Brinquedos encantados: festejos maranhenses

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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses Albani Ramos

4 dezembro 2019 — setembro 2020


Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses Albani Ramos 4 dezembro 2019 — setembro 2020


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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Apresentação

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Apresentação

O Centro Cultural Vale Maranhão apresenta o catálogo da mostra Brinquedos Encantados. Festejos Maranhenses: uma celebração às festas maranhenses, pelas lentes do fotógrafo Albani Ramos ao longo de duas décadas de registros que revelam a diversidade e o gosto pelo festejar. Imagens, simbólicas e vibrantes, de ícones locais como o Tambor de Crioula e o Bumba-boi, se somam a de outros festejos pouco conhecidos fora de suas regiões, como o reisado, de São João do Sóter e Caxias, e a Corrida de Ascensão, de Penalva. Juntas, e somadas à vivência do mestre pesquisador Jandir Gonçalves que acompanhou Albani em suas andanças, nos contam sobre os festejos indígenas, de comunidades quilombolas, celebrações relacionadas à religiosidades e tradições, festas herdadas ou criadas. Para além da beleza das obras e das memórias a elas associadas, a gênesis dessa exposição é especialmente significativa: sua criação é resultado do OCUPA CCVM, um espaço para artistas maranhenses realizarem programações em parceria com o CCVM, promovendo diálogos com a produção local. Esse movimento, de intercâmbios com artistas e grupos culturais locais, espelha a missão da Fundação Vale, de contribuir com o fortalecimento das comunidades onde está presente. E nesse sentido, em produções como esses brinquedos encantados e em outras programações que o Centro Cultural Vale Maranhão vem possibilitando, temos aprendido muito e cada vez mais com os saberes locais e suas expressões. Nesse abrir de portas, entre saberes apreendidos, intensificamos, também, nossa busca e nossas práticas pelo desenvolvimento territorial reconhecendo e visibilizando as múltiplas expressões artísticas e culturais do povo maranhense. Hugo Barreto Diretor Presidente Fundação Vale


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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Sumário

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7 Festejos Maranhenses Paula Porta 9 A Exposição 17 Brinquedos Encantados Jandir Gonçalves 18 Obras 59 Projetos 64 Ficha Técnica


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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

A Exposição

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Festejos Maranhenses Toda uma vida talvez não seja suficiente para conhecer todos os festejos do Maranhão. Parecem ser infinitos. Nas sedes das cidades ou nos recônditos dos povoados, ocorrem em toda parte e distribuem-se fartamente ao longo dos meses. Festejos indígenas, festejos de comunidades quilombolas, festejos associados aos ciclos do catolicismo ou a outras religiosidades e tradições, herdados ou de criação espontânea. Quase sempre são sincréticos, mesclando harmonicamente referências culturais diversas, para serem especialmente maranhenses. Devoção, pagamento de promessas e obrigações, herança familiar, necessidade do lúdico são alguns elementos importantes que explicam essa intensa atividade festeira, que está no cerne da identidade desse estado grande e diverso que é o Maranhão. Mas também podemos perceber nas festas ou festejos, termo mais usado por aqui, um elemento de agregação social, de fortalecimento de comunidades, de favorecimento da convivência e da troca entre gerações, de repasse de tradições. Há, ainda, uma dimensão econômica, já que, independente de seu tamanho, movimentam serviços e o comércio formal e informal, provendo trabalho e renda a muitas famílias. São múltiplas as funções sociais e as camadas de significados que podemos enxergar nos festejos. A dimensão mais linda deles todos, no entanto, é constituírem o momento em que uma comunidade exibe sua riqueza maior. Esta exposição apresenta quarenta imagens registradas pelo fotógrafo Albani Ramos. Nosso recorte privilegiou alguns festejos, como o reisado e a corrida de ascensão, que merecem ser melhor conhecidos em suas peculiaridades. Também contempla belas imagens de brincadeiras que são ícones locais, o Tambor de Crioula e o Bumba-Boi, pois é impossível resistir a elas e suas grandes variações locais. Agigantadas nas paredes, imagens que sintetizam o gosto pelo festejar: uma grande festa de rua (São Marçal) e os bailes que complementam todos os eventos. Albani é piauiense de Parnaíba, vive no Maranhão desde 1993, onde chegou atraído em grande parte pela riqueza da cultura, que vem documentando desde então. Em suas andanças pelos festejos, teve como mestre o pesquisador Jandir Gonçalves, o maior conhecedor dessa dimensão festejante da cultura maranhense. Paula Porta Curadora

Reisado Careta Povoado Caraíbas, São João do Sóter, 2002

A exposição é um desenvolvimento do projeto selecionado por meio do Edital OCUPA CCVM 2019.


A Exposição


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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

A Exposição

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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

A Exposição

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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

A Exposição

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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

A Exposição

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Brinquedos Encantados Expedição fotográfica por caminhos longos trilhados à pé, em um fusca amarelo ou em um pula, um pau-de-arara, ou, ainda, embarcado, boiando, flanando. Atravessando ciclos, atravessando um tempo, atravessando o Carnaval, o Pentecostes, o São João e o Natal, atravessando salinas, grotas, marés, ilhas. Chegando ao fogo da juquira, ao fogo que também afina o batuque, que revela bandeirinhas, papel de seda, vidrilhos e canutilhos. Raiando, traçando riscos, rajando o Bumba-Meu-Boi, revelando diversidade de ritmos e situações de brincadas. Como a Corrida de Ascensão, no município Penalva, quando o Bumba é colocado na cumeeira de embarcação, conhecida como casco, com tripulação a bordo e batuque afinado, em um passeio lacustre que segue para encontrar outros grupos e sons de caixa, que batem para o Divino Espírito Santo, além dos abatás de curadores, um encontro anual sobre as águas, na quinta feira de Ascensão. Duas imagens contemplam o carnaval: uma confraria de Fofões que descem a ladeira em Peri de Baixo (Bacabeira), enquanto no Lameiro Grande (Viana), rosnam os cachorros de São Bilibeu (Belebreu/Bilico), em busca das caças para o entrudo da terça-feira de carnaval, que é festa de mastro em terras vianenses. A exposição contempla ainda o Tambor de Crioula em São Luís, a Visita de Cova no Cemitério dos Caldeirões, em Caxias; as Pastorinhas da Barra da Ininga em Matões, que faziam parte do festejo do mês mariano e hoje estão somente na memória dos mais velhos. Numa outra imagem estão as cozinheiras do Festejo de Nossa Senhora da Conceição, do Povoado São Simão, em Rosário, no momento em que recebem o cortejo do Porco na Rede, que antecede a apresentação da Dança do Lelê, também conhecida como Péla ou Péla Porco. A exposição fecha o ciclo natalino com imagens do Reisado Careta do Povoado Caraíbas, no município de São João do Sóter, onde um violão, o sapateado e a rufada dos Caretas festejam os Santos Reis. Em uma procissão rumo ao cemitério, para visita de cova e retorno ao barracão do festejo, os Caretas são em grande número, penitentes que cumprem jornada anual de pedido de ¨abrição de porta¨, passando por vários povoados, durante treze noites consecutivas. Brinquedos Encantados é um banco de imagens do fotógrafo Albani Ramos, que, ao longo dos anos, registra não apenas brincadeiras folclóricas, mas a alma da gente do Maranhão. Jandir Gonçalves Curador Pesquisador da Cultura Maranhense, guiou Albani Ramos em suas jornadas de registro dos festejos

Albani Ramos e Jandir Gonçalves


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Dia de Finados Cemitério dos Caldeirões Caxias, 1997

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Festa das Pastorinhas Povoado Barra da Ininga, Matões, 1999

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Festa do Divino (Buscamento do mastro) Paço do Lumiar

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Festa do Divino (Levantamento do mastro) Alcântara, 2001

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Festa após a Matança do Boi Turma de Zequinha Povoado Tapera dos Carneiros Mirinzal

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Boi Turma de Zequinha Povoado Tapera dos Carneiros Mirinzal, 2000

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Boi União do Povo durante a Corrida de Ascensão (D. Zuquinha) Penalva, 2000

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Obras

Corrida de Ascensão da Turma de Caixeiras Leão do Norte (D. Zuquinha) Penalva, 2000

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Boi União do Povo durante a Corrida de Ascensão (D. Zuquinha) Penalva, 2000

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Boi Famosão de São João Humberto de Campos, 2001

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Rajado do Boi da Maioba Paço do Lumiar, 2001

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Burrinhas do Boi da Maioba Paço do Lumiar

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Boi Estrela do Mar do Povoado Ourinho Caxias

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Brincante do Boi Novo Ano Caxias, 2002

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Festa de Nossa Senhora da Conceição (Cozinheiras recebendo o cortejo do Porco na Rede) Povoado de São Simão Rosário, 1999

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Obras

Fofão Povoado Periz de Baixo Bacabeira, 2001

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Festa de São Bilibeu Povoado Taquaritiua Viana

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Obras

Radiola, Corrida de Ascensão Povoado Prequeú Viana

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Boi Rama Santa Cururupu, 2002

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Obras

Pandeireiro do Boi Rama Santa Cururupu

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Reisado Careta (Procissão dos Santos Reis) Povoado Caraíbas São João do Sóter, 2002

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Obras

Reisado Careta (Seu Nena e caretas) Povoado Caraíbas São João do Sóter, 2002

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Reisado Careta Povoado Caraíbas São João do Sóter, 2002

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Reisado Careta Povoado Caraíbas São João do Sóter, 2002

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Reisado Careta Povoado Caraíbas São João do Sóter, 2002

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Obras

Marujo do Boi da Soledade Serrano do Maranhão, 2002

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Festa de Reis São Luís

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Obras

Festa de Reis São Luís

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Reis do Oriente São Luís, 2002

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Obras

Boi Lendas e Magias São Luís

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Tambor de Crioula São Luís, 2000

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Tambor de Crioula São Luís

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Ensaio do Boi de Leonardo (Boi da Liberdade) São Luís

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Ensaio do Boi de Leonardo (Boi da Liberdade) São Luís

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Boi de Zabumba, Festa de São Pedro São Luís, 2000

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Matança do Boi da Fé em Deus São Luís

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Careta de Cazumba de Mestre Abel Teixeira São Luís

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Obras

Bailante do Boi de Pindaré São Luís

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Festa de São Pedro São Luís

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Obras

Festa de São Marçal São Luís

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Projetos


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Projetos

Projeto Expográfico Os mastros usados nas festas populares, os mourões de amarrar bicho, os postes de placas das estradas marginais formaram o imaginário que inspirou o desenho da expografia de Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses. Esses elementos verticais, onde tudo pode vir a ser pendurado fitas, frutas, flores, oferendas, votos - foram sintetizados para receber as fotos de Albani Ramos. Usando caibros presos no sentido piso - teto, uma floresta de mastros foi disposta em modulação regular, no centro da sala. Cada foto foi colocada sobre uma chapa de compensado e o conjunto, por sua vez, distribuído por temas sobre esse paliteiro cor-de-rosa flúor. A disposição das imagens, em perspectiva, possibilitou uma variedade de percursos e leituras. As fotografias conversam entre si, apontam caminhos. O olhar viaja até ser absorvidos por fotos agigantadas, lambidas nas paredes pretas da sala. O espectador é convidado a entrar e fazer parte desses outdoors de momentos maranhenses de festas: o São Marçal, a radiola, uma dança. Gabriel Gutierrez Arquiteto

1156 - eixos para instalação dos mourões 84,9

82,5

84,9

169,9

84,9

84,9

84,9

84,9

84,9

84,9

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abertura c/ retrato boi + velas

14

1

2 11

carnaval e outros

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núcleo reisado

ENTRADA

144,5

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5

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tambor de crioula

6

4 37

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84,9

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mourão em madeira maciça paramentada e pintada em cor a definir

/3 23

84,9

boi

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484,3 - eixos para instaçã dos mourões

14

L em chapa dobrada de .5mm para fixação do mourão no teto - acabamento mesma pintura do mourão

26 3

forro

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boi

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/3

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divino

84,9

mourão em madeira maciça paramentada e pintada em cor a definir

sapata de marcenaria regulável

DET.01 - CORTE

ESCALA

1: 5 - TRAVA FORRO/ PISO

ASSUNTO

PLANTA

ESCALA

1: 25 - LAYOUT

206L X 214H - TÍTULO EXPO

ASSUNTO

00

00.00.00 00.00.00 00.00.00 08.02.19

-EMISSÃO INICIAL

revisão revision

nº data/da descrição/description

00

engenheiro estrutural structural engineer

desenho drawn by

-

gg

-

1/2 1/2

1/2

1/2

1/2

1/2

1/2

intalação de fotos multiplas de 60 cm , com outras de 40cm, manter o eixo de 135 cm na foto de 60 cm, instalando as demais acima da mesma, com espaçamento de 5 cm

1/2

GABRIEL G.

conferido checked by

gg

-

data date

08/11/2019

5

intalação de fotos multiplas de 40 cm, o eixo de 135cm, deverá estar localizado entre o espaçamento de 5 cm entre a primeira foto e a subsequente o espaçamento de 5 cm entre fotos deverá ser mantido, seja qual for a direção de instalação

27

fotos únicas, ou de mesmo tamanho pregadas frente e costa, deverão seguir eixo de instalação de 135cm OBS: quando a instalação frente e verso for entre fotos de tamanho diferentes - obedecer o eixo de 135 e alinhar o eixo vertical.

projeto project

5

1/2

1/2

27

1/2

1/2

responsável técnico technical responsible

escala scale

INDIC.

27

27

5

5

EXPO OCUPA CCVM_ALBANI CCVM- AVENIDA HENRIQUE LEAL 149

cliente client

135

132,5

135

135

132,5

155

CCVM desenho drawing title

PLANTA SALA SÃO LUIS Os desenhos e materiais que constam desta planta

VISTA SITUAÇÃO 1

ASSUNTO

VISTA SITUAÇÃO 2

ASSUNTO

VISTA SITUAÇÃO 3

ESCALA

1: 25 -FOTOS ÚNICAS

ESCALA

1: 25 - INTALAÇÃO MULTIPLA FOTO 40 CM

ESCALA

1: 25 - INTALAÇÃO MULTIPLA FOTO 40 e 60 cm

All drawing and written material appearing herein constitute original and unpublished work of the architect. Work may not be duplicated, used or disclosed without written permission of the architect.

página page

02 -

constituem trabalhos originais do arquiteto. Estes trabalhos não podem ser duplicados ou utilizados sem o consentimento por escrito do arquiteto.

ASSUNTO

A2=59,4X42,0

Planta e vistas da sala expositiva

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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Projetos

Comunicação Visual O projeto de comunicação visual criado para a mostra Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses tem como inspiração a identidate do evento Ocupa CCVM, do qual esta exposição é parte integrante. Neste caso, porém, os círculos e semicírculos que antes eram sólidos, ganham novas versões que procuram comunicar sobretudo as ideias de movimento e ação, uma característica fundamental dos Festejos Maranhenses. Com relação à paleta cromática, no espaço expositivo procurou-se manter a comunicação visual predominantemente com textos e grafismos em branco sobre o fundo preto, de modo destacar o conjunto vibrante de imagens ali presentes.

al

Nas peças de divulgação, como convites e catálogo, foram incorporadas variações do magenta, indo para tons mais quentes, como o vermelho, e para tons mais frios, como o roxo, de forma a tornar as composições mais ricas e dinâmicas. Fábio Prata Designer gráfico

Careta de cazumba de Mestre Abel Teixeira São Luís

Festa de São Bilibeu Povoado Taquaritiua, Viana

FESTEJOS MARANHENSES Toda uma vida talvez não seja suficiente para conhecer todos os festejos do Maranhão. Parecem ser infinitos. Nas sedes das cidades ou nos recônditos dos povoados, ocorrem em toda parte e distribuem-se fartamente ao longo dos meses.

Festa de Nossa Senhora da Conceição (Cozinheiras recebendo o cortejo do Porco na Rede) Povoado de São Simão, Rosário, 1999

Festejos indígenas, festejos de comunidades quilombolas, festejos associados aos ciclos do catolicismo ou a outras religiosidades e tradições, herdados ou de criação espontânea. Quase sempre são sincréticos, mesclando harmonicamente referências culturais diversas, para serem especialmente maranhenses. Devoção, pagamento de promessas e obrigações, herança familiar, necessidade do lúdico são alguns elementos importantes que explicam essa intensa atividade festeira, que está no cerne da identidade desse estado grande e diverso que é o Maranhão. Mas também podemos perceber nas festas e festejos, termo mais usado por aqui, um elemento de agregação social, de fortalecimento de comunidades, de favorecimento da convivência e troca entre gerações, de repasse Reisado Careta (Seu Nena e caretas) do Povoado Caraíbas São João do Sóter, 2002

Festa do Divino (Levantamento do mastro) Alcântara, 2001

BRINQUEDOS ENCANTADOS de tradições. Há, ainda, uma dimensão econômica, já que, independente de seu tamanho, movimentam serviços e o comércio formal e informal, provendo trabalho e renda a muitas famílias. São múltiplas as funções sociais e as camadas de significados que podemos enxergar nos festejos. A dimensão mais linda deles todos, no entanto, é constituírem o momento em que uma comunidade exibe sua riqueza maior. Esta exposição apresenta quarenta imagens registradas pelo fotógrafo Albani Ramos. Nosso recorte privilegiou alguns festejos, como o reisado e a corrida de ascenção, que merecem ser melhor conhecidos em suas peculiaridades. Também contempla belas imagens de brincadeiras que são ícones locais, o Tambor de Crioula e o Bumba-Boi, pois é impossível resistir a elas e suas grandes variações locais. Agigantadas nas paredes, imagens que, de certa forma, sintetizam o gosto pelo festejar: uma grande festa de rua (São Marçal) e os bailes que complementam todos os eventos. Albani é piauiense de Parnaíba, vive no Maranhão desde 1993, onde chegou atraído em grande parte pela riqueza da cultura, que vem documentando desde então. Em suas andanças pelos festejos, teve como mestre o pesquisador Jandir Gonçalves, o maior conhecedor dessa dimensão festejante da cultura maranhense. Paula Porta Curadora

Expedição fotográfica por caminhos longos trilhados à pé, em um fusca amarelo ou em um pula, um pau-de-arara, ou, ainda, embarcado, boiando, flanando. Atravessando ciclos, atravessando um tempo, atravessando o Carnaval, o Pentecostes, o São João e o Natal, atravessando salinas, grotas, marés, ilhas. Chegando ao fogo da juquira, ao fogo que também afina o batuque, que revela bandeirinhas, papel de seda, vidrilhos e canutilhos. Raiando, traçando riscos, rajando o Bumba-Meu-Boi, revelando diversidade de ritmos e situações de brincadas. Como a Corrida de Ascenção, no município Penalva, quando o Bumba é colocado na cumeeira de embarcação, conhecida como casco, com tripulação a bordo e batuque afinado, em um passeio lacustre que segue para encontrar outros grupos e sons de caixa, que batem para o Divino Espírito Santo, além dos abatás de curadores, um encontro anual sobre as águas, na quinta feira de Ascenção. Duas imagens contemplam o carnaval: uma confraria de Fofões que descem a ladeira em Peri de Baixo (Bacabeira), enquanto no Lameiro Grande (Viana), rosnam os cachorros de São

Festa de São Bilibeu Povoado Taquaritiua, Viana

Bilibeu (Belebreu/Bilico), em busca das caças para o entrudo da terça-feira de carnaval, que é festa de mastro em terras vianenses. A exposição contempla ainda o Tambor de Crioula em São Luís, a Visita de Cova no Cemitério dos Caldeirões, em Caxias; as Pastorinhas da Barra da Ininga em Matões, que faziam parte do festejo do mês mariano e hoje estão somente na memória dos mais velhos. Numa outra imagem estão as cozinheiras do Festejo de Nossa Senhora da Conceição, do Povoado São Simão, em Rosário, no momento em que recebem o cortejo do Porco na Rede, que antecede a apresentação da Dança do Lelê, também conhecida como Péla ou Péla Porco. A exposição fecha o ciclo natalino com imagens do Reisado Careta do Povoado Caraíbas, no município de São João do Sóter, onde um violão, o sapateado e a rufada dos Caretas festejam os Santos Reis. Em uma procissão rumo ao cemitério, para visita de cova e retorno ao barracão do festejo, os Caretas são em grande número, penitentes que cumprem jornada anual de pedido de ¨abrição de porta¨, passando por vários povoados, durante treze noites consecutivas. Brinquedos Encantados é um banco de imagens do fotógrafo Albani Ramos, que, ao longo dos anos, registra não apenas brincadeiras folclóricas, mas a alma da gente do Maranhão. Jandir Gonçalves Pesquisador da cultura maranhense, guiou Albani Ramos em suas jornadas de registro dos festejos.

Comunicação visual e convite da exposição

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Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses

Brinquedos Encantados: Festejos Maranhenses Curadoria Paula Porta

Direção geral e Curadoria Paula Porta

Expografia e Coordenação Artística Gabriel Gutierrez

Gestão Gabriel Gutierrez

Iluminação Calu Zabel Comunicação Visual Fábio Prata, Flávia Nalon (ps.2) Produção Edízio Moura Fotografia Clarissa Vieira Montagem Edízio Moura Fábio Nunes Pereira Marcos Ferreira Pablo Adriano Silva Santos

Coodernação de Público Ubiratã Trindade Monitoria Alcenilton Valério Correa Reis Junior Erick Araújo Maeleide Moraes Lopes Comunicação Clarissa Vieira Giselle Bossard Produção Edízio Moura Deyla Rabelo Marcos Ferreira Pablo Adriano Silva Santos

Zeladoria Fábio Rabelo Luzineth Nascimento Rodrigues Maria da Glória dos Santos Manutenção Yves Motta (supervisão geral) Gilvan Brito Josenilson Leal Segurança Charles Rodrigues Izaías Souza Silva José Raimundo Vilaça Victor Silva

Diretor Presidente Fundação Vale/ Diretor de Sustentabilidade e Investimento Social Vale Hugo Barreto Gerente Executiva de Investimento Social, Cultura e Inovação Flávia Constant

Cenotecnia

Assessoria Financeira Ana Beatris Silva (Em Conta)

Pintura Gilvan Brito Diego Leonardo Cantanhede

Administrativo Ana Célia Freitas Santos Tayane Inojosa Barbosa

Elétrica Jozenilson Leal

Recepção Adiel Lopes Jaqueline Ponçadilha José de Ribamar Pinheiro Ferreira

Gerência de Cultura Fundação Vale Fernanda Fingerl, Camila Abud, Juliana Alves

Estagiários Amanda Everton Gabriel dos Anjos Costa Guilherme Castro Larissa Bianca Anchieta Samara Sá Silva

Colophon Design do Catálogo Fábio Prata, Flávia Nalon (ps.2) Impressão Halley S.A. Gráfica e Editora Tipografia Myriad, Robert Slimbach e Carol Twombly

Serralheira José de Souza Cantanhede Marcenaria Edson Diniz Moraes Carlos Magno Assunção dos Santos Nerilton Fontoura Barbosa

Gerente Fundação Vale Pamela De-Cnop

Julho, 2020



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