seu retrato sem você tatiana eskenazi
Para os meus pais, os meus filhos e você
Je ne peins pas l’être. Je peins le passage. Michel de Montaigne
SEU RETRATO SEM VOCÊ
sempre teve dificuldade com retratos outros temas aconteciam naturalmente é fácil notar a ausência de pessoas em suas imagens retratos posados então, nem pensar até que percebeu que precisava retratar os seus principalmente os ausentes seria impossível retratar os mortos então pensou em retratá-los sem eles a cadeira vazia, o piano pronto para ser tocado, aquela janela, a porta se abrindo reconstruir presenças e com os ainda vivos fazer o mesmo o espaço que ocupam será preenchido com a sua ausência e, claro, muito mais fácil retratar-te sem você
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TESTAMENTO
quando eu morrer quero não ter mais endereço ou a lembrança da existência inscrita numa lápide sequer meus poemas estes deixarei escritos para aqueles que desejarem me visitar não quero que resumam minha vida em duas datas e três linhas de suposta saudade deixo as flores para os amantes não ocuparei espaço onde já não vivo eu, de uma vez por todas, partirei sem malas não precisarei de um abrigo para os dias de chuva que continuarão existindo sem piedade já não serei, estarei somente, livre entrego as chaves a quem fica saio com a roupa da alma apenas e um único desejo a paz da qual fugi a vida inteira
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AO ACASO
tudo bem, eu queria que você me ligasse mas o que eu queria mesmo, de verdade era te encontrar ao acaso mais uma vez dar a sorte de te ter de frente assim sem esperar e inevitavelmente te levar para uma mesa de bar lindo seria o acaso brincar com a gente de novo te encontrar numa esquina qualquer, de um bairro distante em uma hora inexata distraídos e desatentos algo tão improvável, que se tornasse um sinal um aviso de que estamos vivos pelas ruas, esquinas, farmácias, padarias longe de casa a qualquer hora, estamos vivos e você sabe como é basta estar vivo
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FOTOGRAFIAS
fotografias foram feitas para serem vistas coladas em álbuns de família guardadas em um baú de memórias exibidas em porta-retratos empoeirados perdidas em mudanças encontradas dentro de um livro amareladas pelo tempo com rostos já irreconhecíveis guardadas em caixas de sapato no fundo do armário e um dia rasgadas fotografias foram feitas para serem esquecidas
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HORA EXATA
então começamos a nos despedir assim lentamente como quem sabe a hora exata de partir
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SÓ ME RESTOU PARTIR
palavras não têm peso pra você e eu não sabia o que pra você era nada pra mim era tanto fácil esquecer o nada impossível desistir de tanto Torre de Babel sem legendas
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RESTOS DE FITAS K7
gravava suas ideias em um gravador manual de fitas cassete falava em um microfone para gravar suas ideias no gravador manual restaram suas ideias gravadas em fitas cassete enumeradas não temos mais gravador para escutá-las emudeceram guardei as fitas cassete que você gravou para mim com músicas do rádio apertava o rec junto com o play para gravar as fitas cassete cortava as propagandas que invadiam a música não posso mais tocar as músicas que você gravou para mim direto do rádio não tenho mais toca-fitas restou sua mensagem gravada na secretária eletrônica na mini fita cassete da secretária eletrônica do aparelho de fax não posso mais escutar 15
seu último recado gravado na mini fita cassete não tenho mais secretaria eletrônica que use mini fitas cassete (elas também morreram) tenho apenas caixa postal que grava mensagens de voz de quem ainda deixa mensagens de voz que serão apagadas em trinta dias
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SOBRE NAVEGARMOS JUNTOS
quando você balança o barco eu enjoo
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RETRATO DE KOUDELKA
quem vê não percebe a primavera nem a espera o relógio marcou que o tempo parou no último silêncio
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(IN)CONSCIENTE é na vigília que moram os monstros na vigília, tudo
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SEU OLHAR E NADA MAIS
você me recebeu com um sorriso eu com as palavras ensaiadas na hora é sempre diferente não tive tempo de fotografar uma última vez cada objeto seu deveríamos ter ficado em silêncio aproveitado os últimos momentos sem as palavras entre nós talvez andasse pela sala gravando o nome de cada livro observando os quadros e pensando que você os escolheu e nos olharíamos o suficiente para registrar cada detalhe ainda despercebido pensando bem, você nem precisaria estar ali bastava te sentir em cada canto esta teria sido a despedida perfeita mas não foi assim eu falei quase tudo e quase nada um abraço contido e um boa sorte vazio seu olhar e nada mais
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FILHO
cento e sete centímetros de pedaço de mim saindo assim por aí cruzando o oceano com a mala que eu fiz
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NESPEREIRA
era uma nespereira e eles não sabiam como protegê-la
quanto tempo leva gestar um poema
era uma nespereira e espiávamos dentro dos saquinhos feitos de jornal
pode levar uma infância curta ou uma vida inteira
era uma nespereira e ansiávamos que amadurecessem para enfim comermos o poema
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DESTINO
eu faço planos a vida hahaha
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A SAUDADE ASSALTA
sim, o verbo é assaltar a saudade que sinto do meu pai, por exemplo me assalta há vinte e cinco anos do mesmo jeito não, hoje mais vai ver cresce com o tempo observo o vizinho falando sobre seus pais fala da “mamãe” como se ainda tivesse dez anos a mamãe envelheceu e se foi há muitas décadas mas assalta o vizinho aos oitenta como se ainda fosse dez meu filho com saudade de casa são assaltos repentinos podem ocorrer na escola, durante uma longa viagem ou uma ida à padaria faz algumas semanas, a saudade de você me assalta enquanto durmo que covardia, basta fechar meus olhos e vem você quando acordo o assalto me levou a distração e a saudade volta forte como se fosse ontem 24
não sei se me sinto com dez ou oitenta se passaram-se um ou vinte e cinco anos se estou perto ou longe de casa
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IRMÃS
elas dançam como ninguém nasceram assim diferentes de mim
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DIREÇÃO CONTRÁRIA
tenho pensado que enquanto espero que você dobre a esquina e saia do meu campo de visão as coisas passam por mim em outra velocidade dezenas de quarteirões ficam para trás e nos afastamos apenas alguns metros caminho como se subisse uma escada rolante na direção contrária tenho pensado que enquanto seguimos em sentidos opostos não saímos do lugar
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BIRDTALKING
assobiava para chamar passarinhos conversava com eles com convicção esta caixa de apitos à minha frente seria um belo presente de chamar passarinhos de todos os tipos conversaria com os bem-te-vis talvez viessem os tucanos o jacaçu e a jacutinga o macuco e o marrecão com sorte o uru nunca teve uma caixa de apitos no entanto esta me lembra você e no fim os dispensaria dizendo não serem tão bons quanto os assobios
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ainda assim esta caixa de apitos à minha frente seria um belo presente de chamar passarinhos
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AQUILO QUE EU NÃO TE DISSE
silenciava como se gritasse o meu silêncio só pra dizer o contrário do que eu sentia
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ÓDIO
acidente fatal a forma mais violenta e rápida de evaporação do amor esvaziamento de uma história não rasguem as fotografias queimem única situação em que quando o amor acaba acaba junto o que se viveu o fim não basta uma borracha por favor amnésia voluntária então o que fica é uma história sem começo nem meio e com final infeliz
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(DES)ENCONTRO virou a esquina um segundo antes
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NUNCA FOI TÃO BOM VOLTAR PARA CASA
Eu tinha a sensação de que despertaria a qualquer momento. Pela primeira vez na vida não sabia se estava acordada. Aquela poderia ser a última coisa que eu faria. Fazia sentido morrer naquela noite, naquele avião. Eu olhava as pessoas ao redor e todas poderiam morrer comigo naquele voo. Não sentia falta de despedidas. Nada por fazer, nenhuma ligação pendente. Os que ficaram estavam bem sem mim, os que esperavam seguiriam esperando. Eu fui longe. E então não soube o que fazer com o resto, com os nossos restos. Por isso eu volto, correndo. Por medo de não mais me encontrar, porque não quero mais nada. Talvez eu tenha morrido naquele voo.
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(IN)COMPLETUDE para Antonio não sei mais o que fazer sem a falta de você
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TUDO BEM
sabe, era isso que eu temia os dias passam e dói menos a gente se acostuma a não ter mais nossos encontros nem data marcada para se ver de novo começo a aceitar que talvez nunca mais e quase penso: tudo bem é, o tempo passa e vai ficando mesmo tudo bem sem taquicardias frustrações ou nossa cumplicidade a coisa toda começa a se tornar antiga sinto sua falta mas estou me apegando a ela chego a gostar mais da sua falta do que da sua velha presença as semanas passam e vão virando apenas semanas novamente e a vida segue bem sem nós
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NÃO MEMÓRIA
viagem cancelada ligação não atendida minutos de atraso ou anos o que não foi o que nunca
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AVC
é assim, alguém desliga a luz em um fim de tarde qualquer você se despede, meio com pressa deixa o resto pra depois não há imprevistos programados para aquela noite então você desliga o celular a tempestade anuncia e você até suspeita mas tem o costume de não notar vinte e três ligações não atendidas e você gela antes mesmo de escutar as mensagens você não está lá, uma última vez
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RETRATO DE TANTOS
onde dorme o bêbado a velhinha joga comida aos pombos molhado depois da chuva com dizeres rabiscados por alguém onde alguns descansam a mulher espera sozinha às vezes longo e a criança caminha segurando a mão onde eu desamparada
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BRANCO
se eu te encontrasse hoje, não saberia o que dizer só que você não foi legal você não foi legal comigo se eu te encontrasse hoje, nada nada a dizer acho que eu nem queria te encontrar deve ser por isso que não saí de casa
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#RIP os e-mails continuam a chegar também as cartas a página do facebook segue sem atividade inúmeros cadastros em infinitos sites senhas irrecuperáveis boletos de entidades beneficentes convites, promoções, corretores insistentes revistas e jornais: volte a ser um assinante estamos com saudade não se pode mais morrer em paz
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CRIANÇAS
Estas sim. Não estão aqui há tempo suficiente para se perderem. São tão deslumbradas com o que virão a se acostumar. Veem o mundo pela última vez.
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NÓ
e agora que eu tenho que resolver isso sozinha desatar o nó que você deu em mim que a vida deu em nós que já nem acreditávamos mais nos nós
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PRIMEIRAS PALAVRAS
farei um dicionário com as palavras que você inventou por não saber quais eram as palavras certas para quando você souber se lembrar dos nomes que as coisas deveriam ter
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A CARTA
se eu te escrevesse hoje acho que seria uma bela carta não escrevo, imagino apenas vou construindo o que eu te diria não me levanto pois é tarde e não quero perder o sono então passo horas a criar mentalmente esta carta e assim não durmo se eu te escrevesse hoje talvez fosse a melhor de todas agora, bem naquela hora em que os sentimentos assaltam em que martelam tentando sair se eu soubesse como fazer direito transformaria tudo na melhor a melhor carta endereçada a você porque é pra você que eu escrevo ainda, até hoje, a esta hora mas agora eu não escrevo e perco o sono
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5 ANOS Quando eu era criança, queria que o tempo passasse o mais rápido possível. A ânsia de crescer e viver, de completar uma e depois duas mãos cheias e então não caber mais nos dedos das mãos. Daí a gente cresce e vai querendo que o tempo passe devagar. Chega até mesmo a querer que ele pare. Os dedos das mãos e dos pés já não bastam para contar os anos. E a gente começa a pedir ao tempo para ser nosso amigo.
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O SILÊNCIO COMO UMA NÉVOA BRANCA
por onde meu olhar atravessa tentando encontrar (a imagem já quase apagada) enquanto ensurdeço com os trovões em meio à tempestade que cai lá fora
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DEZEMBRO
hoje é seu aniversário o primeiro dia do último mês do ano a data perfeita para deixar saudade todos os anos terminarão assim com a marca da sua ausência pessoas que nascem quando o ano velho se despede vêm cheias de promessas não olham para trás mais do que adiante o que passou está lá, longe pessoas da virada, sabem bem como seguir nascem prontas para as promessas de um ano novo que mais uma vez há de ser o melhor
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MIRAGEM
desapareceu como se não houvesse existido
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CRUZAMENTO
gosto de pensar que enquanto nos dirigíamos ao ponto exato no mapa em que nos cruzamos não fazíamos ideia o uber em que eu estava percorreu outro trajeto no tempo certo para sincronizarmos naquela rua o fato de eu ter descido um pouco antes — porque gosto de descer um pouco antes e chegar ao meu destino caminhando — fez com que eu atravessasse a rua na sua frente exatamente em frente ao seu carro gosto de pensar que como dois bonecos em uma maquete gigante — iguais aos legos que o meu filho monta e depois comanda com suas mãos minúsculas — 49
fomos agilmente empurrados para o ponto em que você pôde chamar meu nome eu nunca havia escutado meu nome na sua boca — e a gente sabe, pelo modo que a pessoa diz nosso nome — e eu que sempre quis saber como você diria o meu não poderia imaginar melhor maneira ou mais sonora
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OS RETRATOS QUE NÃO FIZ
dei para andar por aí a buscar fotografias que nunca fiz não paro e percebo que deixo escapar poemas pelos bolsos do casaco vão ficando para trás enquanto caminho caídos na calçada junto às folhas secas no retrato que nunca fiz
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PARTIDA
escolheu cuidadosamente cada coisa queria levar apenas o necessário para isso tinha que abandonar o e se e o talvez abraçar a dúvida e fazer escolhas roupas apenas as versáteis objetos os de extrema utilidade ou insubstituíveis sentimentos, os que ajudam apenas os que atrapalham, destes não precisa mais não daqui para frente nem para onde vai fechou a mala e partiu
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AVESSOS DO TEXTO por Gabriela Aguerre
Fotografia e poesia se encontram em Seu retrato sem você em um ponto que não se vê. Como um reflexo daquilo que já esteve presente, que ainda ecoa, mas que não chega a se conformar claramente. Este é um livro inconformado, um livro de não-retratos. Tatiana Eskenazi persegue imagens pungentes e cotidianas, chegando a formas belas de expressões do inexprimível, como quem morre para estar vivo, preenche espaços com ausências ou simplesmente reserva espaço para as faltas nas prateleiras. Não se atém a métodos obsessivos, no entanto confia no que vê e na lente pela qual observa, vendo os invisíveis. Um olhar que atravessa. Aqui as fotografias são feitas de palavras, plasmando imagens inexistentes. Seu retrato sem você cria a sensação de avesso que só a poesia (ou o verso de uma frase bordada em um tecido) atinge: a avesso do texto, antes de ser dito ou escrito, o pensamento antes de ser pensado. Como era? Em seus poemas, a autora subverte o caminho sem errar o passo: todos virando a esquina antes, no momento exatamente certo e errado. Neste relógio em pausa, cada vez
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num contínuo distinto, o pêndulo se move entre silêncios, provocando estrondos sutis, os nossos. Tatiana Eskenazi faz uma viagem de ida e de volta simultâneas. Sem malas, em companhia de seus vivos e seus mortos, ela traça um desenho sutil, de contorno fino, mapeando os espaços dentro e fora, permitindo que as silhuetas se preencham na leitura, nas leituras. O que sobra quando se apaga? O que persiste no que muda? Quem mora entre estes versos? A poesia aqui não tem começo nem meio, porque se torna presente apenas no momento aleatório do durante, que nunca acaba. Como os não-retratos que exibem e diluem, simultaneamente, presenças impossíveis. A poesia de Tatiana Eskenazi existe nela desde sempre. Sorte a minha, a nossa, de que agora elas brotem, como as flores para os amantes, como os frutos da nespereira, como as irmãs que dançam ou a vida assaltando os planos. Esperar vale a pena.
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TATIANA ESKENAZI Nasceu em São Paulo, em 1979. É formada em administração de empresas pela Faap e em fotografia pela Escola Panamericana de Artes. Nos últimos anos tem se dedicado especialmente à escrita poética e concluiu a Pós Graduação em Formação de Escritores do Instituto Superior de Educação Vera Cruz. Seu retrato sem você é o seu primeiro livro.
Seu retrato sem você 9 Testamento 10 Ao acaso 11 Fotografias 12 Hora exata 13 Só restou partir 14 Restos de fitas k7 15 Sobre navegarmos juntos 17 Retrato de Kouldelka 18 (In)consciente 19 Seu olhar e nada mais 20 Filho 21 Nespereira 22 Destino 23 A saudade assalta 24 Irmãs 26 Direção contrária 27 Birdtalking 28 Aquilo que eu não te disse 30 Ódio 31 (Des)encontro 32 Nunca foi tão bom voltar pra casa 33 (In)completude 34
Tudo bem 35 Não memória 36 AVC 37 Retrato de tantos 38 Branco 39 #Rip 40 Crianças 41 Nó 42 Primeiras palavras 43 A carta 44 5 anos 45 O silêncio como uma névoa branca 46 Dezembro 47 Miragem 48 Cruzamento 49 Os retratos que nunca fiz 51 Partida 52 • Avessos do texto — Posfácio por Gabriela Aguerre 55 Sobre a autora 59
© Tatiana Eskenazi, 2018 © Editora Quelônio, 2018 Edição e revisão Bruno Zeni Projeto gráfico Sílvia Nastari Composição do texto em linotipo George Dimitrov Assis Impressão tipográfica João Darc Morais Acabamento e costura Júlia Estronioli Fotos Tatiana Eskenazi Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Laura Emilia da Silva Siqueira CRB 8-8127) Eskenazi, Tatiana. Seu retrato sem você / Tatiana Eskenazi; posfácio, Gabriela Aguerre; fotografia, Tatiana Eskenazi; projeto gráfico, Sílvia Nastari. 1a ed. — São Paulo: Editora Quelônio: 2018. 64 p.; foto. ;13,5 x 20 cm. Capa composta em tipos móveis e clichê, textos em linotipia e impressão tipográfica. ISBN 978-85-93229-42-8 1. Literatura brasileira: poesia I. Eskenazi, Tatiana. II. Aguerre, Tatiana. III. Nastari, Sílvia CDU 821.134.3(81)
CDD 869.91
Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura brasileira: poesia 869.91
• Este livro foi feito em processos artesanais de composição de texto, impressão e acabamento na Tipografia Quelônio. Os títulos da capa foram montados à mão em tipos móveis e os demais textos nas tipografias Garamond e Life, compostos em linotipia, um processo que gera matrizes gravadas em chumbo. As fotos foram impressas na Inove Gráfica Digital. O papel da capa é o Marcate Nettuno Pesca 215 g/m2 e o do miolo é o Classical Natural White 90g/m2. A tiragem é de 250 exemplares. 1a edição, São Paulo, novembro de 2018.