Agora, antes de amanhã

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Agora, antes de amanha

Amanda Leite 2021



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Agora, antes de amanha

Amanda Leite

Exposição Fotográfica De 03 a 30 de junho de 2021 Galeria Sesc de Artes

Serviço Social do Comércio Palmas/TO



Sesc – Serviço Social do Comércio no Tocantins Quadra 502 Norte, Avenida Lo 16, Conjunto 02, lotes 21 ao 26 Cep 77016-562, Palmas – Tocantins

Esta exposição foi contemplada pelo edital de ocupação da Galeria Sesc de Artes – 2021 Galeria Sesc de Artes – Centro de Atividades do Sesc 502 Norte, Avenida Lo 16, conjunto 02, lotes 21 ao 26 Cep 77016-562, Palmas – Tocantins – Brasil.

Telefone: (63) 3212 9922 www.sescto.com.br Distribuição gratuita Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem autorização prévia por escrito do Serviço Social do Comércio no Tocantins, sejam quais forem os meios e mídias empregados: eletronicos, impressos, mecânicos, fotográficos, gravação ou qualquer outros.

https://www.calameo.com/read/005695920d7a9caaf7aae

978-65-993017-1-1



Ao longo de sua história, o Sesc no Tocantins se tornou referência no que diz respeito à difusão da atividade cultural em projetos que difundem, apresentam e divulgam as diversas linguagens culturais. Sua programação está alinhada com algumas diretrizes intrínsecas, dentre elas a promoção da melhoria do nível intelectual do nosso povo através da democratização do acesso a bens culturais: espetáculos de artes cênicas, shows musicais, exibição de filmes, apresentação de exposições e toda uma diversidade de cursos, oficinas e palestras. Em Artes Visuais o Sesc no Tocantins é sem dúvida alguma a instituição que melhor desenvolve essa linguagem. Em sua galeria de artes a programação é sistemática apresentando artistas tocantinenses e dos demais estados da federação. Dessa forma, o Sesc proporciona um bom panorama da produção artística contemporânea. O foco da atuação do Sesc em artes visuais volta-se invariavelmente a processos educativos, sejam eles formais ou informais. Tais processos, quando vividos pelos públicos, colaboram para o desenvolvimento da percepção, imaginação, análise crítica de suas relações com o mundo. Selecionada através do edital 2021 de ocupação da Galeria Sesc de Artes, a exposição

~ da fotógrafa Amanda Leite apresenta uma série de “Agora, antes de Amanha” fotografias que tece um diálogo afetivo entre o ser humano e o cerrado. Essas obras possibilitam ao público uma reflexão acerca da necessidade de preservação da Natureza e especial do bioma cerrado. Auxilia ainda, na compreensão da formação cultural brasileira que é construída através das características geográficas, dos povos, das línguas e dos biomas que compõem o Brasil. Vone Petson Pereira Branquinho Promotor Cultural em Artes Visuais do Sesc no Tocantins


Agora, antes de amanha~

é uma expressão de

urgência! Para pausarmos as coisas e prestarmos atenção neste instante, já. Na exposição convido o público a pensar sobre o tema cerrado e a nossa relação com este bioma, evitando prorrogar as coisas para o amanhã. Busco outros modos de ver e de pensar a fotografia contemporânea percebendo sua potência produtora de sentidos. A exposição é uma retrospectiva dos últimos cinco anos onde pesquisei o cerrado tocantinense. Uma exposição composta por quatro séries fotográficas: Lago (2017), Ambivalência (2020), Cerrado Negativo (2020) e Tempo Viral (2021). Ao todo temos 70 fotografias expostas em diferentes suportes e 04 instalações pensadas especificamente para a galeria do Sesc na cidade Palmas/TO, que abriga a exposição. Interessa tensionar o encontro do público com as imagens em diferentes suportes como: impressão em tecido, lambe-lambe, papel vegetal, paisagem sonora, etc. No tempo deste encontro desponta o devir sensível das coisas. ExperiênciaCorpo-Cerrado-Imagem-Palavra-Som... Acredito que a fotografia é um modo de estar presente e atenta ao mundo. Um jeito de narrar, sentir e criar que se faz imagem. É um estado de espera e(m) movimento. Como se as fotografias funcionassem como pequenas doses de estímulo diário, uma pulsão sobre algo que acontece... um portal do aqui e do agora para lugares, paisagens e cenas (in)imagináveis. A exposição convida o visitante a passear por fotografias e instalações para sentir a intensidade de cada imagem acionando um jeito de ver atravessado pelo afeto, pela memória, pelo sensível. Fotografias disparadoras de diálogos com sujeitos e contextos distintos dão pistas sobre nós, as coisas que se sobrepõem nesta temporalidade narrativa e o lugar que habitamos num tempo-que-se-faz-imagem. (Classificação: Livre)

Ambivalência Fotografia Amanda Leite Performance Renata Ferreira 2021


Paisagem Sonora Áudio 02:04 Disponível no Youtube de Amanda Leite 2021

Paisagem Sonora é a captura de sonoridades do cerrado tocantinense entre a zona urbana da cidade de Palmas e a zona rural do Jalapão. Palavras se mesclam ao som das águas, dos pássaros, da pisada na terra, das sirenes, das buzinas dos carros em deslocamento... A palavra desmancha, quase gagueja. Chama a atenção para a mata de galeria - o cerrado - maior bioma da América do Sul. Sugestão: leia o catálogo ao som da Paisagem Sonora







Lago é uma provocação ao mês de agosto, um dos meses mais quentes neste estado. O espelho propõe olhar as fotografias mais de uma vez, examiná-las, estabelecer jogos entre as coisas, suspender o tempo e quiçá compartilhar a poesia. O reflexo não representa, arrisca. Quer lançar a paisagem de tons pastéis às margens de um lago. A personagem nos conduz para uma árvore. Observa os arredores. Vê o horizonte. Deseja a vastidão e o infinito. Oásis cristalino, profundo. Miragens. Efeito óptico para além de um desvio de luz nos objetos. No tempo de cada fotografia as coisas se transformam. Ar. Memória. Cheiro. Poeira colorida colorante da estação. Cada fotografia inaugura o lugar do olhar. Recorte sem final definitivo. Abertura. Leitura. Distorção. Deslocamento. Lago de palha que flutua. Azul. Ilhas de tempo. Possíveis constelações de pensamentos, intensidades e sentidos. Lago Impressão em tecido acetinado 100x120 cm 2017



Lago Impressão em tecido acetinado 100x120 cm 2017





Suporte Instalação Dimensão 160x30 cm Folha de Palmeira costurada com fio de sisal e sementes 2021


Suporte é uma instalação criada para a galeria do Sesc que integra a Exposição

“Agora, antes de amanhã”. Palha de palmeira típica do cerrado tocantinense costurada com fios de sisal, conectada à sementes, propõe um jogo dado pelas possibilidade de sentido da palavra. Ora jogamos com a ideia de sustentação de algo, mas também com o apelo para que possamos (natureza e humanidade) “suportemos” estes tempos (de desmatamento, de alterações climáticas e de mortes virais).


Suporte Instalação Dimensão 160x30 cm Folha de Palmeira costurada com fio de sisal e sementes 2021





São muitas as ameaças que o ecossistema brasileiro vem sofrendo nos últimos anos, em especial o Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul. A série "Cerrado Negativo" inverte imagens e cores, cria sobreposições, dá a ver a potência e a força deste bioma. As fotografias evidenciam a poética contida nas tramas da mata de galeria, mostram que mesmo em tempos de escassez de água, queimadas e descaso das instâncias macro e micro políticas brasileiras, o cerrado persiste, insiste, resiste.

Cerrado Negativo Lambe-lambe Dimensões variadas 2021
















Andar pelo cerrado, sentir o cheiro do verde, olhar para o alto e enxergar o vento na copa das árvores, em silêncio olhar para dentro, ouvir o estalar das folhas, caminhar um pouco mais, pisar o chão, observar o restos das árvores tornarem-se adubo ao que está por vir. Encontro um tronco de árvore queimado, isolado na paisagem, é o cerrado dando lugar a plantios de monocultura e novas pastagens. Interrompo o fluxo, fotografo um resto frágil que pulsa, que pede a atenção. A série Ambivalência dá visibilidade ao Cerrado Tocantinense a partir de fotografias impressas em tecido. Usar o tecido como suporte está muito além de uma experiência estética. O linho é um tecido fino, elegante, de valor, mas sem a proteção da costura pode desfiar, sujar, amassar, criar vincos, ao mesmo tempo em que nos permite expor delicadamente em suas tramas, dois lados, numa transparência opaca e fosca. O suporte em tecido é também lugar de conflito, instável, que pede atenção intensa à sua fragilidade. A série, numa poética rústica, está na contramão de uma performance ativista e utilitária das imagens. Parto do Cerrado para falar, quem sabe, de nós mesmos, de nossa intimidade, de nossas limitações, de nosso próprio cotidiano. Aqui importa a travessia (a nossa travessia) para/com as imagens e seus sentidos. De um lado, estamos diante de um ecossistema brasileiro que sofre inúmeras ameaças, em especial na região Norte do Brasil. O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, mesmo assim, todos os anos têm que lidar com as queimadas e o descaso nas instâncias macro e micropolíticas brasileiras. As fotografias dão a ver e colocam “na mira” a potência e a força deste bioma além de evidenciar a poética contida nas tramas da mata de galeria. O bioma persiste, insiste, resiste. De outro lado, é a fragilidade humana, seu distanciamento da natureza, sua negligência e quase uma ausência de atenção à vida que também é exposta. Diante dessas fragilidades, não há um sentido de realidade, de totalidade, de verdade, há ambivalência, desejos, fantasias, sonhos que marcam modos de viver e habitar a Terra, nossa casa, nosso chão. A poética do que nos é familiar - o cerrado - é um convite para sentir a intensidade de cada imagem num modo de ver atravessado pelo afeto, pela memória, pelo sensível. Um exercício de olhar que vagueia os olhos pela fotografia sem pressa, como um gesto de interrupção. O fio condutor da ambivalência e da fragilidade, suspende a passagem do tempo para justamente criar narrativas, estimular pensamentos ou como nos sugere o escritor Rubem Fonseca, inventar condições para “vastas emoções e pensamentos imperfeitos”.

Ambivalência Impressão em Linho 40x70 cm Fotografia Amanda Leite Performance Renata Ferreira 2020




Tronco e terra vermelha Instalação 100x140cm 2021

Instalação feita de galho queimado coletado na estrada do Vale do vai quem quer onde realizamos as fotografias da série Ambivalência. Terra vermelha de formigueiro coletada na quadra 507 sul, na cidade de Palmas/TO, para abrigar a instalação. Entre o carvão e a terra pensamos na passagem do tempo, nas mudanças da paisagem, no apagamento daquilo existe, naquilo que deixará de existir e dará lugar a outras coisas.



Tempo Viral Fotografia em Papel Vegetal 30x40 cm 2021


Talvez 2020 tenha sido um dos anos em que me senti mais sobrecarregada de coisas dentro da minha própria casa. O trabalho remoto trouxe para dentro da intimidade uma sobreposição de compromissos, reuniões, aulas, lives, exigências para serem feitas e respondidas no tempo do ontem. A ideia é pensar sobre nós e as coisas que se sobrepõem neste tempo pandêmico. Um tempo (quase) suspenso de vida. Tempo-que-se-faz-imagem, que dá pistas do aqui, do agora. Metamorfoses dadas por um tempo viral. Imersas no acúmulo de funções e de sentimentos aflorados no último ano e ainda, diante do medo que se instaura pela ameaça viral e pela falta de vacina para todos, lembramos que também somos terra... que precisamos nos desconectar das telas, temos um corpo que dança, que corre, que respira em outro ritmo e que precisa de outros gestos para reinventar outros modos de ser. Tempo Viral Fotografia em Papel Vegetal 30x40 cm 2021







Desprenda-se Instalação com folhas secas 40x70 cm 2021


Desprenda-se Instalação com folhas secas 40x70 cm 2021



Sobre as artistas Amanda Leite Natural de Mirassol D’ Oeste MT Vive e trabalha em Palmas/TO

www.amandaleite.com.br @amandampleite

Fotógrafa. Artista Visual. Trabalha com composições entre realidade e ficção. Em sua pesquisa fotográfica revisita o minimalismo e o realismo fantástico. Atua como pesquisadora e professora na Universidade Federal do Tocantins (UFT) com estudos e pesquisas voltados às imagens. É uma das ativadoras da @Casa_Clic, um espaço de promoção de arte na cidade de Palmas/TO.

Renata Ferreira Natural de Florianópolis SC Vive e trabalha em Palmas/TO

www.renataferreiraatriz.com @renataferreiraatriz

Atriz Mímica e Contadora de Histórias. Atua como pesquisadora e professora na Universidade Federal do Tocantins (UFT) na área de Corpo, Mídia e Comunicação, com pesquisas voltadas ao gesto. É uma das ativadoras da @Casa_Clic, um espaço de promoção de arte na cidade de Palmas/TO.


EXPOSIÇÃO

SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DO TOCANTINS

03 a 30 de junho de 2021

Presidente do Sistema Fecomércio SESC/SENAC

Agora, antes de amanha~ Artistas Amanda Leite - Fotografia Renata Ferreira - Performance

Curadoria

Itelvino Pisoni

Diretor do Departamento Regional Marco Antônio Monteiro

Gerencia Administrativa Valdinei Pinto da Silva

Maristela Alves de Medeiros Vanderla Cardoso Vone Petson

Gerência de Desenvolvimento Social

Expografia

Supervisor do Centro de Atividades

Amanda Leite – concepção e montagem Vone Petson – concepção e montagem Renata Ferreira – concepção e montagem Lúcio Soares de Miranda – iluminação Rogério Pereira Leão – pintura

Henrique Miola

Coordenação de Cultura

Catálogo

Coordenação de Comunicação

Amanda Leite – Textos, editoração e fotografias Vone Petson - Revisão

Albacir Dias de Oliveira

Veridiana de Cássia Barreto Cesarino – Supervisora Vone Petson Pereira Branquinho – Promotor de Cultura em Artes Visuais

Renato Klein – Coordenador de Comunicação Janaina Freire – Publicitária



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