente-sênior de projetos. Gerir o dado estruturado ou não, entretanto, como frisam os especialistas, é apenas parte da gestão do conhecimento. Um projeto nesta área precisa funcionar como um movimento onde condições favoráveis à construção do conhecimento sejam criadas e, esse conhecimento, por sua parte, vire insumo de apoio em processos de tomada de decisão e também de inovação. É fácil? Não. Se você e seus pares forem capazes de costurar uma proposta mostrando o real valor da gestão do conhecimento para a alta direção, entretanto, é praticamente certo que ela será alçada a uma das principais prioridades, já que, o investimento alocado inicialmente é revertido em economia futura. A proliferação de redes sociais, a chegada de profissionais que interagem em fóruns, wikis, blogs e a própria necessidade de aprender sempre que as novas gerações trazem fatalmente forçará as corporações investirem, cedo ou tarde, nesta frente. É o preço que se pagará para ser dono do conhecimento.

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O Hospital Santa Paula tem muita história para contar. Principalmente, histórias de conquistas e realizações.

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Uma história de sucesso

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Há mais de 50 anos, o Hospital Santa Paula cuida da saúde das pessoas com calor humano e dedicação, buscando sempre a melhoria da qualidade de vida.

O H áre de

Essa história teve seu início em 1958, em um pequeno imóvel localizado na Avenida Santo Amaro. Durante todos esses anos, o Santa Paula passou por uma série de transformações, mas foi na década de 70 que iniciou um trabalho focado no aprimoramento de seus serviços e XP GLUHFLRQDPHQWR PDLV SURÀVVLRQDO ao mercado. Em 1993, graças aos excelentes resultados conquistados e com possibilidade de atender mais pacientes, ampliou a sua sede, se preparando, assim, para um futuro cada vez mais promissor.

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Um futuro promissor O Hospital Santa Paula entra no sÊculo XXI sendo considerado um hospital referência em diversas åreas. Instalaçþes tecnologicamente equipadas, um moderno Centro Cirúrgico e seu impecåvel serviço de hotelaria garantem essa posição. Em 2001, foi o primeiro hospital de São Paulo a ser acreditado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) Nível 1. Anualmente realiza cerca de 7.000 cirurgias, 12.000 internaçþes e mais de 100.000 pronto atendimentos. AlÊm disso, oferece ao mercado serviços especializados em oncologia, neurocirurgia, cirurgia cardíaca e ortopedia.

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SB | economia e negócios

Quanto mais pesquisas,

mais negócios Guilherme Batimarchi – editorialsaude@itmidia.com.br

Entraves burocráticos e falta de centros de pesquisa fazem do Brasil um mercado pouco explorado no segmento de pesquisa clínica O investimento em pesquisa e desenvolvimento é um diferencial para as empresas manterem-se competitivas no mercado. No setor de saúde, essa premissa torna-se ainda mais rigorosa, pois os desafios são complexos, e os resultados positivos das pesquisas resultam em novos tratamentos, novas formas de diagnóstico, certos de terem aderência no mercado. Nesse cenário, a área de pesquisa clínica pode ser vista como uma boa oportunidade de negócios. No entanto, mal aproveitada pelo mercado brasileiro. A falta de uma disseminação estruturada do conhecimento científico, por parte da academia, e de relacionamento com a indústria, somada à alta burocracia para a aprovação de projetos, faz com que o Brasil perca a oportunidade de participar maciçamente desse mercado. Somente o setor farmacêutico investe em Pesquisa e Desenvolvimento cerca de US$65 bilhões ao ano, o que corresponde a investimentos de 18,5% do faturamento total desse segmento. De acordo com dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), em 2009 foram investidos US$ 40 bilhões em pesquisa clínica no mundo todo. O Brasil movimentou apenas cerca de US$ 300 milhões desse montante. Enquanto os Estados Unidos, referência mundial na área,registraram a realização de 45 mil

estudos clínicos, o mercado nacional foi responsável por 285 estudos. A entidade também aponta países como Rússia, Índia e China, como forte concorrentes do Brasil na área de pesquisa clínica. Juntos eles representam cerca de 6% do mercado internacional e tem investido constantemente no setor. Na visão do mercado, a maior dificuldade enfrentada não é a falta de verbas ou incentivos. O maior vilão, neste caso, é excesso de burocracia e a demora na aprovação de projetos de pesquisa na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). “Este processo tornou-se lento e burocrático com o passar do tempo, fazendo com que um pedido de pesquisa demore, às vezes, mais de um ano para ser aprovado”, afirma o presidente da Interfarma, Antônio Britto. O conselho é formado por médicos, enfermeiros, dentistas, pesquisadores e entidades de classe. Seu objetivo é avaliar o caráter ético de novos testes clínicos e procedimentos que envolvam seres humanos.Antes de chegar à Conep os trabalhos devem passar pelos Comitês de Ética em Pesquisa (Cep) das próprias instituições. Outras queixas da comunidade científica sobre o órgão são a falta de um sistema online de envio da documentação para o Conselho - fazendo com que as instituições tenham que reunir toda a papelada

sobre o processo de desenvolvimento da pesquisa e encaminhe para Brasília - e a falta de profissionais qualificados para analisar estes processos. Britto também destaca que, com este processo demorado, o Brasil deixa de ganhar em desenvolvimento científico, conhecimento, qualificação técnica e geração de empregos. “Este investimento, que poderia ficar aqui acaba indo para outros centros e quem mais sai perdendo é a sociedade, que perde uma oportunidade de cura.” Mesmo com os entraves burocráticos para seu desenvolvimento, a forte procura de laboratórios internacionais pelo Brasil devido sua variedade étnica - apontam o segmento de pesquisa clínica como promissor para o País. Segundo o professor de pós-graduação em Pesquisa Clínica da Santa Casa de São Paulo, Charles Schimidt, somente no primeiro semestre desse ano o Brasil registrou entre 300 e 400 pesquisas. “Este é um mercado que cresce mesmo com a crise econômica, ele exige profissionais altamente especializados e um alto grau de investimentos.”

Oportunidade

De olho em um mercado quase sem concorrência no País, o laboratório Salomão & Zoppi criou, em abril deste ano, sua unidade de pesquisa clínica (UPC). A proposta é, em cinco anos, estar inserida no

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Briitto, da Interfarma: Entraves burocráticos, alta tributação e pouca aproximação com a academia desfavorecem o segmento de pesquisa clínica

Foto: Divulgação

contexto internacional de pesquisa clínica e ser reconhecida como uma entidade nacional de alto nível e com trabalhos já executados. Para que isso seja possível, o investimento inicial na área é de R$ 5 milhões nos próximos três anos, com perspectivas de aumento. Em longo prazo a estimativa do laboratório é de contratar novos especialistas, mas nesta primeira etapa dos trabalhos ele contará com a mão-de-obra já existente em sua estrutura, que foi remanejada de outros departamentos e qualificada. “Nós não estamos focando apenas em pesquisas clinicas voltadas ao setor farmacêutico, nosso interesse é um pouco maior, queremos trabalhar também com universidades e empresas de inovação tecnológica, visando a troca de conhecimento”, comenta a diretora da divisão de pesquisa clínica do laboratório Salomão & Zoppi, Eliana Menabó. O laboratório Salomão & Zoppi já está firmando parcerias com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e com a Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. Outro laboratório brasileiro que enxergou nesse segmento uma oportunidade de negócio foi a DASA, que há 12 anos tem trabalhado com suporte em análises clínicas para a indústria farmacêutica. A empresa conta hoje com 18 colaboradores especializados para atender pesquisas vindas de universidades, Contract Research Organization (CRO), pesquisadores autônomos e a indústria farmacêutica. O laboratório possui, atualmente, 200 estudos em andamento – grande parte sobre medicamentos oncológicos - e pretende crescer 30% em 2010. “Pretendemos investir principalmente em tecnologia para atender normas internacionais e também nos adequar às diretrizes do FDA, que deve ocorrer em no máximo 18 meses”, afirma o gestor de negócios em pesquisa clínica da DASA, José Luiz Menezes Gomes. Saúde Business | edição 15 | 37

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SB | Espaço jurÍdico

Felipe Hannickel Souza Foto: Divulgação

Advogado especialista em direito regulatório na área de saúde suplementar. Integrante de Neumann, Salusse, Marangoni Advogados.

Plano de saúde para empregados Demitidos sem Justa Causa e Aposentados Uma dos temas de grande destaque e que tem causado dor de cabeça aos gestores refere-se ao denominado “benefício de inativos”, consistente na obrigatoriedade de manutenção do plano de saúde pela empresa empregadora aos empregados demitidos sem justa causa e/ou aposentados. A discussão é atual principalmente pelo fato de que em 2009 a Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998 completou dez anos de vigência, interferindo diretamente no prazo de concessão deste benefício aos aposentados, que inclusive poderão gozar deste direito por prazo indeterminado. A matéria é regulamentada pelos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656/98, bem como pelas Resoluções nº 20 e 21 do Conselho de Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). É fato que aos empregados participantes de determinadas modalidades de planos de saúde empresariais, desde que respeitados certos requisitos legais, será concedido o direito de manter sua condição de beneficiário após a rescisão do contrato de trabalho sem justa causa ou mesmo aposentadoria. Para tanto, são requisitos para que o demitido ou aposentado possam exercer o direito à manutenção do benefício: • se demitido, que tenha sido sem justa causa; • ser beneficiário de plano coletivo permeado por vínculo empregatício; • ter contribuído, mesmo que parcial-

mente, para o plano coletivo de assistência à saúde; • que comunique à empregadora a intenção de continuar no plano no prazo máximo de 30 dias após seu desligamento; e • assuma o pagamento integral das contraprestações (parte do empregado mais a parte do empregador). Por estas razões, ao empregado que contribui financeiramente para a prestação continuada de serviços ou cobertura dos custos assistenciais, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário do plano de saúde, com as mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o pagamento integral dessa prestação. Do ponto de vista regulatório, contribuir financeiramente significa arcar de alguma forma durante a vigência do contrato de trabalho com o custeio do plano de saúde, independentemente do valor, o que ocorre normalmente mediante desconto em folha de pagamento. Entretanto, não é considerada contribuição (para fins deste benefício), o pagamento pelo empregado de co-participação e/ou franquia única e exclusivamente em procedimentos, como fator de moderação na utilização dos serviços de assistência médica ou hospitalar. Em contrapartida, a opção por padrão de acomodação superior no plano de saúde, e o conseqüente ônus financeiro de tal esco-

lha, também tem sido considerada contribuição para fins previstos nos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656/1998. No que tange ao prazo de manutenção deste benefício, frise-se que a manutenção aos demitidos sem justa causa é garantida pelo prazo de 1/3 do tempo de permanência nos planos, assegurando-se um mínimo de 6 meses e um máximo de 24 meses. Já para os aposentados o direito à manutenção vale para o profissional que contribuiu pelo prazo mínimo de 10 anos, sendo o benefício garantido por prazo indeterminado. Notese, todavia, que há uma regra de proporcionalidade: o direito à manutenção também é estendido ao aposentado que tenha contribuído por lapso inferior aos 10 anos, fixando-se aqui um ano de garantia para cada ano de contribuição Deste modo, independentemente do ônus financeiro recair integralmente sobre os ex-empregados no que tange ao pagamento das mensalidades do plano de saúde, é fato que no futuro haverá uma grande contingência para as empresas que ofereçam planos de saúde coletivos aos seus empregados, tendo em vista estes beneficiários impactarem significativamente a apólice do plano na análise de sinistralidade para fins de reajustes contratuais. Em virtude da relevância do tema é possível que a ANS edite novas normas para regulamentar a questão. O Judiciário agradece.

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Com mais de um século de atuação no Brasil, A Associação Congregação de Santa Catarina Amplia cada vez mais as obras sociais sob os pilares da Assistência Social, Saúde, Educação e Pastoral.

Muito mais do que a filantropia por si só, a organização sem fins lucrativos investe em um modelo de gestão que alia valores éticos e espirituais a eficácia operacional. Com mais de 12 mil colaboradores distribuídos em 34 casas e obras sociais, a associação já realizou cerca de 6,5 milhões de atendimentos e já investiu R$ 40 milhões em ações filantrópicas. Estes números são incapazes de resumir a história desta entidade que teve a sua origem em 1571, quando a Madre Regina Protmann fundou a Congregação de Santa Catarina, em Braunsberg (Alemanha), que tinha o simples objetivo de oferecer alimento aos famintos e sabedoria aos que precisam de informação.

Profissionais motivados pela sustentabilidade -

E e a s d s C c a p a c d O d p

Uma das escolas pertencentes à Associação

Hoje, os seguidores desta nobre religiosa traduzem este mesmo conceito ao longo dos últimos 114 anos na história brasileira, através de milhares de pessoas atendidas nos centros de convivência, colégios, hospitais, creches e lares de idosos da associação. No último ano de 2009, a organização atingiu aproximadamente R$ 1 bilhão de receita por prestação de serviços, sendo que a maioria foi aplicada no trabalho social. “A administração e movimentação dos recursos financeiros de forma eficaz é a base para que a entidade seja cada vez mais autosustentável e aumente ainda mais a sua capacidade de atendimento, assegurando sempre a humanização e o serviço de qualidade”, avalia Euler Baumgratz, Superintendente da Associação Congregação de Santa Catarina.

Creche Sagrada Família, de São Paulo

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Informe publicitário

Gestão hospitalar bem-sucedida

Estão sob a gestão da associação 12 hospitais. Ao todo, dentro dos atendimentos de emergência/ambulatório da entidade, 80% correspondem ao Sistema Único de Saúde (SUS) e 20% aos atendimentos de convênios e particulares. Apesar da maior parte da receita originada pela área de saúde da congregação ser proveniente do segmento privado, é cada vez mais evidente que o modelo de gestão hospitalar da entidade é rentável e consegue sustentar tanto a estrutura privada quanto a social, ou como se chama no mercado, pública. Aquelas irmãs missionárias da Congregação de Santa Catarina que em 1897 iniciaram o trabalho na área da saúde do Brasil sem muitos recursos conseguiram erguer uma estrutura de atendimento composta por modernas tecnologias seja para atender o setor público ou privado, priorizando pela qualidade e pelo tratamento humanizado. “O posicionamento de melhoria contínua e investimento em profissionais da saúde, processos e atualização contribuiu para que hoje a associação tenha alguns dos melhores hospitais brasileiros, com acreditação internacional, maternidades eleitas como as melhores dentro do seu setor e centros de referência em tratamento de casos de alta complexidade nas áreas de Neurologia, Cardiologia, Ortopedia e Cirurgia Minimamente Invasiva”, complementa Baumgratz. E para dar estrutura ao modelo de gestão, a entidade ainda possui um processo anual de Planejamento Estratégico, acompanhado pelo Balanced Scorecard.

iosa dos avés ntros es e o de ente de a no o e s de seja ente ento, e o ratz,

Um exemplo claro deste posicionamento é o Hospital Santa Catarina, localizado no coração financeiro do País, a Avenida Paulista, em São Paulo. Com um faturamento em 2009 de cerca de R$ 360 milhões, a entidade já é acreditada internacionalmente pelo Canadian Council on Health Services Accreditation (CCHSA), baseado em metodologia canadense. Com excelência no atendimento de casos de alta complexidade, a instituição foi a primeira a dispor do Innova 3100, um dos equipamentos mais modernos para o diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares, na América do Sul. “É um aparelho de alta tecnologia, que traz mais segurança para procedimentos de diagnóstico e tratamentos de cateterismo e angioplastia”, reforça o superintendente da associação.

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Hospital Santa Catarina, em São Paulo

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Parceria público-privada que dá certo

A Associação Congregação Santa Catarina é a prova viva de que existem parcerias público-privada que dão certo. Por meio de um modelo de gestão de Organização Social de Saúde (OSS), a entidade é responsável por gerir hospitais do governo do Estado de São Paulo, como o Hospital Geral de Pedreira, Hospital Geral de Itapevi e o Hospital Geral do Grajaú. A título de exemplo, o Hospital Geral de Pedreira conquistou o prêmio ouro da entidade CQH (Compromisso de Qualidade Hospitalar) e foi responsável por 82 mil atendimentos pelo SUS, mais de 6 mil cirurgias e 293 mil atendimentos de emergência (100% SUS). “Além de números, é importante reforçar que o hospital tem programas de atenção aos colaboradores, usuários e parceiros de projetos, envolvendo tanto atendimento e reabilitação de saúde quanto a prevenção de riscos”, aponta Baumgratz.

C

Hospital Geral de Pedreira, gerido pela

A e e “O e p a id C lo P in e c e a

associação através de OSS.

Parceria Público-Privada Municipal

Organização Social – Associação Congregação de Santa Catarina

Sempre sensível às necessidades da população, a OSACSC, aceitou a partir de 2000, um novo desafio: a parceria com o Poder Público Municipal, colocando à disposição do mesmo sua experiência nas áreas administrativas e de saúde, no desenvolvimento e implantação do Programa Saúde da Família (PSF) na região de Pedreira. Em 2008, a ACSC assinou um novo contrato de gestão com a Secretaria Municipal de Saúde do município de São Paulo, como Organização Social Municipal, responsabilizando-se pelo gerenciamento dos serviços de saúde das Micro regiões Cidade Ademar, Socorro e Parelheiros. Com 50 unidades, hoje, são realizadas mais de 650 mil consultas envolvendo 2.800 colaboradores no trabalho, que absorveu o convênio do Programa Saúde da Família e, mais tarde os demais convênios: Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Em outubro do mesmo ano, a OS-ACSC assumiu mais quatro equipamentos de saúde de Socorro/Parelheiros: Centro Odontológico de Especialidades Parelheiros (COE), o Ambulatório de Especialidades (AE) / CEO Dr. Milton Aldred e AE Jardim Cliper.

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Ap

em

A pú as jo


Informe publicitário

Compromisso com a educação

A associação possui hoje 5 escolas em 5 estados. As casas da entidade são voltadas para a educação de crianças e jovens; e buscam um ensino com objetivo de formar seres humanos. “O nosso modelo de educação visa ensinar valores essenciais à vida, como o acolhimento, ética e benevolência, pois no futuro queremos adultos que sejam capacitados, mas acima de tudo cientes de seu papel na evolução do mundo”, idealiza o executivo. A primeira obra social das irmãs de Santa Catarina no Brasil foi o Colégio e Creche Santa Catarina, localizado no Estado do Rio de Janeiro, na cidade de Petrópolis. Com 672 alunos atendidos gratuitamente, a instituição oferece formação de Técnico em Enfermagem e especialização para que estes técnicos aprendam a trabalhar com a terceira idade. Além disso, existem cursos, como corte e costura, oficina de ervas medicinais, alfabetização para adultos e pré-vestibular para negros e estudantes carentes.

Curso de Corte e Costura oferecido no Colégio e Creche Santa Catarina, no Rio de Janeiro.

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a OSarceria ção do e de grama 008, a retaria como e pelo egiões dades, vendo nvênio demais Centro o ano, úde de dades (AE) /

Apoio aos idosos no Lar Madre Regina, em Guarulhos

Assistência Social: um caminho de acolhimento A associação atende diferentes públicos em seu modelo de assistência social. São eles: idosos, jovens e crianças, portadores de HIV,

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moradores de rua. São homens e mulheres que fazem parte da camada mais carente da sociedade. Todo o investimento realizado nas 5 casas de assistência social é proveniente de transferências de recursos de outras casas, hospitais e entidades da associação. O Lar Madre Regina, de Guarulhos (São Paulo), é um dos pólos de atenção e amparo ao idoso. Inaugurado em 1997 para homenagear o primeiro centenário das irmãs da Congregação de Santa Catarina ao Brasil, a instituição abriga mais de 60 idosos. O trabalho desenvolvido engloba assistência social, médica e espiritual; medicamentos; enfermagem 24 horas; fisioterapia; nutrição, entre outros. “Em 2008, 78% da receita do Lar era adquirida através de transferências entre a própria associação. Sem este aporte, obras sociais como esta nunca existiriam”, conclui Baumgratz.

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SB | economia

Eduardo Perillo

Foto: Elias Kitosato

Médico, mestre em administração, doutor em história econômica

Maria Cristina Amorim Economista, professora titular da PUC/SP

As próximas eleições e

os possíveis impactos no setor saúde Com a aproximação das eleições presidenciais, julgamos imprescindível avaliar se e como os candidatos se posicionam quanto a temas até agora pouco explorados, relativos à economia brasileira e com possíveis impactos no setor da produção de bens e serviços de atenção à saúde. Problemas de grande envergadura esperam o futuro presidente, entre os quais, selecionamos: 1) vulnerabilidade externa estrutural da economia brasileira; 2) política macroeconômica em contradição com o desenvolvimento; 3) política social assistencialista. A vulnerabilidade externa estrutural da economia diz respeito à composição das exportações; apesar de seu elevado saldo superavitário no período 2003/2007, continuamos dependentes da exportação de produtos intensivos em recursos naturais, com redução relativa das exportações de bens intensivos em tecnologia. Óleo bruto e café constituem os principais produtos de exportação para os Estados Unidos; para a China, minério de ferro e grãos de soja (MDIC/SECEX, 2009). O problema da dependência da exportação de bens primários reside na maior instabilidade de seus preços internacionais e

menor desenvolvimento econômico-social associado à sua produção e receitas. Já a política macroeconômica está marcada por séria contradição: de um lado, o BNDES amplia a oferta de crédito e o Plano de Aceleração do Investimento (PAC) está na ordem do dia, medidas clássicas de promoção do desenvolvimento mantidas pelo aumento da dívida pública. De outro, taxa de juros elevadíssima e o real valorizado frente ao dólar, cujos efeitos são de restrição do crescimento econômico. Taxas de juros internas elevadas e liberdade de movimentos de capitais atraem predominantemente capital externo especulativo e volátil, não necessariamente comprometido com o desenvolvimento do país. Contrapondo-se à necessidade gritante de desenvolvimento em infra-estrutura, o Banco Central, diante da expectativa de crescimento do PIB, não só aumenta a taxa de juros como promete continuar aumentando. Não, não é regra que o Banco Central atue como freio do crescimento, supostamente para manter a inflação sobre controle — é antes a evidência de uma contradição entre políticas macroeconômicas. Ao novo presidente (ou presidenta) caberá superá-la, sob risco de fazer crescer a dívida pública e man-

ter o Brasil na rabeira do desenvolvimento. Os programas assistenciais em voga são de transferência de renda, importantes, necessários e legítimos para amenizar a miséria de tantos, mas têm os limites característicos do instrumento: podem ser interrompidos ao gosto do governante de plantão e, o mais importante, não dão conta de combater as causas da pobreza: a concentração da riqueza nas mãos de poucos, insuficiência dos recursos destinados à saúde, à educação, ao saneamento, entre outras. As diretrizes do futuro ministro da saúde certamente serão importantes para a vida de todos os agentes do setor saúde. Porém, julgamos de maior impacto as decisões dos futuros dirigentes do Banco Central e do Ministério da Fazenda. Da taxa de crescimento do PIB dependerá o orçamento público da saúde, o volume de empregos (inclusive do setor) e o consumo de planos de saúde. Das taxas de câmbio e de juros, dependerá a decisão de importar ou produzir localmente os equipamentos e medicamentos, bem como a margem de lucro e a taxa de investimento do setor em aumento da capacidade produtiva e inovação. E são essas as questões que dizem respeito ao futuro econômico do setor.

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Governança | SB

Foto: Divulgação

Carlos Airton Pestana Rodrigues Diretor presidente da Governance Solutions. (carlos.airton@governancesolutions.com.br)

Ética e Códigos de Nossos padrões éticos são válidos para todas as culturas? Muitos são tentados a responder que sim. Afinal, os padrões éticos orientam a conduta do homem em suas relações com a sociedade e, portanto, os conceitos deveriam ser válidos para todos. Certo? Na verdade não é bem assim. Quando, por exemplo, analisamos os códigos de conduta das empresas brasileiras encontramos quase sempre restrições ao nepotismo, ao recebimento de presentes e valorização da diversidade, entre outros temas. Entretanto, em outras culturas, encontramos muitas vezes conceitos inversos ao que utilizamos por aqui. Em muitas empresas indianas o nepotismo é valorizado e incentivado. Funcionários dessas empresas têm inclusive a garantia que seus filhos serão contratados pela empresa, quando ingressarem no mercado de trabalho. Outro exemplo é o caso do Japão. Faz parte da cultura daquele país que executivos troquem presentes, muitas vezes caros, durante o processo de fechamento de um negócio.

Conduta

Outro exemplo diz respeito à diversidade. Nossa sociedade tem evoluído para abolir qualquer tipo de discriminação no trabalho seja por sexo, religião, cor, etc. Já na Arábia Saudita mulheres são proibidas de ocuparem uma posição gerencial, com base em fundamento religioso. Enfim, esses exemplos nos lembram que não podemos adotar uma postura absolutista em relação à ética porque não há uma única verdade. Essa realidade sugere que ao iniciarmos operações em um ambiente culturalmente diferente devemos usar a sensibilidade para eventualmente adaptar nossos conceitos éticos ao novo ambiente. Um exemplo na área de saúde é o da diferença regulatória na área farmacêutica. Uma empresa americana deveria comercializar na Índia um medicamento que foi proibido nos EUA, pelos simples fato de que na Índia esse medicamento não é proibido? Há um caso conhecido, do Entero Viofórmio, em que isso aconteceu. Devido às precárias condições sanitárias na Índia o índice de problemas gastrointestinais alcançou níveis alarmantes e tornou-se ne-

cessária a utilização desse medicamento, em larga escala, ainda que pudesse trazer alguns problemas colaterais. Mas o que vemos é que as diferenças nos padrões éticos não ocorrem apenas entre países diferentes. Empresas de um mesmo país também apresentam diferentes interpretações de conceitos éticos. Vem daí a importância de se adotar um código de ética formal que oriente a conduta de todas as partes interessadas (stakeholders) da organização: colaboradores, clientes, fornecedores, comunidade, acionistas, etc. Todos devem saber, de forma transparente, quais condutas a organização considera éticas ou não. E o mais importante é que o código seja vivo e praticado de fato no dia a dia, sobretudo pelas lideranças. Essas têm um papel fundamental na formação e consolidação da cultura ética na organização. Igualmente importante é uma atualização periódica no código de forma a refletir a evolução de conceitos sociais que moldam os padrões éticos. Códigos de Ética devem evoluir com a evolução da própria sociedade.

Saúde Business | edição 15 | 47

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SB | finacial report

Por Adriele Marchesini*

Resgate financeiro

Com 40 anos de história, Hospital São Vicente de Paulo sai de um déficit anual de R$ 22,5 milhões, em 2009, para um equilíbrio nas contas em 2010. Governança corporativa e gestão do departamento de compras são essenciais para o sucesso do projeto Toda e qualquer companhia – por maior que

classificada como caseira – que dera muito

uma gestão mais moderna”, detalha a CEO.

seja ou independentemente de sua atividade

certo no passado mas que, com a evolução

Com a implantação da estruturação, o núme-

– está sujeita a passar pro problemas financei-

dos mercados de saúde brasileiro e mun-

ro de colaboradores passou de 875 para cerca

ros. E quando milhares de vidas estão ligadas

dial, acabou por se tornar ultrapassada. Para

de mil, com foco principal em enfermeiros,

à da manutenção de uma empresa, o proces-

contar os problemas, o primeiro passo foi

que era o principal déficit de pessoas. Além

so de reestruturação das finanças – o cha-

estruturar um conselho de administração,

disso, foi criado um centro de call center e

mado turnaround – não é apenas necessário:

do qual outras seis freiras da congregação

uma unidade pós-operatória.

precisa ser feito tão rapidamente quanto for

São Vicente de Paulo fazem parte.

“Tomamos medidas mais sérias para conter

possível. Quando assumiu a cadeira de CEO

O grande gargalo foi encontrado: a área de

a sangria e colocamos a mão pesada sobre o

do Hospital São Vicente de Paulo, em 2009, a

compras, que abrange todos os suprimentos

caixa, com foco no fluxo, e trabalhamos com

freira Marinete Tibério viu as contas da insti-

utilizados, desde farmácia até importação de

orçamentos projetados”, diz.

tuição em frangalhos. O rombo previsto para

produtos mais sofisticados. “Por meio de me-

Os investimentos – fossem ele em máquinas

aquele ano era de R$ 22,5 milhões. Algo pre-

didas bastante enérgicas, com a implantação

e equipamento, na estrutura ou no pessoal –

cisava ser feito com urgência, já que os custos

da governança corporativa e com a nova es-

eram feitos de forma desconexa e sem ligação

do hospital são constantes e não podem ser

trutura organizacional, conseguimos fechar

com as demais áreas, o que elevava os custos

deixados de lado, sob o risco de impossibilitar

o ano de 2009 com um déficit bem abaixo

por falta de uma gestão eficiente. Todos as

a manutenção dos atendimentos.

do esperado, em torno de R$ 14,5 milhões”,

aplicações que não possuíam projeto foram

“Começamos a ter prejuízo operacional em

detalha. De março de 2009 ao mesmo mês

congeladas para que pudesse ser realizada

2004. No princípio era algo em torno de

de 2010, foram 11 consultores da firma au-

uma avaliação, focada em métricas financei-

R$ 700 mil mensais”, conta Irmã Marinete,

xiliando nos processos, com investimentos

ras de retorno sobre investimento.

que fazia parte da diretoria mantenedora

totais em cerca de R$ 2,8 milhões. A partir

“O setor de compras era um mero execu-

da casa, localizada no Rio de Janeiro. Em

do terceiro mês deste ano, foram integrados

tor dos pedidos da área – e todas as áreas

um período que durou pouco mais de seis

mais quatro profissionais terceirizados. So-

faziam pedidos, gerando uma desarticula-

meses, foi feita uma avaliação do rombo nas

mado aos demais custos, os gastos totais do

ção. Agora todas elas precisam estruturar

contas e a empresa de auditoria e consulto-

projeto atingem R$ 4 milhões para os próxi-

seu orçamento e fazer suas previsões de

ria Deloitte foi contratada em duas frentes

mos 12 meses.

investimento, que passam pela aprovação

– na de estruturação e na de governança

Internamente, houve uma reestruturação nas

da diretoria e do conselho de adminis-

- para auxiliar no processo de choque de

diretorias. São cinco, atualmente: a Médica, a

tração”, finaliza. Neste ano, o HSVP deve

gestão que, segundo a CEO do hospital,

de Enfermagem, a de Serviços e Estruturação

fechar suas contas em equilíbrio. A partir

consistiu na profissionalização do trabalho

(antes a área era apenas de apoio), a de Qua-

de 2011, o faturamento, atualmente em

e mecanismos utilizados.

lidade (que, anteriormente, era uma gerência

R$ 7,5 milhões, deve dobrar. Prova de que

Com cerca de 40 anos de criação, o HSVP,

executiva) e a Executiva, que anteriormente

uma gestão eficiente pode salvar uma em-

até então, era mantido sob uma gestão

era uma superintendência. “Implantamos

presa. E milhares de vida com ela.

* Adriele Marchesini, editora de Finanças da IT Midia, responsável pelo portal FinancialWeb e pela revista Financial Report – únicas publicações do Brasil voltadas para diretores financeiros 48 | edição 15 | Saúde Business

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neM SeMPre PReseNte Por Ana Paula Martins*

Problemas relacionados à saúde dos funcionários são os principais causadores de baixa produtividade no trabalho. As perdas com o presenteísmo chegam a R$ 42 bilhões por ano O investimento em saúde deveria ser vis-

zada pelo Institute of Health and Producti-

cionários e dependentes, a empresa conse-

to como estratégico pelos financeiros de

vity Studies aponta que os Estados Unidos

gue, além de manter o custo com o benefí-

grandes corporações. E não é só porque o

perdem US$ 150 bilhões por ano com fun-

cio em 6% da folha de pagamento, manter

benefício é o segundo maior custo depois

cionários que têm produtividade reduzida

a produtividade, reduzir o absenteísmo e

da folha de pagamento - e que ações de ges-

por problemas de saúde. No Brasil, estima-

ainda melhorar a qualidade de vida dos

tão em saúde podem resultar numa melhor

tivas do Ministério do Trabalho indicam

funcionários. Do total de R$ 47 milhões

negociação com as operadoras na hora do

uma perde de R$ 42 bilhões por ano.

que são gastos com saúde anualmente na

reajuste - mas também porque o impacto

Relacionar essas perdas com problemas de

empresa, R$ 715 mil, em média, são inves-

na produtividade pode ser desastroso.

saúde dos funcionários nem sempre é um

tidos em programas de prevenção.

Uma pesquisa realizada pela Triad Con-

caminho óbvio para as organizações, até

Para a gerente de mercado da Axismed,

sulting aponta que 76% dos trabalhado-

porque, segundo Barbosa, há uma gran-

empresa especializada em gestão de saú-

res brasileiros são afetados pelo presen-

de dificuldade em se calcular os prejuízos

de, Luiza Cruz, os programas de preven-

teísmo, termo utilizado para descrever a

relacionados ao presenteísmo. “O custo de

ção podem reduzir em até 25% o impacto

não produtividade de quem está presente

tempo perdido com a improdutividade é

financeiro nos planos de saúde da empresa,

na empresa causada por razões externas

milionário e pouco se mede nesse sentido,

sobretudo os focados em doenças crônicas,

ao trabalho. E problemas de saúde são

um programa de prevenção com certeza

que são os principais agentes provocadores

apontados como o principal fator do pre-

será mais barato do que a perda de tempo

do presenteísmo.“Para se ter uma empresa

senteísmo. “Um funcionário chega a des-

com o presenteísmo”, analisa.

saudável é necessário que seus colaboradores

perdiçar 40% de seu tempo no ambiente

Dentro desse contexto, investir em ações

sejam saudáveis”, pontua. “As organizações

de trabalho quando está doente”, aponta o

de prevenção e de gestão da saúde dos fun-

devem entender que investir em saúde e qua-

especialista em gestão de tempo e diretor

cionários pode ser um caminho para se ter

lidade de vida é aumentar a produtividade e,

da Triad, Christian Barbosa.

menos perda de recursos e de produtivi-

por consequência, reduzir custos com planos

E como nos negócios tempo é dinheiro, o

dade. Na Philips, esse resultado pode ser

de saúde e licenças médicas”, finaliza.

fenômeno do presenteísmo resulta em per-

sentido. Com uma área específica para a

das para as empresas. Outra pesquisa reali-

gestão de saúde de 16 mil vidas, entre fun-

Com reportagem de Guilherme Batimarchi

* Ana Paula Martins - editora de Saúde da IT Mídia, responsável pelas revistas Saúde Business e Fornecedores Hospitalares, e pelo portal Saúde Business Web

Financial Report e Saúde Business juntas – para sua saúde financeira!

Saúde BuSineSS | edição 15 | 49

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SB | CARTÃO DE VISITA

ROGÉRIO VIVALDI Foto: Divulgação

Genzyme

PRESIDENTE MUNDIAL

a presidência o Rogério Vivaldi assumirá dic mé o , ano te des o julh Em nzyme. Vivalos renal e endócrino da Ge mundial da divisão de negóci a assumir seu sidente latino-americano par di deixa sua função como pre (EUA). presa, localizada em Boston novo cargo na matriz da em iversidade do Un na do ma odrinologista for enc o dic mé é ivo cut exe O eral do Rio de MBA pela Universidade Fed Rio de Janeiro (Unirio), com da não foi diAin e o novo cargo em junho. Janeiro (UFRJ). Vivaldi assum da Genzyme. sidência da América Latina vulgado quem assumirá a pre

SBPC/ML CARLOS BA

LLAR ATI

E

PRESIDENT

MICHEL SEHN

Epeople

DIRETOR COMERCIAL

sileira iedade Bra c o S a d te presiden al (SBPC/ o é o novo Laboratori a in ic d O executiv e /M 010/2011, ia Clínica o biênio 2 te n ra u d de Patolog o N Diagcarg assumir o ional da U c ra ra a e P p ). O L a M etori eixou a dir Ballarati d ial Saúde. ti porupo Med ica, Ballara G n o lí d C s, o ia g ic s nóst Patolo os trabalho ecialista em o integral a ã ç n s o te a a Médico esp r e a ,d ML ir de agora da SBPC/ a ri to e ir derá, a part d al os pela atu desenvolvid estão. l a s da atu g to je ro p s o nov

Formado em Tecnologia, em Processamento de Dados e em Direito, o executivo é mestre em Ciê ncias da Computação pela Un iversidade Federal de Santa Catarina. Antes de integrar o quadro da Epeople o profissional atuou por trê s anos na Electra Energy, em Curitiba, no Paraná. Um dos objetiv os de Sehn é reforçar a abr ang ência da empresa em todo o território nacional

Sandoz do Brasil REIR A JÚNIOR JOÃO CARLOS MACHADO FER KLAUS VILLELA LARSEN

O DUTOS DE PRESCRIÇÃ DIRETOR DA UNIDADE DE PRO ÓCIOS NVOLVIMENTO DE NEG DIRETOR DE PORTFÓLIO E DESE idade assume como diretor da un

a Júnior João Carlos Machado Ferreir empresas como a O executivo já passou por de produtos de prescrição. a UFRGS e pósformado em Economia pel Roche, Wyeth e Hoechst. É a ESPM. graduado em Marketing pel e Desenvolvinovo diretor de Portfólio Klaus Villela Larsen é o presas como em ). Larsen já atuou em mento de negócios (BD&L Cristália e Medley.

50 | EDIÇÃO 15 | SAÚDE BUSINESS

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recursos humanos | SB

ADILSON SOUZA

Foto: Divulgação

Sócio-diretor da Estação RH Consultoria Empresarial. Mestre em Psicologia e pósgraduado em Administração de Empresas e RH. Bacharel em Economia. Coach de Empresários e executivos. Desenvolve programas de liderança com foco estratégico. adilson.souza@estacaorh.com.br

Redução de custos: A bola da vez Já estamos vivendo o clima da Copa da FIFA e com ela muitas expectativas de bons resultados. E aqui, diga-se de passagem, para nós brasileiros, o tão “sonhado” HEXA (A Meta). E nesse caso não serve nenhuma colocação que não seja a de Campeão, isso porque sabemos que reunimos talentos, mesmo sabendo que alguns de nós não concordam. O comandante Dunga e a própria equipe acreditam nisso, e uma coisa é certa, para a equipe isso é o suficiente. Para as seleções mais cotadas não é aceitável o 2º lugar, pois no mundo em que vivemos o 2º lugar só será “valorizado” quando for aquela seleção com poucas chances de conquistas, e nesse caso essa colocação já seria uma posição de destaque, isso também serve para aquele líder ou colaborador de pouco destaque. E o que isso tem a ver com o nosso diaa-dia? Enquanto líder você já parou para pensar se sua equipe tem se empenhado para buscar essa “primeira posição”? Eles estão obcecados em alcançar os melhores resultados? “Treinam” com afinco para melhorar suas condições para “ganharem os jogos”? Estão atentos e empenhados em melhorar a performance organizacional? Os líderes estão preparados para estimular as equipes a alcançarem seu pleno potencial? Certamente essas não

são respostas simples. No entanto, parte delas você já tem. E se assim for, o que tem feito a respeito? Se os nossos talentos produzem menos do que são capazes, a possibilidade de alcançarmos um posto de destaque é reduzida. Assim como no futebol e na vida, fazer mais com menos faz toda a diferença. Se usarmos ou desperdiçarmos todos os recursos quando verdadeiramente precisarmos deles isso nos fará falta, o que impossibilitará as tão desejadas conquistas. Assim como é para o atleta, também é para um executivo: trabalhar sem foco fará com que utilize mais “energia” do que o necessário e nesse caso a exaustão provavelmente nos tirará do foco e consequentemente de nosso objetivo. Se precisar utilizar mais energia ou recursos para alcançar um resultado isso impactará diretamente no custo da operação. Se as seleções e atletas têm metas claras, isso também não deveria ocorrer na maioria das empresas? Seria uma deficiência de gestão? Planejamento? Ou simplesmente um falta de preparação das lideranças e equipes? Talvez todos os fatores, que aqui poderíamos unir em um só: Cultura Organizacional. Precisamos cada vez mais desenvolver nossos líderes para implementar culturas que

busquem incessantemente a melhoria de resultados, visão de custos, e em especial o como fazermos uso dos recursos organizacionais. Reduzir custo não implica necessariamente em redução de pessoas, reduzir custos implica em criar agilidade para as organizações, ter equipe preparada para lidar com tecnologias e saber utilizá-las ao máximo. Pois o que tenho observado é que se oferece tecnologia digital, mas a grande maioria só usa a analógica, ou seja, continuamos escrevendo com caneta tinteiro quando já temos disponíveis os celulares de última geração. E o que isso implica? Competitividade, uma vez que velocidade e custos são fatores preponderantes para o sucesso organizacional. Tenho a convicção de que as seleções e empresas de destaques serão aquelas que conseguirem objetividade, ou seja, velocidade com direção, que será construída a cada partida, com determinação e superação, e isso logicamente serve para os nossos os colaboradores, equipes, líderes e empresas. Enfim, uma organização de destaque não é simplesmente aquela que fatura mais (quantitativo), e sim aquela que fatura melhor (qualitativo), pois os custos cada vez mais serão indicadores da saúde organizacional.

Saúde Business | edição 15 | 51

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SB | lado b

A música mexe com as pessoas, eleva o espírito, muda o humor. E o meu barato como DJ é poder sentir a emoção de poder gerar alegria às pessoas

Foto: Glowimages

52 | edição 15 | Saúde Business

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Fred Linardi - editorialsaude@itmidia.com.br

Nas batidas da caixa Com seus vinis e CDs, Rogério Saladino, da Biofast, sincroniza músicas e leva alegria à pista de dança É noite quando Rogério Saladino chega a sua casa e se coloca diante de uma mesa cheia de botões e fios ligados a um computador, caixas de som e fones de ouvidos prontos para darem a emoção traduzida em músicas que podem se renovar a cada vez que caem na mão de um DJ. Pois é desta maneira que o presidente da Biofast passa suas horas quando está fora do trabalho. Para ele a sincronia entre muito trabalho e muita diversão vai além de sua rotina e vira ponto de partida para uma harmonia musical. Ser DJ não é tarefa fácil. Não é fácil mesmo. Quem já dançou em pistas de profissionais sabem que às vezes até estes não garantem uma boa diversão. É preciso técnica para fazer com que duas músicas dividam o mesmo momento por alguns instantes, mas sem fazer com que soem mal e não fiquem com ritmos e tempos diferentes. O equipamento facilita o manejo, mas é só com muita prática que se faz um trabalho bem feito. “Por mais que seja um hobby, é preciso praticar muito”, explica Saladino que, além de praticar e pesquisar constantemente, ex-

plica que essa ligação com a música já vem de longo tempo. “Na minha família, consideravam que para você ser bem educado, era preciso tocar um instrumento. Desde criança, participei de fanfarras, aprendi a tocar violão clássico e popular. Isso acabou despertando em mim o interesse por música.” Dessa forma, o gosto e sensibilidade musical já viviam na veia e nos ouvidos do empresário quando, em 2001, decidiu que aprenderia a mexer naquela parafernália dos diskjokeys. Começou tudo sozinho. “Já maltratei os ouvidos de muitos amigos, mas com o tempo fui melhorando. Infelizmente não cheguei a fazer um curso. Aprendi muito observando profissionais e treinando com amigos.” Depois de superar a dificuldade técnica, vem algo que, segundo o executivo, é a principal característica de um bom DJ: a sensibilidade. Um dos seus lugares especiais para praticar está na sua casa de fazenda a 180 km de São Paulo. Lá, ele possui outra mesa de som, mas com a liberdade de “tocar olhando para a lua e as estrelas”.

É lá também que costuma chamar seus amigos para festas onde quem lidera a pick-up é ele mesmo. Quando não é dia de festa, acaba sendo um final de semana de treino. Praticar vale uma boa performance também nos casamentos de amigos, em que ele é o convidado responsável pelo momento em que o som da noite é liderado pelas pick-ups. Já chegou a até mesmo a tocar em boates de São Paulo e do interior. Grande apreciador de house music, ele atrela este estilo à grande motivação de seu hobby. “Gosto de levar alegria às pessoas. E o house, principalmente quando é cantado, tem uma certa melodia que faz com que as pessoas também cantem junto.” Mas sabe, ao mesmo tempo, que a festa precisa estar de acordo com o gosto dos convidados e, para alegrar a pista, valem todos os tipos de música. É esta lei que leva Saladino a continuar nas batidas da caixa de som. “A música mexe com as pessoas, eleva o espírito, muda o humor. E o meu barato como DJ é poder sentir a emoção de poder gerar alegria às pessoas.”

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SB | LIVROS

“Eu recomendo”

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Foto: Divulgação

Atualmente estou lendo Repensando a Saúde, um livro obrigatório para as pessoas ligadas às áreas de saúde e estratégia empresarial. Porter, autor do defende um novo jeito de olhar o setor, tendo a competição baseada em valor como princípio. É aumentar o valor para os pacientes, ou seja, a qualidade dos resultados para o paciente em relação ao dinheiro gasto. Minimizar custos é uma meta equivocada, que leva a resultados contraproducentes. Eliminar desperdícios, serviços, etapas e atividades desnecessárias. Mas, a economia de custos deve decorrer de eficiências verdadeiras e não de transferências de custos, racionamentos ou redução na qualidade.

REPENSANDO A SAÚDE AUTOR: MICHAEL PORTER EDITORA: BOOKMAN NÚMERO DE PÁGINAS: 431 P REÇO SUGERIDO: R$ 85,00

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O alinhamento da gestão do desempenho financeiro de uma empresa com a atenção à comunidade e às necessidades sociais tem sido objetivo de várias corporações nos últimos anos. A investigação deste assunto e o futuro das habilidades de gestão para criar esta sinergia é o motivo deste lançamento. Durante três anos, a autora entrevistou mais de 350 pessoas-chave, passando no livro a essência deste novo conceito de negócios. As histórias inspiradoras revelam que as pessoas estão mais inclinadas à criatividade quando as empresas onde trabalham valorizam a inovação para ajudar o mundo.

Esta obra, que é uma das referências sobre o mercado de avaliação de empresas, chega às livrarias com um novo texto sobre a visão dos fundos de private equity e um site de apoio ao leitor, ideal para quem esteja estudando mais a fundo ou com a intenção de se reciclar sobre este assunto. O ponto forte do livro continua sendo a abordagem de um amplo conteúdo por meio de uma linguagem acessível e didática. Os autores, especializados no assunto, decorrem sobre os principais tópicos da área de gestão do valor, sob o ponto de vista brasileiro.

Como planejar a tranquilidade financeira em relação ao nosso tempo de vida, que é incerto? Este questionamento abre discussão para questões importantes como a realização de sonhos e o prazo para realizá-los, assim como a escolha pela previdência privada ou alguma outra forma melhor de poupar o dinheiro. No final, fica o clássico dilema: adiar o consumo presente para ter uma vida confortável na velhice vale a pena ou é uma atitude necessária? Essas dúvidas são trabalhadas neste livro, que se propõe a servir como um estímulo e uma ferramenta em direção a um futuro mais tranquilo e seguro.

Autora: Rosabeth Moss Kanter Editora: Campus Número de páginas: 320 Preço sugerido: R$ 79,90

Autores: Roy Martelanc, Rodrigo Pasin e Fernando Pereira Editora: Pearson Número de páginas: 320 Preço sugerido: R$ 59,00

Autor: Huberto Veiga Editora Saraiva Número de páginas: 176 Preço sugerido: R$ 29,00

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Foto: Ricardo Benichio

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Alberto Leite Alberto Leite é Diretor Executivo e Publisher da IT Mídia S.A

A eterna discussão

da saúde no Brasil Desde 2002, quando decidimos entrar nesse mundo, incrivelmente cheio de belezas e incertezas, venho me perguntando se o que falta é dinheiro ou gestão. Confesso que já ouvi de tudo. Uma ala enorme de amigos se reserva no direito de dizer que o que falta é dinheiro, que os recursos alocados são insuficientes para garantir a melhoria da saúde de toda a população. Uma outra ala garanta que há recurso, mas que mal utilizado ou “mal” direcionado, o que me deixa mais preocupado ainda. Uma ala pequena, mas crescente defende que a melhoria é como um triângulo, envolve os três pilares: recursos, gestão e cultura de uso (da própria população que usa o sistema). Feliz ou infelizmente concordo com a posição três. Falta um pouco de tudo. Há exatas duas semanas num domingo o programa Fantástico da Rede Globo exibiu imagens de uma pessoa no Piauí que se aproveita da ignorância do povo para a venda de serviços de saúde. Agenciadores aliciam pessoas que chegam na rodoviária e as levam para pensões, onde são diagnosticados por pessoas com nenhuma capacidade para tal e as direcionam para

médicos e clínicas que, sim, realizam os procedimentos cobrando fortunas e repassando comissões aos primeiros. No mesmo domingo a revista Veja, publicada pela editora Abril, estampa na capa a saúde brasileira sob outra ótica. Hospitais referência no país despontam como exportadores de seus serviços, recebendo pacientes de todas as partes do mundo, que procuram aqui um bom atendimento, com procedimentos de primeiro mundo, a preços competitivos. Não digo que vendemos saúde barata, mas vendemos saúde possível. Duas realidades de um país sob o mesmo tema. Após ler, reler, ver e rever as duas matérias fiquei me perguntando o que faltava para a coisa realmente andar. Dinheiro? Gestão? Cultura? Digo sempre que há alguns anos a saúde suplementar apresentava números bons, hoje péssimos diante de uma economia pujante e crescente. Os números de celulares no país chegaram a 180 milhões de aparelhos vendidos. Nossos planos de saúde não alcançam os 45 milhões. A maioria desses, na região sudeste, é de planos corporativos, de pes-

soas que não optaram por ele, mas o receberam. Daí a preocupação com cultura. Se hoje você chamar uma pessoa sem acesso a tudo isso e oferecer a ela duas opções: celular pago ou plano de saúde pago verá do que estou falando. Cultura é algo que só mudaremos com o tempo e uma ampla campanha de conscientização das pessoas. Algo para duas gerações. Dinheiro se muda com bom uso da máquina, bom direcionamento do recurso público ou a inclusão de uma variável extra, como foi o caso da extinta CPMF. Gestão se ajusta com o tempo, educação, demonstração de boas práticas, evolução da comunidade administrativa e indicadores de qualidade de toda a cadeia, além da própria pressão dos líderes e dos donos do capital, reais donos da situação. Problema complexo que exige respostas tão complexas quanto. Vejo um grupo decidido a trabalhar na solução enquanto um outro grupo adora atacar suas pedras reclamando. Vejo um grupo com esperança e outro com medo. Vejo de tudo e simplesmente só posso acreditar que exista uma saída, seja ela saudável ou não.

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