REVISTA FOTOSITE
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A ILFORD ESTÁ AQUI PARA PROVAR QUE O FILME NÃO ACABOU. ESTAMOS APENAS COMEÇANDO. OU RECOMEÇANDO.
ENQUANTO PROFISSIONAIS, ENTUSIASTAS E AMADORES PREFERIREM A QUALIDADE, A GRADUAÇÃO DE TONS E O CONTRASTE QUE APENAS O FILME PERMITE, A ILFORD CONTINUARÁ SENDO A ESCOLHA DOS MELHORES FOTÓGRAFOS DO MUNDO.
NÃO LIMITE SUA CRIATIVIDADE ÀS PREVISÕES.
ele E e EE iu ECE RELER a teac EEE EE ES Er ERAED El EE (a id indica, entre outras coisas, que o mundo da imagem vive o tempo da inclusão. É o vídeo que inclui foto, a foto que inclui áudio e o texto EEE Eat so e tudo isso usado em conjunto - aumentando a interatividade com o espectador e propondo mudanças em nossa maneira de olhar. Esta edição nasce a partir desse conceito. O que se viu na 2º Semana Epson Fnac/Fotosite da pe eli E EVER re jesfoo o E pe IDE apresentados em for- ue lu ie ES E Le a O ET compilou imagens estáticas dos talibãs incendiadas dor; Antoine D'Agata trouxe um vídeo pronto, com música, ritmo e muita tensão; o fotógrafo Pascal Aimar, do coletivo Tendance Floue, apresentou vários ví- deos com imagens estáticas, música, ritmo, e uma vinheta inesquecível (yéyéyé... yéyéyé... quem esteve lá certamente se lembra). Eram trabalhos prontos ELE ole E RT LEO E EE UE e ENTE E fotografia do mundo, que acontece up Ee LEE EE o ER ef NTE Ano , um evento multimídia que espalha projeções em telões nas ruas da cidade. A boa novidade E) E TELES Ape ES ETR integram a mostra audiovisual. Agência Estado, Editora Abril, Cia de Foto, Fnac Brasil, Folha de S.Paulo, Foto- ele DE ee Sr E EO EE LE EEE o reir] e EEE França no dia 7 de Lg E EE MP Ibirapuera, dia 23 de setembro de 2006. A REVISTA FOTOSITE participa do evento e, sem querer cometer a indelica- GCrAdo Rs ToToa pe LET RA AE direção artística da parte brasileira a convite da Alian anotar mais duas informações importantes: a 13 Cla EE Ee A 22 [eddie RR pr EE Ta EEE a ET edição da Semana Epson Fnac/Fotosite da Fotografia, versão Rio de Janeiro, acontecerá nos dias 17,18e19 de julho, e a 32 Semana Epson Fnac/Fotosite da Fotografia;em São Paulo, será de 14a 18 de agosto. Para entender o que é a Semana da CCE Eli O a pró- - xima página. Para entender pra onde ir nesse mundo da inclusão de Cl Er E UE Sie TER
Para ler o conteúdo exclusivo destaedição, EIA A oC Epic Ro Ra TAS ETR) conTeúDO EXCLUSIVO), Ao abrir a página, DIGITE A SENHA:
AOS EE]
O francês Antoine D'agata durante projeção de suas imagens. Eu retrato a realidade das ELE
07 COMO FOI A SEGUNDA SEMANA?
[e geo Eu ER Fnac/Fotosite da Fotografia
42 TERRITÓRIO DA ARTE
Eae re ERA RELER ET aER Ma E]
16 TROCADILHO
EM STEEL Lei ELES ue PAR pel!
19 ZÉLIA GATTAI, FOTÓGRAFA
Escritora expõe seus dotes com a câmera
20 ELES SÃO NEW PHOTOGRAPHERS
TENTE dee eu e E E) as tendências da foto publicitária mundial
22 NA TELONA
DETERaeEe p Ee ru duE
EEE Eae E EA repele
EA Ra opape Eee ie e EO e at
30 LUXO DO LIXO
Vik Muniz utiliza sucata para recriar sete figuras mitológicas
39 NO ÉDEN
Coletivo feminino Eve se reúne para retratar aspectos da maternidade pelo mundo
46 FOTOGRAFIA TO TR E vs Fotógrafos empregam vídeo, some texto para EDITEds a E ER NEE
54 PAISAGEM DO CORPO
Rafael Assef usa a própria pele como suporte para suas imagens
por Flávia Lelis
Fotos Danilo Grimaldi Filho e CPF2006/IMM
CALC ALErElse SJ ENTE TEEM jeff re o e RA te clero Ee PE E a SITE DA FOTOGRAFIA, realizada entre os dias 24 e 29 de abril. Mesmo discutindo temas capitais da fotografia mundial na atualidade, os encontros passaram lonPERES que Er E EEE e Va Ta PET EE EE Ela | pole HESEE Co ELES E ae SETE do clique em geral. Como o Buenas noites! de Charlie Holland, diretora de Fotografia da Getty Images, ou o pedido de Antoine D'Agata, da Agência Magnum, [oia ee e TE See VE ERA Tr pu ET tista Arthur Omar, que contou (ou será que declamou aos berros?) sua trajetória no Afeganistão registrando os budas destruídos pelos Talibãs.
Durante os cinco dias de atividades, tanto experientes quanto jovens proEneES re rr eo pe Ee TT EE EO ota dades, o valor da fotografia e o polêmico jornalismo cidadão, entre outros temas
MSC E lo lgE laio OST SEIO ERES TES peso ET pe AS fletido no relevante aumento do número de convidados internacionais. O tcheco ci Seta gore petite Ger o E AEE ES e E mostrando suas reportagens sobre conflitos do Leste Europeu, prisões venezuelanas e o genocídio em Ruanda. O fotógrafo francês Antoine D'Agata exibiu suas Ela Gig Leu ER lord oe SAT A E EA or ESTADO las noites do mundo diga-se de passagem, seu próprio mundo.
Aleitura ao vivo de portfólios do público e também os encontros do Café com Foto , com a participação de João Bittar, Pascal Aimar, Charlie Holland e Antonin yr g EL Ego e etER E E Egito eee MEET pele vao uGifu GERE So Elitefo EE peRETO O re rea GE ut Ee Er SSToESET eles reto A ro Oi Li pede ReGER En SEE EEE erro irei Leonardo Villela, da PlatinumFMD, um estúdio de concepção de imagem sediado no Rio de Janeiro. Ele surpreendeu ao confirmar ao público que todas as imagens apresentadas no início de sua palestra tinham sido criadas artificialmente em 30, ou seja, nenhuma daquelas imagens, cerca de 30, eram fotografia. Villela também selecionou um anúncio de carro produzido por ele e sua equipe, e passou a desconstruira imagem principal. Foram quase 300 layers (camadas), boa parte deles com uia EE RE AEE EU RERUE Ei TE LM Sete oO pie) Reage TE ED EE TES ESSES STS EU EENUEE a minha proposta era mostrar uma nova ferramenta que está ganhando força na orei R ee EEE TE ER e EEE RS minador do futuro , mas achei válido participar e sentir o retorno , diz Villela. [ou Eur ee EEE UE ER gu LEE es sentações multimídia, como a projeção inédita do ensaio 911, da Cia de Foto, e as imagens do coletivo francês Tendance Floue. Também houve o lançamento da 112 edição da REVISTA FOTOSITE, da 1º da revista PIX e da 72 da revista S/Nº. A cobertura de toda essa movimentação foi feita em tempo real pela Redação Fotosite e foi er ERES POA ieETR LUTO
ER E e ET So TE TR SE 0 tece em agosto de 2006, no www.fotosite.com.br
1. Cerca de três mil pessoas passaram pelo evento. Fórum da Fnac virou ponto de encontro. 2. Fachada da loja da Fnac em Pinheiros: Foi De AD pe ER pet [0 EVE Sp ER [ro LEA era AR EC CAULES e ERG C ED o ae e AEELu e E TS ETA
5. Arthur Omar: tarde de adrenalina visual na Fnac. 6. O fotógrafo Seo E cu utE
1. Sergio Burgi (Instituto Moreira Salles) e Eduardo Brandão (Galeria Vermelho) durante debate sobre o valor da imagem.
2. Antonin Kratochvil e Pascal Aimar observam televisores da Fnac, que mostravam imagens do coletivo francês Tendance Floue por toda a loja. 3. Willy Biondani. 4. Átila Francucci, da agência Famiglia. 5. José Paulo Lanyi, Cuca Fromer e Juan Esteves discutem o jornalismo cidadão.
ER Voce Ze ERR e SE e ARLSo ca Es rele estúdio de Bob Wolfenson. 3. Tem um cantinho aí? 4. latã e o direito autoral: tema foi o único que se repetiu nesta segunda edição do evento. Muitas dúvidas sobre os Fica Ra eg EEE ST Crispino. 7. João Bittar lê portfólio. Café com EE Rg E LE o ue eo FERE ven ERA es A Eure] por um leitor do jornal Estadão. Br Eu) cidadão foi tema em uma das noites.
ARE e Rice e ET a e a EO el RED TEPS E a SE e RA pg ALCA E Pray To E a TE EE TESpe RS To TETAS RSS e pre público. 3. Workshop de impressão com o professor Thales Trigo apresentou a impressora EPSON PRO 4800.
Cerca de 25 jovens alunos da ONG ImageMágica tiveram na 2? SEMANA EPSON FNAC/FOTOSITE DA FOTOGRAFIA uma oportunidade para interagir com as realidades do mundo fotográfico. Fundada há 12 anos pelo fotógrafo André François, a ImageMágica tem apoio da Unesco ejá foi premiada pelo trabalho de levar às crianças carentes a possibilidade de inclusão social por meio da fotografia. São desses jovens algumas das fotos publicadas nestas páginas, feitas a pedido de seus coordenadores, os fotógrafos Rafael Jacinto e Pio Figueroa, da Cia de Foto. Foi muito bom que a Semana tenha coincidido com o momento em que estávamos desenvolvendo uma disciplina que envolve cobertura de evento. Além do exercício de fotografar, eles estiveram em contato com craques da fotografia , diz Rafael. Trabalho feito, os jovens presentearam o Fotosite com uma seleção das 20 melhores. O resultado foi surpreendente , finaliza. [o)
Queria parabenizaro FOTOSITE. Excelentea iniciativa da Semana da Fotografia, a revista... Fui quase todos os dias e estava muito bom. Levei uma injeção de dúvidas na cabeça. Mexeu demais com o meu olhar. Excelente trabalho.
Rodolfo Rodrigues Puertas, Atibaia-SP
Mesmo que vocêsjá tenham recebido mil comentários e parabenizações pela Semana da Fotografia, eu, como fotógrafa e espectadora (assídua), não poderia deixar de comentar que vocês realmente estão contribuindo muito paraa história e evolução da fotografia no Brasil. Com certeza, a fotografia e o mercado fotográfico brasileiros serão lembrados com o antes e o depois do FOTOSITE, pois iniciativas como essa nos fazem entender o quanto é importante a união da classe, agregando experiências, cultura e gerando conseguentemente crescimento profissional, para que nossa fotografia seja respeitada e valorizada dentro do nosso próprio mercado. A Semana foi de muita informação importante! Vamos esperar que tenham sido processadas positivamente para que contribuam com esse crescimento. O "cutucão" foi dado!
Luciana Cattani, São Paulo-SP
Gostaria de parabenizá-los pelo sucesso da Semana da Fotografia, acompanhei tudo pelo FOTOSITE.
Nauro Júnior, Pelotas-RS
Parabéns pela Semana Epson Fnac/Fotosite da Fotografia!!! Uma iniciativa maravilhosa! Além das palestras, o clima estava sensacional, sempre ótimos encontros!
Graziella Widman, São Paulo-SP
Participar da 2º Semana Epson Fnac/Fotosite da Fotografia foi a melhor experiência do ano. Conhecero que está acontecendo nas diversas áreas da fotografia, fotoarte, fotopublicitária, fotojornalismo. Ouvir de diversos cantos do mundo do Brasil histórias sobre o fazer foto com emoção ou com aplicaçãode conceitos. Parabéns, FOTOSITE! Vocês estão dando para a fotografia muito vigor! Vocês estão alimentando cada fotógrafo para que todos continuem clicar a vida. Obrigada.
Inês Corrêa, São Paulo-SP
A 27º Bienal de São Paulo só começa em outubro, porém já dá para afirmar que alguns ineditismos desta edição vão entrar paraalista de fatos históricos do maior evento de artes visuais do país. O primeiro deles é que a curadoria geral está sendo realizada, pela primeira vez, por uma mulher. Segundo, o projeto de curadoria foi eleito por meio de concurso, que avaliou três propostas temáticas de curadores independentes. A escolhida, Lisette Lagnado, tem como um de seus principais desafios a eliminação das tradicionais representações nacionais, algo também inédito na história das Bienais. Mais que uma quebra de tradições o convite de participação aos países é uma formalidade que se origina do próprio Itamaratye, apesar das tentativas, nenhum outro curador conseguiu suprimi-la , eliminar as representações nacionais é uma das idéias viscerais do grande tema proposto pela curadora para esta edição: ComoViver Junto . Lisette nasceu no Congo há 45 anos, e é naturalizada brasileira. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP e doutora em Filosofia pela USP, com tese sobre Hélio Oiticica, tem no currículo várias curadorias e trabalhos de destaque, entre eles a catalogação da obra do artista Leonilson que resultou numa retrospectiva itinerante e no livro Leonilson São tantas as verdades (DBA). Lisette também atua como crítica de arte em alguns veículos de comunicação. Entre uma viagem e outra mundo afora, a curadora arrumou uma brecha em sua disputada agenda para responder, por e-mail, às perguntas de nossa reportagem. A seguir, ela fala dos elos entre a fotografia documental e a arte, do crescimento da fotografia na Bienal e sobre o mapeamento de autores emergentes.
ABienal anterior declarou intenção de afastamento da tendência do documentarismo e da reportagem . Mas a busca pelas raízes, a questão da identidade e os problemas sociais permeiam a produção atual, principalmente de artistas de países pobres, e isso foi mostrado naquela Bienal, pelo viés documental. Nesse aspecto, o que podemos esperar para a edição deste ano?
A Bienal de 2004 afirmou o que afirmou e mostrou o que mostrou. Prefiro deixar meu antecessor responder sobre isso, uma vez que se sugere uma contradição entre o que foi dito e o que foi mostrado. A Bienal deste ano não se refere a suportes, estilos ou linguagens, sejam elas pictóricas, fotográficas ou do-
nalísticos ou documentais ganhe conotação de arte?
Uma resposta à la Duchamp: que seja exposta numa instituição artística. Uma Bienal com o título Como viver junto não poderia deixar de lado fotógrafos que foram documentar conflitos de refugiados, de coabitação etc. O que se condena nessa discussão sobre fotojornalismo versus arteé a estetização do mal, do horror. Isto é, tornar sublime um fato atroz, por meio de lentes e outros artifícios tecnológicos. O horror é o que é. Os livros de Primo Levi [judeu italiano (1919-1987) que narrou sua própria saga no campo de concentração de Auschwitz] não têm um pingo de sentimentalismo. É isso que faz dele um grande autor. Não precisamos exagerar nada, e tampouco embelezar.
A fotografia é um suporte documental por excelência, mas vem sendo amplamente utilizada por artistas contemporâneos para registro de suas performances. Esses registros também têm sido considerados obra. Você acha que isso está se intensificando? Por quê?
Nãoé um fenômeno recente. Remonta, no mínimo, aos anos 50, 60. Corresponde a uma necessidade de guardar um registro de um acontecimento que tem uma temporalidade truncada, falsa, fabricada para um momento de exibição, isto é, de exceção.
O que me parece mais interessante são as fotografias de artistas que não fazem suas performances em público, mas de modo até caseiro, doméstico.
Em 2002, 16% das obras da Bienal eram fotográficas. Em 2004, esse número saltou para 25%, segundo dados da própria Bienal. Esse uso intenso do suporte fotográfico na arte contemporânea é uma tendência?
Aúnica tendência que eu levo em consideração é a vivência intensa do momento presente. Portanto, me pareceria esdrúxulo que se pintasse como se pintava nas cavernas de Lascaux. Quando chegou o super-8, todo mundo comprou a maquineta e foi fazer super-8. Isso não significa que todos se tornaram filmakers. Mesma coisa com a máquina digital: a fotografia se tornou mais acessível, mas ser fotógrafo de verdade é um outro assunto.
Existe uma metodologia para identificar autores e tendências?
Como o curador faz essa prospecção?
Tendência é um termo que eu evito, pois ele remete, para mim, à moda: As últimas tendências deste verão etc . Eu acho que
ELaéa primeira muLHer eLeita para assumir O comando Da BienaL De são pauLo. Entenda por que por Érica Rodrigues
LISeTTE LaGgNaDOo se tornou a curadora mais assebiaDa DO país
cumentais. À equipe curatorial não está trabalhando com essa orientação. O que muda, quanto à expectativa de uma bienal, é que a 27º Bienal de São Paulo não é apenas uma exposição. Ela tem também os seminários, e os convidados para os seminários artistas, arquitetos, filósofos ou cientistas políticos estão na mesma instância dos que terão sua obra exposta na mostra quando ela abrir suas portas. Pensamos, inclusive, em ter artistas convidados para fazer projetos gráficos no livro Como viver junto, e esses artistas não estarão nas paredes expositivas. Há muitos modos de participar da Bienal.
O que determina que uma fotografia concebida com fins jor-
há momentos, picos ou vales, toda uma topografia que poderia dar um diagrama das mudanças dos estilos na arte. Mas nem sempre o que é tendência na arte é o que o curador deve, digamos, apresentar. Cada curador tem seu método próprio e, como curadora chefe, a única coisa que eu fiz questão de preservar foi eixo conceitual do pré-projeto. Afinal de contas, fui selecionada por um projeto. Tenho responsabilidade em relação às pessoas que 0 leram e apoiaram a idéia. Não vou mudar de foco de repente. O que não significa que, durante as conversas coletivas entre curadores, eu não tenha ajustado certos pontos. Trabalhar em conjunto significa também abrir um pouco mão da defesa de um território próprio, para acolher a diferença.
7 DE OUTUBRO A 17)DE DEZEMBRO DE 2006, PAVILHÃO DA BIENAL, PARQUE DO IBIRAPUERA, SÃO PAULO!
os museus?A avaliação do preço de uma obra depende de seu valor institucional (aferido pelo museu)? Você acompanha esses números?
Não tenho a menor noção de preços. Não trabalho com o mercado de arte. Claro que não sou ingênua e sei que uma bienal inflaciona preços ou até restitui dignidade para artistas que não tinham visibilidade nacional e internacional. Apenas cultivo um bom diálogo com as boas galerias porque entendo que, sem elas, o artista teria muito mais dificuldades para tornar público seu trabalho.
Os mais de 900 mil visitantes da 26º Bienal provaram que um evento de artes visuais pode, sim, mobilizar muita gente. A qualificação do público brasileiro, como você avalia? As coisas têm melhorado nesse sentido também?
Este ano, teremos uma ação educativa cuja idéia é efetivamente deixar um resíduo após a experiência de visitar uma grande mostra, o que não é fácil. Por outro lado, é possível considerar os seminários e a parceria assinada com a FAAP, para artistas-residentes que fazem palestras abertas aos alunos e demais interessados, como uma multiplicação do trabalho pedagógico para além do momento-Bienal , que só dura dois meses e meio. Sou a favor de ações educativas em todo tipo de mostra: monográfica ou coletiva, histórica ou contemporânea, nacional ou internacional. Se você leva um Hélio Oiticica para o Japão, destituído do contexto dele, ninguém irá entender qual era sua vontade estética.
Mesmo sem o chamado núcleo histórico geralmente grande chamariz de público, que vai para ver de perto obras famosas a edição anterior da Bienal bateu recorde de visitantes. À que você credita esse fato?
Cartaz da 27º Bienal de São Paulo, que começa em outubro, é a primeira edição que tem curadoria geral de uma mulher
Em que fontes a curadora do maior evento de artes visuais do país se alimenta?
Depende dos casos. Tenho (temos) trabalhado em parceria com as fundações e os consulados dos países. Não há representações nacionais , mas isso não significa que não fomos ouviro que os especialistas de cada país tinham para nos indicar. Mas é fato também que a gente se alimenta de notícias de revistas, de visitas a museus, galerias, mostras maiores etc. Além disso, toda vez que possível, entrevistamos cada artista.
Comoé feito o mapeamento de autores emergentes?
O mapeamento em si, para mim, tinha de corresponderà constituição da população brasileira. Eu queria dar conta da forte imigração japonesa, por exemplo. Todos os curadores insistiram em afirmara vizinhança do Brasil com os demais países da América do Sul. Trazer à tona o dissenso entre palestinos e judeus é um debate que está todos os dias nos jornais. Pretendo ainda, se for possível, trazerà baila a história da escravidão. Mas esse tem sido o campo mais árduo na minha pesquisa.
Como você analisa a engrenagem entre o mercado de arte e
A Bienal não foi criada para fazer mostras de artistas históricos. Então, o argumento de que o público ia para a Bienal ver Van Gogh deve ser inserido dentro de um contexto mais amplo e complexo. Claro que não dá para competir com Munch, Degas. Mas isso é papel dos museus, que, nos últimos dez anos, se profissionalizaram nesse sentido. A Bienal de São Paulo sempre foi voltada para o contemporâneo. E o recorde de público é um fator que depende da conjunção de vários itens: excelência da mostra, apelo pedagógico, críticas na mídia, envolvimento com as questões da cidade e do presente etc. O fato de a última Bienal ter sido gratuita permitiu que muita gente voltasse várias vezes. Pelo gigantismo da mostra, é impossível vê-la, como se deve, numa única visita. Portanto, é preciso pensar a importância daquele que retorna várias vezes; é esse sujeito quem efetivamente viu a Bienal e não ficou apenas passeando com a família, como se estivesse no parque ou no shopping center.
* Leia matéria sobre a participação da fotografia na 27º Bienal de São Paulo e Veja portfólio com alguns trabalhos selecionados [www.fotosite.com.br]
ARA Lu] (ESSE De e eita pao d te RS COTA a [te TO Tele rte VIDA: do STS Se TIS ES efe Tao do conteúdo editorial do jornal Folha de S.Paulo. O site contém um Banco de Imagens on-line com um acervo de mais de 250 mil imagens digitalizadas. Imagens que foram notícia e também que retratam a realidade brasileira. Para contratar o serviço da Folhapress ligue 011 3224-3123 ou acesse www.folhapress.com.br
eu ORE A CEE E SETE
A boa imagem da notícia
Não, não é uma pegadinha. O díptico acima se chama Ainda Sem Título . Essa brincadeira de driblar os sentidos das coisas, truncar seus significados, é a proposta do artista visual Mauro Restiffe. O trabalho faz parte de uma série que ele está desenvolvendo no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Longe de ser uma documentação do local, Mauro enfoca a arquitetura modernista em contraposição à agitação contemporânea. O que está em jogo é basicamente esse eixo paralelo entre as duas imagens, tiradas no mesmo local mas em ângulos opostos, criando assim uma certa confusão temporal , explica o autor, que utiliza a fotografia para
contradizer a própria fotografia, ao se isentar da busca de um momento significativo ou da reconstrução artificial da beleza. Mauro acredita que a fotografia só adquire significado a partir do esforço do observador para decifrá-la. Ainda Sem Título integra a coletiva Urbe , sob curadoria de Cauê Alves, em cartaz na Casa Triângulo, em São Paulo, até 08 de julho. E Restiffe não pára. O artista de 36 anos, que integra a chamada Geração 2000 , segue com a agenda lotada. Entre seus compromissos para este ano, uma participação na Taipei Biennial, em Taiwan, em novembro.
Descobrir 100 coisas sem as quais 100 pessoas não vivem. Essa é a mais recente empreitada do fotógrafo e colunista da REVISTA FOTOSITE André Arruda
Revirando gavetas, baús e armários, famosos e anônimos revelaram algumas histórias curiosas. O ator Selton Mello, por exemplo, não vive sem a lata de negativo do filme Lavoura Arcaica.
O DJ Marlboro não consegue se afastar do laptop, o técnico da seleção brasileira de vôlei Bernardinho leva sempre consigo cadernos de capa azul, Washington Olivetto não se separa da sua antiga Olivetti e Fernanda Keller, de seus tênis. No quesito coisas estranhas, o páreo fica acirrado entre o boneco de pano Chiquinho, do ator Mateus Nachtergaele, o Jipe da 2º Guerra Mundial do músico João Barone e a estatueta de coruja do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia. A idéia do ensaio surgiu depois que o fotógrafo desenvolveu uma linha de fotos de objetos, atualmente expostas no site Animalux Por ser um fotógrafo essencialmente de gente, resolvi fazer essa combinação , diz. O livro 100 coisas que cem pessoas não vivem sem deve ser lançado no final deste ano, pela editora Memória Visual.
Ela é mestre em Poéticas Visuais, faixa-preta em Tae Kwon Do e baterista. De quebra, uma das artistas plásticas mais requisitadas da cena contemporânea. Dora Longo Bahia, 44, tem no currículo 14 exposições individuais e mais de 100 participações em coletivas. À violência é tema recorrente em seu trabalho. Já abordou suicídio e mulheres espancadas, e retratou homens responsáveis por crimes noticiados em jornais. Em 2002, apresentou na Galeria Luisa Strina a série Who's Afraid of Red? : idílicas pinturas de cenas praianas literalmente violentadas com cortes, riscos e manchas. Todos os trabalhos de Dora são feitos a partir de fotografias, direta ou indiretamente. A seguir, ela indica uma leitura que trata, segundo ela, da vertigem intelectual provocada pela fotografia:
"É difícil indicar um único livro sobre fotografia... Ainda mais quando como no meu caso não seé uma grande especialista no as-
sunto, e sim uma mera entusiasta. Para mim, a fotografia é sempre mágica e alucinatória. Mágica, porque no momento de produção sempre me surpreendo com as imagens reveladas, duvidando até mesmo daquilo que vi ao fotografar; alucinatória, porque no momentoda recepção acredito na relação 'verdadeira' da fotografia com seu referente. Por isso, decidi indicar um livro que trata da interação entre a subjetividade e a imagem fotográfica: A Câmara Clara, de Roland Barthes. Nele, o autor faz considerações sobre o enigma da fotografia, contaminado pelo vínculo afetivo que mantém com certas imagens. O interesse de Barthes era motivado por razões sentimentais: Eu não queria explorar a Fotografia enquanto uma questão (um tema), mas enquanto uma ferida". Esse enfoque resulta numa investigação da presença da ausência na imagem fotográfica e da vertigem intelectual por ela provocada.
FOTÓGRAFO: Bruno Cals
AGÊNCIA: Neogama BBH
CLIENTE: Bradesco
CÂMERA: Hasselblad 500 cm/ Sinar F
FILME: Velvia
VEICULAÇÃO: Revistas
DIRETOR DE CRIAÇÃO: Alexandre Gama
DIRETOR DE ARTE: Sidney Araújo
LOCAÇÃO: Pedra Grande (Atibaia-SP) / Mariana-MG /estúdio
CONCEITO: Imagens retratam o Crédito Bradesco como a ponte para realização dos sonhos de seus correntistas
ELABORAÇÃO:
1e2 Céue montanhas ao fundo, fotos de banco de imagem
3 Foto dos noivos, feita em estúdio, com fundo infinito
4 Ponte de isopor fotografada com Sinar e lente 150 mm, para não achatar a espessura do objeto
5 Igreja fotografada com Sinar e lente 150 mm. À iluminação dessa foto determina a iluminação da imagem final
6 Foto das pedras feita de helicóptero, com Hasselblad com lentes 80e 120 mm, para obter várias opções que pudessem ser utilizadas na imagem final
7 Início da montagem: relevos e forma das montanhas em primeiro plano foram obtidos por meio de recortes e distorções nas fotos originais. Também foi feita a modelação das bordas laterais das montanhas, para permitiro posterior encaixe da ponte. Os troncosda vegetação foram eliminados e as folhagens, reduzidas e ilustradas, para justificar a proporção dos noivos em relação à montanha
8 As torres da igreja foram cortadas para diminuir a altura. Os noivos, recortados através de densidade de canal. Foi feita mo- dl delação em cabelos, pele e roupas com layers de amarelo e azul em overlay. O vestido da noiva foi distorcido para se inserir nas pedras da base da montanha. A ponte foi ilustrada e encaixada. Com base na iluminação da foto da igreja, abriram-se luzes nas montanhas com máscaras de canal. A direção da luz foi desenhada com filtro motion blur. Nos noivos, a modelação da luz foi feita com curves em screen e a modelação das sombras, com channel mixer. Na ponte, utilizaram-se layers com desenhos das luzes originais. Em hard light e overlay, esses layers foram aplicados nas sombras. No terceiro plano, sobre as montanhas do fundo, foi ilustrada a neblina para dar mais profundidadeà imagem 9 Aplicou-se o recurso de curves, aumentando o amarelo e contrastando o preto da imagem. Além desse recurso, utilizou-se o photo filter com tom amarelado, porém mantendo a luz definida anteriormente. Na segiúência, usou-se o color balance para esquentar a imagem no meio tom, amarelar a luz e esfriar as sombras. O último passo foi criar algumas manchar amareladas e azuladas nas montanhas, para igualar a coloração à da fotografia de referência, do filme King Kong
Jorge Amado com o passarinho Sofrê
Autora de Anarquistas, Graças a Deus e dona da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, também já publicou um livro de fotografias, Reportagem Incompleta, de 1987: Zélia Gattai é a escritora e Zélia Amado, a fotógrafa
ExposIÇÃO apresenta as HaBILIDADES
De zéLia GaTTaI por Trás pas Lenres, com fotografias que perperuam as aventuras Da escritora ao LaDo pe seu ererno amapo jorge amapo por Flávia Lelis
Ela é baiana por merecimento. Além de escritora e memorialista respeitada internacionalmente, aventurou-se por outra vertente da arte: a fotografia. Os primeiros cliques da paulista Zélia Gattai, realizados no período de exílio de Jorge Amado, tiveram como cenário a Paris do final dos anos 40 e supriam a simples necessidade de mostrar aos familiares, no Brasil, o crescimento do pequeno João Jorge. Nascia Zélia Amado, fotógrafa. Comprei uma máquina em um supermercado local; ela tinha lentes Zeiss. Fiz algumas fotografias e comecei a gostar, porque ficaram ótimas. Quando estivemos na então União Soviética, Jorge me perguntou que presente desejaria receber. Escolhi uma boa câmera, com a qual tirei uma foto nossa que se tornou uma das mais publicadas , descreve empolgada.
Dali em diante, ao longo de mais de 50 anos de união, Jorge e o seu cotidiano transformaram-se nos principais temas das fotografias de Zélia. As imagens captadas refletem o que ela descreve com adoração: o amor e a admiração por Amado. China, Tchecoslováquia (atuais República Checa e Eslováquia), Mongólia e tantos outros destinos do escritor levaram a fotógrafa a construir um repertório de imagens com requinte histórico, já que por suas lentes passaram Jean-Paul Sartre e sua companheira, Simone de Beauvoir, Pablo Picasso, Pablo Neruda e muitos outros amigos ilustres da família. Cliques revelam também a essência da Bahia de Amado traduzida na alegria do bloco carnavalesco Filhos de Gandhi, na espiritualidade junto às mães-de-santo, ou na singela companhia do passarinho Sofrê (foto).
Fã de Sebastião Salgado, ela nunca cursou aulas de fotografia, mas sempre esteve atenta à literatura especializada. Não me considero uma grande fotógrafa, mas li muitas coisas sobre o que fazer e não fazer , salienta. Para constituir o acervo de 33.200 negativos e cópias fotográficas, atualmente pertencentes à Fundação Casa de Jorge Amado, Zélia utilizou câmeras Nikon, Pentax e Leica.
A partir de 17 de julho, a Galeria do Olhar, em Salvador, recebe Zélia Amado, Fotógrafa , sua mais nova exposição. O evento integra as homenagens aos 90 anos da escritora, a serem completados em 2 de julho, e trará um pedacinho desse meio século de amor incondicional em 60 imagens p&b, em diferentes formatos. Quanto à próxima exposição, Zélia antecipa os notáveis clicados: Meus cinco bisnetos .
onde Galeria do Olhar, Praça dos Tupynambás, 2, Salvador, BA, tel. (71) 3242-0036 quando abertura 17 de julho visitação seg. a qua., das 12h às 22h; qui. e sex., das 12h às 23h; sáb., das 10h às 14h e das 20h às 24h quanto entrada franca
saiBa quem são os new pHoTOgrapHers BraSILEIrOS, INTegrantes pa seLeção anuaL que aponta as Tenpências pa Fotografia
puBLICITÁrIA NO MUNDO por Flávia Lelis
Pelo segundo ano consecutivo, a fotografia brasileira ganha espaço entre os New Photographers, na mostra exposta durante o Festival de Publicidade de Cannes, na França. À seleção, que em 2005 exibiu o trabalho de Daniel Klajmic, é feita pelos caçadores de tendências da Getty Images. Neste ano, a mostra realizada entre 18 e 24 de junho revela para o mundoo talento de Felipe Hellmeistere Ricardo Barcellos. Ambos ficaram surpresos com a escolha. Não mandei material. Provavelmente eles viram meu trabalho na internet e gostaram , diz Barcellos. Hellmeister acredita que o fato de ter ganhado o Leão de Bronze no ano passado despertou o interesse dos olheiros da Getty. Ambos afirmam que o mais bacana foi terem selecionado seus trabalhos autorais. Em publicidade, é cada vez mais difícil imprimir uma marca pessoal, por se tratarde um trabalho limitado, com espaços predeterminados para textos e marcas, cores que devem ser usadas, cores que não podem ser usadas etc. Já no trabalho de moda, nos retratose principalmente nos trabalhos artísticos, essas marcas pessoais são bem fortes , arremata Hellmeister. Segundo Charlie Holland, diretora de fotografia da Getty, o fator determinante para a seleção é oimpacto causado pela imagem A chave para o sucesso de um trabalho é o fator uau!": queremos olhar para imagens que possam nos inspirar , explica.Para saber um pouco mais sobre esses fotógrafos brasileiros que combinam a pulsação moderna com a complexidade clássica, REVISTA FOTOSITE abriu uma fresta de seus armários e revela agora 0 que os instiga e o que eles andam lendo e vendo no cinema e na internet.
SAIBA MAIS
portfólio de Felipe Hellmeister e Ricardo Barcellos em www.fotosite.com.br
IDADE 33 anos
TEMPO DE CARREIRA 14 anos FORMAÇÃO Cinema, na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) MESTRES Miro foi meu grande mestre, além dos clássicos Avedon, Stieglitz, Julia Cameron, Sally Man e Nan Goldin, e dos brasileiros Rosângela Rennó e Miguel Rio Branco NO SoM Marisa Monte, Chico Buarque, Miles Davis, Billie Holiday NA TELONA Caché (Michael Haneke) é maravilhoso. Um Filme Falado (Manoel de Oliveira) é meio esquisito, mas absolutamente inteligente. De Olga (Jaime Monjardim) não gostei, mas tem uma fotografia incrível
NA ESTANTE Versos ao Capitão, de Pablo Neruda, Manuelzão e Miguilim, de João Guimarães Rosa
NA WEB Sites dos fotógrafos Klaus Thymann [www.thymann.com] e Sonja Mueller [Www.sonjamueller. org], agência Art and Commerce [www.artandcommerce.com]e Fotosite [www.fotosite.com.br]
TEMAS DE INTERESSE Arte, música
VERTENTES DE ATUAÇÃO Arte, moda, retratos e propaganda EQUIPAMENTOS Sinar 4 x 5, Pentax 6x7e Nikon 35 mm
PRINCIPAIS TRABALHOS COMERCIAIS Citibank, Itaú, Sprite, Nescafé, Telecom, Motorola
HISTÓRIA DE UMA FOTO
Para fazer um catálogo de moda da NK Store, que deveria partir de imagens antigas, eu e a diretora de arte Ciça Pinheiro compramos slides da viagem de um casal, numa feirinha de antiguidades. Fiz estudos com back projections; achei um mega projetor de shows que funcionou para realizar a idéia. Eu tenho uma certa fixação por isso, já havia feito um trabalho com aproveitamento de slides antigos chamado Vermelho , que foi exposto em 2004, no salão aberto paraleloà Bienal de São Paulo. Esses mesmos slides do catálogo foram usados na minha última exposicão, Eu e o Outro .
IDADE 37 anos
TEMPO DE CARREIRA / anos
FORMAÇÃO Publicidade e Jornalismo, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS)
NO SOM Yo La Tengo, Kid Loco
NA TELONA Lost Highway (David Lynch), E Paris, Texas (Wim Wenders)
NA ESTANTE On Photography, de Susan Sontag O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse
NA WEB Site do fotógrafo Nick Night [www.nicknight.com], revista digital
Mooncruise [www.mooncruise.com]
MESTRES Martin Parr, Andreas Gursky
TEMAS DE INTERESSE Arte, cinema, cultura, vela
VERTENTES DE ATUAÇÃO Publicidade, editorial, fineart
EQUIPAMENTOS Sinar 4 x 5, Hasselblad médio formato, back digital phase P4s
PRINCIPAIS TRABALHOS COMERCIAIS Bohemia, Honda, Citibank, Skol, Brahma, Itaú, Volkswagen, Shopping Morumbi, Shopping Iguatemi, Tim Festival, Melissa
HISTÓRIA DE UMA FOTO
A foto dessas duas mulheres cubanas com um pano vermelho foi feita em um cubículo mal iluminado de um cortiço, na Havana velha. Durante o ensaio, havia ao fundo uma panela cozinhando feijão, e o cheiro empesteava todo o ambiente. O som de Roberto Carlos, no último, lembrava que, apesar de tudo, a vida vale a pena. E, à minha frente, duas cubanas posavam nuas, com muita classe. Pena que a foto não tenha nem som, nem cheiro.
Fotógrafo Fernando Lemos durante as filmagens de Fernando Lemos, Atrás da Imagem (à esq.); e Estamira, personagem-
Duas propuções cariocas TÊêm a FoTOGrafIa por Inspiração. ESTamIra, De MaICOS prapo, surgIu De seu ensaio FOTOGráFICO SOBe O LIXÃO GramacHO, No RIO De janeiro. já GUILHErmME COELHO Se INSpIrOU Na FOTOGrafIa surreaLISTA DE FermanDo Lemos para contar a Trajetória DO muLTIaNTISTA português, em Fernanvo Lemos, atrás Da Imagem
Estamira
Eu sou a Estamira. Minha missão é revelar a verdade, ainda que seja mentira . Assim se apresenta a personagem-título do primeiro longa do diretor e fotógrafo Marcos Prado, 44. O filme conta a história da mulher de 63 anos, que sofre de esquizofrenia e trabalha há mais de 20 anos no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. As filmagens começaram em 2000, seis anos após Marcos Prado ter iniciado seu projeto fotográfico sobre o lixão do Jardim Gramacho. Avistando a senhora que contemplava a paisagem, pediu para tirar o seu retrato. Ela me olhou nos olhos consentindo, e disse para me sentar a seu lado. Contou que morava num castelo enfeitado com objetos encontrados no lixo e que tinha uma missão na vida: revelar e cobrar a verdade. Tornamo-nos amigos. Um dia, tempos depois de conhecê-la, ela me perguntou se eu sabia qual era a minha missão. Antes que eu respondesse, Estamira disse: 'A sua missão é revelar a minha missão. Decidi fazer um documentário sobre a vida dela , conta o diretor. O coerente roteiro, baseado na narrativa fantástica de dona Estamira, e as belíssimas composições em cor e p&b, de um ambiente degradado e degradante, onde humanos e bichos disputam o refugo da sociedade, envolvem o espectadorem uma trama de sensações paradoxais. No devaneio da personagem, há momentos reveladores. A pa-
lavra trocadilho (pronunciada trocadilo ) é repetida por Estamira de maneira eloquente, diversas vezes, como se quisesse apontar para a contradição da contradição . Estamira já teve um lar, carro, filhos e um ex-marido italiano, para quem esbraveja seu trocadilo mais recorrente: Ele é esperto ao contrário . Desiludida com os espertos ao contrário que encontrou pelo caminho, ela constantemente achincalha Deus e profere relíquias, como quando diz que seu neto pequeno vai à escola, onde só aprende a copiar . Argumento sensato que é repetido em outro momento, para descrever o procedimento da psiquiatra que faz sempre as mesmas perguntas, traça o mesmo diagnóstico e prescreve continuamente a mesma receita.
As imagens impactantes e delicadas mostram Dona Estamira em meio aos amigos do lixão, onde exerce uma espécie de liderança profética. ho longo do filme, vão aparecendo, um a um, seus três filhos. Em momentos íntimos, discutem a relação com o pai, a doença da mãe e a entrega da filha caçula para ser criada por outra família, sem, no entanto, cortar os laços com a mãe biológica. Numa das visitas dessa filha, vemos cenas alternadas de dona Estamira escorraçando filho que lê a Bíblia, enquanto a menina de gestos delicados sorve um prato de macarronada Quero cozinhar que nem minha mãe . Ao final, sem palavras e sem ação, resta seu rosto, respingado do molho de tomate.
As fotografias de Jardim Gramacho se transformaram no segundo livro de Marcos Prado, que recebeu por elas o IX Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, em 1996. É difícil descrever a sensação que se tem quando se adentra pela primeira vez um lixão como o Gramacho. Além do mar de lixo, do cheiro putrefato do ar, do fogo e da fumaça que brotavam espontaneamente do chão, do mangue asfixiado pelo chorume e dos urubus sorvendo o que viam pela frente, o que mais me chocou foram homens, mulheres e crianças misturados ao caos daquele cenário de abandono e desolação.
Finalizado em 2005, o filme Estamirajá recebeu 23 prêmios nacionais e internacionais, entre eles o de Melhor Documentário segundoojúri nos Festivais Internacionais de São Paulo, Rio de Janeiro Goiãnia, Belém (no qual conquistou também o prêmio de MelhorFotografia) e Havana. Recebeu, ainda o Grande Prêmio dos Festivais Internacionais de Documentário de Marselha e de Direitos Humanos de Nuremberg. A produção, de R$ 806 mil, estréia nos cinemas de São Paulo e Rio de Janeiro no dia 28 de julho.
Fernando Lemos, Atrás da Imagem O diretor Guilherme Coelho foi buscar no espírito inquieto e independente do artista Fernando Lemos o argumento de seu mais recente filme, Fernando Lemos, Atrás da Imagem. O documentário de 55 minutos resulta do encontro de cinco intensos dias entre odiretor carioca de 26 anos e o artista português, de 80. Multimídia antes mesmo de 0 termo aparecer e virar moda, Lemos é fotógrafo, pintor, desenhista, artista gráficoe poeta. Sua primeira exposição, na Lisboa de 1952, foi censurada e virou caso de polícia. A ironia final do artista somada à incompreensão gerada por sua fotografia surrealista e inovadora chocou a sociedade lisboeta e soou como um libelo anti-salazarista. Perseguido pela ditadura, imigrou para o Brasil em 1953. E é justamente no automatismo psíquico do surrealismo que a narrativa do filme busca apoiar-se. Exibindo recortes do cotidiano, o documentário começa com uma visita do artista à sua própria exposição Sombra da Luz - À Luz da Sombra , na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2005, intercalada com demonstrações de seu processo de criação e narrações de suas memórias. O automatismo foi muito importante para filmar sem pretensão hermética ou preocupações castrantes , diz o diretor, já fazendo uma ressalva, sobre a impossibilidade de se atingir totalmente a idéia: Mesmo no surrealismo, a proposta nunca foi realmente executada. Por mais que nos treinemos, seremos sempre argutos censores de nós mesmos. Imagine isso no cinema-documentário, em que a edição é elemento central na construção da narrativa... A edição é a coisa mais antiautomática que existe , pondera. Apesar da pouca idade, o documentarista traz na bagagem os prêmios de Melhor Direção e Melhor Documentário (Júri Popular) no Festival do Rio 2003, pelo filme Fala Tu. Fernando Lemos, Atrás da Imagem é o sétimo título do diretore o primeiro da série Retratos Contemporâneos da Realidade , da produtora Matizar, que deve ser lançada em DVD no final deste ano. O segundo documentário será sobre o artista Cildo Meireles, dirigido por Gustavo Moura, e o terceiro, dirigido por Nathaniel Leclerym, vai explorar as diversas relações entre o colecionador e a obra de arte.
Pixote: a Lei do Mais Fraco (1979), e O Beijo da Mulher Aranha (1985), são dois filmes do cineasta Hector Babenco que inegavelmente agitaram a opinião pública nacional e internacional. Ambos tiveram a direção de fotografia do argentino Rodolfo Sánchez. Com granulação, planos abertos e fotografia escura, ele mostrou a crueldade das ruas e o ambiente naturalmente dramático de uma prisão. Outro parceiro de Sánchez, de longa data, é o diretor Ugo Giorgetti, com o qual filmou a seguência de comédias Boleiros Era uma vez o futebol... (1997) e Boleiros 2 Vencedores e Vencidos (2006), este em cartaz nos cinemas. O diretor de fotografia escolheu o filme russo Soy Cuba, de Mikhail Kalatozov, para comentar:
Em 2001, um amigo me apresentou o filme Soy Cuba (1964), que havia acabado de ser lançado em DVD. Para quem, como eu, usa bastante o preto-e-branco e sabe o valor dos 72 cinzas de um negativo, as imagens são maravilhosas! Ver aquele mar negro de espuma branca, ou aquele céu mais que polarizado e nuvens branquíssimas, os coqueiros brancos, os corpos das pessoas de pele escura "brilhantes" e os das pessoas brancas no cinza correto (1.2 de densidade)... É realmente deslumbrante. Os longos planos-sequência como o que se inicia no topo de um edifício, mostrando uma panorâmica de Havana, e depois desce pela lateral do prédio, terminando com a câmera entrando elegantemente na piscina realmente fizeram minha cabeça . Por uma enorme coincidência, conheci Carlos Beker, técnico do Laboratório Cinematográfico Labo, do Rio, recém-chegado de Cuba, que tinha à sua frente a missão de restaurar justamente Soy Cuba, para o relançamento.
Na ocasião, Carlos me disse que hoje seria impossível reproduzir aquele tipo de fotografia, já que ela havia sido captada com negativos infravermelhos. Ainda que in memoriam, temos que parabenizar e agradecer ao diretor de fotografia dessa obra, o russo Sergei Urusevsky, pela ousadia e pelo magnífico resultado.
Dois lançamentos e um dinossauro nesta edição. Álbuns que desafiam as pistas, shows e players para invadir seu estúdio e dar aquela mãozinha quando a luz não for suficiente. Música, câmera, ação!
E:
Marcelo Pallotta édiretor de arte da agência Giovanni, FCB, desde 2000. Formado em Artes Plásticas pela FAAP, passou pelas agências Registrada, do grupo W/Brasil, e Nomedia, da AlmapBBDO. Acumula produções como designer de cartazes de cinema, entre eles os de Cidade de Deus, Carandiru, Diários de Motocicleta e Crime Delicado, e é um dos criadores da revista 2005. Ão longo da carreira, conquistou dois Media Lions no Festival de Cannes, na França. Como fotógrafo, publicou três livrose integra o acervo da Coleção Pirelli/Masp. É fascinado por polaróides e participa do coletivo sx70.com.br.
O QUE VOCÊ BUSCA EM UM PORTFÓLIO?
Foco. O profissional deve saber mostrar o que quer fazer. O conjunto de imagens no mesmo caminho ajuda a fixar um estilo do fotógrafo... Assim, fica mais fácil lembrar dele. Imagine um portfólio do Helmut Newton. Seu trabalho era reconhecido sem nenhuma assinatura. E mesmo quando adentrava em outras áreas (still, por exemplo) ele fazia com a mesma personalidade (mãos despedaçando o frango com jóias). É difícil, mas esse é o gol.
VOCÊ PREFERE QUE TIPO DE FORMATO DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO?
Sites. São mais completos, divertidos e fáceis de guardar. Imagine osite não como um simples portfólio, mas uma oportunidade de informar, entreter. É um canal direto, atualizado, com os diretores de arte você nunca conseguiria de outra forma. Veja o exemplo deste trabalho online: Ele apresenta o portfólio e faz um trabalho pessoal já desenhado para a mídia online. É a sua revista pessoal, onde ele é o próprio editor.
O QUE NÃO DEVE SER COLOCADO EM UM PORTFÓLIO?
Trabalhos quase legais. Eu pessoalmente adoro projetos pessoais. Propaganda é muito chato... Mas ela dá estatura . Acho que, quando você tiver a chance de mostrar seu portfólio para alguém muito ocupado (geralmente pessoas que decidem são), tente reunir um conjunto sem excessos, sem dispersão. Ninguém vai se lembrar de um fotógrafo "faz-tudo . E mostre somente aquilo pelo qual você é apaixonado. Deixe as coisas mornas em casa.
COMO OS FOTÓGRAFOS PODEM ENTRAR EM CONTATO COM VOCÊ?
Aí reside o grande problema do nosso mundo em transformação. A apresentação formal, um portfólio, um agente, um site. Tudo isso não funciona sozinho. Tem que vir agregado a um trabalho de visibilidade maior. Hoje, somos bombardeados por muitas informações simultâneas... Mesmo os bons fotógrafos podem ficar esquecidos se não estiverem constantemente em contato com seus clientes. Meu e-mail é mpallotiaBfch.co
Los hermanos again
Lunático GOTAN PROJECT
Quarta-feira você conseguiu aquela boiada pra embarcar a A lho num vôo promocional até nossa querida Argentina, pra fotografar seus belíssimos pontos turísticos em mais uma matéria de turismo da revistinha semanal do jornal. A foto vai ser simples, é só pedir pros brasileiros saírem da frente (você precisa dar um ar argentino pra coisa). No seu mp3 player não pode faltar 0 recém-nascido álbum Lunático, dos "argentos" Gotan Project. É garantia de sentire, quem sabe, trazer algo de novo de nossa vizinha adorada. E
The Eraser THOM YORKE
Chove muito lá fora e as válvulas de descarga OA já perfeitamente asseadas te esperam no canto do estúdio para serem fotografadas, com paciência e toda a dedicação que você possa oferecer a esse tipo de trabalho. Aproveita então que é domingo, otrabalho está atrasado e nada mais se pode fazer além de passar a tarde clicando stills pra pagar seus CDs e se afogue no sugestivo The Eraser, novíssimo álbum-solo de Thom Yorke. O vocalista melancólico do Radiohead te sintonizará com o mundo injusto no qual você vive e sem dúvida te deixará mais à vontade.
Joe's Garage FRANK ZAPPA Ni
Ah, mais publicidade, aquela atriz global que participou da TV Pirata, aquele seu amigo que produziu a campanha de cigarros do sucesso na época em que você era assistente de fotografia e, finalmente, o seu último rolo de Polaroid antes de uma sessão toda em cromo p&b. Pois você não tem saída, sem uma garrafa de uísque e Frank Zappa na veia nada vai pra frente. Você com certeza tem 0 Joe's Garage em vinil, mas, como seu assistente provavelmente não vai saber virar a chapa na hora certa sem riscar o bolachão, corre e compra logo a versão digital desse clássico, pois nunca se sabe quando a década perdida precisará sensibilizar o seu filme.
ZE MAIA é designer a eposiaiode se meter em ensaios fotográficos. Seu e-mail é mantem yahoo.c
SALAS
por Érica Rodrigues
Num país onde mais de 50% da população era analfabeta, a fotografia se tornou importante instrumento de propagação das idéias revolucionárias que levaram Fidel Castro ao comando da maior das ilhas do Caribe. Desde o período pré-revolucionário até pouco mais da primeira década que se seguiu ao movimento (1959-1969), praticamente todos os fotógrafos do país foram para as ruas, de câmeras em punho, mostrando ao mundoa miséria, o avanço da guerrilha e a tomada do poder pelas forças de esquerda. Detalhes dessa história poderão ser vistos em São Paulo, na mostra Épica Revolucionária Cubana em cartaz
no Senac Lapa, de 13 de julho a 12 de agosto. Entre os expoentes do período presentes na exposição estão Alberto Korda, Osvaldo Salas, Roberto Salas, Raul Corrales, Perfecto Romero, Libório Nova e Luis Korda. A mostra é uma realização da Fototeca de Cuba em parceria com
o Instituto de Mídia eArtes, de São Paulo. À seguir, o curador Nelson Ramírez e ofotógrafo Roberto Salas contam como a fotografia foi usada para propagar as idéias do movimento, efalam sobre liberdade de expressão e de como o embargo econômico atrapalhou (ou ajudou!) o desenvolvimento da fotografia na ilha de Fidel.
Durante a revolução, muitas câmeras se tornaram armas para mostrar a miséria, 0 avanço dos guerrilheiros e a tomada do poder. Como o senhor enxerga hoje o papel da fotografia no processo da revolução?
Roberto Salas À fotografia sempre exerceu um papel importante como meio de informação e documentação e naquele momento foi capaz de levar informação a todos os lugares do país. Julgo que seu papel para o processo da revolução seja o de informadora da realidade diária. A fotografia foi usada como propaganda?
RS Achamada imagem épica dos anos 60 era
propaganda política em seu uso geral. Os fotógrafos não eram propagandistas, mas suas fotos foram usadas com essa finalidade. Além disso, em uma realidade em que mais de 50% da população era analfabeta ou semi-analfabeta, a imagem era a maneira de mostrar, sem textos, o que acontecia.
Assim como o famoso retrato de Che feito por Korda, as imagens da Épica tornaram-se símbolos do pensamento de esquerda em todo o mundo e foram reproduzidasà exaustão. O que o senhor pensa do atual uso dessas imagens, pela mídia e até pela moda?
RS Isso só demonstra que as imagens foram bem-feitas e têm qualidade. Que não são superficiais. Agora, nós não promovemos e nem cogitamos essas formas de uso. Elas estão fora do nosso controle. ho que tudo indica, os fotógrafos sentiam-se parte das mudanças que queriam para o país, à época da revolução. Hoje, com as instituições culturais e toda a mídia tendo se tornado estatais, como fica a livre expressão dos fotojornalistas?
RS Cada um atua como se sente mais confortável. Não há nenhuma instituição cultural ou de imprensa que dirija a fotografia, muito menos quea censure previamente. As mostras pessoais são expostas pelos órgãos culturais, e não conheço nenhum caso em que o fotógrafo tenha sido obrigado a apresentar as fotografias para aprovação antes da sua exibição. Cada um faz o que quer, limitado apenas pelo bom gosto, pela moral pública etc. Na imprensa cubana, assim como em outros países, os fotógrafos seguem conceitos editoriais.
Como é o trabalho desenvolvido pela Fototeca? Gostaria que comentassem tambéma fotografia contemporânea de Cuba.
Nelson Ramírez A Fototeca de Cuba funciona em parte como um museu nacional de fotografia, realizando exposições nacionaise internacionais e também organizando uma coleção de positivos e negativos. Temos daguerreótipos e ambrótipos, possivelmente anteriores a 1898. Quanto à fotografia contemporânea, é muito vasta e complexa, composta por fotógrafos que realizam uma obra mais documental, mas com grande riqueza poética, como Raúl Cafii-
Em sentido horário: grupo de jovens rebeldes (1962), na foto de Raul Corrales; Fidel Castro jogando beisebol [1965] e Estátua da Liberdade com a bandeira do movimento "26 de julho" (1967), nas fotos de Roberto Salas
bano, Pedro Abascal e Lissette Solórzano; ou por fotógrafos que se aproximam da fotografia documental sob uma ótica mais analítica, como Alejandro González, Ricardo Elias e Michel Pou;e também por fotógrafos que se expressam através de imagens construídas , como Juan Carlos Alom, René Pena e Cirenaica Moreira. Raul Corrales disse em entrevista a uma revista brasileira que o material fotográfico ficou muito escasso com o embargo econômico, porque entrava na mesma lista de materiais sensíveis para exames hospitalares. Mas ele achava justo que a prioridade fosse salvar vidas, e não registrar cenas de praia . O embargo atrapalhou de alguma maneira o desenvolvimento da fotografia cubana?
NR As carências instigam a criatividade e geram, em muitas ocasiões, situações excepcionais, que por sua vez resultam emcriações tam-
bém excepcionais. O embargo atrasou muito o surgimento da fotografia colorida em Cuba, aguçando nos fotógrafos a capacidade de uso de técnicas em preto-e-branco. Em geral, a falta de material deixa o fotógrafo mais exigente. Tomando novamente Corrales como exemplo, em sua fotografia O sonho há apenas dois fotogramas do sujeito que dorme, ou talvez sonhe. Em A Cavalaria , também apenas um fotograma. À precisão é assombrosa, principalmente se levarmos em consideração que muitos fotógrafos de outras partes do mundo disparam dezenas de rolos para obter uma boa foto. Não acredito, portanto, que o embargo tenha complicado a situação, mas que tenha definido as linhas de uma situação específica. Também não acredito que ele tenha ajudado, pois para obter bons resultados não é necessário passar pelo inferno e pelo purgatório.
onde Senac Lapa, Rua Scipião, 67, São Paulo,SP quando de 13 de julho a 12 de agosto de 2006 visitação seg. a sex., das 9h às 21h; sáb., das 9h às 16h quanto entrada franca
Agradecimentos especiais a Fernanda Cerávolo
pal fotógrafo e mãe jornaLISTA DOcumenTaram
LUTA Da FILHA peLa vIDAa, em Imagens e TEXTOS
Como todo pai fotógrafo, eu tinha o sonho de registrar o parto da minha esposa. Minha filha acabou indo para a UTI, mas meu instinto era de registrar todos os momentos dela, de forma natural, como qualquer pai , diz Nauro Júnior, o repórter fotográfico que captou cada momento dos difíceis três primeiros meses de sua filha Sofia, vividos no Hospital Universitário São Francisco de Paula, em Pelotas (RS). Nascida no dia 18 de junho de 2005, prematura, pesando apenas 1.940 gramas, a menina ficou 24 horas na UTI e depois acabou transferida para a unidade semi-intensiva, com icterícia, doença habitual em recém-nascidos. Em poucos dias, passou para 0 quarto, e só faltava ganhar peso para receber alta. Mas foi acometida por uma infecção hospitalar gravíssima, e os médicos deixaram claro que eram poucas as chances de sobrevivência. Ela teve de passar por uma delicada cirurgia no pulmão e chegou a sofrer parada cardíaca. Apesar de triste, infelizmente a história da menininha coincide com muitas outras, vividas em hospitais, diariamente, no mundo todo. Porém, a luta de Sofia, que venceu todas as batalhas e voltou para casa três meses depois, foi documentada não só pelas lentes do
pai, mas também em um diário escrito pela mãe, a jornalista Gabriela Mazza. Hoje, com Sofia completamente recuperada e prestes a completar seu primeiro ano de vida, o casal resolveu mostrar toda a experiência na exposição Mundo de Sofia , que está percorrendo vários hospitais e congressos médicos no Rio Grande do Sul. A história foi matéria na revista Pais & Filhos, nos jornais Diário Popular, de Pelotas, e Zero Hora, de Porto Alegre, e na RBS, retransmissora da Rede Globo na região Sul. Em 16 anos de fotojornalismo, sempre tive muito pudor em fotografar as pessoas em situações vulneráveis. Mas eu estava escrevendo uma história através de imagens, e quando se escreve uma história real não se pode escolher as palavras, elas se impõem , explica Nauro. Mas por que K expor um drama particular? Depois de três meses Ê morando num hospital, percebemos o quanto é importante visualizar a luz no final do túnel , e nossa história quer dar ânimo e luz a quem está numa situação difícil , diz Gabriela. Depois da tempestade, quando juntamos nossas impressões, vimos que tínhamos feito uma grande reportagem de vida , completa a jornalista.
Pai fotógrafo e mãe jornalista documentaram luta da filha pela vida, em imagens textos
Vik Muniz recria seres mitológicos a partir da sucata por Érica Rodrigues
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Icarus, after Titian (2006)
Técnica: c-print
Dimensões: 229 cm x 183 cm
Cortesia Galeria Fortes Vilaça
Prometheo, after Titian (2006)
Técnica: c-print
Dimensões: 229 cm x 183 cm
Cortesia Galeria Fortes Vilaça
Mercury, Argus and lo, after Jacob Van Campen (2006); técnica: c-print;, dimensões: 229 cm x 183 cm; cortesia Galeria Fortes Vilaça
Norcissus, after Coravaggio (2005); técnica: c-print; dimensões: 229 cm x 183 cm; cortesia Galeria Fortes Vilaça
Bocchus Astride a Barrel, after Rubens (2006); técnica: c-print; dimensões: 127 cm x 102 cm; cortesia Galeria Fortes Vilaça
0 belo Narciso contempla, encantado, sua própria imagem, feita de pneus, pla-P cas, caixas, ventiladores, mesas velhas, latões, piano, geladeira e outros refugos, A inusitada versão desse que é um dos maiores arquétipos da humanidade faz parte da nova série Pictures of Junk , de Vik Muniz - O artista re. cria não só o Narciso de Caravaggio como também outros seres mitológicos retra- Ea tados por mestres da pintura, como 0 Ícaro de Ticiano e Saturno devorando um de seus filhos, de Goya. Tudo com sucata.
0 trabalho está sendo executado num imenso galpão, na zona portuária do Rio de Janeiro. Apesar de radicado nos Estados Unidos desde 1983, Vik voltou a estreitar laços com o Brasil. Ele e sua mulher, a também artista Janaína Tschape, se Fixaram no Rio durante alguns meses, por conta do nascimento da filha Mina.
A área utilizada por Vik para desenvolver Pictures of Junk pertence à ONG Talentos da Vez, com a qual mantém parceria e oferece estágios a alguns dos alunos de artes visuais. Quatro jovens do projeto, inclusive, participaram da confecção dos gigantescos Narciso, Saturno, Marte, Ícaro, Prometeu, Mercúrio, Baco e Sísifo. As figuras de 30mx 20m foram fotografadasa uma altura de 25 metros e transformadas em ampliações de 1,83m x 2,30m.
O artista, que já atuou em vários projetos sociais, planeja criar, em 2007, o Centro Espacial do Rio de Janeiro, onde jovens poderão aprender todas as etapas da produção artística, desde técnicas de iluminação até a manufatura de molduras.
Foi confeccionando molduras, aliás, que Vik Muniz despertou para a possibilidade de se transformar num profissional da arte. O paulistano, filho de um garçom e uma telefonista, emigrou para os Estados Unidos com o valor de uma indenização por ter levado um tiro na perna. Depois de trabalhar como empacotador de supermercado, foi parar num estúdio no Bronx, onde fazia molduras e começou a ganhar algum dinheiro desenhando. A fotografia foi descoberta por acaso. Certo dia, um curador pediu que ele fotografasse uma exposição. Vik ficou tão impressionado coma re-significação das peças que decidiu incorporar a Fotografia ao seu trabalho. Ex) plorando as duas técnicas, passou a desenvolver os retratos que lhe renderam fama e dinheiro, feitos de açúcar, diamantes, poeira, chocolate. Apesar de gerar certa controvérsia no meio artísticoalguns especialistas cri ticam o fato de Vik se apropriar de obras já existentes e mimetizar outrosartistashg -, ele segue fazendo mais sucesso do que nunca. Em maio, uma de suas releituras do italiano Giovanni Piranesi foi vendida por US$ 36 mil (enquanto o original da obra em questão é cotado em US$18 mil). É representado por nada menos que oito galel rias e está nos principais acervos do mundo, como o Metropolitan, de Nova York, ea Tate Gallery, de Londres. Os oito mitos de Pictures of Junk estiveram em cartaz, recentemente, na galeria Rena Bransten, em São Francisco, na Califórnia. Vik ainda tem programadas cinco exposições até o Final deste ano, entre elas uma individual no Museu da Fotografia de Moscou, em setembro. E, no início de 2007, deve expor nã Galeria Nacional de Pequim.
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GRENos
Recorte e cole as peças e o dado.
Escolha uma cor para Z
Bare? representar seu fotógrafo Ra j ee E ig e coloque em Início.
Atire o dado: quem tirar o número maior começa
E a partida.
Faça o que estiver escrito , a em cada espaço;
sua câmera! Z E o vencedor será aquele
Rr To Enoo ; E o que primeiro alcançar
H H a "Chegada". psi
eau ia
no Café Fnac. ê Bom jogo!
foto r ESA
Marginália
João Wainer
Fotos:
O ensaio Marginália, que ganhou a BOLSA FNAC/FOTOSITE DE FOTOGRAFIA em 2005, é o resultado da busca incessante de João Wainer pela informação. Neto do jornalista Samuel Wainer, herdou do avô o respeito pelo assunto. São dez anos LAS) no e vindas nas favelas planas e verticais, shows e buracos quentes da cidade, entendendo os códigos para se fazer uma fotografia sem estereótipos sobre vida na periferia do Rio de Janeiro e de São Paulo.
O inventário da "Vida Loka" faz um
recorte do universo de três rappers da primeira geração do movimento hiphop brasileiro: Mano Brown, dos Racionais, que poetiza sobre o cotidiano violento da periferia paulistana; MV Bill, carioca nascido e criado na Cidade de Deus, que canta o dia-a-dia das favelas cariocas; e Dexter, preso desde 1997, que denuncia as mazelas do sistema carcerário.
O próprio João admite: "enquanto houver desigualdade social no [ge RO pia o que fotografar. Por isso, Marginália é infinito".
[ore(eM- reTççe) Fnac Brasília [ale(oie ToToriTeE) [ulete MD TeTçe E Barra Shopping [ReTL IN sf] Parque D. Pedro Shopping NAT TAP nmedadin ae is (21) 2109.2000 (19) 2101.2000
Enac Curitiba Fnac Paulista [ater idTa ati iae ParkShopping Barigúi Av. Paulista, 901 Av. Pedroso de Morais, 858 Ea ARC (41) 2141.2000 (11) 2123.2000 (11) 4501.3000
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Justyna ANA E LERAERO E: Seis fotógrafas de diferentes partes do planeta, incluindo o Brasil, se unem para documentar histórias contemporâneas da maternidade por Érica Rodrigues
FAS ae op]
Sentado na varanda da casa da fotógrafa Bénédicte Kurzen, em Johannesburgo, o veterano fotógrafo Gary Knight refletia sobre a vida de alguns colegas de profissão que encontrou em suas andanças pelo mundo. Pensou no comprometimento dessas pessoas com a fotografia, com seu tempo, com o lugar onde vivem. Coincidentemente, todos os nomes que lhe vieram à lembrança naquele momento eram de mulheres: além da própria anfitriã - Bénédicte, da África do Sul -, Marizilda Cruppe, do Brasil, Agnês Dherbeys, do Timor Leste, Justyna Mielnikiewicz,da Geórgia, Lourdes Segade, da Espanha, e Newsha Tavakolian, do Irá, têm em comum a defesa apaixonada das históriasque acreditam serem muito mais do que uma boa pauta.
O fotógrafo teve, então, um insight. Mandou um e-mail coletivo, apresentando umas às outras e contando das semelhanças que havia notado entre todas. Elas retratam com muita energia as questões com as quais nos preocupamos globalmente. Por isso resolvi colocá-las em contato. Achei que teriam muito mais força como grupo que como indivíduos , comenta Knight. Pronto: nascia ali o coletivo Eve (Eva).
Algumas das fotógrafas já se conheciam, mas o grupo, até hoje, só se encontrou no mundo virtual. Desde a escolha do nome até a conclusão da primeira reportagem, sobre maternidade, foram seis meses de longas e intensas mensagens. Para batizar o colevito, aliás, todas deram seus palpites, mas veio de Knight a idéia que acabou sendo adotada. Além da evidente evocação feminina, Eve é curto, marcante e de fácil pronúncia em qualquer língua. A brincadeira entre nós é dizer que Eve' é uma costelinha da Seven [agência de Gary Knight)", diz Marizilda Cruppe, a brasileira da turma.
Claro que o fato de sermos todas mulheres influenciou na decisão do nome do grupo e da primeira reportagem. Mas isso se deu de forma natural. Não é um grupo de orientação feminista , esclarece Marizilda. Repórter fotográfica do jornal O Globo há 11 anos, ela foi responsável pela vinda de Gary Knight para um workshop exclusivo para os profissionais do jornal rioca, em agosto de 2005. [O trabalho de Knight e sua vinda ao Brasil naquela ocasião foram temas da matéria Sangue Bom , na REVISTA FOTOSITE 47).
Sobre essa espécie de movimento global, em que fotógrafos se mobilizam para criar trabalhos coletivos, Knight acrescenta um dado interessante. Segundo ele, a maioria dos fotógrafos constrói uma relação com sua audiência através do filtro das revistas e jornais para os quais trabalham e dos quais podem ter pontos de vista divergentes - ou das agências, que possuem interesses apenas comerciais. No passado,só era possível apresentar nosso trabalho dessa maneira, mas isso não é mais assim. Hoje, há muitas formas de comunicar. Os meios se tornaram acessíveis, e podemos quebrar essas barreiras , acredita Knight. O site é uma das ferramentas de divulgação das imagens e idéias do grupo. Lá, cada fotógrafa expressa sua visão particular e o grupo manifesta seus interesses em comum.
o encontro Das moças
No mês de julho, o sexteto finalmente se reunirá, no Festival de Fotografia de Gijon, na Espanha. E, em setembro, elas se encontrarão novamente no Festival de Perpignan, na França. Vamos apresentar o trabalho para o mercado , enfatiza Marizilda, que ainda observa: Em Perpignan, em 2005, o único trabalho sobre o Brasilera de um estrangeiro, e o único brasileiro que participou, o Maurício Lima, expôs fotos do Iraque . Uma das características do Eve é mostrar aspectos locais de temas globais. Assim, cada integrante desenvolve o trabalho na sua própria região.
29, Espanha
Na época da acumulação, a imagem fotográfica busca um novo caminho. Vídeo, áudio e outras possibilidades tecnológicas aumentama interatividade com o espectatai e iniciam um processo radical de mudança do olhar
por Simonetta Persichetti
ilustrações
Felipe Guga
Há algo de novo no ar. Cada vez mais os artistas expõem suas obras de forma híbrida: uma só linguagem não é mais suficiente. Esse fenômeno,que se pré-anunciava, nos últimos anos se tornou uma constante. Não mais como a festa da nova linguagem, mas como parte da criação da imagem.
Um movimento que veio chegando devagar, alvo de críticas e de aplausos, que está se impondo no mercado de arte contemporânea e até mesmo no fotojornalismo. Uma nova maneira não só de produzir imagens, mas de mostrá-las.Um exemplo são as panorâmicas virtuais,já velhas conhecidas dos arquitetos para maquetes e projetos, mas que, nos últimos dois anos, viraram ferramentas dos fotógrafos-artistas e, principalmente, passaram a ser usadas no fotojornalismo.
No Brasil, alguns fotógrafos já fazem uso dessa técnica, que começou a ser desenvolvida nos anos 90. Quase duas décadas depois, as panorâmicas permitem um passeio pela imagem em 360º. Além disso, é possível inserir som ou gravar o som ambientede uma manifestação, por exemplo. No Brasil, as panorâmicas são utilizadas como ilustração para portfólios ou para alguma apresentação de trabalhos mais específicos.
Mas ainda não fazem parte da imprensa.
Na França, o jornal Libération já apresenta algumas matérias em panorâmicas que usam o software QUICKTIMEVR (realidade virtual). Os últimos movimentos dos estudantes contra as mudanças de regras no primeiro emprego foram mostrados por meio dessas imagens e com som ambiente. O jornal norte-americano Washington Post também já aderiu à multimídia, e exibiu as cenas do furação Katrina em realidade virtual. Para o fotojornalismo, essa pode ser uma opção para sair da mesmice e do cansaço que andou tomando conta das fotos publicadas nos jornais e também nos sifes de informação. Fotografias que não traziam nada de novo: tão fixas e paradas como as velhas imagens renascentistas. Se pensarmos na imprensa virtual que ainda está procurando encontrar sua linguagem, acho que esse tipo de imagens só tende a aumentar e se tornar comum , explica Guillaume Dupy, fotojornalista francês que, há dois anos, se dedica às panorâmicas jornalísticas. Mas ele faz uma ressalva: Com certeza as imagens fixas não vão desaparecer, porque esse tipo de tecnologia, o vr , ainda tem certas limitações. Você precisa estar muito próximo do que está fotografan-
do, e a pós-produção e o tratamento das imagens e da própria montagem requerem um certo tempo, o que não é necessariamente compatível com a indústria da informação e sua necessidade de colocar imagens no ar o mais rápido possível . Pode ser. Mas, sem dúvida, essas limitações tecnológicas em breve serão superadas pela indústria digital.
O passo-a-passo pa pa Tagel O processo não é simples: é preciso trabalhar preferencialmente com uma super grande-angular, comumente chamada de olho de peixe . É possível criar uma panorâmica com apenas seis ou sete imagens: Essa lente facilita fixar cenas em movimento e nos permite um trabalho mais eficiente para realizar o que, aqui na França, se chama 'panreportagem , explica Guillaume. Amaior parte das imagens é feita na posição vertical, para cobrir de alto a baixo o evento. Dependendo da cobertura, é aconselhável usar um tripé ouum monopé: Numa manifestação, por exemplo, onde as pessoas se movem rapidamente e para os mais variados lados, um monopé é mais aconselhável, pois permite ao fotógrafo uma mobilidade mais rápida , comenta Guil-
laume. Muitas vezes, uso a câmera na mão mesmo e depois faço as correções durante a pós-produção. Não podemos esquecer de que é preciso fazer imagens sequenciais; caso contrário, não conseguiremos a montagem em 360º: Os resultados ainda não são perfeitos, mas estamos chegando lá. O processo todo é muito interessante, mas exige um grande conhecimento da linguagem digital e do uso de softwares por parte do fotógrafo . No final, o que é possível alcançar é uma visão mais geral de um evento. Diferentemente de séries ou de ensaios publicados, a impressão que se tem é de estar presente no local. O som ambiente, por óbvio, ajuda a transformara percepção e a oferecer mais elementos para se interpretar um acontecimento. Como nos lembra Edmond Couchot em seu livro A tecnologia na arte - Da fotografia à realidade virtual, uma das soluções para tornara obra mais próxima do espectador, sem o associar, entretanto, plenamente à criação, é a de instalá-lo no centro da obra . Ao olharmos as cenas de devastação após a passagem do furacão Katrina, temos a impressão de passear pelos escombros. Em algumas imagens é possível, inclusive, andar pelas casas destruídas, como se estivéssemos em pessoa no lo-
cal. Não é apenas nosso olhar que passa pela fotografia, somos nós mesmos inseridos dentro da imagem como um todo.
Uma discussão que parece antiga, mas que, nos últimos tempos, saiu da academia, deixou o papel e se voltou para a prática.
É bom lembrar, porém, que o uso de computadores por parte de artistas ou de criadores de imagem não é novo. As primeiras experimentações datam da década de 1950, mas somente no final do século 20 e início do 21 esses trabalhos se tornaram mais frequentes, conhecidos e vivenciados por um maior número de pessoas. É ainda Couchot, professorda Universidade Paris eum dos primeiros artistas na França a trabalhar com digital, que nos situa: afinal, se não conhecermos a história dos computadores e das primeiras experimentações virtuais, torna-se impossível localizar onde se fazem rupturas e onde se mantêm as continuidades . Pois é! Fala-se muito, conhece-se pouco.
Na mesma linha das imagens panorâmicas com mo-
vimento e som, muitos fotógrafos têm buscado alternativas para a realização de seus trabalhos. Êo caso de Cláudia Jaguaribe, que de fato tem como essência da sua atividade a experimentação. E há muito tempo. Em vez de trabalhar diretamente no computador, ela incorporou o vídeo a seus projetos com a intenção de incluir som e movimento para expressar outros conteúdos: Uso bastante a fotografia dentro dos vídeos, como foi o caso de Carandiru e Fantasia. Também faço fotos a partir de vídeos, como no trabalho Você Tem Medo do Quê . Para mim, são linguagens complementares .
Sem dúvida, o surgimento do digital provocou uma alteração de comportamento e uma modificaçãona recepção da obra. Por mais que gostemos da fotografia pura , é impossível não pensar nas inúmeras alternativas que essa nova linguagem está trazendo. Tanto na possibilidadede elaboraçãode novas imagens como na interatividade mais direta com o espectador: Essas formas híbridas vão ser cada vez mais presentes na criação de uma obra. Tudo está muito mais integrado;
quase não podemos mais distinguir as formas como são feitos os trabalhos. À tecnologia atual modificou radicalmente o nosso olhar , resume Cláudia.
É verdade. Em seu livro Histoire du visuel ou XXe siêcle, o historiador francês Laurent Gervereau faz uma divisão bastante interessante da trajetória da imagética: de 1848 a 1916, a era do papel ; de 1916 a 1960, a era da projeção ; de 1960 a 2000, a era da tela" e,a partir daí, o tempo da acumulação . Se a primeira fase diz respeito ao desenvolvimento da imprensa escrita, a segunda, à fotografia, e a terceira, ao cinema e à televisão, estaríamos vivendo agora a quarta fase, em que a internet integra tudo: imagens fixas, imagens em movimento e textos. O ineditismo não estaria no que se produz, mas no acúmulo de imagens variadas e na sua difusão: A internet mudou nosso lugar no mundo, não vivemos mais aqui e agora, mas vivemos ontem, em todo lugar e amanhã. E tudo ao mesmo tempo . A representação se tornou o nosso mundo. Cada vez mais, o espectador interage com artista. Ou passeando pela imagem = como acontece nas panreportagens -, ou sendo parte constituinte do trabalho, como conta Cláudia Ja-
guaribe: O vídeo partiu de uma enquête aberta ao público na internet, sobre seus medos. Procurei um diálogo com uma subjetividade mais ampla e que intensifitasse a discussão e sua expressão. A intersubjetividade é a base, e o resultado é uma combinação de vídeos ora documentais, ora ficcionais, e outros abstratos . Mas não é só. Aqui também existe o que se tornou indissociável do trabalho criativo atual, a pós-produção, que traz, além do que é próprio da imagem, o uso de outras formas de comunicação, expandindo nossa percepção: Uma sonorização quase sinfônica de vozes e som cria uma constante surpresa para quem está assistindo . Dessa maneira, além da produção, estamos diante da transformação da estética. Lorenzo Vilches, da Universidade Autônoma de Barcelona, afirma em seu texto Migrações midiáticas e criação de valor que a obsessão pela simultaneidade produz no espectador uma distorção na visão narrativa das imagens, tal como é o caso da imagem-vídeo. Não há tempo para esperar a cadência original da sequência de imagens que forma uma narração, tudo acontece como num mosaico em que todas as imagens podem ser vistas de uma só vez .
EE ER as Linguagem multimídia leva e : a fotografia brasileira para a França do da ficção. Um mundo onde poderemos voltara imaginar sem limites. Um mundo que está re-significando
valores e conceitos relativosà imagem. E, se para Vilches, a simultaneidade é a verdadeira aura , para Couchot o digital intima o sujeito a se redefinir .
A imagem, que se torna cada vez mais lúdica, encontra-se agora num caminho sem volta: o de se transformar. Ainda bem! O)
SIMONETTA PERSICHETTI é jornalista, mestre em Comunicação e Artes e doutora em Psicologia Social. Autora de Imagens da Fotografia Brasileira, volumes e II, e organizadora da Coleção Senac de Fotografia. Escreve sobre fotografia há 26 anos.
No dia 7 de julho, dez produções audiovisuais brasileiras (Agência Estado, Editora Abril, Cia de Foto, FNAC Brasil, Folha de S. Paulo, Fotografia do Pará, Galeria Vermelho, Pinacoteca do Estado, Revista Fotosite e Revista Trip) irão tomar conta da cidade de Arles, na França, em forma de telões espalhados pelas ruas. O evento, intitulado A Noite do Ano , integra o Rencontres D'Arles 2006, um dos mais importantes festivais de fotografia no mundo. No dia 23 de setembro de 2006, as projeções nacionais e as internacionais serão apresentadas em São Paulo, no Parque do Ibirapuera. O projeto é da Aliança Francesa de São Paulo, e tem a direção geral de Alain Arnaudet e direção artística do fo tógrafo e editor do FOTOSITE, Pisco Del Gaiso. Saiba mais sobre o festival de Arles e sobre A Noite do Ano no www.fotosite.com.br [DA REDAÇÃO]
to. apano/ne
Fotógrafos adeptos das panorâmicas se encontram no solstício para realizar Página mostra as consegiências da passagem do furacão Katrina trabalhos em conjunto sobre um tema. Projeto começou em 2004
Site só de panorâmicas feitas no mundo todo e de assuntos bem variados, Alguns trabalhos do fotojornalista francês Guillaume Dupy inclusive com imagens da Nasa liberation.f r/co
As últimas manifestações dos estudantes franceses em Paris. Acesse o site Portfólio de alguns fotógrafos que utilizam a panorâmica, e procure o termo panographies , no canto inferior direito da página inclusive o brasileiro Dudu Tresca laudiajaguaribe.com.br/medo
O mais recente trabalho de Cláudia Jaguaribe, iniciado com Um passeiopor várias cidades do mundo por meio das panorâmicas uma consulta a internautas: Você tem medo do quê?
A pergunta do personagem Tyler Durden, interpretado por Brad Pitt/Edward Norton no Filme Clube da Luta, surge na cena em que sabonetes refinados feitos com gordura roubada de uma clínica de lipoaspiração são vendidos em lojas de departamento de alta classe. O artefato produzido supera as dimensões de formatos conhecidos, ao remanifestar-se no contexto de sua matéria-prima.
Seria factível investigar práticas estéticas que se apresentam como evidência no sentido criminal?
O trabalho de Rafael Assef pode nos colocar na posição de investigadores. As atmosferas curiosas engajam o espectador em um processo de reconstrução mental a partir de suas representações. Como em um caso policial, a ação investigativa sobre as probabilidades nos aproxima das imagens, seja por estranhamento ou por sedução, e nos leva a compor e decompor evidências possíveis . Esse movimento investigatório remete ao imaginário de um laboratório criminal e seus equipamentos, na procura de pistas em circuitos por vezes fechados e por outras extrapolados dentro de um mapa. Lances de dados, detalhes de faca e corpo.
A arte nasce na INTIMIDADE? Num primeiro olhar, Rafael Assef faz uma catalogação íntima de grupos específicos ou de realidades especificas às quais ele pertence,
por Julia Rodrigues
e os retrata. É um Retrato (na acepção clássica do termo) de seu contexto social. Porém, o conteúdo das imagens não se limita aos retratados, mas permite diversas leituras ao espectador. As variações dependem da subjetividade, assim como as palavras (códigos reconhecíveis por excelência) que nos parênteses de Roland Barthes se desdobram. Frequentemente as leituras traçam e refletem a história de ações e motivações particulares.
A evidência está para a investigação como aquilo que indica a existência de (algo); descrição viva e minuciosa de um objeto, realizada com a enumeração de suas particularidades sensíveis, reais e fantasiosas pela ação do investigador.
Em contraste à realidade criminal, não se sugere aqui que, ao engajar-se no movimento de especulação e interpretação, o investigador busque evidências com a necessidade de uma definição ou conclusão. Investigar é criar links entre respostas emocionais e estéticas às idéias que surgem a partir de pistas. As fotografias de Assef nos permitem pensar essas evidências em perspectivas, não mais como idealização ou forma, mas produção ativa daqueles que as investigam.
JULIA RODRIGUES é pesquisadora de arte.
Seu e-mail é juliarodrig
Na série Mapas (2004), Rafael Assef marca em sua própria pele antigos percursos rofineiros, como 0 de casa para a escola, entre os 16 e os 33 anos de idade. No inédito Mapas de Saída (2006), o artista faz representações de seus atuais deslocamentos
Em Lâminas (2005), Rafael Assef fotografa facas de três estabelecimentos comerciais uma rotisserie, um grill e uma padaria =, ampliando as imagens, até perder o registro das formas, para revelar o metal cortante, instrumento fundamental em sua produção
As fotografi ar exposição Do Corpo à Paisagem , juntamente com trabalhos de Marco Paulo Rolla e Luiz Zerbini, em cartaz 5 até 20 de julho no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. São três individuais, com curadoria de Agnaldo Farias, que buscou na gênese das obras questões voltadas ao mundo íntimo (o corpo) e ao externo (a paisagem). Variando de intensidade, osdois territórios, objetos de interesse universal, desdobram-seem múltiplas camadas: sensoriais, psicológicas, políticas, an- tropológicas, mnemônicas etc. , afirma Farias. To)
CXpOsI Do Corpo isagem onde Instituto Tomie Ohtake, Av. Faria Lima, 201, São Paulo SP. quando até 20 de julho de 2006 visitação ter. a dom., das 1h às 20h quanto entrada franca informações tel. (11) 2245-1900
Digno [ap ER ERrEIE] Cc ie RES SER ie nvERoo ERER ice) 1998. Evento marcou o fim da [oa DEE oo (fe RCE da França, 100% digital
Quando os fotógrafos entraram em campo na abertura da Copa da França, faltavam duas horas para o início do primeiro jogo, entre Brasil e Escócia. Havia uma certa organização para o posicionamento ao redor do gramado do estádio Saint-Denis. As agências internacionaisjá estavam em campo, e os outros melhores lugares seriam de quem chegasse primeiro. Nessa hora, só não vale dedo no olho. Eu já tinha entendido isso na final da Copa anterior, nos Estados Unidos, quando fiquei tão espremido entre dois colegas que tínhamos de virar nossas 400 mm (teleobjetiva comumente usada na cobertura de Futebol) simultaneamente na mesma direção, para não batermos uns nos outros. Por sorte, um desses companheiros de aperto era o veterano Pedro Martinelli, que dizia, percebendo a premência da minha quase incontrolável histeria: Calma, coloquei a bolsa aqui no banco, quando tirá-la vamos ter mais espaço . Para mim, esse foi só o primeiro sinal da existência dos deuses do futebol, naquela tarde no Rose Bowl, Não sei por que fui parar na cobertura de duas Copas do Mundo. Não sou exatamente o que a gíria define como um boleiro. Conheço apaixonados por futebol que dariam muita coisa para ir a uma Copa, mesmo que voltassem fisicamente combalidos e emocionalmente torturados, mas certos de que não tem valora emoção de estar dentro de campo, no centro do mundo, capturando as
ARS io
Fotógrafos durante um dos jogos da seleção brasileira na Copa da França. Transmissão de dentro do campo ainda era restrita às grandes agências
imagens que todos querem ver, ouvindo o som do chute e o grito de gol da boca do jogador. O coração vem na garganta.
Mas voltando a Paris consegui um lugarzinho razoável na linha de fundo, à esquerda do gol para onde o Brasil atacaria no primeiro tempo. O jogo ainda não começara e dois fotógrafos, que não falavam a mesma língua, brigavam por causa de espaço, bem do meu lado. A discussão ainda era a mesma aos cinco minutos de jogo, quando Bebeto cobrou um córner e César Sampaio entrou meio de ombro e fez o primeiro gol. Ele saiu correndo na nossadireção para comemorar e, por sorte, eu estava com uma 80-200 mm na outra câmera. Deu pra fazer tudo. Quando olhei para o lado, os dois debatedores estavam calados, um olhando para a câmera e o outro apoiado no monopé, pensando, imagino, no que estavam fazendo enquanto os jogadores corriam e se abraçavam a menos de quatro metros.
Perder uma foto, o momento, não é apenas algo muito chato: é destruidor. Mas numa cobertura de Copa isso tem que ser minimizado para que não se enlouqueça, porque o estresse leva as emoções para o espaço. A produção, que deveria ser avaliada por pontos corridos, no dia-a-dia é um tremendo mata-mata, um Corinthians e Palmeiras sem juiz. O jogador leva a mão à coxa no treino, e essa pode sera notícia do dia. A noiva da estrela é vista jantando com outro e essa pode ser a notícia da Copa. A imprensa, que tem de ser alimentada diariamente, precisa achar matéria-prima. Por bem ou por mal, a notícia sai.
Entre um treino e outro nos Estados Unidos, Antônio Gaudério, na época um estreante em Copas como eu, comentava as agruras do dia. Quando essa tecnologia que utilizamos hoje engatinhava (já tinha a Photolinx, da
Associated Press, que era um laptop acoplado a um scanner, mas nessa época nem sabíamos o que era um laptop), a gente revelava filme em qualquer banheiro (para ser mais rápido, alguns o lavavam com a descarga do vaso), batalhava por uma linha telefônica para conectara transmissora, que passava fotos coloridas em três lâminas com sete minutos de transmissão para cada uma, carregava dez quilos de equipamento e dirigia carro automático em uma cidade estranha. Gaudério reclamava: Ea gente ainda tem que ter uma foto em foco! ,
Ainda hoje o fotógrafo é um pouco faz-tudo . Tem todos os adaptadores de tomadas possíveis, cria alternativas de logística, planos B e C, não pode perder o vôo e a foto ainda tem que estar em foco. Aliás, considerando tanta competição ao redor, pobre do fotógrafo que perder o foco. Etem outra coisa: com o encurtamento do processo de produção e edição, ele hoje é ainda mais responsável pela imagem que você vê publicada. Cobertura de Copa do Mundo tem isso: não é para todos. Se tudo isso vale a pena?
Ora, não é disso que vivemos?
MASAO GOTO FILHO (foto feita durante a Copa dos EUA em 1994) é editor de fotografia do jornal Diário do Comércio, de São Paulo, e escreve mensalmente no FOTOSITE. O e-mail dele:
[SAI E jo tap ER jg estréia do Brasil na Copa da Alemanha. CELA SS de CR LeSS] de fotos desde o gramado custa 55 euros por partida. Na imagem menor, fotógrafos ip luR AR e pag ERREI marcados acabaram com o empurra-empurra
Copa da Alemanha, 2006: acabou o empur-
ra-empurra. Os lugares dos Fotógrafos s sdo marcados e as fotos são transmitidas direto do gramado, por conexões semfio. Jo ZM dido: Mas a vida de Fotógrafo continua dura... BM ; EN) <m
Fotógrafo em Copa do Mundo não tem moleza, a rotina é viagem e jogo, viagem jogo. Claro, depois temos que transmitir tudo. Não se engane, ninguém está insatisfeito aqui, é a vida que pedimos a Deus. Copa na Alemanha
repete o esquema que já foi usado na Copa da França. Estádios espalhados pelo país, ligações entre as cidades feitas por trem-bala. Tudo funciona. Nos jogos, temos que chegar bem cedo, checar nosso nome na lista e pegaro ingres- tentam entrar nos jogos. Transmissão de fotos está fácil, pelo menos por enso que dá acesso ao campo. quanto. Há conexões semfio e cabo,do gramado e dos centros de imprensa. Pela primeira vez, está sendo usado na Copa um esquema de entrada de Tudo caro, pagam-se 460 euros pela Copa toda, ou 55 euros por cada jofotógrafosque já foi utilizado na Copa das Confederações, aqui mesmo na Ale- go com conexão dos gramados. No jogo de Portugal e Angola, a rede dogramanha, ano passado: recebemos nossos ingressos de acordo com priorida- mado corrompia os arquivos renomeados com letras.Só se salvavam os arquide, e em seguida escolhemos onde queremos sentar, num mapado gramado.Es- vos nomeados com números. se lugar é seu e ninguém tasca. Acabaram o horrível empurra-empurra eas co- Nesta terça-feira, 13 de junho, partimos para Berlim. Meu colega, Aletfoveladas na hora de tentar um lugar no campo. xandre Battibugli, está quase full-time com oBrasil. Temos a sorte de poder Está mais civilizado, podemos entrar com tranquilidade, colocar nossas cobrir outros jogos - vida de treinos e só seleção brasileira é muito chata. Pal coisas, testar linhas e tudo o mais. Para que se entenda, a Fifa dá prioridade de entrada de acordo com a importância da sua seleção no jogo em questão, no Mundial em sie até na História. Depois entram outros fatores, que passam até pela importância que a Fifa dá ao veículo onde você trabalha. Como sou da revista Placar, tenho muita facilidade, recebi bilhetes na maioria dos jogos que
RICARDO CORRÊA (foto feita na Copa da solicitei e todos para o gramado. À concorrência é desumana com os outros paí-
Re França em 1998) está na sua terceira Copa do Mundo ses. Temos centenas de fotógrafos alemães, estes sempre têm prioridade. 2 e já cobriu quatro Olimpíadas pela revista Placar. Os japoneses parecem estar todos aqui, tamanha a quantidade dos que BM so Seu e-mail é
O livro, uma das melhores maneiras de publicar um trabalho fotográfico, sempre foi uma coisa para poucos.
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Enfim, um dia isso ia acontecer. Não, não é o que muita gente pensa, isso acontece, ou melhor, aconteceu e não me lembro quando, ainda bem. Mas o que escrever? Fico olhando para a tela branca aqui do programa de texto e nada me vem à cabeça. Não vou falar da incompetência presidencial, da desfaçatez do poder público, da violência nossa de cada dia, dos impostos absurdos, da corrupção endêmica e atávica dos políticos, da total falta de perspectiva e dessa bomba-relógio social a que estamos plugados com fios verdes e amarelos... Ah! Tem a Copa do mundo, wow! Bem, sempre achei que futebol é acima de tudo - business, daí não me chame para gastar minhas suadas pratas em decoração de rua ou nesse patriotismo de meia-tigela que ocorre de quatro em quatro anos. No máximo ver o jogo na TV, e olhe lá. lh, o cara tá azedo hoje. Estou, endosso aquela música do Bob Geldof, hate mondays. Mas estamos numa revista de imagem e fotografia, então falemos dela, a fotografia, substantivo feminino. Se
você é fotógrafo, faça o seguinte experimento: pegue uma pessoa
(gente é melhor, sempre) e faça a mesma foto isso mesmo, A
ma pose, fotometria, luz, aquelas coisas num fundo preto, e de pois num fundo branco. São duas fotos totalmente diferentes. As-
sim como na página - do computador ou da folha sulfite =, a superfície branca não perdoa, não disfarça, aceita tudo. É isenta e impassível. Tem a dimensão do vazio, a expressão de um nada em que tudo pode ser feito, um rastro de sangue na neve ou uma moto a mais de 300 por hora no deserto de sal, em Utah. É fantástico o poder que o branco tem. Uma idéia sem graça fica mais sem graça e uma luz boa tem que ser boa, é um suporte de extremos. O branco aceita tudo. Até uma coluna sem nenhum
ANDRÉ ARRUDAé fotógrafo carioca e cronista nas horas vagas. Para a EN acharo cara:
O que é este ofício da fotografia que, à medida que envelheço, mais se aproxima da música? Firmo personifica essa analogia. O improvisador, o natural, o olho. À voluptuosa presença das cores, notas em harmonia que atravessam, rondam, revestem e animam as imagens, até que o ato fotográfico se torne si próprio, o fim.
Quando convido alguém para posar para mim é como se eu dissesse: Venha, quero te conhecer . Uns convidam para uma xícara de chá ou café, outros, para uma viagem a um país distante. O fotógrafo determina que o objeto de sua curiosidade pare, congele, mexa a cabeça ou sacuda o cabelo, olhe ou não olhe, sei lá mais o quê. Tudo em nome da busca. E, com esperança disfarçada e atitude blasé, nutre-se da mais profunda fé e desejo de que, numa expiração distraída, diante da câmera, seus pulmões inad-
vertidamente exalem um vislumbre de sua alma e o retrato se realize. A poesia é o subproduto do documental. Se a beleza, esta que chamamos de poesia, está nos olhos de quem olha ou nas coisas elas mesmas, é ao mesmo tempo inútil e sem sentido se tentar descobrir.
Depois do retrato, acompanhei Walter pela escada de ferro do meu estúdio. A escada, recém-pintada de azul turquesa, reluzia ao morno sol de outono paulistano.
Alguma coisa com aquela cor que vibrava, o som das nossas pegadas no ferro ou a amizade que nascia' entre nós despertaram o músico/fotógrafo. Firmo estancou no quinto degrau e me ordenou: Fique aí para uma foto , enquanto retirava sua velha Nikon da bolsa. Eu, aturdido e dominado, pensei: acho que ele também quer me conhecer...
WALTER FIRMO foi retratado por MARCIO SCAVONE [ms&Bmarcioscavone.com.br] especialmente para esta coluna
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