Ministério da Cultura, Fundação Clóvis Salgado e Funarte apresentam
PAISAGEM AMBULANTE 381
PARA RÊ, JOÃO E ANTÔNIO. POR QUEM A SAUDADE SE FEZ EM ARTE.
Por quase cinco anos, o fotógrafo Daniel Moreira percorre com regularidade um trecho de 200 km da BR 381.
INVISÍVEL PAISAGEM Este é o registro da Paisagem Ambulante 381 do fotógrafo Daniel Moreira, exposição realizada pela
Entre idas e vindas, desvios e mudanças de rota, o artista dirige sua atenção às reconfigurações no desenho da
Fundação Clóvis Salgado entre 31 de março e 5 de julho de 2015. Primeira mostra a ocupar o histórico edifício da Av. Afonso Pena,
paisagem local a partir da inclusão de elementos que, em certa medida, provocam inquietação e estranhamen-
737 após o reposicionamento da FCS de consolidar a importância da produção fotográfica, a exposição inaugura o funcionamento
to. O olhar do viajante é atraído por estruturas metálicas ou placas em decomposição; trailers aparentemente
do espaço como CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais. ¶ O reconhecimento da qualidade e potência da fotografia
abandonados. Elementos que, mesmo tendo perdido sua função primeira — qual seja a de sinalizar, ou ser vir
revelada em Minas serviu de ponto de partida e de alicerce primeiro dessa tomada de decisão. A explicitação dessa destinação
de abrigo seguro e confortável —, ainda se afirmam na paisagem, agora mais como monumentos ao espaço em
resgatou, ainda, a vocação inicial do espaço, uma vez que abrigara a sede do Instituto Moreira Sales, instituição responsável por
trânsito, ao não lugar, ao devir. ¶ No senso comum, paisagem pode ser compreendida como um espaço terri-
um dos mais representativos acervos fotográficos do país. ¶ Daniel Moreira foi contemplado, em 2014, com o XIV Prêmio Funarte
torial abrangido pelo olhar; como tudo que podemos ver ao nosso redor, isto é, tudo o que podemos alcançar
Marc Ferrez. A presença da Paisagem Ambulante 381 na CâmeraSete representou um significativo passo para a tomada de decisão
visualmente numa determinada extensão territorial ou espacial. A paisagem é, portanto, construída a partir da
que revocacionou o espaço de modo a estimular e difundir a nova produção fotográfica contemporânea. ¶ Paisagem Ambulante
síntese de todos os elementos presentes nesse local — sejam eles naturais, humanos, como também rastros
381 convida quem a contempla a uma viagem pelo que já não mais existe da BR-381, famosa via de ligação entre Belo Horizonte e
decorrentes dessa presença humana. Ambiência e seu habitante numa relação de contaminação e complemen-
Ipatinga. A paisagem revelada instiga e convida a reflexões sobre variadas gamas de nuances que permeiam esse trajeto. ¶ Nada
taridade. ¶ Mas a percepção é sempre ação e, embora o viajante pareça não tanto aquele que constrói paisagens,
mais do que se coloca ante o olhar do visitante - através da lente do artista - continua a existir. A reconstrução da própria estrada
no caso de Daniel, o olhar do artista/viajante não se contenta com a mera contemplação passiva. Ele apreende
acabou por reconfigurar seu entorno, que sobrevive agora pelas imagens capturadas. Restos abandonados e vestígios de demoli-
criticamente o que vê e, atento às nuanças e texturas mais íntimas, refaz o dado apreendido num emblema váli-
ções que circundam a rodovia, transeuntes e viajantes que habitam a paisagem retratada pela poética do fotógrafo não passam de
do ao qual somos então confrontados. ¶ PAISAGEM AMBUL ANTE 381, segundo o próprio Daniel, consiste em um
objetos de memória preservados pelo olhar de Daniel Moreira. ¶ O recurso ao p&b foi preciso para expressar a exata dimensão da
estudo fotográfico que aborda a construção dessa teia de relações que se estabelece entre o ser e a paisagem.
paisagem invisível. O artista convoca o olhar do viajante/visitante a se deparar com uma paisagem potente e prenhe de signos por
Aparente desordem que, em verdade, constitui—se numa outra ordem, um novo sistema de equivalência decor-
ele transformados em inquietantes imagens. Modelos humanos, naturezas mortas, vastos horizontes. Enigmáticas expressões,
rente da luta por sobrevivência de indivíduos que por ali vivem numa condição de nomadismo. Reordenação que
inusitados objetos, áridas paisagens. Detalhes de cenas, flagrantes de composições, enquadramentos de situações. Esse conjunto
se faz pela apropriação criativa dos elementos abandonados nos arredores da estrada, gerando uma série de
de elementos é flagrado pela ambulante e atenta câmera do fotógrafo, na criação de um locus implacável, que não poupa nada ou
contrastes que sugerem “outra” unidade estética. ¶ Ao avançarmos da dimensão da experiência vivida à expres-
ninguém - nem a si mesmo - da contundência do seu registro imagético. ¶ Daniel Moreira introduz, com Paisagem Ambulante 381,
são, eventualmente reconfiguramos a ordem ou mesmo a aparência mais evidente, mas não mudamos o mundo.
uma singular visão do universo marginal que compõe e habita as estradas da vida. O próprio processo histórico encarregou-se, a
Ele é o mesmo, tanto para o vivido quanto para sua eventual tradução. Apenas editamos o vivido, orientados por
posteriori, de radicalizar sua leitura pelo jogo entre acaso e necessidade. Definitivamente, a paisagem da BR-381 não é mais a mes-
alguns pressupostos que dirigem maior atenção a aspectos que se relacionam ao que entendemos por nosso,
ma. É outra. Mesmo. O que não existia - mas que mesmo assim fora mostrado pelo artista - passa a já não ser mais. Resta apenas
como também a tantos outros que, em verdade, dizem mais respeito a outrem — mesmo que não nos demos con-
a paisagem. A construção de objetos. De memória. Ou de arte. Paisagem Ambulante 381 é cartografia, traçado e trajeto dignos de
ta. Desde nossa percepção até quando nos referimos a ela, somos inevitavelmente afetados e influenciados por
nota. Registre-se! // AUGUSTO NUNES-FILHO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO
algumas linhas de força que norteiam nossa relação fundamental com o mundo. ¶ É nesse sentido que, embora
A FOTOGRAFIA EM SUA CASA A exposição de Daniel Moreira abriu o calendário de 2015, anunciando a implantação da Casa da
as melancólicas paisagens captadas por Daniel nos alcancem inicialmente como situações estranhas e disso-
Fotografia de Minas Gerais. A Fundação Clóvis Salgado, ao concretizar uma das metas prioritárias da Secretaria de Estado de
nantes, elas não tardam por nos aliar a seu sistema de harmonia — certamente pela sensibilidade com que o
Cultura, instalou a CâmeraSete, na edificação histórica sob sua responsabilidade, junto à Praça Sete, coração de Belo Horizonte.
artista elabora sua poética —, a ponto de as considerarmos nossas. Mesmo reagindo inicialmente à ideia de que
¶ A iniciativa veio oferecer aos fotógrafos e ao público o espaço que, permanentemente, acolhe as mais diversas manifestações
o céu cor de chumbo que encima as inóspitas paisagens e personagens retratados possa ser o mesmo que paira
ligadas à fotografia. É um campo em que Minas Gerais se distingue, sempre mais, pela qualidade do trabalho de seus autores, em
sobre nossas cabeças, somos logo arrebatados e convencidos de que vivemos e percebemos o mesmo mundo.
perspectiva inovadora e instigante. Daí a necessidade de um centro fotográfico que reúna e projete essa importante produção. ¶
¶ A paisagem que, numa primeira mirada, marginamos com recursos preventivos — entre a curiosidade e o es-
A admirável linguagem artística, que assinala, nas diferentes regiões do Estado, numerosos talentos reconhecidos mundo afora,
tranhamento — se oferece em substituição a eventuais perdas de certeza, em uma transparência mais adequa-
encontra na CâmeraSete o apoio indispensável ao conhecimento, difusão e preservação de suas obras. ¶ A grande viagem de Da-
da; em um sinal minúsculo, porém contundente, que indica sua posição no mundo. // ALEX ANDRE SEQUEIRA
niel Moreira pela BR/381 inaugurou o caminho que conduz à valorização da fotografia, em meio ao entusiasmo das expectativas
ARTISTA PLÁSTICO, PROFESSOR DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA ARTE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ.
quanto aos rumos da cultura mineira. // ANGELO OSWALDO DE ARAÚJO SANTOS SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA
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GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
APOIO ADMINISTRATIVO
Fernando Damata Pimentel
Jairo de Oliveira
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
MONTAGEM
Antônio Andrade
Edivaldo Gomes da Cruz e Ronaldo Braz da Silva
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
ESTAGIÁRIOS
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Cristina Lima Cardoso e Leandro Duarte Felipe Godoy
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE
COORDENADORA DO PROGRAMA EDUCATIVO
CULTURA DE MINAS GERAIS
Fabíola Rodrigues
Bernardo Mata Machado
EDUCADORES Ana Carolina Ministério, Ana Flávia Paes, Antônio
danielmoreira.art.br
— FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO
Vieira, Clarita Gonzaga, Daniela Nocchi, Deborah
PRESIDENTE
Silva, Fabiane Barreto, Frederico Mendes, Gerson
Augusto Nunes-Filho
Castro, Glenda Martins, Henrique Goulart, Isa Carolina
DIRETORA ARTÍSTICA
Souza, Luiza Saldanha, Naíra Duarte, Nelian Marques,
Cláudia Malta
Paulo Peixoto, Rita da Matta e Tatiane From
DIRETOR DE ENSINO E EXTENSÃO
ASSESSORA-CHEFE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Roger Vieira
Júnia Alvarenga
DIRETOR DE MARKETING,INTERCÂMBIO
COORDENADOR DE PUBLICIDADE
E PROJETOS INSTITUCIONAIS
Vitor Garcia
Gilvan Rodrigues
ASSESSORIA DE IMPRENSA E MÍDIAS DIGITAIS
DIRETORA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS
Gabriela Rosa, Ana Carolina Dias, Vítor Cruz, Rafael
Kátia Carneiro
Rodrigues, Paulo Lacerda (fotógrafo), Nina Rocha (estagiária),
DIRETORA DE PROGRAMAÇÃO
Pedro Barbosa (estagiário) e Maíra Duarte (estagiária)
Ray Ribeiro
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GERENTE DE ARTES VISUAIS
Yasmin Moura e Victor Endo
Uiara Azevedo
RELAÇÕES PÚBLICAS
ASSESSORA DA GERÊNCIA DE ARTES VISUAIS
Paula Hosken e Sara Kalil (estagiária)
Ana Cristina Lima
REVISÃO EDITORIAL
CHEFE DE DEPARTAMENTO DE ARTES PLÁSTICAS
Maria Eliana Goulart
Karolina Penido CHEFE DE DEPARTAMENTO DO CENTRO DE
— EXPOSIÇÃO PAISAGEM AMBULANTE 381
ARTE CONTEMPORÂNEA E FOTOGRAFIA
CONCEPÇÃO E IDEALIZAÇÃO
Rodrigo Gonçalves da Paixão
Daniel Moreira
PRODUTOR
PROJETO GRÁFICO DA PUBLICAÇÃO
André Murta
Tidé
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