editoriálrio!
RAM 0 NP
O jornalismo popular brasileiro está de luto. Depois de 37 anos, três meses e cinco dias de sucesso nas bancas de São Paulo e do Brasil, o jornal Notícias Populares deixou de circular, no dia 20 de janeiro último. Trinta e sete profissionais ficaram desempregados.
O NP não estava moribundo como alguns gênios insistiam erradamente em diagnosticar. O que o levou ao fim foi mesmo falta de visão empresarial e muita má vontade para com o produto que tinha mercado e era disputado pelos trabalhadores e leitores das camadas mais humildes da população. Fechar pura e simplesmente o NP foi uma grande burrice. Se os donos do jornal não simpatizavam coma sua linha editorial, o mais inteligente e lucrativo seria vendê-lo para algum grupo empresarial ou político. Comprador, sem sombra de dúvida, não faltaria.
O NP foi fundado por Jean Melle, um romeno que, segundo o próprio, editava jornais na Romênia com o mesmo tipo de apelo do Notícias Populares. O primeiro número do jornal circulou em São Paulo no dia 15 de outubro de 1963.
Melle era colunista do Última Hora, de Samuel Wainer, em São Paulo. Ele se juntou ao deputado federal e dono do Banco da América, Herbert Levy, da UDN, que se associou e financiou o lançamento do NP que cresceu, fez o maior sucesso durante todos esses anos e depois foi comprado pelo Grupo Folhas. Pela redação do NP passaram profissionais que se consagraram no jornalismo brasileiro. Entre os fotógrafos, posso citar Tarciso Mota, José Maria da Silva, Soichi Tokai, Aloísio Mauricio, Joel Soares da Silva, Rogério Lacanna, Rogério Soares, Sidinei Lopes, Wanezza Soares Silva, Marlene Bérgamo, Flávio Florido e muitos outros. Que Deus ajude os companheiros que ficaram na rua da amargura a encontrar 0 mais depressa possível um novo emprego.
«£ Foro-RETROSPECTIVA 2000
O projeto idealizado pela Arfoc-SP tomou forma com o apoio da Imprensa Oficial do Estado, que se interessou em co-editar o livro de 112 páginas coloridas e tiragem de 5.000 exemplares, trazendo o que de melhor foi produzido pelos repórteres fotográficos paulistas no ano de 2000. Para completar, Emidio Luisi aceitou o convite para a curadoria do projeto e Ricardo Kotscho se comprometeu com o prefácio da obra. O lançamento do livro e abertura da exposição está marcado para o dia 08 de maio, no MIS-SP.
«> ARFOC-SP NA INTERNET - Demorou, mas já estamos no ar. Neste mês de março está sendo inaugurado o endereço da Arfoc-SP na internet, o www.arfoc-sp.org.br, que contou com total apoio dos profissionais do Fotosite na sua produção. Ainda é um site modesto, sabemos disso, mas que deve crescer aos poucos. Além do conteúdo do jornal Em Foco, o internauta pode encontrar na Arfoc-SP virtual modelos de contrato de cessão de direitos, de uso de imagem, a própria Lei de Direito Autoral na íntegra, tabela de valores, agenda e uma mostra dos trabalhos dos associados na seção de portfólios.
OA PLANO DE TRABALHO PARA 200 1 Em reunião no dia 19 de janeiro, a Diretoria decidiu fixar um plano de trabalho para o ano de 2001. A idéia é distribuir tarefas para facilitar o planejamento das ações da Arfoc-SP. Alguns trabalhos já estão em andamento e outros estão por iniciar, como debates sobre regulamentação profissional, ética e direito autoral, início de levantamento estatístico dos associados, envolvimento da Arfoc-SP em projetos sociais e comunitários, entre outros.
ASSOCIAÇÃO DOS REPÓRTERES FOTOGRÁFICOS E CINEMATOGRÁFICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO - ARFOC-SP Rua Rego Freitas, 530 - sobreloja - Vila Buarque - São Paulo - SP
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
AArfoc-SP convoca seus associados para uma Assembléia Geral Ordinária a ser realizada em nossa sede social e auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, à rua Rego Freitas, 530, sobreloja, em primeira convocação as 9h do dia seis de abril de 2001 e, em segunda convocação, com qualquer número de presentes, para tratar do seguintes assuntos:
1 - Alteração do Estatuto Social; 2 - Apresentação do balanço contábil do ano de 2000; 3 - Assuntos de interesse geral.
São Paulo, 23 de fevereiro de 2001
José Vidal Tupinambá Cavalcante - Presidente
TABELA DE PREÇOS MÍNIMOS PARA FOTOJORNALISMO EDITORIAL INSTITUCIONAL PISO SALARIAL
1) Uma saída compreende fotografar um assunto específico em local determinado num prazo máximo de três horas, contar da saída da redação.
2) Uma diária compreende fotografar um assunto especifico em local determinado num prazo máximo de cinco horas, a contar da saída da redação.
3) Custos de produção, credenciamento, filmes, transporte, alimentação, hospedagem e outras despesas decorrentes da reportagem, são de responsabilidade do contratante.
4) Em viagem é obrigatório o seguro de acidentes, que deve ser providenciado pelo contratante.
5) Devem ser cobrados 50% de acréscimo nas reportagens:
a) realizadas aos sábados, domingos e feriados; b) no período entre 21h e 6h; c) mistas (P/B e cor); d) onde não foi dado crédito nas fotos publicadas, sem prejuízo nas medidas legais cabíveis; e) a aplicação dos acréscimos é cumulativa
6) Toda qualquer publicação de foto deverá, obrigatoriamente, estar vinculada a um CONTRATO DE DIREITOS AUTORAIS (LROF) que serve como documento de cobrança, conforme a Lei nº 5.988, art. 1º e 2º que regulamenta a questão dos DIREITOS AUTORAIS.
7) De acordo com o artigo 10 do Código de Ética dos Jornalistas, o repórter fotográfico NÃO PODERÁ ACEITAR OFERTA DE TRABALHO REMUNERADO EM DESACORDO COM PISO SALARIAL DA CATEGORIA OU TABELA DE PREÇOS FIXADA PELA SUA ENTIDADE DE CLASSE
Manoel Barbosa Victal, 63, foi repórter, editor de polícia, sub-secretário de redação e secretário gráfico do NP nos mais de 20 anos que dedicou ao jornal
ora im ed E da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo - ARFOC SP. Sede: Rua Rego Freitas, 530sobreloja - São Paulo - SP, CEP 01220-010. Telefone (0xx11) 2571633, ramal 232 e Fax (0xx11) 2567191. Presidente: Vidal Cavalcante. Vice-presidente: Carlos Cerino. Secretária Geral: Christina Rufatto. Tesoureiro: Marcello Vitorino. Diretoria de Marketing e Cultural: Cláudio Rossi. Credenciamento e Direito Autoral: Egberto Nogueira, Djalma Vassão e Robson Fernandjes. Conselho Fiscal: Pisco Del Gaiso, Inácio Teixeira e Marlene Bérgamo. Suplentes: Daniel AugustoJr. Clóvis Ferreira, Douglas Mansur, Sérgio Andradee lili Martins. Conselho Editorial: Christina Rufatto e Vidal Cavalcante. Edição e diagramação: Marcello Vitorino (MTb 27290/SP).
Colaboradores: Danilo Angrimani, Manoel Barbosa Victal e Wanezza Soares. Tiragem: 1.500 exemplares. Fotolito: Digitexto. Impressão: Gráfica Ângelo.
O ano de 2001 será um marco na luta do jornalista brasileiro pelos seus diretos autorais. Fundada em novembro do ano passado, a Associação Brasileira de Propriedade Intelectual dos Jornalistas Profissionais, Apijor, é uma entidade sem fins lucrativos que tem como finalidade exclusiva a defesa dos direitos intelectuais, morais ou patrimoniais dos jornalistas. O projeto da entidade quanto o seu estatuto são resultado de um trabalho intenso de pesquisa e consulta com especialistas em direitos autorais no Brasil e Exterior, especialmente na Europa, onde os jornalistas avançaram mais na questão , explica Luis Alberto de Oliveira França, que integra a primeira diretoria eleita da Apijor. Segundo França, o registro legal da Associação foi uma conquista do trabalho conjunto de jornalistas de vários estados brasileiros, concretizado com o apoio do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, que cedeu espaço e infra-estrutura em sua sede para viabilizar os primeiros passos da entidade.
A atuação da Apijor se dará através de uma ampla assistência jurídica aos associados. Além da orientação na assinatura de contratos e na cobrança de direitos autorais, assumirá a defesa judicial e extra-judicial dos associados sempre que houver necessidade. O conceito do direito autoral se baseia no fato de que todo esforço intelectual criativo gera uma obra, e esta tem como responsável o seu criador, ou autor. Este conceito vale para várias áreas de atividade, da música à literatura, da informática à engenharia, da indústria ao jornalismo. Os direitos autorais são garantidos pela Constituição Federal em seu Artigo 5º, e também pelas leis 6615/78, 9610/98, além do Decreto 84134 de outubro de 79, que regulamenta a Lei número 6533/78. Outras leis: 9790/99 e 8635/93, que dá nova redação ao artigo 184 do Código Penal. Em seu parágrafo 1º, ela estabelece pena de reclusão de um a quatro anos, além de multa, se a violação (dos direitos autorais) consistir em reprodução, por qualquer meio, com intuito de lucro, de obra intelectual, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente (...) .
Textos ou imagens geralmente são vendidos por RPA ou Nota Fiscal, mas estas valem apenas como documentos contábeis, não autorizando a publicação, e muito menos a reprodução do produto vendido. Essa autorização deve ser dada por meio de contrato de cessão de direito de uso. Os contratos geralmente impostos pelas empresas aos jornalistas na maioria dos casos não são válidos, por serem unilaterais e por contrariarem a legislação em vigor. Leis não faltam. Faltava quem fiscalizasse sua aplicação e defendesse os jornalistas da verdadeira terra de ninguém que se instalou no meio.
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MULHER EM FOCo- exposição coletiva com 15 fotógrafas paulistas, 8 de montada em parceria entre Arfoc-SP e Clube Espéria. A exposição, que faz parte de uma série de atividades voltadas às mulheres no mês de março, fica montada MARÇO no Clube até o dia 30 e deve se tornar itinerante. O Clube Espéria fica na avenida Santos Dumont, 1313.
20 de MARÇO
SÃO PAULO DOS ANOS 50 -antonio Aguillar apresenta nessa exposição fotos de 1950 a 1960, época em que atuou como repórter fotográfico no jornal O Estado de S.Paulo. A exposição será inaugurada as 19h, no Auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, e conta com o apoio do Grupo Pão de Açúcar, Agência Estado, Arfoc-SP e Associação Recreativa Júlio de Mesquita. Rua Rego Freitas, 530, sobreloja.
foto: Geraldo Guimarães/divulgação
MOTOR DRIVE -co título do livro de Geraldo Guimarães que será lançado ES DPI = 15 de no Auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, às MARCO 19h. O livro, de 100 páginas,é um trabalho de autor e um belo passeio pela obra Ç de Geraldinho. Textos de Audálio Dantas, João Bittar e Clóvis Rossi.
Em sentido anti-horário, a partir da esquerda: Joana Prado, a Feiticeira, destaque da Vai-Vai em 2000 por Wanezza Soares/Folha Imagem; Cadáver em frente a igreja evangélica no Jardim Ângela, em 1999, por Joel Silva/Folha Imagem; O Bandido da Luz Vermelha, por Flávio Florido/Folha Imagem, em 1997; Fugitivos da Febem, por Carol Carquejeiro/Folha Imagem, em 1999; Pelezão, o indigente que foi violentado dentro de um carro por uma psicóloga em 1984, por José Maria da Silva/Folha Imagem.
O fotojornalista Zulmair Rocha, do jornal Folha de S.Paulo, foi o grande vencedor do Prêmio Esso de Fotografia 2000.
A foto, um instantâneo raro e tenso, mostra um policial militar aplicando respiração boca-a-boca numa criança atingida por bomba de gás lacrimogênio durante confronto com traficantes na favela do Jacarezinho.
Grande foto, prêmio merecido. Agora, o que Zulmair Rocha não merecia é o que foi feito de sua foto. Explicamos. A Polícia Militar, sensibilizada com a força da foto de Zulmair, pagou pela cessão de direitos de uso da imagem numa campanha publicitária com o tema Defesa da Vida. A foto foi veiculada em vários outdoors no Rio de Janeiro levando o seguinte crédito: Foto cedida pelo jornal A Folha de São Paulo . Como se não bastasse o crédito totalmente falho e equivocado, a Novelle, agência responsável pela peça, manipulou a foto de Zulmair sem qualquer autorização. Para dar maior destaque ao fato, a agência decidiu por isolar a ação do policial
foto: Paulo Dias divulgação
transformando todo o resto da cena para um preto e branco virado em uma espécie de sépia.
Estão aí dois bons motivos para Zulmair entrar com uma ação contra a agência que mostrou não ter o mínimo respeito com a obra alheia. Era só o que faltava: o Prêmio Esso de Fotografia, talvez o mais importante prêmio para o fotojornalismo brasileiro, vítima da inconsequência dos criadores de plantão. O absurdo pode ser visto pela internet no endereço www.photosynt.net/ano2/03pe/trombone/32. pm/index.htm.
FOTOJORNALISMO GAÚCHO
A Arfoc-RS inaugurou, em 22 de novembro de 2000, sua 1º Exposição Itinerante de Fotojornalismo no Salão Osvaldo Aranha, na Assembléia Legislativa do Rio Grande Do Sul. São 300 fotografias de 60 profissionais que retratam os últimos 20 anos do fotojornalismo gaúcho.
No dia 19 de fevereiro a exposição foi para o Espaço Cultural Informe Fotográfico, também em Porto Alegre, onde fica até o dia 24 de março. Dali, segundo Paulo Dias, presidente da Arfoc-RS, a exposição deve seguir para as universidades de todo o Rio Grande do Sul.
Mais informações, através do site da Associação: www.arfoc-rs.com.br
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Para os mais céticos, informamos que há olhares atentos e criativos no fotojornalismo institucional. Tiago Queiroz trabalha para a Editora Segmento, especializada em jornalismo institucional, e a foto ao lado foi feita para a revista Néctar, do colégio Augusto Laranja, em agosto de 2000. O fotógrafo explica: Percebi que o rosto do pai iria ficar bem atrás da bexiga e fiz foto. É uma imagem sem maiores
pretensões, mas acho uma cena divertida e que acaba captando muito I do clima descontraído dafesta . Agora é festa no arquivo da Editora I Segmento!
I Envie aquela foto que somente você e o arquivo sabem que | existe paraa Arfoc-SP, rua Rego Freitas, 530, sobreloja, aos cuida| dos de Marcello Vitorino. Teremos o maior prazer em publicá-la | poraqui.
o que Ra a concorrência vai ter de fazer pe o geo EO Cor
ne hora de fazer uma boa foto jornalística, você precisa mais do que talento, sorte e persistência. Precisa usar o Novo FUJICOLOR PRESS 800. Ele é o único com a 4º Camada de Cor, que garante cores muito mais reais, e extrema versatilidade, aminas a reconhecida latitude na ampla faixa de exposição, de El 200 até El 3200. Além disso, o Novo FUJICOLOR a PRESS 800 possui alta sensibilidade e granulação ultrafina. Quando o trabalho é profissional, o filme é FUJI.
NOTÍCIAS POPULARES
por Danilo Angrimani, especial para o Em Focojornal Notícias Populares, o NP, surgiu em São Paulo, em15 de outubro de 1963, com uma proposta política definida: bater de frente com a ÚItima Hora, que nascera nos anos 50 a pedido do governo Vargas, e sob a inspiração de Samuel Wainer.
Nos turbulentos anos pré-ditadura militar, Última Hora era a publicação de esquerda, voltada para o grande público, que mais se identificava com o governo Jango Goulart, herdeiro do trabalhismo de Vargas.À iniciativa de criar o NP foi de grupos de direita, que imaginavam um Última Hora com sinal político invertido. Estavam por trás daquela primeira edição do NP, empresários como José Ermírio de Moraes Filho, Luiz Pinto Thomaz, João Arruda e - o principal deles - o então presidente da UDN, Herbert Levy.
O diretor-geral de Notícias Populares era um romeno, que tivera em seu país um jornal popular, expropriado pela revolução socialista. Chamava-se Jean Mellé, havia sido preso pelos comunistas e libertado depois da Segunda Guerra Mundial. Chegou ao Brasil como outros refugiados de guerra, com o sonho de reconstruir sua vida.
O encontro de Mellé com Levy foi providencial. Enquanto Levy precisava de alguém com experiência profissional e que tivesse horror da ameaça comunista, Mellé tinha sido vítima dos comunistas em seu país, era um talentoso colunista de Última Hora e ambicionava ter seu próprio jornal.
A primeira tiragem do NP saiu com 8 mil exemplares. Desde o início, Mellé optou por um modelo, que imitava as publicações sensacionalistas norteamericanas, rastreadas pelo tripé sexo, crime e escândalo. Esse gênero de sensacionalismo utiliza o fait-divers, como seu principal nutriente. Fait-divers é uma palavra francesa. Refere-se aquela notícia que provoca empatia no leitor (a criança salva depois de ficar quatro dias soterrada; o casal que se mata por amor; a chuva torrencial; o incêndio no edifício; entre outras situações).
Notícias Populares é, portanto, um legítimo representante da imprensa amarela. Esse termo - imprensa amarela - remete ao ano 1890 e aos jornais "World", editado por Joseph Pulitzer,e "Journal",de William Randolph Hearst. Essas duas publicações brigavam pela hegemonia do mercado nova-iorquino.
IMPRENSA AMARELA E MARROM
Para vender mais jornais, Pulitzer e Hearst abusavam das manchetes escandalosas, em corpo tipográfico largo; falsificavam entrevistas; baseavamse na pseudociência para criar reportagens mirabolantes; inventavam histórias (a cascata, segundo o jargão jornalístico); e promoviam campanhas supostamente em defesa "do cidadão comum", a exemplo do que o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, faz ainda hoje.
Curiosamente, os dois jornais concorrentes utilizavam posters de uma história em quadrinhos, cujo principal personagem era "Yellow Kid" (Garoto Amarelo). Pintado de amarelo escandaloso, o Yellow Kid servia para divulgação das edições de domingo dos dois jornais. Daí veio o termo pejorativo "imprensa amarela , para designar aquele veículo de comunicação não necessariamente sério.
Já o termo "imprensa marrom" vem do francês e quer dizer atividade ilegal. Os primeiros jornais sensacionalistas franceses eram impressos sem licença. Seus idealizadores costumavam ser chamados de "imprimeur marron" (impressor ilegal). O termo "imprensa marrom ainda é utilizado na França, para jornais sensacionalistas, e foi largamente empregado no Brasil também.
DITADURA MILITAR
Os planos políticos de Herbert Levy e seus companheiros tiveram duração efêmera e não vingaram. Levy deslumbrava ser candidato a governador, depois de um sonhado golpe, que derrubaria Goulart. O golpe veio de fato, consumado pelos militares, que acabaram com as eleições e sufocaram as lideranças políticas da época. Notícias Populares perdeu sua finalidade política. Ironicamente,as duas publicações ideologicamente antagonistas - Última Hora e Notícias Populares - iriam parar nas mãos de um único grupo, o Frias-Caldeira, da empresa Folha da Manhã.
De 1971 a março de 1990,0 editor do NP foi Ibrahim Ramadam. É nesse período que o NP registrou seus maiores hits, como a fantástica história do "bebê diabo . Por 22 edições,de 11 de maio de 1975 a de junho daquele mesmo ano, o NP deu em manchete uma história completamente inventada sobre um suposto nascimento de uma criança, com aparência de demônio, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC.A história foi retro-alimentada pela população, que via o bebê diabo em telhados, na rua e até tomando táxis. As edições esgotavam nas bancas.
Depois do bebê diabo foi a vez da loira fantasma, que espreitava motoristas e estudantes nos banheiros das escolas. A loira era uma morta-viva, que se aproximava de alguém, para pedir que o infeliz lhe tirasse o algodão das narinas.
Mais tarde viria outro grande hit, o Pelezão, esse sim, um personagem verdadeiro. Pelezão era um indigente. Ele estava na fila de um albergue público, quando foi chamado por uma psicóloga, com problemas conjugais. Pelezão entrou no carro da psicóloga e manteve uma breve relação sexual com ela. Os dois foram apanhados pela polícia. Pelezão virou herói do NP, Ganhou o apelido, porque a psicóloga supostamente o chamava de "meu Pelezão nos momentos mais ardorosos do breve encontro. Pelezão estrelou um filme pornô, arrumou emprego como leão-de-chácara de um restaurante do Bixiga até desaparecer novamente no anonimato.
PSICANÁLISE E SENSACIONALISMO
A imprensa sensacionalista ancora-se em aspectos psicológicos. A exemplo de muitos filmes de Hollywood, o jornal tem uma função terapéutica e é o veículo do leitor, para trafegar pelas zonas proibidas do inconsciente. Notícias Populares soube fazer isso muito bem e conquistar seu público.
Um jornal sensacionalista, como o NP, ancora-se em uma espécie de balança: às vezes, ele é transgressor (id); às vezes, o seu contrário, tem valor punitivo (superego). Assim, em certas reportagens o NP vangloriava-se de divulgar um suposto campeonato de sexo, entre atores pornô; e,em outra matéria, mostrava um ladrão morrendo, sendo "comido aos pouquinhos pela aids . O NP seguiu essa fórmula de sucesso. Depois de uma reforma gráfica, consumada em 1990, o NP foi tirado das mãos de Ramadam. Aquela redação folclórica que havia na época foi substituída. O jornal se tornou mais tecnicista e menos romântico. A mão sobre o sensacionalismo tornou-se pesada. O jornal caiu em desgraça. O Ministério Público queria que ele fosse vendido dentro de um saco plástico. O NP foi obrigado a recuar. Os "presuntos" saíram da capa. Vieram as manchetes econômicas e políticas. O leitor debandou. Foi embora para sempre. Sem anunciantes, com baixa venda em banca, o NP foi morrendo lentamente até apagar sem aviso prévio no início da noite de uma sexta-feira de verão, para surpresa de seus próprios redatores e repórteres. Sua última manchete, à Jean Mellé, poderia ser: "Acabou o trampo e levou um pé na bunda . O