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EVISTA FOTOSITE
E Os melhores livros de fotografia de 2006 E Semanas de Fotografia fora de São Paulo E Colecionismo E Alberto Garcia-Alix E German Lorca E Washington Olivetto E Paulo Fridman E Fernando de Tacca E Marcio Scavone
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Assine a Folha por 6 meses Ro ERA do ER pp ER pero pus AT TCS
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Verainsli js dio A era antiga Goraraç eme as Ig VAG
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www.sony.com.br/alpha
Paralero conteúdo desta edição na internet, acesse www.fotosite.com.br e clique nesta marca editorial ao
Ao abrir a página, ilustrado digite a senha: 2007
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POR QUÊ? ps; que p m p
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os incríveis recursos Super SteadyShot (estabilizador de imagem) e Alta Sensibilidade, suas fotos têm tudo para saírem perfeitas. Corrige se você tremer,
DSC-T10
FOTO DA CAPA: O fotógrafo Alberto Garcia-Alix observa uma de suas imagens expostas na Galeria Olido, em São Paulo, até o dia 7 de janeiro. Foto: Cia de Foto
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fp SIXPIX Bob Wollheim
Marcelo Cândido de Melo Pisco Del Gaiso sixpix.cor m.br
Estúdio Chico Design Chico Max, Cacau Lamounier e Alexandre Roque www.chicodesign.com.br
Pisco Del Gaiso
eae Marial Joaquina Paulo Fridman, Pedro Farkas, Richard Kovács
Reginaldo de Aguiar
Brasi Te/ta: 55 11 3641-2656 D e.com.br, onde tudo começou
Érica Rodrigues ericamfotosite.com.br Repórter Flávia Lelis flavialelisQOfotosite.com.br Revisão Tuca Borba André Arruda, Daniela Maura Ribeiro, Eder Chiodetto, Eliane Stephan, Fernando de Tacca, João Kehl, Juan Esteves, Marcio Mário Ito Gerente de 1 Adriana Bortolotto adriana Osixpix. egócios Flávia Jungbluth flavia)sixpix.com.br Financeiro Anderson dos Santos anidérona sina com.br Secretária Ariane Stipp Av. Mofarrej, 1.200, mezanino, Complexo Empresarial Bic, Vila Leopoldina, CEP 05311- 000, São Paulo, SP, Nas pelas Fnac (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e Campinas) A ra: comento pelo site www. o, piciaroEscuro, Imp Eskenazi Indústria Gráfica iam
LEITOR ILUSTRE 1
Bonita a Revista Fotosite. Cada vez melhor. Gostei bastante da entrevista do Miguel Rio Branco [FS &14].
Bob Wolfenson
Fotógrafo, São Paulo-SP
LEITOR ILUSTRE 2
A revista está com um design maravilhoso e um conteúdo de fina categoria. Nunca houve no Brasil nada igual. Parabéns!
Araquém Alcântara
Fotógrafo, São Paulo
ARROJADA
A matéria [sobre colecionismo, da FS&14] ficou ótima e a revista está super arrojada.
Nessia Leonzini
Jornalista curadora Nova York, EUA
Nessia, o prazer foi nosso em poder divulgar o seu trabalho!
QUASE VOMITEI
Asquerosa [a foto da capa da FSH 14].
Pensei que fosse montagem. O que foi feito deveria ser proibido pela polícia e pela Sociedade Protetora
Na época mais imagética que o mundo já conheceu, a f vem ganhando cada vez mais espaço no gosto das pessoas. Colecionar essa arte dá prazer e pode ser um bom negócio
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dos Animais. Nojento, horrível, quase vomitei.
Isaura L. P. Nascimento Aposentada, São Paulo-SP
Cara D. Isaura, o animal utilizado no ensaio havia sido sacrificado por motivos alheios àquele trabalho. Conforme esclarecido em texto do próprio artista Rodrigo Braga, publicado naquela edição, tudo foi feito sob inspeção de veterinários e autorização do Centro de Vigilância Ambiental da Prefeitura do Recife.
RORAIMA QUER FS!
Sempre que posso, mando parabéns e sugestões. Sabem por que vocês não vendem mais revistas? Porque não vendem nas bancas. Daí, mandar buscar os números atrasados fica difícil às vezes $$$$... Mandem essas revistas pra Roraima, queridas e queridos amantes da fotografia. Socializem o conhecimento!
Wank Carmo Fotógrafo, Boa Vista-RO
Oi, Wank. De qualquer lugar do planeta você pode acessar nosso site e adquirir as revistas por meio
da loja virtual, inclusive os números atrasados com desconto! Continue mandando sugestões! Abraços da equipe Fotosite!
QUERO REVISTA ANTIGA
Olá. Quero comprar a revista que tem uma hélice de avião na capa. Acho que ela é a número 5. Na seção Retrato tem o fotógrafo Pedro Martinelli. Não encontrei a revista aqui em Belo Horizonte. Vocês podem me enviar um exemplar? Como faço para pagar?
Janine Diniz Jornalista, Belo Horizonte-MG
Oi, Janine. A edição a que você se refereé mesmo a de número 5. Você pode adguiri-la pelo www.fotosite. com.br. E só acessar Loja Virtual , no menu à esquerda da home, e clicar em Números Antigos .
FALE
COM A REDAÇÃO
As cartas para esta seção devem ser enviadas para o e-mail: cartaDfotosite.com.br. Por motivo de espaço, as mensagens são selecionadas e podem sofrer cortes
O QUE ERRAMOS NA EDIÇÃO 14 Diferentemente do publicado página 48 artista Rodrigo Braga não é pernambucano Ele nasceu em Manaus e vive em Recife desde os dois anos de idade A Semana Epson Enac/Fotosite da Fotografia estará em sua quarta edição em São Paulo em abril de 2007, e não na ter ceira, como informado na seção de cartas.
Por um erro de grafia o link www.fotosite com.br foi grafado erro neamente como 'fofosi te na página 19, Apesar de gente ter assumido que esse é um apelido bacana para o nosso querido Fotosite, fica o aviso... Viva o Fotosite, o site mais fofosite do mundo! o Meninas da redação
ET Tita
ografia
reportagem
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DR pad , Ed et
alberto Z ' garcía-alix
Garcia-Alix posa para foto no dia da montagem de sua
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== feriado em São Paulo. Alix anda pelas ruas da Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, ea vem a suas mãos como um cão de seu dono. Pintada por um ami daquele que a alimenta e que Ra Fa SR OST E ia EC 80mm e um filtro amarelo: trar o entorno de sua vid: diante de um aglomerad montado numa dessas moto mesmo quando desligada.
A parede entre os desconhecidos des, as tatuagens de Alix que aproximam o
mãos do fotógrafo que uma volta? , pergunta a câmera. São suasid tra SS RSO RE UR Ia RE de quem sabe como tratar uma Buell de mil cilindradas, Alix veste o capacete emprestado e sai esquivando-se
a mão pesada acelerando rua acima. o minutos e ele o. Estamos indo ali. Com um sorriso apertado no rosto, ES RTER volta, agradece o presente e entra ni E
voltaria tão cedo . García-Alix, um dos mais importantes fotógrafos espanhóis, vai passar poucos ELOS LER São Paulo.
exposição na Galeria Olido, em São Paulo. Ilustre desconhecido no Brasil
Iberto García-Alix é fotógrafo e espanhol, nascido há exatos 50 anos na cidade de León, a poucas horas de Madri. Vencedor do Prêmio Nacional de Fotografia em 1999, na Espanha, viveu estes últimos três anos e meio em Paris, lugar a que agora pretende voltar só para passar férias, não mais para morar. Arrependido de ter comprado um estúdio com quase 100 metros quadrados na Cidade Luz, quer vendê-lo. Está irritado com o vizinho, que se aproveitou de sua ausência para encher o espaço alheio de entulho. Comenta sobre o caso que o chateia à distância em mais de três ocasiões. Está nitidamente angustiado Enquanto traga um Camel regado a cerveja Original, diz que sonhava estacionar sua Harley bem ao lado da cama e por isso comprou o imóvel amplo, aberto, onde poderia morar e trabalhar. O espaço vale hoje cerca de 500 mil Euros, algo como R$ 1,5 milhões. Passou quase o tempo todo em que viveu em Paris reformando o local. Alberto é representado pela Galeria Kamel Mennour [www.galeriemennour.com], uma das mais importantes da Europa e que responde por fotógrafos como Martin Parr, Guido Mocafico e dois dos grandes mestres japoneses, Daido Moriyama e Nobuvyoshi Araki. Pergunto quanto vale uma obra sua
Para os amigos eu as dou para quem as quer comprar...
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Bem, aí depende de quem as quer comprar , brinca ele sem revelar o preço. Alberto vive única e exclusivamente de sua fotografia autoral.
FOTOGRAFAR É ENCONTRAR PESSOAS
A voz rouca e baixa é cicatriz sonora de uma vida intensa boa parte dela consumida nas noites de Madri, em meio a gente de toda a ordem que habitava sua intimidade Putas, bonecas, artistas pornô, drogados, perdidos assumidos todos seus personagens foram e ainda são, de alguma maneira, seus amigos, personas ilustres, reis de seus mundos
Para Carcía-Alix, retratar uma pessoa é um embate, um confronto. Minha fotografia acontece à medida que encontro pessoas ao longo da vida , conta ele, enquanto me mostra uma foto do livro García-Alix Fotografias (Tf Editores/La Fábrica, 2002), que está esgotado em sua segunda edição. A imagem mostra um casal usando drogas injetáveis em um quarto qualquer. "Fotografei estes junkies porque eu era um deles, isso era a minha vida , diz. Todas as fotografias têm uma história pessoal, são um extrato de um tempo de sua vida materializado em prata
Esse embate entre fotógrafo e personagem, entre vida e
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Jana y Perdita", 1997
Siomara y Jorge", 1978
Fotografava os junkies porque essa era a minha vida!
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El Amo de la Calle , 1986
arte, pode ser visto em sua exposição Llorando a aquélla que creyó amarme , em cartaz até 7 de janeiro na Galeria Olido, região central de São Paulo. A mostra*, que já passou por vários países da América do Sul, é uma antologia com 87 fotografias boa parte das cópias feitas pelo próprio artista e uma trilogia de vídeos. O papel de fibra, neutro, dá o suporte para imagens repletas de um cinza corajoso. Pela primeira vez em São Paulo, a mostra faz parte de uma obra maior, que nem mesmo o autor conhece em sua totalidade. Tenho milhares de negativos em casa , diz ele, que já publicou seis livros. O próximo será de retratos.
Alberto García-Alix é um sujeito compulsivo com uma câmera nas mãos. Em uma hora, rodou mais de 15 rolos de filme em apenas um dos lugares por que passou. Estou muito curioso para ver estas imagens , diz ele. Como uma criança que cresceu sem tecnologia, diverte-se com simplicidade, com fotografia de filme, com todos os lugares em que está. Quem o vê fotografar não imagina que o rigor técnico está ali, sendo exercido, apesar da aparente displicência de seus atos. Não se enganem, ele é simples sem ser simplista, é rápido sem ser leviano. É meticuloso, saca o fotômetro de mão a todo instante. À luz está mudando enquanto registra impiedosamente os prédios da cidade de dentro do carro. O Minhocão, a Avenida Paulista, símbolos do monumental cimento que cobre nossa cidade são o foco do fotógrafo que ama...fotografar.
REINA SOFIA
Toda essa produção deve ser enfim organizada em 2008 para uma grande mostra no Museu Nacional Reina Sofia [www.museoreinasofia.es], em Madri. À negociação está adiantada, o que deve fazer o artista recusar uma participação no próximo PhotoEspafia, no ano que vem. Expor no Reina Sofia pode ser a consagração para esse ilustre desconhecido... no Brasil. Para o curador e professor Eduardo Brandão, a exposição Llorando a aquélla que creyó amarme é um acontecimento importante, já que são raras as vezes em que se pode ver uma mostra completa de um autor dessa importância no Brasil. É possível notar o tempo passar dentro da mostra , diz Brandão, que aproveitou a visita de Alberto na noite de abertura da exposição do fotógrafo Cássio Vasconcelos, na Galeria Vermelho, para lhe mostrar a reserva técnica.
A CONTRA-CULTURA
Alix é um etnógrafo, um inventariante da sociedade espanhola pós-Franco. Participou ativamente da "Movida Madrilenia , movimento de contra-cultura juvenil surgido
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Rita , 2001 Uma amiga romena do autor. Impregnando de glamour e teatralização o submundo
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Elena Mar, Odalisca en mi Pátio", 1987 Títulos completos contam parte da história de suas fotos, como nesta. Intimidade e cotidiano vividos junto a seus personagens
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o começo dos anos 80 que agitou várias vertentes artísticas na Espanha. Além da fotografia, a música, a literatura e o cinema (Pedro Almodóvar) buscavam Os ares, ovas formas de retratar a sociedade espanhola alterna libertada da ditadura.
Além de fotógrafo devorador de personagens, Alb García-Alix assumiu outras faces ao longo da vida. F dono de bar, líder de equipe de corrida de motocicletas e até editor de revista da contra-cultura além de escrito uma atividade que sobrevive até os dias de hoje. Seu olhar poderoso, algoz de uma obra densa que começou há 30 anos, sempre manteve seus retratados distantes de julgamentos morais. Como poderia fazer juízo de seus espelhos, afinal? Seus auto-retratos revelam a intensidade
Emma Suárez , 1987
Retratos fortes, geralmente feitos durante momentos reais da vida de seus personagens. Convívio com o assunto a ser fotografado é uma marca do trabalho de Alix
Gato Negro , 1994
Motocicletas sempre fizeram parte da vida do autor. Já o gato preto, segundo ele, cruzou a rua na hora do clique. Foto feita em 35mm
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Mi Lado Feminino , 2002
Auto-retratos permeiam toda a sua obra. Alix é daqueles fotógrafos que usam 9 corpo como um relógio de seu tempo. Fotógrafos mortais e pecadores como Robert Mapplethorpe
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Câmera Hasselblad apelidada de Cielin repousa na mão do fotógrafo. Pintura personalizada e pequenos olhos de plástico colados no capuchão. A cara do dono!
de seus vários tempos, amores e pecados. Remetem-nos, de certa forma, a Robert Mapplethorpe, ícone pecador que se expôs de forma dissidente à de fotógrafos imortais como Henri-Cartier Bresson.
A
FOTOGRAFIA VEIO PARA ME DAR DISCIPLINA NA VIDA Em meados dos anos 70, descobri que não tinha feito nada na vida , García-Alix. Como eu tinha uma câmera, e um amigo havia montado um laboratório preto-e-branco em casa e logo fora convocado pelo exército para viajar, comecei a me meter todos os dias nesse laboratório. precisava encontrar uma disciplina. E, para ter o que no laboratório, eu tinha que fotografar. Comecei com as idas de moto de que participava com meu irmão, puro hobby. Rodei um filme e cansei daquilo. Passei então a fotografar as ruas, os amigos. Não tinha nenhuma referência fotográfica, nenhuma curiosidade pela fotografia e nem sobre o que acontecia nesse universo , reflete o autor enquanto conversamos diante de seu livro aberto em cima da mesa, na Galeria Olido. Alberto continua a falar. Certo dia, fui ver uma exposição do alemão August Sanders [1876-1964] em Madri, e fi fascinado. Descobri que tudo aquilo que eu fotografava minha intimidade, meus amigos... Tudo fazia algum sentido. Enquanto fuma e olha bem fundo nos meus olhos segue divagando sobre a carreira: No mesmo ano, fui a uma outra exposição. Dessa vez era Walker Evans. Nessa época, ia fotografando minhas habitações baratos, claro. Diante das fotos de Evans, percebi a mesma solidão. Tudo fazia ainda mais sentido. A cada briga que eu arrumava em um bar da cidade, voltava pra casa e me fotografava, todo machucado . A fotografia, a cirrose crônica, o maço de cigarro e os amores sobre duas rodas. O avião sairá daqui a algumas horas rumo a Madri. Dentro dele, Alberto, seu assistente Nicolas e a Hassel Cielin. Venga!
*A exposição de Alberto García-Alix é uma iniciativa do Ministério Cultural da Espanha, produzida no Brasil pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional e pela Embaixada da Espanha, em parceria com o Centro Cultural São Paul
Fotos Leonardo Ayres.
AMUFIAGE)
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&. A obra Camuflagem participou de um salão de arte de uma instituição do Exé MEN creio iii TAN] foto durante a vernissage, e algumas das imagens que compõemo trabalho de Leonardo Ayres sobre o Exército e o universo masculino
"Uma imagem diz tudo. Todos escolhem como e quando vão se mostrar ou se esconder do mundo! Partindo dessa idéia, o artista Leonardo Ayres desenvolveu uma série de fotografias sobre o universo masculino e o Exército, carregadas de símbolos como armários e objetos fálicos em quartos e banheiros, nas dependências de uma das maiores academias militares do Brasil. O trabalho se desdobrou numa inacreditável façanha, que resultou no vídeo Operação: Camuflagem, exibido no mês de novembro durante a 5? Mostra de Curtas dA Organização [www.a-org.org], no Cine Odeon, Rio de Janeiro. O curta de sete minutos começa com Leonardo inscrevendoo trabalho Camuflagem (acima) no salão de arte da própria instituição onde realizou as fotos. Pelo perfil dos outros trabalhos inscritos, imaginei que nem mesmo entraria no salão, mas, segundo a senhora que cuidava das inscrições, fotografia também é arte' (sic). E lá se foi a minha foto emoldurada com um adesivo escrito '38' na frente número pelo qual seria julgada = e outro adesivo escrito FOTO! em maiúsculas, pois, de acordo com a mesma senhora, os jurados poderiam confundir o trabalho com uma aquarela ou pintura
Para surpresa do artista, no dia da premiação, seu nome é chamado. O fato tornou o vídeo bem mais interessante. Corri para o palco, cumprimentei o general e peguei meu diploma e a medalha de destaque em fotografia E, espanto geral, ninguém ali se deu ao trabalho de olhar de perto a obra e decifrar os elementos que constituíam a estampa! "As pessoas passavam e viam tudo rapidamente. Alguns até apontavam, mas estavam mais surpresos em ver uma fotografia num salão de arte. Um dos militares chegou perto, depois mais perto. Então se afastou rapidamente, fingindo não ter visto nada. Afinal, não seria ele a contar ao general que o quartel havia sido invadido por veadinhos camuflados! [Érica Rodrigues]
Quase cinema
Filme
Opaco foi inteiramente realizado com uma câmera fotográfica digital
Dois amantes que passam um dia à procura de um certo lugar. Aos poucos, desvenda-se diante do espectador um relacionamento que desvanece. Esse é Opaco, média-metragem do fotógrafo paraguaio Martin Crespo inteiramente feito com segúências de fotografias, atores não-profissionais e referências à Nouvelle Vague de Godard e Truffaut. O filme de 35 minutos é resultado de três dias de filmagem , 15 mil fotos e dois meses de edição e reconstituição do som ambiente. Fiz Opaco em plena liberdade, 90% com luz natural e ISO1600. Muita gente do meio publicitário colaborou por amor à arte, sem cobrar um tostão , diz o fotógrafo, que gastou um total de US$ 200 no filme.
Uma das imagens de Opaco, de MarLTS (o TT) será lançado no [SG ENSETM la transcorrem cinco minutos do filme Fotos Martin Crespo
Quase a mesma grana que custou a inscrição e o seu envio para o Sundance Festival [Até o fechamento desta edição, Martin ainda aguardava o resultado da seleção.)
Depois de testar outras câmeras, ele escolheu a Nikon DSO para realizar o filme, por causa do sincro-flash de 1/500 e da possibilidade de fazer sequências de fotos quase intermináveis. O resultado é quase cinema , afirma.
Opaco será lançado no dia 15 de dezembro, no Estrela Bar, em Assunção, onde transcorrem cinco minutos do filme. O fotógrafo planeja uma projeção em plasmas de 42" no local. Serão quatro telas, para que o pessoal fique suficientemente perto e aprecie os detalhes , explica o fotógrafo. O trailer de Opaco pode ser visto em www, martincrespo.net
Martín Crespo Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade de Buenos Aires, em 1992, comprou sua primeira Pentax K 1000 em Amsterdã. Eu era grande admirador dos pintores holandeses do século 1'7, pela maneira como utilizavam a luz. Um dia, saído museue dei
SD | ma Co |147)
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de frente com aqueles mesmos edifícios retratados nas pinturas. Isso fez minha cabeça explodir. Decidi ser fotógrafo
No entanto, ele teve de continuar dedicando-se a outras atividades, até que, em 2000, abandonou o cargo de gerente de marketing da Parmalat Paraguai. Deixei tudo, e graças aos contatos com o meio publicitário, tive oportunidades em muitas agências: Hoje, Martin é um dos principais fotógrafos de seu país. Em 2004, passou pelo fotojornalismo, como correspondente da agência espanhola EFE, Atualmente, faz muitos trabalhos em fotografia de moda e planeja a pré-produção de um novo filme, chamado Meridiano. [ER]
Martin Crespo largou uma carreira consolidada na área do marketing para se tornar um dos principais fotógrafos de seu país
CINEMA
Pedro Farkas
Com tomadas suaves da Baía de Guanabara e tensos registros que reconstituíram tempos angustiantes, ele construiu a fotografia de Zuzu Angel, filme de Sérgio Rezende sobre a história dramática da estilista brasileira que teve seu filho assassinado pela ditadura militar. Pedro Farkas, cineasta especializado em fotografia pela ECA-USP, passou também pelos sets de Carlos Reichenbach, Walter Lima Jr. e André Klotzel, entre outros. Sua fotografia já lhe rendeu 25 premiações, entre elas seis Kikitos no Festival de Gramado e três Candangos no Festival de Brasília. Pedro escolheu Era uma Vez na América, de Sergio Leone, para comentar:
"Por que alguns filmes permanecem vivos em nossa memória? Escolhi Era uma Vez na América, de Sergio Leone, fotografado por Tonino Delle Colli porque sempre lembro da cena em que o jovem Noodles observa a irmã de seu amigo Fat Moe dançando. Ele a vê de um esconderijo, no alto de um banheiro, Tempos depois, Noodles,já envelhecido, volta ao mesmo lugar, agora um bar, à procura de lembranças. Começa a tocar Amapola, de Ernesto Lecuona, e vemos uma menina dançando, envolta por uma névoa, numa visão sublime. Há uma troca de olhares entre a garota e o jovem Noodles, que foge dessa fixação. A luz que incide no centro do depósito, é branca, clara, suave, diurna, delicada, calorosa, contrastando com o resto do filme, escuro, sombrio e frio. A névoa de poeira torna a cena ainda mais mágica. Seria a farinha guardada em sacos, suspensa no ar? Há ainda um plano em que vemos o rosto da menina e o alto do teto, com sua clarabóia, refletidos num espelho. O reflexo da clarabóia nos leva a alguma coisa além do nosso olhar cotidiano, fora desse lugar, desse bairro de imigrantes, desses jovens sonhando em fazer a América . Essa sequência nos conta delicadamente sobre o passado de Noodles, sobre aquele amor obsessivo que paira acima da realidade, já num palco sublime, no sonho, na imaginação futura e na memória. -
E DA LINGUAGEM VISUAL
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A designer gráfica Eliane Stephan é graduada em Desenho Industrial e Comunicação Visual pela PUC do Rio de Janeiro. Entre os destaques de sua carreira está a coordenação da área de design e fotografia do Curso Abril de Jornalismo, a atuação como diretora de arte e secretária de redação para imagem do jornal Folha deS.Paulo e o Prêmio Abril de Design, em 2002, pelo site de jornalismo feminino Paralela. Em abril de 2006, dirigiu a arte da sétima edição da revista S/NS, do fotógrafo Bob Wolfenson. Eliane escolheu a obra Sintaxe da Linguagem Visual (Martins Fontes Editora, 248 págs., R$ 39), de Donis A. Dondis, para comentar:
Ver é tão fácil que nem nos damos conta, apenas vemos. A realidade está bem ali, diante dos nossos olhos. À capacidade de olhar é comoa de falar, nasce conosco. Aprendemos afalar e, posteriormente, desenvolvemosa leitura e a escrita. Somos alfabetizados em diferentes graus, dependendo das condições físicas e das oportunidades que tivermos. Muitos irão aperfeiçoar essa capacidade e se tornarão advogados ou jornalistas, escritores ou poetas. Mas estamos nos dando conta de que a capacidade de ver passa por processo semelhante. Num mundo cada vez mais visual, Dondis nos mostra que existe, sim, uma sintaxe que organiza a linguagem visual e que é possível ser aprendida e compreendida. O ponto, a linha, a forma, o movimento, a cor, a textura, a proporção e o contraste, entre tantos outros conceitos, são elementos básicos e individuais da composição e das técnicas visuais de comunicação. Através da compreensão desses princípios de organização perceptiva, o livro nos leva a criar e a entender frases simples ou composições complexas nas giro manifestações visuais = Eliane
Imagens do Afeganistão
Uma história vivida, fotografada e contada por Didier Lefr'evre, escrita e desenhada por Emmanuel Guibert, diagramada e colorida por Frédéric Lemercier" É como começa essa curiosa publicação, O Fotógrafo (Conrad Editora, 88 págs, R$ 46). Estamos entrando no Afeganistão, no melo dos anos 1980, onde a coisa pegava fogo. Jornalistas morriam e ninguém entendia o porquê. Isso precisamente em 1986, quando o fotógrafo francês Didier Lefrevre parte para se juntar aos Médicos Sem Fronteira, uma espécie de ONG de médicos intrépidos que se enfiam no meio dos conflitos, levando cuidados a quem precisa. Lefevre participou de caravanas do MSF que cruzavam à fronteira do Paquistão. Eram meses atravessando as montanhas afegãs, carregando medicamentos no lombo de burros e cavalos para as vítimas das tropas russas. Fotografou centenas de cirurgias, milhares de atendimentos. Nesses quadrinhos e fotografias vemos parte da história desse também intrépido fotógrafo, que será narrada em três volumes, dois a serem lançados no ano que vem. Tiras de contato mesclam-se com quadrinhos e fotos maiores, contando desde sua saída de Paris à chegada no Paquistão, o contato com os médicos, o empacotamento dos remédios. O objetivo do fotógrafo era documentar para a MSF a expedição que ia para o Badaquistão, região norte do Afeganistão. Meses de preparativos dos médicos para alcançar um pequeno hospital e construir outro. A aventura perdura mesclando imagens fotográficas e desenhos, relatando as nuances da perigosa viagem. A separação do dinheiro que cada um leva escondido, cenas do povo nas ruas, as mulheres de chadri, uma espécie de túnica que também cobreo rosto, até a chegada às duras trilhas da montanha. Cenas entremeadas por pensamentos e dúvidas, e principalmente medo, conferem um caráter mais sério à publicação, somadas a outras que mostram pessoas doentes um tanto fortes mas necessárias. Por outro lado, cer- tas imagens dão conta de situações [ES E prosaicas, como a da médica que É E cuida do cabelo [|
apesar de, no arbusto ao lado, manter uma arma pendurada.
[Juan Esteves]
Reprodução.
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COMO ESCOLHO y UM FOTÓGRAFO
R ICHARD KOVACS
Desde 20092, ele se dedica à direção de Prefere que tipo de formato de apresentação do trabalho?
arte da revista Vogue RG, cargo que também já ocupou nas revistas Bizze Trip, e na japonesa Ten Mag. Realizou a reformulação visual da revista VIP e, hoje, em paralelo ao seu trabalho na Vogue RG, colabora com a edição de imagens da nova Rolling Stone Brasil.
É O que você busca em um portfólio?
Além do olhar pessoal contemporâneo, estou sempre à procura de originalidade
Gosto dos fotógrafos que utilizam a internet como meio para enviar e mostrar seu portfólio. Acredito que essa apresentação possa ser realizada via site, blog ou PDF, já que, para mim, a famosa pasta pesada de couro se tornou um dinossauro Gosto de receber entre 20 e 30 fotografias, o que é um bom número de imagens para se conhecer o trabalho de alguém.
O que não deve ser colocado em um portfólio?
Não devem ser colocadas as fotografias que já foram publicadas mas das quais nem o fotógrafo gosta muito, e que só estão lá para ele mostrar que seu E dl O 4 E ensaio já foi impresso em alguma publicação. Não me restrinjo à avaliação e bom gosto. Para mim, o fotógrafo mostra originalidade quando realiza uma p j : G A magens de moda, gosto de ver qualquer tipo de foto, com exceção d fotografia sem tomar outra como modelo. Todos nós temos referências como de imag 9 aa) P fadas de natureza e paisagens. inspiração, mas muitos fotógrafos, principalmente os que fotografam moda, co- j
piam um modelo estético americano ou europeu e recriam aqui no Brasil. Isso Simples, por e-mail: richardQcartaeditorialcom.br. é o que, por exemplo, eu consideraria falta de originalidade e de bom gosto.
Como os fotógrafos podem entrar em contato com você?
Revelação digital?
Com o forte sol incidindo sobre as moleiras dos fotógrafos na sala de imprensa da Vila Belmiro, é preciso um certo jeitinho para que as fotos se revelem na tela do laptop. A curiosa cena registrada pelo fotojornalista Rubens Chiri durante o intervalo de Santos X São Paulo, no último dia 05 de novembro, mostra que a equivocada expressão revelação digital , amplamente utilizada nas fachadas das lojas de fotografia, poderia até ter uma certa razão de ser.. Segundo Chiri, que é presidente da Arfoc Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo =, o pedido de insulfilm para a sala de imprensa e outras reivindicações da classe já foram encaminhados ao clube.
Copacabana, princesinha...
O fotógrafo André Arruda é o autor desse raro registro do que acontecia numa das boates do polígono do sexo em Copacabana, onde, por motivos óbvios, câmeras fotográficas nunca foram bem-vindas, Estava com alguns amigos gringos. As dançarinas faziam um 'show folclórico! e, entre um striptease e outro, chamavam um cliente para o palco. Eu disse para o gerente que era aniversário do cara e elas o tiraram da mesa para a brincadeira. Só pude fazer essas fotos porque eles pensavam que éramos todos turistas. TMAX 3200 ASA, lente 28mm. A boate não existe mais Essa e outras 15 imagens repletas de histórias, feitas pelo fotógrafo entre 1988 e 1992, estão na exposição inédita Outra Copacabana , no Copa Café (Av. Atlântica, 3.056, |) B, Rio de Janeiro-RJ), até 28 de fevereiro. A ligação do fotógrafo com o bairro onde morava = sua avó é tema da coluna que Arruda assina logo à frente, à página 64.
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[TDI
Veja portfólio de Outra Copacabana em www.fotosite.com.br/fs15
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Pela Desordem
Coletivo carioca questiona o fazer artístico contemporâneo
A sociedade atual vive o momento do excesso: de informações, de responsabilidades, de opções tecnológicas, de criatividade, de desinformação, de possibilidades. É em meio a esse caos que os artistas Isabel Lofgren, Marco Antônio Portela, Mauro Bandeira e Patrícia Gouvêa organizaram o grupo DOC - Desordem Obsessiva Compulsiva [www.gru podoc.net]. Nascido em 2005, o coletivo carioca dedica-se a desafiar a si próprio e a outros artistas realizando trabalhos que questionam o fazer artístico contemporâneo, com exposições dentro e fora do circuito das galerias e dos museus.
Na mais recente mostra, realizada na Galeria 90, em novembro último, a turma convidou 12 artistas de gerações variadas que foram desafiados a versar sobre o tema fake , levantando discussão sobre a condição de falseamento no ofício artístico. Entendemos a arte contemporânea como uma experimentação constante de novas técnicas, meios, conceitos e contextos. Estamos abertos a isso, porém de forma afetuosa , diz Mauro Bandeira. O DOC almeja agora partir para trajetórias internacionais. A partir do conceito de equivalência usado pelo fotógrafo norte-americano Alfred Stieglitz, no qual para cada foto de nuvem ele associava um sentimento, vamos organizar
Sócios da
uma exposição que cruzará o trabalho de nós quatro com o de quatro artistas colombianos. Embora não tenhamos uma data prevista, essa mostra deverá acontecer simultaneamente no Brasil e em Bogotá antecipa Patrícia Gouvêa. O coletivo também planeja promover, no próximo ano, uma noite de exibição de vídeo-arte no único drive-in da Ilha do Governador.
Fotografia
Clube dos Colecionadores do MAM reúne nomes consagrados e expande atividade no país
Com a proposta de incentivar a popularização da fotografia e sua inserção nas coleções de arte, o Museu de Arte Moderna de São Paulo [www.mam.org.br] criou em 2000 o Clube de Colecionadores de Fotografia. A iniciativa conta hoje com '70 sócios e tornou-se uma referência para colecionadores de todo o país. A cada ano, o Conselho Consultivo de Artes Plásticas do MAM indica cinco fotógrafos brasileiros ou residentes no país que são convidados a doar obras para o grupo de associados e para o museu. Pelo valor de R$ 1.985 (anuidade que pode ser paga em 10 parcelas), o sócio recebe cinco fotografias uma de cada autor e tem direito a visitas monitoradas ao museu e a cursos de História da Arte. Uma cópia permanece no acervo do MAMe artista fica com outras 10, tendo os gastos referentes às ampliações pagos pela instituição. Segundo a coordenadora do Clube, Fátima Pinheiro, a vantagem de ser sócio é poder começar uma coleção com fotografias de alto nível e qualidade . Para o empresário Marcelo Melo, sócio da Sixpix Conteúdo e integrante do Clube de Colecionadores, é também uma maneira de olhar para o diferente, pois comprar apenas o que se gosta de imediato é muito cômodo, não expande os seus horizontes . Nestes seis anos de atividades, o Clube já conta com 30 fotografias de autores de várias vertentes, como Klaus Mitteldorf, Thomaz Farkas, Rochelle Costi e Walter Firmo. Neste ano, a coleção foi ampliada com trabalhos de Edu Marin, Fernando Lemos, Jair Lanes, Lucia Koch e Paula Sampaio. A coordenação antecipa que, para 2007, os sócios receberão fotografias de André Cypriano, Caio Reisewitz, Lenora de Barros, Odires Mlászho e Rodrigo Braga. É uma ação importante que merece ser valorizada, já que viabiliza a circulação do nosso trabalho , completa a fotógrafa paraense Paula Sampaio. [Flávia Lelis]
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Para se associar: tel. (11) 5549-9688; e-mail clubedafotografia)mam.org.br: ou direto no MAM: Parque do Ibirapuera, Portão 3, São Paulo-SP de seg. a sex, das 9h às 12h30 e das 13h30 às 18h. Anuidade em 2007: R$ 1.985 (em 10parcelas)
Clube de Colecionadores do MAM-SP
Acima, trabalho de Eduardo Ruegg, que divide espaço com 30 outros fotógrafos de diferentes vertentes
Memória não-RAM
Quando cheguei à feira PhotoPlus 2006, em Nova York, já sabia que iria passar a maior parte do tempo na tentativa de absorver alguma informação nova. Workshops sobre workflow, bancos de imagens, marketing, iluminação, Photoshop, palestras com os mestres da fotografia etc...
Sou do tipo que não gosta de ficar olhando equipamentos, não tenho a menor paciência pra isso uso o mesmo flash há 23 anos, um velho e bom Norman, tenho três deles. Apesar disso, dei duas escapadas para o salão da exposição onde ficam os estandes de equipamentos. Fiquei por lá uns quarenta minutos e me deparei com duas cenas memoráveis. A primeira: um senhor de cabelos grisalhos, setenta e tantos anos, elegante e com um lenço verde no paletó. Um típico lorde inglês. Olhei para ele e pensei: conheço esse cara!
A tela do monitor ao lado dele, dentro do estande da Canon, mostrava a famosa foto dos Beatles jogando travesseiros na cama de um quarto de hotel. Alguém se lembra dessa imagem? Tive certeza: aquele senhor era o fotógrafo HARRY
BENSON Essa cena me levou ao passado. Em 1979, eu estudava no ICP (International Center of Photography), e completava o pagamento da escola atuando como assistente de projeção das inúmeras palestras de convidados (nunca esqueço o dia em que Comell Capa irmão de Robert Capa comentou que eu devia comer mais cenouras. A minha forte miopia não me ajudava a focar aquele poderoso projetor de slides salve o autofocus!).
Um desses ilustres palestrantes fotógrafos foi o próprio Mr. Benson, que, na época, era um superstar e colaborador da revista Life. Essa imagem dos Beatles é daquelas que marcam a carreira de um profissional o fotógrafo no lugar certo, no momento certo.
Aliás, isso foi o que não faltou na carreira de Harry Benson: fotografou todos os presidentes dos EUA desde Eisenhower, o primeiro morto na Bósnia, o colapso das Torres Gêmeas em 2001.
Como a memória foi preservada, não só a da foto como a do fotógrafo, me perguntei: que fotógrafo no Brasil, com a idade dele, estaria sendo homenageado ou sequer lembrado? Que memória temos? Mr. Benson continuou seu talk para uma platéia entusiasmada. Voltei para o andar de baixo atrás de mais um workshop o tema Studio 2020, o futuro da fotografia pro-
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fissional A fila era enorme, um monte de gente para ouvir um palestrante falando sobre o futuro da fotografia no ano de 2020. Será que estarei vivo em 2020, e ainda mais. fotografando?
Até que foi engraçado o cara falou de um trilhão de coisas: lentes líquidas, lentes plenoptic (aquelas que você pode focar depois de fotografar. Pensei... Essa seria a minha vingança pela cenoura do Capa!). Falou ainda sobre o fato de haver mais de 140 mil fotógrafos profissionais nos EUA, e que, em cada 1.000 dólares gastos com fotografia, 300 vão para a compra de câmeras e 250 viram tinta de impressora. O tal orador lembrou que, em 19992, uma câmera digital de altíssima resolução (640 pixels) custava a bagatela de oito mil dólares, e que os computadores de hoje processam as informações dez mil vezes mais rápido do que em 1992. Então, como serão em 20209 Provavelmente dez mil vezes mais rápidos? Câmeras capturando imagens de 10 gigapixels e armazenando-as em HDs de 100 pentabytes. Hummm... De tantos gigabytes, resolvi esfriar a cabeça e voltar ao salão. Novamente não consegui passar do estande da Canon, o mesmo em que estava HARRY BENSON. Dessa vez um outro senhor de cabelos grisalhos, agora mais grisalhos ainda, fotografava uma modelo de uns 18, 19 anos. Ele tinha certa dificuldade em se sentar na três tabelas, mas estava eufórico com a garota, e acho que também com o resultado de suas imagens aparecendo em tempo real na tela ao lado.
Ele resolve virar e olhar paraa platéia, e aí o reconheci na hora: DOUGLAS KIRKLAND, o fotógrafo das estrelas de Hollywood e autor de retratos memoráveis de Jeanne Moreau, Brigitte Bardot, Sophia Loren, Marcelo Mastroianni e Jack Nicholson, entre outros.
Havia uma loira, dessas texanas, que anunciava em tempo real as fotos que ele tirava. Nessa hora, tive certeza de uma coisa: quem dera, no Brasil, os mestres da fotografia tivessem o mesmo tratamento.
Paulo Fridman é fotógrafo há mais de 25 anos, usa equipamento Nikon desde 1979 e tem o prazer de dividir o sobrenome com os Capas, que na vida real eram Friedmann.
O fotógrafo Harry Benson durante workshop na feira PhotoPlus 2006, em NY
Todos serão vulgares por algumas horas
Em entrevista exclusiva à REVISTA FS, o publicitário
Washington Olivetto afirma que a tecnologia é responsável, em parte, pela atual vulgarização e perda da imaginação nos ambientes criativos. Mas arrisca uma previsão (otimista!): Quando passar a ressaca e utilizarmos a tecnologia de maneira adequada, talvez tenhamos um grande progresso da fotografia e da criação publicitária. O que continua valendo é a grande idéia
por Pisco Del Gaiso*
Como analisar a fotografia no contexto da criação publicitária, hoje?
Os scanners e o Photoshop foram a melhor e a pior coisa que aconteceram nos últimos tempos para as agências de publicidade. Porque, antes deles, todo e qualquer diretor de arte tinha que fazer um layout imaginando uma foto. Ele tinha que desenhar ou fazer uma pré-produção, e isso saía da maginação dele. Hoje, o pessoal vai na internet, pega uma referência e faz uma cópia, ou seja, refaz o que já foi feito, o que é ruim. E, muitas vezes, a foto é comprada de banco de fotos. Isso é uma pena.
Mas você acha que a publicidade seria possível hoje se não tivesse havido essa evolução tecnológica?
Estamos vivendo uma crise de identidade, uma vulgarização dos trabalhos, que eu acho que deve estar chegando a seu limite de exaustão. A idéia de que no ano 2000 todos seriam famosos por 15 minutos se transformou em todos serão vulgares por algumas horas . Isso vai dar uma ressaca. Aí sim, a tecnologia e vários outros privilégios que foram conquistados serão utilizados de maneira mais adequada. Seja qual for o veículo, seja qual for a tecnologia, o que continua valendo é a grande idéia.
Você disse em uma entrevista que o acesso à tecnologia, de certa forma, coíbe um pouco a criatividade...
Em alguns momentos, sim. Porque permite a substituição do conteúdo pela forma, ou da falta de conteúdo pelo excesso de forma. Você vê coisas tecnicamente muito bem-feitas, mas que não querem dizer porra nenhuma.
Você faz algum trabalho com os diretores de arte para tentar controlar isso?
A gente se policia violentamente, mas mesmo assim escapa. Quer queira ou não, o grande risco do profissional de criação de agência de publicidade éo ar! O acesso a esse tipo de informação permite a você treinar o olhar, e pessoas com o olhar treinado certamente têm condições de fazer um trabalho melhor.
Você percebe alguma diferença entre os fotógrafos de publicidade clássicos e a geração mais jovem?
O que eu percebo claramente é a obsessão pelo perfeccionismo contra a obsessão pelo imediatismo. Ciclicamente surgem grandes talentos, eles vão amadurecendo, vão perdendo o imediatismo e passam a buscar o perfeccionismo. Hoje, no mundo todo e particularmente no Brasil, é mais difícil você consolidar uma carreira, porque há uma oferta maior do que a procura. Perderam-se muitas disciplinas de remuneração; para ficarem no mercado as pessoas tiveram de fazer muitas concessões. São poucas as agências e os profissionais que lutam por respeito ao trabalho, à remuneração correta. Afoto que ganhou o prêmio Conrado Wessel de 2004 é uma imagem que teve muita manipulação. Ela foi construída em vários takes e, para se chegar à imagem final, houve a participação de várias pessoas uma delas foi o artista digital que fez as fusões. Você acha que surge uma nova dupla de criação, fotógrafo/artista digital?
Eu acho que é mais do que uma dupla, são grupos de trabalho. As vezes são três, há também o produtor, que tem a autoria também. Nenhum trabalho criativo é 100% solitário. Pode ser que a idéia até seja solitária, mas a feitura é sempre coletiva.
Você poderia fazer uma projeção de como será a fotografia publicitária daqui a 20 anos? Surgirá uma outra coisa?
Eu acho que não. Quando passar essa ressaca de que tudo é parecido e copiado, talvez a gente tenha um dos grandes progressos da fotografia e da criação publicitária: conseguir utilizar a tecnologia de hoje para alcançar padrões de excelência que foram atingidos nos anos 80 do século passado. Edição Érica Rodrigues
(Washington Olivetto participa como convidado especial da edição de dezembro do tablóide Sambanovas, editado pelo banco de imagens Sambaphoto. Agradecimentos especiais a Juliane Bezerra)
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Na segunda parte da entrevista, Olivetto fala da sua coleção de arte e da relação com Sebastião Salgado. Leia em wwwfotosite.com.br/fs1D
Foto na academia
Estudo da fotografia ganha força nas entidades superiores de ensino espalhadas pelo Brasil
Eles estão por aí. No Sul ou no Nordeste, perto ou longe, grupos se dedicam à pesquisa e expansão da fotografia, somando experiências e levando o conhecimento gerado na universidade para a comunidade. Na capital paulista, a fotógrafa Cândida Vuolo fundou, há oito anos, o grupo Amantes da Fotografia, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. da USP. Candinha, como é conhecida, também coordena o Laboratório de Fotografia da FAUe realiza ações periódicas, como a recente mostra coletiva de antigos e atuais professores, funcionários e estudantes do laboratório. Antônio Saggese, Cristiano Mascaro e Nelson Kon são alguns deles. Ainda na USP, há o Grupo de Estudos do Centro de Pesquisas em Arte & Fotografia, formado por alunos de graduação e de pósgraduação do Departamento de Artes Plásticas da ECA, sob o comando do professor e crítico de arte Tadeu Chiarelli A idéia é congregar alunos meus que estudam as relações da fotografia como circuito da arte brasileira , salienta Chiarelli Atualmente, o professor acompanha uma dissertação sobrea relação entre arte e fotografia nos anos 60, além de uma monografia sobre a obra de Rosângela Rennó. Para 2007, o grupo, que acaba de realizar o Seminário de Arte & Fotografia, com apoio do MAM de São Paulo, projeta um evento sobre as relações entre história da arte e fotografia, aberto ao público em geral.
Em Campinas, o fotógrafo e professor do Departamento de Multimeios da Unicamp, Fernando de Tacca, criou a revista eletrônica Studium [wwwstudium.iarunicamp.br], que, hoje, contabiliza cerca de 100 mil acessos mensais, mostrando trabalhos de universitários, professores e pesquisadores na área da imagem. Sabemos que muitos cursos de fotografia no Brasil utilizam a Studium como suporte para suas aulas, pois nosso mercado editorial é muito restrito, assim como as bibliotecas. Então, tornamo-nos uma grande biblioteca on line sobre estudos fotográficos , diz Tacca.
No Ceará, existe o evento É Tudo Fotografia, idealizado pelo professor de fotografia dos cursos de Jornalismo e Publicidade da Universidade de Fortaleza, Marcelo Barbalho. O evento tem por interesse a análise da fotografia inserida em diferentes áreas do conhecimento. A cada três semanas, o professor e sua equipe realizam palestras em que a fotografia é associada, por exemplo, à literatura, à moda, à cidade, à publicidade e ao cinema. Os encontros sempre contam com a presença de profissionais da região. São abertos à comunidade acadêmica e ao público em geral. Fotógrafos amadores e profissionais da cidade costumam prestigiar os eventos, que contribuem para suprir uma carência de Fortaleza, possibilitando conhecer novos trabalhos e discutir seus usos e funções diz Barbalho.
Do sul do país vem a experiência da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde está baseado o Núcleo de Fotografia da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, que dispõe de um programa de pesquisa na linha da fotografia experimental e aplicada, o FOT.XPER. Os alunos da UFRS ainda contam com o Grupo Experimental de Fotografia, atividade extracurricular exercida com palestras, seminários e oficinas práticas. Futuramente, o núcleo, quejá interage com os cursos de graduação em Comunicação, Arquivologia e Biblioteconomia, pretende exercer aproximação com outras disciplinas, como Biologia e Geografia, por meio da criação de um mestrado. [Flávia Lelis]
No detalhe acima, Ricardo Resende, diretor do Museu de Arte Contemporânea Dragão do Mar, de Fortaleza, durante participação no E Tudo Fotografia. Abaixo, vista da exposição dos ensaios dos Amantes da Fotografia
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Para saber mais:
Amantes da Fotografia fotofauusp.br tel: (11) 3091-4919
Centro de Pesquisas em Arte & Fotografia capWeca.usp.br; tel: (11) 3091-4096
É Tudo Fotografia ehtudofotografiaO gmail com; tel. (85) 3477-3376
FOTXPER e Grupo Experimental de Fotografia lexisQufrgs.br; tel: (51) 3316-5147
repercussão semanas
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Semana Epson Fnac/Fotosite da Fotografia, que tradicionalmente ocorre em São Paulo duas vezes ao ano, aconteceu também em outras cidades em 2006, com apoio da Visa. No mês de outubro, Curitiba e Brasília receberam o evento, e em novembro o levamos para Campinas*. O conceito básico das Semaninhas como foram carinhosamente apelidadas é o de trocar experiências fotográficas entre os Estados, promovendo a integração entre público, autores e agentes culturais. Duas curadoras viajaram a convite da organização. Rosely Nakagawa foi de São Paulo para Curitiba, e Denise Cathilina, do Rio de Janeiro para Brasília. A nossa missão? Travar um contato mais intenso com diferentes produções apresentadas por agitadores culturais locais. Ainda que tenham sido uma experiência reduzida em relação ao tamanho do evento em São Paulo, as Semaninhas seguiram o mesmo espírito. Nestas páginas, compartilhamos com vocês um pouco do que encontramos durante essa jornada: trabalhos e pensamentos de profissionais ou amadores, invariavelmente amantes da fotografia.
BRASILIA
"RETRATANDO OS FEIRAN- TES", ARTHUR MONTEIRO
Nesse ensaio, Arthur Monteiro, 28 anos, procura a cumplicidade entre o retratado e o retratista, numa busca pelas raízes per didas da cultura brasileira e por lembranças de sua infância. O repórter fotográfico freelancer escolheu o médio-formato, por considerá-lo fundamental para expressar tanto a linguagem estética típica dos clássicos quanto a influência recebida de grandes mestres da fotografia no Brasil, como Pierre Vergere Mario Cravo Neto.
Técnica: Yashica Mat 124G-TRL, lente 50mm, filme Kodak p&b Tri-X 120
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RASILIA . "CORPO ALEM, ALEM-CORPO" [IWWW.ETN
O francês radicado em Brasília, de 38 anos, desenvolve um trabalho etnofotográfico em parceria com a antropóloga Lena Tosta, numa tentativa contínua de fundir os olhares na produção de representações da multiplicidade da experiência humana. Vencedor do Prêmio Pierre Verger e do World Press Photo na categoria Natureza e Meio Ambiente, em 2002, Boéls realiza incursões em diferentes civilizações, explorando aspectos subjetivos da natureza humana que transcendem questões geográficas e sociais.
Técnica: F5 Nikon, lentes fixas 28mm, 35mm e 20mm, teleobjectiva 80-200mm
CURITIBA "TEORIA DOS CONJUNTOS", LIDIA UETA
Lidia Ueta, 32, desenvolve seus trabalhos fotográficos paralelamente à carreira de administradora de empresas. Teoria dos Conjuntos foi realizado nas ruas de Curitiba de maneira aleatória algumas situações surgiram casualmente e outras foram premeditadas. Ela faz um estudo matemático, associando objetos com as mesmas propriedades, e o lhe interessa é a busca lúdica pela própria imagem, relacionando diversas situações na tentativa de encontrar a identidade do personagem retratado.
Técnica: Nikon FM-10, lente 28mm filme p&b Tri-X 400
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Aos 24 anos, o fotógrafo curitibano graduado em Jornalismo tem como principais temas de interesse a cidade e tudo que possa questionar fatos e verdades absolutas. Em Ilusão Diária , ele faz algumas colagens, manuais e digitais, numa espécie de simulacro pessoal, colhendo pedaços À de realidade das ruas até subvertê-los e construir novas representações
É Pentax K1000 ou EOS Rebel Digital, lentes 28-70mm, 18-55mm, filme ISO 100 Konica
Agradecimentos muito especiais às curadoras, aos agentes locais e aos fotógrafos que participaram dessa jornada. Sem vocês, as Semaninhas não teriam o brilho, a profundidade e a qualidade que tiveram. Obrigado a Anuscka Lemos (PR), Denise Cathilina (RJ), Juan Pratginestós (DF), Juliane Bezerra (SP), Luis Humberto (DF), Milla Jung (PR) e Zuleika de Souza (DF).
*Em tempo: não foi possível publicar trabalhos da Semaninha de Campinas, já que a data do evento foi marcada para depois do fechamento desta edição. Agradecemos ao fotojornalista Marcos Perón pelo apoio local, e aos convidados Bob Wolfenson, José Fujocka, Renato Cury e Fábio Fantazinni, participantes do evento.
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ANTO Ro.
"MOVIMENTOS", HÉLIO ROCHA NG :
e odani id= agens da mente e ealidade Toi sempre a questão al para o carioca Antonino Canetta, DO. Como uma
O primeiro contato de Hélio Rocha, 52, com fotos de movimento álvula de escape. o analista de Aa a a fotografia para foi num livro de Eadweard Muybridge, publicado em 1878. The aterializar seus pensamento processo pa Ade ENS Horse in Motion tinha 12 imagens que evocavam forte emoção. : acão do cotidiano. Para ele. forma não precisa mais se
Como lembra o fotógrafo, emoção e movimento surgem da eitar ao real ou se x nles representação do do mesma raiz latina, "motio", reportando à relação essencial entre a: Ya TLD ALAS NE dE imagem e observador. No ensaio Movimentos ,a idéia de Hélio, ENO VE 0. lente 80 TRIX 400 que atua como professor de música da Universidade de Brasília, foi juntar esses dois conceitos numa releitura dos estudos de Muybridge. Fotografando pessoas em múltiplas exposições, compôs uma síntese de momentos sobrepostos em uma só imagem, que funde tempo e espaço.
Técnica: Canon 300D e 30D, lentes Canon 10-22mm, 1755mm, 50mm e 70-200mm
Tradição e experimentalismo nas novas exposições das Galerias Fnac
por Fernando Sant'Ana
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Realidade não é tempoEee ARTS
até 5/12 - Fnac Morumbi
1/1290 12/3 - Fnac Pinheiros
19/30 30/4 - Fnac Barra
7/50 18/6 - Fnac Curitiba
25/60 6/8 - Fnac Paulista
13/80 23/9 - Fnac Brasília
[ocotale A ULeTEe até 5/12 - Fnac Brasília| 11/12 a 22/1 - Fnac Morumbi 29/10 12/3 - Fnac Campinas 19/3 a 30/4 - Fnac Paulista
7/50 18/6 - Fnac Pinheiros 25/6 a 6/8 - Fnac Barra 13/8 a 23/9 - Fnac Curitiba.
boa fotografia sugere, mostra e revela; desperta, estimula e provoca; comunica, interfere e transforma. A produção fotográfica brasileira é ampla, consistente e de qualidade consagrada em todo o mundo. Nos últimos anos, a tecnologia digital tem aberto novos e surpreendentes caminhos, ampliando ainda mais as fronteiras desta arte.
Tradição e experimentalismo na fotografia brasileira - são as características principais das exposições que passam a ocupar nos próximos meses o circuito brasileiro das Galerias Fnac. Segundo Martine Birnbaum, diretora de Comunicação e Ação Cultural da Fnac Brasil, ao mesmo, tempo em que julgamos ser importante focarafotografiatradicional, trazemos à tona novos expoentes, novas técnicas e novos suportes .
De um lado, fotógrafos consagrados como Fernando Lemos Carlos Moreira
domínio dos métodos tradicionais de fotografia. Utilizaram em seus
trabalhos câmeras 35mm ou 6X6, com películas em preto e branco, processadas com químicos à base de prata em laboratórios com câmara escura e ampliadores.
Em sua formação, foram influenciados por movimentos contemporâneos de arte e pela então recente arte da fotografia, influenciando vários artistas e fotógrafos das gerações posteriores.
De outro lado, estão os fotógrafos Leonardo Crescenti e Manuel da Costa, experimentando outros caminhos para a obtenção de imagens, sem passar pelos métodos de laboratório e câmeras tradicionais. Leonardo Crescenti com formação e experiência em cinema e vídeo, utiliza projeção de luz, vídeo e captação com várias câmeras de vídeo/MDV. Manuel da Costa, pesquisador e fotógrafo, obtem imagens de um microscópio digital,
A partir destas duas posturas, uma conclusão: o suporte técnico em si não oferece inovação se por trás dele não houver um pensamento criativo e um projeto definido. Segundo a curadora Rosely Nakagawa, a intenção é que cada um destes ensaios expostos nos ajude a constituir a reflexão do que é a imagem agora e, não, amanhã, porque daqui a pouco ela já será diferente .
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A te erga até 5/12 - Fnac Paulista 11/12 a 22/1 - Fnac
29/10 12/3 - Fnac Morumbi 19/3 a 30/4 -
7/50 18/6 - Fnac Barra 25/6 a 6/8 - Fnac Brasília 13/8 a 23/9 - Fnac Campinas
de Formigas - Manuel da Costa até 5/12 - Fnac Pinheiros 11/12 a 22/1 - Fnac Paulista
29/10 12/3 - Fnac Brasília 19/3 a 30/4 - Fnac Barra
7/5018/6 - Fnoc Campinas ASA NoNeJA: Rd a oteA OU gajo ol 3/80 23/9 - Fnac Morumbi
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Curitiba
Fnac Pinheiros
Retratos
O fotógrafo Cássio
Vasconcellos realizou o ensaio acima a convite da Sony e do Fotosite. Ele testou a nova câmera Alpha 100 da Sony e destacou as funções de estabilização de imagem, que facilitou o trabalho no helicóptero e também a autonomia da bateria, o ensaio todo foi feito com uma carga. Especialista nesse tipo de ensaio, ele é piloto de helicóptero e tem experiência de mais de 10 anos em fotos aéreas
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Além disso, sua bateria é de longa duração e permite até 750 fotos por sessão. Sony Alpha: o novo conceito na arte de fotografar.
Conheça a Sony Alpha. A nova Refflex Digital da Sony reúne todos os principais recursos para uma fotografia perfeita em uma só câmera.
por João Kehl
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Mesmo em momentos de descanso, a fotografia era o assunto central da grande maioria das conversas entre os participantes do Joop Swart Masterclass 2006
fotógrafo João Kehl, 24 anos, é o segundo brasileiro agraciado com uma vaga no Joop Swart Masterclass, concorrido programa anual do World Press Photo que concede uma semana de atividades a 12 jovens fotógrafos do mundo todo. Ele foi indicado pelo comitê brasileiro do programa que conta com o FOTOSITE e a editora Mônica Maia, da Agência Estado e, mesmo com um perfil diferente do padrão World Press Photo , mais centrado no hard news, foi escolhido pelo comitê central, baseado em Amsterdã, por seus ensaios Caraíva (sobre uma comunidade de pescadores no sul da Bahia) e 911 (sobre o Edifício Prestes Maia, a maior ocupação vertical da América Latina), fotos de sua família e amigos e imagens realizadas em Estocolmo, na Suécia, que trazem diversos aspectos relativos à fábrica Eletrolux. Suas imagens, juntamente com as dos outros integrantes do Joop Swart Masterclass 2006, estão em exposição até 7 de janeiro no Foam Fotografiemuseum [www.foam.nl], na capital holandesa. A seguir, João conta como foi sua experiência: fotojornalism joop swart
"No dia 4 de novembro, cheguei ao hotel e a maior parte do grupo já estava reunida no café, para uma conversa informal. Sentei num dos sofás e me inteirei do bate-papo que corria solto entre três fotógrafos. Apresentei-me, explicando com o que trabalhava e dizendo que fazia parte de um coletivo formado por quatro fotógrafos, com sede em São Paulo. O cara à minha direita, mais velho, dono de um bigode respeitável (um mestre, sem dúvida pensei), me interrompeu: 'Coletivo! Esse é o futuro da profissão. O freelancer acabou, empresas querem lidar com empresas! Pronto, assim começava o meu Joop Swart Masterclass
Esse primeiro contato foi apenas uma pequena amostra do que viria pela frente. Mais tarde, descobri que
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o bigodudo que falava com tanta autoridade era o polonês Witold Krassowski, que entrara de última hora para substituir o fotógrafo Jan Grarup. Descobri também que a vida de freelancer ainda não havia acabado, como profetizara meu novo amigo ele próprio um freelancer , mas que o coletivo se tratava de uma tendência no mercado fotojornalístico mundial. Os outros dois que se sentavam ao meu lado eram Rodrigo Abd e David Gillanders, dois dos jovens fotógrafos com quem dividiria minhas idéias pelos próximos seis dias. Além desse primeiro contato, o dia ficou reservado às apresentações pessoais e ao reconhecimento do Foam Fotografiemuseum, nosso local de trabalho, seguidos de almoço e, mais tarde, um jantar com muito vinho para quebrar o gelo.
FOTOJORNALISMO CANSADO DE GUERRA
O segundo dia inaugurou o ciclo de palestras e leitura de portfólios que tomartam a maror parte do nosso tempo durante O curso A conferência de abertura ficou a cargo do fotógrafo Simon Norfolk, do Reino Unido, sem dúvida a figura mais controversa do MC 2006, que também entrou de última hora, para substituir David Burnet. Simon começou sua carreira como fotojornalista, mas, frustrado com os percalços da profissão e o pouco espaço para suas idéias, trocou sua câmera 35mm por uma 4'x 5, e as páginas de jornais e revistas pelas paredes das galerias. Usou o tempo da sua apresentação para mostrar um pouco do seu trabalho e, principalmente, detonar os fotojornalistas e os meios de comunicação que fazem uso da fotografia, por não trazerem nada de novo, por não tentarem explicar o que realmente acontece e perpetuarem uma fórmula e uma estética que já estão esgotadas. Defendeu uma fotografia mais conceitual e elaborada, com base em referências artísticas e históricas, em contraponto às imagens rasas, imediatistas e de fácil acesso publicadas na mídia
Witold Krassowki falou no mesmo dia. Defendeu a fotografia como uma forma de se relacionar e reagir ao mundo e que, diferentemente do fotojornalismo, não tem interesse em produzir imagens de acontecimentos específicos. Ao contrário, a busca de Krassowski seria por uma fotografia atemporal, capaz de traduzir em imagens aquilo que defendeu como sendo o mais universal dos meios de comunicação: os sentimentos humanos.
Ayperi Ecer relatou sua experiência de vinte e dois anos em agências como Sipa e Magnum, e as mudanças na profissão do repórter fotográfico nas últimas décadas. Mas, mais importante, contou do trabalho que realiza atualmente para a Reuters, junto a fotógrafos e editores, com o objetivo de incentivar uma fotografia mais inteligente, que vá além do registro puro e simples de um fato para se tornar um documento mais atemporal, capaz de sobreviver além do tempo que dura a notícia.
Lesley Martin, da Aperture, encerrou o ciclo de palestras falando sobre uma parcela importante do mercado fotográfico, principalmente para quem quer trabalhar com projetos mais autorais: a publicação de livros. Mostrou projetos já editados e bonecos produzidos por fotógrafos em busca de publicação, mas principalmente apresentou, como uma nova tendência, alguns exemplos de livros on line e sites com recursos multimídia, que permitem, além da exibição de imagens e textos, o uso de vídeo, música e comentários sonoros, e a interação e o feedback do espectador.
E O BRASIL?
E interessante notar que as discussões caminharam a todo instante na direção de uma fotografia mais autoral, seja por o que nos foi
mostrado pelos mestres, seja por aquilo que editores e curadores utilizaram como exemplos ideais de trabalhos publicados ou expostos
Senti, no entanto, que a diversidade expressa nas várias nacionalidades e experiências profissionais não era igualmente presente nos trabalhos dos jovens fotógrafos que participaram do curso. Pelo contrário, a grande maioria dos trabalhos seguiu por uma mesma linha mais clássica do fotojornalismo, que, apesar de apresentar uma unidade estética e estilística, carece de uma abordagem mais pessoal, característica marcante do fotodocumentarismo produzido no Brasil, por exemplo
No entanto, os trabalhos desses fotógrafos se encaixam numa área que é justamente a maior carência do fotojor nalista brasileiro: os ensaios e reportagens produzidos a curto prazo e que podem ser apresentados em edições breves, de no máximo 10 fotos. Um formato que a própria World Press Photo se acostumou a consagrar em sua premiação anual, e mesmo em seus projetos de formação profissional, como o Masterclass
Não é de se estranhar, portanto, que o fotojornalista brasileiro esteja pouco presente nos programas promovidos pela World Press Photo, que restringiu os trabalhos selecionados a um estilo. No meu caso, não fui selecionado por ter ensaios super pessoais, mas justamente porque consegui apresentar, num único portfólio, quatro ensaios diferentes, mas com uma unidade na linguagem. Perguntei a alguns mestres sobre a escolha do meu trabalho, tão diferente dos demais, e eles me responderam que eu estava lá 'porque era bom fotógrafo e pronto . Mas acho que o mais importante foi mostrar que me preocupo em contar histórias utilizando a fotografia como ferramenta. E é possível perceber nessas histórias que elas são contadas por um único narrador.
Mas isso é apenas um detalhe. O MC é realmente uma vivência maravilhosa, pela quantidade de informação a ser absorvida num curto espaço de tempo e pela oportunidade única de dividir experiências com pessoas que têm, acima de tudo, uma paixão em comum: a fotografia. E, uma vez que nem todos falavam o inglês mais fluente do mundo, a fotografia foi a língua oficial durante todo o curso, podendo ser compreendida por todos
Ao final, o mais relevante para mim foi perceber que é necessário ter personalidade e muita calma para saber selecionar, entre tudo o que foi apresentado, aquilo que pode de alguma forma acrescentar algo ao nosso trabalho, já que a carga de informação é tão grande e, muitas vezes, tão contraditória, que pode ser mais fácil se perder E no turbilhão do que encontrar um caminho aser seguido
O demônio Simon Norfolk detonou a tudo e a todos: deixem as fotos bobas para os "fotógrafos bobos"
livros
lançamentos
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Em todo o mundo, a publicação de um livro sempre foi uma meta que representa para o fotógrafo uma possibilidade de reconhecimento do seu trabalho. No Brasil, o mercado para livros de fotografia tem crescido, apesar das crônicas dificuldades de patrocínio e dos problemas de distribuição. Editoras e fotógrafos que muitas vezes investem dinheiro do próprio bolso lançaram no país cerca de 300 publicações desde 2000. E, nos próximos meses, a chegada de algumas importantes edições promete não deixar acumular poeira na estante da produção nacional, com lançamentos de Geraldo de Barros, Otto Stupakoff, Claudio Edinger, Tiago Santana, Araquém Alcântara, Vicente de Mello e André François
O TEXTO FLÁVIA LELIS
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OTTO STUPAKOFF, OTTO STUPAKOFF
Tema: Retrospectiva da trajetória do fotógrafo Tempo de produção das imagens: 56 anos (de 1950 até 2006)
Número de páginas: 192
Editora: Cosac Naify e In-Mod
Preço: R$ 75
Lançamento: 12 de dezembro, na Pequena Galeria 18 (Av. Atlântica, 1782, Lj F Ed. Chopin, Copacabana, Rio de Janeiro-RJ)
Suas lentes já focaram figuras ilustres do cenário mundial, entre elas o fotógrafo Pierre Verger, a atriz Sophia Loren, o ex-jogador de futebol Pelé, o compositor Tom Jobim, o expresidente dos Estados Unidos Richard Nixon, o escritor Truman Capote, o ator Jack Nicholson e tantos outros. Cerca de 40 de seus 71 anos de vida foram dedicados a viagens pelo mundo, realizando ensaios para as revistas Vogue, Cosmopolitan, Elle, Marie Claire. [Antes] o fotógrafo possuía vasto conhecimento de moda, e por isso era considerado e respeitado. Era sua, não das revistas, a criação da idéia que constituía o ensaio e a escolha da locação e das modelos, com quem era obrigatório ele ter afinidade e sentir, quando a fotografava, uma das muitas formas de paixão e harmonia Quando questionado sobre o que mais lhe marcou nessas décadas de incansáveis cliques, evoca em tom meramente sarcástico: O Alto Ártico, onde encontrei muitos inuits que só conheciam árvore através do vídeo? O Vietnã durante a guerra? Será que lá tenho um filho? Ou sua mãe foi metralhada por um jovem, agora homem, com quem cruzei de carro no deserto do Arizona? Tenho comigo um anel de tornozelo que uma menina na Índia me presenteou e que nunca vou esquecer, além de nomes e endereços de crianças que perderam as pernas pisando em minas de terra no Camboja, as mesmas que carreguei no colo e às quais mando cartões postais ou envelopes com um pequeno brinquedo, procurando imaginar um de seus raros sorrisos . Esses são os ingredientes de Otto Stupakoff, nova obra do fotógrafo paulista, considerado o precursor da fotografia de moda no Brasil. Viajante, contador de histórias e cético em relação à condição do mercado e do reconhecimento do fotógrafo no espaço nacional, ele alfineta: Depois de quarenta anos de ausência do Brasil, verifico que persiste o mito de que a fotografia é um processo rápido e instantâneo. Nosso subdesenvolvimento cultural é flagrante. O que nos parece novo já foi fotografado por Moisés. Ainda somos atraídos por caminhos fáceis, valendo-nos da vigente falta de erudição fotográfica .
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E
O CHÃO DE GRACILIANO, TIAGO SANTANA
Tema: Vida e obra de Graciliano Ramos (Textos de Audálio Dantas)
Tempo de produção das imagens: 4 anos (desde 2002)
Número de páginas: 200
Editora: Tempo d'Imagem
Preço: Não confirmado
Lançamento: 19 de dezembro, na Livraria da Vila (R. Fradique Coutinho, 915, VI. Madalena, São Paulo-SP)
Influenciado por livros como Angústia, Caetés, Infância, São Bernardo e Vidas Secas, o fotodocumentarista Tiago Santana partiu para as regiões semi-áridas do nordeste brasileiro numa viagem aos locais que guardam a história da vida e da obra do escritor Graciliano Ramos. Graciliano usava as palavras de forma concisa, direta, sem adornos, o que resultava em um texto forte, cirúrgico, perfeito. Busquei fazer estas fotografias também assim. Uma história que poderia ser contada com várias imagens, mas que pode ser resumida a uma única que tenha a força de contar sozinha essa história, sem precisar ser óbvia e que deixe margem para interpretações , salienta Tiago. A empreitada, que teve início em 2002, foi orientada segundo os passos de Graciliano. Nesse sentido, as lentes do fotógrafo cearense passaram por Alagoas - mais precisamente por Quebrângulo, cidade natal do escritor - e seguiram para Viçosa, onde ele viveu a adolescência, e Palmeira dos Índios, cidade da qual foi prefeito, além de Buíque, em Pernambuco, lugar que o acolheu durante a infância. O resultado são imagens que mostram a situação do homem que lida com a terra, evidenciando sua relação com o chão árido. As minhas referências e as minhas dúvidas me levam a voltar o olhar ao local onde vivo, ao nordeste do Brasil. Acho que temos uma riqueza humana tão fantástica, e muitas vezes o país está de costas para esses homens e mulheres. Acredito que a fotografia pode ajudar a
De GRACILIANO conhecer melhor a diversidade de um povo , finaliza.
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ISSO É QUE É CLAUDIO EDINGER
Tema: As três décadas de produção fotográfica do autor
Tempo de produção das imagens: 30 anos
Número de páginas: 228
Editora: DBA
Preço: R$ 149
Lançamento: 07 de Dezembro, às 20h, na Galeria Arte 57 (R. Tatuí, 104, Jardim Paulista, São Paulo-SP)
Os ensaios Chelsea Hotel , de 1983, e Venice Beach , de 1985, receberam prêmios Leica de Excelência. Em 1990, o Prêmio Ernst Haas escolheu a série sobre pacientes do Hospital Psiquiátrico do Juqueri como grande vencedora daquele ano. Tempos depois, o livro Habana Vieja seria eleito pela revista American Photo como um dos dez melhores do ano de 1997. Por trás de tamanhas vitórias está o fotógrafo Claudio Edinger, que volta à cena do mercado editorial com uma publicação que compila todas as grandes séries de seus trinta anos de carreira. A loucura, a religiosidade, personagens intrigantes e as festas populares são temas presentes nos ensaios, que têm a audácia e uma forte pulsação fotográfica como elementos predominantes. Sobre essas várias experiências, o fotógrafo sintetiza: Está tudo super relacionado, como num castelo de cartas cuidadosamente construído. Se uma carta for removida, o resto fica sem valor e despenca. Fotografar os judeus ortodoxos foi uma experiência incrível; como se eu tivesse entrado numa máquina do tempo. O Chelsea Hotel foi um mergulho no submundo novaiorquino, por onde passaram grandes músicos e artistas. Venice Beach foi o berço do movimento beatnik, que deu origem aos hippies. A Índia representa a gênese do meu trabalho colorido e acabou me levando para Cuba. O asilo do Juqueri consagra fotograficamente um momento muito especial, em que a técnica casou muito bem com o mundo caótico e desconhecido da loucura. Dali, parti para o registro da loucura institucionalizada do Carnaval e depois para todos os outros projetos de minha carreira . Em janeiro de 2007, Edinger lança o livro na Galeria Peer, em Nova York, sob o título Flesh and Spirit, pela Editora Umbrage.
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ÁSPERA IMAGEM, VICENTE DE MELLO
Tema: Séries desenvolvidas ao longo de 15 anos de carreira
Tempo de produção das imagens: 5 anos
Número de páginas: 240
Preço: R$ 75
Editora: Aeroplano
Lançamento: 14 de dezembro, no Oi Futuro (R. Dois de Dezembro, 63, Rio de Janeiro-RJ); 9 de janeiro de 2007, na Maison Européenne de la Photographie (R. de Fourey, 5/7, Paris, a 25 de janeiro de 2007, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pça. da Luz, 2, São Paulo-SP)
Homem falante, de riso fácil. Imnerso numa conversa descontraída por telefone, Vicente de Mello revela alguns flashes desses 15 anos de carreira. Eu a comprei nos anos 90, nos Estados Unidos. No começo, não sabia nem ao menos como colocar o filme A observação é sobre a Rolleyflex que, hoje dominada, tornou-se o objeto de paixão do fotógrafo, sendo sua cúmplice em todas as fotografias que aparecem no livro. Com ela, o resultado é ímpar. Gera nuances e sombras que, com certeza, outras câmeras não conseguiriam fazer , diz. Assim, misturando prazer, técnica e reflexão, Vicente, que transita na seara das artes visuais, concebeu as nove séries integrantes dessa publicação. Em moiré.galactica. bestiário , ele leva o espectador ao limite da compreensão visual, criando uma corrente imaginária numa leitura particularíssima da formação do universo. Outro destaque da obra é a série inédita Os Negativos estão em meu Poder , produzida na década de 90. São retratos de personalidades do mundo das artes, como o colecionador Gilberto Chateaubriand e as artistas Adriana Varejão, Márcia X e Rosângela Rennó. É uma grande brincadeira com o caráter de 'prova' do negativo e aquelas cenas de filmes policiais americanos , comenta. O livro é completado pelas séries Primeiras Fotos , Noite Americana , Topografia Imaginária , D'aprês , Estereoscopia Negra e Contre Jour . Tem patrocínio do Oi Futuro e é acrescido de textos de Alberto Saraiva, JeanLuc Monterosso, Ligia Canongia, Alexandre Melo, Waldir Barreto, Nessia Leonzini, Paulo Reis, Maaretta Jaukkuri e Ivo Mesquita, com tiragens para o Brasil e para a França.
FOTOFORMAS E SOBRAS, GERALDO DE BARROS
FOTOFORMAS
Tema: Fotografias do primeiro livro da série
Fotoformas , acrescidas de textos críticos
Tempo de produção das imagens: entre 1948 e 1951
Número de páginas: 180
Editora: Cosac & Naify
Valor: Sem definição até o fechamento desta edição
Lançamento: janeiro, 2007 (sem data e local definidos até o fechamento desta edição)
SOBRAS
Tema: Fotografias da série Sobras .
(Texto de Rubens Fernandes Junior)
Tempo de produção das imagens: entre 1996 e 1998
Número de páginas: 204
Editora: Cosac & Naify
Valor: Sem definição até o fechamento desta edição
Lançamento: 20077 (sem datae local definidos até o fechamento desta edição)
o paulista de Xavantes trazia dentro de si a inquietude da experimentação e do estudo das formas. Amante amoroso, manteve-se acompanhado, a cada instante, da sua fiel e
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inseparável escudeira: a Rolleyflex 6x6. Uma fórmula perfeita que formatou a carreira de Geraldo de Barros, fotógrafo e artista que faleceu em 1998 deixando para trás, entre tantas referências, as séries Fotoformas e Sobras . Neste último, tem-se um Geraldo cansado e abatido em decorrência de um derrame, encontrando nas colagens, sobreposições sobre o vidro e interferências no negativo uma maneira de contornar sua debilidade motora. Foi o último trabalho realizado por ele e, como o próprio nome sugere, foi concebido com 'restos de fotografias de seu arquivo pessoal, entre elas de viagens com a família, amigos e lembranças de toda a vida. O uso de negativos e positivos recortados e montados resultava numa só imagem , explica a filha Lenora de Barros. Todo o processo foi seguido pela câmera de Michel Favre, dando origem ao documentário Geraldo de Barros - Sobras em Obras, do qual foram extraídas algumas cenas para o livro. Já a clássica série Fotoformas , realizada na década de 40, volta às estantes brasileiras em versão fac-símile, com as 100 imagens preferidas e escolhidas por seu criador em 1996, ano de publicação da primeira versão do livro, acrescida de textos de Pietro Maria Bardi, Radhá Abramo, Paulo Herkenhoff, Eugen Gomringer, Nelson Aguilar e Adon Peres. Sua obra, mesmo para nós da família, envolvidos com sua produção desde há muito tempo, sempre nos provoca surpreendentes descobertas. O grande mérito dessa publicação é, entre tantos outros, atualizar e recolocar em circulação a obra do Geraldo de Barros para todos, e particularmente para as novas gerações , conclui Lenora.
SOBRAS GERALDO DE BARROS
FOTOFORMAS GERALDO DE BARROS
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HISTÓRIAS DE UM FOTÓGRAFO VIAJANTE, ARAQUEM ALCANTARA
Tema: Narrativas do fotógrafo sobre suas andanças e sobre alguns de seus personagens
Tempo de produção das imagens: 36 anos Número de páginas: 231
Editora: Terceiro Nome
Valor: R$ 100
Lançamento; 16 de janeiro de 2007, no MAM (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 3, São Paulo-SP)
Eu ia passando diante da casa dela e notei que havia três ou quatro peles de suçuarana ao sol. Parei e logo dei com aquela mulher atarracada, troncuda, de cachimbo na boca. A senhora mata onça mesmo?, pergunto. 'Mato Por quê? 'Porque a gente tem que comer O trecho é um diálogo entre Dona Mariinha e o fotógrafo Araquém Alcântara, que, explorando a região do Raso da Catarina, no interior da Bahia, ficou admirado com a forma destemida como a idosa, falecida em 2004, lidava com a vida, matando e comendo onças, preás e veados. Ela, que na certidão de nascimento era Maria Natividade de Souza Castor, estrelou uma reportagem da revista Marie Claire, na qual o fotógrafo assinou as fotos e relatou a vida da personagem. Neste novo livro, surge para o leitor um legue variado de outras histórias contadas por Araquém sobre algumas das principais fotografias registradas ao longo de mais de trinta anos de profissão. Aliás, descrever histórias é uma outra qualidade do fotógrafo-jornalista, que vivia mergulhado nas obras literárias de mestres como Guimarães Rosa, Machado de Assis e Lima Barreto, autores que o ensinaram a conhecer o Brasil. É aliado a essa qualidade que o livro explora as imagens manifestadas no sertão da Bahia, na Amazônia, ao lado dos índios zo'és em Taperebá, no Cabo Orange e em outras incontáveis localidades. Entre um papo e outro, o colecionador de mundos , como ele se autodenomina, eleva toda sua reverência pela natureza e pelas figuras de um país que, segundo ele, é um manancial de belezas .
cuidar
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CUIDAR ANDRE FRANÇOIS
Tema: À medicina humanizada no Brasil
Tempo de produção das imagens: ano (2006)
Número de páginas: 256
Editora: SixPix Content
Valor: R$120
Lançamento: 08 de dezembro, às 19h, na FNAC (Av. Pedroso de Moraes, 858, Pinheiros, São Paulo-SP)
Numa sociedade cada vez mais individualista, como pensar o aspecto da atenção e do cuidado que possa existir entre as pessoas? Com esse questionamento central nas mãos, o fotógrafo André François partiu em busca de respostas dentro dos cenários angustiantes, muitas vezes negligentes, de 17 hospitais em nove estados brasileiros. Nesse documentário, ele quis ir além da crítica sobre a falta do cuidar e da humanização na relação entre equipes médicas e pacientes. Simplesmente criticar seria muito fácil e superficial. O desafio foi mostrar que existem profissionais da área médica que, apesar de todas as dificuldades, demonstram alguns pequenos cuidados que podem fazer toda a diferença, como chamar o paciente pelo nome, perguntar se a mãe está bem, conhecer o contexto familiar do doente , explica François. Dentre tantas imagens registradas, o fotógrafo não se esquece do retrato da Dra. Danielle Saldanha, na página 82 do livro, que surge desolada por ter perdido uma paciente. A motivação para desenvolver esse projeto persegue o fotógrafo desde que, aos 16 anos, após ganhar sua primeira máquina fotográfica, sofreu um grave acidente que lhe rendeu duas cirurgias e várias memórias de dentro de um hospital. Agora o resultado está no livro Cuidar fruto de um universo de 25 mil imagens, das quais 108 foram escolhidas, todas em p&b -, patrocinado pela empresa farmacêutica Roche em comemoração aos seus 75 anos no Brasil.
A convite da FS, o jornalista e crítico Eder Chiodetto escolhe e comenta os 10 melhores livros de fotografia lançados no Brasil em 2006
PRESENÇA
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JUAN ESTEVES
PRESENÇA
AuroR: JUAN ESTEVES
Eprrora: TERCEIRO NomE
Outro trabalho de persistência lançado em 2006. Juan Esteves atesta a Presença de 138 artistas plásticos fotografados ao longo de 20 anos. O estilo clássico do retrato em pretoe-branco, com luz e pose estudados previamente, remete à straight photography. Esse tipo de fotografia privilegia a apresentação em vez da interpretação , valorizando a profundidade de campo e o detalhamento. Um meio eficaz para Esteves falar de seu tempo e de seus ídolos, realçando o humanismo das relações e a crença na arte como força propulsora da vida.
GEORGES LEUZINGER Cadernos de Fotografia Brasileira
Epirora: INSTITUTO MOREIRA SALLES
A edição bem acabada, com impressão e qualidade de papel acima da média, além de uma farta pesquisa histórica, são os pontos fortes dos Cadernos de Fotografia Brasileira sobre o fotógrafo do século 19 Georges Leuzinger (18131892) lançados pelo Instituto Moreira Salles. As cerca de 200 imagens produzidas pelo fotógrafo e empresário suíço na década de 1860 mostram cenas memoráveis do Rio de Janeiro. Para o pesquisador Pedro Vasquez, a particular contribuição de Leuzinger foi efetuar o primeiro grande projeto de transcrição fotográfica da cidade, que resultou num levantamento minucioso, obsessivo, rigoroso e atraente que só encontraria similar mais tarde nas produções consagradas de Marc Ferrez e Augusto Malta ,
ALMA SECRETA
Aurora: Ana Lúcia Mariz
Epirora: TERRA VIRGEM
Ruínas históricas e demolições nos Estados de São Paulo e da Bahia servem de ponto de partida para a fotógrafa realizar imagens enigmáticas. Com o auxílio de luzes artificiais adicionadas durante as longas exposições, Mariz faz metáfora poética da passagem do tempo e das muitas vidas que habitaram esses espaços. O resultado são fotografias plenas de silêncios, penumbra e solidão.
CÂNCACEIROS
CANGACEIROS
ORGANIZADO
POR ÉLISE JASMIN
Eprrora: TERCEIRO NOME
Um amplo levantamento iconográfico realizado pela historiadora francesa Élise Jasmin trouxe à tona a saga de um dos personagens mais míticos da história do Brasil: Virgolino Ferreira da Silva (1898-1938), o Lampião. Além das fotografias realizadas por Benjamin Abrahão, um mascate libanês que se tornou amigo de Lampião e teve autorização para fotografar o líder e seu bando no sertão nordestino em 1936, o livro mostra também fotos do outro lado, ou seja, das milícias chamadas Volantes que tinham por incumbência acabar com o cangaço. Curioso perceber que ambos os lados fazem uso da fotografia como ferramenta de divulgação dos seus atos de heroísmo. O livro termina com as terríveis imagens em que Lampião e seu bando aparecem assassinados e decapitados com suas cabeças expostas em público. Morre o homem e se perpetua o mito.
A NATUREZA DO HOMEM NO RASO DA CATARINA
AurTOR: ÁLVARO VILLELA Eprrora: Tempo D'ImaGeM
Desconhecido do público, Álvaro Villela foi uma das boas surpresas este ano. Este seu livro surgiu alinhado estética e ideologicamente com os preceitos de seus pares de editora, como Tiago Santana, Celso Oliveira e Ed Viggiani. As imagens realizadas no Raso da Catarina constroem uma rica narrativa sobre a mística da região e de seu singular povoado. As cenas captadas, sempre muito próximas dos assuntos e das pessoas, se tornam orgânicas. Ainda que por vezes pareça ser uma estética que tenta enfiar o mundo dentro dela, vale pela força e originalidade.
NO RASO DA CATARINA
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HUNT NI
A Folhapress é a agência de notícias do Grupo Folha. Comercializa fotos, textos, colunas e ilustrações a partir do conteúdo editorial do jornal Folha de S.Paulo. O site contém um Banco de Imagens on-line com um acervo de mais de 250 mil imagens digitalizadas. Imagens que foram notícia e também que retratam a realidade brasileira. Para contratar o serviço da Folhapress ligue 011 3224-3123 ou acesse www.folhapress.com.
A boa imagem da notícia
Auror: CRISTIANO MASCARO
Eprrora: BEI
Há muitos anos Cristiano Mascaro caminha pelas cidades tentando desvendálas. Em Cidades Reveladas, ele consegue resolver alguns enigmas e revela interessantes e novas abordagens que oxigenam sua vasta produção neste século 21. O livro soa como o diário de um viajante que esquadrinhou o Brasil de forma errática por seis anos. Nas 110 fotografias em preto-e-branco, metrópoles convivem ao lado de cidades minúsculas. Uma certa busca de harmonia entre as sombras e as linhas da arquitetura apontam para uma quase abstração em que a forma impera sobre o conteúdo. O fotógrafo parece mais minimalista e preciso.
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L CLU
Auror: ED VIGGIANI
Eprrora: Tempo D'IMaGEM
O paulistano Ed Viggiani, 48, pertence a uma geração de fotógrafos resistentes do documentário de autoria e de grande visão crítica. Resistente por ter conseguido passar por diversas redações de jornais e revistas sem nunca ter perdido a mira em seus projetos pessoais. Em Brasileiros Futebol Clube, publicou finalmente um ensaio realizado persistentemente ao longo de anos. Nele, de novo o Brasil em foco. Mas não o Brasil do futebol pasteurizado, e sim o da pelada de fim de semana, da bola de tampinha de refrigerante ou de meia. Também em preto-e-branco, preserva o olhar sempre original e preciso de Viggiani.
MAR DE HOMENS
Auror: ROBERTO LINSKER
Epirora: TERRA VIRGEM
Sem dúvida, um dos lançamentos de maior densidade deste ano na fotografia documental brasileira. Fruto do trabalho e da perseverança de Roberto Linsker, Mar de Homens foi publicado após oito anos de trabalho e mais de oito mil quilômetros percorridos no litoral brasileiro. Ao mesmo tempo em que flagra o fim da pescaria artesanal, o autor consegue de forma intensa e poética falar do Brasil e do brasileiro. Seu estilo se alinha com os bons documentaristas contemporâneos. As composições em preto-ebranco são rigorosas, e fogem o tempo todo do óbvio. A obra saiu junto com O Mar é uma Outra Terra, no qual é realizado um levantamento histórico sobre a pesca no Brasil.
NATUREZA BRASILEIRA EM DETALHE
Auror: FaBio COLOMBINI
Epirora: METALIVROS
Especialista na fotografia de natureza, há anos Colombini se apaixonou pela possibilidade de explorar uma nova visualidade por meio da macrofotografia. Neste seu novo livro entramos em contato com um mundo paralelo do qual sequer sabemos da existência. Trabalhando em parceria com biólogos, o fotógrafo realiza uma obra que, ao mesmo tempo em que seduz nosso olhar, possui um rigor científico que muito ajudará pesquisadores da flora e da fauna brasileiras. Aqui, as asas das borboletas se transformam em paisagens ultracoloridas inverossímeis, e os vegetais ganham texturas jamais imaginadas.
ISSO É QUE É
AuroR: CLAUDIO EDINGER
Eprrora: DBA
Dos fotógrafos mais inventivos, que se reconfigura com um vigor notável a cada novo trabalho, Claudio Edinger fechou o ano com Isso é que é, no qual traz fragmentos de ensaios realizados durante 30 anos de carreira. À sobrecapa do livro traz uma inesperada cena apreendida durante a ditadura, numa parada militar em São Paulo. Dentro, um passeio por 200 imagens extraídas de livros como Carnaval, Loucura, Portraits, Rio e Habana Vieja, entre outros. Esses ensaios olhados assim, em perspectiva, dão conta da flexibilidade e da capacidade de Edinger em aliar novas técnicas a cada novo tema escolhido. Algo raro, sobretudo entre fotodocumentaristas renomados, que geralmente se atêm a fórmulas únicas.
ES TA COMDia O PRESENTE.
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Menina na Chuva , 1950
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Sexta-feira quente e caótica em São Paulo, véspera de feriadão. Antes de a chuva despencar sobre o concreto e suspender o mormaço sobre a cidade, o senhorinho de camisa pólo vermelha, 84 anos, fala esperta, aponta sobre a mesa pequenas cópias das imagens que vão entrar para a exposição comemorativa de seus 60 anos de fotografia, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em dezembro. No estúdio onde trabalhou por mais de 30 anos e que hoje compete aos filhos Frederico e Henrique German Lorca relembra detalhes dos bastidores de suas conhecidas composições, fala de seus "flagrantes posados' e, aos poucos, vai elucidando a sua máxima: A fotografia acontece para O fotógrafo e ele a faz acontecer .
POR ÉRICA RODRIGUES FOTOS GERMAN LORCA
11...Olha, essa foto, eu a fiz acontecer. Abordei os meninos que brincavam e pedi para eles correrem. Essa outra aconteceu; eu não preparei, é um documento. Essa também aconteceu, mesmo sendo no estúdio, percebe? Parece montagem, mas aconteceu! Essa é uma janela da estação Sorocabana. Eu estava olhando minha mãe embarcando num trem. Quando reparei nas formas da janela, pensei: puxa, que foto! Aconteceu! Essa outra, foi num dia de chuva. Eu a fiz acontecer. Pedi para a minha sobrinha pular a poça. À foto nasceu antes, na minha cabeça À foto da menina pulando a poça (que, inclusive, inspirou a dissertação de mestrado da pesquisadora Daniela Ribeiro, autora do artigo a seguir) aconteceu ou melhor o fotógrafo fez acontecer num dia chuvoso dos idos de 1950, numa esquina da rua Almirante Barroso, no Brás. Foi incorporada ao acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo como exemplo de flagrante . Mas "Menina na Chuva" nasceu, na verdade, antes da chuva. Na cabeça do fotógrafo. É pose do flagrante. Ou seria flagrante da pose?
Fotografias de rua são automaticamente associadas à espontaneidade e a toda carga de veracidade que possa representar. Talvez por isso o mundo tenha se espantado ao saber que o mestre francês Robert Doisneau pagou um casal de namorados para realizar a célebre "O Beijo" também de 1950. E o instante decisivo , Lorca? O senhor conhecia o trabalho de Cartier-Bresson? O comentário vem, inevitável, pela inevitável comparação entre a sua
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"Menina na Chuva" e aquele homem que pula a poça, em "Atrás da Estação Saint-Lazare", feita por Bresson em 1932. então?
O jovem Lorca, à época contador profissional, realizou essa e outras fotos no contexto do fotoclubismo, movimento que, entre os anos 40 e 50, reunia grupos de protissionais liberais e também alguns fotógrafos profissionais interessados em fazer e discutir fotografia, influenciados pelos fotoclubes estrangeiros. Esse movimento definiu os contornos do que viria a ser conhecido como a Fotografia Moderna no Brasil.
E então, a surpresa: Nunca tinha ouvido falar do Bresson no fotoclube. Só depois que saí de lá, em 1954 . Ou seja, "Menina na Chuva foi mesmo feita sem que Lorca tivesse antes olhado para "Atrás da Estação Saint-Lazare"
A fotografia surgiu na vida de Lorca com "umas brincadeiras que fazia com a câmera, em casa , até que tio de sua mulher perguntou-lhe: por que você não aprende fotografia? Foi parar no Foto-Cine Clube Bandeirante. (A título de curiosidade, vale registrar que o tio em questão é o sertanista Manoel Rodrigues Ferreira, que encontrou, num barraco no interior de São Paulo, em 1956, as preciosas imagens de Dana Merril, o fotógrafo americano que documentou a construção da ferrovia Madeira-Mamoré.)
Lorca passou, então, a conviver com um artista gráfico que lhe passava muita informação sobre arte e regras de composição . Conheceu também o dono de uma loja de
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Harley Davidson , 2003
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fotografia, que na época importava revistas estrangeiras e fazia também uma fotografia muito atrevida . E ainda havia um fotógrafo profissional brilhante, que veio do Ceará e já dominava técnicas de estúdio com maestria . E do contato com esses clubistas de carteirinha Geraldo de Barros, Thomaz Farkas e Chico Albuquerque que Lorca alega terem surgido as bases para a realização de um tipo de fotografia que teve profundo impacto à época. Quando eles começaram a mostrar suas experiências, saíam muitas discussões no clube. Depois o pessoal começou a entender aquilo como arte; passaram a ver que era um movimento avançado.
Eram os tempos do início da aproximação da fotografia com as correntes artísticas e sua inserção nas instituições museológicas. O pensamento que se desenvolveu no âmbito dos fotoclubes acabou por liberar a fotografia do compromisso estritamente documental. Ela ganha asas para alçar vôos mais estéticos e imaginativos. Seu potencial descritivo é utilizado como um sensível radar de formas, múltiplas possibilidades de criação, e a maneira de retratar uma história passa a ter tanta ou mais importância do que a história em si
Em pouco tempo, as habilidades fotográficas de Lorca o levam a abandonar a profissão de contador. Começaa fazer reportagens industriais e fotos de casamento, até abrir o pequeno G. Lorca Foto Studio, na Avenida Ipiranga, em 1952, mesmo ano em que realiza sua primeira exposição individual no MAM de São Paulo. O aprimoramento técnico, aliado a seu potencial criativo, o levam, espontaneamente, para o campo da publicidade, sendo considerado um dos pioneiros da fotografia publicitária no Brasil. Muda-se para a avenida Lins de Vasconcelos, onde abre o Lorca Fotógrafos Ltda. Em 1966, transfere seu estúdio para a Vila Mariana. Os filhos crescem e a fotografia vira uma atividade familiar. José Henrique torna-se fotógrafo e Frederico administra os negócios do estúdio, que em 1988 passa a se chamar Photoimagem 5.
Durante toda sua trajetória, foram incontáveis as exposições: MAM, MASP, MAC, Bienal de Curitiba, galerias no exterior, afora participações em coleções particulares e institucionais. Agora, na exposição da Pinacoteca do Estado de São Paulo, estarão mais de 200 imagens: suas clássicas cenas de rua, paisagens, experimentalismos, fotos publicitárias e retratos, que podem ser vistos de maneira independente da engrenagem utilitária do jornalismo ou da publicidade, ou do documento. Bom para vistas cansadas de um mundo de excessos, do exagero e do rebuscamento. Alívio para quem gosta de fotografia. Pura e simples.
Fim de história, anoitece. O senhorinho de camisa pólo vermelha e fala esperta mostrou o quanto a fotografia também pode ser estória. Ele abre o portão de ferro. A chuva despenca sobre o concreto e suspende o mormaço sobre a cidade.
SERVIÇO
Exposição "German Lorca, 60 Anos de Fotografia" 220 imagens, divididas nos temas "Arte", "Retratos" e "IV Centenário de São Paulo". Curadoria de Diógenes Moura
Onde Pinacoteca do Estado de São Paulo, Praça da Luz, 2, São Paulo-SP
Quando de 09 de dezembro de 2006 a 11 de março de 2007
Quanto R$ 4; R$ 2 (meia); gratuita aos sábados
Visitação de ter. a dom, das 10h às 18h Informações (11) 3229-9844
German Lorca em retrato de Manuk Poladian, 2005
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Antúrios , 1960
Andaime , 1970
maura ribeiro
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GERMAN LORCA: O CORTE E A COMPOSIÇÃO NO PROCESSO FOTOGRÁFICO
eside no universo de fotografias de rua de autoria de German Lorca o foco de interesse do estudo que resulta em minha dissertação de mestrado. Desse universo, uma fotografia em especial me chama a atenção logo de início: Menina na Chuva , realizada por Lorca em 1950, a qual, de imediato, associo à idéia de momento decisivo de Henri-Cartier Bresson e, consegiientemente, de flagrante. Ao contrário do que possa parecer, Lorca conta em uma das primeiras entrevistas concedidas durante a minha pesquisa que essa fotografia não é um flagrante. A menina da foto é Eunice, sua sobrinha. E o flagrante do pulo que vemos, portanto, é resultado de uma encenação.
É então que Lorca entrega-me as chaves que abrem as portas para o entendimento de suas fotografias de rua e, mais que isso, para que eu compartilhe seu raciocínio fotográfico.
Desse raciocínio, percebo que Lorca pode tanto encenar uma tomada e assim realizar o que denomino pseudoflagrante - como de fato flagrar. E descubro que essa opção se relaciona com a importância que o fotógrafo credita ao resultado final da imagem, que deve ser bem resolvida compositivamente (a noção de boa composição é uma questão fundamental para Lorca desde os tempos do Foto-Cine Clube Bandeirante, onde ele aprendeu as regras de composição). Ao final desse processo, entra mais um elemento para o aperfeiçoamento estético da imagem obtida: o corte. Logo, a questão de cortar a imagem para selecionar o assunto que não foi captado no ângulo desejado é fundamental para a compreensão dessa prática nos flagrantes e pseudoflagrantes de Lorca.
Nesse âmbito, encontram-se os pseudoflagrantes Menina na Chuva" (1950) e Malandragem (1949), além do flagrante A Procura de Emprego" (1950), por exemplo, que podem ser vistos na exposição da Pinacoteca do Estado.
Segundo o autor, Menina na Chuva foi uma fotografia realizada para o Concurso de Junho do ano de 1950 do Foto-Cine Clube Bandeirante, denominada Dias de Chuva . O fotógrafo conta que observava a rua em um dia chuvoso a partir da janela de sua residência, então localizada na Rua Almirante Barroso, no Brás, quando lhe ocorreu a idéia de pedir à sobrinha e vizinha, Eunice, para pular a poça d'água acumulada ao redor da calçada.
Concebida a cena, Lorca parte para o registro da fotografia que tinha em mente. O negativo grava a imagem original (Imagem 1), em que figura da menina está distante, as casas aparecem em sua totalidade e a poça dágua é extensa. O original não condiz exatamente com o resultado esperado por Lorca, que faz cortes na fotografia (Imagens 2 e 3). Procedendo assim, aproximaafigura da menina e valoriza o reflexo de sua imagem na poça d'água, além de eliminar parcialmente (Imagem 2) e quase totalmente (Imagem 3) a referência das casas. Isso porque ele estava disposto a refletir sobre mais de uma possibilidade de corte, de modo a tornar a imagem melhor resolvida compositivamente, atentando a padrões estéticos que, historicamente, caracterizam uma fotografia como artística. Lembre-se que, entre o final da década de 1940 e durante os anos 1950, período no qual Lorca realiza fotografias que se tornariam emblemáticas em sua Carreira, tais parâmetros circulavam
no ambiente fotográfico paulistano por meio de exposições (a mostra Fotografia Artística , apresentada em 1947 na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, por exemplo), de eventos promovidos pelo FotoCine Clube Bandeirante (onde Lorca atuava) como salões, seminários internos, concursos e publicações e de revistas ilustradas como a Lifee O Cruzeiro, que veiculavam trabalhos de fotógrafos seminais como HenriCartier Bresson e Jean Manzon. Nesse processo em que a fotografia é encenada e a imagem, cortada, Lorca compõe a fotografia duas vezes: antes do ato fotográfico quando pré-idealiza o pseudoflagrante e depois dele ao cortar a imagem para atingir a composição imaginada, revelando seu envolvimento com a pós-produção da fotografia.
Essa mesma lógica está presente em Malandragem (1949) de maneira ainda mais elaborada. Na fotografia original (Imagem 4) encenada em um bar no bairro do Brás, de acordo com Lorca , dois homens estão posicionados frente a frente em uma distância que percorre determinado trecho da rua: um está apoiado em um poste e o outro no batente da porta de um bar.
O que torna essa fotografia mais instigante é o corte dramático que Lorca efetua na imagem (Imagem 5) ao fazer com que a composição e a artisticidade da fotografia imperem transformando-a radicalmente sobre qualquer outro aspecto, deixando de ter relevância o fato de, originalmente, ela ter sido flagrada ou pseudoflagrada.
Com o corte, Lorca induz um tipo de leitura pautada na idéia de espeIhamento, o que confunde o obser-
vador: a foto com corte pode causar a sensação de que as pernas estão espelhadas. Na foto original não há essa sensação, porque os dois homens aparecem de corpo inteiro. À idéia de espelhamento estende-se também à questão do reflexo da cena na poça dágua da rua. Na foto original, o reflexo na poça é apenas mais um elemento da imagem. Na versão com O corte, o jogo entre espelhamento e reflexo é o assunto da fotografia.
Em flagrantes como À Procura de Emprego" (1950), a composição se dá a partir do corte: Lorca flagra a cena, a amplia e depois realiza a composição que, a seu ver, melhor valoriza a imagem. Ao contrário dos pseudoflagrantes, compõe a fotografia uma única vez, depois de ampliá-la.
A fotografia original (Imagem 6) nos transmite a idéia de espontaneidade, levando a crer que Lorca teria flagrado a cena, como de fato fez (a
cena, segundo o autor, foi registrada próxima ao prédio do banco Banespa, na Praça Antônio Prado esquina com Rua João Brícola, no centro de São Paulo). Nota-se que as pessoas da fila estão absortas lendo o jornal, cada uma em um tipo de posição. É claro que esse fato poderia ter sido igualmente arranjado, principalmente pela imobilidade das pessoas à espera na fila, o que facilitaria o trabalho de encenação. Seja como for, a imagem original nos fornece algumas pistas da situação: uma fila, pessoas lendo jornal (não identificáveis) e uma placa onde só é possível ler o "S.A . Na fotografia cortada (Imagem 7), German Lorca seleciona apenas os dois últimos homens da fila, por razões composicionais eplásticas, enfatizando a projeção de suas sombras na parede e a simetria da imagem, e tornando visível o nome do jornal (O Diário Popular).
German Lorca. Menina na Chuva , 1950. Imagem 1: Fotografia original. Acervo do autor. Imagem 2: Fotografia com cortes. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Imagem 3: Fotografia com cortes. Acervo do autor
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German Lorca. Malandragem , 1949. Imagem 4: Fotografia original. Acervo do autor. Imagem 5: Fotografia com corte. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo.
German Lorca. À Procura de Emprego , 1950. Imagem 6: Fotografia original. Acervo do autor. Imagem 7: Fotografia com corte. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo
É interessante notar que, com o corte, À Procura de Emprego transmite a sensação de fotografia posada (poderia até se pensar que se trata de uma fotografia publicitária de O Diário Popular), inversamente ao que acontece quando olhamos a foto original. Enfim, Lorca transita habilmente pelos códigos do flagrante e do pseudoflagrante que se separam de maneira tão tênue um do outro obtendo resultados estéticos semelhantes enquanto se mostra livre para criar.
DANIELA MAURA RIBEIRO
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aa Ca a ti Para um Natal radical.
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coluna
fernando de tacca
fotografia tem habitado o cinema de forma contundente e de maneiras variadas nas últimas décadas. Pela amplitude de suas significações como memória, aliada às suas qualidades polissêmicas, sua presença em narrativas ficcionais marca passagens importantes nos roteiros, muitas vezes como um artifício narrativo enunciativo de elipses temporais. Recentemente, filmes de lugares distintos do mundo apresentam a fotografia como lugar de memórias sensíveis, de encontro com histórias particulares de pessoas Elsa e Fred Um Argentina/Espanha, Amor de Paixão 2005, direção de Marcos Carnevale) coloca em primeiríssimo plano uma foto na grande tela; quando a câmera se afasta, reconhece-se um quadro pendurado na parede que remete os cinéfilos a uma famosa cena do filme A Doce Vida (Itália, 1960), de Fellini. A imagem da atriz Anita Ekberg, a doce Silvia nas águas da Fontana de Trevi, em Roma, faz parte do imaginário de imagens cinematográficas de uma geração (principalmente pela sensualidade e pelo erotismo da cena), e essa cena irá habitar, em Elsa e Fred, a memória de uma deliciosa senhora idosa com vontade de viver plenamente seus tempos ainda terrenos. Dessa primeira imagem, de seu glamour e de sua força plástica, temos uma projeção de desejos produzidos pela indústria do entretenimento. Se a Fontana de Trevi é lugar concreto e acessível, um banho = em processo de similitude também é, e assim se faz das telas para a vida real: um banho romântico da velha senhora nos conduz ao mundo dos sonhos possíveis, ou quase possíveis. Mas será a partir de
MEMÓRIAS SENSÍVEIS E FOTOGRAFIA E CINEMA
uma única foto que tudo se condensa em memória afetiva e sensível? E quantas fotos dessas, produzidas pela indústria de sonhos, pelo mundo do espetáculo, não temos em nosso imaginário? Será de maneira surpreendente que, no filme O maior amor do mundo (Brasil, 2006, direção de Cacá Diegues), nos depararemos com uma forma sublime de encontro sensível produzido pelas lentes de uma câmera. Na procura de sua mãe biológica, o personagem vivido por José Wilker, na gaveta de poucos objetos de uma história de vida, acha a fotografia enunciativa que se tornará elucidativa. Um rastro fotográfico foi deixado pelo tempo para algum dia ser desvelado Toda fotografia traz junto a si muitas histórias, e quase todas se perdem no tempo. Faz parte da natureza fotográfica uma carga fugaz de perda de sentidos, o que não significa que ela, a imagem, possa adquirir outros tantos. Pelas mãos de sua mãe biológica, aconchegada por mãos sedutoras de seu pai, uma Rolleiflex produz uma marca temporal que irá deixar o protagonista em transe na procura de sua origem, e, como um passe de mágica, será essa foto que o fará reencontrar sua mãe, ou seu espectro. O encontro do filho com a mãe, em momento de êxtase luminoso, mesmo em meio ao lixo e à sujeira da sociedade, é porta para a passagem espiritual, e a imagem propícia o reconhecimento e o caminho para desvendar mistérios de uma vida passada. À madona tão referenciada em fotos como as de Eugene Smith, na baía de Minamata, no Japão, ou mesmo em Migrant Mother , de Dorothea Lange, surge no final do filme de forma surrealista, com uma mãe ainda ==jovem e seu filho já idoso deitado em%
seus braços; finalmente em acolhimento maternal. Kiko Goifman, através do desvendar narrativo de seu filme 33, também tentou esse encontro com sua mãe biológica, mas não o conseguiu. O cinema não lhe foi cúmplice ou não havia um rastro fotográfico para seguir.
Uma simples imagem parece dizer muito mais do que podemos imaginar. Uma simples imagem não pendurada em museus e galerias, considerada comum e sem importância plástica, pode trazer carga afetiva muito maior para olhares que lhe são íntimos, inerentes e próximos. Inúmeras fotografias de espaços do circuito de arte, da chamada fotografia contemporânea , não nos dizem absolutamente nada. Várias não nos levam ao.» plano do sensível, muito menos ao me-* morial. Se muitas vezes nos frustramos com essas imagens insensíveis cercadas pela forma, guardemos, pois, nossas fotografias pessoais. Um dia elas poderão tomar sentidos surpreendentes em nossas vidas, como memórias sensíveis em planos mágicos.
FERNANDO DE TACCA
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USIVO|
Leia a continuação deste artigo em www.fotosite.com.br/fs15
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coluna andré arruda
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S: você chegou até aqui, deve ter passado pela matéria que fala de uma pequena exposição minha sobre Copacabana, que foi inaugurada no dia 4 de dezembro. Pois é, estou escrevendo antes do coquetel, vernissage ou boca-livre que abre a visitação. É um exercício interessante de futurologia barata: ou vai ser uma noite consagradora, com centenas de pessoas lutando para ver as fotos penduradas nas paredes cool do Copa Café, na Avenida Atlântica, com famosos, celebridades, vários contatos, todas as cópias vendidas, convites vários para festas, trabalhos bacanas, mulheres que não tiram os olhos de mim ou... só aquele grupo de amigos que nos acompanham em roubadas & eventos, repetindo aqueles bordões como muito foda , será Photoshop? ou essa eu botava na minha parede , com um ou outro curioso que veio filar uma bebida zero800, e eu volto pra casa sozinho mesmo. Alea Jacta Est. Durante a seleção das 16 imagens para a mostra, converso com uma amiga sobre a minha infância. Nasci sem irmãos e passava as tardes na casa da minha avó, num edifício sem playground e de frente para outros prédios, em Copacabana. Todo ca-
rioca que se preze teve avós em Copacabana, o bairro que era uma Côte D'Azur nos anos 50, o máximo da elegância, e para onde a classe média migrou em massa nesse período. Minha avó, uma filha de gaúchos arguta e muito esperta, ficou cega nos anos 70, quando a oftalmologia ainda nem sonhava com laser e outras supertecnologias. Para ela, que nunca levou desaforo para casa, e das primeiras mulheres oficialmente desquitadas do país um escândalo no pós-guerra , foi como se o mundo congelasse num quarto de sombras lentas, sem luz, e de impressões vagas do que estava ao redor.
No processo, um longo e doloroso fechamento de janelas, eu sempre ficava correndo pelo apartamento, que era uma enormidade para mim, fazendo traquinagens e brincando com incontáveis amigos invisíveis, a ponto da minha mãe me levar a um psiquiatra, preocupadíssima com uma possível esquizofrenia precoce. Outros parentes aconselharam médiuns, espíritas e afins, mas meu pai, sujeito sério e sagaz, nem deu ouvidos a tais sandices. Hoje os amigos são mais virtuais que visíveis. Nesse período de brincadeiras com
seres imaginários, vôos espaciais a galáxias perdidas e outras pequenas barbaridades, minha avó perguntava tudo e sempre, e eu narrava o que acontecia, segundo ela, com incrível precisão, cores e detalhes. Eu devia exagerar absurdos, falando de cenas impossíveis, especialmente do que ocorria nos outros prédios, com um binóculo que foi do meu avô, na rua, na tv. Passávamos horas vendo uma tv preto-e-branco Telefunken, ela sentada numa poltrona, eu comendo biscoito Maizena com café com leite, fazendo alguma arte e descrevendo desenhos animados, comerciais, filmes, tiros, capotagens, anúncios, novelas e o que mais fosse. Ela ria e achava graça (espero) com a condescedência e o amor incondicional dos avós.
Fotografar é ser os olhos do outro.
PS: O psiquiatra não diagnosticou nada.
ANDRÉ ARRUDA
DES ER E 8 espaços de 9x6 cm, sível. E, se você quis horizontal ou na vertical. indo da fotografia.
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TETO) DAS TOS acervo molduras
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Espaço Visual de
rônicas fotográficas por marcio scavone
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THALES TRIGO
hales, olhar trangúilo do sábio, pega a ampliaTs da aluna nas mãos e pensa: Queria ter feito esta fotografia . Olha para fora, pela janela da classe, e procura o céu da Lapa. É noite e as luzes da cidade refletem na camada mais baixa de nuvens, deixando as estrelas mais distantes, quase invisíveis.
O fotógrafo poderia ter sido astrônomo, mas, talvez, ungido pela vocação do seu belo nome grego, perseguiu o sonho do outro, o de Mileto, e ao estudar física acabou por descobrir que a natureza que se propôs a desvendar seria a natureza humana. Há 33 anos Thales ensina fotografia.
Pensar, escrever, fotografar Ondas que se propagam como fótons, aquelas partículas quase inacreditáveis que encenam um certo fenômeno eletromagnético; o princípio de tudo, a Luz, metáfora do conhecimento, de dar a vida, do tudo.
O mestre pega a ampliação da aluna nas mãos e a examina. O vento sopra do noroeste na represa e o veleiro, obedecendo a um comando invisível, segue sereno. No estúdio, quando ilumino o assunto, eusempre penso na luz como um volume, como um vento. Intensidade, direção e velocidade. É mais ou menos como velejar
raios de luz. A luz tem velocidade e intensidade mensuráveis. Isto eu posso entender. A química, na intersecção com a física, produz fenômenos eletroquímicos. Também posso entender. O mestre de olhar trangúilo entra dentro do mundo daquela imagem que segura. Pensa no grão, no pixel, no átomo. Pensa talvez na alma das coisas. Pensa na coragem de estudar e de fazer contas. Pensa na grande dedicação. Não existem truques nem atalhos. Existe observar o vento no fio de lã amarrado na ponta do mastro. Existe navegar com a paixão dos que fazem disso a razão da vida. Isto eu também posso entender.
THALES TRIGO MARCIO SCAVONE
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