10ª Mostra SP de Fotografia

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#AMAZÔNIAVIVA


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#AMAZÔNIAVIVA #FLORESTAEMPÉ

Apoio:

Idealização

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Patrocínio:

Realização:

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O ANO EM QUE A TERRA PAROU —

muito verde, paisagens lindas, bichos exóticos, a força e a pureza do olhar indígena. Este ano são 16 exposições, cinco delas selecionadas por meio de uma convocatória aberta para fotógrafos de todo o Brasil. No Ciclo de Conversas, as mesas, transmitidas apenas

Esta 10 ª Mostra foi desenha-

gente especializada contra

online, não são apenas uma

da há aproximadamente dois

a política do governo para

reflexão, elas também apon-

anos, antes do início da pan-

a região reverberavam por

tam soluções. Inevitavelmen-

demia, e tinha como data de

todos os canais de comuni-

te desembocam na urna em

abertura o mês de setembro

cação no Brasil e no mun-

2022. Quando se trata da

de 2020. Do fim da loucura

do. Nunca houve boa-fé com

maior floresta tropical do

que vivemos para cá, foram

a floresta, mas do início da

mundo, ninguém pode acei-

longos meses até conseguir-

atual gestão até hoje o que

tar que a ciência e a cultura

mos retomar o projeto, con-

temos assistido é uma bar-

local sejam subjugadas. Ou

tornar a perda de patrocí-

bárie. O desmantelamen-

o conhecimento milenar dos

nios, buscar novos parceiros

to dos órgãos de controle

povos originários.

e pôr em pé o que havíamos

e monitoramento, o fogo, a

iniciado lá atrás. O resultado

expansão dos garimpos ile-

outras atividades que a Mos-

da nossa pesquisa em tor-

gais, os ataques aos guar-

tra oferece ou das belas

no da Amazônia segue tão

diões ancestrais… mais que

imagens que selecionamos,

necessário quanto era há

dobraram. Os problemas,

estaremos cercados de mui-

dois anos. Infelizmente mais

que já eram enormes, fica-

ta riqueza, muita crítica e

atual do que nunca.

ram gigantescos!

muita informação. Obras de

Dentro desse cenário,

QUAL É A SUA AMAZÔNIA?

pessoas às quais agradeço

estamos aqui prestando uma

imensamente, um pequeno

homenagem a nossa extraor-

exército do bem que dá cor-

dinária floresta e a toda a

po à edição de aniversário

forma de vida.

de 10 anos da Mostra, a mais

Podíamos ter norteado

verde desses anos todos.

a pesquisa pelas infinitas

A Amazônia precisa ser

Antes da pandemia, quan-

denúncias, mas seria uma

entendida como fonte de

do iniciamos as conver-

pena abdicar de tanta bele-

vida e equilíbrio. O contrário

sas sobre o tema da Mostra

za. Estampar o tamanho

nos faz mal, gera violência,

2020, a Amazônia era con-

daquela natureza é a forma

envenena o planeta e coloca

sumida pelo fogo em milha-

que escolhemos para fazer

o Brasil como pária global.

res de pontos. Mas não era

“política”.

só isso. O desmatamento

6

Dessas conversas, das

Quem percorrer os endere-

atingia picos inéditos. As

ços na Vila Madalena assina-

SP, janeiro de 2022.

inverdades oficiais e as críti-

lados no mapa vai encontrar

Fernando Costa Netto

cas de cientistas e de muita

por quase todos os lados

/ DOC Galeria

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// LETICIA VALVERDES — Leia a seguir >>


A FLORESTA ESTÁ VIVA – DAVI KOPENAWA YANOMAMI

“A floresta está viva. Só vai morrer se os brancos insistirem em destruí-la. Se conseguirem, os rios vão desaparecer debaixo da terra, o chão vai se desfazer, as árvores vão murchar e as pedras vão rachar no calor. A terra ressecada ficará vazia e silenciosa. Os espíritos xapiri, que descem das montanhas para brincar na floresta em seus espelhos, fugirão para muito l o n g e . S e u s p a is , os xa m ã s , n ã o p o d e rã o mais chamá-los e fazê-los dançar para nos

proteger. Não serão capazes de espantar as fumaças de epidemias que nos devoram. Não conseguirão mais conter os seres maléficos, que transformarão a floresta num caos . Então morreremos, um atrás do outro, tanto os brancos quanto nós. Todos os xamãs vão acabar morrendo. Quando não houver mais nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele vai desabar.” — Davi Kopenawa, xamã e líder político dos yanomami

Leticia Valverdes, que divide seu

Atualmente se dedica à pesquisa

de rua brasileiras); “Meus Filhos

tempo entre Portugal e o Brasil,

para a série da BBC “Planeta Terra

Agora Sabem” (Brasil, Quarentena

tem desenvolvido trabalhos autorais

III” mantendo sempre contato com

Books/Ipsis, 2021); e “Dear Ana”

há duas décadas. Seu primeiro

os povos indígenas da Amazônia

(Reino Unido, Hurtwood Books,

projeto foi com meninas que

e suas importantes questões. Seu

2021).

moravam nas ruas das principais

trabalho foi exposto em coletivas e

cidades do Brasil. Também tem feito

individuais no Reino Unido, Brasil

trabalhos na Amazônia há muitos

e outros países e recebeu prêmios

anos, trocando experiências que

como Emergentes, Portrait of

“A fotografia me permite interagir

lhe trazem um profundo amor pela

Britain, Via Arts Prize e Ian Parry

com as pessoas e a natureza. Minhas

floresta e seus habitantes, assim

Scholarship, entre outros. Entre

imagens são consequência desses

como um bom conhecimento sobre

seus livros estão: “Vidas Invisíveis”

encontros. Um registro e um convite

as questões geopolíticas, sociais e

(Reino Unido, 2000 – incluindo o

para chorar ou rir e criar juntos.”

ambientais que a região enfrenta.

projeto Invisible Lives, com meninas

(Leticia Valverdes)

Conheça + @leticiavalverdes

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MAPA

EXPOSIÇÕES

14-15

16-47

ROGÉRIO ASSIS pg 16 CHRISTIAN BRAGA pg 18 ARAQUÉM ALCÂNTARA pg 20 EDU SIMÕES pg 22 GISELE MARTINS pg 24 MAURICIO LIMA pg 26 LILO CLARETO pg 28 ANDERSON SOUZA pg 30 RENATO SOARES pg 32 PAULA MARINA pg 34 RODRIGO PETRELLA pg 36 RAPHAEL ALVES pg 38 ALESSANDRA FRANÇA pg 40 VICTOR MORIYAMA pg 42 LEVI BIANCO pg 44

CONTEÚDOS 48-58

CICLO DE CONVERSAS > A EPOPÉIA DE SALGADO pg 48 CICLO DE CONVERSAS > NARRATIVAS DE UM FUTURO ANCESTRAL pg 50 CICLO DE CONVERSAS > FOTOJORNALISMO pg 52 + LANÇAMENTO DO LIVRO > O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA DE ALE RUARO pg 54 GUIA DE LIVROS > POR VALDEMIR CUNHA pg 56 / 58

ANA MENDES pg 46

12

13


09 / RENATO SOARES

> MURO

> SELINA

on

06

ia

R. Gonçalo Afonso, 119, Beco do Batman Seg-Qua 12h- 20h Qui-Dom 10h-20h

R. Aspicuelta, 238 Seg 8h-20h Ter-Qui 8h-1h Sex-Sáb 8h-2h Dom 8h-0h

m

> ZIV GALLERY

ar

03 / ARAQUÉM ALCÂNTARA

> RM ESTACIONAMENTO

H

R. Medeiros de Albuquerque, 49 Exposição externa: 24h

10 / PAULA MARINA

R.

> MURO

05

11 / RODRIGO PETRELLA > PROTOTYP&

a

02 / CHRISTIAN BRAGA

R. Aspicuelta, 237/245 Seg-Dom 24h Exposição Externa: 24h

en

Rua Medeiros de Albuquerque, 23 Exposição externa: 24h

R. Medeiros de Albuquerque

01 / ROGÉRIO ASSIS

ad M R.

13

14 16

d ar is

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Pa

12

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R. R.

11

ão is Fa

15

R. ta el cu pi

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As

on

R.

m

ol

R. Girassol, 326 Exposição Externa: 24h

ss

16 / ANA MENDES > LUX BOX ESTÚDIO

14

ar

> LUIZA PEREA

ra

R. Aspicuelta, 135 Seg-Sáb 10h-18h

15 / LEVI BIANCO R. Girassol, 157 Seg-Sex 10h-19h Sáb 10h-16h Exposição Externa: 24h

01

Gi

> FÁBRICA IDEIAS PARA CRIANÇAS

02

R.

08 / ANDERSON SOUZA

R. Harmonia, 321 Seg-Dom 8h30-22h30 Exposição Externa na lateral - Rua Patizal: 24h

H

R. Aspicuelta, 135 Seg-Sáb: 10h-18h

> TEA CONNECTION

R.

> FÁBRICA IDEIAS PARA CRIANÇAS

14 / VICTOR MORIYAMA

03

07 / LILO CLARETO

R. Harmonia, 198 Seg-sex 10h-19h Sáb 10h-18h

09

R. Medeiros de Albuquerque, 337 Ter-Dom 12h-19h

> JOANINHA BRASIL

07

> SORVETERIA PINGUINA

13 / ALESSANDRA FRANÇA

10

06 / MAURICIO LIMA

R. Harmonia, 203 Seg-Sáb 10h-18h Exposição Externa: 24h

08

R. Medeiros de Albuquerque, 313 Seg-Sex 9h-18h

ol

> MOLLO FURNITURE

04

ss

05 / GISELE MARTINS

> MISE

ra

R. Medeiros de Albuquerque, 250 Seg-Sáb 11h-19h Dom 12h-17h Exposição externa: 24h

12 / RAPAHEL ALVES

Gi

> GALERIA A7MA

R.

04 / EDU SIMÕES

al

R. Harmonia, 71 Seg-Sex 10h-19h Sáb 11h-15h


01 / ROGÉRIO ASSIS M UNDURUK U RESISTE — Esta foto de Rogério Assis fez parte da 7ª Mostra SP de Fotografia e ainda segue no mesmo local, na mesma parede, com interferências de grafites e pixos. A legenda abaixo, assinada por Marina Yamaoka também foi recuperada. O retrato do índio Munduruku está exatamente sobre onde um dia passou o Rio Verde, curso de água invisível que foi soterrado para dar abertura a ruas e construções na Vila Madalena e Pinheiros. O acelerado processo de urbanização em São Paulo no começo do século levou ao desaparecimento de vários rios e córregos, hoje ocultos e despercebidos. Ao mesmo tempo em que esta fotografia nos lembra o local onde um dia houve um rio vivo e visível, ela é a expressão da resistência do povo Munduruku, no Rio Tapajós, ameaçado pela construção de um complexo de hi-

Foto: Ivana Debértolis

drelétricas em sua bacia e que luta para que o que considera ser o “rio da vida” não desapareça. O rio é a essência do povo Munduruku, que tradicionalmente habita suas margens há milhares de anos e é local de enfrentamento entre os planos de desenvolvimento do governo e a conservação ambiental e cultural. Obs.: Com a pressão do povo Munduruku à época, o projeto foi arquivado. Mas invasões de garimpo, mineração e megaprojetos apoiados pelo atual governo seguem ameaçando a região.

16

> MURO R. Medeiros de Albuquerque, 23

Rogério Assis iniciou sua vida profis-

fotógrafo correspondente da Folha de

sional em 1988 documentando etnias

S. Paulo e editor de fotografia da Star-

indígenas para o Museu Emilio Goeldi

media Network. Em 2013 lançou o livro

e a Funai, em Belém do Pará, sua terra

“Zo’é”, sobre a etnia de mesmo nome.

natal. Em 1989 cobriu as primeiras elei-

Em 2018 publicou o livro “Mato?”, que

ções diretas depois da ditadura militar e

discute a questão ambiental através de

trabalhou no staff dos jornais O Estado

díptico das paisagens amazônicas entre

de S. Paulo e Folha de S. Paulo, onde

exuberância e ruína. Atualmente desen-

também foi editor de matérias espe-

volve projetos editoriais e colabora com

ciais. Graduou-se no Midia Lab do In-

ongs do setor socioambiental.

ternational Center of Photography (ICP), em Nova York, onde trabalhou como

Conheça + @atelierogerioassis

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02 / CHRISTIAN BRAGA A queda da floresta. Território indígena Karipuna, ameaçado pela grilagem e desmatamento. Amazônia, Rondônia. 2018. Christian Braga, brasileiro, tem 30 anos de idade. Nasceu em Manaus, Amazonas. É fotógrafo, documentarista e membro da agência Farpa. Há nove anos se dedica às questões de direitos humanos e socioambientais, com foco na Amazônia, documentando a luta pelos direitos indígenas, os crimes ambientais e as histórias diversas na região. Contribui com organizações como Greenpeace, WWF Brasil, Instituto Socioambiental (ISA) e Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e vem publicando seus trabalhos na imprensa nacional e internacional. Conheça + @christiaanbraga

> MURO R. Medeiros de Albuquerque, 49 Exposição externa: 24h

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03 / ARAQUÉM ALCÂNTARA Onça-pintada no Corixo Negro.

ços desconhecidos e de raríssi-

Parque Estadual do Encontro

ma beleza. Um olhar politizado

das Águas, Mato Grosso do Sul.

e poético, marcado pelo encan-

2017.

tamento de revelar a cultura do povo brasileiro e a exuberância de sua natureza. Araquém é

“Araquém Alcântara, 69, é

um colecionador de mundos.”

andarilho, viajante, pioneiro na

(Rubens Fernandes Jr.)

documentação ambiental do Brasil. Ele faz poemas visuais e usa a fotografia há 50 anos como poderosa arma de conhecimento. Seu trabalho é um dos primeiros a criar memória e identidade visual para o país,

Conheça + @araquemoficial

> ZIV GALLERY R. Gonçalo Afonso, 119, Beco do Batman Seg-Qua 12h- 20h Qui-Dom 10h-20h

transportando-nos para espa-

20

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04 / EDU SIMÕES O TEM PO DO FIM — “Francimar Ruivo de Oliveira foi

o Prêmio Jornalístico Vladimir Her-

fotografado em 2011 no coração da

zog de Anistia e Direitos Humanos

Floresta Amazônica, às margens do

e, em 2012, o Prêmio Funarte Marc

Rio Solimões. Mais precisamente,

Ferrez de Fotografia. Foi fotógrafo

no exato ponto onde o Solimões se

exclusivo dos Cadernos de Litera-

encontra com o Negro e dali, am-

tura Brasileira do Instituto Moreira

bos, correndo lado a lado, vão em

Salles (1996-2012). Sua obra está

direção ao mar até se misturarem

presente nas coleções do Masp,

e ganharem o nome de Rio Amazo-

MAM, Pinacoteca de São Paulo,

nas. Penso que quando Francimar

MIS, Instituto Figueiredo Ferraz e

nasceu, já vivia em sua casa esta

também na Maison Européenne de

enorme e perigosa sucuri. Penso

la Photographie (Paris) e no Consejo

também que, na minha ingenui-

Mexicano de Fotografía (México).

dade autopermitida, a convivência

Em 2012 lançou o livro “Amazônia”,

pacífica de Francimar com sua

pela editora Terra Virgem; em 2015

sucuri pode simbolizar um éden

publicou o zine “Inferno Verde”

amazônico, onde a espécie humana

e, em 2018, “Marmites”, ambos

aprendeu a conviver em paz com

pela Editions Bessard (Paris). Em

a natureza e irá respeitá-la e pre-

2020 publicou, pela editora Bazar

servá-la para o próximo milhão de

do Tempo, o livro “59 – Retratos

anos.” (Edu Simões)

da Juventude Negra Brasileira”. É representado no Brasil pela Galeria

Edu Simões nasceu em 1956 e 20

Marcelo Guarnieri.

anos depois começou sua carreira como fotojornalista. Pertenceu ao staff da Agência F4, foi editor-assistente da revista Isto É e editor de fotografia das revistas Goodyear, República e Bravo. Em 1980 recebeu

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Conheça + @edusimoesfoto

> GALERIA A7MA R. Medeiros de Albuquerque, 250 Seg-Sáb 11h-19h Dom 12h-17h Exposição externa: 24h

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05 / GISELE MARTINS

À MARGEM — A obra integra a série “À Margem”, que retrata a vida de comunidades ribeirinhas no Marajó (PA), maior arquipélago fluviomarinho do mundo. Parte de sua população, uma das mais pobres do país, vive na área rural, tendo como principais vias de acesso os rios e igarapés que cortam a região. A pesca, os produtos da floresta, a agricultura de

> MOLLO FURNITURE R. Medeiros de Albuquerque, 313 Seg-Sex 9h-18h

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subsistência e a criação de pequenos animais garantem a sobrevivência da população local. A vida corre integrada ao ritmo das águas. Há vida

em família e em comunidade, mas tam-

curadoria de Diógenes Moura. A série

livro em 2018. Nesse ano, a fotógrafa

bém isolamento, desamparo e falta de

retratou a religiosidade afro-brasileira

obteve o primeiro lugar na categoria Foto

perspectiva. Dezoito imagens desta série

no bairro paulistano do Bexiga e ganhou

Única e menção honrosa com o ensaio no

fazem parte da coleção da Biblioteca Na-

o Concurso Leica-Fotografe em 2006.

Festival Internacional de Fotografia Paraty

cional da França.

Gisele participou de mostras coletivas no

em Foco. No mesmo festival, em 2020, o

Brasil e na França, como “Povos de São

ensaio “Interiores” obteve a segunda co-

Gisele Martins é formada em Economia

Paulo – Uma Centena de Olhares Sobre

locação. Gisele possui fotos no acervo da

e começou a fotografar no final dos anos

a Cidade Antropofágica”. Foi finalista do

Pinacoteca de São Paulo e na Biblioteca

1990. Em 2005 fez sua primeira exposição

PhotoEspaña em 2015, com o ensaio “À

Nacional da França.

individual – “Olha que Eu Vim Lá de Lon-

Margem”, exibido na Galeria FASS (atual

ge” –, na Pinacoteca de São Paulo, com

Utópica) no mesmo ano e publicado em

Conheça + @gisele_martins_photo

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“Se a gente oferece para as crianças outras narrativas, elas vão compondo essas narrativas até se sentirem plenas, completas e nesse sentido a gente pode imaginar que a literatura tem um papel militante, um papel de permitir que as crianças possam aprender outras visões de mundo, que elas possam se humanizar e possam crescer como pessoa, como pessoas mais tolerantes, mais respeitosas com a diversidade.” (Daniel Munduruku, pensador, escritor e um dos principais difusores da cultura indígena. Texto extraído de entrevista publicada na página Brasil de Fato, em 2021.) Maurício Lima, São Paulo, 1975, é um dos fotógrafos mais premiados do mundo. Em 2005 se tornou o primeiro brasileiro a ser selecionado para o Joop Swart Masterclass, prestigiado workshop para fotógrafos de até 30 anos, promovido pelo World Press Photo, em Amsterdam, além de ser o único brasileiro a receber o prêmio mais importante de fotografia na América Latina, concedido pela Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano Gabriel Garcia Márquez [México, 2004]. Em 2010 foi eleito pela Revista Time o Wire Photographer of the Year e eleito Fotógrafo do Ano de 2015 pelo Pictures of the Year Latin America [POY Latam]. Mauricio é vencedor do Frontline Club London Awards 2015 pela documentação da crise de refugiados sírios na Europa. Foi finalista do Prémio Pulitzer em 2015 pelo trabalho sobre o conflito no leste da Ucrânia e já no ano seguinte, pelo jornal The New York Times, venceu o Pulitzer ao lado de alguns colegas pelo trabalho sobre a crise dos refugiados. Outros reconhecimentos são o Pictures of the Year International (EUA, 2004, 2011 e 2014), Festival du Scoop et du Journalisme d’Angers (França, 2003), UNICEF Photo of the Year (Alemanha,

06 / MAURICIO LIMA > SORVETERIA PINGUINA R. Medeiros de Albuquerque, 337 Ter-Dom 12h-19h

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2005), Prix Bayeux-Calvados das CorresFoto vencedora do segundo lugar na categoria Daily Life no World Press Photo 2016.

pondants de Guerre (França, 2006), PDN Photo Annual (EUA, 2013 e 2014), um dos fotógrafos do ano pela NPPA Best of Photojournalism (EUA, 2012), Pictures of the Os Mundurukus são reconhecidos

contra a construção de hidrelétricas

Year Latin America (2011 e 2013) e o China

como um dos povos mais guerreiros da

que inundariam as suas terras, projeto

International Press Photo Contest (China,

Amazônia, capazes de levar a sua luta

do governo federal que planejava cons-

2014 e 2015). Integra importantes coleções

contra até países distantes, No Pará ou

truir até sete hidrelétricas na região.

como a Sir Elton John Collection, uma das

em Paris são hábeis em fazer política

A maior delas, a usina de São Luiz do

principais coleções do mundo.

e costurar parcerias. Há alguns anos

Tapajós, alagaria mais de 70 mil hecta-

enfrentaram uma enorme batalha

res de floresta.

Conheça + @limauricio

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Eliane Brum e Lilo Clareto Acervo pessoal @brumelianebrum.

o “Estadão”. Ficou por 11 anos nessa casa, trabalhando pela Agência Estado, que também incluía do Jornal da Tarde, famoso JT, e onde ganhou um dos mais importantes – mas não o único – prêmios da vida profissional de um jornalista: a “Estatueta Líbero Badaró”, um dos maiores orgulhos da sua carreira como fotojornalista. Após sair do Estadão, Lilo Clareto ingressou na revista Época, em 2000, onde conheceu e estabeleceu parceria com a jornalista e escritora Eliane Brum. Essa parceria, que perdurou após ambos terem se desligado do veículo e somou mais de 20 anos de grandes reportagens, tendo como foco nos últimos anos a vida amazônica e a defesa do meio ambiente. Foi em Altamira, no Pará, para onde ambos se mudaram em 2017, que Lilo conheceu a ativista socioambiental do Xingu, Daniela Silva, e resolveu fincar raízes e engajar na luta de ribeirinhos e povos indígenas pela defesa do meio Alice Juruna, em fotografia de 2015, salta para mergulhar no rio Xingu

07 / LILO CLARETO 28

ambiente e dos direitos humanos. Além de fotógrafo, Lilo Clareto dedicou-se também à poesia, tendo deixado inúmeros manuscritos, alguns

“Lilo, meu Lilo, virou árvore, virou rio, virou floresta. Virou luz e virou chuva. Virou vagalume, borboleta amarela na Terra do Meio.

Lilo Clareto é o 12º. Filho de Antonio Clare-

quando trabalhou como laboratorista em

publicados nas mídias sociais e um

to Costa e Geralda Maria Pereira. Nasceu

um estúdio de fotos campineiro.

projeto editorial de um livro – nunca

em Passos, MG, e passou a maior parte

Em 1982 Iniciou o curso de Publicidade e

materializado.

dos primeiros oito anos de sua vida numa

Propaganda na PUC Campinas, quando

Lilo, meu Lilo, você é em mim e em todos que te amaram e que foram amados por ti. Você é em cada janela que abriu no mundo com sua câmera. Lilo, você é.” — Eliane Brum

fazenda canavieira, às margens do Rio

descobriu a fotografia publicitária, tendo

Conheça + @liloclaretofotografia @

Grande, pertencente a uma usina açucarei-

trabalhado pouco tempo como fotógrafo

liloclareto

ra para a qual seu pai trabalhava.

publicitário..

Mudou-se de Passos com a família para

Em 1988, iniciou uma série de trabalhos

Lilo Clareto faleceu no dia 21 de abril

> FÁBRICA IDEIAS PARA CRIANÇAS

Campinas, SP, aos dez anos. A fotografia

freelancer no extinto Diário Popular, até ser

de 2021, ele foi uma das mais de 620

R. Aspicuelta, 135 / Seg-Sáb 10h-18h

ele abraçou por volta dos 15 ou 16 anos,

contratado pelo “O Estado de São Paulo”,

mil vítimas da Covid-19 no Brasil.

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Em novembro de 2017, o fotógrafo, que é natural de Marabá (PA), foi um dos vencedores do Prêmio de Jornalismo em Turismo Comendador Marques dos Reis na categoria #MeuBemPará.

08 / ANDERSON SOUZA Em meados de 2015, após as comemo-

Kayapó: Ôodjân, Djudjêkô e Kateté. Em

rações do Dia dos Povos Indígenas, na

2014/2015 os moradores de Parauape-

aldeia Kateté, em Parauapebas, Pará, a

bas ganharam uma exposição sobre seu

pequena índia Xikrin procurou um lugar

cotidiano nas ruas da cidade. “Cenas

para descansar depois de horas do rito

da Cidade” foi um trabalho de Anderson

de apresentação.

em conjunto com o fotógrafo Felipe Borges. Anderson já teve trabalhos

Fotógrafo profissional desde 2008, hoje

publicados pela BBC Brasil e participou

Anderson tem suas atividades voltadas

da exposição “The Family of Man”, em

a atendimentos para agências de pu-

Golshahr, no Irã (2017), como convidado

blicidade na região sudeste do Pará. O

do projeto Everyday Brasil.

olhar sobre a região rendeu exposições individuais e coletivas, como em Ferra-

Conheça + @souzaanderson

ra, na Itália, no Mercatino Della Fantasia (2017), e a exposição “Povo Xikrin do Ka-

> FÁBRICA IDEIAS PARA CRIANÇAS

teté”, em Parauapebas (2017), que reu-

R. Aspicuelta, 135 / Seg-Sáb 10h-18h

niu 20 fotografias sobre o cotidiano das comunidades indígenas Xikrin do povo

30

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09 / RENATO SOARES A CASA KUIKURO – XINGU 2013 — A casa em construção na aldeia Kuikuro Ipatse. Os Kuikuro são do tronco linguístico Karib e vivem na Terra Indígena Xingu, no Mato Grosso. Suas grandes casas são feitas com os troncos do mari-mari (fruta amazônica), com varas de pindaíba e são cobertas de sapé. Para a amarração é usada a fibra de embira.

Renato Soares (Minas Gerais, 1966) vive em São Paulo, onde desenvolve projetos editoriais e é colaborador de inúmeras revistas. Autodidata, iniciou sua carreira na fotografia no final da década de 1980 e, desde então, viaja pelo território nacional, especialmente na região amazônica, para retratar as diferentes formas de expressão cultural dos vários grupos étnicos brasileiros. A identificação com o universo indígena vem desde a infância e se consolidou logo nos primeiros con-

AS YAMURIKUMÃ – XINGU 2012 — As mulheres Kamayurá durante o ritual feminino das Yamurikumã. Durante este ritual, elas dominam a aldeia e tomam todos os pertences masculinos e mandam os homens embora para pescar para elas. Se um caçador desavisado aparecer na aldeia, ele pode ser capturado e até morto por elas. As pinturas são feitas com o fruto do jenipapo e representam pássaros e animais de cada clã familiar ali presente. Os Kamayurá são do tronco linguístico Tupi e vivem na Terra Indígena Xingu, no Mato Grosso.

tatos com tribos em áreas remotas do Amazonas, como Marubo e Matsé, habitantes do Vale do Javari. Renato trabalha incansavelmente no projeto Ameríndios do Brasil, ambiciosa documentação fotográfica das mais de 300 nações indígenas do país. Diversos de seus projetos foram apresentados em exposições, incluindo “Kuarup – A Última Viagem de Orlando Villas Bôas” (Masp/2006), e livros, como “Kraho, os Filhos da Terra” (1994), “Pavilhão da Criatividade” (1998), “Orlando Villas Bôas – Histórias e Causos” (2005), “Sondagem na Alma do Povo” (parceria com Maureen Bisilliat, 2006) e “Mar de Minas” (2008). Em 1995 criou Imagens do Brasil, um banco de imagens fotográficas e portal para divulgação de seus trabalhos. Alimentado com fotos das constantes viagens do fotógrafo, o acervo conta atualmente com mais 500 mil imagens. Conheça + @renato_soares_foto

> SELINA R. Aspicuelta, 237/245 Seg-Dom 24h Exposição Externa: 24h

32

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10 / PAULA MARINA A VIDA RIBEIRINHA NO RIO CURURU — O Rio Cururu corta a Ilha do Marajó, no Pará, no seu canto noroeste. No meio do rio, na Fazenda Boa Esperança e entre as suas vilas, a vida é outra, corre lenta, generosa, farta. Ninguém ali quer vir morar em São Paulo. No meio das águas e no meio das secas, estações que se alternam por lá, a vida em família e em comunidade trazem tranquilidade. Um isolamento geográfico difícil, mais de 24 horas até Belém. Sinais de celular e de TV escassos fazem das relações interpessoais a maior fonte de troca. O trabalho nas fazendas, a pesca, a coleta de açaí e o transporte de pessoas dão o tom na

34

economia naquele meio da ilha.

> RM ESTACIONAMENTO R. Aspicuelta, 238 Seg 8h-20h Ter-Qui 8h-1h Sex-Sáb 8h-2h Dom 8h-0h

Paula Marina (1969) é fotógrafa, for-

pela DOC Galeria (São Paulo, 2014);

a pandemia, realizou 15 exposições e

mada em Jornalismo pela Fundação

Coletiva Montréal-São Paulo (Canadá,

itinerâncias por museus e ruas de São

Cásper Líbero. Na fotografia, formou-se

2017); Festival Paraty em Foco (proje-

Paulo e de outras cidades. Paula foi

pelo Senac e complementou seus es-

ção, Paraty, 2013); Exposição Festivalma

selecionada para o Festival de Imagens

tudos em cursos livres no MAM, Masp,

(Bienal do Ibirapuera, São Paulo, 2013).

Periféricas (2021) e Bora_Fos – Foto-

MIS, grupos de estudo, entre outros.

Individualmente expôs na Casa Pau

grafia, Oficinas e Saberes, onde minis-

Sua pesquisa se refere às relações

Brasil, em São Paulo (2014), o traba-

trou a oficina de autorretratos. Atua

entre o ser humano e o meio ambiente,

lho “Reserva Particular”, uma leitura

hoje na área comercial fazendo retratos

seja seu lugar de viver seja a nature-

poética sobre as árvores da cidade de

e eventos.

za. Participou de exposições coletivas

São Paulo. Faz parte do coletivo 1MU-

como: Mostra Futebol BR, organizado

LHERporM2 desde 2019, que, durante

Conheça + @paula_marina_fotografia

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11 / RODRIGO PETRELLA Guerreiro Kuikuro – Kuarup. Alto

Selva Amazonica” (MuVIM, Valência,

Xingu, Mato Grosso.

Espanha, 2012); “Give Me Your Eyes” (Stenersen Museum, Oslo, Noruega); “Los Otros” (Centro de Artistas, Holguín, Cuba); “La Luce della

Rodrigo Petrella nasceu em 1972,

Selva Amazzonica” (Palazzo Me-

em São Paulo. Em 1997 se formou

dici Riccardi, Firenze, Itália, 2011);

em Administração de Empresas na

“Índios Kayapós” (Paralelo Gallery,

Universidade de São Paulo (USP).

São Paulo, Brasil, 2010); “Ultreia e

É fotógrafo profissional desde 1994

Suseia” (Museo Provincial de León,

e colabora com importantes publi-

Espanha, 2010, e no Centro de

cações nacionais e internacionais.

Arte Contemporâneo Caja Burgos,

Trabalhou profissionalmente em

Espanha, 2009) e “Guardians of the

Nova York e no final de 2001 re-

Forest” (Museu Imperial de Pequim,

tornou ao Brasil. Desde então tem como trabalho de pesquisa pessoal a vida das comunidades indígenas da Amazônia brasileira, como testemunho e manifesto político da existência e luta desses grupos étnicos por seus direitos, em face da grande

China, 2009). Conheça + @rodrigopetrela

> PROTOTYP& R. Harmonia, 71 Seg-Sex 10h-19h Sáb 11h-15h

pressão externa exercida pelos agentes econômicos. Estas fotografias atuam como um apelo político em prol dos direitos da diversidade. Visualizar os agentes omitidos na cena social é um gesto político por excelência. Suas principais exposições individuais são: “La Luz de la

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12 / RAPHAEL ALVES “O Parque das Tribos é normalmente

de fazer (sobre)viver as culturas, as lín-

foi premiado no The Best of Journalism

lembrado como o primeiro e único bairro

guas dos povos, a terra e suas riquezas

(SND), em 2010. Em 2013, Raphael foi

indígena de Manaus, capital do Amazo-

naturais que aqui já estavam no antes,

selecionado na Convocatoria Iberoameri-

nas, estado que segundo o IBGE possui a

mas sofrem no durante na esperança de

cana de Proyectos Fotográficos Saltando

maior população indígena autodeclarada

um depois. O Parque das Tribos não é

Muros, organizada pela Fundación Fondo

do país. A terra em que aproximadamen-

só um bairro. É resistência. É uma luta.”

Internacional de las Artes (Fiart) e Secre-

te 500 famílias de 35 povos diferentes

(Raphael Alves)

taria-Geral Ibero-Americana (Segib); em

vivem é um decalque da luta dos povos

“Se sobrevivermos, vamos brigar

2014, foi vencedor no Leica X Photo Con-

nativos pela sobrevivência. Localizada

pelos pedaços de planeta que a gente

test; em 2017, foi premiado no Pictures

na zona oeste da capital amazonense,

não comeu.” (Ailton Krenak)

of The Year Latin America (POY Latam);

essa terra onde culturas diversas se

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em 2021, seu trabalho venceu a categoria

instalaram segue ameaçada. O território

Nascido em Manaus (AM), Raphael Alves

La Pandemia en Ibero America no POY

de 1,4 milhão de m2 que delimita a co-

é graduado em Jornalismo pela Univer-

Latam e foi um dos vencedores do Con-

munidade é alvo de disputa judicial e da

sidade Federal do Amazonas (UFAM),

curso Latinoamericano de Fotografia Do-

especulação imobiliária. Cada habitante

pós-graduado em Fotografia pela Uni-

cumental Los Trabajos y Los Días. Nesse

do Parque das Tribos – como Elaina Ta-

versidade Estadual de Londrina (UEL)

mesmo ano, foi contemplado com a bolsa

riana, que olha para o alto cercada pelo

e em Artes Visuais pelo Senac. Obteve

editorial da Getty Images para projetos

verde – é um ensinamento de que o ser

também o mestrado em Fotojornalismo

sobre a pandemia de covid-19.

humano não é apartado e muito menos

e Fotografia Documental pela University

superior à natureza, mas parte dela.

of the Arts London, Inglaterra. Em sua

Conheça + @photoraphaelalves

O Parque das Tribos não foi “ocupado”

região, colabora com agências e veículos

por essas pessoas. É uma herança dos

nacionais e internacionais e é membro

seus antepassados. É mais uma forma

do projeto Everyday Brasil. Seu trabalho

> MISE

R. Harmonia, 203 Seg-Sáb 10h-18h Exposição Externa: 24h

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13 / ALESSANDRA FRANÇA O BOTO —

tórico e Artístico Nacional (Iphan), em

“Essa imagem feita no Rio Negro,

a exposição coletiva “Amazônia Viva”

Manaus (AM), em 2018, remete à minha infância, de navegar pelos rios e me deslumbrar com a imensidão das águas, correntezas e banzeiros. Lá encontrava-se livre e belo o boto-cor-de-rosa. E reza a lenda ‘que em noite de lua cheia vira um galante rapaz e seduz moça donzela’. Mas ele é muito mais que uma lenda, é um dos símbolos da Amazônia e precisamos garantir a segurança da espécie.” (Alessandra França)

2020. Nesse ano foi selecionada para (Lisboa) e participou da coletiva “Pelo Olhar Vejo o Mundo”, na Galeria Arte em Pauta (Brasília, 2019). Alessandra também participou de outras coletivas, como Feminino Plural, na Pátio Galeria (Brasília, 2019). Em 2015, expôs “Câmera na Mão e... Pé na Estrada”, no Centro Cultural Light (Rio de Janeiro), com curadoria do fotógrafo Flávio Damm. Teve também uma imagem selecionada por Damm para a exposição “20 Olhares Novos”, realizada no Centro Cultural da Justiça Federal/RJ, em 2011.

Formada em Administração de Empresas, Alessandra atua como fotógrafa há alguns anos. Seu trabalho autoral é voltado para a fotografia de rua e memórias afetivas. A autora teve ensaio selecionado pelo Festival Mês da Fotografia para a exposição coletiva “Um Novo Possível” (Brasília, 2020) e uma foto selecionada para a exposição coletiva “Habitar a Água: Cultura e Paisagem nas Amazônias”, realizada em Belém

Seu aprendizado na fotografia vem de cursos, workshops, leituras de História da Arte e de alguns renomados fotógrafos. Em Brasília, onde vive atualmente, continua o caminho de aprendizado e novas descobertas. Conheça + @alessandrafranca.art

> JOANINHA BRASIL R. Harmonia, 198 Seg-sex 10h-19h Sáb 10h-18h

(PA) pelo Instituto do Patrimônio His-

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Victor Moriyama é um fotojornalista brasileiro baseado em São Paulo que cobre a Amazônia e a América do Sul para o jornal The New York Times e outros veículos e ongs internacionais. Suas obras são baseadas em uma fotografia humanista comprometida em documentar os processos de violência que prevalecem nas relações sociais e ambientais no Brasil. Conflitos agrários, desmatamento e conservação das florestas tropicais e de sua biodiversidade, genocídio de populações indígenas, aceleração das mudanças climáticas são temas que têm norteado sua produção fotográfica nos últimos anos. Preocupado com a escassez de reportagens em profundidade sobre os conflitos na Amazônia, Victor criou, em 2019, o projeto @historiasamazonicas, uma comunidade de fotógrafos latino-americanos empenhados em documentar os processos contemporâneos

14 / VICTOR MORIYAMA

Foto aérea de um sobrevoo no delta do Amazonas, próximo a Oiapoque, no Amapá. 2017.

> TEA CONNECTION R. Harmonia, 321 Seg-Dom 8h30-22h30 Exposição Externa na lateral - Rua Patizal: 24h

que ocorrem na Amazônia e definir o presente. Sua ideia é expandir o conhecimento mundial e envolver a sociedade global nos problemas da maior floresta tropical do mundo. Nesse sentido, um livro sobre a morte dessa floresta está sendo editado neste momento. Conheça + @victormoriyama

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15 / LEVI BIANCO Arara-Azul voa na Selva Amazônica,

2020. Em 2015 teve uma fotografia se-

no município de Iranduba, Amazonas.

lecionada para a exposição “30 Anos da

2016.

Redemocratização do Brasil”, realizada pela DOC Galeria na Avenida Paulista, em São Paulo. Foi um dos fotógrafos

Levi Bianco é repórter fotográfico

do “Anuário do Carnaval SP”, que docu-

freelancer. Formado em Eletrônica e

mentou o carnaval paulista entre 2016

Administração de Empresas, começou

e 2019. Em 2019 teve uma fotografia

a estudar fotografia em 2009 em São

selecionada para a 9ª edição da Mostra

Paulo. Aprimorou-se no fotojornalis-

SP de Fotografia, realizada pela DOC

mo na escola Ímã Foto Galeria com

Galeria. Participou da idealização e

o mestre João Bittar. Desde 2011 é

curadoria da exposição “Turi”, realizada

colaborador da agência Brazil Photo

pela ARFOC-SP no Festival de Foto-

Press, onde atua na cobertura de even-

grafia de Paranapiacaba, em 2021. Foi

tos esportivos. Em 2013, seu trabalho

diretor da ARFOC-SP entre 2014 e 2021,

autoral “Enquanto a Bola Não Rola...”

para onde segue colaborando.

venceu na categoria Ensaio da 10ª edição do Concurso Leica-Fotografe. Em 2014 participou da exposição “Imagens da Copa”, com três fotografias sobre a cobertura da Copa do Mundo do Brasil. Teve fotografias selecionadas para a Mostra Anual de Fotojornalismo

Conheça + @levibianco

> LUIZA PEREA R. Girassol, 157 Seg-Sex 10h-19h Sáb 10h-16h Exposição Externa: 24h

ARFOC-SP (Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo), edições 2011 a 2017 e 2019. Participou do livro “O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro”, da Editora Europa, edições 2013 a 2017 e

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Ana Mendes tem 36 anos, é artista, documentarista e mestre em Ciências Sociais. Atua como fotojornalista multimídia para os principais veículos da mídia independente brasileira, como Repórter Brasil, Amazônia Real, Agência Pública e The Intercept Brasil. Já publicou na National Geographic Brasil, no GK (Equador), Neues Deutschland (Alemanha) e no Washington Post (EUA). Na universidade pesquisa o racismo contra o povo indígena Akroá-Gamella, que vive no Maranhão. Com seu trabalho, atua em defesa dos povos e comunidades tradicionais do Brasil e em favor das pautas de direitos humanos em geral. Nas suas documentações fotográficas utiliza a metodologia da “fotografia compartilhada” e do “bem-querer”, elaborada pelo fotógrafo J. R. Ripper, com quem trabalha há muitos anos. Essa metodologia consiste em compartilhar o material bruto (fotos e vídeos) com as comunidades e povos fotografados na expectativa de selecionar um material final condizente com a autoimagem daquela coletividade. Em outras palavras, o povo tem o direito de deletar as imagens nas quais não se vê representado. Em 2019, o ensaio “Pseudo Indígenas”, no qual Ana faz intervenções em tinta, nanquim e carvão em imagens dos povos Guara-

16 / ANA MENDES 46

> LUX BOX ESTÚDIO R. Girassol, 326 Exposição Externa: 24h

ni-Kaiowá e Akroá-Gamella, foi vencedor

SEMENTE —

são os principais motivos para que a

do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre

Aldeia Guapoy. Terra Indígena Doura-

média mensal de dois indígenas mortos

Verger. Em 2021 o ensaio foi vencedor

dos Amambaipeguá I. 2017.

por mês se mantenha há anos. Um ver-

do Open Call IANDE X Photo Doc: Um

dadeiro genocídio que tem como ponto

Olhar sobre o Brasil, durante o festival

Os Guarani-Kaiowá são a segunda

central a falta de território, isto é, a im-

Les Rencontres d’Arles, na França, e foi

maior população indígena no Brasil.

possibilidade de manter a vida de modo

exposto na Galerie Basia Embiricos, em

Eles são também uma das populações

tradicional. Cada indígena que tomba

Paris, durante o Paris Photo.

que mais morre. Suicídio, assassinato,

morto é um lamento, uma dor, uma se-

atropelamento e ingestão de agrotóxico

mente para semear a luta.

Conheça + @anamendes_anamendes

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CICLO DE CONVERSAS

A EPOPÉIA DE SALGADO Desde 1998 e mais intensamente a partir de 2013, Sebastião Salgado tem visitado a Amazônia e reunido material sobre o dia-a-dia de comunidades indígenas e de paisagens da maior floresta do planeta. Ao longo desses anos, ele colocou o seu olhar tão especial sobre a vida na selva. O trabalho culmina com a exposição “Amazônia”, que chega a São Paulo neste fevereiro de 2022, após quase dois anos de adiamentos causados pela pandemia do novo coronavírus. A mostra, que já foi exibida em Paris, Roma e Londres, tem abertura no Rio de Janeiro prevista para julho e outras cidades do país em seguida. O conjunto das fotos também forma o livro “Amazônia” (Taschen), lançado em final de 2021 em português, inglês e outras línguas. O jornalista Leão Serva acompanhou Sebastião Salgado em algumas de suas expedições, como enviado especial da Folha de S.Paulo. Os dois conversaram no que foi, ou deveria ter sido, o evento de abertura da 10ª Mostra, adiada em seguida pelo agravamento da epidemia. Assista a esta conversa, veiculada pelos nossos canais do YouTube e Facebook e pelo canal do Trip Transformadores. Foto: Renato Amoroso

> ACESSE O CONTEÚDO Para acessar o conteúdo, visite as páginas da Mostra SP de Fotografia no Facebook e YouTube. Acompanhe a programação no Instagram @mostraspdefotografia e @docgaleria

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CICLO DE CONVERSAS

Angélica Mendes

NARRATIVAS DE UM FUTURO ANCESTRAL O segundo encontro da 10ª Mostra, anterior ao lockdown no início de 2020, trouxe os convidados e convidadas Cristian Wariú (Influencer e Instituto Socioambiental), Vall

Paloma Costa

Erisvan Guajajara

Munduruku (Suraras do Tapajós), Erisvan Guajajara (Midia India) e Angélica Mendes (Comitê Chico Mendes). A conversa teve a mediação de Paloma Costa (UN SG Youth Advisory Group) e Ana Rosa Cyrus (Engajamundo) e curadoria da Paulina Chamorro que preparou esse time gigante para essa troca de experiências. Jovens comunicadores que atuam na Amazônia, nos diversos segmentos, contaram pra gente como usam o audiovisual para relatar suas realidades, suas histórias e perspectivas. Após essa segunda mesa do Ciclo de Conversas a Mostra teve de ser definitivamente interrompida até os dias de hoje. Assista a esta conversa, veiculada pelos nossos canais do YouTube e Facebook.

Cristian Wariú

> ACOMPANHE AS MESAS Para assistir, visite as páginas da Mostra SP de Fotografia no Facebook e YouTube. Acompanhe a programação no Instagram @mostraspdefotografia e @docgaleria. Vall Munduruku

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CICLO DE CONVERSAS

FOTOJORNALISMO

Foto: Bruno Kelly Foto: Victor Moriyama

Neste encontro sobre a fotografia política e social, que aponta e denuncia, dois convidados com importantes trabalhos publicados sobre a região amazônica no Brasil e no exterior. Bruno Kelly, natural de São José dos Campos, SP, vive no Amazonas desde 2009, onde desenvolve trabalhos para agências de notícias nacionais e internacionais. Em suas documentações aborda a rica fauna e flora local, assim como as populações tradicionais da Amazônia. Crimes contra esse patrimônio mundial e seus povos, também são foco do trabalho do fotógrafo. Victor Moriyama, de São Paulo, mas muito atuante na região, cobre Amazônia e América do Sul para o jornal The New York Times e para outros veículos internacionais. Suas obras são baseadas em uma fotografia humanista comprometida em documentar os processos de violência que prevalecem nas relações sociais e ambientais no Brasil. Eles irão falar conosco sobre esse tipo de cobertura, sobre os riscos, as dificuldades num campo tão extenso dentro de um cenário cada vez mais disputado politicamente. As mesas acontecerão de forma online, acompanhe a programação completa e todos os participantes.

> ACOMPANHE AS MESAS Para assistir, visite as páginas da Mostra SP de Fotografia no Facebook e YouTube. Acompanhe a programação no Instagram @mostraspdefotografia e @docgaleria.

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LANÇAMENTO DE LIVRO

Maureen Bisilliat

Boris Kossoy

O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA, DE ALE RUARO Rubens Fernandes Jr.

O Retrato da Fotografia Brasileira é um livro de retratos intimistas de personagens proeminentes da fotografia nacional. A obra de 224 páginas apresenta 167 imagens em preto e branco, trabalho que colabora no sentido de contar a história deste país imenso por meio dos profissionais que ajudaram a moldar a imagem do Brasil. O projeto foi iniciado em 2017 e será lançado no Civi-CO, Hub de Impacto em Pinheiros.

Adriana Zehbrauskas Vik Muniz

FICHA TÉCNICA Fotos e Produção Executiva: Ale Ruaro Texto: Paulo Marcos de Mendonça Lima Minibios: Eder Ribeiro e Paulo Marcos de Mendonça Lima

Denise Camargo

Editora: IpsisPUB Projeto gráfico: Alyssa Ono Preparação de texto e Revisão: Mateus Baldi

> LANÇAMENTO + BATE-PAPO Auditório do Civi-Co: R. Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 445, Pinheiros, SP. Mediação Renato De Cara e Paulo Marcos de Mendonça Lima. Gratuito. Data a confirmar

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GUIA DE LIVROS

GUIA DE LIVROS

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01 / AMAZÔNIA: O POVO DAS ÁGUAS – Pedro Martinelli

POR VALDEMIR CUNHA

Português / 264 páginas / Formato: 24cm x 28cm / 2a edição: 2014 / Editora Terra Virgem

O FOTÓGRAFO, EDITOR E PUBLISHER DA EDITORA ORIGEM VALDEMIR CUNHA SELECIONOU PARA A GENTE 13 OBRAS ENTRE TANTAS OUTRAS SOBRE A

O livro Amazônia, o povo das águas, do fotógrafo Pedro Martinelli, foi lançado em 1999 e rapidamente se tornou obra de referência sobre a Amazônia. O livro é resultado de mais de 30 anos de expedições e reportagens de Martinelli na região. Na última década, o Brasil vive - mais uma vez - um período ambientalmente conturbado por questões fundiárias, agropecuárias, indígenas e energéticas, para citar apenas algumas, e o livro mostrase contemporâneo alertando nossa memória para mais um ciclo de poucos acertos e muitos erros na região.

AMAZÔNIA. PUBLICAÇÕES QUE VEM DESDE OS ANOS 70 ATÉ OS DIAS ATUAIS. ALÉM DAS RESUMIDAS E ÓTIMAS RESENHAS, VALDEMIR DÁ DICAS PARA QUEM SE INTERESSAR EM ADQUIRIR UM EXEMPLAR.

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02 / AMAZÔNIA – Edu Simões

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Português/ Espanhol/ Inglês / 180 páginas Formato: 28cm x 29cm / Edição: 2012 / Editora Terra Virgem O livro Amazônia, de Edu Simões, apresenta surpreendentes paisagens e retratos enigmáticos. São cem fotografias em preto e branco (no livro impressas em tritone), resultado de cinco expedições ao universo da floresta. Edu Simões, ao longo de 180 páginas, exibe uma Amazônia inédita – silenciosa, quase onírica, sua Amazônia –, na qual desfilam águas, árvores, cidades e gentes. Além do ensaio fotográfico, o texto Teatro Amazônico, de Marcelo Macca, descreve em três atos suas percepções e as de Edu sobre a região. Para completar, um lindo mapa descortina o trajeto percorrido pelo fotógrafo.

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03 / KUIKURU - Rita Barreto

Formato: 16x21 cm / 120 páginas / Idioma: português / Edição de 2019 / Editora Origem A fotógrafa paulista, de Ribeirão Preto, vem desenvolvendo trabalho documental com a etnia Kuikuro, do Alto Xingu, MT, desde 2004. Ao longo dos últimos 15 anos, Rita fotografou os Kuikuro no Parque Nacional do Xingu e no projeto de Intercâmbio Cultural com os Índios do Xingu, que acontece todo mês de abril na Toca da Raposa, em Juquitiba, SP. Sua relação com os Kuikuro lhe rendeu 17 exposições – três individuais e 14 coletivas – e o Prêmio Leica de Fotografia, na categoria foto colorida. Nesses 15 anos com os Kuikuro fotografou três gerações e estabeleceu uma relação de amizade, respeito, carinho e admiração com a etnia. Esse trabalho resultou em seu primeiro livro, Kuikuro, produzido pela Editora Origem a partir de financiamento coletivo. Com 16 anos de carreira, a fotógrafa também se especializou em imagens que ilustram livros didáticos, publicando com principais editoras de didáticos do país. ////////////////////////////////////////

04 / YAWALAPÍTI – Renato Soares

Formato: 17x23cm / 136 páginas / Miolo: Eurobulk 150g / Capa dura com laminação fosca / Publicação: 2021 / Editora Origem Yawalapíti é o primeiro livro da série Ameríndios do Brasil em que Renato Soares mostrará as principais etnias indígenas de nosso país. Nesse primeiro livro o fotógrafo mostra mais de 20 anos de trabalho junto aos Yawalapíti. Seu cotidiano, seus costumes. Imperdível para quem quer conhecer um pouco mais sobre

os povos da floresta e uma etnia que quase desapareceu e que conseguiu sobreviver graças a criação Parque Indígena do Xingu, em 1961. Renato Soares iniciou sua carreira na fotografia no final da década de 1980 e, desde então, realiza viagens para retratar as diferentes formas de expressão cultural dos grupos étnicos indígenas brasileiros. A identificação com o universo indígena vem desde a infância, e se consolidou logo nos primeiros contatos com tribos em áreas remotas do Amazonas e, também, por meio da profunda amizade que manteve com o sertanista Orlando Villas-Bôas. /////////////////////////////////////////

05 / MATO? – Ciro Girad e Rogério Assis

Formato 30 x 21 cm / 116 páginas / papel Offset 150 g / Publicação 2018 / Editora Olhavê Com uma obra visualmente rica e estimulante, o fotógrafo, Rogério Assis e o designer, Ciro Girard, nos brindam com uma provocação igualmente reveladora: vida e morte, beleza e destruição, maravilhamento e medo separados por uma tênue linha. Em cada lado, uma escolha. E uma consequência. Em um momento de grave inversão nos valores da sociedade brasileira, seria assim tão absurdamente difícil saber qual lado escolher? Em 28 dípticos que mostram o desmatamento da Amazônia de forma contundente, o fotolivro Mato? é um desconcertante caminhar por paisagens e cenários atuais que, todavia, apresenta o nosso futuro.

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Formato: 12x15 cm / 20 páginas / Idioma: português / Edição de 2020 / Editora Origem

Português/Inglês / 165 páginas / Formato: 25cm x 29cm / Edição de 2013 / Editora Imagemagica

Em agosto de 2019, quando a Amazônia começou a queimar, Laure Gomes estava viajando pela Amazônia. Esse trabalho surgiu como uma forma de se manifestar contra a derrubada da floresta. Utupi, entes da floresta é um livro simples com imagens criadas a partir das margens do Rio Negro e do Rio Jaú, AM, que mostra que podemos ter uma visão muito mais ampla do que representam nossas florestas tropicais e de como elas são relevantes para nossas vidas, tanto do ponto de vista prático, como manter o equilíbrio natural do planeta, como também espiritual, a partir das forças que emanam dessas mesmas florestas. O livro foi impresso na Ipsis e finalizado pela autora com fibras e sementes trazidas da Amazônia. Com tiragem de 50 exemplares esse um livro de autor é costurado manualmente.

O fotógrafo André François passou oito anos registrando o trabalho dos Expedicionários da Saúde. Ficou dias imerso na floresta amazônica, conviveu com indígenas, assistiu a cirurgias e voltou com um belíssimo ensaio e muitas histórias para contar. Em mais de 70 imagens e vários relatos pessoais é possível acompanhar a trajetória de médicos, enfermeiros e outros voluntários que levam saúde e cuidando a lugares esquecidos pelo sistema de saúde nacional.

06 / UTUPI: ENTES DA FLORESTA – Laure Gomes

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07 / EXPEDICIONÁRIOS DA SAÚDE – André François

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08 / AMAZÔNIA OCUPADA – João Farkas

Português/Inglês / 238 páginas / Formato: 25cm x 29cm / Edição de 2015 / Editora Senac/Madalena As mais de duzentas fotografias que compõem a obra Amazônia Ocupada são o resultado do olhar conciso e apurado do fotógrafo João

Farkas, que incursionou no interior da Amazônia entre as décadas de 1980 e 1990 para desnudar o lugar comum com que muitas vezes nosso imaginário veste o norte brasileiro. Espaço de conflitos e confluências, a Amazônia é revelada em multifacetas, que vão desde os garimpeiros até os indígenas, missionários, grileiros e migrantes. Com o aparato dos textos de Paulo Herkenhoff, Ricardo Lessa, Lilia Moritz Schwarcz e do próprio Farkas, o livro é um desafiador convite a todos aqueles que queiram redescobrir e desbravar novos velhos mundos. /////////////////////////////////////////

09 / AMAZÔNIA – Claudia Andujar e George Love

Português / 336 páginas / Formato: 24cm x 31cm /E dição de 2018 / IMS O livro Amazônia dos fotógrafos Claudia Andujar e George Love e editado pela Praxis em 1978 é uma obra-prima do gênero e encontrar algum exemplar à venda é raridade. Quando surge, é disputado por colecionadores e seu valor pode chegar a R$ 10 mil reais. A obra contou com design do artista Wesley Duke Lee e tem a edição

de Regastein Rocha, que desafiou a ditadura militar ao encomendar um prefácio (posteriormente censurado) ao poeta amazonense Thiago de Mello. Claudia Andujar é uma das referências quando se trata da documentação da Amazônia. Quem quiser conhecer o trabalho dessa fotógrafa suíça que chegou ao Brasil em 1955, o livro Claudia Andujar – A luta Yanomami edidato pelo IMS dá um pamorama geral de sua obra e contém imagens publicadas no icônico livro Amazônia ///////////////////////////////////////////

10 / LUIZ BRAGA – Luiz Braga

Português/Inglês / 232 páginas / Formato: 28cm x 24cm / Edição de 2014 / Editora Cobogó Fruto do amadurecimento de sua extensa pesquisa fotográfica, o livro homônimo de Luiz Braga reúne 80 imagens captadas ao longo de mais de duas décadas de peregrinação pela região amazônica. A organização da edição foi realizada pelo teórico da fotografia Eder Chiodetto e o design pela artista visual Pinky Wainer. Seja em procissões, festas populares ou na simplicidade da vida do caboclo, o olhar do fotógrafo traz detalhes e

vibrações cromáticas presentes em cenários ora idílicos, ora urbanos, abundantes na cultura nortista com que Braga possui tanta intimidade. A obra também apresenta uma lista de mais de 70 exposições realizadas no Brasil e no exterior, além de depoimentos do próprio artista.

Num trabalho de acompanhar o trabalho de arqueólogos na Amazônia, o fotógrafo Maurício de Paiva traz um livro que aborda antigas culturas da Amazônia e estabelece um elo entre costumes o passado e os dias atuais. Um dos poucos trabalhos de fotografia documental da Amazônia a arqueologia na região.

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11 / AMAZÔNIA – Sebastião Salgado

Português / 528 páginas / Formato: 35cm x 26cm / Edição de 2021 / Editora Taschen Mais recente livro de um dos fotógrafos brasileiros mais conhecidos no mundo Amazônia, de Sebastião Salgado, reúne o trabalho que o fotógrafo vem fazendo nos últimos anos sobre os povos da floresta e as grandes paisagem da floresta amazônica. Destaque para os retratos de várias etnias que Salgado visitou ao longo da última década. ///////////////////////////////////////////

12 / AMAZÔNIA ANTIGA – Maurício de Paiva

Português/inglês / 144 páginas / Formato: 28cm x 28cm / Edição de 2009 / Editora DBA

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13 / XINGU TERRITÓRIO TRIBAL – Maureen Bisilliat

Português/inglês / 200 páginas / Formato 15 x 28 / Edição de 1990 / Editora De Cultura Este livro da fotógrafa inglesa Maureen Bisilliat radicada no Brasil em 1950 é outra obra clássica quando se trata da Amazônia e de povos da floresta. Maureen assina o livro com os indianistas Orlando e Cláudio Villas Bôas e a fotógrafa mostra sua incursão ao Parque do Xingu. Assim como Amazônia, de Claudia Anjudar e George Love, Xingu se tornou um livro de fotografia clássico. Um exemplar novo pode custar mais de mil reais e é objeto de colecionador. Ainda é possível conseguir exemplares usados pela Estante Virtual por preços acessíveis.

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Meu nome é Txai Suruí, eu tenho só 24 anos, mas meu povo vive há pelo menos 6 mil anos na floresta Amazônica. Meu pai, o grande cacique Almir Suruí me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a Lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo. Uma companheira disse: vamos continuar pensando que com pomadas e analgésicos os golpes de hoje se resolvem, embora saibamos que amanhã a ferida será maior e mais profunda? Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais. Não é 2030 ou 2050, é agora! Enquanto vocês estão fechando os olhos para a realidade, o guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau, meu amigo de infância, foi assassinado por proteger a natureza. Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui. Nós temos ideias para adiar o fim do mundo. Vamos frear as emissões de promessas mentirosas e irresponsáveis; vamos acabar com a poluição das palavras vazias, e vamos lutar por um futuro e um presente habitáveis. É necessário sempre acreditar que o sonho é possível. Que a nossa utopia seja um futuro na Terra. Obrigada! Txai Suruí ­ (Discurso da jovem indígena do povo Paiter Suruí, Rondônia, e fundadora do — Movimento da Juventude Indígena na abertura da COP26 - 26a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU, Glasgow, Escócia, 2021.)

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Foto de capa RAPHAEL ALVES

EXPEDIENTE

Montagem das Exposições F2.8

Direção Geral FERNANDO COSTA NETTO

Revisão de Textos PATRICIA CALAZANS

Produção Executiva MÔNICA MAIA

Assessoria Administrativa FRIDA PROJETOS CULTURAIS

Curadoria FERNANDO COSTA NETTO IVANA DEBÉRTOLIS LEÃO SERVA MÔNICA MAIA PAULINA CHAMORRO

Assessoria de Imprensa MERCEDES TRISTÃO 11. 97096 5113 mercedestristao@gmail.com

Produção Exposições IVANA DEBÉRTOLIS APARECIDO DA SILVA

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Identidade Visual EDUARDO GAYOTTO Edição Catálogo Livros VALDEMIR CUNHA / EDITORA ORIGEM Produção Ciclo de Conversas COMPASSO COOLAB Libras Ciclo de Conversas SINALIBRAS ACESSIBILIDADE Impressão Exposições CANON DO BRASIL F2.8 Impressão Catálogo CANON DO BRASIL

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