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DE FOTO NOVA. Uma das palavras de que mais gosto, e uso, é provocação. Ela traduz, penso eu, o espírito do momento, onde o digital muda tudo na imagem, a internet chacoalha radicalmente a informação, as comunicações e o entretenimento, a globalização reverbera as relações mundiais e, por fim, o planeta nos pede um novo foco, como bem nos alerta Thelma Vilas Boas no Olhar Convidado desta edição. Mais uma provocação da vida foi o que veio à minha mente quando meu amigo e sócio, Pisco Del Gaiso, um dos fundadores da empresa e editor da Revista FS, me disse: Bob, preciso trilhar novos rumos, voltar à fotografia. Tocar a minha vida solo, de olho em novos projetos e oportunidades . A vida o provocou, depois de olhar tantos olhares, a se voltar ao seu próprio olhar novamente, como muito brilhantemente coloca o Marcio Scavone nas Crônicas Fotográficas ao final desta edição. Toda a sorte, Pisco! Provocação criativa imediatamente aceita, diga-se foi também o que eu queria gerar quando, tomando um café na Fnac de Pinheiros, convidei o João Wainer [acima] a assumir a edição da Revista FS, por sugestão de uma grande amiga e mentora. Acho que estamos num ótimo caminho! Muito bem-vindo, João! Agora, sem você, leitor, nada disso faz sentido. Então tenho uma provocação para você também: devore esta nova FS, detone, elogie, xingue, sugira, ame de paixão, azucrine, avacalhe, odeie ou se derreta por ela.. Só não fique impassível, mudo, quieto e apático.
Sinta-se provocado. Ótima leitura.
Bob Wollheim Publisher
Para saber mais sobre João Wainer, acesse: http://tranca-rua.blogspotcom
CORPO FECHADO SNAPSHOTS
E FODINHA
a S Xp eEsblisher Editor João Wainer joãoOsixpixcombr Redatora-Chefe Flávia Lelis xpixcom.br Repórter Carol Patrocínio carolG Mário Ito
Tonten: Bob Wollheim m.br Revisão ua Borba Colabc »dição André Arruda, Christian Cravo, Cia de Foto, Daniel Kiajmic, Érica Rodrigues, Fernanda L: apre é piAcom br FESTANCIA Fernando Costa Netto, Fotosalada, e Ignácio Aronovich, Klaus Mitteldorf, Louise Chin, Marcio Scavone, Maria Joaquina, Mario Cravo Neto, Miro, Renata Simões, Rickey Rogers, Thales etiso) Thelma Vilas Boas e Xico Sá Adriana BortoloHo Tatiana Tavares tatianai x.com.br ArianeStipp arianeQ six Financeiro Anderson dos Santos Qsixpixc etária Tânia Mazzei Expedição Fernando Av. Mofarrej, 1.200, il Norte, Compl pi rial Bic, Vila il CEP 05311: 000, São Paulo, SP, Brasil Tel/Fax: 55 11 sição Nas lojas Fnac (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e Campinas)A: wwufotosite. Claro&Escuro Estenas indistla Gráfica artigos da FS Foto: rojeto gráfico direção arte Reis Estúdio Chico Design 3641-2656 Chico Max e Chico Cerchiaro com.br www.chicodesign.com.br OTOSITE, publicação
reportagem
Q tanto mais invisível for um repórter fotográfico na hora de apertar o gatilho, mais ele tem para mostrar depois em jornais e revistas. Antônio Gaudério, ali como quem não quer nada, na prosa e na maciota, tem o dom do homem invisível, como na ficção científica do velho escriba H. G. Wells, o que lhe permite ficar na cara do crime como se nada estivesse acontecendo para os personagens, seja um escândalo político ou uma crônica de comportamento e costumes, como o ensaio com garotas de programa exibido nestas páginas
Como dupla de área em muitas aventuras jornalísticas, já vi o cara chegar na boca da cena sem ser percebido, e, cada vez que a gente vê uma foto animal do gaúcho de Rincão dos Mirandas, se pergunta: como é que deixaram o lambe-lambe chegar tão perto? Ah, a realidade gosta de Gaudério como a bola procura o artilheiro, mas tem um sentido a mais nessa história
Fala o gaúcho da fronteira: Muitos fotógrafos, os mais estrelas, querem que a realidade se curve às suas lentes ao seu modo de ver as coisas, às suas grifes, enquanto nas minhas fotos a realidade é quem manda .
A frase de Gaudério é quase essa, o raciocínio está contemplado, só não vou citar os nomes das ditas estrelas, intriga desnecessária, pois o que vale aqui é falar do método de quem fotografa. E que caiam as carapuças, lógico.
No mais não me sinto autorizado, até porque o cara, assim ue saquei o bloco e a caneta numa mesa de bar, claro , foi logo apresentando as suas armas filosóficas sobre os perigos de soltar por aí algumas sentenças: Meu lema é o seguinte: se você tem alguma coisa para falar ao mundo, nunca diga para um jornalista . mais do que O temor do fotógrafo diante de um escriba sto. Se o amigo leitor duvida, basta dar uma entrevista um dia e ver como suas frases são perfuradas a bala como um faroeste de quinta. Ok, Gaudério, vou testar os meus limites da fidelidade da memória e dos garranchos no bloquinho, certo?
Ou estou fotografando putas ou filhos-da-puta , manda o bravo frasista, agora mais especificamente sobre a arte de mostrar garotas de programa, motivo deste ensaio, ou os personagens da politicalha, outra especialidade em tantas reportagens de escândalos para a Folha de S.Paulo, onde trabalha há 14 anos
Aí é que entra o homem invisível. Gaudério consegue, como vemos, mostrar o cotidiano das moças da forma mais natural possível. Parece um habitante das casas e hotéis baratos onde moram as mulheres. Vai lá, entra, como um urso pé-de-lã, e nos traz uma realidade com retinas afetivas.
Quando a garota é maior, não tenho nada contra o seu comércio; paga quem quer, é a mais antiga das profissões do mundo 'Mas quando é menor, criança ou adolescent fotografo como denúncia, ajudando a combater esse crime de exploração das meninas.
Com vários prêmios na estante, Antônio Gaudério começou a fotografar em 1979, quando se armou de uma Mamivya 35 e resolveu registrar as manifestações políticas a favor da Anistia, em Porto Alegre. Daí por diante, depois de abandonar a faculdade de Arquitetura, arrendou os seus olhos de vez para o fotojornalismo tes da Folha trabalhou no Diário Catarinense, em Florianópolis, e nas revistas Veja e Isto É, em São Paulo
O gaúcho deixou o seu crédito como marca de fotos emblemáticas em eventos internacionais, como Copas do Mundo, tragédias cotidianas, episódios da política catástrofes e retratos da miséria brasileira. Nunca precisou sequer de legendas, quanto mais de um texto que já se estica em demasia, como estas mal traçadas linhas. Comunguem o olhar do homem invisível nestas fotos. Elas contêm a arte da espreita, a manha de deixar a vida simplesmente acontecer na nossa frente >
Quando a garota é maior, não tenho nada contra o seu comércio, paga quem quer
As meninas se prostituem nas esquinas, todo mundo sabe, todo mundo vê, mas, se a gente fotografa e publica, o Ministério Público caí de pau com o Estatuto da Criança e do Adolescente
Estabeleço uma relação onde as pessoas continuam tocando sua vida normalmente, dentro do possível, e eu fotografando
por Flávia Lelis
"O BRASIL TEM A MAIOR ESCOLA DE PROSTITUIÇÃO DO MUNDO, QUE E A TV GLOBO"
Numa entrevista pulsante, Antônio Gaudério revela o modo como costuma v um universo tão polêmico como o da prostituição, principalmente quando e e centes. Com um tom entre revolta e denúncia, Gaudério conta as histórias qt prostíbulos nas capitais Goiânia, Fortaleza, Manaus e Boa Vista e que irão e
Como era a sua relação com as personagens?
Essa foto em que a mulher toma banho na sua frente, por exemplo. Qual o contexto da história?
Enquanto o mundo não é uma maravilha, com um sistema de cotas que garanta a porção de amor e sexo a que cada um acha que tem direito, eu não tenho nada contra o livre comércio. Porém, quando se trata de prostituição infantil e juvenil envolvendo menores, sou frontalmente contra e fotografo para denunciar Tenho uma posição de humildade que me leva a ser aceito no universo em que estou trabalhando. Assim, estabeleço uma relação onde as pessoas continuam tocando sua vida normalmente, dentro do possível, e eu fotografando. No caso da prostituta tomando banho: elas aceitaram que eu ficasse na casa delas registrando o dia-a-dia, e aquela tomou banho com a porta aberta como sempre faz.
Nesses prostíbulos, o que foi mais marcante?
Eu presenciei (e não fotografei) uma briga de duas putas em que uma conseguiu forçar a cabeça da outra para baixo e mordê-la na nuca até fazê-la desmaiar. Apesar dos gritos desesperados, nenhuma outra puta, cafetão, garçom ou segurança de boate interferiu. A vencedora saiu rebolando, com a cabeça bem levantada, dando gargalhadas diabólicas.
De que outras histórias você lembra?
Histórias tristes de crianças prostituídas e drogadas.
Como você costuma chegar nessas personagens?
Na casa das prostitutas passei um dia inteiro, nas boates e prostíbulos as fotos foram sempre escondidas, e nas ruas, algumas escondidas, outras consentidas. Vi muita coisa que não pude fotografar.
Algumas pessoas ligam prostituição a desinibição. Mito ou verdade?
O Brasil tem a maior escola de prostituição do mundo, que é a TV Globo.
Quando as imagens eram com menores, qual o seu procedimento?
Esse éo tipo de reportagem onde o improviso e a experiência determinam o comportamento. Quando envolve crianças é um terreno perigoso. Tem sempre bandidos por trás. As meninas se prostituem nas esquinas, todo mundo sabe, todo mundo vê, mas, se a gente fotografa e publica, o Ministério Público cai de pau com o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Esse ensaio já tem algum nome?
Sim: "Quando eu não estou fotografando puta, estou fotografando filhos-da-puta". O tema prostituição faz parte de um grande projeto que estou desenvolvendo para a Editora do Bispo chamado Brasil País Pornográfico ,
MARIAS MADALENAS
Fotógrafa evoca a feminilidade em ensaios desenvolvidos em prostíbulos paulistanos fotos Gisele Gomes
Se você chegou até aqui, com certeza pousou os olhos sobre as imagens do fotojornalista Antônio Gaudério, que afirmou em entrevista acreditar que homens e mulheres constroem diferentes narrativas visuais quando o assunto é, por exemplo, prostituição. Lá, Gaudério buscava o registro de um fato e a externalização de uma revolta. Aqui, inspirada pelo livro A prostituta sagrada A Face Eterna do Feminino, de Nancy Qualls-Corbet, segundo o qual a prostituta era, na Antiguidade, uma figura íntegra que encarnava a deusa do amor e que, por meio do matrimônio sagrado, se unia aos homens à procura de sexualidade e espiritualidade, a fotógrafa Gisele Gomes construiu um ensaio que capta a essência feminina de mulheres submersas no mundo da prostituição. A busca nesse trabalho é pelo arquétipo da prostituta sagrada , salienta. Realizada em preto-e-branco, a série de imagens destaca a beleza de mães de família entre 19 e 35 anos que encontraram na prostituição prazer e sobrevivência. Algumas [prostitutas] aceitaram a proposta de serem fotografadas em seus momentos de intimidade, tomando banho, trocando de roupa, maquiando-se ou encarnando a própria deusa do sexo e do amor. Cada uma tem seu motivo particular para estar lá. Uma delas disse que a vida marital não a satisfazia, e que vai lá à procura de outras experiências; outra sustenta a mãe e quatro irmãos. No local das fotos, o programa tem duração de vinte minutos e custa R$ 20, sendo que 10 ficam para a garota e 10 para a casa. Elas ganham em média R$ 2.000 por mês , explica. Ainda em fase de produção, o trabalho iniciado em 2006 teve um ponto de partida acidental: [procurando por uma loja] Por engano entrei em um prostíbulo na Rua da Consolação, e deparei com aquelas mulheres que me causaram curiosidade e encantamento , finaliza. [FL] E
SAIBA MAIS:
Confira outras imagens do ensaio de Gisele Gomes no Fotosite: www.fotosite.com.br/prostituicao
RICKEY ROGERS
Há sete anos, Rickey Rogers, 50, é chefe de fotografia da agência Reuters para a América Latina. Antes, em 1997, o fotógrafo nascido em Long Island, Nova York, desenvolveu-se na chefia de imagem da Reuters em sete países da América do Sul. Estudou fotografia na New School for Social Research, no Southampton College de Long Island e no Maine Photographic Workshops, onde teve aulas com o mestre Eugene Richards. Nos anos 80, Rogers se descobriu no fotojornalismo quando fundou, na Bolívia, a agência Jatha Fotos e passou a colaborar para outras, como a Black Star, de Nova York, e para a própria Reuters.
O que você busca em um portfólio?
O trabalho da Reuters como agência inclui fotos de todo tipo, desde esportes até política. Procuro um fotógrafo que tenha experiência em
coberturas jornalísticas variadas e que mostre o seu estilo próprio nessas imagens. Que não seja um copiador de estilos, que saiba imprimir a sua marca pessoal.
Você prefere que tipo de formato de apresentação do trabalho?
Prefiro CDs, DVDs ou link. O link é mais rápido, mas alguns são muito difíceis de navegar. Gosto de uma maneira simples de apresentação, dividida por categorias. Prefiro ver uma série de fotografias de uma só cobertura, para poder avaliar a capacidade do fotógrafo de contar uma história.
O que não deve ser colocado em um portfólio?
O serviço da Reuters está sendo ampliado para poder ter de tudo, mas trabalhos artísticos, como nudez, não seriam uma boa opção. Os melhores portfólios têm poucas fotos. Gosto de ver entre 20 e 30 imagens no máximo, já que aprecio qualidade e não quantidade. Melhor ainda se o
fotógrafo trouxer as publicações onde essas imagens já foram utilizadas.
Quais são as características fundamentais para estar no time da Reuters?
Tenho uma equipe muito unida. Isso significa que o pensamento coletivo é muito maior do que o individual. Fotógrafos individualistas tentam estar em todos os lugares. Gosto das qualidades do profissional como pessoa e como fotógrafo. Apesar da competitividade, precisamos respeitar os colegas e as outras agências.
Que fotógrafos já passaram por sua mesa?
Bruno Domingos, Caetano Barreira e Jamil Bittar hoje, todos fotógrafos da Reuters.
Como os fotógrafos podem entrar em contato com você?
Não tenho muito tempo para receber os fotógrafos. Então, o melhor é o contato por e-mail: rickey.rogersOreuters.com.
Da série: Histórias da Rua
José Luis da Conceição e os porquinhos com cara de gente
O ano era 1986, e o lendário José Luis da Conceição, um dos principais fotógrafos do extinto jornal Notícias Populares. Um leitor avisa que, em Itaquera, três porquinhos haviam nascido com feições humanas. O jornal vendia feito água quando publicava esse tipo de bizarrice. Um dos motoristas mais antigos da empresa foi designado para levá-lo. Era Zé Miguel, que, eufórico, estreava seu carro novo, um Passat 86 ainda com os bancos forrados de plástico, que, segundo ele, de tão possante chegaria até no inferno, caso fosse preciso. Em Itaquera, uma rua de terra levou-os até a casa, onde uma multidão se acotovelava na porta tentando ver a aberração. Conceição entrou perguntando pelos porcos. O dono, um homem alto, sujo de terra, com uma enorme barriga desnuda, conta que os porquinhos haviam sído mortos pela mãe. Alegando que o mundo precisava conhecer a triste história, Conceição convenceu o dono do chiqueiro a segurar os porcos mortos na mão, para que ele os fotografasse. O dono, orgulhoso, levantou-os, dois na mão esquerda e um na mão
direita, deixando seu rosto entre os três porquinhos mortos. Enquanto fotografava, Conceição ouviu um grito: Esse filhoda-puta vai pôr no jornal que meu tio é o pai dos porcos! Era o sobrinho do dono do chiqueiro, que corria para cima do fotógrafo com um facão enferrujado na mão. Antes de fugir, só deu tempo de Conceição perceber que realmente o dono era muito parecido com os porquinhos, e que aquilo daria uma manchete incrível para o dia seguinte. Quando chegou perto do carro, Conceição viu o Zé Miguel desesperado, olhando a multidão tentar virar de cabeça para baixo seu Passat OKm. O fotógrafo entrou no carro sob uma chuva de pedras e pedaços de pau que acertaram o capô e os vidros do automóvel, deixando-o completamente destruído. No dia seguinte, a capa do NP, pendurada em todas as bancas contando a saga dos porquinhos com cara de gente, arrancava sorrisos dos que passavam pela rua. Mas o Zé Miguel, que não tinha seguro do Passat, nunca mais perdoou o Conceição. [João Wainer]
Quem pensa que vida de fotógrafo é só glamour, mulher gostosa e festas iguais às de novela vai se surpreender ao conhecer a turma do Fotosalada, blog que existe há três anos e agora também poderá ser lido em colunas no portal Fotosite e na Revista FS. Liderados pelos fotógrafos Gustavo Scatena e Sérgio Barzaghi, e contando com a colaboração de profissionais de todo o país, a idéia, segundo eles, é seguir o mesmo ritmo da empreitada iniciada na web, desglamourizando a profissão e mostrando os bastidores do cotidiano dos fotógrafos em imagens captadas pelos próprios fotógrafos. Isso é o Fotosalada! O que os bacanudos intelectualóides chamam de metalinguagem, mas que a gente prefere chamar de paparazzi dos paparazzi, flagrante dos amigos, tiração de sarro, diversão. Tudo na boa. Uma crítica construtiva da profissão do fotojornalista, que, na maioria das vezes, é osso. Uma coluna feita por apaixonados pela fotografia e por gente que tem na fotografia um estilo de vida . Prepare-se, pois sob as lentes deles o dia-a-dia, a vida social e todos os locais onde os fotógrafos estiverem ganharão um novo sabor!
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1. Um defeito na máquina faz dos convidados o grupo dos oito anões; 2. Marcos Frotinha e Oscar Magrini se encontram após serem separados na maternidade; 3. Geraldo Alckmin viaja de metrô com Yeda Crusius: o talento está no dedo; 4. Jarbas Oliveira registra uma grande imagem no litoral brasileiro.
O fotógrafo Miro e o tratador Fujocka comentam, a seguir, o making of de imagem utilizada em anúncio da General Motors
Anunciante: General Motors
Elaboração: Para serem fotografadas, as pessoas foram divididas em três
Fotógrafo: Miro grupos. Dessa forma, pôde-se obter um maior controle sobre a direção de cada Tratador de imagem: Fujocka Photodesign e Burti (tratamento do carro)
Agência: McCann Erickson
Conceito da campanha: À campanha visa posicionar, que subiram um degrau na vida, o carro como um prêmio. Ter um Prisma significaria estar em uma nova fase, possuir mais status
Câmera: Sinar 4x5
Lentes: 120m/m
Filme: Kodak EPP
Locação: Edifícios no Rio de Janeiro e estúdio, para a: Os com modelos e o carro
Dificuldade: Fotografar um grupo de 90 pessoas
principais o rapaz e o carro
Diretores de criação: Adriana Cury, Danilo Janjácomo, Roberto Cipolla e Paulo Sanna
Redatores: Mario Cintra e Fernanda Machado
Diretores de arte: Danilo Janjácomo,, Eric Sulzer e Adriano Alarcon
Art buyers: Ana Luiza Rodrigues e Kathryn Collins
um dos grupos. Detalhes como o cavalo, o carrinho de pipoca, o homem-tocha e o Chucky, entre outros, foram feitos separadamente, pois não davam proporção ou havia necessidade de luz diferenciada. Depois de se elaborarem as fotos dos grupos em estúdio, foram clicadas locações da cidade do Rio de Janeiro para criar uma paisagem panorâmica. Para as fusões foram escolhidos mais de 40 cromos, quando pudemos selecionar as melhores expressões de cada personagem, já que era impossível ter um controle sobre o que cada um estava fazendo no momento do clique. O desafio maior foi dar naturalidade ao grupo e ambientá-lo numa cena totalmente construída a partir de fotos de prédios, árvores, calçada, asfalto e céu.
CHUCKY.tif BASE DE TRAS.tif BRANCO DO VESTIDO.tif GRUPO MALABARES.tif
GRUPO 3 FOGO.tif GRUPO CAVALEIRO. tif GRUPO CAVALO INTEIRO.tif. STAY PUFF.tif.
N O E e f n e
Por Carol Patrocínio e Flávia Lelis Angústia traduzida em arte
Um corpo tomado por cicatrizes e marcas de sua história, um corpo onde a cada centímetro um sinal conta algo doloroso que se passou, provas de uma vivência que seria inimaginável para muitas outras pessoas. Como viver num corpo que nenhuma cirurgia plástica pode tornar nem mesmo próximo do estereótipo de beleza? O que fazer com toda a angústia e dor que o movem? O pintor e fotógrafo Thaniel Lee, de Indiana, Estados Unidos, decidiu que a arte poderia minimizar esses problemas. O artista focou sua intenção em mostrar partes de um indivíduo que não é visto, que não é publicado em revistas de cultura pop ou muito menos exibido na MTV: O corpo que escolhi documentar é o meu próprio. Espero que meu trabalho faça as pessoas olharem para seus corpos e questionarem os conceitos de beleza que preenchem nossa cultura de obsessão , explica. Lee é portador de artrogripose doença que se inicia no desenvolvimento do feto e cria deformidades fixas nas articulações, enfraquecendo os músculos = e, ao longo de seus 30 anos, passou por 11 cirurgias para reverter os problemas da enfermidade. Os procedimentos, apesar de alguma melhora, trouxeram diversas outras marcas ao seu corpo. Essas marcas, que normalmente acarretariam péssimas consequências psicológicas, para ele se tornaram o mote para a criação de uma série fotográfica que conta com aproximadamente 60 obras. O fotógrafo acredita que os artistas devem expor o maior número de corpos das mais diferentes maneiras possíveis, enfatizando a diversidade. Neste mundo de programas de cirurgia plástica, de busca de modelos, falsos shows de talentoe reality shows irreais, eu tento mostrar um corpo que não pode mudar, um corpo que não é visto As fotografias, que já passaram por alguns pontos dos Estados Unidos, devem ganhar novas rotas a partir de 2008. Outras imagens da série podem ser vistas em: wwwflickrcom/photos/thanielionlee/
Qual a sua reação?
Duas fotos de Thaniel Lee foram enviadas para pessoas de diferentes mundos, que deram sua opinião antes e depois de saberem o contexto do trabalho. A seguir, a síntese dessas opiniões:
Caralho. Puta que o pariu! Angústia! Para mim tanto faz se ele é fotógrafo ou não Penna Prearo, fotógrafo
Carregar uma doença incurável deve trazer reflexões constantes, sobretudo sobre qual é o valor da vida. Expô-la é uma válvula de escape para as angústias e as inquietações Márcio Kroehny, jornalista
Ligou-me com "Vísceras em Vice-Versa" [trabalho de Vilma Slomp sobre um erro médico por qual passou]. Acredito na manifestação do artista em exorcizar suas emoções por meio da estética e da ética da arte" Vilma Slomp, fotógrafa
Lembra um corpo morto esperando pela mão do médico legista. Acho que é uma forma de registrar que as pessoas são diferentes, têm suas angústias e sofrimentos e que a vida não é só a revista Caras" Tinico Rosa, tatuador
Fotografia é uma forma de exorcismo, de morte e celebração. Acho normal Thaniel dividir suas cicatrizes com o espectador. Fotografar é uma forma de resistir e existir Paula Sampaio, fotógrafa
Não gostei muito. Mostra muita dor, machuca. Acho que dores assim podem ser compartilhadas, mas, na hora em que vi a foto, pareceu que a pessoa estava fazendo um culto daquela doença, querendo chocar" Gabriela Russo, psicóloga
Ro Exército de Anônimos
Gary Baseman fala da paixão por fotografias amadoras
lástico, designer, cartunista, dor. Pouco? Sim, principalmente se essa nto que o levou a conquistas como o Emmy, o Bafta e do mundo, realizada pela revista Enterconhecido no universo y art, ele é Gary Baseman de sorriso
O que o fez colecionar essas fotos? O que chama sua atenção?
So nente, que são trabalhos artísticos. Não eram tidas para o Halloween, para a Páscoa ou ão fotos da vida real, mas são muito surreais: elas de David Lynch. Sou atraído por essa natureza asrreal das fotos.
Onde você costuma adquirir suas imagens?
fi afias são imagens achadas, feitas por fotógrafos amadores. a diferentes épocas, desde 1915 até agora. Encontrei todas elas e, claro
Há ligação entre toy art e fotografia? utilizando a toy art em seu trabalho, usando os personagens o todos os originais para a fotografia. [FL]
60 Anos em 60 Fotos
Agência
Magnum
celebra aniversário com mostras, filmes e noites de autógrafos
Considerada uma lenda do cenário fotojornalístico mundial, a agência Magnum [www.magnumphotos.com], fundada por Robert Capa e Henri Cartier-Bresson, chegou aos sessenta! Hoje, contando com um time composto por cerca de 60 profissionais, a agência ainda desafia outros empreendimentos da área da Ê a É magem, com um arquivo que compila mais de um milhão de fotos em pretoe-branco, produzidas desde 1930.
Pa lebrar and tilo, desen- ara celebrar a marca sexagenária, a agência optou pelo grande estilo, desen volvendo o festival Celebrating the Art of Documentary, que reunirá uma série o. is de eventos paralelos como exibição de filmes, exposições em ambiente real e virtual, debates, noite de autógrafos de livrose leitura de portfólios que se estenderão por todo o mês de junho. As mostras se estruturam em sessenta imagens, cada uma representativa de um ano vivido pela Magnum, acompanhadas de comentários que refletem a arte de documentar.
Para as exposições foram escolhidas fotografias dos criadores Robert Capa e Henri Cartier-Bresson, além de George Rodger, Eve Arnold, David 'Chim' Seymour, Constantine Manos, Burt Glinn, Werner Bischof, Dennis Stock, Erich Lessing, Elliott Erwitt, Philippe Halsman, Marilyn Silverstone, Inge Morath, Cornell Capa, Bruce Davidson, Rene Burri, David Hurn, Leonard Freed, Bruno Barbey, Marc Riboud, Paul Fusco, Hiroji Kubota, Philip Jones Griffiths Josef Koudelka, Harry Gruyaert, Micha Bar-Am, Alex Majoli, Martin Parr, Martine Franck, Raymond Depardon e Abbas, entre outros. A programação completa do evento pode ser conferida em: http://festivalmagnumphotos.com. [CP]
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Fnac
Fnac Paulista
A cidade de São Paulo já é a mesma. Alguns não a reconhecem, outros deliram com o cenário livre de intervenções, e muita gente nem notou a diferença. Para esses, talvez o mundo passe despercebido como brisa; afinal, é impossível não reparar impacto das fachadas da cidade livres dos outdoors e luminosos que as infestavam. Apesar de muito lobby e discussões de grupos contrários à limpeza, a Lei Cidade Limpa, que proíbe publicidade externa, aplicada. Afinal, quem não consegue fiscalizar, impõe. E assim caminha a humanidade.
São Paulo é uma megalópole que encanta e assusta pela quantidade de estímulos. Eles chegam aos milhares e afetam todos os sentidos. Para artistas visuais e designers, isso aqui é uma caixa de Pandora. Um território rico de elementos que pedem para ser vistos e tocados a todos os momentos. Ninguém melhor que um artista das ruas, um ser totalmente urbano, que usa a cidade como suporte para os seus trabalhos, para comentar o assunto. Tony De Marco registrou com sua câmera digital a cidade pelada no ensaio No logo , e ganhou notoriedade internacional após publicá-lo no Flickr (site de compartilhamento e gerenciamento de fotos). O ensaio mostra uma São Paulo apinhada de carcaças de outdoors e luminosos, S aaa
A CIDADE POR TRÁS DO CAOS VISUAL
mas livre de logos e com o céu à vista. Segundo Tony, as pessoas ainda não perceberam que a quantidade de paisagens agora é maior, e que é muito mais fácil observar as estrelas. Tinha muito backlight. O paulistano havia perdido essa relação com o céu azul. O céu da cidade não é cinza, as minhas fotos provam isso , enfatiza ele.
Tony não larga sua câmera fotográfica digital por nada. É um maníaco pelo registro imagético. A câmera tem que estar sempre ao alcance da mão. Esse é o segredo das minhas fotos, não perco uma oportunidade , conta ele durante entrevista regada a chopp, em uma noite chuvosa e fria num boteco da Vila Mariana, bairro onde o artista mora na cidade de São Paulo. Tony não é um fotógrafo no sentido comum do termo. Eu não tenho um estúdio, não tenho clientes, não tenho iluminação. A fotografia serve como apoio da minha memória. Pra eu guardar os bons momentos, as imagens curiosas que atraem meu olhar, ou aquelas que podem ser úteis às m has pesquisas e trabalhos de design gráfico ou design de letras. Também penso na reação e no interesse das pessoas. Como já publico as imagens na internet há muito tempo, desenvolvi um senso de oportunidade. O que eu coloco no Flickr e no fotolog
são as imagens que realmente quero compartilhar.
O que instigou Tony a sair pelas ruas foi a necessidade de registrar um momento que ele nunca acreditou que fosse vivenciar em São Paulo: a transição para uma cidade bonita, limpa, que, segundo ele, aínda não despontou totalmente. Para Tony, as fotos dos esqueletos decadentes mostram os dois momentos, a cidade tapada e a cidade à mostra. O antes era o horror, e isso eu nunca quis documentar. Textos mal diagramados, muita letra em pouco espaço, publicidade de mau gosto. O paulistano está acostumado a reclamar da poluição atmosférica, dos rios, da sonora, mas a poluição visual é absorvida. O espaço urbano aqui era encarado como mídia: vende aluga compre. Se você passa milhares de vezes em frente a uma placa 'compre', a única coisa que você pode extrair dali é 'compre! não transmite nada. Essa é uma maneira muito ditatorial de se comunicar com a população. Tony viveu as eras AD (antes do digital) e DD (depois do digital). Para ele, o computador é algo fantástico e transformador. Ele não tem saudades da era AD e acredita que as pessoas hoje têm mais mobilidade e poder para mudar de pr dia para a noite. Todos nós fotógrafos, cineastas, músicos. era impensável no passado. Hoje você não depende de nenhum grande grupo pra divulgar suas idéias, seus talentos. Não dá pra ter saudades do mundo antes.
E você, o que achou da Lei Cidade Limpa? Já espiou o mundo lá fora hoje? Viu o céu? H
FERNANDA CERÁVOLO
SAIBA MAIS:
Veja o perfil de Tony De Marco em www.fotosite.com.br/suburbia
Donna
Tony De Marco
Onze da manhã, periferia de Phnom Penh, capital do Camboja. O sujeito, com os olhos vermelhos, chapado e com bafo de álcool, olha para mim, coloca uma AKnas minhas mãos e diz You shoot now ( Você atira agora"). Estamos no Happy Club Shooting Range, uma atração turística de um país que não sabe o que fazer com tantas armas ainda em circulação. O cardápio lista preços de bebidas e armas disponíveis: ommy Gun, magazine (30 balas) US$ 30, AK-47 US$ 30, M-16 US$ Coca-Cola US$ 1. Fora do menu, RPG (rocket propelled grenade) e mais outras armas| forbidden , disponíveis nos fundos. Comprar uma arma também pode ser arranjado. A AK -47 chinesa não sai por mais que US$ 100.
Ninguém (ou quase) vai ao Camboja para realizar fantasias de Ramb: imensa maioria vaí para Siem Reap conhecer os templos legendários de Ar Raider/Angelina Jolie mudou a imagem do país, antes extremamente arriscado. Havia milhares de minas terrestres enterradas pelo país inteiro. Ao sair de vários templos em Angkor visitante se depara com pequenos grupos tocando música, com um detalhe em comum: são todos amputados
No Camboja há de tudo por muito pouco dinheiro: armas, drogas e sexo. Já foi muito pior. O país sofreu com anos de guerra civil, intervenção desastrosa da ONU e, principalmente, os anos do terror do Khmer Rouge, entre 1975 e 1979, que dizimaram um quarto da população do país em um dos piores massacres da história da humanidade. Nós tivemos privilégio de estar lá no Ano Novo Chinês exatos 30 anos após pior momento da história cambojana, e foi incrível ver a população celebrando e olhando) para o futuro. Mesmo assim, o país continua em situação difícil. Em 5 de maio, nal pequena Koh Sla, foram encontrados mais de 120 cadáveres em uma cova rasa. Foram desenterrados às pressas não para perícia de crimes de guerra, mas em busca de objetos de valor que pudessem ter sido ocultados com os corpos.
Lugares conhecidos por massacres viraram atração turística. Em Chong Euk ficam os campos do si io, os killing fields onde há dezenas de covas e árvores com placas que indicam onde membros do Khmer Rouge matavam crianças batendo suas cabeça em troncos, para economizar munição. Há uma stupa (monumento típico budista para homenagear mortos e relíquias) lotada de crânios humanos. Chong Euk impressiona, Ri É mas não deixa um impacto tão forte como visitar Tuol Sleng, uma escola que virou entro de detençãoe tortura e por onde passaram mais de 17 mil pessoas. Apenas sete sobreviveram. As salas de aula convertidas em câmaras de tortura ainda contêm as camas e os ferrolhos onde ficavam acorrentados e eram torturados os prisioneiros. À situação hoje é infinitamente melhor, mas o país ainda tem um futuro incerto. O melhor a fazer para ajudar é visitar o Camboja, escolher bem com quem gastar)ER seus dólares preferencialmente com locais em vez de corporações internacionais (fuja dos pacotes) , não incentivar o comércio de armas, drogas e prostituição, e tentaria, conhecer um pouco da riquíssima cultura Khmer. pemé Enquanto isso, em Phnom Penh pode-se entrar em uma pizzaria e pedir uma happy, pizza temperada com maconha, utilizada na culinária Khmer mas rejeitada pelos vens, que preferem drogas mais fortes. Ao ouvir o ido, a garçonete sorri e pergunta E Happy ou very happy2 . É bom pensar antes de responder. No Camboja nem tudo él o que parece ser.
thales trigo
O Final Cut é um programa para edição de imagens de vídeo desenvolvido pela Apple, para seus computadores que usam o sistema operacional Mac OS X
E como todos os programas modernos de edição, é um software que permite a edição não linear de imagens.
À edição não linear de imagens é um método que permite a qualquer imagem ou frame de um vídeo ser deslocado de uma posiçãoe inserido em outra. É um sistema similar ao velho padrão de edição de filmes em celulóide corte e cole. À grande vantagem é ser um processo não destrutivo o arquivo original é preservado com todas as suas características
Como nos arquivos digitais, dados de qualquer natureza imagens, sons, textos são arquivos numéricos, isto é, representados por números; o conceito de cópia/original não faz sentido. No mundo digital, a cópia e o original são exatamente iguais. Dessa forma, quando as imagens são editadas suas características se preservam integralmente.
O manual de uso do Final Cut Final Cut Pro 6 User Manual, com mais de 1.800 páginas, pode ser encontrado no site da Apple [www.ap ple.com/finalcutstudio/finalcutpro/].
Em formato PDF, é extremamente informativo e útil.
O Final Cut permite a edição de praticamente qualquer formato de vídeo
Final Cut: editor de imagens para Mac
Em suma, o Final Cut é um formidá-
- Standart (SD), Digital Video (DV), High Definition (HD) e High Definition Video (HD) -, e suporta uma grande quantidade de trilhas de vídeo e até 99 pistas de áudio. Originais de vel programa para edição. Mais do que isso, é um software poderoso que pode ser usado em máquinas não muito caras, oferecendo recursos diversas câmeras ou fontes podem ser | muito interessantes. trabalhados juntos, e os recursos para Para os que gostam de vídeo e curefeitos nas imagens como rotação, tema plataforma Mac, é um convite alteração no tempo, transições e filtra- | à criação e um desafio. gens para correção de cores, e redução de ruídos e chiados são eficientes. ao É um programa com excelentes recursos que pode ser usado em computadores pessoais , ou seja, em computadores adquiridos e usados por pequenas empresas, por amadores que editam como hobby e também por profissionais. Ele ainda apresenta uma interface = sa prática com quatro janelas: o nave- g
gador ou Browser, que localiza os A arquivos; o Viewer, onde os arquivos podem ser visualizados e recortados; o Timeline, que permite a ordenação das imagens e sons; e o Canvas, espa- o ço onde as imagens e sons editados+ podem ser vistos.
res Macintosh com processadores de 1,25GHz ou mais rápidos, PowerPCG5, Intel Core Duo ou Intel Xeon. A memória RAM deve ser de no mínimo 1GB, e as placas de vídeo podem ser AGP ou PCI Express Quartz Extreme. O monitor deve ter resolução de oyo mínimo [1.024 x 768 pixels.
Final Cut para fotógrafos
A velha pasta portfólio de couro surrada é artigo raro hoje em dia. Cada vez mais os fotógrafos apresentam seus trabalhos digitalmente, em CDs, DVDs ou pela internet, mesmo quando fotografados em filme. Com o mundo convergindo para o digital, a apresentação se torna importantíssima, e isso faz do Final Cut a nova fronteira para fotógrafos de still. Com ele você dá movimento, cria climas com músicas, sons e efeitos, opera transições entre uma foto e outra, e consegue um ambiente em que até fotos ruins parecem boas. Se isso é possível, imagine o que esses recursos fazem por um bom material...
Maria Joaquina
Di
A Folhapress é a agência de notícias do Grupo Folha. Comercializa fotos, textos, colunas e ilustrações a partir do conteúdo editorial do jornal Folha de S.Paulo. O site contém um Banco de Imagens on-line com um acervo de mais de 250 mil imagens digitalizadas. Imagens que foram notícia e também que retratam a realidade brasileira. Para contratar o serviço da Folhapress ligue 011 3224-3123 ou acesse
www.folhapress.com.br
sente a pressão
Na canção Garota de Ipanema, escrita por Tom Jobim e Vinícius de Moraes nos anos 60, ficou imortalizada uma das mais belas descrições de sensualidade. Ali, estão impressos mais que o sol na pele, a malemolência, as curvas, as formas ou a libido espalhada pelo ambiente. Ficou a imagem de algo que, mesmo nunca tendo sido visto por você, pode ser sentido. Entoado por um universo melódico tão representativo, por que não pensá-lo em fotografia? Apoiando-se no pudor ou na nudez explícita, na timidez ou na ousadia, e tendo o Brasil, país faminto de prazer, como fonte de inspiração, o fotógrafo Daniel Klajmic [Iwww.danielklajmic.com], um dos preferidos do mundo editorial quando se fala em moda e publicidade, aceitou o desafio de achar uma cena que representasse a sua livre manifestação de uma fotografia sensual. Com o momento perfeito, luz e uma idéia na cabeça, Klajmic, em seu doce balanço, mostra o resultado.
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Alvaro de Souza
Gontardo Calligaris
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Isabela Capeto
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Mariana Ximenes
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Walcyr Carrasco
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Jorge
Araújo
O que tem na sua gaveta? Na de jornalistas, provavelmente um gravadorzinho e uma pilha de papéis, à espera de organização. Na gaveta da arte, livros e pantones para inspirarem processos criativos. E na dos fotógrafos? Talvez ao menos uma frustração - já que, com a falta de espaço para séries de fotografias, é certo que ao menos uma vez na vida (ou na semana) o destino de uma grande imagem é a gaveta! Sorte de Jean Manzon, que pôde participar da revolução editorial dos anos 40, quando as fotorreportagens tornaram-se um frisson, e a revista O Cruzeiro, uma mãe para o fotógrafo, permitiu que suas grandes cenas e maiores loucuras chegassem aos brasileiros. Mas o mundo mudou, e da modernidade talvez só tenha restado o colete. Reverenciando Darwin, ser fotógrafo na pósmodernidade é conviver com uma espécie de seleção natural. Principalmente se considerarmos o montante de imagens em coberturas de eventos especiais, por exemplo, quando todos são movidos por um único foco e poucas são as cenas que conseguem um lugar ao sol. De olho nessas produções inéditas e tomando como acontecimento a visita do papa Bento XVI ao Brasil, em maio deste ano, a Revista FS convidou fotógrafos de alguns dos principais veículos nacionais e internacionais a vasculharem suas gavetas e pinçarem alguma cena que ficou no anonimato e que, seja pela história ou pela pose, evidencie uma grande fotografia.
RE O QUE MAIS VOCÊ
Há mais de dez anos, Fernando Costa Netto desembarcava em Sarajevo, de onde traria cenas de uma capital bombardeada pela violência de uma guerrilha. Apostando no contraste de olhar, o fotógrafo foi convocado para um outro ambiente de batalha. Cercado por rímel, secadores de cabelo e tendências da próxima estação, Costa Netto foi para o front da Fashion Week, em São Paulo. A seguir, ele conta suas impressões sobre o evento:
Na moda, profissionalmente, sou quase um zero. Sempre corri por fora, focando minhas palavras e fotografias na vída de pessoas de roupas sem grife. Respeito muito os bons gráficos da moda, um certo bom gosto, me dou bem com os viados, aaadoooro a Gisele! Em visita ao Pavilhão da Bienal como estrangeiro e sem compromisso com o factual, gostei de ter estado no primeiro dia da festa da moda. Não sei se por ser o primeiro dia do evento, todo mundo parecia atrasado ou queria dar essa impressão. À turma andava ligeiro como se não quisesse perder um minuto de suas vidas. Assisti ao desfile do Herchcovitch, que, desrespeitosamente, começou com mais de uma hora de atraso. Nunca havia assistido a um desfile e não achei muita graça. Não diria que foi um saco, porque começa e termina rapidinho. Gostoso mesmo foi bater perna, olhar a tripulação, ver a racinha abrindo e fechando gaveta , as adolescentes gordinhas caminhando como modelos, as belas balzacas cheirosas, a bichinha pirada com o bag Adidas a tiracolo, perguntando ao amiguinho O que mais você me conta, Clóvis? o traveco Salete Campari sonhando com o Fábio Assunção na vitrine das noivas... Isso é São Paulo Fashion Week, a meu modo. Mais para um manancial maravilhoso e inesgotável de seres do que um manancial de seres inesgotáveis e maravilhosos.
Confira outras imagens da cobertura de Costa Netto da Fashion Week em: www.fotosite.com.br/fashion
ME CONTA, CLÓVIS?
Fernando Costa Netto
VOLIA AL
POR FLÁVIA LELIS
As o horário que você vê no seu relógio agora, "ela", com pouco menos de três anos de vida, já passou por nove países, duas bienais, três jornais, duas exposições, três livros, três revistas e diversos sites de países como Itália, Estados Unidos, Espanha, Suécia, França, Polônia, Brasil, República Tcheca e Alemanha "Ela" é "Paraisópolis", imagem que você vê ao lado, registrada pelo fotojornalista Tuca Vieira [http://tucaleidos copio.zip.net] por conta do aniversário de 450 anos de São Paulo, e que reflete a cidade das pessoas de todos os mundos sob um outro ângulo. O destino da imagem, clicada em 2004, era um caderno especial sobre habitaçãodo jornal Folha de S.Paulo. Mas a cena que leva o nome da segunda maior favela do estado, encravada próxima ao Morumbi, um dos bairros mais nobres da cidade, já ultrapassou diversas fronteiras, construindo histórias em outros continentes. Foi a Marlene Bergamo (fotojornalista da Folha S.Paulo) quem me falou desse lugar. Fiz um vôo de helicóptero e passei por lá. Confesso que tenho bastante orgulho dela, acho que ilustra nosso maior problema: a desigualdade social, causa da violência, da miséria, da má educação. E para os gringos ela é ainda mais absurda, eles simplesmente desacreditam na imagem, uns acham que é montagem , diz Vieira Espantosamente até para o fotógrafo, a imagem que eleva e sintetiza a dualidade da pobreza das favelas e o conforto da classe média não pára de ser requisitada. Essa foto foi impressa, eu vi e recortei. Desde então, a mantenho na parede do meu escritório. Ela desperta em mim tudo que vivi e vivo na minha comunidade, a falta de noção de uma elite suicida e o comodismo de uma situação limite , dispara o escritor Ferréz, que estampou a imagem na capa de seu livro Ninguém é Inocente em São Paulo, lançado em 2006. Segundo George Brugmans, dire-
tor-executivo da 3º Bienal Internacional de Arquitetura de Roterdã, na Holanda onde a fotografia está exposta, tudo é fascinante. A história completa está ali: o condomínio fechado contra a favela e as tensões entre eles, mas também a interdependência entre esses dois mundos, porque, conforme você vai olhando a foto, é quase possível reconstruir passo a passo o comércio informal que, de alguma forma, mantém a economia de São Paulo funcionando. A pesquisa sobre o fenômeno da urbanização se tornou urgente, e virou parte de um crescente debate sobre cidades globalizadas. À imagem de Tuca é um ícone e nos ajuda a arcar com a cidade informal. Isso se tornou emblemático . Reação semelhante foi externada por Kenneth Maxwell, historiador britânico e diretor do Programa de Estudos Brasileiros na Universidade Harvard, que reafirmou a clareza da imagem e a prescindibilidade de qualquer palavra. Atualmente, a fotografia permanece em crescente vôo propulsor, com passagem por outras publicações e participação em exposições internacionais, como a "Global Cities , Londres. Recentemente, da Tate Modern, em "Paraisópolis" e mais quatro fotos de Vieira conquistaram espaço na Coleção Pirelli-Masp. Pessoalmente, já tinha interesse pela obra do Tuca, que para mim tem um valor maior. Uma das motivações para o convite foi, claro, a qualidade, e também a visão aérea da cidade impressa em todas elas , finaliza a coordenadora da Coleção Pirelli, Ana Carbocini. As imagens serão exibidas numa mostra anual da coleção marcada para o próximo mês de outubro.
Descubra os locais onde a imagem "Paraisópolis" foi exibida, e a história de outras fotos que seguiram o mesmo caminho, em www.fotosite.com.br/tuca
IVMIUNDO
VOCÊ DUVIDA?
uando a re; 20 fim qua oNaNIS
Segundo Vieira, a fotografia despertou discórdia em um fórum italiano que abordava temáticas sociais. Alguns participantes questionaram a autenticidade da cena, sugerindo uma montagem que poderia ser vista perto do muro se o tamanho fosse aumentado. A discussão só teria chegado O foi encontrada no Google Earth.
SERVIÇO
E Em cartaz até 27 de agosto, na mostra Global Cities , da Tate Modern, em Londres
E Em cartaz até 2 de setembro, na International Architecture Biennale Rotterdam, na Holanda q E MTIDAA 1 Pasta
Schúurmann!
A Bahia sempre despertou em mim sentimentos antagônicos. Embora tenha profundo interesse pela estirpe cultural dos pretos, e lá são quase todos pretos, a imagem excessivamente folclorizada provocou um certo desgaste em minha idéia sobre o lugar. E embora haja alguns baianos que reconheço entre os que fizeram minha cabeça na literatura, na música, amalgamados na formação de minhas idéias, aquela felicidade embalada para exportação em fitinhas do Bonfim me cansou antes mesmo que lá tivesse colocado os pés. Até que recebi a missão de entrevistar dois fotógrafos da terra: Mario Cravo Neto, 60, e Christian Cravo, 32. Pai e filho unidos pela vida e pelo ofício, na continuidade de uma arte estabelecida no próprio quintal, entre heranças e rupturas que teceram caminhos bastante distintos.
Numa tarde de maio, saio dos 11ºC de São Paulo e piso no comecinho da noite em Salvador, 28ºC elevados à enésima potência do mormaço. Ligo para Christian e acertamos detalhes logísticos para a entrevista. Na manhã seguinte, ele me apanharia na casa do fotógrafo Álvaro Villela que me hospedava , e de lá seguiríamos até a casa de Mario. Perto do mar, vejo, da janela do táxi, moleques pretos seminus aguardando o sinal. Eles passam e deixam rastro de um gesto de contornos infindáveis. Era como uma fotografia de Mario Cravo concretizada em minha frente, projetando o sentido de duas das muitas palavras de Jorge Amado para sua mitológica cidade: densa e oleosa. Reconheço sinais que trago de cor na genuína acepção desse termo. Coisas que escolhi guardar comigo. Mas, ao mesmo tempo, é preciso libertara cabeça do excesso compulsório de estereótipos sobre a cidade. Dia seguinte, a entrevista, na casa de Mario. Afastada do centro, devotada ao mato, ao vento, ao sol, às pedras, aos bichos na verdade pouco resta da convenção de uma casa.
O concreto é mínimo possível e finda em varandas. A sala tem uma grande porta de vidro para contemplação do exterior. O lugar emana uma natureza única: simples e requintada.
[oe E RED Mario Cravo Neto A
A figura de Exu a quem o dono da casa dedica um de seus livros, Laróye está presente num assentamento (instalação com finalidades religiosas) no chão. Sendo esse orixá a energia condutora e o princípio da personalidade, da existência diferenciada, pode-se dizer que ele se manifesta em todo o corpo da casa. Na mesa de madeira lavrada, com grandes bancos a jovem Beatriz Franco, fotógrafa, mulher de Mario, toma café. Aceito uma xícara. Christian come amendoim cozido Aponta para fora, fala das árvores em que brincava quando vinha de férias da Dinamarca, terra de sua mãe, Eva, onde passou grande parte de sua vida. Subimos para o escritório construção alta, no quintal, de onde se vê todo terreno , e sentamos no alpendre. Então vem Mariozinho, como costumam chamá-lo por lá. Todo de branco, colar e anel. À vida e a arte são uma coisa só para o artista que tem na emotividade pura o seu norte. Christian mostra na prateleira o retrato do avô, o escultor Mario Cravo Junior. Figura, ele. Mario coloca seus óculos escuros. Então, podemos começar.
É impossível falar em filhos que seguem a mesma carreira do pai sem as inevitáveis comparações. As pessoas automaticamente procuram associações. Eu trouxe algumas perguntas de outros fotógrafos para vocês, e gostaria de começar pela questão da Cláudia Andujar para Christian, que resume um pouco dessa curiosidade natural das pessoas com relação a isso: Não é fácil ser filho de um fotógrafo conceituado como o Mario. Quais os aspectos positivos nessa relação pai e filho na sua afirmação como autor, Christian?
Christian É claro que, por haver essa proximidade familiar, há uma influência, um se inspira no outro. Mas isso não é só uma questão profissional, é a nossa vida. Eu nasci dentro de um ateliê de arte. Meu pai nasceu dentro do ateliê do pai dele. É nosso cotidiano. Eu encaro à profissão como parte da vida, não é uma coisa isolada. Agora, quando alguém segue a »
Beatriz
Franco
No jardim da PB afastada do centro, a repórter Érica Rodrigues posa ao.lado de
carreira da geração anterior, sempre existe o confronto. Mas não vejo isso de maneira negativa. Eu me sinto uma pessoa em realização e não posso dar margem a pensamentos que tolham meu desenvolvimento como fotógrafo. Se eu não estivesse conseguindo consolidar minha carreira, não estivesse sendo aceito ou me sentindo bem-sucedido, talvez essa questão fosse um problema
Mario À influência na formação de um artista independe da relação consangiiínea. Você pode não ter um pai artista, mas é filho espiritual de alguém É uma relação que se estabelece de forma natural.
Na fotografia, não temos tantos exemplos de filhos que seguiram a carreira dos pais, mas a música está cheia desses casos. Fazendo um paralelo, a Maria Rita, filha da Elis Regina, tentou outra carreira, foi assessora de imprensa, até resolver assumir-se cantora e consequentemente tomar para si toda a carga que representa ser filha de Elis... Christian Eu não tenho nenhum problema com a associação. Eu só não gosto quando as pessoas interpretam isso como uma rivalidade, entendeu? Como, por exemplo, dizerem que estou expondo ao lado do meu pai para desafiá-lo, ou que minha meta é ultrapassar o meu pai. Acho que os trabalhos de duas gerações dentro de uma família devem ser tratados em paralelo, e não com o peso da rivalidade. Há de se resguardar as devidas diferenças da idade e da experiência. O meu trabalho não pode ser comparado ao do meu pai, que já fotografava há 15 anos quando eu nasci.
Tem uma pergunta do Marcelo Greco: O trabalho do Christian é diferente do de Mario em diversos aspectos - conceito, linguagem, proposta estética , mas em algumas fotografias é clara a influência do olhar de Mario. Como vocês trabalham com essas similaridades?
Christian À gente trabalha isso como quaisquer outras duas pessoas que convivem, se conhecem e se influenciam. Mario É o que Christian falou, o conflito de gerações existe sempre, isso é natural, independentemente de filho e pai exercerem uma atividade correlata. Eu diria até que o fato de praticarmos uma atividade criativa no caso, a fotografia abranda um pouco mais as diferenças. Isso só é possível, obviamente, quando ambos se realizam. Acho que, se Christian fosse um irrealizado numa outra área, essa diferença seria mais contundente. Ou então o cara seria um joguete, uma repetição sem opinião própria, até porque um homem só tem opinião própria quando tem a realização interior. Não há nenhum irrealizado que tenha opinião própria e positiva sobre si mesmo e sobre a vida. A nossa história é de continuidade. O problema é que as pessoas sempre estão mais preocupadas em saber sobre aquele momento em que o trem descarrila, né? Ou seja, as pessoas estão mais interessadas no que é descontinuidade. O conflito, o choque de gerações ou de opiniões deixa a coisa mais dramática, e o público só quer saber disso. E por isso que estamos totalmente abarrotados dessa mis-en-seêne de misérias que a mídia nos proporciona todo dia. Por outro lado, o que há de positivo, o aspecto criativo do homem que se manifesta todo dia, não é assunto para a mídia. O público em geral gosta de praticar uma certa sangria.
Você também sentiu isso com relação ao seu pai?
Mario As pessoas me perguntavam a mesma coisa Como é que você se sente fazendo escultura com seu pai sendo escultor2 . Eu fiz fotografia e escultura durante muitos anos. Depois, na década de 80 parei de fazer escultura porque a fotografia foi ocupando o meu dia-a-dia. Quer dizer, não faço mais escultura no sentido habitual, mas continuo praticando as instalações, que são uma forma tridimensional, portanto uma forma de escultura.
Aliás, essa herança da escultura aparece também na sua fotografia, na maneira como os elementos ocupam a cena, a questão do corpo e o sentido de permanência do gesto... Mas, antes de ir para o ateliê, você começou fazendo fotografia de rua?
Mario Sim, eu comecei com fotografia de rua, aos 17. E segui fotografando e fazendo esculturas, ao mesmo tempo Meu trabalho fotográfico em estúdio começou muitos anos depois, no final da década de 70, quando fotografei as esculturas de Mario Cravo Junior para o primeiro livro dele, chamado Cravo. É uma interpretação poético-fotográfica das suas esculturas, lançado em 1980. Mas eu transito entre os dois lados. Fiz as fotografias de estúdio de O Eterno Agora ao mesmo tempo em que fiz as fotografias de rua do Laróyê [1977 a 1999]. Eu gosto de praticar as duas coisas juntas, porque isso me dá jogo de cintura
Tem uma pergunta da Patrícia Gouvêa para o Christian: Você é neto e filho de dois artistas que parecem ter no espaço do ateliê o ambiente essencial para conceituar, planejar e realizar suas obras. Em uma imagem de Mario Cravo Neto, por exemplo, ficam evidentes uma densidade que vem da maturação do tempo e um intimismo próprios de quem trabalha no espaço do ateliê. Por que você escolheu o caminho documental, que necessita muito mais de deslocamentos, das ruas e, de uma certa forma, da iminência do perigo em todos os encontros?
Mario Peraí, ela está perguntando isso porque só conhece uma parte do meu trabalho, está vendo? É porque as minhas fotografias de estúdio tornaram-se muito mais conhecidas, entende»... Christian É... E para mim, o caminho documental não foi bem uma escolha, foi algo que aconteceu naturalmente. Eu tenho uma história diferente da história de meu pai, que se desenvolveu no cotidiano da Bahia e está totalmente ligada às questões humanas e culturais daqui. Eu tinha sete anos quando meus pais se separaram, e costumo dizer que fui criado em quatro países diferentes. Primeiro me mudei para São Paulo, e há vinte e tantos anos São Paulo e Salvador eram dois mundos diferentes. Depois fui para o Texas, nos Estados Unidos. Depois, para a Dinamarca. Na Europa, continente muito fechado, viaja-se muito. Então, isso teve um reflexo direto na minha opção fotográfica. Mas, na verdade, o que eu busco é a mesma coisa que o velho busca, um reflexo de si próprio naquilo que nos cerca. Hoje de manhã, numa entrevista [para ão Rome Noire , com fotos um jornal local, sobre a exposi de Christian sobre Salvador, em cartaz no Museu de Arte da Bahia], me perguntaram qual é a diferença entre fotografar »
a Bahia e outro lugar. Para mim, não há diferença, a não ser a da distância física
Você diria que seu olhar sobre a Bahia é um olhar estrangeiro?
Christian Pode ser. Não poderia dizer que tenho raízes fincadas na Bahia como meu pai, que passou a vida inteira dele aqui. Eu, até agora, passei um terço da minha vida na Bahia
O Álvaro Villela pergunta para você: Qual é a sua relação com seus personagens?
Christian O personagem, por si só, talvez não tenha significado próprio, mas sim o contexto, a história. É bem diferente da relação de meu pai, que fotografa seu próprio lugar. Os personagens dele são o caseiro, o pedreiro, o filho, a amante, a mulher, é uma coisa muito mais intimista. Não é o que eu faço. Eu fotografo histórias que estão fora de mim. Eu tenho um horizonte mais ampliado, fisicamente falando
Álvaro também quer saber, dos dois: Onde está Mario nas fotos de Christian?
Christian Muito simples. Meu trabalho é documental, mas existem elementos das artes plásticas que eu incorporei na minha linguagem.
Mario À visão escultórica da representação do homem, eu herdei de meu pai e Christian também. Isso tem a ver com nosso background, com nossa própria vida
Houve alguma orientação fotográfica de pai para filho? Christian Não exatamente. Apenas a da vida mesmo. Quando comecei a fotografar, eu morava na Dinamarca. Não sei se é uma interpretação saudosa, mas eu acredito que meu interesse pela fotografia, ainda criança, era um resgate da figura paterna. Ele foi para a Dinamarca no início dos anos 80, para fazer uma exposição, e a gente montou um laboratório de fotografia. Eu tinha uns dez anos de idade. Aí esse interesse foi se desenvolvendo. Eu mandava fotos para ele, e ele para mim. Eu estava me lembrando de fotos que meu pai fez, numa das vezes em que eu vim para cá, de férias. Meu playground era o ateliê de meu avô. Meu pai chegou lá e eu tinha feito vários barcos de madeira. Era só uma brincadeira, mas, na verdade, já estava assimilando arte. Hoje eu vejo minha filha de três anos de idade reconhecer o que é do paí, do avô e do bisavô. E não erra. Como é que se explica isso? Ela está assimilando isso naturalmente. Para certas coisas, não há respostas exatas.
Pergunta do Marcio Scavone para os dois: Meu pai foi um grande fotógrafo amador na década de 50. Quando eu me profissionalizei nos anos 70, ao olhar meu primeiro portfólio ele declarou: agora o fotógrafo é você. E partiu para se realizar na literatura. Portanto, nunca fomos contemporãneos. As perguntas geralmente os filhos têm para os pais, pois os filhos são as respostas. Pergunto aos dois: qual é o maior prazer que vocês têm ao olhar a obra um do outro: o estético ou o emocional?
Christian Eu tenho uma janela privilegiada. Posso ver como ele constrói o trabalhoe ter prazer em ver o resultado final Mario Não vejo sentido nessa pergunta.
Christian Érica, isso aqui não é a família Schúrmann! Essas coisas são o nosso dia-a-dia, é simples!
Mario Não, eu vou me explicar. Não pode existir nada estético que não seja emocional. Vou tomar como exemplo a arte concreta, que usava fórmulas matemáticas. O Geraldo de Barros, filiado ao movimento neoconcretista, certa vez foi perguntado sobre as fórmulas matemáticas que usava para alcançar aquele resultado nas suas fotografias. Ele simplesmente respondeu: Eu não uso fórmula nenhuma . Então, pode existir o estético sem o emocional? Nem o Geraldo de Barros poderia responder a isso. Sacou?
Saquei... Mario, como você lida com a fotografia digital?
Mario Para mim, ainda há o problema do tamanho, da proporção em que você pode trabalhara imagem. Porque, tendo um original em película, você escaneia e obtém o tamanho que desejar. E o original digital tem um limite nesse sentido. Outro problema que vejo é a forma de armazenamento das imagens. Essas mídias que temos hoje o CD, o DVD são lidos por máquinas que mudam a cada seis meses. Então, como ficará a leitura de um arquivo feito hoje daqui a 10, 20 anos? O negativo, sabemos que pode ficar guardado; no entanto, não há garantias de que você conseguirá ler um arquivo digital no futuro
Você usa digital, Christian?
Christian Uso no meu trabalho comercial. Mas no meu trabalho pessoal, não. Mesmo que já houvesse possibilidades de se fazer grandes ampliações, eu provavelmente continuaria usando a fotografia química. Mas também tem uma questão conceitual. A fotografia química tem uma coisa de que eu preciso: o tempo. Eu gosto desse jogo, da coisa de fotografar e não ver na hora, de projetar a imagem na cabeça. Já a fotografia digital é imediatista. Eu até fotografaria em digital, mas, provavelmente, me policiaria bastante para não ver o que estou fazendo
Mas ver a imagem na hora pode ser bom também, não?
Na verdade, não seria só uma maneira diferente de operar, em que você tem a possibilidade de já resolver duas coisas num mesmo ato, fotografar e editar?
Christian Pode até ser bom. Mas eu gosto de trabalhar de outro jeito, de ver as imagens depois. Eu faço trabalhos longos, e, se visse tudo na hora, depois de duas semanas já me sentiria sufocado pelo excesso de imagens. Preciso de tempo para estabelecê-las. Claro, quem está começando a fotografar agora já passa a trabalhar de outra forma, com outros conceitos
Mario Mas aí temos dois problemas diferentes, de forma e de conteúdo. Há o tempo da técnica e o tempo da criação
Quando Christian se refere ao fato de ver a imagem na hora ou não, ele está falando de uma questão técnica. O tempo da técnica é diferente para a fotografia química e para a digital Mas, no aspecto criativo, não existe diferença. O aspecto criativo é atemporal, sem dúvida.
Pergunta da Patrícia Gouvêa sobre a questão conceitual do tempo, para Mario: Como você vê a questão do tempo nas suas imagens? É um tema, para você, a forma como o »
tempo entra em jogo, seja na imagem ou na relação com os espectadores?
Mario Vejo o diálogo entre a fotografia e o tempo como uma questão primordial e indissociável. Você registra uma imagem em milésimos de segundo, e, no instante seguinte, aquela situação já não existe mais. No momento em que você faz uma fotografia, você guarda o tempo. Christian Eu diria que a fotografia é um olhar sobre o tempo que utiliza uma tecnologia para se realizar.
Mario, no estúdio você tem um trabalho de construção de situações de caráter performático. Para você, qual é a principal diferença da realização desse tipo de imagem em relação ao flagrante de rua?
Mario Eu não vejo diferença. É bobagem dizer que na fotografia de estúdio você não tem flagrante. Tanto a pose quanto a situação que você capta na rua são o tempo captado. Toda fotografia é um flagra
Como você falou, as suas fotografias em p&b feitas em estúdio ficaram mais conhecidas. Como você lida com essa persistência do público e do mercado nessas imagens, com o sucesso delas em detrimento de outros trabalhos?
Mario Isso acontece em todos os campos da arte. Há muitos artistas que fazem sucesso e acabam praticando um determinado tipo de trabalho só para continuar vendendo. Mas o artista verdadeiro, interessado na continuidade de suas pesquisas, concentrado em sua busca interior, está sempre à frente do seu tempo. Então, há certo estilo de música, ou de fotografia, ou de escultura que se praticaram anteriormente e que o mercado só agora reconhece. E o que você está fazendo agora o mercado só vai reconhecer daqui a algum tempo.
A Rosely Nakagawa gostaria de saber: A Bahia tem um mercado de arte independente e mais significativo que o do resto do Brasil, pelo fato de haver um turismo intenso? Como tem sido o desenvolvimento da participação no mercado de arte desde o Cravo Junior? O que chamo de mercado de arte: participação em mostras e contatos com galerias, representantes etc Mario Não. O mercado de artes plásticas está nas metrópoles. O turismo, aqui, ainda não atingiu o mercado de arte. Agora, temos duas situações diferentes. Uma é a mercadologia do produto propriamente dita: de onde vem, por quem passa, para onde vai, enfim, questões relacionadas à venda da obra. Outra coisa é o aspecto cultural, do movimento das exposições. Uma coisa, para mim, não tem nada a ver com a outra.
Mas não existe uma engrenagem entreo valor institucional da obra, como bem cultural, e seu valor de mercado? Um artista que expõe numa instituição importante ou passa pelo aval de uma bienal eleva seu preço no mercado, não?
Mario É, essa é uma questão complexa... Mas isso que você está colocando, da ligação entre a venda da obra em si e a instituição cultural, só se aplica às grandes cidades, onde você tem um mercado mais consistente. Na Bahia, há o movimento das exposições nos museus, mas não há a venda propriamente dita. Esse é o grande problema do Norte-Nordeste.
Você tem várias galerias que lhe representam?
Mario Quem me representa é Paulo Darzé, que tem uma galeria aqui na Bahia e atua há mais de vinte anos nessa área. Mas o público dele não é baiano. Ele é o primeiro marchand daqui que conseguiu vender para o exterior. Eu também tenho galerias que me representam em Los Angeles, São Francisco, Paris, Nova York e várias outras cidades. [Paulo Darzé também representa Mario Cravo Junior e Christian Cravo] >
Auto-retrato
EDIÇÃO CHRISTIAN CRAVO
Christian, você se dedica a trabalhos longos, narrativos. Qual você considera o melhor fim para a sua fotografia: o livro ou a galeria?
Christian Para mim, fazer a exposição é tão importante quanto o livro. Talvez até mais.
Mas, como autor documental, o livro não te oferece mais possibilidades?
Christian Acho que a edição talvez seja um pouco diferente. Quando você expõe numa galeria, você faz uma edição mais comercial. Num museu, a forma de editar já é diferente, tem um caráter mais educativo, que engloba outras questões. No livro, já é outra coisa. Mario Para mim, o melhor veículo para a fotografia é o livro. É muito bom montar exposição, mas o grande veículo é mesmo o livro. Obviamente, estou falando das edições de arte, com uma boa impressão, boa diagramação. O livro é a melhor oportunidade para que as pessoas tenham uma compreensão mais ampla sobre o trabalho.
Christian, fale um pouco do seu processo de edição. Nas suas exposições, você agrega fotos de tempos diferentes, e talvez esse seu jeito de editar o trabalho você tenha assimilado do seu pai...
Christian Geralmente se trabalha a fotografia em histórias fechadas, encurralando-se o trabalho em determinadas temáticas, mas o funcionamento interno da obra de um artista tem um tempo diferente. A delimitação temática não quer dizer nada; tudo é um sopro só.
Agora você prepara um livro sobre a simbologia da água nas religiões...
Christian Essa temática surgiu como conseqiiência natural do trabalho que desenvolvi sobrea religiosidade no sertão, onde percebi que a falta de água é o ponto central da expressão religiosa. Isso me chamou muito a atenção, ea partir daí comecei a pesquisar a simbologia da água como elo de comunicação entre o físico e o espiritual. Mas isso não é uma conversa intelectual, partiu de uma curiosidade. Então, no fundo, no fundo, tudo é uma coisa só... Na exposição que fiz na Galeria Paulo Darzé ["Espiritoculto , 2006], coloquei imagens da Bahia [Salvador de Bahia, Éditions Autrement, 2005], do sertão [Irredentos, Áries Editora, 2000], da água ["Águas de Esperança, Rios de Lágrimas", 2006], tudo misturado. E é assim que estou interessado em mostrar meu trabalho agora. Porque, na verdade, o que importa é o todo, a pesquisa humana.
Em agosto você vai para o Haiti dar continuidade a essa pesquisa?
Christian É... Depois que eu virei paí, tive de reestruturar minha vída, parei vários projetos que estou retomando. Fiz algumas exposições e agora vou reatar esse projeto das águas, que pretendo fotografar no Haiti, África, Índia, Brasil.
Mario, vi recentemente um filme seu chamado Lua Diana, na mostra Filme de Artista , no Oi Futuro, no Rio... Mario É um filme em super-8, que mostra o nascimento
de minha filha, feito em 1972 e digitalizado pelo Itaú Cultural há muitos anos. Na década de 70, vários artistas plásticos começaram a fazer filmes. Mas não tenho muitos filmes prontos. Eu gosto da imagem em movimento. Fui diretor de fotografia de cinema também, mas não me agrada muito o cotidiano do cinema, que exige muitos deslocamentos.
E o que você documenta em vídeo?
Mario Eu documentei os sete anos que passei no candomblé, por exemplo, mas esse material está guardado, nunca editei. Eu gosto muito de gravar, mas até agora não tive saco para trabalhar esse material. Porque, no momento em que você está gravando, há sempre aquela excitação que rende horas de imagens. Mas depois você precisa pacientemente rever tudo. Essa é uma das diferenças da fotografia estática para a fotografia em movimento. Eu também faço instalações com imagens em movimento. Gostei muito de uma em que projetei imagens do mar dentro das quatro paredes do Museu de Arte Moderna da Bahia [Somewhere Over the Rainbow La Mer , 2005 imagens do mar da Baía de Todos os Santos captadas em DV do lado de fora do museu]. A película fotográfica projetada é uma forma de cinema.
Tem uma pergunta da Denise Cathilina sobre uma de suas instalações: Na última exposição que você fez aqui no CCBB-Rio, fiquei impressionada com a precisão da sua escolha em projetar as imagens cobrindo toda a extensão das paredes, em vez de optar por uma ampliação em papel e uma montagem mais rígida e palpável. Achei fundamental a escolha, pois imprimiu um caráter etéreo e mágico que acentuou as intenções do trabalho. Gostaria que você falasse um pouco mais sobre essa exposição Mario Eu gostei de fazer essa exposição, 'Na terra sob meus pés . Há muitos anos eu vinha tentando realizar esse tipo de instalação. Acho que existe uma diferença grande entre expor cópias fotográficas e fazer uma projeção de fotografias. A projeção é fundamentalmente pura luminosidade. Essa instalação era ligada ao candomblé. Ocupava três salas e tinha um pilar, como o mastro principal da casa de santo, que fazia as pessoas andarem em círculo. O importante ali era que as pessoas rodavam eas imagens ficavam paradas. Diferentemente da instalação da água [no MAM-BA], onde a pessoa entrava, parava, e a imagem é que se movimentava.
Você se envolveu com o candomblé para poder ter acesso aos cultos - por uma necessidade de fotografar ou por uma decisão espiritual?
Mario O candomblé é um tema bastante rico para mim. E, obviamente, quando você está interessado em qualquer aspecto místico, acaba se envolvendo de corpo e alma. Mas meu envolvimento não tem uma explicação racional, Os atabaques sempre me chamaram, sempre me sensibilizaram. Eu não fui lá por causa da fotografia. Até porque, sendo baiano, você, queira ou não, está inserido no candomblé, porque a influência africana está na rua. À cidade de Salvador é um grande candomblé. >
Termino o papo sobre candomblé com Mario dentro do escritório, onde ele me mostra imagens de suas instalações, Christian está no computador e brinca, dizendo que seu pai, quando começa a falar de candomblé, não pára nunca mais.
Sugere que almocemos. Afinal, já fazia mesmo quase quatro horas que estávamos ali. Peço a Mario o desenho que traçou no caderno durante a entrevista. Fez dois círculos separados e depois os transformou numa cobra mordendo o próprio rabo. Ganho também os livros Laróye e O Tigre do Dahomey A Serpente de Whydah. Almoçamos carne, arroz, abóbora, salada, suco de limão. Despedimo-nos
No táxi, Christian fala das viagens que faria na semana seguinte para o Equador, São Paulo, Nova York. Seu temperamento moldado no choque de culturas é como metal, aquecido no fogo e submergido na água para ser forjado. Batizado católico no interior da Bahia, crescido na Dinamarca protestante da mãe e habituado aos orixás na casa do pai, Christian fez da crença do homem seu interesse central, sua própria crença. O caminho entre a casa de seu pai e a sua é longo. Enquanto isso, comenta que faz aniversário no dia e mês do azar, 13 de agosto. Emenda que não tem superstições. Não tem também religião. Então, não seriam objetos de devoção, mas simples adornos ou lembranças afetivas, o escapulário de corrente bem fininha que às vezes usa, presente de sua mulher, e a figurinha de Cristo colada no celular. Lembro de sua primeira entrevista para o Fotosite, em 2002, quando havia me dito que todos somos inevitavelmente movidos pela fé na própria existência, na arte ou no amor. Segundo ele, espécies de religião. Na porta de seu apartamento, junto ao olho mágico, há pregada a oração de proteção à família do padre Marcelo Rossi. Na sala, uma escultura em metal, de seu avô, e muitas pinturas de Ramiro Bernabó, filho de Carybé. A arte parece mesmo herança genética em terras baianas.
No Corredor da Vitória, ali pertinho, ele explica como chegar até a Galeria Paulo Darzé e ao Museu de Arte Baiana, onde está em cartaz sua exposição. Aproveito para andar naquele lugar, a cidade quase branca inserida na cidade quase preta, enquanto ele parte para um compromisso tinha uma sessão de fotos. Hirosuke Kitamura, fotógrafo japonês que mora na Bahia há treze anos, me busca na casa de Christian. Oske, como é chamado por lá, tem um trabalho sobre os bregas, os puteiros baratos da cidade [publicado na FS 47].
Quer conhecer o brega do fotógrafo? pergunta. Claro! é minha resposta. Muitas outras histórias... No dia seguinte, ando com Hirosuke pelas ruas cem por cento pretas do centro da cidade e a percebo como uma cidade de castas, altamente estratificada. Saio de lá achando São Paulo mais mestiça e democrática. Lá, a mistura parece ser mais folclórica e menos efetiva do que se pinta. Claro, há rastros da mentalidade escravocrata em qualquer lugar do país, mas
aquele cordão de isolamento manifesto e intenso aguça em mim uma imagem cruel da cidade. No Terreiro de Jesus, um menino pega em meu braço e amarra uma fitinha preta do Bonfim. De quebra, me coloca um colar no pescoço. Diz que ficou lindo e que é de graça, mas que eu poderia levar também um conjunto sortido de fitinhas coloridas mediante uma contribuição. Chove. Hirosuke e cu corremos e entramos na galeria da Fundação Pierre Verger, que gerencia o acervo do fotógrafo e babalaô francês que fez a cabeça de gerações de fotógrafos e costumava expl icar sua vida como consequência de acasos. Seu retrato, feito por Mario Cravo, saúda os visitantes na entrada. Entendo que é preciso uma certa iniciação para merecer reconhecer a sutileza de certos sinais. A cidade é energia em estado bruto, uma graça naif que guarda seus mistérios, e assim deve permanecer. Para que tanta palavra?
Quem lê tanta notícia? O desenho que Mario fez durante a entrevista não foi dedicado só a mim. É também às cobras de Oxumaré, o senhor dos opostos, da tese e da antítese. O ciclo que se fecha. A Bahia sempre despertou em mim sentimentos antagônicos. E
Mario Cravo Neto e Christian Cravo expõem juntos pela primeira vez. Veja os detalhes desse outro encontro, no Espaço Ophicina, em www.fotosite.com.br/cravos
Abaixo, desenho rascunhado por Mario Cravo Neto ao longo da entrevista, em que uma cobra morde o próprio rabo
Algumas páginas na manga e um desafio: liberte-se! Loucura? Imagina, é apenas o nosso anseio de saber o que anda passando na sua cabeça e no seu olhar. Por quê? Porque, mais do que um produtor de imagens, você é um cidadão que sente as pressões de um dia-a-dia conturbado ou a glória de mais uma missão cumprida, observa as cenas de uma sociedade caótica que encontra ordem na desordem, revolta-se (ou não!) com um teatro político encenado por um elenco que de quatro em quatro anos é renovado, e ainda é um admirador dessas e de outras diversas situações que saltam aos seus olhos. Não importa se sua incansável retina estará mirada para o passado, presente ou futuro. Sirva aos seus próprios desejos e, sem amarras, demonstre seus porquês, suas certezas e suas indagações. Quando começa? Agora, com a fotógrafa Thelma Vilas Boas [www. thelmavilasboas.fot.br], que defende o tema Aquecimento global: faça alguma coisa estruturado por imagens realizadas por ela. Imagino que precisamos mesmo embarcar numa atitude eficiente para conter o aquecimento global. De nada adiantarão reformas políticas e combate à desigualdade social se não tivermos um planeta habitável. A situação é crítica e emergencial. Não há tempo a perder e devemos tomar uma atitude agora , dispara.
FotosThelma
Vilas Boas
eu com a câmera
Numa empreitada em que a única regra era ter liberdade para fotografar, Renata Simões, apresentadora do canal Multishow, da Globosat, registrou as realidades que se espalharam ao redor de seu olhar ao longo de uma semana. Aficionada confessa por fotos, Renata traduziu, no ensaio a seguir, os momentos, as pessoas, os acontecimentos e todos os outros episódios que marcaram o seu cotidiano cercado de músicas, cheiros, arte, moda, festas, dança, cores e figuras de todos os gêneros. Conhecida no cenário artístico pelo comando do programa Balada em Revista e por sua passagem pelo Vídeo Show, na Globo, essa pernambucana de nascimento e paulistana de coração retorna à cena televisiva, em julho, com a estréia de Urbano, uma nova atração focada em comportamento que irá explorar as ferramentas do universo da internet. É um blog e um programa de TV: no blog você segue a criação das pautas e as percepções do que a gente vive na rua, e na TV você acompanha os bastidores desse blog , antecipa. Numa entrevista descontraída, a mulher com alma de menina, envolta de cultura por todos os lados, revelou, entre uma gravação e outra, seu conhecimento e suas preferências dentro do cenário da fotografia.
POR FLÁVIA LELIS FOTOS RENATA SIMÕES
Fotografia é...
Tentar capturar aquele instante entre o inspirar eo expirar
Tem fotolog ou Flickr?
Tenho fotolog [www.fotolog.com/ nilda] e penso em abrir uma conta no Flickr.
Faz a linha não saio de casa sem minha câmera ?
Não saía de casa sem câmera, qualquer que fosse, digital ou as analógicas omo, ou uma outra pequenina comprada num supermercado gringo, toda rosa e com flores medonha, parece da Barbie, mas ótima para fotografar amigos em festas. Por causa do tamanho, cabia perfeitamente no bolso de trás da calça. No momento, tenho de apelar para a câmera do celular, de que decididamente não gosto. E está cada vez mais chato achar filme para a cor-de-rosa, que usa um tipo específico de filme
Quem está nos seus porta-retratos?
O tempo bom que não volta nunca mais: infância com pais, irmã e primos, os amigos verdadeiros e imaginários, o gato Chico e monstros aplicados digitalmente numa foto de trabalho
ótima. Aliás, rolam fotos dos bons momentos de trabalho e os momentos Únicos que só as viagens proporcionam: paisagens, acontecimentos, novos e estranhos enquadramentos...
Curte quais fotógrafos?
Gosto muito dos trabalhos de Ignacio Aronovich e Louise Chin, do Lost Art, Pedro Martinelli, João Wainer, do coletivo Rolê, que sai para fotografar a cidade à noite, e das imagens que a Zélia Gattai publicou no livro Reportagem Incompleta, onde ela fotografa a vida de Jorge Amado (e dela, por consegiuência) e usa »
fotos e palavras para criar poesia
Dos gringos gosto muito do Robert Doisneau pela simplicidade, Man R pela poesia, Henri Cartier-Bresson pela genialidade e Helmut Newton pela loucura .estética. 2 O livro
Back in the Days, de Jamel Shaba absolutamente incrí pelas fotos e pelo conteúdo que é fotografado Nova York no começo da década de 80, a cultura negra e street nascendo. Gosto muito das fotos do B do David LaChapelle, embora considere seus livros muito mais trabalhos de pós-produção do que de fotografia.
Quem gostaria de clicar?
Pode ser um momento? A Queda do Muro de Berlim, a história de mísseis
soviéticos apontados para os Estados Unidos, a morte do Saddam Hussein, a queda das Torres Gêmeas, a visão do atirador de John Kennedy, as paisagens do Laos e as plantações d papoula da Ásia, os animais enormes da África, sua população e as minas de diamante.
E você gostaria de ser clicada ao lado de.
José Saramago, Fernando Pessoa, Jac Kerouac, Martin Luther King, Buda.
O que você pode adiantar sobre seu novo programa, o Urbano?
Urbano é um programa focado em comportamento: manias, atitudes, febres, modismos de quem vive na
cidade. É um blog e um programa de TV: no blog você acompanha a criação das pautas e as percepções do que a gente vive na rua, e na 1 acompanha os bastidores desse blog isso porque o programa começa com uma reunião virtual de quatro pessoas (três convidados que podem estar em qualquer lugar do mundo e eu) em que d cutimos o assunto da semana por exemplo, gente que é multi, que tem mais de uma função/profissão na vida. Depois desse bate-papo, vou para a rua investigar se isso é ou não verdade, se é só papo de internet ou se existe mesmo no mundo real. À equipe me acompanha de longe, porque vou para a rua munida de microcâmera e microfones =
POLITKA,
RENATA SIMÕES
Na web: Lost Art [Iwww.lostartbr] e B+ [wwwmochillacom/bplus/index.htm]
Na TV: Lost Men in Trees e Urbano
No iPod: Regina Spektor, Roisin Murphy, Dom Um Romão, Tamba Trio, Z'Africa Brasil, Mamelo Sound System, Mzuri Sana, Tita Lima, Céu e Mariana Aydar
No desktop: imagem criada pelo J3 Concept
ojojg
andré
arruda
O: era um prosaico Congonhas-Santos Dumont, 45 minutos se tanto. Mas estava chovendo, e a funcionár nhora do balcão da empresa aérea (me recuso a falar o nome da dita) explica pausadamente, com um desânimo solícito de quem já repetiu o roteiro umas trocentas s, que, dada a manutenção na pista principal e devido às chuvas fortes, o seu vôo está sem previsão, mas pode ser realocado para Guarulhos, podendo aterrissar no Santos Dumont ou no aeroporrrrto Tom Jobim . Enfim, foda-se. Sou simpático o que posso com a senhora do balcão, ela pesa minha bagagem, quase passa do limite, peço pra lacrar as quatro malas, tag Frágil nas três de equipamento e câmera, e lentes vêm comigo. E também O Afegão, novo livro de Frederick Forsyth, no bolso traseiro da mochila Tamrac, na página 147. Eu adoro Forsyth. Eu adoro Tom Clancy. Eu adoro Mail Call. Eu vi Band of Brothers muitas vezes. Pode me chamar de babaca. Tô nem aí, mas dessa música não gosto.
A sala de embarque cheia, acima da capacidade do ar refrigerado, e penso na reforma milionária por que Congonhas passou... Espero, espero, leio, leio, vejo o Michel Melamed lá do outro lado, decorando algum texto e repetindo olhando pro vazio. O anúncio chega na voz alto-falante: temos que ir para Guarulhos de ônibus. Fila pro ônibus. Mau humor geral. Muita gente falando ao celular. Lembro que os passageiros dos aviões de 11 de setembro ligaram para os seus entes e disseram apenas mensagens de amor. Durmo no ônibus. Acordo. Caras desoladas, suspiros profundos. Em Guarulhos, passamos de novo pela fila do detector de metais, converso com um senhor de casaco azul-bebê sobre trem-bala, ele fala que esteve em Lyon, Nice, Paris. Nunca estive em Paris. Sala de embarque outra vez. Minha sede de café é violenta. Vício. Acho uma lanchonete MUITO distante do portão, e aposto que vai dar
FLIGHT DESESPERATOR
tempo. O senhor do casaco azul-bebê que andou de TGV também quer café mas fica com medo de perder o avião e desiste. Aposto que vai dar tempo, peço um expresso duplo, o serviço é lento, uma criança quer chicletes, uma senhora diz que o sanduíche está frio, pago com moedas. Bebo o café já na fila pro avião. Café é para os fortes, é para os que nunca usarão casaco azulbebê. Esperamos dentro do aparelho uma eternidade. Forsyth me guia pelo Afeganistão, pelo estreito de Bósforo e Oceano Índico. O jato decola. Alívio. Tempo regulamentar esgotado pra chegar ao Rio, chove horrores e o piloto dá voltas e voltas. Sei que em Heathrow até 15 aeronaves ficam em espiral por vez, 24 horas por dia. O avião baixa o trem de pouso e... arremete! Arremeter é o verbo. Não entendo nada, joguei muito Flight Simulator e isso dá game over! O chofer avisa que devido ao mau tempo o avião retornará a Guarulhos etc etc. Muita gente fala alto, no livro uns terroristas fuzilam uns infelizes, uma lourinha interessante do meu
lado leva as mãos ao rosto e esboça um choro. Eu falo merda muito alto. Resumindo, porque o espaço está acabando: voltamos, e esperou-se (m uma eternidade DENTRO do avião, pois havia passageiros que desistiram da viagem, e a companhia teve que descarregar todas as malas, encontrar a bagagem dos desistentes e recarregar tudo de volta. Foi-se o sábado. O vôo retorna, eu termino o livro e pousa-se no Tom Jobim. Espero minhas malas. Nem quis ver a mala de equipamen imaginei tudo batendo e se quebrando de Congonhas até aqui. Faltou a de roupa. 3 em 42 Tá bom , ainda pode ter algum tiroteio na Linha Vermelha. Preencho um pedido de resgate da mala, racho um táxi com mais 3 vítimas pra Copacabana, e no meu ban 5, enfim, o relógio avisa que são cinco pra uma da manhã. O vôo era às 16h, o livro tem 382 páginas e Forsyth nunca veio ao Brasil.
André Arruda
Coloque sua carreira em foco.
Na RE Sao Paulo: EEE Santana, Eiucls ETTA E Es [O ERE Osasco. Senac Itaquera, Ed A
ELES Botucatu, Ea E:ETA Senac Santos, Er RE ELES Guara [ue R [Eh Senac LiLer Suite[LUTA io pe qdts Las e! a ac São pus EEE Campos. Senac Soroca
paulo
fodinha pelo fodão
Pelo tom ambiente, impossível desconfiar que, ali naquela sala, em algum ponto da cidade de São Paulo, estão reunidos dois desconhecidos com perfis completamente diversos, já que risos e mais risos criaram a melodia que entorpeceu o espaço durante uma entrevista. Mais alguns segundos e a engrenagem da conversa seria movida por amores, prazeres e - por que não? - o surfe. Descrevendo a cena assim, você facilmente imaginaria uma infinidade de pessoas que poderiam compor esse contexto. Mas aqui a situação é a seguinte: de um lado está o fotógrafo Klaus Mitteldorf [www.klausmitteldorf.coml] experimentando a função de entrevistador, e do outro o jovem Bruno Miranda [www.brunomiranda.com.br], 24, que entra em cena para ser o personagem principal dessa história. Se você é do tipo que acredita que, ao longo desse bate-papo, só um aprendeu enquanto o outro apenas ensinou, é melhor rever os seus conceitos. Aliás, além da troca de experiência, ficou a sensação de que os dois, mesmo provenientes de tempos diferentes, em algum momento da história naturalmente se tornariam grandes amigos.
TEMPOS
EDIÇÃO FLÁVIA LELIS ENTREVISTA KLAUS MITTELDORF FOTOS BRUNO MIRANDA
Você é de Vitória?
Sou, sim.
Você está brincando! Quando eu tinha uns 20 anos, passei um tempo em Vitória e conheci a Giovana, uma gatinha. Isso foi em 77. Em 2007, ela me escreve um e-mail falando que já está com uma filha de 20 anos, Manoela, que vai estudar fotografia. [risos] Mas vamos começar: por que fotografia na sua vida?
Foi rolando. Comecei a brincar com pinhole, mas não sabia que podia fazer tudo aquilo com uma latinha. Comecei a gostare ganhei uma bolsa na faculdade de Jornalismo pra ser laboratorista. Saí da faculdade e entrei num jornal, A Gazeta, o maior de Vitória. Lá a carga horária de fotógrafo é de cinco horas por dia, então tinha muito tempo pra minha produção. Chamaram-me pra trabalhar lá em Minas Gerais, pedi a conta no jornal e pensei: vou fazer o que em Minas? Vou pra São Paulo; se for pra quebrara cara, quebro de uma vez. Chegando aqui, no primeiro mês eu não fiquei sem trabalhar. Dei uma sorte... Conheci o Fernando Luna[diretor editorial] da revista Trip e o Toni Pires [editor de fotografia do jornal Folha de S.Paulo], que me chamaram pra trabalhar. Então, comecei a fazer frila para os dois e já não tive mais problemas.
Que sorte, hein, cara! Você faz porra-louquice, mas, se não tiver sorte, vai se dar mal. Você pegou pessoas boas, não caiu em roubada?
Em Vitória eu caí muito, claro, começando a fotografar... É a fotografia nas mãos de poucas pessoas que fazem a mesma coisa. Que não deixam de fazer bem-feito, mas não existe mercado pra além do que existe lá dentro. Mas está crescendo.
Saindo de lá, qual a imagem que você tinha? Por que São Paulo?
Foi justamente porque tinha muita vontade de sair de lá, e tudo acontece em São Paulo. Quando estava em Vitória, pesquisava na internet e tudo rolava aqui. Quando você está fora, você tem necessidade de saber o que está acontecendo no mundo. Quando você está aqui, você vive as coisas do mundo. Pensei: tenho que ir pra São Paulo.
O que você imagina que pode virar como fotógrafo, pra ganhar dinheiro?
Pra ganhar dinheiro, descobri uma fórmula aqui em São Paulo que é pra quem não quer ficar sem trabalho: aprenda a fazer um retrato bem-feito, porque o mercado editorial é muito grande, tem muita gente que precisa disso. Tem muitos bons fotógrafos, mas na hora de fazer um bom retrato eles parecem não acreditar que poderá sair bom ou que se trata de uma coisa interessante
Quem faz um bom still também sempre vai se dar bem, porque é uma coisa que todo mundo quer. O que você falou significa especialize-se em alguma coisa ?
E, com certeza. E nunca esquecer do resto. Acabei de voltar de uma viagem onde fotografei um pouco pra mim. Tinha dois anos que não usava filme. Como minha coisa é mais com gente, fui para o lado do retrato.
Eu sou uma pessoa que conhece bem digital, mas que não curte. Pra você é normal? Você não se preocupa com o fato de não ter filme? O que você usa pra fotografar?
É, é normal. Gravo CD e tenho o HD sempre nos dois, é assim. Do que eu mais gosto eu tenho ampliado. Negativo pra mim é hobby. Uso a melhor câmera pra fotojornalismo, é a Mark 2, 8 megapixels, todas as lentes, jogo completo, 16/35, ela faz 8,2 fotos por segundo, é boa pra esporte.
Você tem essa sensação de que trabalho novo é sempre um desafio? Você sente que fazer um trabalho onde você nunca foi dá muito mais tesão?
Claro! É a mesma coisa! Porque jornal tem isso, você acaba fazendo a mesma pauta todos os anos, a mesma missa de não sei o quê, o dia de Finados, isso é uma coisa que massacra o olho. Outra coisa é trabalhar todo dia. Isso é o que mais pesa. Eu penso em largar o jornalismo por isso, mas não hoje; ainda tenho muita lenha para queimar.
Você tem algum plano?
Tenho alguns amigos, e a gente pensa em montar uma agência. Não de hardnews, mas para cobrir mercado editorial.
Não tem nenhuma agência brasileira. Como seria a agência ideal?
Tem a Futura Press, mas ela trabalha de uma forma que não é legal. Você se pauta e, se vender, ganha alguma coisa. Minha agência funcionaria igual à Seven. Eles saem pra fazer suas respectivas pautas, mas eles têm capital. Então, você pode ir para o Iraque, fazer uma reportagem de dois meses, contar uma história, sabe? Investir numa historinha. Aí, sim. Pra mim, essa é a graça do fotojornalismo.
Acho que você tem que ir atrás. Aqui no Brasil a gente pode tentar fazer, mas é só com lei de incentivo à cultura. Dá pra você fazer, mas aqui não é financeiramente viável.
Mas por quê?
Porque ninguém quer, porque O mercado tem seus próprios
fotógrafos, e mesmo se não tivesse, acho que hoje o mercado editorial brasileiro não suporta esse tipo de publicação. Não é por nada, mas não é interessante comercialmente, não é interessante dar uma puta reportagem fotográfica, com um texto de duas, três páginas contando uma história. Hoje tem cada vez menos.
Mudando um pouco de assunto, como funciona: você faz digital e entrega em mãos, ou transmite? Como você faz?
Transmito pelo computador, via internet, ftp. Mas depende do lugar, eu tenho celular e uma placa.
É via celular muitas vezes? E custa muito? Estou procurando isso.
Muitas vezes. E essa placa é como um celular também, é um número de telefone em que se paga uma conta por mês e em que eu tenho acesso livre à internet em alta velocidade. Mais ou menos, depende, não custa muito não. Eu pago R$ 100.
Fotografia com o celular é uma coisa que tenho feito ultimamente. E tem definição, não é uma porcaria. Eu vou te dizer que eu precisei de uma dessas aí na minha viagem. Minha câmera quebrou, eu tava no Deserto de Sal, três dias sem câmera.
Já fez alguma exposição?
Em Vitória, eu fiz quatro exposições. Na primeira eu fiz tudo ampliei tudo, sobre o movimento hippie pós-moderno, passei um ano e meio fotografando os caras. Depois eu fiz uma outra do Impublicável, que era um blog que eu tinha com outros fotógrafos. Tudo que não publicavam a gente colocava lá.
Mas por que não publicavam?
A gente trabalhava em dois jornais que não acreditam nem um pouco em fotografia, o que é triste de ver. Não tem nada nem mais ou menos, então a gente fez isso como uma maneira de protesto. Chamou atenção, os chefes foram na exposição... P Falaram: Ah, por que eu não dei essa foto? Por que eu não dei aquela foto? .
Em Vitória rola uma política muito forte, né? A impressão que eu tenho do Espírito Santo, no geral, é essa.
Rola, rola... Os políticos mandam nos meios de comunicação É triste, mas é verdade. É como quase toda cidade menor.
Eu vi o seu site. Acho que você tinha que destacar mais umas fotos.
Aquele site é bem antigo. Uma amiga minha que fez, ela tava começando a estudar, mas amanhã eu já começoa atualizar!
OS CARAS
Klaus Mitteldorf
Gostaria de citar uma definição sobre mim publicada pela revista americana The New Nude em 2006: "Existem basicamente dois tipos de fotógrafos no mundo, aqueles que almejam capturar o mundo do jeito como ele é, e aqueles que pretendem mostrá-lo do jeito como gostariam que fosse! O Klaus com certeza pertence ao segundo grupo . Fotografia para mim é uma eterna terapia!
Bruno Miranda
Capixaba de Vitória, me formei em jornalismo em 2004. Lá, trabalhei com fotografia publicitária e institucional, até começar no fotojornalismo diário no jornal À Gazeta. Em 2005, vim para São Paulo, e desde então trabalho como fotógrafo do jornal Folha de S.Paulo, e colaborador da editora Trip e da gravadora Trama.
AIBA MAIS:
Leia a íntegra desta entrevista em www.fotosite.com.br/fodao
Klaus Mitteldorf
por E marcio scavone
Ouvi uma vez uma história sobre um museu à noite. Sobre a noite dos quadros, o sono das esculturas, das gravuras e dos desenhos mergulhados em sonhos, exaustos de tanto serem olhados durante o dia. Olho o fotógrafo tornado editor, a personalidade generosa, dono do olhar curioso de quem desvenda. Entendo seu cansaço Era como se, para cada opinião, cada edição de corpo de trabalho alheio, toda a história visual do seu cérebro toda a sua memória referencial fosse
PISCO DEL GAISO
é realmente uma maldição, viver ao seu lado e não poder tocá-la é a maior delas. O meu amigo teve a coragem de despertar novamente e viver à sua maneira com a sua Arte. Amanheceu sobre Pisco Del Gaiso Telefono e ele não está no prédio contemporâneo na região da Berrini, muito menos na casinha de vila do Brooklin, não mais vagava pela geografia visual alheia atendeu o celular do outro lado do mundo. Sua fotografia o levara para uma missão
Pisco finalmente despertava de suas mil e uma noites
Quando ouvi a decisão do editor que queria voltar a ser fotógrafo, do homem que estava cansado de olhar pelos olhos dos outros e queria simplesmente, olhar silenciosamente para dentro de si, soube quem seria o próximo personagem desta página. Sabia que havia um rosto a ser revelado, o rosto do criador do Fotosite
Afinal, quem não quer conhecer o na Arábia Saudita Criador? E num só fôlego, revirada. Se a belez
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