ligue 0800 015 8000. ão de crédito. O livro será entregue em até 30 dias após a confirmação do pagamento. Assinatura e promoção sujeitas o que ocorrer primeiro. Essa assinatura faz parte do serviço de renovação automática. Para mais informações, *Promoção válida para assinatura de segunda a domingo com pagamento à vista ou parcelado em até 6x no cart à abrangência de distribuição do jornal. Oferta válida até 31/12/2006 ou até o término do estoque do brinde,
Assine a Folha por 6 meses EE dE Tudo que aconteceu de mais importante no mundo desde 1921. |
FOLHA DE S.PAULO
Doneme, De muvo042066
CPIquebra sigilo de fundos
Primeira Página, o livro com as 223 capas mais TIROS do maior jornal do Brasil. Assine a Folha por 6 meses e ganhe.
Assinante Folha tem desconto especial na compra do livro Primeira Página. Ligue para (11) 3224-3090 (Grande São Paulo) ou 0800 775 8080 (demais localidades) e peça já o seu.
W/Brasil
FIM É SÓ O COMEÇO
A ILFORD ESTÁ AQUI PARA PROVAR QUE O FILME NÃO ACABOU. ESTAMOS APENAS COMEÇANDO. OU RECOMEÇANDO.
ENQUANTO PROFISSIONAIS, ENTUSIASTAS E AMADORES PREFERIREM A QUALIDADE, A GRADUAÇÃO DE TONS E O CONTRASTE QUE APENAS O FILME PERMITE, A ILFORD CONTINUARÁ SENDO A ESCOLHA DOS MELHORES FOTÓGRAFOS DO MUNDO.
NÃO LIMITE SUA CRIATIVIDADE ÀS PREVISÕES.
REPRESENTANTE OFICIAL NO BRASIL: MARINHO COMÉRCIO LTDA. (11) 5052.1206 e INFOGMARINHO.COM.BR
REVENDEDORES AUTORIZADOS: CONSIGO (11) 3214.2660 é WWW.CONSIGO.COM.BR CAPOVILLA (11) 3038.0000 e WWW.CAPOVILLA.COM.BR
editorial ilustrado
Para ler o conteúdo desta edição na internet, acesse www.fotosite.com.br e clique nesta marca: ta Ao abrir a página, digite a senha: colecione
DOU-LHE
UMA! Esta edição de número 14 da FS traz, entre outros temas interessantes, uma matéria especial sobre colecionismo de fotografias. Nunca é demais atentar para o fato de que a fotografia vem ganhando espaço na vida das pessoas. Não me refiro aqui às pessoas diretamente interessadas nessa arte como fotógrafos etc. , falo de gente comum, que tem algum apreço por arte e disposição para lotar um bar numa noite chuvosa (o bar MadDá, palco de um leilão de fotografias que aconteceu em setembro, em São Paulo) para adquirir uma obra fotográfica. Embora o digital tenha trazido problemas na mesma medida em que trouxe soluções aos fotógrafos, o fato é que, se olharmos para além dos nossos umbigos e fotógrafos têm uma relação muito complicada com seus umbigos =, veremos que o universo imagético das pessoas vem se ampliando rapidamente graças ao contato diário com imagens de toda ordem, fenômeno contemporâneo que não deixará as coisas como estão. Esse leilão ligou as antenas de todos os envolvidos para a possibilidade real de repetir a dose anualmente e, quem sabe, com maior frequência até. Restam apenas algumas dúvidas, entre elas se um leilão independente e sem fins filantrópicos teria a mesma repercussão. As galerias que representam fotógrafos abririam mão de seus autores por uma noite, entendendo que ganhariam com isso a longo prazo? Como sofisticar a organização sem perder a informalidade e sem que o negócio deixe de ser convidativo para qualquer bolso? Quais seriam os critérios de seleção dos autores? Que fotografia, afinal, está sendo vendida como obra de arte? Nas páginas da FS (ver matéria na página 36), nas Semanas de Fotografia ou nas páginas virtuais do Fotosite, que no mês de setembro bateu a marca de 50 mil usuários distintos, essas e outras dúvidas devem ser respondidas. Dou-lhe duas...
Boa leitura!
FOTO DA CAPA: No ensaio "Fantasia de Compensação", Rodrigo Braga constrói uma nova identidade para si, utilizando a fotografia associada a recursos digitais
r +. Bob Wollheim
SIXPIX marcelo Candido de Meto Pisco Del Gaiso DJ vryrwsixpix.com.br
Braga, Maria Joaquina, Marcio Scavone Esta Jungbluth flaviaOsixpix.com.br Fin
ter Flávia Lelis flavialelisGfotosite.com.br Revisão Tuca Borba ando Costa Netto, Fernando de Tacca, Marcelo Reis, Paulo Vitale, Rodrigo a ar Ócios Adriana Bortolotto adriana Osixpix.com.br E de negócios Flávia on dos Santos andersonGQsixpix.com.br Se Ari Marinhei Av. Mofarrej, 2º ado Secretária Ariane Stipp Exp Leonardo Marinheiro rrej, 1.200, 2º andar B, Complexo Empresarial Bic, Vila Leopoldina, CEP 05311-000, São Paulo, SP, Brasil Tel/fax: 55 11 3641-2656 Nas lojas Fnac (São Paulo, Rio de Janeiro, Curiti li Caen ba, Brasília Campinas, Somente pelo site www.fotosite.com.br, onde tudo
Estúdio Chico Design D Chico Max, Cacau Lamounier e Alexandre Roque wyrw.chicodesign.com.br a opinião
METADADOS32 MUNDO-CÃO48 RETRATO
SCAVONE 66
cartas
PodCast
Agradeço e parabenizo pela iniciativa de disponibilizarem áudio a palestra proferida na Semana de Fotografia. É ótimo para quem, como eu, não pode estar no evento, pelo tempo e distância, poder ter acesso ao seu conteúdo. Espero que a iniciativa prospere. Valeu!!!
Eduardo Kapps
Fotógrafo, Rio de Janeiro-RJ
O Fotosite está empenhado em repetir a dose, já foram inúmeras as cartas e comentários positivos sobre o assunto. À terceira edição da Semana Epson Enac/Fotosite da Fotografia acontece em abril de 2007. Fique ligado!
Sorte nossa!
Sou assinante da revista Fotosite. A revista no novo formato está excelente!!! Parabéns para toda a equipe!! Os artigos são de alto nível! Sorte nossa poder contar com uma revista brasileira, de fotografia, de alta qualidade!
Regina Lo Bianco
Fotógrafa, Nova Friburgo-RJ
A equipe Fotositeana agradece em coro! Valeeeeeeu!
Direto de Petrolina
A Revista Fotosite já era boa. Agora ficou 1000% melhor. Esse projeto gráfico
transformou a FS. Parabéns ao meu xará Chico Max e a sua turma. Belo layout, conteúdo e fotos. Compro a revista desde o primeiro número. Acho que aqui na região do Vale do Rio São Francisco (Petrolina-PE, terra de Geraldo Azevedo e Juazeiro-BA, terra de João Gilberto), somente eu conheço a FS. Abraços e sucesso com o novo formato.
Francisco Lopes Filho
Agrônomo e fotógrafo amador, Petrolina-PE
Caro Francisco, nossa missão agora é descobrir se há de fato mais um leitor da FS aí pelas suas bandas. Quem se manifestar, leva uma edição de brinde!
VIRÃO
Entrevista
pra] Rio Branco
Em
entrevista exclusiva, Miguel Rio Branco expressa sua revolta com o estatuto da burocracia dominante e os mecanismos corruptos
que avalizam a arte mentirosa
por Érica Rodrigues fotos Miguel Rio Branco
o escritório-ateliê do entrevistado, a bassê Pretinha pede colo e é doNeiment atendida pelo dono, o criador de imagens fortes cujos olhos, nestes quase 40 anos de oficio, estiveram voltados para a realidade mondo cane dos desgraçados e deserdados do mundo, seja por meio da potência inventiva da pintura, da fotografia ou do cinema
Genioso, reservado e inacessível dizem , Miguel Rio Branco desafina o coro do senso comum nesta conversa, em seu apartamento no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, a algumas horas da abertura de sua exposição Por Baixo dos Tubarões . Antes de ligarmos o gravador, ele mostra algumas placas de circuito de computador que serão utilizadas numa futura instalação. Também exibe a maquete da exposição Out of Nowhere , em cartaz no Groninger Museum [www.groningermuseum.nl], na Holanda, e um dos múltiplos criados a pedido desse mesmo museu, um charmoso art folder com livro, DVD, uma fotografia impressa em cerâmica e outra em voile No fio da navalha entre o apuro calculado da imagem e a pura densidade emocional, o artista retratou, em sua vasta obra, do Pelourinho aos cortiços de Havana, da academia de boxe na Lapa carioca aos circos periféricos, longe de um Soleil de altas rodas. Em cinema, entre seus vários filmes, documentou os prostíbulos baratos de Salvador em Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno, e, fazendo a direção de fotografia de Uma Avenida Chamada Brasil, rodou, juntamente com o cineasta Octávio Bezerra, os 53 quilômetros da Avenida Brasil, no Rio, a bordo de um carro com rádio de polícia, flagrando assaltos, o tráfico e a atuação de esquadrões observando a vida local, enfim, como uma metáfora do país Nesta entrevista, Miguel Rio Branco fala de sua carreira, da relação com Sebastião Salgado e Mario Cravo Neto, de arte, fotojornalismo e cinema. Em palavras cortantes cujas incisões, a bem da verdade, até contrastam com uma certa candura no gesto e na voz a expressa sua revolta com o estatuto da burocracia dominante e os mecanismos corruptos que avalizam uma arte mecanicista e mentirosa, e propõe uma luta inteligente, não armada ou demagógica, contra o ranço cultural e os problemas sociais e educacionais do país. Ideal talvez herdado do bisavô, diplomata cuja mão habilidosa riscou grande parte do mapa do Brasil, resolvendo conflitos territoriais com a caneta no lugar de espadas >
Espuma dos Dias
Gostaria que você falasse um pouco da sua formação e do período inicial da sua carreira, nos anos 70, quando,já pintando e fazendo cinema, escolhe a fotografia como meio de expressão...
Comecei minha trajetória como pintor autodidata. Depois, cursei fotografia no New York Institute of Photography. Considero também parte da minha formaçãoo filme Pindorama, do Arnaldo Jabor, cujo diretor de fotografia era o Affonso Beato. Trabalhei nesse filme fazendo still. Nessa mesma época, já fazia minhas fotografias em preto-e-branco e cor, mas ganhava a vida com fotografia para cinema. Você não tinha uma produção fotojornalística nessa época?
Não considero fotojornalismo as imagens dos anos 70, porque não foram publicadas em nenhum jornal, em nenhuma revista. Nessa época, eu fazia muita fotografia em preto-e-branco, o que acabou resultando na exposição
Negativo Sujo que não é bem fotojornalismo. Ela tratava de temas que são de documentação, mas já existia uma outra construção. A própria paginação do trabalho era como um bloco de anotações, havia ali uma preocupação gráfica. A questão do documento, das imagens feitas sobretudo no sertão da Bahia, tinha uma conexão com ouniverso jornalístico, apesar de elas nunca terem sido publicadas em revistas jornalísticas. Meus trabalhos ligados ao fotojornalismo eram muito mais ensaios,já em cor, que foram publicados em revistas como a Geo e a National Geographic, que eram revistas onde se podia contar um pouco mais uma história. Mas não quer dizer que essas histórias acabavam bem contadas, porque eu não tinha controle sobre a edição desse material. Quando você entrou para a Magnum? Qual é sua ligação, hoje, com a agência?
Minha ligação com a Magnum começou em 1978. Eu fiz um trabalho de documentação para eles. Em 1980, eles viram meu trabalho sobre o Pelourinho e me transformaram em correspondente. Em 1982, eu estava morando em Paris e fiquei nomeado durante dois anos. Depois fui efetivado e voltei a ser correspondente. Acabei adotando uma postura em relação à Magnum que é de distribuição de imagens, somente para certos projetos culturais. Eu nunca fui uma pessoa de jornalismo, apenas fiz alguns projetos editoriais diferenciados. Senão, cai-se sempre no clichê. O ser humano
tem uma tendência a cair sempre no clichê, É a burocracia dominante. Aquela coisa que nunca evolui. O poder não quer a evolução. As experiências que eu tive com fotografias publicadas na minha vida no começo dos anos 80, quando eu ganhava também a vida assim, tentando fazer histórias que interessavam para revistas na maior parte das vezes não funcionavam, porque a edição era péssima, a paginação era péssima, tudo era péssimo. Então ficava tudo uma porcaria. Caía sempre nos clichês.
Por que você acha que fotografias jornalísticas ou documentais estão indo parar nos museus?
Elas vão parar no museu, mas tem de se perguntar o porquê. Muitas dessas documentações não trazem nada esteticamente. Em termos de viagem emocional, também não trazem nada. Deveriam ser colocadas num acervo particular de imagens para se fazer uma análise antropológica ou sociológica. É uma outra história. Mas há imagens dessas que ultrapassam a primeira utilização. Há imagens que têm uma espécie de força própria. O que não se pode nunca é sistematizar. O homem tem que saber escolher. O critério é essencial.
O trabalho da Claudia Andujar com os ianomâmis surgiu como pauta para a revista Realidade, extrapolou o documental, e a atuação dela, livre das amarras da objetividade, a levou para a experiência no campo artístico. Ela está nesta Bienal de São Paulo...
A Claudia tem um aspecto político e social muito forte na obra dela, ligado especificamente aos ianomâmis. É uma obra grande, fixada ao redor de um tema, e esse tema se identificou com ela mesma. Mas Claudia está retransformando as suas imagens.
A história do jornalismo brasileiro dirá Claudia é nossa e a história da arte contemporânea no Brasil dirá Claudia é nossa ...
A Claudia é dela mesma... Não é nossa, ou deles... É da arte e do jornalismo, talvez...
Paradoxalmente, a fotografia, que surgiu para reproduzir a realidade - seu aparecimento vai inclusive liberar a pintura dessa obrigação -, é infiel por natureza, e isso lhe dá uma potência ficcional... Seu trabalho caminha mais nesse sentido da construção de novas realidades. É isso o que lhe interessa?
no Deserto
x 240 cm
A fotografia surge para ser uma representação pictórica da realidade, mas eu acho que não existe documentação objetiva, a menos que seja uma documentação policial talvez essa seja a mais objetiva possível. A fotografia e a documentação acabam hoje em dia se enfiando em questões perigosas nesse aspecto do controle de situações. Agora, eu vejo a fotografia como um pedaço de realidade que eu transformo. A transformação que eu faço é pela conexão de imagens para criar uma nova idéia. Isso é até uma coisa antiga, que vem da colagem, vem do cinema, vem da poesia, de você juntar pedaços de palavras... Uma das exposições que eu fiz agora se chama Dislecsia por trazer essa questão. Você junta pedaços da realidade e os transforma em algo rico em termos de informação emocional, de informação pessoal.
O fato de você ter morado em tantos lugares pelo mundo influenciou a sua maneira particular de enxergar o Brasil?
Acho que não necessariamente. É claro que, no momento em que você fica impregnado de várias outras culturas, você não fica com uma cultura só brasileira. Eu via a cultura brasileira a partir das embaixadas, onde você tem uma espécie de relacionamento com um Brasil ideal, do carnaval, da música, de uma cultura generosa que continua existindo. Em 1969 e 1970, eu comecei a viajar mais pelo Brasil, eaí fui ver o que era o país mesmo. Aí começam os problemas também, de querer reagir a uma série de situações que não mudam. E você fica querendo que mudem. Para mim, uma sociedade tem que ter interligação de culturas e o mundo não está conseguindo ver isso direito. Aqui no Brasil existe essa interligação um pouco maior, mas a gente tem um desnível social que pode destruir tudo. Nos países mais desenvolvidos, apesar da riqueza, os problemas culturais são convites terríveis ao desastre.
Você nasceu nas Ilhas Canárias...
Nasci nas Ilhas Canárias porque meu pai era diplomata e estava em posto. Aí viemos para cá, daqui fomos para a Argentina, da Argentina para Portugal, de Portugal voltamos para cá, daqui para a Suíça, da Suíça para Nova York... Aí eu já tinha acabado o ensino básico. Mas minha família toda é brasileira. Na enciclopédia Larousse brasileira [no verbete sobre o fotógrafo], saíram Rio e Branco separados. Ficou assim: Branco, Miguel da Silva Paranhos do Rio: fotógrafo espanhol especializado em questões sociais . Quer dizer: não dá, né? O presidente Castelo Branco também estava em Branco , não estava em Castelo Branco É uma ignorância terrível. O nome Rio Branco" vem de José Maria da Silva Paranhos Júnior,o Barão do Rio Branco [bisavô do fotógrafo], e do pai dele, o Visconde do Rio Branco. Na verdade, o Rio Branco não deveria existir como nome, mas o barão adotou e ele permaneceu. Quer dizer, se a Larousse brasileira coloca um erro que não havia na Larousse francesa, a gente está mesmo mal das pernas em relação à educação básica. >»
Tubarão
Voltando um pouco ao cinema: fale um pouco do início de sua produção. Amera de um filme chamado A al JB [Festival do Curoi mais ou menos na mesma época em que 1a, eu comecei em 1968, como Jaulalde J Carlos Góes], que participou do Fe
A luz dos trópicos é um aspecto debatido na fotografia de cinema... Essa procura por uma maneira particular de olharmos para nós mesmos: afinal, a fotografia de um filme deve refletir a geografia, a realidade social... sso deve sempre nterpretativo. Você tem sempre que interpretar a realidade. Inclusive, se você ficar elucubrando muito sobre o que é a luz ideal ticista. Para mim, não interes- dos trópicos, pode acabar sendo muito est tir o que éa luz ideal dos trópicos... Agora, a luz do ser- sa realmente disc tão é uma luz especial, é óbvio. O Luís Carlos Barreto fez a fotografia de Vidas Secas pensando ne a questão.
Waldemar Lima conta que, em Deus e o Diabo na Terra do Sol, ele fez a fotografia propositalmente estourada, mas que o laboratório corrigiu. Então, há momentos do filme que ficaram da maneira como ele imaginou e como o Glauber Rocha queria, e há momentos em que não. É, mas o laboratório não tem que decidir nada, ele tem que fazer o que você quer. Se o diretor quer uma coisa, e o diretor de fotografia quer a mesma coisa, o laboratório tem que fazer o que eles querem. O que pode existir, sim, é uma imposição do produtor.
Walter Carvalho chama a padronização visual do cinema de modelo civilizatório da imagem , ditado pelos americanos. Se bem que, se existe esse padrão, é porque existe a aceitação do outro lado, não? É, nesse caso acredito que há uma imposição, mas não americana, e sim de um modelo publicitário. O modelo americano você vai seguir se estiver fazendo um filme em queo diretor chegue para você e diga eu quero uma fotografia igual à daquele filme americano E aí você faz se quiser. Você tem direito de reagir a uma imposição não pegando o trabalho. Eu ontem vi Babel, do Alejandro González lfaritu, que é maravilhoso. Ele fez o que bem entendeu. Num filme, ou em qualquer trabalho, não dá para aceitar esse tipo de imposição. É a mesma coisa numa exposição. Se o curador começa a querer fazer da cabeça dele, e você vê que não é a sua cabeça, você esquece o curadore está fora. Eu às vezes falo certas coisas e vai haver pessoas que não vão gostar, porque eu acho que, na questão da arte, não dá para fazer média. Se você consegue um financiamento grande, mas não consegue impor o que você pensa, está se vendendo mal.
E circuito das instituições das artes visuais, não está viciado no Brasil? Não é no Brasil. É uma coisa geral, ligada às artes plásticas mundialmente, e isso vem dos Estados Unidos. Eles são os grandes vilões numa porrada de coisas, inclusive nessa área cultural. Um leilão da Sotheby's de arte contemporânea, hoje, é um Walt Disney perverso e incompetente. Incompetente porque o Walt Disney era um puta produtor de desenho animado. Hoje em dia, tem umas porcarias com uma especulação quase imobiliária em cima. É a decadência do império. É realmente a decadência do império. A gente tem que ter consciência disso e lutar contra. Agora, nãoé lutar que nem o [Hugo] Chávez, fazendo demagogia. É uma luta inteligente. Não adianta querer entrar em confronto com um país que tem um poder de destruição gigantesco, e que está usando esse poder de uma forma absolutamente desastrosa, perversa.
Como você analisa esse crescimento da fotografia no mercado de arte nos últimos cinco anos?
Essa valorização tem seus prós e contras. Porque uma boa parte dessa valorização está relacionada a artistas entre aspas que usam a foto-
grafia de uma maneira conceitual, e muitas vezes esses caras não são realmente artistas. Eles têm uma galeria potente por uma idéia básica interessante, sabem fazer um discurso. O curador também faz um discurso, e aíeles são colocados nas bienais, o que lhes dá uma espécie de aval. Então, virou um grande comércio mesmo. A valorização da fotografia nem é muito real. É bom que haja um comércio disso, mas você tem que ver o que é verdadeiro e o que é falso.
Há essa valorização dos artistas que usam a fotografia para registrar performances, mas também existe a valorização da fotografiafotografia , não?
O problema é que o mercado de arte valoriza mais uma Cindy Sherman e menos um Brassai, um Weston, esses caras fizeram fotografia-fotografia e tinham uma estética pessoal importantíssima. Cindy Sherman não passa de uma travesti que se fotografa de uma maneira completamente careta, sem o menor requinte visual. O que ela é? É uma performer. Então, pô, pelo amor de Deus, né? Vale uma baba, entendeu? Ou então um Andres Serrano, que faz uma fotografia publicitária sem nenhum aporte estético. O conceito dele, qual é? É um conceito de publicidade que usa a religião, o sexo e a morte para se promover Não existe ali uma reflexão. Eu acho isso sem ética alguma. Hoje vemos que qualquer tipo de criação humana, com qualquer técnica ou suporte, pode ser lido ou interpretado como arte... Mas a técnica tem que importar. Não é todo mundo que tem um cérebro e um olho conectados e sabe usar esse potencial. Quando uma pessoa sabe pintar, ela sabe pintar, é capaz de fazer uma tela. Tem que saber as técnicas. Eu acho uma picaretagem gigantesca a pessoa achar que só uma idéia basta para fazer um bom trabalho. Sobretudo, porque a maioria das idéias que eu vejo por aí se esfarelam. Você vê uma vez e esquece. Mas também existe um outro lado, que é o da fotografia-fotografia , de quem acha que tem que ficar só na questão das câmeras, na questão técnica. Eu, como acho que pertenço aos dois lados e a mais alguns, não tenho
No posfácio do livro Miguel Rio Branco, Lélia e Sebastião Salgado die tipo de problemática zem que você usa a cor como um pintor e a luz como quem faz cinema , Talvez seja o encontro dessas múltiplas linguagens o que dê à sua fotografia uma natureza única?
E, eu acho que é uma boa frase, mas essas boas frases não dizem tudo. Agora, sobre esse livro: eu o considero mais um ca álogo. Eu tentei fazer esse e vários outros livros com o Michael Hoffman, da Aperture, e não deu certo, porque ele queria fazer todo livro junto... E acabou não saindo. Depois publiquei a obra aqui, acho que está legal, mas meus melhores livros são Silent Booke Entre os Olhos, o Deserto.
Mas a sua fotografia é resultado desse somatório de linguagens?
Acho que é cinema, pintura e música. A música tem uma corrente, ela vai criando um envolvimento emocional. Não fica aquela questão da imagem única. Quando várias linguagens se juntam, para mim é mais interessante. Você liga a fotografia a outras experiências sensoriais, e essas junções vão criando um discurso...
É assim que eu consigo alcançar mais idéias, sem ficar naquela de fazer uma coisa só. A imagem única para mim não vale nada... Aquela que precisa de alguém dizendo o que é, por que você fez.. Se você precisa de alguém para dizer o que você está fazendo com aquela imagem, para mim não vale nada. Eu sou um artista audiovisual.
As pessoas têm mania de compartimentar a criação, e deixar tudo fragmentado e rotulado para pôr na prateleira...
E, fica cada um no seu cantinho. Isso aíé mente do Estado burocrático, da sistematização. No Noorderlicht [festival holandês de fotografia], fiz essa exposição chamada *Dislecsia!, e fiquei chocado em ver que todos os autores [do festival] entram para um livro, cada um democraticamente colocado >
Tubarão
em quatro páginas. Eu já participei duas vezes de um negócio desses, e aí percebi que eles fazem isso sistematicamente. Vira uma coisa entediante, burocrática, sem coragem de assumir escolhas próprias. O curador tem que ter coragem de assumir a coisa própria, não pode ficar fazendo só política ou fazendo média, que é o que está acontecendo demais. Qual é sua ligação com Sebastião Salgado?
Eu conheci o Sebastião quando ele ainda estava na Magnum. Eu não era membro ainda e a gente se encontrou, acho que em 1980, ou em 1981, por aí. Ficamos amigos. Ele foi evoluindo em outra direção e, hoje em dia, além de seus projetos fotográficos, voltou-se para a questão da ecologia, do reflorestamento. Ele sempre foi um ativista, engajado. É um trabalhador nato, trabalha pra caralho.
E com Mario Cravo Neto?
Conheci o Mario Cravo quando cheguei em Nova York, mais ou menos em 1970. Ele tinha um trabalho em preto-e-branco e fazia esculturas. A fotografia dele tinha uma coisa escura que me fascinava muito. Diria até que ele teve uma certa influência no meu trabalho, naquela época. O Mario tem uma coisa inquieta... Tem uma obra bem vasta, com vários tipos de ação... O Sebastião tem uma obra importante de uma forma. O Mario, de outra. Talvez Mario e eu estejamos mais próximos, no âmbito da experiência criativa. Mario esteve aqui na semana passada [21/09], lançando exposição. Vocês se viram?
Eu estive com ele. Não vi a exposição dele ainda, porque estava armando a minha. Eu fui casado com a irmã dele. Enfim, é uma pessoa da família É óbvio que a gente se distanciou, porque ele está lá na Bahia e eu aqui. O Mario também faz junções de imagens antigas com atuais epropõe novas leituras... Vocês já conversaram sobre isso?
É, acho que isso é porque a gente está ficando velho... Mas nunca falamos sobre isso.
É o Zeitgeist, o espírito do tempo [pensamentos em comum de pessoas que vivem na mesma época em lugares diferentes]?
Vamos ficando mais sensatos, essas coisas acabam se estabelecendo
is vs ND AN NS ABRE AO NBA RA ASAS NR QRO AAA RNRAR RA ds ra
naturalmente. O Sebastião é uma exceção, ele continua aí, pegando tudo que é avião, fotografando tudo que é canto do mundo. O Mario não tem mais essa vontade porque tem um trabalho mais interiorizado. Eu também tenho um trabalho mais interiorizado. Nisso a gente tem uma conexão. Numa entrevista recente à revista Trip, Mario diz que vocês se gostam muito, apesar de você ser complicado, de difícil acesso e um pouco agressivo . Como você o descreveria?
Eu o descreveria da mesma maneira [risos]. Ele também é fechado, também é de difícil acesso apesar de às vezes não parecer , e pode ser muito agressivo também. Só que, por princípio, eu sou mais agressivo do que ele [risos]. Eu acho que tenho uma postura mais revoltada com relação à sociedade. Talvez pelo fato de ter vivido em sociedades diferentes, eu sempre acho que as coisas poderiam ser melhores. Outro dia eu estava em Paris, e um cara árabe, que devia ter uns 22, 23 anos, estava insultando as pessoas dentro do metrô de uma forma impressionante... Quer dizer, ele talvez nem tenha consciência, mas isso é um ranço cultural de séculos atrás. Os árabes já invadiram a Europa há muito tempo. Aqui, a gente tem outros ranços. Se o governo tivesse olhado para a questão social e para a educação no governo Lula... Ou muito antes, claro, mas o Lula prometeu mudanças nessas questões e nada mudou. Ter consciência dessas coisas e se sentir impotente... Então, às vezes, eu falo certas coisas que não deveria falar. Mas eu falo. Agora, o Mario é uma pessoa que tem um lado lírico, menos duro... Na realidade, a diferença é essa. Talvez ele seja mais meigo, mas ele pode ser agressivo também.
O que tem achado das políticas para as artes visuais e do uso das leis de incentivo?
Acho que as leis de incentivo estão apenas sendo usadas pelas instituições para não pagar imposto de renda. Acho muito esquisito: quando o artista faz uma exposição, todo mundo ganha dinheiro ao redor, menos ele. Continua-se achando que o artista deve aceitar [expor mesmo sem ganhar] porque é importante para a sua carreira. Quem ga- »
nha mais dinheiro é sempre o cara que faz a produção. Essas leis acabam sendo um perigo, porque começa-se a criar um monte de sistemas que passam a usufruir disso, e não é o artista quem usufrui. Mas também não é todo artista que sabe gerir. Eu mesmo não sei gerir um projeto sozinho. Só que quem tem que ganhar mais é o artista, porque, sem o artista, não tem porra nenhuma. Aliás, tem sim: o que se faz hoje em dia, que é criar falsos artistas.
Está trabalhando agora em algum novo projeto?
Agora do que estou precisando é pensar na vida, plantar árvore... Uma coisa menosligada à tecnologia. A tecnologia vai criando uma dependência você está sempre tentando entender o manual. Antes, a maior parte dos artistas da máquina, tanto em cinema quanto em fotografia, tinha um equipamento simples e o negócio rodava. A linguagem evolui a partir do equipamento, tem que ser uma continuidade dele mesmo. Hoje tudo muda tão rápido... Acho essa falta de durabilidade extremamente corrupta, perversa.
Parece que você tem um cuidado extremado com suas ampliações, todas feitas na França...
É, são ampliações em Cibachrome, porque é um processo que dá maior durabilidade. Agora, isso vem mudando: a qualidade do jato de tinta está melhor.
Reza a lenda que, durante uma exposição sua, você, não gostando do resultado de uma ampliação, deu um soco no vidro...
Isso não é verdade...
É lenda mesmo?
Éhistória mal contada. E como ela seria bem contada?
Não vou dizer! Deixa a lenda rolar... [risos] Miguel, obrigada pela entrevista! [risos]
O Rabo do Leão
100 x 100 cm
Circo de Fogo
120 x 120 cm 1992/93
O Grito 100 x 100 em 1992/93
Imagens de cavalos, uma leoa, um ouriço e tubarões fotografados pelo artista em um aquário de San Diego, Califórnia, compõem a mostra Por Baixo dos Tubarões , de Miguel Rio Branco, em cartaz na Silvia Cintra Galeria de Arte (Rua Teixeira de Melo, 583 - Ij. D, Ipanema, Rio de Janeiro, tel. 21 2521-0426) até 28 de outubro
Projeto Encourados capta
R$ 350 mil e se torna um bom case da vertente documental
se origina, Encour. cultura na é fashio prio bolso de de amigo ana Vitor para levar a aos Cor Infre à à Phillips fundos de incentivo à cultura estadual e municipal de Pernam co. Nessa rodada de captação foram acumul: R$3 mil em patrocínio, investidos em iagens, equipamen tos e nos elementos de uma me mo banoratórios devidro criados para a mos tra, iluminação específica, 220 fotos em formatos que variam de monóculos a ampliações de 4mx3me trilha sonora que remete ao som típico do O livro, de 230 páginas, a serlar o em novembro no Recife, traz um CD com a melodia tocada na mostra. O resultado,
Leia mais sobre o projeto Encourados em www.fotosite.com.br
Confira o portfólio Encourados no link www.fofosite.com.br/novo futuro/portfolios.php
um documer
TIRANO asd SONY.
Nova Cyber-shot Série T com Super SteadyShot e Alta Sensibilidade: imagens perfeitas mesmo nas condições* mais difíceis.
DSC-T9
DSC-T30
snapshots Na memória da pele
Fotógrafo parte da história de um casal centenário para realizar filme sobre a passagem do tempo
Um casal centenário, seus corpos, suas vidas, sua espera. O curta-metragem Saba, do fotógrafo Gregório Graziosi, mostra a inexorável passagem do tempo a partir de seu Porphirio, 97, e dona Francisca Rossi, 104. Morando numa casa modernista em São Paulo desde que se casaram, há 76 anos, Porphirio se mantém lúcido e saudável, oferecendo atenção e companhia a Chiquinha, que, nos últimos 20 anos, em razão de dois derrames consecutivos, vive presa à cama. Sem depoimentos diretos ou a presença de um narrador, o filme flui por uma sequência de imagens realizadas com a câmera estática: a limpeza da casa, a limpeza dos corpos, detalhes, gestos, trechos de conversa. Como a situação era extremamente delicada, e realizar um documentário é muito invasivo, resolvi trabalhar com formato digital, para ganhar agilidade. O aproveitamento da luz natural me permitiu realizar a maior parte das imagens sozinho, quando não acompanhado da parceira Thereza Menezes , diz Gregório, que faz faculdade de Cinema e vem se dedicando a estudar momentos cinematográficos particulares que substituem a narrativa clássica por uma visual, plástica.
O título do filme, que tem 15 minutos de duração, foi extraído do livro Esculpiro Tempo, do cineasta russo Andrei Tarkovski, onde Gregório encontrou o conceito que estava trabalhando nas filmagens. Saba' significa alguma coisa como reconhecer beleza e memória nos sinais de desgaste , explica. O termo japonês cuja tradução |iteral é corrosão - é muito usado pelos nipônicos, que têm fascínio pelos sinais da passagem do tempo, como o tom escurecido de uma velha árvore ou até mesmo o aspecto sujo de algum objeto manuseado por um grande número de pessoas. São meus bisavós, e desde pequeno acreditava que mereciam ser filmados , acrescenta o fotógrafo. Por eles o tempo passa, e eles esperam
Saba foi apresentado no Festival de Curta-Metragem de Hamburgo, em maio, e no Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, em agosto, onde foi bem recebido pelo público e pela curadoria. Em meados de setembro, Gregório viajou para a Itália para representar o filme, um dos 50 selecionados entre dois mil inscritos no Festival de Milão. No final de outubro, Saba será apresentado na 30: Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. [Érica Rodrigues]
A FICHA COMPLETA
Nome | GREGÓRIO GRAZIOSI
Idade |22 anos Tempo de carreira| Ótima pergunta!
Formação | Estudante de Cinema na FAAP, formado em Artes Plásticas na Panamericana Escola de Artes e Design, ex-aluno de desenho de diversos artistas plásticos
Mestres | Amílcar de Castro, Antonioni, Mondrian, Mira Schendel, Ozu, Vol- pi, Oscar Niemeyer
No som | Jamiroquai, Carlos Santana e Tom Jobim
Na telona | Michelangelo Antonioni, Ingmar Bergman, Andrei Tarkovski, Federico Fellini, Jean-Luc Godard, Agnês Varda, Wong Kar-wai Na estante A Fotografia Moderna no Brasil (Helouise Costa), O Olho In- terminável: Cinema e Pintura (Jacques Aumont), Esculpiro Tem- po (Andrei Tarkovski)
Na web | www.shortfilmdepot.com
Temas de interesse| Artes plásticas, arquitetura, fotografia e cinema
Equipamento | Cybershot Sony 4.1 megapixel, lapiseira integral KOH NOR ea filmadora que estiver à mão Vertentes de atuação | Artes visuais, foto e cine
O filme Serras da Desordem, de Andrea Tonacci, foi o vencedor da categoria Melhor Fotografia de Longa-Metragem, no Festival de Gramado, em 2006. Fotografado em preto-e-branco para valorizar a luz dura do sertão nordestino, onde se passa a história, o filme contou com a experiência do diretor de fotografia Alziro Barbosa. Proveniente da escola russa Vsedoyuznyi
Gosudarstvennyi Institut Kinematografii, o diretor conquistou pela segunda vez consecutiva o prêmio de Melhor Fotografia de Curta-Metragem concedido pela Associação Brasileira de Cinematografia, com a obra O
Mistério da Japonesa. Alziro escolheu o filme O Retorno, do russo Andrei Zvyagintsev, para comentar:
Pensei nesse filme durante dias: as imagens simplesmente não me abandonavam. Foi o filme mais intenso a que assisti nos últimos tempos. Intenso pela simplicidade. O diretor de fotografia, Mikhail Krichman, me lembrou outros fotógrafos russos, como Vadim Yusov e Georgi Rerberg, mas com características próprias. A fotografia é delicada, precisa, não comete excessos, e se destaca com personalidade na construção da narrativa do filme. O tratamento cromático éa principal ferramenta que o fotógrafo utilizou para exprimir conflito entre os personagens. As poucas cores e a predominância dos tons frios contribuem para a tensão dramática. Uma das sequências que mais me impressionou foi a do jantar, logo no início do filme. A tensão presente nos atores é pura composição, e há um único tom de cor. À direção de arte do filme trabalhou praticamente com tons monocromáticos, e Krichman fotografou com negativos de baixo contraste. Nota-se que a imagem sofreu alguma alteração no processo de intermediação. O Retorno tem uma fotografia ínti- all ma na qual acredito. O meu inte- IVERNA: resse pela fotografia cinematográfica aconteceu através do olhar de diretores de fotografia do Leste Europeu, que foram meus professores e compõem a minha escola
Os Novos Eleitos
Nesta edição, Coleção Pirelli/Masp tem participação preponderante de fotógrafos do sul do país
A tradicional Coleção Pirelli/Masp de Fotografia chega ao seu 15º ano com a aquisição de 65 obras de 19 fotógrafos selecionados pelo Conselho Curador, formado por Rubens Fernandes Júnior, Mario Cohen, Thomas Farkas, Boris Kossoy, Luiz Hossaka e o diretor-presidente da Pirelli, Giorgio della Seta. Uma das peculiaridades da edição é a inserção de oito fotógrafos gaúchos: Eneida Serrano, Fernando Bueno, J. B. Scalco, Júlio Cordeiro, Luiz Carlos Felizardo, Luiz Eduardo Robinson Achutti, Tadeu Vilani e Tiago Coelho, eleitos durante dois dias de leitura de portfólios, quando a edição anterior visitou Porto Alegre. Outro destaque é Sioma Breitman (1903-1980), fotógrafo ucraniano que viveu grande parte de sua vida na capital gaúcha. A escolha do trabalho dele está relacionada com a pesquisa contínua que desenvolvemos. É importante não esquecer o passado , salienta a coordenadora da Coleção, Anna Carbocini. Mantendo a pluralidade do conjunto, a lista deste ano é completada por Alice Ramos, Ana Ottoni, Bel Pedrosa, Flavio Cannalonga, Luciano Carneiro, Marcio Lima Pablo Di Giulio, Rodrigo Albert, Salete Goldfinger e Walter Carvalho. Cada autor recebeu R$ mil por obra adquirida. A organização do evento anuncia para novembro a criação de um site específico para a coleção. A mostra, no Masp, abre para convidados no dia 22 e para o público no dia 23 de novembro. [Flávia Lelis]
A carta de Weston para Farkas
Manuscrito de um dos ícones da fotografia americana revela início da amizade com o jovem fotógrafo que se tornaria expoente da fotografia brasileira
Ano: 1946. O fotógrafo Thomaz Farkas, 22 anos, escreve uma carta para o já veterano Edward Weston, então com 50 anos.O icone da fotografia americana era uma referência para o jovem admirador confesso, que se tornaria anos mais tarde um expoente da fotografia brasileira. As singelas palavras da carta, aqui reproduzidas, selaram o início da amizade. Mandei também umas fotos minhas para ele. Depois o conheci nos Estados Unidos. Foi uma conversa ótima; ele era uma pessoa maravilhosa. Continuo um grande admirador de Weston. Tenho todos os trabalhos publicados dele , diz Farkas. Nas 14 linhas da missiva de 60 anos atrás, Weston cita sua famosa passagem pelo México entre 1923 e 1926, e a descreve como uma experiência maravilhosa . Foram os anos que o fotógrafo passou ao lado da italiana Tina Modotti, sua musa e amante, e a quem ensinou a arte da fotografia. Anos que também lhe permitiram o desenvolvimento de um novo formato estético, em busca da chamada "quintessência , na qual realçou as qualidades literais da fotografia, enfatizando os detalhes descritivos e as formas elementares.
7-26- 46
Caro Senhor Farkas, Obrigado por sua gentil carta. Espero que nos encontremos algum dia nos Estados Unidos ou no Brasil. Eu estive no México entre 1923 e 1926, onde tive uma experiência maravilhosa. Não vejo viagens acontecendo por um bom tempo. Mas, quem sabe? Você está certo, mudar de ares é bom. Novamente, obrigado por ter se tornado um velho amigo .
Cordialmente, Edward Weston
Marcelo Reis
Marcelo Reis, 33, nasceu em Salvador-BA e tornou-se fotógrafo na década de 90. Em 1998, fundou a Casa da Photographia [www.casadaphoto graphia.art.br], que promove cursos e eventos como o A Gosto da Photographia . Atualmente, Marcelo leciona na instituição e coordena o Projeto Fotoantropologia, que ensina a técnica do pinhole em colégios municipais de Salvador. Indico o livro Imagem: Cognição, Semiótica, Mídia (Ed. Iluminuras; 224 págs.; R$ 41), dos autores Lúcia Santaella e Winfried Nôth. Trata-se de uma bibliografia indispensável para quem pretende ir além da imagem, questionar o real e duvidar da verdade. A obra é dividida em capítulos dedicados ao pensamento, aos signos que nos cercam e às mídias, tendo seu ponto alto nas abordagens sobre a fotografia, principalmente quando trata da semiótica da fotografia. De forma bastante didática, o livro oferece ferramentas suficientes e claras para uma apreensão crítica e racional das três fases do fazer fotográfico: o pré-fotográfico, o fotográfico e o pós-fotográfico. Com a leitura da obra, podemos dialogar melhor com nossas produções, perceber até que ponto nosso discurso não é meramente estético e formular um trabalho dentro de uma realidade própria,já que somos nós que a construímos:
ICE Winfried Nóth Lucia Sai
Sarajevo: a cidade bomba
Na primeira visita que o jornalista Fernando Costa Netto fez a Sarajevo, no começo dos anos 90, as balas cortavam o ar enquanto seus moradores devoravam os pombos da praça central para sobreviver à violência imposta pelo regime sérvio.
Mais de dez anos depois, Costa Netto volta à capital da Bósnia e descobre que Sarajevo está bombando. O relato abaixo, feito pelo autor, adianta o clima do livro que será lançado no ano que vem.
Estive em Sarajevo no verão de 93 e no inverno de 94, cobrindo a guerra como repórter freelancer. O material foi publicado na Folha de S.Paulo, na Revista Trip [93], no Estadão, no JT e na revista Boom [94]. Talvez eu tenha sido o único brasileiro que fotografou Sarajevo sitiada. Sei que outros profissionais brasileiros estiveram por lá, mas gente de texto, cinegrafistas nenhum fotojornalista. Retornei agora, mais de uma década depois, para refotografar a cidade e tentar encontrar os amigos que eu não sabia se estavam vivos. Quase 5% dos 300 mil habitantes de Sarajevo, a maioria muçulmanos, foram assassinados pelos sérvios. Quando falo em muçulmano, o leitor pode imaginar um exército xiita, quando, na realidade, trata-se de um lugar extremamente cosmopolita, com igrejas, sinagogas, mesquitas, ótimos
restaurantes e cafés, muitos turistas, gays, mulheres belíssimas... A hoje novamente agradável cidade até em função de ter sido privada da vida por cinco anos, imagino desfruta de grande simpatia dos artistas europeus, tem um calendário intenso de arte e sempre abriga exposições incríveis
Sarajevo é uma festa ao ar livre, muito diferente da cidade que encontrei nas duas primeiras vezes em que estive lá. Percebi que não conhecia o povo, só fui conhecer as pessoas agora e ver como se vestem, como se olham. Durante quase cinco anos, os habitantes viveram entocados, privados de água, comida, papel higiênico, informação, energia elétrica, calefação para protegê-los de um frio de 20, 30 graus negativos no inverno. Apenas alguns jornalistas e diplomatas entravam ou saíam dali, sempre a bordo de um avião Hércules da ONU. Mês passado, setembro de 2006, refiz quase 40 imagens dos lugares que havia retratado há mais de dez anos. O resultado é um documento, e conta uma história que pode ser comparada à barbárie alemã durante a Segunda Guerra Mundial.
Em parceria com o designer Marcelo Pallotta, preparo um livro e uma exposição batizada Dear Sarajevo para o começo do ano que vem
jowepro Segurança e proteção
Mochila com 2 compartimentos e capa.
Capacidade: 35mm SLR PRO mais 3 a 4 lentes (até 80-200)
Med. Int.: 28 x 15 x 28cm (superior) 28 x 15x 25,5em (inferior)
Confira nossas ofertas!
Compacta para uso na cintura.
Capacidade: 1 35mm SLR PRO (nikon F5 com 80-200) mais 2 lentes.
Med. Int.: 18,5 x 15 x 28,5em
Combinado mochila/bolsa de cintura 2 x 1.
Capacidade: 35mm SLR PRO com 80-200 mais
Mde.Int.: 32 x 16,5 x 29cm (superior)
3a 4 lentes e acessórios e capa. 32x 18x 23cm (inferior)
200 & DRYZONE 100
Mochila totalmente a prova d'água, flutua mesmo carregada.
Capacidade: 35mm SLR PRO mais 4 a 5 lentes (até 300mm 2.8)
Med. Int.: 30,5 x 15 x 43cm
Dryzone 100: 35mm SLR PRO mais 3 a 5 lentes (até 80-200mm)
Med. Int.: 32 x 20,5 x 44,5ecm
Mochila super robusta, customizavel para vários sistemas.
Capacidade: 35mm SLR PRO, 4a 5 lentes, inclusive 400/2.8 Med. Int. : 37 x 38 x 48,5em
Compacta, pode ser usada no ombro ou cintura.
Capacidade: 1 35mm SLR PRO mais 2 lentes.
Med.Int.: 28 x 11,5 x 18cm
PORTFÓLIOS
Deu no ...FOtOSIteom:
1 - CAMPANHA ELEITORAL
A convite de Toni Pires, editor de fotografia do jornal Folha de S.Paulo, os fotógrafos Adi Leite, Marcelo Soubhia e Roberto Setton acompanharam o dia-a-dia dos candidatos à Presidência da República Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Lula
2- MAR DE HOMENS
Portfólio mostra as imagens do mais recente livro de Linsker, sobre as comunidades pesqueiras e as praias da costa brasileira, documentadas em preto-e-branco. Do ensaio, emergem a beleza e a simplicidade dessa população, bem como as dificuldades e as más condições de trabalho dos pescadores artesanais
3- IBERÊ CAMARGO
O fotógrafo gaúcho Luiz Eduardo Achutti apresenta o resultado de mais de 10 anos de intensa pesquisa sobre um dos principais pintores do Brasil. Em seu portfólio, o espectador pode mergulhar numa sequência de imagens que mostram o cotidiano e o trabalho do artista
4- CIDADES VISÍVEIS
Ensaio resultante de um grupo de trabalho do Núcleo de Estudos da Fotografia, de Curitiba, que mistura linguagens para abordar a experiência urbana, seus novos espaços e novos símbolos. Participam os fotógrafos Antônio Wolf, Anuschka Lemom, Eduardo Serafim, Felipe Prando, Maria Inês Cavichiolli Maycon Amoroso, Milla Jung e Susana Sá
5 - INVISÍVEIS
Ensaio do fotógrafo Anderson Schneider mostra os pacientes portadores de hanseníase espalhados pelos leprosários do país. Contundentes, as fotografias destacam as condições dessas pessoas que, segundo o fotógrafo, tiveram sua dignidade roubada, sem ter para onde ir, morrendo um a um, ao redor de arcaicas estruturas.
Paulo Vitale
O atual editor de fotografia da Veja, Paulo Vitale, é graduado em História pela USP e em Fotografia pelo International Center of Photography, de Nova York. Acumula passagem pelo jornal O Estado de S. Paulo, onde exerceu as atividades de fotógrafo, editor e correspondente em Nova York, entre 1988 e 1994. Em 1998, retornou ao Brasil para o lançamento da revista Época, onde permaneceu como editor durante três anos. Está em Veja há cinco.
O que você busca em um portfólio?
O que considero mais importante é a compatibilidade do trabalho do fotógrafo com a linguagem da revista. Alguns ensaios ótimos não são aproveitados por isso. O fato de não chamarmos um fotógrafo não é nenhum demérito, de repente ele pode ter mais espaço em outras publicações. Outra coisa que ajuda é mostrar, numa apresentação separada, um trabalho pessoal bem resolvido. Isso demonstra uma maturidade no trabalho do fotógrafo e dá segurança para o editor.
160 Milhões de Pixels!
Você prefere que tipo de formato de apresentação do trabalho?
Por ser editor de uma revista impressa, acho melhor ver cópias fotográficas, mas entendoa praticidade e as muitas opções que a mídia digital oferece. Acredito que um portfólio não deva ultrapassar 20 fotos. Além dessas imagens, o fotógrafo pode levar mais 10 fotos de seu trabalho pessoal. O que não deve ser colocado em um portfólio? Antes de tudo, nunca comece desculpando-se, dizendo que seu portfólio está incompleto ou que não teve como recuperar suas melhores fotos. Só mostre o portfólio depois de refletir bastante sobre as suas escolhas e a forma de apresentação. Não traga um número extenso de fotos nem imagens redundantes, como sequências onde uma é claramente melhor que a outra. Ou seja, adote o lema das "poucas e boas . Como os fotógrafos podem entrar em contato com você? Pelo telefone (11) 3037-4675.
A Seitz, empresa suíça de equipamentos fotográficos, apresentou na última feira Photokina, na Alemanha, o modelo digital de grande formato Seitz 6x 17. A câmera, que tem 50 centímetros de comprimento e pesa cerca de três quilos, começa a ser vendida na Europa em janeiro de 2007, e trabalha com um sistema de escaner digital. O sensor se move expondo uma linha de resolução de cada vez. A super imagem possui resolução de 7,500 pixels de altura por 21.250 pixels de largura, o que resulta em uma fotografia de 160 megapixels! Além da versão panorâmica, o equipamento ainda pode se adequar aos formatos 6x6, 6x9 e 6x 15, criando arquivos em TIFF RAW, JPG ou BMP. O arquivo TIFF em 48 bits, sem compressão, ocupa 922 mega. No formato RAW, a imagem criada fica com 307 mega. Para equacionar esse acúmulo de informações, a empresa oferece, pelo mesmo preço, um acessório interessante: um Mac Mini (computador portátil) como dispositivo de armazenamento. A câmera é operada por meio de um visor touch screen com resolução de 640x480 pixels, que pode ser inclusive removidoe utilizado como um controle remoto. Na Europa, a Seitz 6x 17 será comercializada por 28.900. Veja mais informações no site wwwroundshotch. [Flávia Lelis]
Modelo Seitz 6x17: 50 cm de comprimento e um computador portátil agregado como mídia de armazenamento
Foto no mercado
O tradicional Ver-o-Peso, em Belém, acolhe uma instalação permanente do fotógrafo Luiz Braga, com imagens feitas no próprio local
No alto da página, instalação com fotos de Luiz Braga no Mercado Ver-oPeso. No detalhe, uma das imagens que integram a exposição: Recortes 5D Z o da vida local que pulsa, e que os açougueiros nem percebiam edro David e Rodrigo
HUNT
A Folhapress é a agência de notícias do Grupo Folha. Comercializa fotos, textos, colunas e ilustrações a partir do conteúdo editorial do jornal Folha de S.Paulo. O site contém um Banco de Imagens on-line com um acervo de mais de 250 mil imagens digitalizadas. o PçPS LEE O E O O TEM eu ço [6 ST O OS o (ESSA TATO RS 722 ou acesse www.folhapress.com.br
Pd. eo] po fes
A boa imagem da notícia
CAÇADOR DE AGULHAS
O brasileiro Millard Schisler, 45, professor do Rochester Institute of Technology, uma das mais conceituadas escolas de fotografia do mundo, esteve recentemente no Brasil para participar de um evento onde um dos principais temas era o arquivamento e a preservação de imagens digitais. É fácil entender a importância desse assunto quando pensamos no volume de fotos produzidas diariamente por profissionais e amadores pelo mundo. Dos milhares de eventos sociais do nosso cotidiano à cobertura jornalística das guerras no Oriente Médio - apenas para citar dois exemplos -, uma multidão de fotógrafos enchem seus HDs de imagens, espalham boa parte disso pela internet e contribuem para a criação de um imenso palheiro imagético, onde não será possível encontrar mais nada sem a ajuda de novas ferramentas, como os metadados. Empresas como a Adobe e a própria Apple vêm se empenhando cada vez mais em atribuir a seus softwares ferramentas mais eficientes de catalogação digital, organização e busca de imagens. Esses programas, segundo Millard, também devem ajudar a comprovar a au- toria de uma imagem, permitindo que o autor da foto insira seus dados no arquivo digital e os proteja em relação a qualquer alteração futura.
Em entrevista à FS, Schisler vai além da explicação sobre a importância dos metadados, faz críticas às leis de copyright americanas ealerta parao fato de que os grandes bancos de imagens estão de olho nas fotos sem autoria, uma mina de ouro espalhada pela internet. [Por Flávia Lelis]
O que são os metadados?
Os metadados podem ser definidos como dados sobre dados. Sistemas de busca ainda não são suficientemente inteligentes a ponto de compreenderem o que uma imagem possa significar. Portanto, os metadados representam todas as informações que atrelamos aos dados digitais, para que esses mesmos dados possam ser localizados no futuro. Em um sistema cada vez mais digital, somente dados digitais inteligentes vão conseguir circular. Imagens sem metadados dificilmente serão visualizadas ou encontradas no futuro. Existe um público para o qual eles sejam mais indicados?
Todos os fotógrafos deveriam começar a usar os metadados,já que o sistema é super fácil, rápido, automatizado e contribui para criar um diferencial sobre o valor da imagem que eles produzem. Em pouco tempo, será uma ferramenta popular para as pessoas que não são especialistas em fotografia, aquelas que apenas tiram fotos de sua família com câmeras digitais. Quais são os softwares mais indicados para edição e armazenamento de imagens?
Isso está constantemente em evolução. O Bridge foi lançado pela Adobe, que em seguida lançou o Ligthroom, para competir com o Aperture, da Apple. Existem outros softwares, como o Extensis Portfolio e o Cumulus, da Canto. Imagens publicadas na internet com seus metadados incorporados mantêm as informações quando salvas novamente?
Sim, os metadados vêm junto e não há como mexer neles. É possível acessar, mas não se pode editar os campos de metadados. Mas há erros, já que essas regras não valem para imagens enviadas por e-mail, e alguns programas ainda permitem alterações, como é o caso do Word, por exemplo. Porém, quando você converte para certos formatos, como o pdf, os metadados tornam-se irremovíveis. Isso é doido! Acho que esse é um dos caminhos. O pdf é um dos programas que oferecem maior segurança de documentação, mas ainda tem algumas deficiências. É possível que, para uma próxima versão, a Adobe crie um campo de senha para a manutenção dos metadados. É uma evolução natural.
A eficiência do metadado está intimamente ligada à honestidade, ao sistema de edição e ao profissionalismo do fotógrafo? Até porque você não discorda da teoria Metacrap - algo como metaporcaria -, não? [Segundo a teoria do escritor canadense Cory Doctorow, os metadados não funcionariam porque as pessoas são preguiçosas, burras e mentem]
Alguns pontos levantados pelo Cory têm relevância, pois há pessoas que, na hora de escrever, podem estar desatentas e digitar banana com dois n ou fazenda com s E, numa busca por fazenda com 7, essa imagem não será localizada. Como toda tecnologia, os metadados têm os seus problemas de padronização, o que não significa que ficaremos para trás e não tentaremos atacar esses problemas. A função dos metadados é valorizar a imagem = por pior que seja o termo que você coloque, ainda assim será grande a chance de essa imagem ser encontrada. Você acha queno futuro poderemos usar o metadado como amparo jurídico?
Acho que sim. Não li nada a respeito, mas acredito que sim. Principalmente se você puder trancar os dados e ser o único a tera senha para desbloquear. Vamos ver. Gostaria que você comentasse a questão da imagem órfã . [Projeto em andamento nos Estados Unidos que pretende permitir que obras encontradas sem autor na internet sejam apropriadas por bancos de imagens e grandes empresas]
O Bridge faz parte do Photoshop CS2, e não pode separadamente. Para incluir os metadados no Phot pois escolher a opção file info Uma janela se abre já com os dados tamanho do arquivo, lent gerados pela câmera, como utilizada, horário e data da fotografia. É ne: nela que o usuário deve inserir m, mações, como palavras e, legenda, autor, créditos etc. Ess dos O car podem ser salvos e aplicados em outras imagens por exemplo, so de um ensaio. Para isso, clique na seta no canto superior direito (de tro da caixa file info ) e selecione "save template". A todas as imagens é possível aplicar o "save template": o usuário deve abrir o Bridge (CS2) ou o File Browser (CS), selecionar todas as imagens da série e clicar no menu edit e "append metadata .
GORETTI)
Nos Estados Unidos tudo tende a favorecer as grandes empresas. Essa é a política americana: sempre fortalecer as grandes empresas e o grande capital. As pessoas distantes dessa realidade acabam se ferrando. Tem muito lobby. As leis de copyright têm sido mudadas a ponto de permitirem que o tempo de detenção dos direitos de imagem seja estendido. Por exemplo, há pessoas que dizem deter copyright da música Parabéns a você cantada em inglês. É um exagero, mas chega-se a esse ponto. Os grandes bancos de imagem têm interesse em pegar essas imagens que estão soltas por aíe se apoderar delas. Talvez sirva como uma reação adversa, para que as pessoas vejam que é importante registrar as imagens, tanto lá como aqui. comprado op CS ou CS2, o usuário deve abrir uma fotografia, clicar no campo file do menu e de-
Dicas de links e mais sobre metadados em www.fotosite.com.br
Millard Schisler, 45, professor do Rochester Institute of Technology, nos Estados Unidos, esteve no Brasil a convite do Centro Universitário Senac para participar do Encontro Senac de Imagem Digital, evento que aconteceu em setembro, em São Paulo.
Sua compra diferente.
Colecionismo
Na época mais oa ago 9qua o mundo já conheceu, a fotografia TB, vem ganhando cada vez mais espaço no gosto das pessoas.
Colecionar essa arte dá prazer e pode ser um bom negócio
POR ÉRICA RODRIGUES
Foto
Cia de
A fotografia vive um momento favorável no mercado de arte brasileiro. Seja pela inserção da fotografia documental no circuito das galerias, seja pela fotografia já realizada sob a perspectiva artística, ou por sua intensa utilização pelos artistas contemporâneos no registro de ações efêmeras ou na construção de situações, o fato é que nos últimos cinco anos houve um aumento significativo dos preços e da procura por obras fotográficas
No mercado internacional, grandes casas de leilões têm alcançado cifras milionárias com a venda de fotografias. Em novembro de 2005, Untitled (Cowboy), de Richard Prince, foi vendida por US$1,248 milhão
Três meses depois, a imagem "Pond-Moonlight (Lago ao luar), do pioneiro Steichen, alcançou o valor de US$ 2,9 milhões.
Colecionadores e instituições mais tradicionais já inseriram a fotografia em seus acervos sem aqueles antigos questionamentos sobre durabilidade ou reprodutibilidade. Por outro lado, justamente por sua naturerodutível que possibilita venda em altas tiragens a preços menores , jovens entusiastas da fotografia e interessados em arte, que jamais poderiam comar uma obra pelos preços de mercado, começam a formar uma coleção.
É trabalhando nessa seara, procurando despertar o interesse de novos colecionadores, que a curadora Nessia Leonzini realiza o projeto Coleções . Em todo final de ano, são vendidos múltiplos de renomados fotógrafos a R$ 350, em tiragem de 100, nas galerias Luisa Strina, em São Paulo, e Laura Marsiaj, no Rio de Janeiro. A fotografia, hoje, é uma arte estabelecida. Se as galerias mostram fotos é porque vendem. Os tabus já não existem mais , salienta Nessia [confira entrevista no box] Georgianna Basto, sócia-proprietária da Galeria Tempo, no Rio de Janeiro, explica que os fotógratos com vontade de trabalhar nesse meio já têm consciência tiragem, embora esse aspecto não seja fundamental no valor da obra: Helmut Newton, Avedon e Bresson não trabalhavam com tiragem, mas suas imagens extrapolaram a esfera da primeira utilização . Inaugurada em maio último, a Tempo trabalha exclusivamente com autores que possuem conhecimento aprofundado em fotografia. Nosso cliente tem cultura fotográfica , aponta. No catálogo da galeria, há imagens de Robert Map$ 20 mil. Além de grandes plethorpe avaliadas em US nomes internacionais, como Martin Parr e Flo duno, a Tempo trabalha com novos autores, como Felix Richter, Marcelo Rangel e Otavio Schipper Silvia Cintra [www.silviacintra.com.br], marchande >
Cena do leilão beneficente de fotografias que aconteceu em setembro no bar MadDá, na Vila Madalena, em São Paulo. Mais de 60 obras vendidas e R$ 70 mil arrecadados
há 20 anos, representa artistas consagrados de várias vertentes, como Miguel Rio Branco, Amilcar de Castro e Nelson Leirner. Segundo ela, a fotografia é o segmento artístico que mais cresce no mercado. Hoje, 30% das obras presentes em minha galeria são fotográficas, e a procura pelo trabalho de Rio Branco aumenta 100% a cada ano , afirma. Quanto ao perfil dos compradores, a galerista diz que geralmente são aficionados por fotografia e estudiosos do assunto. Também há os colecionadores clássicos, que estão tateando o mercado mas já vêm sem preconceitos . Segundo ela, uma coisa é certa: o cliente que compra uma foto nunca pára na primeira. Ele vem, compra um Rio Branco, acaba voltando e levando Verger, depois Rochelle Costi... Anexa à galeria de Silvia, sua filha Juliana Cintra abriu em janeiro último a Box 4, especializada em fotografias e vídeos de novos artistas, com preços que variam de R$ 1.500 a R$ 8 mil. Entre seus representados, estão Pedro Motta, Pedro David e João Castilho, autores do trabalho Paisagem Submersa . É um canal para novos fotógrafos e para novos compradores também , diz Juliana, que está iniciando um trabalho de venda de vídeos, um mercado que é hoje o que era o mercado de fotografia há cinco anos , diz.
A Fortes Vilaça [www.fortesvilaca.com.br], galeria de arte contemporânea em São Paulo, representa Vik Muniz, o autor brasileiro da atualidade melhor cotado no
mercado internacional, com fotografias que custam entre US$ 22 e 32 mil. Sua Action Photo III After Hans Namuth , da famosa série Chocolate , alcançou o valor de US$ 102 mil em leilão da Phillips de Pury & Company. O Vik é o único artista que representamos dedicado exclusivamente à fotografia. Os outros usam fotos entre outras mídias , diz o diretor criativo da Fortes Vilaça, Alexandre Gabriel. Para ele, a valorização da fotografia deve ser entendida no contexto do crescimento do mercado de arte em geral, e não de maneira isolada. Entre os artistas da galeria que usam a fotografia como suporte, está Janaina Tschãpe, cujas imagens custam em torno de US$ 7 mil. >
Untitled (Cowboy), de Richard Prince: um dos dois únicos exemplares da foto-reprodução de um anúncio da Marlboro foi leiloado em 2005 por US$1.248 milhão. Obra questiona critérios de autenticidade e reprodutibilidade
Richard Prince/Cortesia
Chrisie's
A imagem Blue Tango de Miguel Rio Branco, foi leiloada pela Christie's de Paris em 2004, por 31.070 - (o equivalente, hoje, a R$ 83 mil): tiragem de 5 exemplares está esgotada
Foto Escorpião em Maracaípe , de Dora Longo Bahia, integra o Projeto Coleções 2006:tiragem de 100 a partir de R$ 350 cada
UMA ARTE DEMOCRÁTICA
PROJETO COLEÇÕES: MULTIPLOS DE RENOMADOS FOTOGRAFOS A R$ 350
Lá se vão oito anos do evento Photo-A-Porter . na Galeria Luisa Strina, que oferecia fotos de conhecidos artistas e fotógrafos internacionais com altas tiragens e preços que variavam entre R$ 150e R$ 400. O sucesso foi tamanho que a organizadora, a jornalista e curadora independente Nessia Leonzini, resolveu criar um evento anual, o projeto Coleções , que entre novembro e dezembro realiza na Luisa Strina, em São Paulo, e na Laura Marsiaj, no Rio de Janeiro, a venda de imagens de renomados fotógrafos a R$ 350 reais em múltiplos de 100. A paulistana, radicada em Nova York há mais de duas décadas, trouxe para vários museus, galerias e espaços independentes no Brasil exposições de Nan Goldin, Hiroshi Sugimoto, Cindy Sherman, Andy Warhol e Robert Mapplethorpe:
A fotografia é um meio que tem na reprodutibilidade uma de suas principais características. Apesar de as galerias trabalharem com tiragem, você acha que esse ainda é um fator de resistência no mercado?
Claro que é. Haverá sempre alguém que vai reclamar e dizer que não é uma obra única, que a fotografia desbota, que é isso ou aquilo. Então, esse não pode ser um colecionador de fotografia. Por sinal, vocêjá viu algo que desbote mais do que um desenho a nanquim? A fotografia deve ser conservada como qualquer outra obra de arte. Que outras dificuldades ainda impedem o desenvolvimento desse mercado no Brasil, além da óbvia questão econômica?
Dora Longo Bahia/ Cortesia Luisa Strina Galeria
A arte é elitista, infelizmente. Não só na questão do bolso, mas sob o aspecto cultural Colecionar é uma escolha pessoal, uma necessidade, uma opção de investimento. Mas há tanta gente que pode comprar arte e prefere comprar cavalos, propriedades, apartamentos em Nova York... Cada um resolve do que precisa para ser feliz. Eu comprei um desenho da Tarsila com a minha mesada aos 16 anos de idade e fui pagando à prestação: fui a um leilão com meu pai e fiquei apaixonada pelo desenho. Não pensei duas vezes. Arte pode vir naturalmente. Você pode adquirir o conhecimento e a vontade mais tarde na vida, ou pode nunca acordar para ela. Há grandes artistas contemporâneos no Brasil, há uma energia incrível, e só não percebe isso quem não quer.
Existe uma aura intocável em torno de tudo o que se refere a arte. Isso prejudica uma aproximação das pessoas? Não está na hora de desmistificar isso?
Eu acho que as galerias trabalham muito nessa direção: a de abrir novos mercados. As galerias no Brasil fazem um trabalho heróico. Há também leilões com ótimas oportunidades. Vende-se arte em leilões beneficentes outro modo de abrir mercados. Exposições de múltiplos agora abundam. Os galeristas parcelam. Quem quiser, vai encontrar. Ainda há resistência no mercado de arte contemporânea no Brasil, mas é o mesmo em todos os lugares. Só que, no Brasil, a quantidade de gente com muito dinheiro que não compra arte é maior proporcionalmente a outros mercados como oinglês, digamos. Claro que é uma questão cultural também. Veja a Rússia, a China. Serão os novos grandes mercados: novas fortunas, novos mercados. Eles já perceberam que arte pode ser, também, um ótimo investimento!
QUEM COMPRA E POR QUÊ?
JACQUELINE SHOR, ESCRITORA, 38
Peruana radicada em São Paulo, possuí cerca de 200 obras, das quais 50 são fotográficas. Em leilão beneficente de fotografias realizado na capital paulista, no último dia 25 de setembro, adquiriu seis imagens por R$ 3.852: Colecionar para mim é um prazer, espero nunca ter de vender nada. Tenho obras de Martin Chambi, Albano Afonso, Lia Chaia, Sara Ramo, Juca Martins, Marcel Gautherot, Bianca Cutait, L Castillo, Philippe Gruenberg e Pablo Hare. Gostaria de ter mais trabalhos de Lia Chaia e uma fotografia da nova série do Vik Muniz, Pictures of Junk . Não tenho um lugar específico para buscá-las, vou a todos os cantos que tenham alguma relação com arte.
Desde que comecei, há cinco anos, noto que as grandes galerias intensificaram bastante a venda de fotografias. Para mim, a fotografia, atualmente, é um meio mais eficaz para que os artistas contemporâneos expressem suas idéias e suas inguietudes. Ao mesmo tempo, sua qualidade bidimensional ajuda sua colocação dentro das coleções. Participar de leilões beneficentes é uma boa forma de ampliar a coleção. Neste último, em São Paulo, adquiri trabalhos de Ana Ottoni, Dudu Tresca, Egberto Nogueira, Felipe Araújo, Mônica Zarattini e Pisco Del Gaiso.
CLIFF LI, EMPRESÁRIO, 42
Desde que inaugurou o Na Mata Café no Itaim Bibi, em São Paulo, em 1992, Cliff conserva anexo ao restaurante um espaço dedicado à fotografia. No início, era a Li Photo Gallery, que depois virou Espaço Paul Mitchell, e, mais recentemente, a Leica Gallery. Em sua coleção particular, tem 500 fotografias: Adquiri minhas primeiras fotos num leilão de fotojornalistas do Estado de São Paulo, em 1992. Comprei uma foto de Emídio Luisi e uma de Rosa de Luca. Depois, fui a uma exposição do JR Duran, gostei dos trabalhos e adquiri umas fotos dele também. Aí, nunca mais parei. Fiquei obsessivo, tanto que tenho por volta de 500 fotografias. Ágora estou com problemas de espaço e conservação das obras. Só nas paredes da minha casa há por volta de 100. Agora só adquiro o que julgo ser realmente importante na minha coleção. Tento fazer compras mais racionais e menos emocionais. Meu autor preferido é Mario Cravo Neto. Tenho nove fotos dele. Já tive 15, mas acabei vendendo meu lado galerista acabou falando mais alto. No momento, estou namorando uma foto do Edward Weston. O mercado brasileiro para fotografia melhorou bastante, mas ainda não está totalmente aquecido. Com relação ao mercado internacional, ainda é incipiente. São sempre as mesmas pessoas que compram. Infelizmente, a maioria dos que apreciam não tem poder aquisitivo, e os que têm poder aquisitivo não compram >
Jacqueline Shor, peruana radicada em São Paulo, coleciona fotografias há cinco anos: participar de leilões beneficentes é uma boa forma de ampliar a coleção
GILBERTO CHATEAUBRIAND, 80, EX-DIPLOMATA
Filho do fundador do MASP, Assis Chateaubriand, Gilberto é o colecionador mais famoso do país. Quando começou a colecionar, no Rio de Janeiro, então capital da República, o número de galerias da cidade era menor que os dedos de uma mão , como ele diz. Das cerca de 7.000 peças do seu acervo, 1.000 são obras fotográficas
Tenho obras feitas por artistas que, em diversos níveis ou em algum momento de suas obras, precisaram da fotografia para dizerem o que pretendiam. Em sua maioria, portanto, não são fotografias no sentido de serem pensadas e produzidas pelos fotógrafos, mas obras de artistas plásticos realizadas fotograficamente, e cuja execução até pode ter sido terceirizada. É muito difícil falar em preferidos. Tenho obras de Miguel Rio Branco, Mario Cravo Neto, Marcos Bonisson, Anna Bella Geiger, Barrio, Luiz Alphonsus, Ana Vitória Mussi, lole de Freitas, Rosângela Rennó, Rochelle Costi, Marcos Chaves, Frederico Càmara, Rogério Canella, Maria Klabin, entre muitos outros excelentes artistas. Eu coleciono por paixão e não para investir. À minha dica para quem quer começar uma coleção é paixão e informação permanente sobre o pulso das artes no Brasil e no exterior.
JOAQUIM PAIVA, 60, DIPLOMATA E FOTÓGRAFO
Joaquim começou a colecionar sistematicamente em 1981, quando no Brasil ninguém via fotografia como algo colecionável, segundo ele por estar muito mais associada ao fotojornalismo e não ser valorizada como obra de autor. Ele coleciona exclusivamente fotografia, e possui cerca de 3.000 obras: Tenho trabalhos de 250 fotógrafos na minha coleção, tanto nacionais quanto internacionais. Estou aberto a novas linguagens, às novidades, às novas tendências, assim como aos artistas contemporâneos, os modernos e os mais tradicionais. O que caracteriza a minha coleção é a diversidade e a multiplicidade. Tenho Marcos Bonisson, Cássio Vasconcellos, Alberto Korda, Geraldo de Barros, Diane Arbus, José Medeiros, Pierre Verger. Na maioria das vezes, adquiro minhas obras diretamente dos fotógrafos, já que tenho uma relação muito próxima com eles. Mas também vou a leilões. Quase 100% dos fotógrafos da coleção conheço pessoalmente. Colecionar é uma paixão! Sem ficar preso a modismos ou a quem está em voga. Tem que ter olho, paixão, conhecimento, e não necessariamente interesses financeiros. >
Em maio de 2006, Cliff Li abriu, em parceria com Luiz Marinho, a Leica Gallery. Meu autor preferido é Mario Cravo Neto. Tenho nove fotos dele. Já tive 15, mas acabei vendendo - meu lado galerista acabou falando mais alto
Antônio Teixeira
Marco
O jovem economista Fábio Szwarcwald possui em seu apartamento cerca de 130 obras, entre elas uma fotografia de Vik Muniz, da série Chocolate . Não adianta comprar a obra de um cara famoso de que você não gosta, pois vai ficar lá na sua casa incomodando
FÁBIO SZWARCWALD, ECONOMISTA, 34
Colecionador há quatro anos, o executivo do Banco Votorantim no Rio de Janeiro tem 130 obras, das quais 70% são fotografias:
Vi uma foto da série 'Chocolate , do Vik Muniz, em um livro, e, tempos depois, por achá-la bonita e importante, a comprei por US$ 20 mil na Galeria Mercedes Viegas, no Rio. Hoje, creio que deva estar valendo cerca de US$ 30 mil. Tenho duas fotografias do Miguel Rio Branco. Os dois são meus preferidos. Na minha coleção também há PaulaGabriela, Ding Musa, Maria Klabin, José Bechara, Antônio Dias, Erwin Wurm. Costumo ir às galerias Triângulo, Vermelho, Nara Roesler, A Gentil Carioca, Lurix. Fotografia é bom investimento, de médio a longo praA
não ser que você dê a sorte de o fotógrafo estourar nuzo. É uma coisa arriscada, que não tem tanta liquidez ma Bienal, por exemplo. Como negócio, é mais interessante para um galerista do que para um colecionador
Antes de comprar uma obra é importante estudar qual a melhor série do artista e os trabalhos de maior repercussão. Mas não adianta comprar a obra de um cara famoso de que você não gosta, pois vai ficar lá na sua casa incomodando
Geralmente, o mais correto é começar com obras um pouco mais baratas. Assim, se você errar, perde pouco Por exemplo, começar com o Vik Muniz não tem erro, mas você vai desembolsar muito dinheiro. Acho que o ideal é procurar gente nova e ter alguém consagrado para valorizar a coleção.
ERIC TABBONE, ESPECIALISTA EM INFORMÁTICA, 32
Ele é responsável pelo setor de informática do departamento econômico dos Consulados da França nas Américas, e aluno assíduo de cursos de fotografia. Em leilão beneficente de fotografia realizado no último dia 25 de setembro, em São Paulo, adquiriu uma foto de Sebastião Salgado por R$ 8.700
Foi a primeira fotografia que adquiri. Não sei se é um bom investimento, mas acho que nunca vou vendê-la. Pode ser que um dia ofereça para alguém próximo a mim. Comprei a foto porque conheço bem a vida do Salgado e a história dessa imagem. Isso vale mais que todas as considerações técnicas ou financeiras. O leilão foi uma ocasião, talvez única para mim, de adquirir uma obra famosa. Além disso, havia colocado um limite orçamental para a foto, que felizmente não foi ultrapassado por isso consegui comprá-la. Não me considero propriamente um colecionador. Tenho pintura do argentino Duilio Fonda, litografia de Salvador Dali e agora a foto do Sebastião Salgado. Tenho também algumas outras pinturas de autores ainda desconhecidos.
DEPOIMENTOS
www.sony.com.br/alpha
ficção
Rodrigo SETE)
O artista pernambucano Rodrigo Braga relata como foi o processo de real da série Fantasia de Compensação , em que
ização utiliza recursos digitais da fotografia para fabricar uma nova identidade para si
m Fantasia de Compensação , pela primeira vez em Essa prática artística resolvi partir de uma mídia específica para desenvolver um conceito. À idéia inicial era fazer uso da tecnologia de manipulação de imagem digital (da qual já havia lançado mão em uma série anterior) para produzir algo que estivesse dentro da minha poética e ao mesmo tempo contemplasse essa técnica em todo o seu potencial. Eu me incomodava com fato de os recursos digitais estarem sendo associados à fotografia apenas como um incremento formal à imagem captada pela lente, ou mesmo somente como uma exagerada sucessão de aplicações de efeitos que meramente reconstituem a tradição pictórica e tudo aquilo que o lápis ou o pincel já fazem tão bem há séculos. Queria, portanto algo que operasse pelo quase imperceptível. Que subvertesse o caráter indicial da fotografia e deixasse o espectador tonto, flutuando entre o virtual e o palpável. Tinha a vontade de fabricar em ambiente digital uma realidade que, de qualquer forma, pudesse ter ocorrido de verdade, pela habilidade manual humana
Dois acontecimentos (dentre tantos outros menores que se acumulam em minha mente todos os dias) foram especialmente importantes para o aparecimento, quase que de súbito, da imagem zoomórfica com intenção antropofágica da fusão da minha cabeça com a de um rottweiler.
Três meses antes do surgimento da idéia, eu havia ajudado no dissecamento de um bode no sertão da Paraíba Como só havia eu de homem teoricamente mais forte no local, deram-me um facão e um martelo para que eu fizesse a tarefa. Titubeei, pois já estava um pouco chocado com as imagens de vísceras, mucosas e pêlos ensangúentados que via em minha frente. Jão tinha certeza se eu, ser tão urbano, seria capaz de tal despojamento antes de comer aquilo tudo à mesa... Mas fui. E ficou muito guardada em minha mente a imagem da separação entre o crânio e o focinho do animal
A outra experiência se passou [1 anos antes. Lembrome com vários detalhes de um episódio que me mar- »
"Eu me incomodava com o fato dos recursos digitais estarem sendo associados à fotografia apenas como um incremento formal à imagem captada pela lente, ou mesmo apenas como uma exagerada sucessão de aplicações de efeitos que meramente reconstituem a tradição pictórica"
cou muito na época e até hoje durante a fase mais aguda de uma fobia social que me acompanhou por toda a adolescência, no auge de uma síndrome do pânico
Aos 17 anos, quando caminhava por uma avenida por volta das sete horas da manhã para pegar o ônibus para o colégio, me deparei com um cachorro muito magro, sarnento, bastante doente. Ele tremia enquanto tentava ficar de pé. Assim que cruzamos nossos olhares, caí no choro no meio da rua. Achava absurdo o que estava acontecendo comigo, mas também não conseguia me controlar. Tinha muito medo de que as pessoas me notassem doente como aquele cachorro. Finalmente consegui entrar na escola, mas permaneci calado aliás, como todos os dias. Hoje vejo que tive identificação imediata com aquele animal. Eu me reconheci nele. Depois de curado, tempos depois desse episódio ainda não me vejo como um rottweiler, mas às vezes acho que precisaria sê-lo..
Bem, somados esses fatos à possibilidade da ferramenta e da técnica digital que tinha em mãos, parti para a execução. À primeira coisa que fiz foi tirar um molde da minha cabeça, para auxiliar a feitura da obra. Já careca, passei um dia na Universidade Federal de Pernambuco, deitado sobre uma mesa, enquanto dois professores faziam o delicado trabalho de confecção de uma fôrma de gesso que seria utilizada para a construção de uma réplica da minha cabeça em silicone
Em seguida, depois de dois meses de negociações com veterinários particulares, com as Universidades Rural e Federal e com o Centro de Vigilância Ambiental da Prefeitura do Recife, e depois de obter as devidas documentações e autorizações, consegui o que queria: um cachorro grande, preto, com focinho protuberante e ar bravio O processo cirúrgico durou seis horas. Tive a sorte de contar com os serviços de um veterinário extremamente cuidadoso, que soube executar com precisão tudo o que eu havia esboçado previamente. As partes da cabeça do cão foram montadas sobre a réplica da minha cabeça em silicone. Registrei todos os passos da cirurgia com uma câmera fotográfica. Posteriormente, as fotografias da minha cabeça tiveram que ser tomadas nos mesmos ângulos que captei quando da cirurgia no molde. As fotos foram realizadas com muita paciência e exatidão por Marcos Costa artista e parceiro de exposições.
Após ter todos os elementos necessários, precisava apenas alinhavar as partes. No plano de execução final, levei cerca de 40 dias fazendo a sobreposição das fotos e o acabamento no Photoshop. Depois de tudo, percebi que o processo de feitura do trabalho tomou uma dimensão tão grande que a execução técnica da obra havia se tornado mais plástica e manual que tecnológica. Até mesmo porque os recursos do programa gráfico foram utilizados (como um professor costumava dizer) de forma artesanal , sem a aplicação de efeitos preexistentes
Com tudo pronto, observo que, apesar de ser uma obra de cunho autobiográfico, eu não teria a menor condição de realizar algo dessa dimensão sozinho. Hoje me contraponho aà fácil ação de isolamento da minha adolescência, e aposto na comunicação e na coletividade para gerar resultados de uma idéia que foi construída com a soma de muitas mãos e cabeças. E
O livro Presença, de Juan Esteves, que será lançado em O de novembro, reúne 138 retratos de artistas feitos pelo fotógrafo durante 15 anos de trabalho. Tanto tempo acabou transformando o ensaio em um documento ímpar sobre a arte no Brasil
sta matéria dedica-se a contar uma parte da saga de um fotógrafo que dedicou 15 anos de sua vida a retratar artisE... importantes para, quem sabe um dia, reuni-los em um livro de fotografias. À medida que cada personagem era identificado... e fotografado são 138 artistas ao todo , o trabalho ganhava força e singularidade, mas colecionava dramas também. Enquanto o autor investia seu tempo em vencer as dificuldades para lançar um livro sobre artistas no Brasil, o próprio tempo se encarregava de protelar o processo. Ora por falta de patrocínio, ora por puro capricho... do tempo, três tentativas de publicação morreram rapidamente. Presença finalmente será lançado em tempo de não ser tardio, e com toda a sorte de um trabalho insuspeitável do ponto de vista histórico, que consumiu o tempo necessário para transcender sua origem um livro de retratos clássico e se transformar em uma obra necessária para quem pretende guardar por muito tempo um recorte particular dos que fizeram e ainda fazem arte no Brasil. Se ainda houvesse alguns minutos, haveria de ser o título alterado para Presença do Tempo. [Pisco Del Gaiso]
Frans Krajcberg
Fotografei o Frans em 2002, aqui mesmo em São Paulo, na casa do Ricardo Ribemboin, onde estava hospedado. Ele estava muito doente, mas teve a maior boa vontade. A casa fica na encosta de um morro, no bairro de Pinheiros, onde havia muitas árvores e plantas... O cenário ideal!
Depois das fotos ficamos conversando por um longo tempo na biblioteca. Desse papo saiu a sugestão dele para o título do livro. O Frans é uma pessoa fantástica. No ano seguinte eu estava fotografando a gravadora Anna Letycia em sua casa na Urca, Rio de Janeiro. O telefone toca. Era o Frans, que tem um apartamento no prédio ao lado. Veio para um café. Fiquei feliz de saber que estava bem melhor de saúde:
Onde: Espaço Fundação Stickel, Rua Ribeirão Claro, 37, Vila Olímpia, São Paulo
Pr Es
Pietro Maria Bardi
Visitei a mostra Cem pinturas de Lasar Segall, de 1971, no MASP, quando eu tinha 13 anos. Fui levado pela minha avó, artista plástica, que me apresentou ao professor Bardi. Anos depois, em 1987, tive a oportunidade de reviver o episódio ao fotografá-lo para a Folha. Rimos muito, e daí em diante me encontrei com esse italiano radiante em várias ocasiões, especialmente em sua casa, onde, em 1992, fiz este retrato, que foi um dos últimos de sua vida. Ele estava doente e triste com a perda de Lina Bo. O professor Bardi foi um homem cuja coragem e dedicação deram significado à arte brasileira! Ainda tenho o catálogo daquela exposição. Como ele sempre dizia: Vero'
E LA manoe raujo
German Lorca Fotografei o Emanoel duas vezes: a primeira, quando ainda era É um personagem mais que especial. Como fotógrafo, é um mito, uma referência diretor da Pinacoteca, em 1999. A segunda vez foi em 2004, para meu para mim desde que peguei a câmera pela primeira vez. Como Doar é um amigo livro São Paulo en Mouvement, publicado na França. A foto aconteceu para uma boa conversa ou para uma boa briga! Passamos anos combinando esta na biblioteca do seu ateliê, um lugar bárbaro. Além de um artista excepcional, Emanoel é um 'gentleman' Chapéu, terno de tweed, calça de veludo... Preferi esta última foto. Poucos fizeram tanto pela arte brasileira como ele, seja como artista ou fomentador cultural! Sou apaixonado por suas xilogravuras dos anos 60! foto, até que surgiu a oportunidade. A imagem, uma das últimas produzidas para o livro, foi feita em seu enorme estúdio da Vila Mariana, este ano. Foi uma tarde memorável, onde também o entrevistei. Depois, ele me mostrou uma centena de cópias vintage, inesquecíveis, maravilhosas!
Jac Leirner
Acho que fotografei a Jac umas três vezes. Estou usando duas imagens dela no livro. Esta é de 1989, da primeira vez em que a retratei. Adoro o trabalho dela. Sempre que nos encontrávamos, ela me perguntava sobre o livro. Sempre deu a maior força. Tive esse incentivo de muitos outros artistas, que acompanharam esta odisséia . Foram muitos anos, indo para a frente e às vezes para trás. Mas, com artistas como ela me incentivando, a coragem vinha nos momentos mais difíceis...
Iberê Camargo (com Maria Camargo)
Esta foto é uma das que mais gosto. Aliás, não só do livro, mas de toda a minha carreira. Sou fascinado pelo seu trabalho! Considero uma sorte, um momento bressoniano . Ele estava com a mulher, Maria, que mantive no quadro. Os dois estão com o casaco no braço. Ela olha para ele, e ele, para algum lugar muito distante dali. A posição deles, os olhares formam linhas geométricas. O olhar de ambos é aflito... Aquilo que o Bresson dizia: coração e geometria, tudo num momento só! Foi feita em 1993, na antiga galeria Camargo Vilaça, aqui em SP, durante uma de suas últimas exposições. Faleceu meses depois, em 1994. Sempre quando olho esta foto penso que o olhar dele era para um outro mundo...
Por onde passa, ope fotógrafo e cineastafl Cao Guimarães registra gambiarras de
toda orde & GÉmero
POR FLÁVIA LELIS
esde criança, o mineiro Cao Guimarães observa com interesse as situaDi. em que a criatividade é utilizada para improvisar soluções aquele jeitinho brasileiro sem cálculos, teses ou fórmulas. Depois de voltar de uma temporada em Londres, há cinco anos, a mania tornou-se quase uma obsessão para o artista, que fotografa todos os improvisos que vê pela frente: um limão-cinzeiro, uma alça-clipe, uma cadeira-churrasqueira, um coco-travesseiro... A mania foi transformada na série Gambiarras , exposta recentemente na Galeria Nara Roesler, em São Paulo.
À série começou no Brasil, com gambiarras paulistanas, cariocas, recifenses, soteropolitanas e curitibanas, e se expandiu para outros países, como México, Tailândia e Singapura. Em todas as viagens registrava as gambiarras que encontrava, geralmente ligadas ao universo popular. Para onde olho, fico procurando esses improvisos , diz Cao, que usa câmeras compactas para o trabalho de rua.
Mas o ensaio não é feito só de flagrantes. Cerca de 5% dos 40 registros de Gambiarras foram executados em estúdio, onde o artista reproduziu situações que estavam em sua memória mas não haviam sido registradas, como é o caso da imagem do dado servindo de peso para a agulha do toca-discos. Gosto muito da expressividade dessas criações improvisadas, mesmo que aparentem simplicidade , salienta.
O próximo destino de Gambiarras é a publicação de um livro. Ainda estou à procura de patrocínio, mas penso em produzir um formato que também seja uma gambiarra. E sem palavras, só com imagens. Cao no cinema À fotografia de Cao Guimarães caminha em paralelo as suas produções cinematográficas. Seu filme Andarilho (2006, 35mm, cor, dolby 5.1, 80 min) abriu a Quinzena de Filmes da 27º Bienal Internacional de São Paulo, no início de outubro. Andarilho é seu quinto longa e o segundo da Trilogia da Solidão , iniciada com A alma do Osso (2004), vencedor da mostra É Tudo Verdade . Andarilho foi filmado nas estradas do norte de Minas Gerais, caracterizando, segundo o autor, um contraponto ao tema Como Viver Junto , da Bienal. Em 2005, com o filme Concerto para Clorofila, Cao venceu o Festival Internacional de Arte Eletrônica VideoBrasil, nas categorias Prêmio Estado da Arte e Prêmio Videobrasil de Residência no Gasworks. nm
Bob Wollheim
UFA, CONVERGIU!
Há anos que se fala da tal da convergência. Os mais tecnoapaixonados imaginavam que hojejá teríamos tudo web, TV, rádio, jornal etc. - em um único aparelhinho. Outros, mais cuidadosos, falavam de convergências 2a2,tipowebe TV e os mais céticos apostavam que um dia algo poderia acontecer, sem especificar como e quando. Os descrentes continuam dizendo que isso é bobagem, e que, basicamente, cada macaco deve ficar em seu galho, incluindo discos de vinil, filmes, disquetes etc.
O que se viu de fato? Durante muito tempo, tentativas esparsas quase todas frustradas de unificar vários aparelhinhos em um só, imaginandose que os usuários assim o quisessem. Não queriam. Mais do que soluções úteis de fato, eram mostrengos para três ou quatro geeks de plantão e mais ninguém, nada de muito relevante ou que emocionasse os consumidores. Até que... Bem, até que alguém percebeu que existia um aparelho sem o qual a gente não saía de casa de jeito nenhum: o celular. Eureka! Achara-se o instrumento ideal, o link perfeito para a convergência.
A coisa começou meio que sem muito alarde com as camerinhas digitais nos celulares. Eram meras VGAs, fraquinhas, e pouca gente falava de convergência, e sim de um gadget a mais nos celulares, minimizando a coisa toda. Ninguém vai substituir a sua câmera , diziam, o que era a mais pura estratégia para não criar alarde, penso eu. Das VGAs fomos rapidinho para mega, 2 megas, zoom, flash Até que, em setembro, aconteceu em Nova York o Nokia NSeries Open Studio.
Na presença de mais de 200 jornalistas de todo o mundo, a Nokia lançou o celular N95 ou uma câmera com celular de 5 Mpixels. O que se passou de fato no Open Studio? Um show de convergência! O aparelho, que custará cerca de US$ 500 nos Estados Unidos, não foi chamado de celular, mas de computador multimídia! Hum... Além de ser um telefone o que o vice-presidente de Multimídia da empresa apenas mencionou após quase duas horas descrevendo o tal computador multimídia , ele é (também) um mp3 player, uma câmera digital de 5mp com zoom de 10x e lentes Carl Zeiss, um GPS, um organizer para uso de trabalho (textos, planilhas etc.) um videoplayer com qualidade de DVD e que pode ser conectado à TV de casa com alta qualidade, um rádio e um navegador na internet em alta velocidade (páginas, e-mails, vídeos etc.) Tudo num aparelhinho pequeno, com um visor de altíssima qualidade e som estéreo, e que utiliza a plataforma (aberta, ou seja, que permite downloads) S60 da Symbiam OS. Ao imaginarmos a concorrência desse pequeno computador multimídiaKodak, Fuji, Canon, Nikon e Sony no mundo da fotografia, Apple no mundo dos mp3 players (iPod), Dell e HP no mundo dos laptops, Garmin no mundo dos localizadores GPS, Microsoft no mundo do Windows, fabricantes de rádios e TVs no mundo da distribuição de conteúdo, além de, é claro, Motorola, SonyEricson e Samsung no mundo dos celulares , dá para se ter uma bela idéia do impacto que essa convergência pode causar nos nossos hábitos de consumo e na indústria.
O detalhe fundamental: a gente pode até esquecer a câmera ou o iPod em casa e não voltar para pegar. Mas, se esquecermos o celular, a gente volta... E agora, ao voltar para apanhá-lo, a gente pega também o GPS, a câmera, a web, os e-mails, o YouTube, o Orkut, o rádio, o DVD, a TV, o jornal, a revista, o iPod e a planilha. Mesmo que não queiramos... E, já que eles estarão todos na palma da nossa mão... À gente usa, né? ;-)
M BOB WOLLHE
fernando de tacca
O FOTÓGRAFO EM CRISE, NO CINEMA
s imagens que circundam a idéia de fotógrafo nos filmes de ficção parecem indicar uma crise latente no meio fotográfico. A história da representação desse personagem no cinema poderia ser pensada como uma paráfrase da saga do pioneiro Hippolyte Bayard, que, não se sentindo reconhecido como um dos descobridores do processo fotográfico, apresenta-se como vítima de uma grande negociação entre interesses do Estado francês e o anúncio do daguerreótipo, postando-se em auto-representação como morto anunciado, um simbólico suicídio fotográfico.
Antonioni, em Blow up - Depois daquele beijo (1966), constrói um fotógrafo insatisfeito com o mundo superficial da moda, que se depara, na vivência real de um abrigo de homeless, com motivos para encontrar vida mesmo em desgraça. Mas será no acaso fotográfico que um beijo procurado se transformará em tragédia e o elevará à condição de testemunha de um assassinato. Entretanto, como um profeta anunciador de significações, Antonioni não somente desorienta o fotógrafo, mas a todos nós, quando, na ausência da prova, O corpo se torna somente grãos de prata em ilusão especular, restando o mundo simbólico da convenção Como uma paráfrase à história de Kelvin Carter que ganhou o Pulitzer com a foto de uma menininha observada de perto por um urubu com jeito faminto, e que posteriormente se suicidou , a jovem fotógrafa do filme Desejos de Liberdade (2002, direção de Edoardo Ponti) entra em crise ao ser questionada por uma angolana sobre o destino da menina fotografada em Angola e que virou capa da revista Ti-
mes. Escapa-lhe da memória o momento do ato fotográfico. Na busca pela imagem em seus contatos, em catarse, o momento do instantâneo é revivido em meio ao conflito, balas e bombas ou existia a fotografia ou a vida, e da menina restou apenas a imagem. À culpa a leva para a ajuda humanitária, e a fotografia torna-se passado doloroso. Ao redimir-se de ter matado a garota com seu instinto fotográfico de caça à imagem, larga a fotografia e, ao final, não sabemos se superou seu décimo de segundo mortal. O ambiente de solidariedade de um grupo de guerrilheiros fotografados na Nicarágua (Sob Fogo Cruzado, 1983, direção de Roger Spottiswoode) alimenta posteriormente a rede de informações, colaborando na localização e reconhecimento dos rebeldes. O fotógrafo torna-se ferramenta ideológica dos dois lados em conflito: dá vida ao líder guerrilheiro morto em imagem montada, ao mesmo tempo em que traz a morte para os vivos ao documentar o acampamento. Vivendo no limiar, o fotógrafo é agente de vida ilusória e de morte real, como a jovem e romântica fotógrafa do romance A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, que combate os tanques de guerra russos com imagens (transformado em filme em 1988, por Philip Kaufman).
Se o tempo não morre e o círculo não é redondo, a espiral do tempo leva Aleksander Kirkov, fotógrafo-personagem de Antes da Chuva (1994, direção de Milcho Manchevski), ao encontro de sua própria morte. Fotógrafo de conflitos e frustrado por não ter feito uma boa foto, lhe é dado ver o espetáculo da tragédia humana, que o co-
loca como partícipe de um frio assassinato pelo seu próprio olhar fotográfico. O automatismoe o transe o fazem documentar a cena que o persegue como autor de um disparo mortal, no qual dedo e disparador se unem, rifle e càmera tornando-se um só. Ao retornar as suas raízes, encontra no conflito étnico entre macedônios e albaneses uma triste realidade entre povos irmãos, e morre enfrentando o incompreensível, na ilusão de salvar uma vida. Sua última ação perdura e quebra o círculo, criando destinos e tempos que não mais lhe pertencem. Seu funeral é fotografado por sua própria câmera. Ironicamente, ela continua a funcionar depois de sua morte nas mãos de uma criança, e, pelo olhar maquínico, ele morre duas vezes.
Se morremos um pouco a cada foto, o fotógrafo talvez morra mais vezes e mais rápido.
FERNANDO DE TACCA
ne crie seu próprio LIVIO De Fotografia
O livro, uma das melhores maneiras de publicar um trabalho fotográfico, sempre foi uma coisa para poucos.
Para quebrar esse paradigma, o Fotosite em parceria com a Digipix, criou o Fotosite OneBook, uma combirs [oo [so Iago jo E E o gia ponta, que permite produzir livros fotográficos de qualidade com baixas tiragens. E, o que é melhor, a ipa dois dojsipgfe dois)
Você pode montar portfolios, livros autorais, books e gue o es pre eae 0 enfim, tudo oe E gr o [o orcs lg
RATeo cao so So Oca ja
= Tiragens individuais ou a quantidade que você desejar
- Software auto-explicativo e em português
- Entrega pelo correio para você ou seu cliente
BOEfe plc opioNo o Loo saogo
Do ALIEN AS
Para saber mais acesse ou ligue para 11 3641-2656
coluna andré arruda
SANGUE FOR SALE
va violação de privacidade nossa de cada dia, o prazer de ver uma celebridade escrotizada, uma trepadinha de milionários, é como se os mortais pudessem rir dos deuses e, ainda que por segundos, esquecer do aumento do condomínio ou do pavor do assalto. E sem falar na suprema dolce vendetta que uma mulher sente ao ver uma Vênus sem tratamento de Photoshop, sem filtros Liquify, Median ou Gaussian Blur que lhe apaguem as rugas. À quase blasfêmia que amaina a culpa é:
O relógio despertaria às cinco da manhã sem snooze, era para despertar de uma vez, sem perdão. Mas já estava acordado pelo menos quatro horas antes. Os olhos pesavam, a dor nas costas não passava e o telefone estava mudo.
Tinha gosto de sangue na boca. Queria poder ter cometido um crime que horrorizasse a todos. Matar pessoas não chocava mais ninguém, garotas sequestradas tinham afeições por seus algozes, matar gente era mais uma notícia na tv entre o anúncio sorridente de banco e a chamada da novela, menos interessante que ver a modelete-putinha dar numa praia européia em algum vídeo mal comprimido no YouTube. Que você não consegue ver porque a merda do computador não tem codec e a droga do browser trava na hora de baixar O programa é a memória paraguaia, tem que ser! A privacidade é mais interessante que o sofrimento, até porque, a cada pequena e coleti-
Ela tem celulite ou Ela é gorda! . Queria ter o gosto de sangue de ter matado um filhote de um bichinho bem fofo, como um bebê-foca ou um urso panda albino, daqueles que nascem a cada século bissexto. Mataria com uma faca emprestada de um terrorista cuja religião não ouso dizer porque não quero morrer cedo, e beberia o sangue das vísceras. Para completar a ignomínia, cuspiria todo o sangue naquelas daminhas de honra de casamento de 500 mil reais, uma bela cusparada, longa e babada, um trauma inapágavel, destruidor de lares e adolescências, transformando aquelas doces menininhas caucasianas em possíveis drogadas ou bulímicas pô, logo agora que modelo magra tá ficando difícil.
E para que serve uma notícia? A quem interessa uma foto que choque, que mostre um paí chorando porque o filho se desfez em pedaços a 100 por hora numa árvore? A mesma tela que mostra é a mesma que instiga, como um mantra profano imagético editado em Adobe Premiere e hipermasterizado em estações Silicon Graphics
A mesma tela mostra o filme do cara fortão, que come todas, a 250 por ho-
ra, arrebenta um carro, sai ileso ok, ok, uns sangramentos aqui e ali de mentirinha e dá um beijo na gostosa vestida de Prada, a marca que veste o diabo, e os dois saem dançando ao som de My Hump, o hino que enaltece a cachorra que tá a fim de grana e o cara paga, porque ela é o certificado iso 9069 de Macho Alfa do capital. E sem saber o que é real e o que é virtual, a gostosa da webcam, a trepada na Europa, a velocidade do carro com óxido nitroso, a gostosa turbinada de silicone editada em Silicon Graphics, o filme de cores fantásticas, o comercial de drops que transforma o otário em garanhão, a culpa de não ter iPod, de não comprar um jeans de 800 pratas, ou de ver aquela gata-cabeça sangue bom sair com o sujeito que tinha um carro que falava alemão, ou o cara pra quem você sorriu duas vezes na festa, mas rebocou aquela idiota de cabelo escovadíssimo estilo patricinha-cachorra e bunda moldada em agachamentos com mais de 100 quilos. Tudo é downloadeado, do link no Rapidshare que apareceu no Orkut, sem franquia de banda, sugado, processado e armazenado. Todos, todos estão perdidos na ilha sem saber motivo, afinal o que interessa é a maneira de contar a estória, mas, ao olhar no espelho do quarto, lâmpada de 60 w, às cinco da manhã, sem dormir, a ilha real é a cidade, cercada de solidão por todos os lados, e a realidade não tem intervalo comercial.
Imprima com qualidade no Espaço Visual.
crônicas fotográficas por marcio scavone
DANIEL KLAJMIC
ronco do motor Pan Head da velha
Harley Davidson no corredor do meu estúdio precedeu o fotógrafo. A motocicleta, customizada, pessoal, intransferível, assinatura do dono, tanque de gasolina folhado a ouro, altar do combustível, aquele que te leva longe. Como certas imagens. A moto ficou finalmente estacionada no meio-fio, prosaicamente semitombada no seu pé de aço, inofensiva esperando o dono como um cão perigoso que dorme. Fiquei pensando na afinidade entre Harleys e Leicas, entre carburadores tossindo e obturadores de
cortina engasgando. O mundo mecânico indo embora e nós nos agarrando a ele. Fotógrafo de moda? Não, eu não penso na minha fotografia como moda. Eu, que já ouvi da boca de David Bailey: Sou apenas um vendedor de vestidos , não me surpreendi com a resposta. À palavra moda é hoje carregada demais do tom efêmero das coisas que são esquecidas. O fotógrafo sério sentado na minha frente entendeu logo que a nossa missão na terra é enxugar o supérfluo, reduzir a informação do mundo para o seu próprio espaço e domínio, como se tudo à
nossa volta fossem pistas para se encontrar um mapa pessoal e adequado para algum tesouro enterrado em ilha desconhecida.
O jovem/velho fotógrafo, olhar de garoto, barba e sorriso de quem já teve 7 vidas e já empunhou uma Speed Graphic em noites herdadas de Weegee, subiu no kick start da moto para dar a partida, a máquina cuspiu e pediu três pedaladas antes de pegar. Sorrimos um para o outro, afinal era como carregar o filme de uma Leica: um pouco de sofrimento é o mínimo que um fotógrafo sério espera.
DANIEL KLAJMIC MARCIO SCAVONE
Pense numa marca líder em soluções de imagem que transforma sua imaginação em realidade. penseepson.com.br