Dom e contradom visual: a utilização da fotografia no contexto da violência e/ou ilegalidades Bárbara Copque INARRA-PPCIS Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Brasil
“Se você abrir uma pessoa, irá achar paisagens. Se me abrir, encontrará praias”. É assim que Agnès Varda (2008), cineasta belga, apresenta seu filme e, através das praias, atualiza seu passado. Quando, entre os anos de 1976 e 1978, os portões da penitenciária Talavera Bruce – unidade feminina situada no Complexo Gericinó/Bangu – foram abertos para a pesquisadora J. Lemgruber (1983), ela se deparou com paredes e portas cinzas, despojadas de qualquer elemento decorativo; piso em cerâmica, de um verde esmaecido e sempre impecavelmente limpo; corredores que parecem não ter fim – tudo transmite a sensação de vazio imenso. Internamente também não há que pairar dúvidas: isto é uma prisão. (p.29) No entanto, em 2009, ao ultrapassar os mesmos portões, logo percebi uma mudança da relação com o ambien-
333