Evangélicos: uma conversa que não pode ser adiada

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EVANGÉLICOS Uma conversa que não pode ser adiada EDUARDO MAFRA Fotografias e textos


EVANGÉLICOS ________ Uma conversa que não pode ser adiada EDUARDO MAFRA


Eduardo Mafra é fotógrafo desde 2009 e é graduado em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia. Possui trabalhos selecionados em publicações nacionais e internacionais, como a DocuMagazine (Finlândia), com o seu trabalho Corpus Christi de Rio de Contas. Realizou este projeto entre os anos de 2021 e 2022 na cidade de Salvador, onde nasceu e mora. Mais dos trabalhos: www.eduardomafra.com


Fotografias, textos e diagramação Eduardo Mafra Revisão Luciane Novaes Mafra Assessoria de Imprensa Maria Garcia Prefácio Marco Antonio Cruz ISBN 978-65-00-42159-0

Editora NM Salvador - Bahia 2022


PREFÁCIO


Marco Antonio Cruz No início de 2020, lembro de assistir na televisão uma matéria sobre o crescimento do número de evangélicos no Brasil. As pesquisas indicavam que em pouco mais de uma década, esse grupo ultrapassaria os católicos, e formaria a religião mais popular do país. A matéria não tinha nada de especial, tratava a informação com o tom algo indiferente próprio do discurso que se quer factual, e embora anunciasse uma transformação social de monta eu mesmo a teria esquecido num minuto não fosse o que aconteceu imediatamente depois. Peguei o controle para trocar de canal e tive de acertar o botão seis vezes antes de encontrar um programa que não fosse apresentado por um pastor. A experiência, com seu verniz de quod erat demonstrandum, inicialmente me fez rir, mas também pensar em que tipo de futuro que estava sendo construído com essa mudança de chave na espiritualidade brasileira.

Essa pergunta não tem resposta fácil. Em primeiro lugar porque os complexos movimentos que impulsionam essa mudança não se dão ao conhecimento facilmente, não têm uma direção clara, respondem a forças internas contraditórias, e possuem raízes suficientemente profundas para alcançar camadas as mais diversas da nossa estrutura social como a cultura, a economia, e a política. Em segundo lugar porque existe uma dificuldade epistemológica intrínseca aos objetos sociais que nos atingem à queima-roupa, e para os quais não contamos com as facilidades que o distanciamento histórico presenteia o analista. Nem sempre é possível nos fazer conscientes das limitações da nossa observação, e nos despir de expectativas e preconceitos, boas e más vontades, que podem embaçar o entendimento. O trabalho de Mafra tenta encarar essas dificuldades com um gesto criativo que é em si mesmo um ato de fé. O credo intransigente (e estra-


nhamente controverso nos dias de hoje) de que é possível alcançar as altas esferas da compreensão a partir de um procedimento mundano como um diálogo honesto. É possível entender as suas fotos como um esforço de encontrar o outro ao meio do caminho, mas também como o registro de um irmanamento, de uma comunhão, na acepção mais básica e pré-religiosa do termo. O procedimento documental não lhe serve propriamente como método, mas como ancoragem segura para esta navegação de descoberta. Seus instrumentos, a câmera, as lentes, aqui aparecem renovados pela metáfora do olhar para o outro, enxergá-lo. É por isso que embora não prescinda de alguma cartografia conceitual, seu trabalho se sustenta em cima do elemento humano (personagens, como ele prefere). Pessoas que ele se aproxima não como objetos de estudo, mas como agentes que movem sua própria história, pontos privilegiados de observação de uma grande narrativa,

ângulos para um enquadramento mais rico. Os sujeitos aparecem como uma amostra fractal do fenômeno social, uma parte que revela o todo, ao mesmo tempo que tornam claro que o todo que se revela é muito maior que a soma de suas partes. Neste sentido sua fotografia é menos sua linguagem ou produto final, e mais o próprio método de sua investigação: uma técnica para olhar, e sobretudo fazer ver. Não há qualquer vestígio daquela indiferença pretensamente factual, seu ponto de vista implica o lugar de onde vê e é visto, e aponta para a construção de um certo tipo de futuro. Um em que a nossa igualdade é plasmada a partir das nossas diferenças, e não apesar delas.

Marco Antonio Cruz é jornalista, escritor e doutorando em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia.


INTRODUÇÃO


Igreja Universal no centro de Salvador


Igreja evangélica em bairro periférico de Alagoinhas-BA


Antes de qualquer outra coisa, é preciso definir, em alguns casos pela negação, o que é este livro: uma reportagem fotográfica que une os textos, analítico e jornalístico, aos ensaios fotográficos documentais. O conteúdo tem o objetivo de aprofundar-se mais do que uma matéria jornalística em portal online de notícias, unindo-se à análise, mas sem a pretensão de ser um tratado de ciências sociais. Este livro é também o resultado de uma inquietação sobre a ausência, em termos fotográficos, de trabalhos que abordem e se aproximem dos evangélicos de uma maneira mais cuidadosa, com mais tempo, o que é típico de um trabalho documental, diferentemente da urgência da pauta de um jornal, por exemplo, também tentando escapar das armadilhas do senso geral que se tem sobre os evangélicos.

Há no Brasil uma vasta documentação fotográfica, nacional e estrangeira, sobre o catolicismo e as religiões de matriz africana. A primeira, por muito tempo a religião oficial do país desde o início da invasão portuguesa em 1500, e a segunda, também com matrizes históricas profundas no Brasil e passando por um processo de valorização nos setores intelectualizados, sendo retratada por trabalhos marcantes que se tornam icônicos, como os do francês Pierre Verger e do baiano Mário Cravo Neto. Em comum entre as duas religiões, o fato de serem muito atraentes visualmente, com simbolismos marcantes, e reconhecidas como esteticamente agradáveis. Já as religiões cristãs não católicas (denominação que no Brasil me aparece mais apropriada àquela em que iremos nos aprofundar no capítulo seguinte), sobretudo pelas suas


raízes protestantes, possuem templos com poucos adornos e uma adesão muito grande entre as classes populares, o que contribui para o afastamento de determinados setores em relação a elas e seus praticantes e também ajuda a explicar a ausência de trabalhos fotográficos que ofereçam uma maior atenção sobre o tema. Os evangélicos estão presentes no país desde o século XIX, mas só se tornaram uma força numericamente relevante a partir do século XX, por conta do processo veloz de urbanização, que iniciou uma mudança religiosa no Brasil, ao ponto de que cristãos não católicos em 1991 representassem menos de um décimo da população e já hoje representem praticamente um terço, segundo projeção do IBGE e pesquisa Datafolha, com a perspectiva de ultrapassar o catolicismo já em 2030.

A AUSÊNCIA DO DIÁLOGO Conforme debateremos a seguir, tal mudança foi ignorada pela maioria dos outros setores da sociedade brasileira, que, em regra, cultivam uma visão caricatural baseada no clichê do pastor ganancioso e do fiel acrítico e fanatizado. Evidentemente, não se trata de negar a existência de um uso pernicioso da fé e de quem a transforma em um instrumento para alcançar poder político e econômico, mas de propor um debate e a busca por um olhar mais próximo da realidade, já que agora, querendo ou não, é impossível se pensar em Brasil, especialmente quando falamos de construção de uma verdadeira democracia, desprezando um terço da população. O diálogo é a base de uma democracia, notando-se que ele não necessariamente implica concordância, visto que um dos princípios do jogo democrático saudável é a interlocução


entre grupos com visões de mundo distintas, na busca de consensos. De conversas com amigos da área de comunicação, pincei uma conclusão perspicaz de Marco Antonio Cruz, jornalista, de que “o Brasil, por meio das suas classes dominantes, não gosta de pobre”. Foi assim com o candomblé e a umbanda até o momento em que se iniciou um movimento de valorização dos aspectos culturais destas religiões com a música (o álbum Afro-sambas, de Baden Powell e Vinícius de Moraes, lançado em 1966, é um exemplo) e a fotografia (como os trabalhos já citados de Cravo Neto e Verger) e é assim com os evangélicos atualmente. Há setores minoritários de protestantes históricos que são ligados às classes mais abastadas, porém os grupos mais numerosos são de outras linhas, ligados à população

mais pobre, logo, é razoável intuir que a parte visual, estética, ligada ao culto de religiões evangélicas é vista como “desinteressante e de mau gosto”. Desinteresse e desdém que se aplicam, no fim das contas, a todo o entorno relacionado às religiões evangélicas. Em grande parcela, os evangélicos são a empregada doméstica, o porteiro, o entregador de aplicativo. E é notório no Brasil o fosso social entre as classes sob diversas óticas: a mais óbvia, que é a financeira, e também a do contato entre pessoas de classes diferentes em situações que não sejam a de prestação de serviço, como se fossem, efetivamente, países diferentes num mesmo território. Esse abismo também afeta classes intelectualizadas de origem burguesa, que questionam a desigualdade social e a concentração de renda e que normalmente se perfilam ideologicamente com pautas de esquerda.


Assim, a face visível na política representada pela polêmica bancada evangélica, proporciona o recrudescimento de noções pré-concebidas sobre os evangélicos e a falta de um verdadeiro diálogo. Esse afastamento tem raízes históricas muito profundas, conforme notou Gilberto Freyre no seu clássico Casa-Grande & Senzala, publicado originalmente em 1933. Lá, de acordo com suas longas pesquisas, Freyre expõe que, para se entrar no Brasil-Colônia, a metrópole era bem pouco exigente com a chegada de estrangeiros, com uma única exceção: ser cristão. O que significava para Portugal ser católico e não ser protestante. Exigia-se a conversão para o catolicismo, pelo menos da boca para fora, também das pessoas que vieram escravizadas para ser a mão de obra do ciclo produtivo da colônia. A religião católica era usada como a cola social para um

território tão amplo e forjado de maneira tão traumática como o nosso e a defesa desta fé era política de Estado da metrópole. Reiterando, não se trata de “passar pano” nem de negar o mau uso da fé, que é também criticada por diversos e numerosos setores evangélicos, mas de reconhecer o risco para a construção de um país que é negar o diálogo com uma parcela extremamente relevante do povo brasileiro, o que é fundamental para a defesa da nossa democracia. EVANGÉLICOS, POLÍTICA E ELEIÇÕES Os evangélicos não necessariamente seguem uma tendência política, embora exista uma inclinação forte para o conservadorismo em pautas de cunho mais voltado para hábitos e questões morais, sem esquecer que noções de “esquerdas” e de “direitas” (já que


a visão estanque em duas linhas possíveis é extremamente reducionista) vão além de pautas relacionadas à moral e aos costumes. Para além do recorte do Brasil evangélico, a reflexão é a de imaginar o quanto o brasileiro como um todo em si é conservador moralmente, buscando pensar um pouco fora do círculo de convívio social mais próximo. Conforme dito anteriormente, um contingente de 1/3 da população é algo bastante considerável. Sabendo disto, este grupo foi abraçado fortemente nas eleições de 2018 na campanha do atual presidente, acolhimento que acabou recompensado com a massiva votação de 68% dos evangélicos para Bolsonaro nas últimas eleições. Porém, não esqueçamos que os governos petistas de Lula e Dilma receberam apoio de lideranças evangélicas importantes, como o apoio formal do bispo Edir Macedo, líder da Univer-

sal. A ex-presidenta Dilma, por sinal, na sua campanha de reeleição, em 2014, chegou a declarar que “o Estado é laico, mas feliz é a Nação cujo Deus é o Senhor”. Este apoio massivo dos evangélicos a Bolsonaro não reflete necessariamente que as eleições de 2022 repetirão a mesma taxa de votação, já que, segundo pesquisas realizadas ainda em 2021, o ex-presidente Lula passou a liderar também entre os evangélicos, vide Ipec e PoderData. A rejeição ao atual presidente também é crescente, saindo de 25% em 2019 para 44% em 2021. E, segundo matéria recente da jornalista Anna Virgínia Balloussier, (https://br.noticias.yahoo.com/ pastores-ensaiam-recuo-bolsonarismo-sem-170000626.html), as lideranças políticas evangélicas e pastores já não demonstram a mesma adesão que tiveram ao atual presidente em 2018, já sentindo uma pos-


sível mudança de ventos eleitorais para as eleições deste ano.

das estratégias petistas é a criação de um podcast a ser apresentado pelo pastor.

Nas movimentações pré-eleitorais é nítida a tentativa de aproximação com acenos claros dos presidenciáveis, como Ciro Gomes, que publicou um vídeo onde reafirma o Estado laico, mas contrapõe que a raiz do país é cristã, com direito a uma simbólica imagem em que segura numa mão a Constituição e na outra a Bíblia (https://www.youtube.com/ watch?v=4Q6vLaLd32k).

Um bom resumo do cenário pré-eleitoral e as movimentações para aproximação com os evangélicos é o vídeo do canal Meteoro Brasil no YouTube intitulado “PT tenta aproximação com os evangélicos”, que, apesar do título, não trata só do PT, mas de diversas pré-campanhas com a mesma movimentação. (https://www.youtube.com/watch?v=pgHDdNeaMbA).

Lula, líder nas pesquisas, também realizou diversos acenos ao convidar para suas lives figuras ligadas aos evangélicos e pregar o diálogo amplo, além de, recentemente, arregimentar para a sua pré-campanha o pastor Paulo Marcelo Schallenberger, com a missão de aproximar o PT do grande público evangélico e reconquistar este eleitorado. Uma

Sobre a bancada evangélica no Congresso Nacional, o debate, acreditamos, deve ser na tentativa de qualificação dela, afinal, como segmento relevante da sociedade, é natural que haja representação, porém com pautas mais aprofundadas, com mais debate, questionamento que se pode aplicar ao parlamento como um todo. É preciso notar


também quem esta bancada denominada evangélica representa: em maioria, anseios corporativos de lideranças religiosas que financiaram suas campanhas e “prendem as decisões dos que são eleitos à influência de seus padrinhos políticos e das igrejas que eles representam” (Spyer, 2021, p. 194). Por fim, ser um parlamentar evangélico não quer dizer também que tal político se afilie imediatamente à bancada evangélica, vista como um grupo coeso com a defesa de pautas específicas. Como exemplos, temos a ex-senadora Marina Silva (REDE) e a deputada federal Benedita da Silva (PT). Trata-se de um debate complexo que tentamos aqui introduzir, mas já com uma conclusão: sem um verdadeiro diálogo, com real troca, não apenas de ocasião eleitoral, com os mais de 31 milhões de eleitores evangé-

licos, ficará difícil pensar numa verdadeira sociedade democrática. Tensões e discordâncias são naturais, mas o corte completo do diálogo e a criação de espantalhos é algo que, acredito, favorece justamente os setores antidemocráticos do país.


Interior da IBMJI, uma igreja batista renovada, Salvador


Interior da Igreja Família da Graça, em Salvador


EVANGÉLICO UM TERMO GUARDA-CHUVA



O uso indiscriminado no Brasil de um termo para basicamente a grande maioria dos cristãos não católicos já é algo bastante sintomático e mostra o afastamento e um grande desconhecimento de uma parcela da população brasileira sobre um grupo bastante heterogêneo.

grupos principais de cristãos que são englobados no termo “evangélico” no Brasil, fazendo uma breve contextualização histórica e elencando as características mais marcantes de cada grupo.

Quando se fala em “evangélico”, uma série de noções sobre o comportamento das pessoas que professam a fé cristã e não são católicos (romanos, a grande maioria no Brasil, ou ortodoxos) é evocada. Tais noções não são totalmente deslocadas da realidade, porém, elas se aplicam a determinados segmentos e metonimicamente são coladas em outros grupos, que são bastante distintos sob diversos aspectos.

São os protestantes das igrejas mais antigas surgidas da cisão com a Igreja Católica após a Reforma Protestante, que tem como marco histórico o ano de 1517 por conta da publicação das 95 Teses de Martinho Lutero, que traziam críticas às práticas católicas daquela época e que serviram como base teológica para um novo cristianismo.

Para ajudar a reduzir um pouco a confusão, a seguir foi feita uma separação em quatro

PROTESTANTES HISTÓRICOS

As igrejas protestantes históricas mais proeminentes são a Batista, a Luterana, a Anglicana e a Presbiteriana. Por marcarem oposição ao catolicismo, seus templos são discretos e


com poucas imagens, quando presentes, apenas de Cristo. Estas igrejas chegaram ao Brasil a partir do século XIX, por meio de imigrantes europeus, e eram restritas apenas a estrangeiros até o final do Império, em 1889, quando o Brasil deixou de ter uma religião oficial e se tornou, pelo menos na letra fria da lei, um Estado laico. Para além de discussões, a partir daí brasileiros começaram a abertamente frequentar essas igrejas. As igrejas protestantes históricas possuem uma tradição relacionada a um profundo estudo teológico e das escrituras, além de uma postura discreta na sociedade. Por esta postura e esta tendência ao estudo aprofundado e cuidadoso, normalmente, membros destas igrejas possuem um afastamento em relação a membros de outras igrejas evangélicas de

tradições mais recentes como as pentecostais e neopentecostais, como veremos em breve neste capítulo. Um aspecto importante a ser destacado é a atuação como pastor nessas igrejas. Para a função, o curso superior em Teologia é exigido, e a remuneração para é, em regra, modesta, pela percepção de que a função do pastor deve ser orientada pelo “chamado” e não por ganhos financeiros. Assim, o mais comum é que a pessoa que assuma a função tenha outra atividade fora da igreja. PENTECOSTAIS A base de diferenciação do pentecostalismo para o protestantismo histórico é relacionada ao evento descrito no livro dos Atos dos Apóstolos de quando, durante o Pentecostes, festa judaica relacionada às colheitas, discípulos e


demais presentes à festa foram tocados pelo Espírito Santo e mostraram-se capazes de ouvir Deus e falar em línguas desconhecidas. Por conta disto, igrejas pentecostais, nos seus cultos, põem no centro a ação do Espírito Santo, uma das três faces de Deus, segundo a tradição cristã, em cultos movidos pelo arrebatamento, com uma linguagem mais direta e menos intelectualizada e filosófica, mais emocional. Isto se dá especialmente por conta da sua origem, ligada às classes populares, especificamente da população negra dos EUA no início do século XX. Um dado interessante é o fato da denominação “pentecostal” ser a única denominação cristã mundial fundada por uma pessoa negra, William James Seymour (1870-1922). Acredita-se, por essa origem, que há uma in-

corporação de elementos de religiões de matriz africana na prática do pentecostalismo, já que a religião deriva de um sincretismo da espiritualidade afro-americana com elementos do catolicismo e do protestantismo (Gizel, Kaennel, 2016) A adesão das classes populares às igrejas pentecostais também se replicou no Brasil desde a chegada delas no início do século XX, porém, o crescimento foi realmente vigoroso a partir da aceleração do processo de urbanização brasileira, já que o Brasil deixou de ser um país 80% agrário para ser 70% urbano a partir da segunda metade do século passado. As igrejas pentecostais cresceram justamente nas áreas urbanas de crescimento desordenado, áreas esquecidas pelo Estado, em geral. Um dado interessante a se frisar é que “quase um terço dos pentecostais brasileiros vive em situação de pobreza aguda,


com renda familiar per capta de até um salário mínimo” e são “predominantemente (60%) negros ou pardos” (Spyer, 2020). Pela sua linguagem e abordagem mais diretas, é tradição das igrejas pentecostais estabelecerem uma divisão marcada entre o que é “de Deus” e o que é “do mundo”, unida a um código de conduta bastante rígido para os fiéis, sem muitas zonas cinzentas entre o “certo” e o “errado”. Por darem um norte bem definido com uma linguagem de fácil assimilação, a adesão das classes populares, costumeiramente socialmente e economicamente vulneráveis, se torna quase inevitável, afinal, é razoável supor que, num mundo de incertezas, busque-se algo que dê certezas sobre o que fazer na vida e ponha você como indivíduo especial e valioso, quando todo o resto diz o contrário.

O código moral pentecostal é aderido e bem visto pelos fiéis quando colocamos à luz da análise os pesos relativos dos problemas de acordo com as diferenças de classes: um jovem periférico que se envolva com drogas ilícitas tem um risco muito maior de ser morto do que um jovem de classe média na mesma situação. O caso de uma jovem que engravida fora do casamento tem um peso maior quando se trata de uma jovem pobre. A visão preto e branca do mundo, dentro de um contexto de abandono estatal e preconceitos estruturais de diversas ordens, acaba sendo bastante eficaz para certos aspectos das vidas destas pessoas. Com um código moral eficaz para determinados contextos e uma estrutura que envolve a prestação de serviços em bairros populares, já que muitas vezes a igreja é local onde se estuda música, dança, que cumpre a função


de creche e onde se desenvolve uma rede de apoio mútuo, as pentecostais exerceram e exercem em locais periféricos, onde o Estado brasileiro não atua, a função de bem-estar social paralelo, com efeitos marcantes na população desses bairros. Dentre as várias representantes pentecostais nacionais, a maior é a Assembleia de Deus, que conta com 12 milhões de fiéis, segundo censo de 2010, o mais recente realizado. Porém, pela natureza descentralizada e mais livre para a criação de novas igrejas desta vertente (assim como as neopentecostais), há uma miríade de igrejas pentecostais no Brasil. Pode-se citar também a Congregação Cristã do Brasil, Deus É Amor, Igreja do Evangelho Quadrangular, dentre diversas outras. IGREJAS AVIVADAS/RENOVADAS

O conceito de igreja renovada/avivada é bem curioso tendo em vista ser a resposta de igrejas protestantes históricas e mais tradicionais ao crescimento exponencial das igrejas evangélicas pentecostais com culto mais livre, musical, logo com maior apelo para as preferências religiosas da população brasileira nos últimos anos. Esta resposta veio por meio de dissidências de igrejas protestantes históricas que recusam o culto mais energético e vibrante, o que gerou novas igrejas, que se renovam/avivam, contudo, sem abandonar totalmente as tradições que originaram a igreja avivada/renovada, incluindo também métodos mais sistematizados de captação de novos fiéis. Aqui neste livro, dois dos personagens fotografados, Carol e Tássio (veremos mais sobre eles a seguir) são membros de uma igreja


renovada/avivada, no caso, uma igreja batista renovada. Segundo eles, a igreja renovada tem como principal diferença em relação à tradicional a inserção de outros gêneros musicais ao culto, da música popular, enquanto na tradicional, o gênero musical único é o de hinários musicalmente contidos, calmos e reflexivos. Carol e Tássio também informaram sobre a existência de cultos específicos para jovens, além de toda uma série de programações que visam uma interação mais divertida para este público. O aumento da popularidade dos cultos mais animados influenciou até a Igreja Católica, com os grupos da renovação carismática, que incorporam à missa elementos citados anteriormente. É a missa cantada, com padres que alcançaram grande popularidade, como Marcelo Rossi, Fábio de Melo e Reginaldo Manzotti.

NEOPENTECOSTAIS A definição de neopentecostal normalmente é mais utilizada por quem está analisando os cristãos não católicos do que pelos fiéis em si, porém, esta categoria específica é importante pois há diferenças fundamentais que justificam essa divisão e o sucesso dessas igrejas influenciou outras, de todas as linhas anteriores, e impactou a sociedade brasileira sob diversos aspectos. Surgida nos EUA, assim como os pentecostais, só que em meados do século XX, essa vertente é a que possui igrejas que professam a famosa e tão criticada teologia da prosperidade, a crença de que, sendo um fiel dedicado, com todos os desdobramentos do que isso pode significar, você será recompensado por Deus com prosperidade, economicamente falando, como consequência da sua conversão.


Essa teologia é multifacetada a partir do momento em que, para se alcançar a prosperidade, é preciso mostrar dedicação à sua igreja e esta mesma igreja devolve para o fiel mensagens motivacionais e discursos empreendedores, estimulando a disciplina e a persistência para se alcançar o sucesso profissional. É algo que não deixa de ser inovador, a partir do momento em que analisamos isso em contraste com discursos conformatórios de recompensa depois da morte. O discurso empreendedor é fundado na crença fundamental, vinda já do pentecostalismo, de que a fé é o fator mais importante para a salvação, aqui com uma recompensa terrena imediata, em contraponto à ênfase católica nas boas obras. Tal noção já vem da essência individualista do protestantismo como um todo. É inegável a existência de escândalos em algumas das igrejas neopentecostais mais im-

portantes, igrejas estas que dominam meios de comunicação, tendo vasta programação em canais abertos ou sendo donas de um canal em si, como é o caso da Record, controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus. Aqui, nesta vertente, diferentemente das igrejas protestantes mais tradicionais, não há nenhum impedimento para que o/a pastor/a prospere financeiramente com a sua atuação religiosa. Pelo contrário, é algo a ser estimulado, como um modelo a ser seguido pelo fiel dos resultados que a fé traz para quem se entrega verdadeiramente à crença. Sabendo disso tudo, é importante frisar que a teologia da prosperidade gera incômodo em outras igrejas, já que, a esta altura, não podemos mais colocar todos os cristãos não católicos no mesmo balaio. É preciso também contrapor a visão corrente do fiel passivo e acrítico que aceita tudo sem qualquer refle-


xão, conforme o que conclui a antropóloga Diana Lima (2007) ao perceber que, em linhas gerais, o público neopentecostal busca extrair da experiência na igreja os aspectos benéficos, especialmente os ligados à relação com o trabalho e à busca por ascensão financeira. O público jovem adere bastante a igrejas neopentecostais por elas, além da teologia da prosperidade, também apresentarem uma versão menos rígida do código moral das pentecostais. Tanto em vestimentas como no consumo de produtos culturais não religiosos, igrejas neopentecostais não promovem uma divisão tão rígida entre o que é do “mundo” e o que é “de Deus”. As neopentecostais também foram responsáveis pelo método profissionalizado para captação de fiéis, incluindo até a expansão da função missionária em outros países. Esta

prática, que resultou em um aumento expressivo de fiéis, influenciou outras igrejas, que passaram a adotar um método mais organizado de espalhar a palavra, conforme visto nas igrejas avivadas/renovadas, pentecostais tradicionais, protestantes históricas e até mesmo na Igreja Católica.



PERSONAGENS ENTREVISTAS COM CRISTÃOS EVANGÉLICOS



CAROL E TÁSSIO Um culto é acima de tudo uma experiência. Trata-se de um momento carregado de imersão, catarse. Lá, as pessoas se sentem afagadas, acolhidas e muitas experimentam um êxtase religioso. Curiosamente, nota-se muitas semelhanças com sensações que se têm com a arte. No culto, os fiéis reagiam às sessões musicais de maneira muito similar à forma como reagi às músicas do Iron Maiden, minha banda preferida, quando fui ao show dela. Como tanto a estética artística como a religião tocam profundamente no lado afetual do ser humano, a correlação é inevitável. Notei estas similaridades durante um culto da Igreja Batista Missionária Jardim Imperial Pituaçu (IBMJI), uma igreja renovada. Estive lá a convite de Carol Matos, 31 anos, e Tássio Braga, 32. Carol e Tássio são casados e são

professores de inglês. Conheço-os já de longa data: Tássio foi meu colega de colégio a partir da oitava série. Já Carol, conheci-a por meio de Tássio, pouco depois de terem começado a namorar, em 2010. Carol e Tássio se conheceram durante o curso de Letras na UFBA e foi a convite de Carol que Tássio conheceu a IBMJI e posteriormente se batizou lá. Tássio, como a grande maioria dos brasileiros nascidos entre os anos 1980 e 1990, teve criação católica, mas não era muito participativo no seu culto, o que é uma imagem muito comum na sociedade brasileira: a do católico não-praticante. Pelo fato do catolicismo no Brasil ser uma tradição familiar, é muito comum que conversões de um membro da família para uma religião evangélica gere tensões dentro dos grupos familiares, embora isto tenha se tornado cada


vez mais corriqueiro, tendo em vista a velocíssima transição religiosa pela qual o Brasil começou a passar a partir dos anos 1990. Com Tássio, não foi diferente: encontrou uma relativa resistência familiar com a notícia da sua conversão, porém, segundo relato dele, as tensões foram rapidamente dissolvidas. Já com Carol, a história foi outra, já que ela nasceu num ambiente evangélico, o que tornou a aproximação com o culto evangélico em si natural e sem rupturas, uma história que vem se tornando mais e mais comum. Durante o culto, nota-se em Carol a desenvoltura de quem já está envolvido há muito tempo com a comunidade. Ela é uma das lideranças da igreja, especialmente no culto de sábado, que é focado nos jovens. Além da atuação durante os cultos, Carol também desenvolve atividades e ciclos de debates justamente com os jovens, público muito importante e determinante para

a expansão evangélica. Durante esses debates, toca-se em diversos temas relacionados à fé e à juventude em si, e até mesmo em temas considerados espinhosos para a comunidade evangélica. Em conversa com eles sobre estes debates com jovens, cheguei a ficar surpreso com a informação de que a igreja pode ter, em casos de violência doméstica ou total desarmonia conjugal, a postura de indicar o divórcio ou de, pelo menos, não se opor a ele. Naturalmente, não se deve imaginar que o divórcio é algo estimulado dentro da igreja. Ele é visto como último recurso, já que o primeiro movimento feito é que a comunidade tente, pelo diálogo, resolver os problemas do casal, porém, não deixa de ser surpreendente que esta, assim como algumas outras igrejas, tenha essa postura. Questionados sobre política, ambos responde-


Carol e Tássio



Imãs da geladeira do casal


ram que não é um tema tratado do altar para a comunidade, mas que, pelo fato dos membros da igreja serem amigos, é algo que eventualmente se torna ponto em conversas presenciais e em grupos de apps de mensagens, mas sem um posicionamento oficial ou a indicação para que os fiéis votem em alguém. Porém, durante a entrevista, quando já íamos trocar de tema, Tássio acrescentou que sabe que algumas outras igrejas atuam indicando diretamente o voto em candidatos, tanto nas esferas de poder mais próximas quanto nas instâncias superiores. O saldo da conversa e da visita ao culto é que uma igreja evangélica estabelece a relação com os fiéis de maneira bastante imersiva, que desenvolve teias sociais bastante ramificadas e sólidas. Não se trata de um lugar em que as pessoas passam uma vez por semana, mas um espaço de socialização, onde se encontra

uma rede de apoio, muitas vezes em áreas das cidades onde outras opções são bastante limitadas e o Estado costumeiramente não está presente. Para além de funções mais mundanas paralelas ou diretas que uma igreja pode ter, é no culto, o clímax de toda a conexão com a comunidade religiosa, que muitas pessoas alimentam a universal vontade humana de transcender, de alimentar a alma.


Acompanhei o culto de jovens da IBMJI, realizado aos sábados.






A Bíblia impressa, acessório clássico


E a versão em app de celular






Yuri Oliver, baixista, durante o ensaio da banda da sua igreja


YURI OLIVER Falando um pouco sobre mim, presenciei uma transformação importante nos cultos da Igreja Católica. Era levado às missas, especialmente aos domingos, nos anos 1990, pela minha avó materna, Jacinalva. Para além do fato de ser uma criança nessa época, a experiência era custosa e morosa. As missas duravam uma hora e meia, eram contidas e muito focadas na repetição dos mesmos ritos. Até que, anos depois, quando fomos novamente a uma missa depois de um bom tempo, vi um culto mais dinâmico, um pouco mais curto, interativo, animado, sobretudo por conta da música. Conforme já dito, o culto pentecostal inovou ao trazer esse dinamismo, que influenciou diversas igrejas cristãs no Brasil, incluindo a própria Igreja Católica. Esta tendência também foi adotada por igrejas protestantes históricas

que buscaram a chamada “renovação” ou “reavivamento” e, foi mantida pelas neopentecostais, como é o caso da igreja frequentada pelo baixista Yuri Oliver. Visitei o ensaio da banda da Igreja Família da Graça, integrada por Yuri, e lá notei não só a juventude dos membros da banda como também o quão animado é o repertório, com músicas de gêneros que certamente seriam considerados seculares demais para outras igrejas. Esse repertório mais diverso e empolgado é um dos fatores que evidenciam uma tendência das igrejas neopentecostais, que, em regra, são menos rígidas no código moral e abraçam mais aspectos externos da produção cultural, sem tanta interferência nas vestimentas, assim como no que o fiel consome de arte e cultura, por exemplo. Essa certa flexibilidade se relaciona muito


com a história de Yuri, que, ao longo de seus 36 anos, passou por algumas igrejas, sendo elas a Batista, a Assembleia de Deus e a Renascer em Cristo, até chegar à Família da Graça. Yuri não é, visualmente, a figura que normalmente associam a uma pessoa evangélica, e isso fez com que ele já tenha se tornado alvo de comentários depreciativos vindos de membros de outras igrejas por conta da sua aparência, que, para eles, não seria apropriada para um cristão. A migração entre igrejas é um fenômeno cada vez mais frequente, que, particularmente, não interpreto como uma infidelidade religiosa e, sim, como uma busca do fiel por uma comunidade que tenha valores que combinem mais com os seus próprios, como o próprio Yuri, que disse se considerar “de Cristo”, não necessariamente “de uma religião”. Esta noção da busca do fiel pela igreja a que ele mais se

adapta vai muito de encontro à ideia do fiel acrítico e manipulado: muitas pessoas vão em busca daquela igreja que dá mais retorno a elas, seja conforto psicológico, acolhimento ou uma maior socialização. Além da atividade religiosa, Yuri exerce a profissão de músico, em bandas não religiosas, e também como motorista por aplicativo, duas profissões com uma tendência bastante freelancer, algo que já é uma realidade no mercado de trabalho nacional. Assim, em conversa, Yuri falou sobre o fato da sua crença ser algo que preenche todos os aspectos da sua vida, quando vai rodar pelo aplicativo, vai tocar ou desempenhar qualquer outra atividade, já que a fé, para ele, é algo que motiva e oferece conforto independentemente do momento e de qualquer incerteza: “Jesus Cristo é um estilo de vida”.








CONSIDERAÇÕES AGRADECIMENTOS E UM PEQUENO DIÁRIO DE BORDO


O caminho até aqui foi mais tortuoso do que eu podia imaginar quando tive a primeira ideia que acabou resultando neste livro, durante o feriado de São João de 2021. Primeiramente, já a própria ideia gerou muita confusão sobre como eu conseguiria executá-la sem cair nos maniqueísmos óbvios e também sobre como pô-la em prática. Do ponto de vista fotográfico, o desafio era não cair na armadilha do documentarismo clássico: o fotógrafo que, numa posição de alguém de fora, chega a um local e constrói a sua verdade, sem se aproximar o suficiente do tema. Para isto, a solução veio com a sugestão do meu amigo Marco Antônio Cruz: ao invés de tentar ampliar a cobertura, o mais apropriado seria focar em pessoas, personagens que ilustrassem uma parte maior da pintura. Tendo isso definido, encontrei ótimas referências que recomendo muito: o livro de Juliano

Spyer, “Povo de Deus – Quem São os Evangélicos e Por Que Eles Importam” e todo o trabalho da jornalista Anna Virgínia Balloussier na Folha de São Paulo, disponível online. Enquanto o trabalho de Spyer traz uma pesquisa muito boa sobre o histórico dos evangélicos no Brasil, além de correlacionar com os vários desdobramentos do crescimento da população evangélica, o trabalho de Balloussier é bastante rico sobre as movimentações políticas relacionadas aos evangélicos, o que evidentemente vai muito além da questão partidária, sendo os dois trabalhos fundamentais para quem quiser se aprofundar no tema. Resolvidas as referências e as pesquisas, o problema passou a ser a definição das pessoas que seriam entrevistadas. Tentei contato com algumas pessoas e algumas igrejas, inicialmente sem qualquer aproximação prévia que fizesse a ponte. Só aparecia na porta


das igrejas, o que acabou não fluindo muito. Fui recebido como qualquer estranho dizendo querer fotografar e escrever sobre um lugar é recebido: com desconfiança e estranheza. Algumas tentativas depois, busquei pessoas que fossem indicações de pessoas conhecidas, para ajudar a quebrar o gelo. Com algumas das indicadas, o contato não foi além de algumas mensagens no Whatsapp e, com outras, até chegou ao ponto de realizarmos uma espécie de entrevista em off, até que a pessoa passou a me dar ghosting (sumir e parar de responder mensagens). Pois é, até neste tipo de trabalho existe isso! Porém, quando novamente me questionava sobre o trabalho, lembrei da frase de grande sabedoria do Pro Evolution Soccer 2011 (videogame simulador de futebol): “Coisas boas acontecem a quem espera”. Achei minhas personagens e a partir daí o trabalho fluiu

naturalmente. Como trabalho independente que é este livro, centralizei muitas coisas, do projeto gráfico à produção textual e fotográfica. Poderia dizer que foi desafiador, mas a verdade é que fazer tantas coisas me divertiu, acima de tudo. Concluindo o projeto, não procuro, de modo algum, oferecer respostas absolutas e conclusões, mas talvez estimular a se pensar sobre a urgência de se debater não só o tema, mas com os próprios evangélicos. A certeza é que, apesar do caminho tortuoso e das dúvidas sobre a validade em si do que eu queria fazer, contei com o apoio e o diálogo de pessoas que não posso deixar de destacar: Helaine Ornelas, artista plástica, companheira de vida, dona de uma paciência enorme em me ouvir falar longamente sobre este projeto, autora de sugestões estéticas da diagramação e peça fundamental para a escolha do título; Marco Antonio Cruz, jornalista, autor


da sugestão de focar em personagens, grande incentivador do meu trabalho e estimado amigo; Luciane Novaes, querida tia, jornalista e revisora deste livro, Maria Garcia, jornalista de ideias e questionamentos contundentes, que foram muito valiosos no processo e, por fim, Marcelo Araújo, que contribuiu muito positivamente no debate sobre questões técnicas da parte fotográfica. Fica aqui também meu muito obrigado a Carol, Tássio e Yuri pela confiança e por tão gentilmente aceitarem ser fotografados.


REFERÊNCIAS


Baguoci, Leonardo. Extremismo Evangélico, Superinteressante, Ed Abril, edição 351, p. 28-39, setembro, 2015 Balloussier, Anna Virginia, Folhapress, 22 de fevereiro de 2022, https://br.noticias.yahoo. com/pastores-ensaiam-recuo-bolsonarismo-sem-170000626.html

Dutra, Roberto, El País, 07 de novembro de 2016, “A Esquerda e Os Evangélicos o que aprender com a vitória de Crivella.” https:// brasil.elpais.com/brasil/2016/11/07/opinion/1478529639_292165.html Freyre, Gilberto, Casa-Grande & Senzala, Global Editora, 2006, edição original, 1933.

Balloussier, Anna Virginia, Folhapress, 12 de fevereiro de 2022, “Quem é o pastor que o PT chamou para ajudar Lula com os evangélicos?” https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/02/quem-e-o-pastor-que-o-pt-chamou-para-ajudar-lula-com-os-evangelicos. shtml

G1, 13 de janeiro de 2020, “50% dos brasileiros são católicos, 31%, evangélicos e 10% não têm religião, diz Datafolha”, https://g1.globo.com/ politica/noticia/2020/01/13/50percent-dos-brasileiros-sao-catolicos-31percent-evangelicos-e-10percent-nao-tem-religiao-diz-datafolha.ghtml

Canal Meteoro Brasil, “PT tenta aproximação com os evangélicos”, 2022, https://www.youtube.com/watch?v=pgHDdNeaMbA

Gizel, Pierre; Kaennel, Lucie Enciclopédia do Protestantismo. Editora Hagnos, 2016. Lima, Diana. Trabalho, Mudança de Vida e


Prosperidade entre fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus. Religião & Sociedade, 2007. Sakamoto, Leonardo, 20 de dezembro de 2021, UOL, “Lula lidera entre evangélicos após Bolsonaro dar o pão que o diabo amassou” https://noticias.uol.com.br/colunas/ leonardo-sakamoto/2021/12/20/lula-lidera-entre-evangelicos-apos-bolsonaro-dar-o-pao-que-o-diabo-amassou.htm Spyer, Juliano. Povo de Deus - Quem São os Evangélicos e Por Que Eles Importam, 2020.


Formato: 22,5 x 15cm Tipologia: DIN 1451 www.eduardomafra.com @mafraeduardo


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