Tapes LET oAeee Re UNA o AReoO cara o desafio e é o entrevistado de Bob Wolfenson resenta o resultado de suas andanças por Arles ANDRÉ MEYER,
ARMANDO PRADO, BOLETA, CACO GALHARDO, FERNANDA CERÁVOLO, os ND
Um olhar diferente com imaginação sem limites precisa de uma câmera de possibilidades infinitas. A nova DSLR Sony «700 tem Super SteadyShot integrado e ganhou corpo de magnésio, mais leve e resistente, que oferece saída HDMI para conexão direta de alta resolução com TV e computador, mais LCD 3 com quase milhão de pixels: 3x mais resolução que a média da categoria. São 12,24 megapixels, ISO 100 a 3200 com expansão até 6400, com grip vertical exclusivo para melhor estabilidade e firmeza em todos os ângulos, além de acomodar duas baterias, o que oferece muito mais autonomia. O infinito não tem fim. Mas pode ter um começo. DSLR Sony «700.
por Alex Almeida
A Folhapress é a agência de notícias do Grupo Folha. Comercializa fotos, textos, colunas e ilustrações a partir do conteúdo editorial do jornal Folha de S.Paulo. O site contém um Banco de Imagens on-line com um acervo de mais de 250 mil imagens digitalizadas. Imagens que foram notícia e também que retratam a realidade brasileira. Para contratar o serviço da Folhapress ligue 011 3224-3123 ou acesse www.folhapress.com.br
UM OLHO EM CIMA DO OUTRO Horizontal ou vertical? Pergunta automática no cérebro do fotógrafo antes de cada clique. Escolha que vai influenciar o destino da imagem,já que foto horizontal não serve para capae foto vertical não atinge nunca o tamanho máximo da revista, que é o da página dupla. Abre ou capa? Dúvida cruel. Nesta edição da FS, trocamos os papéis das imagens invertendo a revista, com fotos verticais nas duplas e horizontais nas simples e na capa. Fotos que não tinham chance de estampar uma primeira página são reconsideradas, verticais atingem tamanhos nunca antes alcançados, e assim continuamos experimentando, discutindoe principalmente nos divertindo comaliberdade e a ousadia conquistadas pela FS. Nessa busca pelo novo, questionando formatos e cavando boas histórias, encontramos na periferia de São Paulo uma nova geração de fotógrafos com cultura, preparo e talento suficientes para retratar sem intermediários a realidade de quem está à margem. Sobrevoamos o festival de Arles, na França, encomendamos um still para Mauricio Lima, o principal fotógrafo de guerra brasileiro em atividade que entrou em ação num estúdio pela primeira vez , viajamos à Antárti- ed itor al ca com Maristela Colucci, convidamos artistas para intervirem nos buracos da cidade deixados pela Lei Cidade Limpa e desafiamos a sensualidade com as mulheres e os arames farpados de Juan Esteves. Na FS, mais do que falar de fotografia, tratamos o mundo sob o ponto de vista dos fotógrafos. Ponto de vista horizontal, vertical, redondo ou quadrado. Afinal de contas, nossos olhos enxergam em qual formato? Quantos megapixels tem a realidade? Quem sabe? João Wainer Editor
Publisher Editor João Wainer joaoQsixpix.com.br Redatora-Chete
Curador Diógenes Moura janta: TOR aa LAS So RR o [TI Lao (01: ao oie festivais de fotografia do mundo
POR DIÓGENES MOURA
diário
Sob o clima charmoso e sedutor da cidade francesa de Arles, o jornalista, escritor e curador da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Diógenes Moura, achou no festival Les Rencontres d'Arles [www.rencontres-arles.com], que acontece desde julho deste ano, o momento perfeito para dar continuidade ao projeto que coloca em papel sua sequência de impressões motivadas pela imagem. São anotações feitas durante viagens que atuam em três momentos de procura: como memória, como referência para pesquisa e puramente como literatura , explica. A idéia, no entanto, foi despertada algum tempo atrás, na Bahia de 2006, quando Moura, que não é fotógrafo, teve sua máquina roubada. Aqueles instantes fervilharam seus instintos, levando-o a desenvolver um primeiro diário, escrito ao longo de 60 dias, que findou no livro Drão de Roma - Dezembro Caiu. Dentro da câmera estavam imagens feitas na procissão de Santa Bárbara, a santa vermelha. O livro é um diário sobre a violência nas ruas de Salvador e sobre a perda de memória Um ano mais tarde, rodeado por obras de JR, Raghu Rai, Huang Rui, Alberto Garcia-Alix, Siya Singh, RongRong & Inri e Bharat Sikka, e por faces da rainha Elizabeth Il, o curador pousou seu olhar sobre um dos principais encontros de fotografia da atualidade, de onde extraiu argumentos para compor A Mão que Pensa - Um Diário de Arles, que, segundo o autor, propõe um comentário visual sobre alguns artistas e seus trabalhos, os diversos aspectos das montagens e a forma como cada imagem foiincorporada ao projeto expográfico e sensorial da mostra . Entre o olhar mediado pela câmera fotográfica e linhas que remetem a provocações dos sentidos, Moura revela cinco dias em solo francês confessados em páginas brancas.
PRIMEIRO DIA O Hotel Les Cabanettes fica longe, cerca de 20 km do centro de Artes. (Agora, 23h30, Jim Morrison canta na TV) De táxi, custa 26 euros até o centro e o mesmo valor para voltar. A cidade ainda está começando. (Do trem, antes de chegar, vi vacas entre vegetação
Rencontres dArles ex os girassóis) A primeira exposição do a imediatamente na entrada, um grande retrato de um homem tatuado. Entre pequenas asse; tos e algumas tom corpos arreganhados, profundamente arregar formando quase rolimãs, chav sertar automóve anos 80. Naquela época fotógrafo: Alberto García-A tatuado, vestido de branco. Foto:
iberdade. Dentro de do vidro que atamente uma fotogr meio termo; nê to, nem por que ela se vira para nos olhar. É, também,
TERCEIRO DIAAvisão inicial do galpão destelhado sob o sol do verão francês reflete os rostos de palestinos unidos no lambe-lambe que cobre as paredes n fotografias do francê JR, "Retratos de uma Geração: Face2Face". Palestinos e judeus olham-se nos olhos. Então os muros descascados tornam-se grandes telas onde há solidariedade e paz, até onde paz pode alcançar. JR fotografou personagens nas ruas. Trata-se de um gestual de faces. Exibe sua arte de ação, de identidade e de limite, nas ruas, nas estações do metrô, onde quer que seja. Os personagens de JR buscam existência mesmo diante de uma cena onde um deles aponta um cano poderoso em direção à câmera. Ploc. Ploc. Ploc: fim vida, fim da paz. A imagem, sutilmente aplicada sobre o muro , traz o pel sonagem com duasjanelas vazadas, uma de cada lado. É quase um ponto de fuga. No segundo plano, depois do vácuo, seis pequenas vidraças estão fechadas. Três de cada lado. Uma questão de números. Pelos f ndos aquele personagem S12 será incapaz de fugir. Ou de encontrar-se? É a Palestina que prepara o olhar e dá passagem para a fotografia indiana no galpão seguinte, onde tudo é um círculo uterino. Lá dentro há descanso e silêncio. Os fotógrafos
indianos buscam a si mesmos, 60 anos depois da independência da Índia. Meditam, exibem suas vestes, seus livros, seus olhares de água doce, seus bebês caminhando na grama, seus deuses, seus aparelhos de TV,a foto portagem dos seus dias nas imagens de Anay Mann.
Numa montagem arredondada, uma mãe, Nony Singh, e sua filha, Dayanita Singh, discutem ao mesmo tempo memória e clichês associados ao seu país: as duas se encontram e se vêem dentro de casa e vêem seus instantes na porta das ruas
AINDA NO TERCEIRO DIA Os chineses são capazes de tudo. Desde corpos que despencam do teto como malabaristas entre piruetas imaginárias até grandes painéis onde as idades e seus cidadãos fragmentam suas existências para entender o que pertence a cada um e o que pertence ao outro. E se, naquele mundo futuro, haverá lugar para todos. Onde colocaremos as nossas vidas? A resposta é tão sensorial quanto o silêncio e o ruído de cada sequência: olham as cidades de costas para nós (Wengfen); rompem os escombros com o celular na mão (He Yunchang); inventam anjos para pairar sobre fumaça e tubos de aço (Liu Jin); abraçam-se na utopia dos 20 minutos (Gao Brithers), como na propaganda que antecede os filmes na rede MK2, em que pessoas oferecem abraços para mostrar e dizer que ovírus do HIV não se transmite com esse afeto. Os chineses pensam neles e pensam em nós. Quem de nós pensará nos chineses?
SEGUNDO DIA Primeiro passou a velhinha corcunda; ra entre músculos e roupas Jepois, um elásticas; depois, uma menina na lambreta. Passou e passaram na esquina: rue Presidente Wilson, onde três homens e uma mulher tocam partituras doces, e venta. Uma loja do outro lado chama-se A Mão que Pens . Há uma imagem pendurada na parede com dois títulos: "Auto-Retrato com Cabeça" e "Auto-Retrato sem Alma", Do outro lado do centro da cidade, "La Collection Vernaculaire D'Erik Kessels" pulveriza a igreja com uma série em que homens fardados ocupam os mesmos espaços dentro de um retrato de corpo inteiro, visto de frente. É uma fotografia de espelhos. A visão frontal os repete para torná-los iguais e diversos ao mesmo tempo. Em cada olhar há um mundo. O mesmo. O do outro. Pensam em superar a fotografia. Fardados, igualitários, esse mundo é o mesmo que os rodeia. Ninguém sai do lugar. É um jogo *do pequeno e do grande outro Eles desafiam a própria memória. Confundem-na através da imagem impressa. Selecionam cada olhar para depois segui-lo numa literatura de gestos verticais. Numa sala ao lado, um táxi sem motorista sugere a mesma questão: para onde iremos?
QUINTO DIA rainha Elizabeth Il olha para cima com seus olhinhos azuis de reale: inglesa. Logo depois aj rece sorrindo para um cão, numa foto-pintura esmaecida entre o rosa e lilás. As fotos são de Marcus Adams, feitas aos dois e aos doze anos da rainha, respectivamente. Quando aparece mais tarde, seis anos depois, Elizabeth já usa o uniforme militar, perto da Segunda Guerra, em março de 1945, A série de fotografias que mostram a rainha nos seus mais recentes 80 anos um percurso por imagens de fotógrafos oficiais e outros não: os costumes, as jóias, os gestos, os entes DArles, François Hébel, partiu de um paralelo entre Elizab queridos, Mas o curador do Les Rencontr e algumas imagens de presidentes franceses para imaginar , num rcício de estilos, o que seria a Fr se uma ylher tivesse sido eleita. Assim, 40 fotógrafos, 40 ma anequins, 40 poses e 40 pensamentos sobre esse significado" construíram série "Madame La Presiden: O que seria da França com uma mulher sobre Qual, entr 40 personas, st 1? Como aque vemos, o mundo civilizado também tem dificuldades em
assimilar o poder e os afetos femininos. O que as 40 imagens querem dizer, eu não sei. Quem sabe é cada uma das fotografias. Apenas elas possuem a sina de cada resposta. Há um homem louco falando daquele jeito como apenas os loucos falam e olhando com aqueles olhos 21 na es ficou lá atrás, com que apenas os loucos sabem olhar. São Gare dirles. O Hotel Les Cabanel esbranquiçado pelo sol em suas colunas funcionais. Agora o louco me rodeia falando coisas que não e tendo. Parece saído de uma imagem de Dorris Haron Kasco, Tento fingir que não o vejo. Eu e o resto do mundo. (Quem foi que nos fez assim?) Dentro do trem, de volta para Paris, os cinco dias começam ser conjugados no pa sado. Das imagens stão ao meu lado, os corpos arreganhados de Alberto Garcia-Alix de certa forma me provocaram uma lembrança do que antes (nos anos 1980) era poesia, e a angústia em hoje perceber por que um corpo nu, dentro de uma um nada absoluto. fotografia, tanto nos aprox Quem
QUARTO DIA O centro da cidade ainda estava vazio quando entrei no mundo dos marajás da Índia. Pequenos recortes emoldurados pelo tempo, as cerimônias e a localização de cada personagem dentro da fotografia numa coleção particular, Alkazi nos faz perceber o lapso de espera de cada imagem: quem está à direita permanecerá para sempre à direita. Nem o turbante muda de lugar. A fotografia indiana, muito mais que todas as outras, tem esse incrível acento para estabilizar o poder: jóias serão sempre vistas como jóias; bigodes fininhos serão para sempre bigodes fininhos; a cor é uma cor na cena onde todas estão. Cada foto-pintura tem um cheiro suave de penumbra ao anoitecer. Sequer uma flor daqueles tapetes indianos será capaz de ser deslocada para outro lugar, para outro olhar. A foto-pintura no mundo dos marajás é coerentemente incapaz de ir além de si mesma. Mesmo assim, poetiza em aquarelas aquelas vidas diante da câmera: fotografias de anônimos em que os marajás e seus filhos olham sentados para o século XIX. Um pouco mais além, um dos pioneiros da fotografia moderna na Índia, Umrao Singh SherGil, finge que pensa depois de le o livro que está à sua frente. No momento seguinte, exibe seu corpo magro em outro auto-retrato, aos pés da cama. Olha com um perfil eterno para dentro de nós e nos rouba para a pele do seu tempo.
JOSÉ OTÁVIO DE SOUZA
Com uma experiência de duas décadas dedicadas ao fotojornalismo, José Otávio de Souza, formado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, já passou por diversas redações como fotógrafo freelancer, além de permanecer por dois anos cobrindo eventos para o Jornal do Commercio. Em meados de 2001, chegou como fotojornalista ao Diário de Pernambuco, o mais antigo jornal brasileiro em circulação, onde há oito anos tornou-se editor de fotografia.
O que você busca em um portfólio?
Trabalho em uma editoria muito procurada por profissionais ou iniciantes na função de repórter fotográfico. E oque sempre busco é o conhecimento jatos (a interpretam o mundo) através de seus respectivos da produção dos cand maneira como vêem portfólios.
Classificados
Você prefere que tipo de formato de apresentação do trabalho?
Os links e apresentação por meio de CDs mais imediatos de análise mais rápida. No entanto, uma boa coleção de imagens organizadas em pastas pode obter Ótimos resultados
O que não deve ser colocado em um portfólio? Quais os erros mais comuns?
Primeiro de tudo, não é bom colocar trabalhos ruins e ser redundante na apresentação das imagens. Portíólios muito extensos nem sempre são sinônimo além de cansar leitor. de bons profissionais,
Tem alguma linguagem específica que você prefira analisar? Ou é ideal mostrar de tudo um pouco?
portfólio que contenha uma produção diversificada, pois é sabido que o profissional segmento se confronta no dia-a-dia com ções bem variadas profis js exemplos de onais que são ótimos em deter ter 105 em outros.
Quais são as características fundamentais para estar no time do Diário?
Para trabalhar no Diário de Pernambuco buscamos pessoas que tenham a compreensão do trabalho em equipe e controle sobre seus es os, e que mostrem um comprometimento com escolheram.
Como os fotógrafos podem entrar em contato com você?
FS abre espaço para anúncio de projetos aprovados pela Lei Rouanet
ão das religiões africar oncentra maio)
undo no Rio icados edo Sul e ni nodernização da: a evolução e
obra é
ção livro FS abre e: et. Para estrear essa área, foi escolr Mirian Fichtner o Rio Grande do Sul, que, segundo o Instit mero de ade da umbanda e d ura de Porto Alegr
Envie o seu projeto para: fotositeBfotosite. com.br
Basicamente, quem se candidata a um emprego na área de fotojornalismo deve apresentar um ço para retende
do o projeto A publicação p) uto Brasileiro no país ritos e cultos onagens, secto plástico, a força
jonzaga,
Pelo e-mail otavio98Wdpnet.com.br ou pelo telefone (081) 2122-7521
CHEGANDO JUNTO
Como dizia Robert Capa, if your pictures aren't good enough, you're not close enough (se suas fotografias não são boas o suficiente, é porque você não está perto o suficiente). Mas nem sempre é fácil seguir essa meta: cães ferozes, seguranças truculentos, bombas de gás lacrimogêneo e outras surpresas podem aparecer na frente de nossos heróicos fotojornalistas. O jeito é tomar cuidado para não se machucar e levar a melhor foto possível!
1. O destemido fotógrafo Apu Gome apuros no meio de uma pingue-
- 2. Policial militar atrapalha o fotógrato Pa Pinto. Apese de conve trando quando o metros ra de São protesto de lotação. motoristas touram bombas de lacrimogê mais lo o, quanto elhor!
Ei NOVO
suburbia
jog fernanda cerávolo
PRAZERES SIMPLES
edico esta coluna aos prazeres simples Di; vida. Aqueles que emocionam pela delicadeza e nos aproximam do céu Esta foto, tirada da cobertura do prédio que abrigava meu antigo estúdio no bairro de Pinheiros. ima das minhas odes prediletas a um grande prazer que a cidade de São Paulo nos proporciona: a vista
Nela tudo conspira para a composição perfeita. O que para a maioria das pessoas pode parecer uma visão do fim do mundo para mim é puro encanto. formação das nuvens. À sombra imponente arremessada sobre o cenário. A fachada degradada dos edifícios. A geometria agressiva dos contornos. Os tons de azul cinza, rosa e dourado. O vale e a montanha escondidos por trás do concreto. O céu que delata a chuva
A tela do computador abriga essa fotografia com muita classe, imprimindo nela um tom quase ficcional. Talvez o papel não seja tão cordial. Nesse caso, você se questionará se meu encantamento não passa de uma utopia O fato é que, naquela tarde, a cidade parou e sorriu para mim magnânima, e no momento 20 em que coloquei minha cara para fora do
prédio, e me deparei com esse cenário, meu único impulso foi o de congelá-lo ali para sempre. A qualidade gráfica do resultado nem passou pela minha cabeça. Eu não tinha a menor idéia de que um dia a imagem sairia do computador para uma folha de papel, afinal, a maioria do meu acervo fotográfico é digital, fato comum para a comunidade de fanáticos pelo registro imagético na era atual aí vale emendar uma dica: faça um backup periódico das suas fotos digitais e guarde-o com carinho em um lugar seguro. Nosso estúdio bem como outros que dividem o mesmo prédio, foi assaltado recentemente, e muita gente sofreu com a perda de seus acervos fotográficos digi tais armazenados nos computadores. Eu escolhi esta foto porque ela faz parte do meu acervo, que, porsorte e precaução, tem backup, eestava comigo no dia do roubo. Ah, Brasil! m
FERNANDA CERÁVOLOé jornalista, economista e diretora da Vinil [wwwvinil.com.Br], estúdio de internet dedicado à pesquisa e à produção digital e da Bangoo [wwwbangoo.com.Br), grife baseada na criação participativa de produtos com designers e artistas
OE: físico onde vivemos é uma constante interação de partículas elementares, átomos, as e campos de moléculas, forças de naturezas div interação. Toda essa gama de interações que se modifica permanentemente é o nosso mundo, nosso universo, misterioso, imenso, muito vazio e frio, com seus bilhões de galáxias e estrelas. Nosso contato com esse universo é feito através de nossos sentidos, que foram desenvolvidos em milhões de anos de evolução, e que, apesar de suas limitações, nos tornaram aptos e bem adaptados, nos fizeram espécie dominante no planeta. É através desses sentidos e de suas extensões, isto é de nossos aparelhos de medidas, que interpretamos o mundo. Aliás, saber como o mundo é entendido e quais são suas consequências é uma questão fundamental A fotografia, por exemplo, é um de nossos sistemas auxiliares nessa compreensão. Ulsando-a, fomos capazes de identificar objetos astronômicos que eram inacessíveis ao olho humano mesmo com o uso de telescópios. Com os filmes fotográficos pudemos fazer longas posições através de telescópios, e assim objetos muito tênues tornaram-se visíveis. Foi a fotografia que, no final do século 19 e começo do século 20, permitiu às multidões conhecerem aspectos curiosose fantásticos ropa e dos Estados Unidos, de espaços distantes da É onde a fotografia se desenvolveu mais rapidamente. Enfim, a fotografia nos permite entender parte daquilo que nos cerca. Mas como ela retém, guarda e nos
apresenta seus segredos? Nossa visão e nossos sistemas fotográficos são analógicos ou digitais?
Um sistema é considerado analógico quando suas medidas, ou seja, aquilo que se pode perceber ou detectar, varia de uma forma contínua, sem mudanças abruptas. No sistema digital, as medidas variam aos saltos, de maneira não contínua. De forma geral, imagina-se que nossos olhos funcionem como sistemas analógicos, e que por isso seriam capazes de perceber variações de brilho ou luminosidade de forma contínua mas não é o caso. Na realidade, o olho humano percebe, entre o preto e o branco de uma cena, aproximadamente 650 intervalos de brilho ou luminosidade. Ou seja: o olho humano, na verdade, funciona como um sistema digital. Uma câmera fotográfica digital de 8 bits produz 256 (2º) tons em pretoe-branco, e o olho, ao compreender cerca de 650 tons, funciona como um sistema digital de 9,3 bits. Câmeras digitais mais sofisticadas são capazes de codificar a luz em 12 ou 14 bits, produzindo um número de tons bem superior aquele que o nosso olho pode perceber. Da mesma forma como acontece coma visão, nossos outros sentidos, comoa audição, também variam aos saltos. Nesse sentido, somos seres digitais! m
THALES TRIGO fotógrafo, diretor da Fullframe Escola de Fotografia |wwwfullframe.combr, bacharel em Física, mestre em Astronomia e doutorando em Engenharia de Sistemas na POLI-USP
fs tech
Variação de intensidade luminosa representada de forma continua entre o preto e o branco
Variação de intensidade luminosa representada de forma descontínua entre o preto e o branco
Variação de intensidade luminosa que pode ser percebida pelo olho humano
relíquias
istério para uns. Motivo de fascipe para outros. O fato é que a produção fotográfica em cor concebida pela câmera Leica de Henri CartierBresson foi apreciada por pouquíssimos olhos, mas realmente existiu. Prova disso é Things As They Are, livro comemorativo dos 50 anos da fundação World Press Photo [www.worldpressphoto.org] que aprofunda alguns dos principais expoentes revelados em 50 anos de fotojornalismo. Entre 120 fotos da publicação, além de capas dos maiores jornais e revistas do mundo, está Life in China , reportagem de 1958 que guarda, há quase cinco décadas, imagens que destacam o trabalho do fotógrafo francês hoje referência mundial por sua obra fotojornalística em preto-e-branco abordando cidadãos chineses frente à nova fase econômica motivada pela ascensão da revolução de Mao Tse-Tung. Desconhecidas aos olhos de conceituados profissionais, as fotos despertam o estranhamento. Para o crítico de fotografia e curador Rubens Fernandes Junior, por exemplo, a idéia dessa existência surge como uma lenda. Enquanto isso, a jornalista e professora de história da fotografia Simonetta [Site pras eo LOTERIA Lo) org TEENS Bresson para expor uma justificativa possível para o desconhecimento das fotografias. Só posso responder a essa questão citando as palavras do próprio Cartier-Bresson em seu livro O Imaginário segundo a Natureza. Ele escreve o seguinte: 'Para mim a cor é um meio de informação muito importante, mas muito limitado no plano da reprodução, que resta química e não transcendental, intuitiva comoa pintura. Diferentemente do negro, que dá a gama mais complexa,
a cor, ao contrário, oferece apenas uma Pete Rica e too Lecd ie tetra Le Lot RM SR ETEA se ele escolheu deixar sua obra em pretoe-branco, por que fuçar nas suas gavetas? Não faz sentido! , ressalta Simonetta.
Especulações à parte, as fotografias abrigadas nesta matéria são fruto de quatro meses de trabalho, impressos em 18 páginas da revista Life entre o preto, o branco e a cor. O desconhecimento em relação a esta série de fotos justifica-se na obviedade, já que, após a publicação, toda ela foi destruída pelas mãos de Cartier-Bresson. As fotos contradizem o texto do repórter, que, no início da revolução de Mao Tse-Tung, descrevia a população com tristeza, sem rosto. Bresson mostrou as pessoas satisfeitas. Nunca mais foram vistos os arquivos em cor, nem na Magnum , conta o fotógrafo Armando Prado, que este ano adquiriu um exemplar do livro, que também está na estante de Fernando Costa Netto. No Baú - Helmut Newton, Robert Frank, W. Eugene Smith, Gordon Parks, Diane Arbus, Raúl Corrales, Eugene Richards e Raghu Rai são alguns dos grandes fotógrafos que emprestam suas reportagens fotográficas ao livro. O Brasil emerge com Cláudia Andujar, em matérias para a revista Realidade sobre prostituição em São Paulo e o trabalho das parteiras. Ambas as produções foram perseguidas pelo departamento de censura do governo militar, ora consideradas imorais, ora retiradas de circulação. A obra ainda abre espaço em dois momentos para um Sebastião Salgado despontando no Libération com ensaios E SEU Dire: PR o Eita et oO Christian Caujolle, então editor do jornal, épicos... quase bíblicos .
rodução do livro Things As They Are
zidas por Henri Cartier-Bresson há quase irgem na obra Things As They Are
POR FLÁVIA LELIS
INCOLOR RM ilha AND
PAIXÃO POR FOTOGRAFIA
ARMANDO PRADO, FOTÓGRAFO E PROFESSOR DE FOTOGRAFIA, INDICA AS IMAGENS DE WILLIAM EGGLESTON E ROBERT FRANK A minha paixão pela fotografia começa na infância, quando descobri que fotografar é, de certa forma, apropriar-se da coisa fotografada. E a maneira como nos vingamos da morte; afinal, tudo o que sobra de nossos entes queridos é um retrato.
EDUARDO RUEGG, FOTÓGRAFO, SUGERE IMAGEM DE ANTON CORBUN A paixão nasceu de um conjugado de vários fatores. Desde muito cedo sempre gostei de organizar os espaços, apreciar as formas. Quando descobri que o visor da câmera era o dispositivo perfeito para me ajudar nessa organização, pensei: é isso! Outro aspecto é o prazer em contemplar que ela nos permite. Essa é uma sensação muito importante no meu entendimento, principalmente quando me deparo com um olhar autoral que consegue transformar uma fração de tempo em algo grandioso.
a começou com as batidas de um coração angustiado que questionava os porquês de se gostar de uma vertente artística que, ainda pouco admirada não muito atraente aos olhos de investidores, insiste em causar sensações indescritíveis nos fiéis à sua sedução, extraindo reações semelhantes às incitadas pelos afrescos de Michelangelo na Capela Sistina, pelo primeiro acorde daquela banda de rock ou pela rajada do silêncio inquietante de um adeus. Nessas e em outras tantas séries de situações descritas pela vida, o ato de sentir extrapola qualquer busca por explicações Afinal, é quando os sentimentos reagem face Medusa paralisando, cegando, seduzindo. Ora de forma milimetricamente peculiar, ora inusitadamente. Colecionador há 30 anos e um dos sócios da galeria Hasted Hunt [www.hastedhunt.com], o nova-iorquino Bill Hunt, durante passagem pelo Brasil por conta da Semana EPSON ENAC/FS da Fotografia, em São Paulo, evocou um desses instantes afirmando que, frente imagem Dubuffet , de Bill Brandt, foi capaz de farted lightning (flatos de luz, em tradução livre),
Estava sozinho no Metropolitan Museum of Art, em. Nova York, e tropecei nela. Foi tão excitante... Mas estava frustrado por não poder dizer a ninguém quão incrível achava aquela foto. Levei quase dois anos para conseguir uma cópia (e o dinheiro!), mas agora tenho uma. Duas vezes, no Foto Paris, vi coisas que eram sereias míticas me seduzindo. À primeira foi um inacreditável cartão de visitas do século 19, dos Alinari Brothers, e a segunda foi Man Looking in Window de Teun Hocks. Algumas vezes, juro que posso ouvir uma bateria e um timbal quando encontroa fotografia certa , relembra. Embora passeie pelo mundo das excentricidades, a afirmação de Hunt se estabelece na insuficiência de termos para explicar as mãos suadas, o olhar admirado, a falta de palavras na confusão de emoções. Ou pura e simplesmente sedimenta-se na paixão pela fotografia. Não posso explicar minha paixão pela fotografia. Isso pode ser em parte por ter crescido nos anos 50 com a revista Life e a televisão em preto-e-branco. Minha geração é dirigida pela imagem , finaliza. O Brasil, dono de uma qualidade fotográfica celebrada mundo afora, convive com situações similares, já que aqui, como em qualquer lugar, os adoradores dessa arte rodam país e multiplicam suas verbas para vê-la onvidou alguns desses acontecer. Correndo risco de explanações demasiadamente subjetivas, a revista profissionais para explicarem o que move sua paixão por fotografia e - mesmo estranhando a expressão emitir luz! indicarem a imagem que os
ONADOR Em São Paulo, Bill Hunt surpreendeu ao falar da ua teoria dos pés , que possibilita saber qual imagem adquirir apenas observando para onde) seus pés apontam. A teoria é verdadeira, embora seja um meio humorístico de encorajar as pessoa: escutarem seus instintos, a olhar os pêlos da: costas das mãose perceber a intensidade das ba idas do coração. Uma vez, na Christie's, havia um Mapplethorpe que eu queria desesperadamente, om sucesso dei um lance e ganhei. Mais tarde o| leiloeiro perguntou se eu estava bem. Não sabia do que ele falava. Ele disse que olhei do fundo da sal como se estivesse tendo um ataque cardíaco"
JULIANE BEZERRA, DIRETORA-EXECUTIVA DO BANCO DE IMAGENS SAMBAPHOTO, FALA DA IMAGEM DA SÉRIE FORTIA FEMINAS DE ANDRÉ ARRUDA
Mudo de opinião a todo instante. Inconstante? Não, são fases. Deparo-me com uma foto, enlouqueço e acho que outra não conseguirá a mesma reação. Mas, passa um tempo, estou eu babando de novo! Não só num museu, exposição ou galeria, às vezes na internet ou editando no SambaPhoto.
EGBERTO NOGUEIRA, FOTÓGRAFO E DONO DA ÍMÃ FOTO GALERIA, SUGERE A IMAGEM DO DALAI LAMA REGISTRADA POR AVANI STEIN
Vou parafrasear o nosso querido Walter Carvalho e roubar o nome do seu filme para explicar. A paixão vem dessa janela da alma que a fotografia proporciona. Esse olhar através da janela tanto emociona como às vezes também assusta. Essa janela serve para quem fotografa e olha para dentro de si. Serve para quem observa e descortina a janela da alma alheia, tendo a oportunidade de conhecer o outro e aquilo que ele realmente é.
THALES TRIGO, FOTÓGRAFO E PROFESSOR DE FOTOGRAFIA DA ESCOLA FULLFRAME, SELECIONA O RETRATO DE NAHUI
OLIN FEITO POR EDWARD WESTON
Como muita gente, gosto de olhar fotografias. Em muitos casos, de admirá-las. Uma das imagens de que eu mais gosto é o retrato de Nahui Olin feito pelo grande fotógrafo norte-americano Edward Weston em 1924, provavelmente usando uma câmera de 8x10 polegadas. Acho esse retrato notável; a luz é natural, o contraste é alto, e a retratada, muito bonita. Realmente gosto muito dessa fotografia, mas emitir luz está além das minhas possibilidades. ==
DIÓGENES MOURA, CURADOR DA PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO, INDICA A IMAGEM DE JOHN MAULUKA APRESENTADA NA MOSTRA FOTOGRAFIA
AFRICANA DO NOVO MILÊNIO"
Em dezembro de 2006 a fotografia me levou para a psiquiatria. Meus dias eram povoados pelas imagens vistas pelos olhos dos outros . Sempre o outro . Eu vejo, há sete anos seguidos, o que o outro quer e gosta de ver. Então passei a tomar remédios para reaprender a ver fotografia. Isso é paixão?
RENATO CURY, PRINTER DO LABORATÓRIO CLAROESCURO, ESCOLHE AS IMAGENS A WALK TO PARADISE GARDEN", DE GENE SMITH, E A INSTALAÇÃO HIPOCAMPO!, DE ROSÂNGELA RENNÓ
As imagens que me emocionam são pessoais e despidas de qualquer atributo reconhecível como qualidade fotográfica. Mais que isso, a falta desses atributos pode até ser a condição para que eu as ame , ou sinta vertigem, arrepio, secura na boca. As imagens que me ocorrem vêm acompanhadas das suas histórias. Mais uma vez, as imagens não bastam.
PIO FIGUEIROA, DO COLETIVO CIA DE FOTO, SUGERE FOTO ÍNTIMA DE SUA FAMÍLIA
Fotografia na minha vida não é mais uma paixão, é a própria. O prazer que me dá fotografar é inconsciente. Meu projeto com a fotografia é um dia-a-dia bacana, e bem fotografado. A foto que escolhi foi feita um dia desses. Fotografo minha família o tempo todo.
SIMONETTA PERSICHETTI, JORNALISTA E PROFESSORA DE HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA, INDICA A IMAGEM DE EDOUARD BOUBAT
Costumo dizer que não escolhia fotografia. Ela me escolheu. Quando fui estudar fotografia, no final dos anos 70, foi para completar meus estudos de jornalismo. Desde que comecei a me aprofundar na linguagem fotográfica, o que mais me interessou foi entender a imagem como construção de significados, como linguagem portadora de comunicação. Tenho minha coleção de fotos, minha própria parede fotográfica. Vocês querem uma explicação para a paixão. Pode parecer banal, e é, mas paixão não se explica, vive-se. E até aqui, 30 anos depois, tem sido bem gostoso!
ALVMADEGELO
on the road por Maristela
Colucci
heguei à Antártica e às Ilhas Geórgia do Sul (Gar de privilégios dignos de uma lista: pelas mãos dos experientes velejadores franceses Oleg Bely e Sophie Labruhe; 2) num veleiro que atinge locais incríveis onde os grandes navios não entram; 3) só hoje me dou conta daquele momento precioso, já que, há dez anos, viajar aquelas latitudes era algo reservado apenas a viajantes com sede de aventura e muita disposição. Destinos polares estavam no topo da minha seleção eu tinha que ir. Isso desde a primeira expedição feita bordo do Kotic, cinco anos antes, quando conheci a família Bely numa jornadaà Ilha da Trindade e me encantei com seu entusiasmo e suas histórias sobre a região antártica, onde eles já tinham estado inúmeras vezes. Durante todo esse tempo plancjei minuciosamente minha
Cena perfeitamente montada no imaginário de qualquer cidadão que já tenha ouvido falar na Antártica, a região descrita nas palavras de Maristela Colucci mostra que seu charme e sua hostilidade estendem-se muito além de gigantescos blocos de gelo. Entre desafios por passagens mortais e surpresas despertadas por faunaeflora riquíssimas, a fotógrafa recorda os dias em que seu espírito aventureiro lhe propiciou momentos que ficaram eternizados em filme e mente
ida, pesquisei e estudei hábitos dos animais que encontraria lá e devorei todos os textos que pude encontrar sobre o extremo sul do globo Grupo formado, todos a bordo, partimos para a travessia da temida Passagem de Drake, ponto de mar nervoso onde os oceanos Atlântico e Pacífico se encontram. Quatro dias e ondas gigantescas depois, chegamos à Antártica, e descobri que, ao contrário do acontecido com outros locais que visitei, e sobre os quais havia estudado previamente, eu tinha diante de mim algo muito inesperado: a vastidão branca, o silêncio imponente e animais extremamente dóceis que me traziam sensação de estar em outro planeta Passamos 30 dias fotografando na península e menos de um ano depois, empolgados com a promessa plenamente satisfeita de uma pro-
fusão ainda maior de fauna, navegávamos pelas mesmas águas geladas do Atlântico Sul rumo às Ilhas Geórgia do Sul. No intuito de conseguir sempre a melhor imagem, vivi alguns sustos como uma aproximação temerosa em direção a um iceberg gigante, que acabou despencando e me fez perder uma lente inundada, ou a travessia de uma corredeira de águas gélidas, vindas de um glaciar, a mais de 20 quilômetros por hora: tombo certo para alguns membros da equipe, inclusive eu! Mas como me contentar com 600 pingiúins reais do lado de cá, se do lado de lá eu estaria no meio de milhares?
Tudo isso aconteceu na era pré-digital. Na época optei por trabalhar com negativo nas duas expedições, apesar de todo o meu trabalho em cor ter sido, até então, captado em positivo. À
principal razão da escolha foi a profusão de luz na Antártica. Nessa situação bastante específica o negativo me dava maior margem de erro de exposição. Hoje, quando participo de expedições e disponibilizo na internet imagens feitas poucos minutos antes, lembro-me da ansiedade de passar, às vezes, 40, 50 dias armazenando os filmes operados, de trazê-los de volta para casa na mala de mão, com o maior cuidado, e de não sossegar enquanto não os visse revelados.
Maristela Colucci [www.maristelacolucci com.br] fotografa desde adolescente. Autora dos livros Brasil Submarino, Rota Boreal - Expedição ao Círculo Polar Ártico e Um Mundo Feito de Gelo, está no momento na expedição Travessia do Pacífico, a bordo de um catamarã sem cabine.
um grande estúdio de tonalidade Nm fotógrafo completamente tenso, surpreso e confuso com o que deverá desenvolver nos próximos minutos. Começo de história estranho. Mas o protagonista aqui é representado pelo fotojornalista Maurício Lima, da Agência France-Press, que traz no seu currículo algumas idas ao caótico Iraque, durante o período em que bombardeios e explosões faziam parte do cenário do café da manhã. No entanto, até entrar no estúdio, Lima imaginava já haver conseguido sobreviver às maiores enrascadas impostas pela vida. Explicamos. O fotógrafo aceitou o desafio de transformar todos os suvenires e objetos adquiridos na terra de Saddam Hussein num grande ensaio still, ao Jongo de aproximadamente cinco horas. Confusão. Não tenho a menor idéia do que fazer. "Será que é melhor assim? E se nós pendurássemos com pregadores? Mas não tem pregador. Sem problemas, ele vai comprar. Volta e monta um mosaico com suas relíquias minuciosamente guardadas da chave do primeiro hotel onde se hospedou, passando por
O que aconteceria se um fotógrafo de guerra fosse confinado em um estúdio?
tores auriculares, até um minicristal retirado do. do ditador. Alguns minutos maiseele já emite o primeiro Ahht! . Sem pisar num estúdio desde o tempo da faculdade de publicidade, aqueles instantes foram usados para rememorar, Foi um momento de relembrar o que aprendi na faculdade, aliado à experiência e aos momentos vividos no Iraque. Uma foto simples, até meio banal para quem não estava lá ou não se interessa pelo tema mas para mim. passava um filme quando estava frente a essa cena. Mais algumas horas e um ensaio ganhava vida pelas mãos de um fotógrafo que traja uma jaqueta do time olímpico do Iraque alvo perfeito para qualquer soldado americano. Fim do dia e entrada da noite, um último afazer: Diga, Maurício, o que foi mais fácil e mais difícil para compor as fotos?
O mais fácil foi que, ao redor, não havia cinegrafistas, fotógrafos ou repórteres para entrar na frente ou me empurrar. O mais difícil foi não ter vida no estúdio. Fotografar algo estático é pior que os discursos vagos do Lula, com microfone no nariz dele.
sente a pressão
PELE ENTR
Dor e sofrimento são sentimentos impossíveis de não serem visitados quando se imaginam objetos cortantes próximos, íntimos ao corpo. No entanto, contradizendo essas agonias, o fotógrafo Juan Esteves cria a série nu-dos-arames , na qual pele e arame farpado unem-se para sugerir uma antitese à textura e à vulgaridade impressas em personagens femininos contemporâneos
Sensualidade é... Sentimento puro. Toca direto na psique e no corpo, sem traumas
- O que não pode faltar na imagem que tem a proposta de trabalhar com sensualidade?
Percepção imediata da forma clara ou obscura
Com um tema desses nas mãos, o que costuma ser sua inspiração?
A sensualidade sempre me leva à forma feminina, e vice-versa Na maioria das vezes ao nu uma expressão fotográfica tão ancestral quanto o retrato. Aliás, ele é uma forma de retrato! À inspiração desta série vem da densidade da gravura em metal (água-forte ta-tinta e outras técnicas). Tenho um débito inegável com as obras do brasileiro Marcelo Grassmann e do mexicano Francisco Toledo, dois gravadores permanentes no meu imaginário
O que vemos nas fotos?
As alegorias do corpo nu e do arame farpado dispensam qualquer digressão filosófica ou psicológica. São óbvias, diretas em seus conceitos. Os arquéti pos que estão por toda mídia, mulher Barbie, aquela 3D sem poros, sem textura, se tornaram insuportáveis. Estas imagens são antítese de tudo isso. olhar trágico já estava presente na minha obra como retratista
Abandonei a gravura formal
voltei a gravar com luz
personagem
PARDAL SOR
Guilherme Maranhão comenta as motivações de suas obras que se apóiam em curiosidade e sucatas
Na primeira coluna para o portal Fotosite, ali por volta do final do ano de 2006, o também primeiro assunto discutido circundava os porquês da utilização do obturador mecânico dentro de um equipamento digital. Se Guilherme Maranhão [http://refotografia.blogspot. com] não fosse um reconhecido fotógrafo, seria capaz de afirmar que as mesmas perguntas o perseguem quando se trata de um simples controle remoto de televisão, por exemplo, um instrumento povoado de botões coloridos com o aviso: não os aperte. Então, por que lá estão?! Situações como essas, agregadas àinteli eacuri difer: dadas
O que motiva os trabalhos fotográficos que você realiza?
O fato de que para cada escolha há uma perda. Hoje me pego muito fotografando a cidade, a intensidade do urbano: o quanto não temos mais escolha alguma, apenas somos, o quanto a cidade é autoritária. As câmeras fotográficas e os computadores são apenas ferramentas que devem servir para que possamos colocar em imagens as nossas vontades. Por isso eu acabo lendo muito para entender melhor as possibilidades de todas as ferramentas que eu tenho. Junto idéias distantes e vou fuçando por ai. Isso tudo nada mais é do que a idéia por
trás do software livre, né? Digamos que o que eu faço é o hardware livre.
Você acaba de ganhar o Prêmio Porto Seguro de Fotografia. Como as fotos foram elaboradas?
po. Aquilo ficou guardado na cabeça. Um dia vi um carroceiro com dois escâners quebrados, comprei e comecei bisbilhotar o interior deles. Acho que demora bastante para entender como isso ou aquilo funciona, demora também para adaptar as idéias que a gente tem ao que a câmara é capaz de fazer. Com o escâner foi mais demorado, porque, para fotografar, dependia de eletricidade. Fui desvendando os pequenos segredos, fuçando ainda mais. Voltei a fotografar a cidade e a estudar maneiras de transformar aquilo que eu fotografava. Daí vieram as montagens e as idéias de padrões e repetições.
Que outros aparatos você já reuniu ou adaptou para gerar imagens? Quando comecei a fotografar, construí uma
câmera de madeira, para filme 4x5 , e várias pinholes diferentes. Fiz modificações em ampliadores ao longo do tempo, dependendo Fiz essas fotos com um escâner. A câmara do tamanho da foto que eu precisava fazer. ao homem para desbravar as questões que o cercam, permitem releituras, ora frustradas,
Reformei alguns escâners. Às vezes, as coisas ora fascinantes. Maranhão é um desses homens, que soma à sua essência a inquietude, a angústia do non-stop. O colecionador de sucata e pesquisador de linguagens abraça o que há de mais atual e provocador no mundo das técnicas fotográficas e leva suas perturbações para a ação, domesticando ferramentas já conhecidas por você. Mas ao modo dele.
digital capta uma imagem em um intervalo de tempo relativamente curto e tem um ângulo de visão relativamente grande, Já o escâner vê apenas uma linha no espaço, o menor ângulo de visão possível, da largura de um pixel, repetidas vezes durante um intervalo de tempo mais longo. Depois um software junta essas repetições em um único retângulo, que vira a foto final. Nascem muitos estranhamentos disso, fica óbvio que o escâner não foi feito para fazer esse tipo de coisa, mas me interessa usar as ferramentas para outras coisas. Eu queria falar disso. Do que é cíclico e repetitivo nesses aspectos da vivência.
Você fez a série com o escâner. O resultado é fruto de uma primeira tentativa?
Como essa escolha ocorreu?
Tudo começou com um artigo que eu li sobre fotografia de fenda, queria escanear meu cor-
me eram dadas quebradas ou mofadas, e eu fazia funcionar. Juntei meus escritos sobre gambiarras e apropriações de hardware em um pequeno livro, o Apêndice A do meu TCC de bacharelado.
Leia algumas histórias de Guilherme Maranhão em www.fotosite.com.br/guilherme
By CIA DE FOTO Um retrato em um depósito de lixo tecnológico. Engraçado fotografá-lo para ilustrar seus inventos, suas idéias. Guilherme conta que, para ganhar a amizade do dono do depósito, deu a ele uma fotografia: um p&b em papel fibra. Um presente analógico. Desse retrato, ficaram a idéia e a instigação de quanto é bom sermos analógicos e intuitivos neste mundo binário.
res N9D (Open Nokia Nsertt= de 5.0 MP, E à internete ps, Music Ployer =* câmera e-mail e acesso
juros R$ Cissa e Visto: R$ 2.299, cos
O dobrdesign, "ame; nto coma.
Sua compra diferente.
ILLAJUNG
CAACASA FNAC FESTIVAL DE FOT: * PARATY EM cy
pos selvagem c agressiva por natureza. Numa cidade caótica como São aulo, outdoors, back ligths, pôsteres, totens e todas as tentativas usadas por comerciantes e suas agências de publicidade para chamar a atenção na selva de pedra colaboraram por anos para deixar mais poluído um lugar que nunca foi um exemplo de limpeza No começo de 2007 entrou em vigor a polêmica Lei Cidade Limpa, do prefeito Gilberto Kassab, que proíbe outdoors e diminui drasticamente a sujeira visual que a
propaganda impunha aos olhos já cansados do paulistano. Por baixo daquelas imagens há uma cidade que só agora começa a mos trar sua verdadeira cara
De olho nessa nova cidade que se apresenta Luciana Mendonça construiu "Espaços em Branco Encontrados", série que acopla cenas captadas em percurso traçado pela fotógrafa ao redor de São Paulo. As fotos evidenciam o histórico momento de transição em que os outdoors começaram ser cobertos com papel pelas empresas responsáveis por sua manu
PER TIDO POR LIMINAR JUDICIAL INDIVIDUAL
tenção. Sem conteúdo publicitário, os antes outdoors, agora espaços em branco, tornam-se um campo aberto a leituras antes de deixarem de existir , diz
Os enormes quadrados brancos registrados pela fotógrafa, alguns deles atualmente em exposição no Espaço Porto Seguro de Fotografia, abriram janelas de possibilidades, como grandes telas prontas para serem entregues artistas. Por que não motivar o desafio?
A revista FS convidou o grafiteiro Boleta, o cartunista Caco Galhardo, o tatuador Tinico
Acho que São Paulo continua poluída...
TINICO ROSA, tatuador
Rosa, o publicitário Leandro Hermann e o body piercer André Meyer para interferirem nas fotos de Luciana Mendonça, preenchendo livremente os espaços deixados pela publicidade. O resultado pode ser visto nas páginas abaixo. E, na página acima, fica o convite para você, leitor, sacar do bolso sua caneta e rabiscar no espaçoem branco aquilo que você gostaria de ver estampado nas ruas sujas da cidade de São Paulo
Para limpar a cidade, os governantes devem investir na educação
e na conscientizarão de cidadania. Aqui vão duas sugestões: limpar a cidade das propagandas, como em Cuba, e viver num país socialista sem consumo, validando só as propagandas do governo; ou desenvolver displays de propagandas eletrônicas - como em Tóquio, Nova York e Londres -, onde o capitalismo e o desenvolvimento econômico se refletem na limpeza e na cidadania de países civilizados. Enquanto isso, aqui, a gente vê a sujeira debaixo do tapete
ANDRÉ MEYER, body piercer
João Oliveira da Silva - Brasileiro - 41 anos - Casado - 3filhos %. .
ÚNIO EMPREGO: COLADOR DE QUTDOORS - DÊ OUTDOOR LTDA. DE 17/08/1996 ATÉ 01/01/2007
Apesar de a proposta ser interessante e deixar a cidade menos poluída visualmente, eu pensaria na quantidade de pessoas envolvidas sem emprego hoje em dia. Eu acho que, na lista de prioridades para a cidade, o Projeto Cidade Limpa estaria em segundo plano. Isso sem entrar muito em detalhes sobre do que a cidade está carente 44 LEANDRO HERMANN, publicitário da Young & Rubicam
Sinto vontade de sujar... sujar e sujar... É bom que aconteçam renovações na cidade, aquela coisa do faz, limpa, limpa, faz... Por outro lado, eles nem imaginam o que estão apagando... ou tentando: a história da arte BOLETA, grafiteiro
ASDABANACOMAGA ÇÃO E Same do Trono dit DE EOioUvoR
senna em ns ap Go. und e jante do Trono «a INISTÉRIO DE LOUVOR [SEER
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Acho que São Paulo nunca vai ser uma cidade limpa. Temos vocação para lixão. Mas, se tiver menos publicidade e mais arte nas ruas, melhor s 46 CACO GALHARDO, cartunista
MINISTÉRIO DE LOU
EAR ROLIMI
Véspera do Sete de Setembro de 1998, Vila Dionízia, zona norte de São Paulo. Por volta das 22h30, os experientes José Maria da Silva, fotógrafo titular das coberturas da madrugada do ainda vivo periódico Notícias Populares, e Zé Carlos, motorista oficial de imersões incontáveis pelas margens mais nervosas da periferia de São Paulo, bateram à porta para me apanhar. Era a minha primeira incursão como repórter responsável por cobrir a guerra travada na Babilônia. Tinha 21 anos de idade, e, assim como os quatro jovens fotógrafos Apu Gomes, Talita Virgínia, Ronaldo Camelo e o misterioso Choque Photos cujas imagens estão à frente de vossas íris agora , uma gigantesca vontade de ser correspondente da guerra não declarada vivida pelos paulistanos. Mas um correspondente com o sentimento de quem está lá dentro, de quem sente na pele as contradições da vida real nas bordas de São Paulo, onde confiança e trairagem, amor e ódio, bem e mal, certo e errado têm pesos bastante diferentes dos que aparecem nas balanças dos bairros mais abastados da cidade da mesma maneira como esses garotos fazem com suas fotos hoje. Fundamentalmente pelas origens, pela profissão de repórter e pelas consequentes inúmeras vezes em que tive de retratar o caldeirão da periferia, sempre controverso e em constante transição, reconheço com afinidade as imagens seqiestradas pelas lentes dos quatro, que se tornaram fotógrafos sagazes por (e finEMe (a (SR Havia trabalhado um dia inteiro, mas, mesmo assim, fui destacado pela chefia do saudoso Enipê" para substituir o velho repórter Hélio Santos, espécie de Conde Drácula da imprensa nacional. Era ponto de honra, para um novato, vestir a capa do vampiro e fuçar crimes contra a vida ocorridos naquele feriadão prolongado. Ao menos nas quatro noites seguintes, eu me transformaria no Drácula do jornalismo paulistano e teria como missão farejar sangue.
parada: humor, Jma
afiar silenciosamente apoiado nu om mãe e com filho Isaac ja do outro lado do muro, na pai ão de a biqueira oponto de droc
sentado num sal, onde aconte da tia que o num futuro no qual intentaun - por que nã há pouco leu seu primeirc brava seus limite: balho. Lá fora, o cé Je uma amiga da minha utro fotógr afc eguro em um jornal yir um centro cultural na comunic NF que narram hi »rados, esta busca de edi b cuidado: nda t um s ruga: ço no mer chuva cai livro, e que neste momento) de [e
À meia-noite, no primeiro contato com central da polícia
Tem um que caiu agora da rede. Tem sangue pra todo lado. Foi um cara de 21 anos, ali na zona norte, área do 38º DP.
À firmeza com que anotava no meu bloco as informações sobre o crime foi para o espaço quando o PM disse perto da Vila Dionízia
Continuei fazer perguntas ao tal sargento
nome do rapaz morto, o senhor tem aí para me passar, sargento?
Juarez Ferreira da Silva Júnior
Como, sargento? Não entendi direito
Juarez, com Ferreira da Silva Júnior. Anota af: Juarez com de zulu
Tremi na base.
tinha ansiedade em obter as primeiras informações sobre o crime na igreja evangélica foi transformada em uma gigantesca tristeza. Um baque. cara de 21 anos que acabara de ser crivado por nove tiros de pistola 9 milímetros era um dos meus, era o meu sangue, era um primo com quem passara boa parte da infância
Percebi que, daquele seis de setembro em diante, uma das minhas principais missões como repórter seria tentar revelar, sempre com a verdade (dolorida na maior parte das vezes), como a vida dos que estão à margem. é exatamente esse sentimento de desvendar um universo conhecido por muitos apenas pela TV ou, mais recentemente, pelas telas de computador que percebo ao observar os ensaios dos quatro jovens fotógrafos apresentados nesta edição da FS. Há alguns anos principalmente depois de cineasta Fernando Meirelles ter mostrado ao mundo sua visão/versão da Cidade de Deus, os subúrbios e morros do Rio de Janeiro, assim como a periferia paulistana, atraíram mais ainda as lentes dos fotógrafos e cineastas para a chamada estética da pobreza. A maioria desses interessados na cultura periférica vem de uma classe social distante, e, à mesma maneira do personagem Buscapé, de Cidade de Deus, os quatro fotógrafos deste ensaio, cada um com
fendereço. Lá, bre abertas: trê um próximo à porta. Ens ra, com hom da madrugac ca um disparo mui próximo, e a men metros dali já havia outro hor Imorto, em frente a igreja Chocante? Revelador? e boy toboy rafos do jornal Fo [de S.Paulo, onde há quatro meses paulistanas. Mineiro de Caratinga, diante da da capital non-stop. ontrastes. Da do luxo, Santa Cecília, que tem sidotomada pelos de droga extinta! Cracolândia Hoje morador bairro da Pedreira subúrbio da cidade, Apu cresce no fotojornalismo apoiado flagras urbanos cotidianos de incêndios organizados, bomb granadas, ena certeza de que em alguns cantos de depois da uma da manhã, clima pode esquentar corpos e sangue. Mostrados em fotos, com senti páginas de amanhã. De uma famíliahumilde de quatro irmãc jovem Apu, embora sesinta íntimo do sistema periférico, sonhal [com novos passos, para não corroborar as estatísticas de quer por Concluí ensino médio apenas; f aculdade nc início de certeza", Mas, enquanto não ch fotógrafo busca aperfeiçoamento em mestres comoJoão Bittar inspira fotografia é mesmo o seu rumo.
rq o nome diz O fotógr dignos de que
BRINCANDO DE MORRER
Se eu falasse que iriacontar uma história que se passa lá pelas bandas de uma comunidade pobre acolhida pelo Estado do Cristo Redentor, qual seria a primeira imagem criada na sua mente? Flores de um belo jardim rodeadas por montese vales esverdeados? Provavelmente não. Distantes geograficamente, mas inseridos no repertório da maioria dos cidadãos brasileiros, infelizmente os personagens das principais favelas cariocas povoam a mídia ora correndo, ora sendo acuados. Lá, mais especificamente no Morro da Pereira, entre Laranjeiras e Santa Tereza, em meio a socos e pontapés reais, a fotógrafa Denise Andrade, 19, da ONG Olhares do Morro, abriu espaço para fantasia de crianças que brincavam de polícia e ladrão, como qualquer um na faixa etária entre 6e 12 anos. Mas lá elas foram mais longe: a distração não pára com prisão imaginária, mas com a morte. Cobertas com pano ou jornal, elas reapresentam as cenas do seu dia-a-dia. As crianças disseram que faziam aquilo porque, daquela forma, alcançariam mais respeito da comunidade. Fiquei chocada com o que eu vi , diz Andrade. Na hora de relatar as preferências dentro da brincadeira, voltam à infantilidade: priorizam ser polícia porque a roupa é mais cheirosa. Bandidos usam roupas rasgadas.
lados opostos do ringue. Mas o ensaio de Talita Virgínia - ao menos para alguém que lida há quase dez anos com policiais e seus chefes, por conta do dever profissional na reportagem de segurança pública faz-se revelador, desmistificador. Só mesmo quem conhece um PM de perto pode fazer idéia de como é quase impossível convencê-lo a se deixar fotografar, com ou sem a roupa cinza, e também perto de sua família. Tal tarefa só poderia ser realizada por alguém de muita confiança. caso do ensaio assinadopor Talita. Da mesma maneira como captou o gesto singelo do pai com irmã no colo, com a arma sobre um armário desgastado em primeiro plano, a jovem fotógrafa teve sensibilidade para mostrá-lo calçando chinelos tão velhos quanto o humilde armário da família
O horizonte de Ronaldo Camelo poderia servir de título para este texto, caso esta FS tivesse a opção de não titular com caracteres as matérias publicadas aqui. o universo periférico clicado por quem vive a periferia sem atravessadores. A foto da senhora de calcinha sutiã e meia deste ensaio serve como atestado de como o lema punk bate forte na mente de Ronaldo: essa é a senhora que o colocou neste mundão louco, cheio de controvérsias e de imagens para serem cap tadas, publicadas e guardadas para sempre, como fazem esses jovens fotógrafos. Nós por nós, como diz Mano Brown, maldito vagabundo, mente criminal
André Caramante tem 29 anos e é repórter. Quando não está na sua função, tira onda na zona norte de São Paulo, onde a vida sempre segue louca.
MEU HERÓI, MEU BANDIDO Qi
experiência por klaus mitteldorf
Pela primeira vez tenho a sensação de estar acompanhado de uma máquina fotográfica e não de um celular. A diferença, agora, é a rapidez e a qualidade excepcional da imagem. O que mais um fotógrafo poderia querer? O N95 me inspirou a fazer imagens de detalhes inusitados em casa e ao lado dos amigos. Refiro-me a detalhes registrados sem o menor planejamento, mas com pura intuição e vontade momentânea. É como se eu quisesse reconstruir um ambiente com o meu olhar, do meu jeito! Algo como a procura de uma nova identidade para determinados lugares... Alta definição de cores, um preto-ebranco muito contrastado e gostoso de se ver, cinco megapixels. Onde isso vai parar? O N95, na sua qualidade máxima, produz imagens de 22cm x 17cm, em 300 DPIs. São cinco mega com muitas opções de textura, cores e variações de cenas, como uma máquina convencional do mesmo tipo.
O fotógrafo Klaus Mitteldorf realizou este ensaio com o modelo N95 a convite da FS = Revista da Imagem e da Nokia. Para ver todas as fotos, acesse www.fotosite.corm br/n95. E confira em wwnfotositecom.br/ n9bvideo o minivídeo Lixeira Maluca, pro duzido por Mitteldorf também com o N95,
olhar convidado a ricardo
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Com uma carreira que agrega 11 Leões em Cannes e reconhecimento nacional e internacional, Ricardo Chester, diretor de criação, desenvolve sua mais nova campanha apoiada num cenário que abrange o continente mais pobre do mundo. Desafiando você e sua capacidade de agir, o diretor de criação apresenta uma idéia que almeja alcançar, por meio das bases da fotografia, uma revolução humanitária.
O que você para uma criança
As máquinas imag a compra de vai ler pode > ou adulto dos poderiam ser O: salme uma câmera ser usado por lugares mais leiloadas. azer revoluçã descartável, qualquer pobres da África. anitária a ser distribuída pessoa ou E mais tantas na África. empresa que Poderia ser outras veja nisso distribuída por aplicações. Recompra-se [Elst o jota Wo(it meio de a câmera por helicópteros, Qualquer dólar ui Usg1. Publicamente, jipes, caminhões. gerado pela abro mão de venda humano pode Gera-se qualquer direito Efe ui] ou promoção ribuir. Ne o conteúdo. autoral, menção invasão de desse conteúdo autoral ou coisa câmeras deveria retornar mpra de Distribui-se do tipo. descartáveis num integralmente odu o conteúdo dos lugares mais para as S$ vendendo-se O que vale pobres do mundo. comunidades subconteúdos éaidéia ser âme erdade autoras das fotos, rtante no mundo executada. Em cada câmera, com um objetivo: ssa desenvolvido. apenas uma formar mais e Pode ser instrução: que mais fotógrafos, da Devolve-se, copiada, aos a pessoa tire as para que as integralmente, revisitada, 12 fotos sc imagens geradas rasileir o dinheiro melhorada. disponíveis e, ave a partir dali, de qualque gerado É uma idéia caso queira, uma certa forma, estive pelo uso do de promoção. sta venda sua câmera pudessem viajar ecisando dela conteúdo com suas 12 o mundo, às comunidades De um produto fotos pelo valor melhorando esumindo dos fotógrafos hipotético que simbólico de a vida das geradores vou chamar aqui DRE Rel Fido AL moção do material. de Produto X. alguém da gerações. campanha, que Se você gostou Imagino um irá recomprar eis) dessa idéia Produto X barato, a máquina. porque acredito e acha que pode de preferência que hoje, com viabilizá-la, vá mundialmente Imagine que, se toda a evolução lab icA conhecido, que fossem distribuídos e democratização custe algo milhão de da informação, A idéia é sua.
ENTREVISTA BOB WOLFENSON
FOTOS CIA DE FOTO.
Aos 25 anos, o fotógrafo João Kehl, integrante do coletivo Cia de Foto [www.ciade foto.com.br], abriga entre suas conquistas uma seleção para participar dos concorridos seminários do Joop Swart Masterclass e a vitória na categoria Ensaio de EsporteHistórias, do World Press Photo 2007, o maior prêmio de fotojornalismo do mundo, pela realização de uma série de fotografias em um ginásio de boxe improvisado embaixo de um viaduto próximo à Radial Leste, em São Paulo. Do alto de sua juventude, com jeito de menino e audácia amadurecida, abraçou a oportunidade de encarar uma entrevista com Bob Wolfenson [www.bobwolfen son.com.brl, considerado um dos ases da fotografia de publicidade e moda da atualidade. Numa manhã em algum ponto de São Paulo, ambos acaloraram a discussão sobre a condição da fotografia, talento e o desafio de abrir mão do individualismo em prol de um crédito coletivo.
o Rafa tiveram realmente uma formação de fotojorna lismo. Pio trabalhou no Jornal do Commercio, em Recife, e o Rafa começou no Notícias Populares. Eles se conheceram no Valor Econômico.
Como você passou para a foto digital?
Sempre fui um fotógrafo do digital, mesmo quando não existia câmera digital. No começo da faculdade em 2001, ninguém tinha câmera digital ainda. Meu pai tinha um escanerzinho em casa, comecei escanear e mexer no Photoshop. Eu aprendi muita coisa no Pho toshop, que eu aplicava no laboratório, por exemplo Essa é uma questão bizarra para o fotógrafo, porque o que importa na fotografia é quem está por trás da câmera. Em palestras, as pessoas me perguntam: Você não acha que a fotografia se perdeu? . Bom, isso é inexorável, é evolução, é progresso.
Pode soar meio pejorativo, mas no Brasil essas discussões ainda são meio atrasadas. Aqui ficamos muito presos à técnica e não ao que você quer dizer, entende?
Acho ainda mais, não importa nem o motivo por que você está fazendo aquilo, importa a sua subjetividade, como você está fazendo. A fotografia digital é muito boa, porquea técnica está ao alcance de todos e favorece quem realmente vai tentar fotografia. Mas veja essa coisa de jornalismo: cidadão, por exemplo, e um monte de fotojornalista assustado: Não, gente vai perder o trabalho
Fotógrafo tem uma coisa meio sindical, e não suporto essa coisa de classe, de todo mundo junto. No geral, os talentosos não precisam entrar nessa picuinha de ficar com medo... É, porque tem que ir pra frente, não & Os fotógrafos têm uma coisa saudosista
Esobre o futuro, o que você pensa? Você quer ter uma carreira solo? Quer sair do Brasil? Estou pensando em ter um filho. [risos
Você é casado?
Sou, moro há um ano com minha namorada. Vejo
minha vida no Brasil, mas se rolar... pessoal da Benet ton, da Fabrica, me chamou. Só que era um momento muito crucial da Cia de Foto, de ou vai ou racha. Af eu falei : Não, vamos focar . Vamos fazer dar certo Era seu projeto fazer dessa empresa uma agência bacana. Vocês querem ampliar, trazer mais fotógrafos, ou não?
Já tentamos trazer mais fotógrafos, mas o jeito da Cia funcionar é difícil de ser assimilado essa coisa de os trabalhos serem assinados conjuntamente pela Cia
Gosto de perguntar aos jovens, que são mais idealistas, como é essa questão de arte e comércio. Como é essa linha para você?
Atuamos numa área muito legal, com um produto que chamam genericamente de grupo de linguagem. As empresas nos chamam para renovar sua imagem. É algo que dá uma liberdade de criação bem legal. Tudo que usamos nos nossos trabalhos autorais aplicamos na área comercial, porque a idéia é justamente experimentar
O Toscani dizia algo interessante: Não quero e não tenho muitos problemas de consciência, ou seja, não faço essa foto aqui para o cliente e essa aqui para mim. Tento colar ao máximo a minha experiência pessoal no pedido do cliente . Isso é muito difícil, não é? Não acontece nem comigo, que tenho 50 anos de fotografia. Acho que fora daqui acontece mais. Em 2005 fui para a Suécia, fazer um trabalho para a Electrolux, que era exatamente isso. Era um intercâmbio, eles pegavam fotógrafos de países diferentes. Eu ia na fábrica, na casa das pessoas que usavam os produtos, registrava o cotidiano delas. Passei dez dias fotogra fando a linha de montagem, a mulher que tinha um eletrodoméstico na cozinha... Na Cia, fotografamos o tempo todo. Tenho ensaio com a minha namorada o Pio com filha dele, o Rafa fez auto-retratos. Nós temos essa coisa de experimentar sempre, sabe?
A Regina Casé disse numa entrevista que você tem uma vida boa quando não separa as férias do trabalho , porque o que você faz no dia-adia é sua vida.
A gente não chegou a esse ponto ainda! [risos] Eu estou precisando de férias. Mas acho que ideal da Cia de Foto é justamente romper com esses limites.
Eu acho que, quando vocês romperem com esses limites, virão outros. Quando você vai chegando perto disso, já quer outra coisa. Eu sou assim, nunca estou plenamente satisfeito.
Por isso é que você está aqui, por isso é que a gente está aqui fazendo essa entrevista. Porque fotografia para você é visceral. Para mim foi muito legal a Cia por isso. Eu tinha pouca habilidade comercial, digamos assim, e a Cia funcionou muito bem, principalmente no começo, porque ninguém sabia quem eu era. Às vezes, tinha que omitir que eu iria fazer a foto, porque falavam: Como vocês vão mandar um moleque de 22 anos?
A Cia de Foto foi um escudo para você? É, de certa forma me viabilizou profissionalmente Porque era uma coisa em que eu não era tão hábil e aprendi muito. A minha carreira profissional existe a partir do momento em que eu entrei na Cia de Foto A Cia começou com vamos nos viabilizar comercialmente, vamos viver de fotografia , e nós conseguimos isso de um ano e meio para cá
Você, que é tão jovem e de alguma forma bemsucedido, que conselho daria para quem está começando? Você acha que o fotógrafo pode ser autodidata?
Acho que a faculdade não é fundamental, mas aprendi muito lá dentro. Depende muito de como você apro veita, não é? Acredito muito no fotógrafo autodidata também. Se tenho uma dica, é encarar a fotografia como algo profundo envolva-se. Tenho insônia por causa de alguns trabalhos. Acho que envolvimento é fundamental para tudo na vida. Acho que a gente está muito acostumado levar tudo por cima, resolver a pauta. E outra coisa: há esse costume no fotojornalismo de reclamar que não há espaço, mas a internet está ai para divulgar as coisas, as possibilidades são infinitas A galera gosta muito de reclamar e gosta pouco de fazer
Na página anterior, cena do ensaio "911". Nesta página e a seguir fotos da série "Av
O jovem João Kehil (à esq.) ao lado do mestre Bob Wolfenson
crônicas fotográficas
por E marcio
scavone
WALTER CARVALHO
a Scavone, tudo começou no interior da Paraíba. Comecei então a ouvir o som mo nótono do projetor de cinema imaginário dentro da minha cabeça, como sea história de Walter Carvalho estivesse sendo projetada na parede do estúdio onde conversávamos. continuou. Eu era menino. Che gou um cara alto, um tipo estrangeiro assim como você. Tripé e câmera de madeira. Ele fotografava as pessoas e, como que por mágica, passava imagem para um prato. Ficamos os dois ali, pensando no sentido daquilo. Falamos de luz, que é do que fotógrafos falam. De como luz não ilumina um personagem mas sim como o protege, o envolve e o veste. O que me interessa é distância entre o que eu vejo e o que eu não vejo. Mas não é exatamente aí que reside a busca do fotógrafo. Àsíntese, a busca desse ícone estático e volátil carregado de significado. Walter olhou para um canto do meu estúdio onde as sombras dos objetos desenhavam formas no fundo infinito. Não se pode revelar tudo, é preciso deixar espaço para a imaginação. O mistério do lado escuro de uma tela, penumbra atrás da porta entreaberta quando se é criança na cama com um livro na mão Aquela sensação de que, quando olhamos para o objeto, ele também nos olha. Para ver, basta fechar os olhos e abrir os braços. Fiquei pensando no menino nordestino que olhava o prato do almoço com emulsão fotográfica e que tinha resolvido passar a s 66 vida matando sua fome por imagens E
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